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XII Conferencia Brasileira sobre Estabilidade de Encostas

COBRAE 2017 - 2 a 4 Novembro


Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
© ABMS, 2017

Estudo do Comportamento de Solos Compactados Com


Estabilização Química
Tiago Barbosa da Silva
UFPE, Centro Acadêmico do Agreste, Caruaru, Brasil, tgbarbosa91@hotmail.com

Yago Ryan Pinheiro dos Santos


UFPE, Centro Acadêmico do Agreste, Caruaru, Brasil, yago_ryan@hotmail.com

Vitor Hugo de Oliveira Barros


UFPE, Centro Acadêmico do Agreste, Caruaru, Brasil, vitor_barros1@outlook.com

Alison de Souza Norberto


UFPE, Centro Acadêmico do Agreste, Caruaru, Brasil, alison_norberto@hotmail.com

Analice França Lima Amorim


UFPE, Centro Acadêmico do Agreste, Caruaru, Brasil, analicelima@hotmail.com

RESUMO: A estabilização de um solo consiste em dotá-lo de condições de resistir a deformações e


ruptura durante o período em que estiver exercendo funções que exijam essas características, como
em pavimentos, aterros de taludes ou em outra obra qualquer. Se um solo não atende às
especificações necessárias a um determinado uso, ele necessita ser tratado ou substituido por outro
componente com melhores características. Diante disso, existem algumas técnicas que fazem com
que os solos inadequados passem a ter características melhores, fazendo com que possa ser
empregado no local previsto. A escolha por um ou outro tipo de estabilização química é
influenciada pelo custo, finalidade da obra, e em particular, pelas características dos materiais e
propriedades do solo que devem ser corrigidos. Muitos materiais vêm sendo estudados pela área de
geotecnia e engenharias para o melhoramento de solos. Os aditivos químicos têm sido usados nas
obras, especificamente na área geotécnica, com o intuito de melhorar sua estabilidade, que se reflete
no ganho de resistência do material. Assim, o presente estudo avaliou o comportamento de solos
compactados, que têm grande aplicação nas obras da engenharia civil, frente à melhoramentos que
possam contribuir para um aumento positivo na qualidade do material analisado, através da análise
de parâmetros de resistência obtidos em ensaios de laboratório. Utilizou-se como material de adição
a cal e o sal químico ECOLOPAVI, bastante utilizados para a estabilização de solos. A metodologia
consistiu basicamente em retirar amostras deformadas e ensaiá-las, realizando ensaios de
caracterização, compactação (Proctor Normal), resistência à compressão simples e resistência ao
cisalhamento direto. As amostras foram testadas com diferentes proporções de ECOLOPAVI (2 ml
e 4 ml), mas todas tiveram a adição de cal (1%). O solo estudado foi uma argila inorgânica de
mediana plasticidade (CL). O valor de umidade ótima das amostras de cal com ECOLOPAVI
aumentaram quando comparados à amostra natural de solo. Os valores de coesão e ângulo de atrito
sofreram uma redução de 95,57 kPa/27,0°, para 76,54 kPa/18,45° e 87,14 kPa/26,33°, para amostras
com cal e 2 ml e 4ml de ECOLOPAVI, respectivamente. Por fim, a resistência à compressão
simples aumentou de 242,32 kPa para 257,30 kPa, na amostra com 2 ml de ECOLOPAVI, e 332,25
kPa para a de 4 ml.

PALAVRAS-CHAVE: Estabilização de solos; Cal hidratada; ECOLOPAVI; Resistência.

