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Comunicação Industrial
Monografia de Graduação em
Engenharia de Controle e Automação
Comunicação Industrial
Ouro Preto
Escola de Minas –UFOP
Agosto/ 2009
3
4
Agradecimentos
Esta obra é dedicada àqueles que sempre me apoiarão nesta vida por saberem do valor dos
princípios que me transmitiram: meus pais Alvaro e Eliane. Seu senso de justiça, honestidade e
garra me servirão como referência para sempre.
Aos meus irmãos, Annaline e Guilherme, sem os quais não seria possível seguir em frente em
muitas etapas importantes e que foram, graças a eles, superadas com maestria.
À ISA distrito 1 e a Jonas Berge pelo incentivo e por não enxergarem limites para a difusão do
conhecimento; ao Engenheiro Adailton Emerick (automacoes.com), pelas valiosas informações e
pelo auxílio e paciência em pontos críticos do trabalho.
E, por fim, expresso minha gratidão à grandiosa República Vira Saia e a todos os ensinamentos
ao longo dos anos, que vão muito além da Engenharia.
5
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS..........................................................................................9
LISTA DE EQUAÇÕES....................................................................................12
RESUMO ...........................................................................................................13
ABSTRACT.......................................................................................................14
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................15
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................108
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Ilustração de uma rede industrial aplicada a um processo genérico .........................17
Figura 3.1 - Exemplo de uma medição com transmissão de dados 4-20mA................................21
Figura 3.2 - Cabo com shield ........................................................................................................26
Figura 3.3 - Terminador de barramento, trunk e spurs..................................................................27
Figura 3.4 - Exemplo de um terminador de barramento...............................................................32
Figura 3.5 - Repetidor Fieldbus....................................................................................................33
Figura 3.6 - Terminal I/O remoto para Foundation Fieldbus .......................................................34
Figura 3.7 - Aplicação de um gateway .........................................................................................35
Figura 3.8 - Hub-Switch para Ethernet........................................................................................36
Figura 3.9 - Linking Device ........................................................................................................38
Figura 3.10 - Topologia em barramento........................................................................................41
Figura 3.11 - Topologia Ponto-a-ponto .........................................................................................42
Figura 3.12 - Topologia Estrela.....................................................................................................43
Figura 3.13 - Topologia em anel ...................................................................................................44
Figura 3.14 - Topologia end-to-end...............................................................................................44
Figura 3.15 - Relação cliente-servidor ..........................................................................................47
Figura 3.16 - Relação Publisher-subscriber...................................................................................48
Figura 3.17 - Relação source-sink .................................................................................................49
Figura 3.18 - Cabo coaxial ............................................................................................................51
Figura 3.19 - Cabo par trançado ....................................................................................................52
Figura 3.20 - Cabo de fibra óptica.................................................................................................53
Figura 3.21 - Sistema wireless.......................................................................................................54
Figura 3.22 - Conectores DB 25 (25 pinos) e DB 9 (9 pinos).......................................................56
Figura 3.23 - Cabos de par trançado para Ethernet com conectores RJ-45...................................60
Figura 3.24 - Faixa de Aplicação de redes Ethernet......................................................................61
Figura 3.25 - Arquitetura de redes industriais ...............................................................................63
Figura 3.26 - Classificação das redes ............................................................................................65
Figura 3.27 - Tipos de redes ..........................................................................................................67
Figura 3.28 - O modelo OSI ..........................................................................................................69
Figura 4.1 - Configuração Modbus ..............................................................................................74
Figura 4.2 - Rede AS-i..................................................................................................................77
Figura 4.3 - Cabeamento e logomarca das redes AS-i .................................................................78
Figura 4.4 - Cabeamento e logomarca das redes DeviceNet........................................................80
Figura 4.5 - O sinal HART ...........................................................................................................82
Figura 4.6 - FSK ...........................................................................................................................83
Figura 4.7 - Exemplo de aplicação inteligente utilizando HART® .............................................84
Figura 4.8 - Logomarca do protocolo Profibus ............................................................................85
Figura 4.9 - Comunicação Profibus.............................................................................................86
10
LISTA DE TABELAS
LISTA DE EQUAÇÕES
RESUMO
ABSTRACT
The benefits arising from the usage of industrial network systems in processes control are many
and considered essential in modern communication projects. The various communication
protocols commonly found in the industries can be characterized as fundamental tools whose
knowledge becomes indispensable to the Control and Automation Engineer. However, the wide
range of platforms available for data transmission requires further study on the subject in order to
obtain maximum of functionality of a plant and avoid oversized specifications of systems, while
ensuring interoperability between devices. In this work, first, the benefits involved in the use of
networks in the industry are evaluated, followed by typical configurations, parameters and basic
equipment that are commonly found in these systems. Subsequently, the industrial
communication hierarchies are exposed according to the type and complexity of data transmitted,
configuring the initial idea about the communication method to be employed. The OSI (Open
Systems Interconnection) reference model, taken as a reference for most communication systems
available, is also explained, and its application is, in general, demonstrated. Finally, the main
industrial communication protocols, available for many different network configurations, are
exposed, along with basic parameters for configuration. It is also developed an introductory study
on asset management systems, from which it is possible to learn the techniques and benefits
involved in this new tool designed in order to help the maintenance sector. Combining the usage
of industrial fieldbus networks to modern systems of management of assets, operating costs of a
plant are significantly reduced, along with a vast improvement in the company’s productive
standards.
