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FUNDAÇÕES

REBAIXAMENTO DO LENÇOL
FREÁTICO

Prof. Erinaldo H. Cavalcante

REBAIXAMENTO DO NÍVEL D´ÁGUA

1. INTRODUÇÃO

É comum nas instalações de redes subterrâneas e


no preparo do terreno para execução de
fundações, a presença do nível d´água acima da
cota em que estas obras deverão ser construídas.
Surge a necessidade do rebaixamento do lençol.

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REBAIXAMENTO DO NÍVEL D´ÁGUA

2. PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS DA PRESENÇA


DA ÁGUA

a. Dificulta ou impossibilita o trabalho de


operários e máquinas
b. Altera o equilíbrio das terras
c. Provoca a instabilidade do fundo da escavação
d. Provoca desmoronamento de taludes
e. Exige que o escoramento das escavações seja
projetado com mais cautela

REBAIXAMENTO DO NÍVEL D´ÁGUA

3. TIPOS DE LENÇÓIS AQUÍFEROS (revisão)

a. Livres

b. Artesianos

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REBAIXAMENTO DO NÍVEL D´ÁGUA

O nível atingido pela água em um poço artesiano define


o nível piezométrico do aquífero artesiano, enquanto
que em um poço num aquífero livre, a água se eleva
somente até o nível freático.

VARIAÇÕES

Nível piezométrico: variações decorrem de variações da pressão


na água. Dependendo da pressão artesiana, a água pode se elevar
acima do nível do terreno.
Nível freático: Variações decorrem de variações apenas no
volume de armazenamento. 5

REBAIXAMENTO DO NÍVEL D´ÁGUA

4. PRINCIPAIS PROCESSOS DE REBAIXAMENTO


DO NA.

i. Bombeamento direto da escavação: esgotamento da água


recolhida no interior de uma escavação por meio de bombas.

ii. Sistema de poços filtrantes (Wellpoints): rebaixamento se


dá através de poços situados no aquífero.

(i) (ii) 6

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Principais Processo de Rebaixamento do NA.

i. Bombeamento direto da escavação: o esgotamento se faz


recalcando para fora da zona de trabalho, a água conduzida
por meio de valetas e acumulada dentro de um poço
executado abaixo da escavação.

OBS.: Só deve ser empregada em


obras de pouca importância,
em vista dos inconvenientes do
sistema, tais como:
i. Carreamento de partículas
finas de solo pela água
(recalque das fund. vizinhas);
ii. Fluxo d´água para o interior da
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escavação, através do fundo.

Principais Processo de Rebaixamento do NA.


Bombeamento direto da escavação:

OBS.: O fluxo ascendente no fundo da escavação pode


provocar, dependendo do gradiente hidráulico, o fenômeno
da areia movediça e a ruptura de fundo.

Areia movediça Ruptura de fundo 8

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Principais Processo de Rebaixamento do NA.
ii. Sistema de poços filtrantes: permite realizar o rebaixamento
do nível d´água de toda a área de trabalho de interesse.

OBS.: Este método elimina os


inconvenientes citados
quando do emprego do
método anterior.

O processo consiste em
envolver a área que se
pretende secar com
linha coletora (6”) ligada
à bomba aspirante.
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Principais Processo de Rebaixamento do NA.

Sistema de poços filtrantes

NA inicial

NA rebaixado

SEÇÃO TRANSVERSAL

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Principais Processo de Rebaixamento do NA.
Sistema de poços filtrantes:

Devido ao grande nº de poços filtrantes distribuídos pela área,


consegue-se o rebaixamento do N.A. rápida e uniformemente.
Produção de rebaixamento: normalmente de 6m a 7m. Em casos
especiais, se pode conseguir de 8,5m a 9m.
• Limitação da aspiração pela bomba: quando a água a ser
rebaixada supera os 7 metros abaixo do nível do coletor, o
rebaixamento deverá ser feito em dois estágios.

OBS.: Não é econômico


rebaixar com mais de dois
estágios.
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Principais Processo de Rebaixamento do NA.


Sistema de poços filtrantes: limitações
OBS.:
1) Com relação à natureza do terreno, o sistema é aplicável
eficientemente aos solos permeáveis, com kmín de até 1 x 10-3
cm/s e φefet maiores que 0,1mm.

2) Em solos argilosos, o processo pode ser empregado, desde


que se envolva o tubo coletor com uma coluna de areia e
pedregulho, formando assim um dreno vertical.

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Principais Processo de Rebaixamento do NA.
Cálculo de uma instalação de bombeamento:

Quando se tem em funcionamento, após certo tempo, instalação


de rebaixamento do N.A., a experiência mostra que se cria em
torno de cada filtro uma zona rebaixada de forma cônica. O
rebaixamento máximo depende: do nº de filtros, de seu
afastamento, do terreno, da descarga da bomba, etc.