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(BELL, 1996; CRISTELO, 2001; SANTOS,
1 INTRODUÇÃO 2016) e outros aditivos químicos (BRESCIANI,
2009).
Os solos utilizados como base para obras da O presente trabalho tem como objetivo avaliar
engenharia geotécnica devem apresentar a resistência de um solo argiloso após
características que atendam às condições de estabilização química com a adição de cal
suporte para as estruturas construídas sobre hidratada e ECOLOPAVI (sal químico usado
eles. Contudo, nem sempre essas condições são como estabilizante de solos) em sua umidade
atendidas, apresentando, dentre outros ótima, a partir de amostras compactadas que
problemas, baixa resistência e alta serão submetidas aos ensaios de resistência ao
compressibilidade. cisalhamento direto e resistência à compressão
Visando contornar os problemas apresentados simples, e, com isso, comparar e analisar os
pelos solos, são utilizadas técnicas de resultados obtidos a fim de determinar o
melhoramento, também chamadas de técnicas desempenho das propriedades mecânicas do
de estabilização de solos, que consistem na solo compactado com a adição e, por último,
utilização de qualquer processo de natureza verificar a viabilidade do melhoramento
física, química, físico-química ou mecânica empregado para posterior aplicação em obras de
(natural ou artificial), com a finalidade de alterar engenharia civil.
as propriedades dos solos existentes de maneira a
melhorar o seu comportamento quanto à
utilização como material de Engenharia, 2 CARACTERÍSTICAS DO SOLO
tornando-os capazes de responder de forma UTILIZADO
satisfatória às solicitações previstas.
De acordo com Ingles & Metcalf (1972) a O solo a ser estabilizado neste trabalho pertence
estabilização de solos tem como objetivo a ao grupo Formação Barreiras (Figura 1),
obtenção de um produto final que tenha presente no município de Camaragibe-PE.
estabilidade dimensional, permeabilidade, Mabesoone (1987) afirma que a Formação
fissuração por retração por secagem, resistência Barreiras que está presente na faixa costeira dos
à erosão e abrasão superficial e resistência estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande
mecânica desejável. do Norte representa um sistema de deposição
Tais técnicas podem melhorar o solo fluvial de grande extensão, devido às suas
temporariamente ou permanentemente, este características litológicas e do seu
último, adicionando ou não outros materiais desenvolvimento sedimentológico. Essa
(VAN IMPE, 1989). formação, composta por sedimentos de
Deve também ser notado que a estabilização granulometria variada, é caracterizada por uma
não é necessariamente um processo infalível mistura de areias e argilas, com horizontes de
através do qual toda e qualquer propriedade do seixos sub-horizontais, direcionadas levemente
solo é alterada para melhor. Uma aplicação para o mar na forma de tabuleiros elevados de
correta de qualquer método exige assim a aproximadamente 50m.
identificação clara de quais as propriedades do
solo que se pretendem melhorar (CRISTELO,
2001).
Com isso, o solo estabilizado pode ser
utilizado em obras de barragens, pavimentação
e obras de construção de aterros compactados
para a estabilização de taludes.
A bibliografia a respeito deste tema aponta
vários materiais que foram adicionados aos
solos, proporcionando a eles melhorias nas suas
propriedades mecânicas. Dentre eles, pode-se
citar o cimento Portland (CRUZ, 2004; Figura 1. Solo Formação Barreiras (BANDEIRA, 2003).
GOULARTE & PEDREIRA, 2009), cal

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Alheiros & Lima Filho (1991) em estudos que atua como um catalisador, promovendo e
detalhados dos aspectos deposicionais e facilitando a troca iônica, permitindo maior
faciológicos dos estratos da Formação Barreiras coesão entre as partículas finas dos solos,
na faixa entre Recife e Natal, identificaram três impermeabilizando-as. Sua forte ação
faciologias importantes do continente para o aglutinante é devida ao fenômeno da troca de
litoral: fácies de leques aluviais, que foram base, eliminando o campo eletro-magnético que
observadas desde o norte de Recife até a região se forma no entorno das partículas, que ioniza
do Alto de Mamanguape; fácies fluviais de as moléculas da água, fazendo-as aderirem
canais entrelaçados, que são encontradas em fortemente à superfície, formando a camada de
toda a faixa entre Recife e Natal; fácies de água adsorvida, que aumenta a distância entre
planície flúvio lacustre, encontradas na faixa de as superfícies, diminuindo a força atrativa
litoral entre Recife e João Pessoa e na região de (ECOLOPAVI, 2016).
São José do Mipibu, Rio Grande do Norte. Conforme informações do fabricante
presentes na Tabela 1, o aditivo possui as
seguintes características físico- químicas:
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Tabela 1. Características Físico Químicas do
3.1 Coleta das amostras de solo ECOLOPAVI (ECOLOPAVI, 2016).
Caracteristicas Físico-químicas
As amostras de solo ensaiadas foram do tipo Aspecto Liquido
deformadas, coletadas da região superficial da Cor Castanho
parede de um talude de uma unidade geológica Odor Caracteristico
classificada como Formação Barreiras, Solubilidade Total
0,7 % a 1,5 %
localizado na Avenida Doutor Belmiro Correia, Alcalinidade livre c/(NaOH)
bairro Timbi, Camaragibe – PE, de coordenadas 1,050 g/ml a 1,070 g/ml
Densidade 20 ºC +/- 4 ºC
8º 1’ 14.83” S e 34º 58’ 19.19” W. O talude está
localizado em uma área de corte de barreira que máximo 1 %
Insolúveis em álcool etílico
serviria para a ampliação de um terreno para
Sólidos totais a 105 ºC (3 40,0 % a 42,0 %
instalações de um supermercado. A localização horas)
da área de onde foi extraído o solo pode ser pH concentrado 12,0 a 14,00
vista na imagem de satélite da Figura 2. produto não tóxico, não
Toxicidade inflamável, não
corrosivo
Resfriamento de 0 ºC a 5 não precipita, não turva,
ºC,em 3 horas não solidifica