1 INTRODUÇÃO
A integração das etapas que envolvem os processos produtivos vem sendo cada vez mais buscada
nos diversos segmentos industriais. Atualmente, encontra-se como um dos elementos
fundamentais para se atingir os rigorosos padrões produtivos requeridos, dada a competitividade
do mercado mundial. Assim, as redes industriais tem papel fundamental neste processo, de tal
forma que sua utilização em detrimento às técnicas obsoletas de comunicação industrial pode
prover agilidade, robustez e eficiência aos sistemas de comunicação.
1.1 Objetivos
São estudados os protocolos de comunicação mais importantes, visando-se obter base para a
elaboração de projetos de redes industriais. Para tanto, devem ser observadas as necessidades de
cada nível da planta, dividindo-se os protocolos de comunicação em níveis hierárquicos. O estudo
introdutório das técnicas de gerenciamento de ativos e seus benefícios associadas ao uso de redes
industriais é também realizado, onde sua implementação junto aos fieldbuses torna-se uma
16
ferramenta poderosa que pode gerar reduções significativas de custos e refinamento dos
parâmetros nos processos produtivos.
1.2 Justificativas
O uso das redes industriais nos processos produtivos acarreta em uma série de benefícios e
soluções para problemas comuns advindos das técnicas convencionais de comunicação,
manutenção e controle de processos.
Desta forma, dada a ascensão das redes industriais, além da quase universalização de plataformas
de comunicação (com a aplicação dos Sistemas Abertos, alternativamente aos Sistemas
17
Proprietário), obteve-se grande redução de custos e tempo envolvidos nos projetos; a manutenção
foi, aos poucos, tornando-se mais objetiva e eficaz. Foi, também, facilitada a inserção de novos
equipamentos na rede, onde os mesmos podiam ser simplesmente linkados nos barramentos
utilizados. Os fabricantes tornam-se, por suas vezes, a cada dia mais flexíveis quanto à
compatibilidade de seus equipamentos, onde os mesmos, muitos dos casos, já são configuráveis
para operação em diversas plataformas de redes (FIGURA 1.1).
Sobre este mesmo contexto, os sistemas de gerenciamento de ativos modernos têm sido
amplamente difundidos e aderidos pelas empresas. Trata-se de uma tecnologia possibilitada pelo
surgimento dos fieldbuses, através dos quais são obtidas informações precisas a respeito de cada
instrumento empregado no processo, como dados de fabricação, calibração, curvas de
desempenho, datas de manutenção programada e diagnósticos precisos de defeitos e erros. Com
isso, possibilita-se ampla redução de custos de manutenção e reposição de dispositivos de uma
18
planta, além da atenuação da necessidade de paradas gerais para manutenção, muitas das vezes
desnecessárias.
Assim, faz-se necessário como uma das atribuições do Engenheiro de Controle e Automação
conhecer, dimensionar e projetar sistemas de redes industriais, sabendo, dentre os diversos meios
físicos e protocolos disponíveis, quais são adequados às diversas situações que podem ser
encontradas no campo. Os benefícios e a economia que os fieldbuses podem trazer a uma unidade
produtiva devem ser observados e aliados aos sistemas de gerenciamento de ativos, sendo, desta
forma, essencial conhecer as técnicas disponíveis no mercado e suas diversas aplicações.
