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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS


CURSO DE HISTÓRIA
PRÁTICA DE ENSINO III: O LIVRO DIDATICO – 2021.1
ESTUDO DIRIGIDO DE TEXTO

John Keith Gaskin Briglia


XAVIER, E.; CUNHA, M. Entre a indústria editorial, a academia e o estado: o livro
didático de história em questão. Cadernos do CEOM (Unochapecó), v. 981(05), p. 123,
2012.

1. O título atende aos objetivos e ao conteúdo do artigo?


(x) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

2. E o resumo, informa sobre os eixos e o conteúdo do texto?


(x) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

Escrito por Erica da Silva Xavier e Maria de Fátima da Cunha, ambas as


historiadoras, com mestrado em História Social, e pesquisadoras na área de Ensino e
História. Produziram e publicam seu trabalho na Revista “Cadernos do CEOM”, uma
publicação semestral do Centro de Memória do oeste de Santa Catarina, voltada para
abordagens de várias temáticas.
Nessa perspectiva, Entre a industrial editorial, a academia e o estado, segundo
Xavier e Cunha (2012, p. 123) têm por objetivo geral, “buscar entender através de um
mapeamento as dimensões que envolvem a produção do livro didático de História”,
considerando suas conexões com a indústria, o social, a qualidade e o consumidor.
Ainda, busca “compreender de que forma ocorrem os diálogos entre o Estado,
Academia e as Editoras que são de fato os principais agentes a interferir diretamente
na produção e distribuição do livro didático de História” (XAVIER, E.; CUNHA, M. 2012,
p. 123).
Dessa maneira, evidencia-se o livro didático como um elemento que ultrapassa os
meandros da neutralidade, pelo contrário, seu caráter é inteiramente parcial, seja com
uma função; de referencia curricular, instrumentação metodológica, ideológica ou
documental (CHOPPIN, 2004 apud XAVIER, E.; CUNHA, M. 2012). Nesse sentido,
dentro do processo de ensino e aprendizagem, a função que mais asseguraria o
desenvolvimento crítico do aluno, estaria entrelaçada à perspectiva documental, na
medida em que fosse trabalhado o documento como uma fonte refutável da verdade
histórica XAVIER, E.; CUNHA, M. 2012). Entretanto, observam-se as estratégias do
Estado em contornar tal perspectiva, na medida em que a mesma fuja dos interesses
governamentais e grupos dominantes, assim, cabe destacar que:
[...] o segmento voltado para as compras do setor público importa menos a
orientação metodológica ou a ideologia contida em uma coleção de didática e
mais a sua capacidade de vendagem e aceitação no mercado. Neste contexto,
o livro didático assume claramente a sua dimensão de mercadoria, sujeitas a
múltiplas interferências em seu processo de produção e vendagem (MIRANDA;
DE LUCA. 2004, p. 128 apud XAVIER, E.; CUNHA, M. 2012, p. 128).
Ou seja, para além do caráter de formação cognitiva, ideológica, nacional, crítica
ou simplesmente curricular, o livro didático assume, a priori, papel de mercadoria para
depois ser determinado seu caráter final, isso demonstra que, antes mesmo de ter uma
função, o livro deve, obrigatoriamente, obter lucro, posteriormente a isso, preocupa-se
em estabelecer “qual educação” e que cidadão se pretende formar.
Por fim, Erica da Silva Xavier e Maria de Fátima da Cunha (2012) irão constatar o
funcionamento do sistema, onde: cabe ao Estado, apresentar em forma de conteúdo,
por qual visão da história ou tendência historiográfica o passado será recontado, a
base da fundamentação teórica do livro; a Academia, legitimar o conhecimento que se
produz; e as Editoras, em transformar esse bem em mercadoria. Em outras palavras:
O Estado necessita das editoras para programar em massa os materiais
didáticos, as editoras atendem ao Estado; a Academia oferece os fundamentos
teoricometodológicos; o Estado (através de seus programas educacionais para
disciplina de história) se apropria deste debate localizado na Academia, na
“ciência da história”, para buscar justificativa para seus projetos atuais; as
editoras incorporam em forma de conteúdo contido nos livros didáticos as
demandas do Estado para a disciplina de história, as demandas pedagógicas e
os debates entre ensino e história que vem da academia, este fator gera lucro
ao mercado editorial. Um processo complexo que na sua estrutura demonstra
uma dinâmica que gera demandas para o Estado, Academia e Editoras
(XAVIER, E.; CUNHA, M. 2012, p. 142).
Tendo em vista todo o supracitado, observa-se uma obra de pesquisa qualitativa,
com o aparato teórico muito bem embasado por grandes pesquisadores
contemporâneos, como; Marc Ferro, Choppin, Chervel, Cerri e outros. Como resultado,
têm-se um trabalho objetivo, com uma linguagem simples e muito bem elaborada.
Ainda, ressalto, com êxito, a sequencia com a qual a obra se segue, uma vez que, em
posterior à introdução, que sinteticamente evidencia os objetivos e as problemáticas
descritas durante futuro aprofundamento, têm-se uma breve síntese histórica acerca
dos processos de livro didáticos no Brasil, que servirá como base, também, para o que
certamente as autoras planejam, enfim, constatar.

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