Pode ser visto na Tabela 2 a correlação de


ECOLOPAVI utilizado em relação ao solo em
porcentagem no presente estudo.

Tabela 2. Correlação de ECOLOPAVI utilizado em


relação ao solo (%).
Figura 2. Vista geral da localização da área de extração
das amostras de solo (GOOGLE EARTH, 2015). 2mL 4mL
ECOLOPAVI
0,0714 0,1428
Em seguida, o solo foi armazenado (%)
adequadamente e levado ao laboratório para que
pudesse ser realizada a sua caracterização.
Segundo o boletim técnico do produto, os solos
estabilizados com o produto adquirem
3.2 ECOLOPAVI trabalhabilidade, tornando se compactáveis, têm
redução na absorção de água, na ascensão
O ECOLOPAVI é um sal químico de origem
capilar, no poder de sucção e na
orgânica, líquido e totalmente solúvel em água,
expansibilidade, além disso, ganham um

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aumento de suporte no ensaio CBR. Com granulométrica, o ensaio contou com as etapas
relação ao meio ambiente, a utilização deste de peneiramento e sedimentação, utilizando
estabilizante químico promove uma redução na para esta última, o hexametafosfato de sódio
exploração das jazidas de solos granulares, como defloculante. O ensaio de Proctor utilizou
segundo o fabricante. a energia normal para a compactação das
amostras de solo e das amostras de solo com as
3.3 Cal adições de 1% de cal mais 2ml e 4 ml, onde foi
aplicado uma energia ao solo através de
A cal utilizada para este estudo é do tipo CH-I, impactos sucessivos de um soquete, para a
da fabricante Zebucal, cujas características obtenção da curva de compactação contendo
atendem às especificações previstas pela NBR seu peso específico aparente seco máximo e a
7175/2003 – Cal hidratada para argamassas - umidade ótima do sistema.
requisitos. Para o ensaio de resistência ao cisalhamento
direto, preparou-se corpos de prova obtidos
4.2 Procedimento experimental através do ensaio de proctor normal das
amostras ensaiadas anteriormente. Tais misturas
Os ensaios realizados para a caracterização foram compactadas com suas respectivas
geotécnica e avaliação dos parâmetros de umidades ótimas, também obtidas através do
resistência do solo obedeceram aos ensaio de proctor normal. Feito isso, os corpos
procedimentos presentes nas normas técnicas da de prova foram envoltos em plástico filme e
ABNT, e foram realizados no Laboratório de papel alumínio, colocados em uma caixa de
Geotecnia do Centro Acadêmico do Agreste isopor onde permaneceram por um período de
(CAA) da UFPE. Na Tabela 3 se encontram os 24 horas, tendo o cuidado para que não
ensaios realizados com suas respectivas normas. houvesse a perda de umidade das amostras. O
objetivo era analisar os parâmetros de
Tabela 3. Ensaios realizados. resistência das amostras com adição de cal com
Ensaios Normas (ABNT) ECOLOPAVI sem interferência na variação da
Teor de Umidade NBR 6457/86
umidade. Após o período de 24h, foram
Peso específico dos
NBR 6508/84 preparados os corpos de prova do ensaio de
grãos
Análise cisalhamento direto, extraídos a partir dos
NBR 7181/88
Granulométrica corpos de prova anteriormente moldados
Limite de Liquidez NBR 6459/84 através do ensaio de compactação, com
Limite de Plasticidade NBR 7180/84
dimensões de 50,8 x 50,8 mm e altura de 40
Compactação – Proctor
NBR 7182/86 mm. Para cada amostra analisada, foram
Normal
Cisalhamento Direto ASTM D3080/11 extraídos 3 corpos de prova, um para cada valor
Compressão Simples NBR 12770/92 de tensão vertical analisada: 50 kPa, 100 kPa e
200 kPa. Em seguida, foi recolhido parte do
material não utilizado para a determinação da
Com exceção do ensaio de umidade, umidade e pesou-se o conjunto solo e molde.
inicialmente o solo foi destorroado e seco ao ar Após a instalação da caixa de cisalhamento,
para ser utilizado nos ensaios de caracterização aplicou-se a tensão vertical de 50 kPa, esperou-
e resistência. A umidade natural do solo foi se 30 minutos para o adensamento da amostra
obtida através de uma porção de amostra que, até a sua estabilização, realizando, em seguida,
ao ser coletada, foi vedada devidamente por o cisalhamento da mesma. Durante o período de
meio de uma cápsula e levada até o laboratório adensamento verificou-se deformações
de modo que a mesma não perdesse umidade constantes, garantindo que o adensamento já
para o meio externo. Os ensaios para a estava estabilizado.
determinação do peso específico dos grãos e Esse descolamento provocou, a uma
dos limites de liquidez e plasticidade seguiram velocidade constante de 0,48 mm/min, a ruptura
exatamente os procedimentos constados em do corpo de prova, dando início ao
suas respectivas normas. Em relação à análise cisalhamento, cuja força cisalhante