1.3 Metodologia
O segundo capítulo é iniciado por um breve histórico da evolução dos sistemas de comunicação
industrial, seguido da comparação entre técnicas modernas e obsoletas de transmissão de dados.
O terceiro capítulo apresenta importantes conceitos e classificações utilizadas para as redes
industriais, suas arquiteturas típicas e os equipamentos e termos comumente relacionados a estes
sistemas. O capítulo 4 aborda os principais protocolos de comunicação industrial disponíveis,
configurando-se como base para a orientação acerca da escolha de uma plataforma de
comunicação em aplicações gerais, bem como práticas aconselháveis para elaboração de projetos
de redes industriais. O quinto capítulo trata de tópicos de gerenciamento de ativos, com uma
abordagem introdutória sobre um assunto que vem ganhando espaço no meio industrial.
19
2 HISTÓRICO
A evolução da computação foi, a partir da década de 70, outra grande mudança no controle de
processos, onde foi possibilitado o uso dos mesmos para monitorar e controlar uma série de
instrumentos a partir de um ponto central. Desta forma, dado o crescente número de tarefas a
serem controladas, já se tornava necessária a criação de padrões de comunicação mais eficientes,
de forma a descentralizar o controle de processos e aumentar a confiabilidade e organização dos
sistemas.
Há cerca de 10 anos, o nível administrativo já possuía o padrão TCP/IP, porém, o nível de chão-
de-fábrica possuía outros protocolos denominados fieldbuses. Esses protocolos foram se
difundindo, devido à relação custo-benefício advinda do uso de redes industriais de comunicação
quando comparado a sistemas tradicionais de transmissão de dados. E cada uma dessas novas
plataformas elaborou sua maneira de enviar dados do chão-de-fábrica até os níveis mais altos da
hierarquia industrial, o que, apesar dos benefícios gerados, constitui-se em um grande empecilho
ao desenvolvimento e aplicação a nível global destas tecnologias (LUGLI, SANTOS, FRANCO,
2008).
3 REDES INDUSTRIAIS
Uma das maiores evoluções das antigas técnicas de transmissão de dados comparadas às
modernas deu-se quando da mudança na natureza dos sinais transmitidos. Conforme mencionado
no capítulo anterior, utilizou-se, por um certo período, o sinal analógico de pressão, sendo este
substituído, posteriormente, pelo sinal de corrente 4 a 20 mA.
O sinal analógico de corrente pode ser entendido como uma linearização e comparação dos
valores registrados por um dado instrumento (como um sensor de temperatura, por exemplo)
dentro de um determinado range. Por range, entende -se tratar de uma faixa compreendida entre
um valor máximo e mínimo, dentro da qual o instrumento realizará medições.
Desta forma, no padrão 4-20 mA o range mínimo é atribuído ao valor 4mA e o range máximo ao
valor 20 mA. Neste intervalo, os demais valores registrados pelo instrumento serão dispostos em
forma de corrente análoga o valor da variável medida. A ilustração a seguir (FIGURA 3.1)
demonstra um exemplo comum de um instrumento 4-20 mA aplicado à medição de nível de um
reservatório:
Pode-se observar que para o nível mínimo do tanque (0 galão), o instrumento utilizado para a
medição gera uma corrente de 4mA; de forma análoga, para o nível máximo (500 galões), a
corrente gerada pelo instrumento é de 20 mA. Os valores compreendidos entre 0 e 500 galões
gerarão, proporcionalmente, essa variação de corrente, podendo-se afirmar que, em situação
ideal, que a variação de 1mA de corrente na saída do aparelho é gerada pela alteração de 31,25
galão no nível do tanque. É valido lembrar que outras diversas formas de medição e transmissão
analógicas existem e funcionam de forma semelhante, tais como o sistema 0-20 mA e o 0-10 V.
O valor da variável medida pelo instrumento é, por fim, transmitido através da fiação sobre a
forma de um sinal elétrico (geralmente DC), sinal este que será interpretado pelo sistema de
controle que, quando necessário, gerará medidas compensatórias ou corretivas como saídas
também em forma de corrente (ou outra forma analógica, dependendo-se do sistema empregado)
para os atuadores.