Sistema de poços 13
Poço único

Cálculo de uma instalação de bombeamento

O Projeto de instalações de rebaixamento de NA:


i) Pré-dimensionamento do sistema feito com base na
experiência do projetista
ii) Determinação, com base em teorias de percolação
d´água em solos, das condições de fluxo (Q, e N.A.)
iii) Verificação do projeto durante a operação do sistema

BASE DOS CÁLCULOS Lei de Darcy Q =kxixA


permeabilidade
alta média baixa muito baixa baixíssima
102 10 10-2 10-4 10-6 10-8 K (cm/seg)

pedregulho areia Areias muito finas, siltes, argilas 14


mistura de ambos e argila

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Cálculo de uma instalação de bombeamento:

As expressões fundamentais dos cálculos hidráulicos, aplicados


ao rebaixamento do N.A., resultam das teorias clássicas
estabelecidas por Darcy, Dupuit, Forchheimer, etc.
a. Poço único

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Caso de poço único:

ƒA velocidade da água (Darcy): v = k ⋅i

ƒA descarga (vazão) do poço: q = k ⋅i ⋅ A


dy
Em um ponto qualquer da curva de rebaixamento ⇒ vx = k
A vazão através de uma superfície cilíndrica de raio x dx
e altura y, será:
dy dy Área A
q = v⋅ A = k A = k 2π .xy
dx dx
ou seja:
q dx
ydy =
2kπ x
Integrando em y e x, vem: ⇒
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Caso de único poço: rp = raio do poço
H R
q 1 R = raio de influência do rebaixamento
∫ yd y =
hw
2kπ ∫ xdx
rp q = vazão do poço

H 2 − hw2
=
q
(ln R − ln rp ) ⇒ H 2 − hw2 = q ln R
2 2kπ kπ rp
rp

q=
(
kπ H − h
2 2
w )
Portanto: R
ln
rp

R = 3000(H − hw ) k raio de influência do rebaixamento (Sichardt)

k [m/s], H e hw [m]
No caso do poço não atingir a camada impermeável, H será a
distância entre o NA e o fundo do poço (ver esquema a seguir).17

SE O POÇO NÃO ATINGE A CAMADA IMPERMEÁVEL

H
hw

Fundo do poço fictício

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Caso de um grupo de poços:

i) Calcular o raio médio (rm) do círculo da


área de equivalente A = a x b
A
A = πrm2 rm =
π
ii) Calcular o raio de influência (Sichardt)
R = 3000(H − hw ) k
Q=
kπ H 2 − hw2 ( )
iii) Cálculo da vazão, Q R
ln
iv) Cálculo da vazão máxima de cada rm
ponteira 2πrhw k r = raio da ponteira
qmáx =
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v) Cálculo do nº de ponteiras
1,25Q
Aconselhável majorar a vazão em 25%. n=
qmáx 19

ELEMENTOS DE UM GRUPO DE POÇOS

A área é transformada na de um O sistema de ponteiras filtrantes


único poço de raio médio será representado conforme
fictício rm, penetrante até à abaixo, sendo hw a coluna
camada impermeável. d´água que permanece após o
rebaixamento.

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EXEMPLO

1) Calcular um sistema de rebaixamento com os dados abaixo:


A = 1000 m2 (ÁREA DE 25 X 40)
H = 20 m
H – hw = 7 m (y = hw)
r = 0,05 m (φpont = 10 cm)
k = 1 x 10-4 m/s
SOLUÇÃO

1000
i) Raio médio rm = = 17,8m
π
ii) Raio de influência do rebaixamento R = 3000 ⋅ 7 ⋅ 10 −4 = 210m

iii) Descarga total Q=


( )
10 −4 π 20 2 − 132
= 0,029 m 3 s
210
ln
17,8 21

EXEMPLO (Continuação)

Para o cálculo das bombas, aconselha-se aumentar em 25% a vazão


capacidade que a
Q = 0,029 ⋅1,25 = 0,036 m 3 s = 130,5 m 3 h
bomba deve ter
iv. Descarga máxima de cada poço ou ponteira
2π ⋅ 0,05 ⋅ 1 ⋅ 10 −4
q máx = = 0,000209 m 3 s Adotou-se hw = 1m
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v. Numero de poços necessários ao sistema de rebaixamento

0,036
n= = 172,3 poços ou ponteiras
0,000209

vi. Espaçamento entre ponteiras 2(a + b) 2(40 + 25)


e= = = 0,75m
n 172,3
(1 ponteira a cada 75 cm) 22

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Esquema de distribuição das ponteiras filtrantes, em planta
0,75m

0,75m

Área sujeita ao
25,0 m rebaixamento do N.A.

40,0 m

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DETALHES DO “GIRO” E DO COLETOR PRINCIPAL

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DETALHES DO “GIRO” E DO COLETOR PRINCIPAL

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DETALHES DO DA BOMBA DE SUCÇÃO

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CUIDADOS DURANTE A EXECUÇÃO DE UM
REBAIXAMENTO PRÓXIMO DE OUTRAS OBRAS

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RECARGA DO AQUÍFERO

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RECARGA DO AQUÍFERO – CÁLCULOS

a = espaçamento entre os poços

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RECARGA DO AQUÍFERO – CÁLCULOS

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RECARGA DO AQUÍFERO – CÁLCULOS

Vmáx – veloc. de percolação no techo filtrante do poço ≈ de 5 a 8 cm/s. 31

RECARGA DO AQUÍFERO – CÁLCULOS

dw – diâmetro do poço; dp – diâmetro do tubo do poço. 32

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RECARGA DO AQUÍFERO – DETALHES

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