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desenvolvida durante o ensaio é medida através índice de plasticidade de 9,23 (solo
do extensômetro e do anel dinanométrico. O medianamente plástico); índice de consistência
procedimento foi repetido para tensões verticais de 1,58 (solo duro); índice de liquidez de -0,62
de 100 kPa e 200 kPa. Assim, foi obtida a (indicando uma argila pré-adensada). De acordo
envoltória de resistência de Mohr-Coulomb, com a classificação proposta pela Carta de
com os parâmetros de coesão (c) e de ângulo de Plasticidade de Casagrande (1948), o solo em
atrito (Φ), típicos para a determinação da questão trata-se de uma argila inorgânica de
resistência do solo, representada pela Equação mediana plasticidade (CL). Quanto à
1. distribuição granulométrica, após as etapas de
peneiramento e sedimentação com o uso do
 = c   .tg ' (1) defloculante hexametafosfato de sódio, o solo
apresentou 33% de areia, 20% de silte, 47% de
argila e ausência de pedregulho, sendo
Para o ensaio de resistência à compressão classificado, de acordo com o diagrama
simples das amostras de solo analisadas, os trilinear textural do Bureau of Public Roads
corpos de prova cilíndricos ensaiados de como uma argila arenosa.
dimensões 50 x 100 mm foram compactados
nas suas respectivas umidades ótimas, 5.2 Ensaio de compactação
utilizando a energia normal de compactação.
Para o processo de cura, avaliando os tempos de Ao ser realizado o ensaio de compactação
reação de 24 horas (1 dia), esses corpos de utilizando a energia normal de compactação, foi
prova foram isolados por plástico filme e papel determinada o peso específico aparente seco
alumínio e colocados dentro de uma caixa de máximo e a umidade ótima das amostras
isopor vedada, não havendo perda de umidade analisadas.
com o meio externo, avaliando assim, a As curvas de compactação do solo e solo com
resistência das amostras na umidade ótima de adições de 1% de cal com 2 ml e 4 ml de
cada uma delas. Os corpos de prova foram ECOLOPAVI podem ser analisadas na Figura
centralizados e rompidos a uma velocidade 3, seguida da Tabela 4, que compara os valores
constante de 2 mm/min, que é a menor do peso específico aparente seco máximo e
velocidade de ruptura da prensa que foi umidade ótima do solo obtidos neste ensaio.
utilizada. Ao final, obteve-se os valores
17,5
Peso específico aparente seco (KN/m³)