Uma saída para a eliminação de todos estes problemas foi encontrada com a utilização de
sistemas digitais de transmissão de dados. A grande diferença reside no fato de que os dados
serão transmitidos sobre a forma de uma cadeia de “zeros” (0) e “uns” (1) ao longo do
23
cabeamento. Esta tecnologia permite uma grande soma de benefícios, como a transmissão dos
valores registrados por diversos instrumentos através de um meio físico comum, possibilitando
que sinais de equipamentos diversos possam ser facilmente diferenciados e interpretados pelo
sistema de controle de acordo com a configuração da informação recebida (BERGE, 2004).
Eliminam-se, também, interferências e falseamentos na transmissão dos dados, uma vez que uma
cadeia de informações digitais terá os dados que carrega alterados pelos fatores anteriormente
citados; caso o sinal seja levado até o sistema de controle, este terá em mãos valores efetivamente
registrados e lançados pelo instrumento sobre a variável que está sendo medida. Obviamente, a
mesma relação é observada em relação ao envio de dados a partir do sistema de controle até os
atuadores e demais equipamentos do processo.
Alguns tipos de redes utilizadas em automação de processos são Foundation Fieldbus, Profibus
PA e HART, sendo estas variedades tipicamente conhecidas como fieldbuses. O termo, quando
iniciado por letra minúscula (fieldbus), não deve ser confundido com Fieldbus Foundation,
instituição que desenvolve o protocolo Foundation Fieldbus (FF).
25
Para que se estabeleça uma rede num ambiente industrial é imprescindível conhecer os
equipamentos e as terminologias que estão comumente associados a tais sistemas, sendo os
mesmos apresentados a seguir:
Para cada protocolo existe um padrão específico de transmissão de dados, que implica em
restrições quanto ao meio físico a ser utilizado. De modo geral, utilizam-se cabos coaxiais, cabos
de par trançado, fibras ópticas e radiofrequência como meios de transmissão.
Na maioria dos casos, os cabos são constituídos de pares trançados de fios metálicos, sendo estes,
geralmente, envolvidos por malha metálica de blindagem ou shield (FIGURA 3.2). Estes cabos,
na maioria dos casos, provêm, além da transmissão das informações, a alimentação elétrica para
os dispositivos, onde uma fonte (geralmente 24 VDC) é conectada ao barramento. É comum
encontrar, porém, casos onde a alimentação é feita através do shield do cabo, prática esta que
deve ser evitada dadas as ocorrências de interferências na linha e quedas na qualidade de
transmissão.
26
Por barramento entende-se tratar de uma fiação única e extensa que pode percorrer grandes
distâncias em uma planta. O barramento principal é chamado Trunk (tronco) (FIGURA 3.3).
Pode estar conectado partindo-se do sistema de controle diretamente aos dispositivos de campo.
Entretanto, é comum que ao trunk sejam acoplados segmentos secundários de cabo, chamados
spurs, e a estes sejam conectados os instrumentos, como pode ser observado na ilustração a
seguir:
27
As redes industriais são constituídas, geralmente, por um único segmento principal, dotado de
terminador no início e no fim do barramento. Assim, todos os dispositivos de uma rede são
conectados a uma única porta na interface, que pode utilizar diversas portas modulares para
conexão de diversas outras redes e comunicá-las com servidores.
Extensões maiores de cabos, conhecidas como segmentos, podem ser conectadas ao trunk. Para
tanto, devem ser utilizados repetidores e também terminadores, cujas funções são explicitadas
mais adiante.
É importante lembrar que a disposição destes elementos em uma rede está relacionada à
topologia a ser empregada na configuração na mesma. Entretanto, recomenda-se conectar
dispositivos de forma que a inserção ou remoção dos mesmos não interrompam o trunk, e,
consequentemente, a linha principal de transmissão. Na maioria das redes, o trunk é um cabo
provido de diversos núcleos que são utilizados por redes distintas, tornando simplificado o
esquema de cabeamento para uma planta.
28
A alimentação dos instrumentos pode, em alguns casos, ser fornecida a partir do próprio
barramento de dados, sem que ocorra, entretanto, interferências às informações transmitidas.
Entretanto, quando a alimentação por barramento é utilizada, a queda de voltagem ao longo do
fio ocasionada pelo consumo de corrente dos dispositivos é fator limitante para determinação dos
comprimentos máximos possíveis para fiação e para a determinação do número máximo de
dispositivos que podem ser conectados a uma mesma rede. Para se obter maximização destes
números, devem ser utilizadas fontes de alimentação de maior tolerância e potência, aliadas a fios
de seção transversal aumentada de forma a reduzir a resistência elétrica dos mesmos. A tabela 3.1
fornece base para determinação prática destes valores:
A determinação destes valores pode ser feita através da Lei de Ohm, conforme o exemplo de uma
situação com a qual comumente se depara em projetos de redes industriais:
29
Exemplo 3.1
Um dispositivo fieldbus necessita de, no mínimo, 9 V para operação. Para operações que não
requerem segurança intrínseca, a fonte de alimentação excede, tipicamente, 21 V, e a corrente
consumida por um dispositivo de campo, geralmente, é da ordem de 12 mA. O cabo utilizado
possui resistência de 22 Ohm/km em cada um de seus dois condutores. Para uma rede com 16
dispositivos, calcula-se a máxima distância como 1.4 km, conforme os cálculos:
Equação 3.1
Para 1.9 km de cabo do tipo A (ver tabela 3.1), o número máximo de dispositivos é calculado
como 12:
Equação 3.2
O comprimento máximo serve como referência para determinação do alcance e área de cobertura
de uma rede, devendo ser confirmado mediante o somatório dos comprimentos dos spurs e
comprimento do respectivo segmento principal. Uma relação prática entre o número de spurs e
dispositivos presentes em uma rede pode ser observada na tabela 3.2, servindo como referência
30
para a determinação destes valores. Entretanto, não existem valores absolutos, podendo as
recomendações apresentadas serem adaptadas a cada caso mediante bom julgamento:
Número de 2 3
Spurs 1 dispositivo dispositivos dispositivos 4 dispositivos
25-32 - - - -
19-24 30 m - - -
15-18 60 m 30 m - -
13-14 90 m 60 m 30 m -
1-12 120 m 90 m 60 m 30 m
É válido salientar que não é recomendado conectar mais do que quatro dispositivos por spur e
que, convencionalmente, o comprimento dos mesmos em instalações que requerem segurança
intrínseca não deve exceder 30 m (BERGE, 2004).
As fontes de alimentação devem ser utilizadas quando necessário energizar os instrumentos por
intermédio da mesma fiação utilizada na transmissão de dados.
3.3.4 Nós
Os elementos conectados aos barramentos são chamados nós. Podem ser tanto sensores como
atuadores, e o número de nós que pode ser conectado a cada barramento ou na totalidade de uma
rede são limitados e diferenciados de acordo com cada protocolo (BERGE, 2004).
O limite de nós por segmento é dado pela impedância de entrada dos equipamentos. Quando
alimentação pelo barramento é utilizada (maioria dos casos), recomenda-se conectar, de forma
geral, 16 dispositivos por segmento. Caso alimentação externa seja utilizada, este limite é
estendido a 32.
Para redes maiores, com diversos segmentos lançados por repetidores, o número de dispositivos
por rede atinge, teoricamente, 240 para Foundation Fieldbus e 126 para Profibus PA, sendo os
dois protocolos mencionados estudados mais adiante, no capítulo 4. Entretanto, a resistência dos
fios, o consumo de corrente dos dispositivos, a capacidade de memória interna de dispositivos de
interface e as baixas taxas de atualização obtidas limitam cada rede a utilizar, na prática, 16
dispositivos. Apesar de parecer um número restrito, as plantas industriais não possuem apenas
uma rede de dispositivos, mas diversas, que podem ser interconectadas e remover, assim, diversas
limitações.
3.3.5 Terminadores
Numa determinada linha de cabeamento, para a grande maioria dos protocolos, é imprescindível
que sejam aplicados, ao fim de cada segmento, o terminador de barramento. Trata-se de um
32
dispositivo de característica resistiva que é acoplado à rede de forma a evitar as reflexões de sinal
que podem ocorrer ao fim de um barramento, evitando-se, assim, possíveis colisões indesejadas
de dados. Os terminadores (FIGURA 3.4) são também responsáveis pela conversão da mudança
de corrente gerada por um transmissor em uma mudança de voltagem no segmento, que é captada
por todos os dispositivos conectados à rede e que tornam-se, assim, aptos a receberem o sinal.