relacionados à força aplicada com os


respectivos deslocamentos verticais, como 17
também a resistência de pico dos corpos de 16,5
prova. 16
15,5
5 RESULTADOS E ANÁLISES 15 Solo
1% Cal + 2ml Ecolopavi
14,5 1% Cal + 4ml Ecolopavi
5.1 Caracterização geotécnica do solo
14
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32
Os ensaios de caracterização que foram Umidade (%)
executados no presente estudo, referem-se à Figura 3. Curvas de Compactação do Solo e Solo com
determinação da umidade, peso específico, Adições de Cal com ECOLOPAVI.
granulometria e limites de Atterberg, de acordo
Tabela 4. Massa específica aparente seca máxima e
com os procedimentos das Normas da ABNT. umidade ótima do solo e solo com adições de 1% de cal
A partir dos ensaios realizados, a amostra de com 1ml, 2ml e 4ml de ECOLOPAVI.
solo foi caracterizada como seca, com umidade Adição de ECOLOPAVI 0
2 ml 4 ml
de 17,85%; peso específico dos grãos do solo da (0,0714%) (0,1428%)
amostra de 25,85 kN/m³; limite de liquidez de Peso específico aparente
16,9 16,3 16,5
seco máximo (KN/m³)
32,39%; limite de plasticidade de 23,16%;
Umidade Ótima (%) 19 21 20,6

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250 50 kPa
225 100 kPa

Tensão Cisalhante (kPa)


Analisando os resultados obtidos com as 200 200 kPa
adições de Cal com ECOLOPAVI, pode-se 175
150
observar que houve uma pequena diminuição 125
nos valores de peso específico aparente seco 100
75
máximo, sendo esta redução maior com a 50
adição de 2ml de ECOLOPAVI (16,3 KN/m³), 25
0
em relação ao solo sem adições. Já em relação à 0 5 10 15 20 25
umidade ótima, houve aumento do valor com a Deformação Horizontal (%)
adição de 2ml de ECOLOPAVI (21%) e 4ml de Figura 4. Tensão Cisalhante x Deformação Horizontal
(Solo).
ECOLOPAVI (20,6%), em relação ao solo sem
adições. Pode-se constatar que, à medida em
250
que é adicionada maiores quantidades de 225
50 kPa
ECOLOPAVI junto à amostra de solo 200 100 kPa

Tensão Cisalhante (kPa)


analisada, é necessária uma maior quantidade 175 200 kPa
150
de água para que se atinja o peso específico 125
aparente seco máximo do sistema. 100
75
50
5.3 Ensaio de resistência ao cisalhamento 25
0
direto 0 5 10 15 20 25
Deformação Horizontal (%)

É mostrado, na Figura 4, a evolução da tensão Figura 5. Tensão Cisalhante x Deformação Horizontal


(Solo + 1% de Cal + 2ml ECOLOPAVI).
cisalhante x deformação horizontal, para as
amostras de solo, sem adição. Analogamente, 250
nas Figuras 5 e 6 é mostrada a evolução da 225 50 kPa
tensão cisalhante x deformação horizontal para 200 100 kPa
Tensão Cisalhante (kPa)

as amostras de solo com 1% de cal com 2 e 4ml 175 200 kPa


de ECOLOPAVI, respectivamente. As 150

amostras, compactadas com energia normal de 125


100
compactação, apresentaram aumento da sua
75
resistência ao cisalhamento com o aumento da 50
tensão normal aplicada durante o ensaio. 25
Também observa-se nestas figuras que, para a 0
maioria das tensões normais aplicadas, o solo 0 5 10 15 20 25
com e sem adição de cal com ECOLOPAVI, Deformação Horizontal (%)
apresentaram características pré-consolidadas, Figura 6. Tensão Cisalhante x Deformação Horizontal
pois mostra comportamento de pico. Ou seja, a (Solo + 1% de cal + 4ml ECOLOPAVI).
máxima tensão cisalhante ocorre para menores Na Figura 7, Figura 8 e Figura 9 relaciona-se
deslocamentos onde se identifica a tensão de a tensão normal com a tensão de cisalhamento,
ruptura (τmáx). Já na Figura 4 para as tensões representando as envoltórias de pico das
normais de 100 e 200 kPa, Figura 5 e Figura 6 amostras analisadas. A Tabela 5 apresenta um
para a tensão normal de 200 kPa o resumo com todos os parâmetros de resistência.
comportamento é normalmente consolidado, Analisando os valores obtidos, nota-se que nas
pois a tensão cisalhante cresce lentamente com amostras contendo ECOLOPAVI apresentaram
o deslocamento horizontal, ou seja, a máxima uma queda nos valores de coesão; logo, se
tensão cisalhante só ocorrerá para comparadas com a amostra de solo sem adição,
deslocamentos na ordem de 15 % a 20 %. pode-se afirmar que houve uma perda de
coesão, o que indica uma leve perda de
resistência. Quanto ao ângulo de atrito, a
amostra de solo com 1% de cal mais 2ml de