Os terminadores devem ser empregados em cada uma das extremidades dos segmentos.
Entretanto, muitas das vezes estes elementos podem já ser parte da estrutura de módulos de I/O
remotos, controladores e até mesmo repetidores, dispensando-se, neste caso, a conexão do
terminador separadamente.
3.3.6 Repetidores
dispositivos que permitem que o barramento seja estendido um pouco além de seu comprimento
máximo, sendo, porém, seu uso limitado de acordo com o protocolo empregado (FIGURA 3.5).
Geralmente, cerca de trinta e dois repetidores podem ser conectados ao mesmo segmento de rede
e recomenda-se não utilizar mais do que quatro repetidores entre dois dispositivos, significando
que estes podem ser separados por, no máximo, cinco segmentos. Recomenda-se também que,
para fieldbuses, no máximo quatro repetidores sejam utilizados em série (BERGE, 2004).
ser visualizado na Figura 3.6. A quantidade de unidades I/O remotas deve ser respeitada,
observando-se os limites que cada protocolo impõe. Em contrapartida, a utilização das unidades
remotas pode maximizar o número de equipamentos que podem ser conectados a uma rede.
3.3.8 Gateways
Para a comunicação entre os diversos níveis que envolvem uma rede, bem como para que se
consiga trocar dados entre redes de protocolos distintos, utilizam-se dispositivos denominados
gateways. Através dos mesmos, pode-se obter interfaceamento entre redes de arquiteturas e
estruturas de informação distintas, devendo este gateway ser específico por aplicação (ex.:
gateway para conexão de Profibus DP a Ethernet IP) (FIGURA 3.7).
35
Os switches podem ser vistos como repetidores inteligentes, utilizados em protocolos baseados no
padrão Ethernet. Assim, amplificam os sinais recebidos e fazem análise inteligente dos pacotes de
bits que devem ser transferidos. Deste modo, todas as informações recebidas em suas portas são
verificadas quanto à sua integridade e, caso não estejam corrompidas, são entregues ao
destinatário especificado (HMS INDUSTRIAL NETWORKS...2009). Os hubs, por sua vez, são
empregados quando da necessidade de interligar segmentos distintos de redes Ethernet,
publicando a mensagem recebida em uma de suas portas para várias outras. Comumente estas
funções são encontradas em um mesmo equipamento.
36
3.3.10 Bridges
Para que instrumentos de comunicação serial tornem-se disponíveis para níveis de protocolo
ethernet, utilizam-se os servidores de dispositivos (ou device servers). Trata-se de componentes
37
físicos que permitem que todas as atribuições e funções requeridas pelo item possam ser
acessadas através da rede, eliminando-se a necessidade de conexão direta por porta serial.
O uso destes equipamentos é justificado quando da necessidade de se alocar equipamentos de
transmissão serial de dados distante do sistema de controle, haja vista às limitações que esta
forma de transmissão impõe quanto às distâncias de transmissão. Possibilitando-se a
comunicação do equipamento com a Ethernet, ampliam-se significativamente estas distâncias
(POWERSOFT CONTROLE SYSTEMS, 2003).
Os Linking Devices são equipamentos utilizados para conexão de redes de nível de campo a
níveis superiores diretamente através das redes de alta velocidade de nível de servidores. Estes
equipamentos já são construídos, geralmente, junto às estações de I/O remotas, dispensando o uso
de interfaces adicionais.
Existem diversas possibilidades de configuração para uma rede industrial, o que as torna flexíveis
e aptas a atenderem às mais distintas necessidades. As redes podem ser caracterizadas a partir de
parâmetros diversos como abrangência, modo de transmissão de dados e topologia, dentre outros
aspectos fundamentais para a compreensão e aplicação dos sistemas de comunicação modernos.
39
As redes podem ser classificadas de acordo com sua extensão, subdividindo-as em LAN (Local
Area Network), MAN (Metropolitan Area Network), WAN (Wide Area Network) e WLAN
(Wireless Local Area Network).