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ECOLOPAVI e 1% de cal com 4ml de
ECOLOPAVI, apresentaram valores menores A queda desses valores nas amostras deste
em relação à amostra de solo sem adição. ensaio pode estar relacionada com a forma com
que a compactação dos corpos de prova foi
350 executada, como também com a dosagem de
Tensão Cisalhante (kPa)

325
300 y = 0,4997x + 95,571 aditivos empregada, sendo necessário
275
250 R² = 0,9964 quantidades diferentes a estas para se obter
225
200
175
valores de coesão e ângulo de atrito superiores
150
125
aos do solo sem adição.
100 c' = 95,6 kPa
75
50 ɸ'= 27o 5.4 Ensaio de resistência à compressão simples
25
0
0 50 100 150 200 250 É apresentada, na Figura 10, a relação da carga
Tensão Normal (kPa)
aplicada (kN) e do deslocamento vertical (mm)
Figura 7. Envoltória de resistência (Solo). obtidos no ensaio de resistência à compressão
350 simples para as amostras de solo e amostras de
325 solo com adições de 1% de cal com 2 e 4ml de
300
Tensão Cisalhante (kPa)

275
250
ECOLOPAVI, para o tempo de cura de 24
225 y = 0,3735x + 76,544 horas.
200 R² = 1
175 3,00
150 2,75
Força aplicada (kN)
125 2,50
100 2,25
75
50 2,00
25 1,75
0 1,50
0 50 100 150 200 250 1,25
1,00 Solo
Tensão Normal (kPa) 0,75 Solo+1% cal+4ml Ecolopavi
0,50
Figura 8. Envoltória de resistência (Solo + 1% de Cal + 0,25 Solo+1% cal+2ml Ecolopavi
2ml ECOLOPAVI). 0,00
0 5 10 15 20
Deslocamento vertical (mm)
350
325 Figura 10. Força Aplicada x Deslocamento vertical
300 (Tempo de Cura de 24 horas).
Tensão Cisalhante (kPa)

275
250 y = 0,5411x + 87,14
225
200
R² = 0,9999 O gráfico mostrado na Figura 11 apresenta os
175 valores de resistência à compressão simples
150
125 (RCS) de pico das amostras ensaiadas em
100
75 c' = 87,14 kPa função da adição cal com ECOLOPAVI
50 ɸ'=26,33o utilizada em cada uma delas, para os tempos de
25
0 cura de 24 horas. A Tabela 6 relaciona todos
0 50 100 150 200 250 300
esses valores.
Tensão Normal (kPa)
340
Figura 9. Parâmetros de resistência (Solo + 1% de Cal + 320
RCS (kPa)

4ml ECOLOPAVI). 300


280
Tabela 5. Resumo dos parâmetros de resistência das Ecolopavi
260
amostras ensaiadas. 240
220
Coesão 0 1 2 3 4 5
Ângulo de Atrito (ɸ)
Amostras (c)
º (ml) Ecolopavi
ensaiadas kPa
Solo 95,57 27,0
Figura 11. RCS em função da adição de cal com
Solo+1%Cal+2ml
76,54 18,45 ECOLOPAVI (ml) e do tempo de cura.
ECOLOPAVI
Solo+1%Cal+4ml
87,14 26,33
ECOLOPAVI

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Tabela 6. RCS em função da adição de cal (%),e cal(%) ABNT/NBR 6508 (1984): “Grãos de solo que passam na
com ECOLOPAVI do tempo de cura. peneira de 4,8mm – Determinação da massa
Tempo de Cura (ml) ECOLOPAVI RCS (kPa) específica”, 8p.
ABNT/NBR 7180 (1984): “Solo – determinação do
0 242,32
limite de plasticidade”, 3p.
24 horas 2 257,30 ABNT/NBR 7181 (1984): “Solo – análise
4 332,25 granulométrica”, 13p.
ABNT/NBR 6457 (1986): “Amostras de solo-
preparação para ensaios de compactação e ensaios
Para as amostras analisadas, houve um de caracterização”, 9p.
aumento desses valores nas misturas com ABNT/NBR 7182 (1986): “Solo – ensaio de
adição de cal mais ECOLOPAVI (1% + 2ml e compactação”, 10p.
ABNT/NBR 12770 (1992): “Solo coesivo – determinação
257,30 kPa) e para a adição de cal com
da resistência à compressão não confinada”, 4p.
ECOLOPAVI (1% + 4ml 332,25 kPa), se ABNT/NBR 7175 (2003): “Cal hidratada para
comparadas com a amostra de solo sem adição argamassas - requisitos”, 4p.
(242,32 kPa), ao serem avaliadas após 24 horas ASTM/D3080 (2011) - Direct Shear Test of Soils Under
de cura. Percebe-se, portanto, um Consolidated Drained Conditions. American Society
for Testing and Materials.
comportamento de incremento de resistência, ao
Bell, F. (1996). Lime stabilization of clay minerals and
ser adicionado maiores quantidades de soils. Engineering Geology, 15p.
ECOLOPAVI. Bresciani, D. (2009). Análise das propriedades físicas e
mecânicas de um solo da Formação Palermo,
estabilizado com aditivo PERMA ZYME.
Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma,
6 CONCLUSÕES
156p.
Bandeira, A. P. (2003). Mapa de risco de erosão e
Pelos resultados apresentados, a mistura de cal escorregamento das encostas com ocupações
e ECOLOPAVI no solo traz benéficios quando desordenadas no Município de Camaragibe – PE.
se analisa a resistência à compressão simples, Tese de Mestrado, UFPE, Recife-PE, 209p.
Casagrande, A. (1948). Classification and identification
onde se teve um aumento bastante considerável
of soils. Transactions, ASCE, vol. 113, 30p.
em todas as porcentagens de combinações Cristelo, N. M. C. (2001). Estabilização de solos
analisadas. embora essa combinação leve a uma residuais graníticos através de adição de cal.
diminuição da coesão e do ângulo de atrito do Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil.
solo, quando se analisa a resitência à tensão Universidade do Minho, Braga – Portugal.
Cruz, M.L.S. (2004). Novas tecnologias da aplicação de
cisalhante, tal resultado não deve ser
solo-cimento. Braga: Universidade do Minho.
descartado, pois tal comportamento pode estar Dissertação de Mestrado.
atrelado à forma com que a compactação das ECOLOPAVI. Disponível em:
amostras foi executada, como também com a <http://www.ECOLOPAVI.com.br/>. Acesso em
dosagem de aditivos empregada para o Junho de 2016.
Ingles, O. G.; Metcalf, J. B. (1972). Soil stabilization:
melhoramento. Desse modo, pode-se concluir
principles and practices. Sydney: Butterworths.
que a adição de cal com ECOLOPAVI ao solo é Goularte, C. L.; Pedreira, C. L. S. (2009). Estabilização
válida, mas precisa ser associada ao uso que química de solo com adição de cimento ou cal como
será feito do solo, seja para construção de alternativa de pavimento. Anais do GEO-RS 2009,
barragens, obras de pavimentação, construção 7p.
Mabesoone, J. M. (1987). Revisão Geológica da Faixa
de aterros para estabilização de taludes, entre
Sedimentar Costeira de Pernambuco, Paraíba e Rio
outras aplicações. Grande do Norte, e do seu Embasamento. Univ. Fed.
Pernambuco, FINEP/PADCT, relat. Interno, 60p.
REFERÊNCIAS Santos, Y. R. P. (2016). Comportamento e melhoramento
de solos compactados para aplicação em obras de
Alheiros, M. M.; Lima Filho, M. F. A. (1991). Formação engenharia civil. Universidade Federal de
Barreiras. Revisão geológica da Faixa Sedimentar Pernambuco, UFPE, 78p.
Costeira de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Van Impe, W. F. (1989) Soil Improvement: Techniques
Norte. Estudos Geológicos (Série B Estudos e and their volution. Rotterdam: A. A. Balkema
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ABNT/NBR 6459 (1984): “Solo – determinação do
limite de liquidez”, 6p.

COBRAE 2017, Florianópolis/SC, Brasil.

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