Uma LAN caracteriza-se por ocupar uma área limitada a, no máximo um edifício, ou alguns
prédios próximos. Muitas vezes são limitadas a apenas um pavimento do estabelecimento, um
conjunto de salas, ou até uma única sala. São redes de velocidade média a alta, que geralmente
está compreendida entre 10 Mbps a 1 Gbps, sendo atualmente o valor de 100 Mbps o mais
comumente utilizado (MOREIRA, 2009).
Recentemente, tem crescido a utilização de redes locais sem fios, conhecidas com WLAN
("Wireless Local Area Network"). Além de serem adequadas a situações onde se faz necessária
mobilidade dos dispositivos, são flexíveis e de fácil instalação. Embora os equipamentos
apresentem custos geralmente mais elevados quando comparados aos de uma LAN tradicional, a
redução significativa dos custos de instalação promovida pelo uso de uma WLAN pode ser
compensatória (MOREIRA, 2009).
40
Uma "Metropolitan Area Network" é basicamente uma rede que abrange dimensões de
proporções de uma cidade. São usadas, geralmente, para interligar vários edifícios afins dispersos
(MOREIRA, 2009).
As redes de área alargada ("Wide Area Network") têm dimensões que abrangem países e
continentes. São, na realidade, constituídas por múltiplas redes do tipo LAN e MAN interligadas.
O exemplo mais divulgado é a internet, dada sua dimensão e popularidade cotidiana (MOREIRA,
2009).
3.4.2 Topologias
A topologia de uma rede define a forma como seus componentes são arranjados e conectados no
meio. Em redes industriais, destacam-se cinco tipos, a saber:
3.4.2.1 Barramento
Na topologia em barramento, existe uma via única a qual os outros dispositivos são diretamente
inseridos em paralelo, ou através de barramentos secundários conectados ao barramento
principal. Esta topologia constitui um dos grandes avanços advindos da modernização das
técnicas de comunicação digital, permitindo a comunicação de um grande número de dispositivos
através do mesmo par de fios (AS-INTERFACE, 2009).
41
3.4.2.3 Estrela
3.4.2.4 Anel
A topologia em anel é uma configuração que consiste de uma série de dispositivos conectados
uns anos outros por conexões de transmissão unidirecional em um loop fechado (AS-
INTERFACE, 2009) (FIGURA 3.13). Alguns padrões de meio físico, como o IEC 61158-2, não
suportam esse arranjo entre equipamentos, devendo-se, neste caso, utilizar dispositivos auxiliares
ou outra forma de topologia.
44
3.4.2.5 End-to-end
Esta topologia é utilizada quando da necessidade de conexão direta de apenas dois equipamentos
(AS-INTERFACE, 2009), conforme a ilustração a seguir (FIGURA 3.14)
A existência ou não de sincronia entre o emissor e o receptor de dados em uma rede configuram
uma importante característica de uma plataforma de comunicação. Geralmente, dados
serializados não são enviados de maneira uniforme através de um canal, sendo pacotes de dados
enviados regularmente, seguidos de pausa. Assim, para a recepção correta da informação, esta
temporização deve ser conhecida, devendo-se saber o momento exato do início e fim da
transmissão de um pacote de dados, de modo que a leitura dos dados se dê de forma precisa e
eficiente (CANZIAN...2009).
O sinal de clock pode ser também transmitido no mesmo canal de dados, sendo esta técnica
bastante empregada em face às economias que apresenta. Duas destas técnicas comumente
utilizada pelos protocolos de comunicação são a Codificação Manchester e NRZ (Non-Return-to-
Zero).
Uma segunda forma de caracterizar redes pela transmissão de dados é quanto ao sentido da
transferência de informações, podendo uma rede ser caracterizada como de transmissão simplex,
half-duplex e full-duplex (EMERICK, 2009).
O modo de transmissão simplex pode ser definido como um modo de transmissão unidirecional,
ou seja, um dispositivo apenas transmite e o outro apenas recebe. Podemos comparar esse modo
com uma estação de rádio FM. A informação (voz ou música) é modulada e enviada para as
estações receptoras, que decodificam a mensagem, mas não há uma maneira de enviar
46
informações da unidade receptora para a transmissora. É uma via de mão única (EMERICK,
2009).
Por half-duplex entende-se tratar do modo de transmissão bidirecional não simultâneo, ou seja,
um dispositivo dentro da rede pode transmitir e receber informações, mas em instantes distintos.
Ou seja, o dispositivo que estiver efetuando transmissão fica impossibilitado de receber dados ou,
se estiver recebendo dados, não poderá transmitir nenhuma informação (EMERICK, 2009). Este
é o modo de transmissão implementado por grande parte dos fieldbuses.
E, por fim, no modo full-duplex os dados podem ser transmitidos em ambas as direções e
simultaneamente. Um exemplo deste tipo de transmissão é a conversa pelo telefone, onde ambos
os comunicadores podem falar ao mesmo tempo, se assim desejarem.
Os dispositivos integrantes de uma rede industrial podem apresentar diferentes formas de enviar e
interceptar informações, relacionadas à hierarquia do fluxo de dados. Este modelo classifica as
relações de comunicação em mestre-escravo, cliente-servidor, publisher-subscriber e souce-sink.
O modo de comunicação source-sink é observado quando um dispositivo atuando como fonte (ou
source) transmite uma mensagem a um dispositivo agindo como carente (ou sink), sem que este
último tenha solicitado dado algum: enquanto um determinado estado permanecer inalterado, não
é estabelecida comunicação; a transmissão ocorre apenas quando da decorrência da alteração de
estado chamada, por vezes, reportado por exceção (reported by exception). Trata-se de uma
configuração ideal para ambientes onde operadores desejam que os dispositivos reportem alarmes
do processo ou ocorrência de erros e, do contrário, permaneçam em silêncio (BERGE, 2004)
(FIGURA 3.17).
49
O barramento pode também ser acessado através da configuração em Token Ring, onde uma
autorização é trocada entre os componentes da rede definindo a prioridade de acesso ao meio.
Somente os dispositivos que possuem esta autorização (ou token) pode acessar o barramento.
Uma das vantagens observada neste modo de acesso é a possibilidade de se estabelecer
comunicação entre diversos dispositivos master. Em contrapartida, além da complexidade do
protocolo, a comunicação pode ser mais lenta quando comparada a outros meios, devido à
demora na rotação do token.
50
O meio físico constitui, basicamente, o meio através do qual os dados do processo são
transferidos. São caracterizados como a plataforma física utilizada pelos protocolos completos.
De ampla abrangência, os meios físicos podem também serem descritos por padrões específicos
para montagem de condutores e níveis elétricos, como RS-232, RS-485, IEC 61158-2 e Ethernet.
De modo geral, utiliza-se o cabo coaxial, o cabo de par trançado, a fibra óptica e ondas
eletromagnéticas (Wi-Fi). A escolha do cabeamento define como os bits (para transmissão de
sinais digitais) são codificados e os dados, assim, transmitidos, devendo sua escolha ser
ponderada por parâmetros como extensão do barramento, velocidade de transmissão,
confiabilidade e resistência mecânica (LUDWIG, FAGUNDES, 2006).
Os cabos coaxiais eram utilizados em sistemas antigos de redes industriais, tendo seu uso entrado
em declínio já no início da década de noventa. Consiste em um fio de cobre envolvido por um
material isolante (FIGURA 3.18). O isolante é protegido por um condutor cilíndrico (uma malha
entrelaçada) que protege o condutor interno contra interferências externas. O condutor externo,
por sua vez, é coberto por uma camada plástica protetora. São capazes de transmitir a uma taxa
de, geralmente, 10 Mbps, sendo sua distância máxima utilizável (sem repetidores) de cerca de
185 metros (MARIMOTO, 2007).
51
O cabo de par trançado constitui-se talvez no meio de transmissão mais antigo e ainda mais
utilizado (devido ao baixo custo e ao bom desempenho obtido). As aplicações mais conhecidas
do par-trançado são o sistema telefônico e, hoje em dia, quase totalidade das redes ethernet.
Industrialmente, está presente em grande parte dos cabos das redes e sua utilização é difundida
por se tratar de uma tecnologia tradicional e que, em muitas das vezes, já está instalada nas linhas
de transmissão, sendo necessárias poucas adaptações quando da necessidade de mudanças nos
sistemas de comunicação.
O par-trançado consiste em fios de cobre encapados, que tem, em geral, cerca de 1mm de
espessura. Os fios deste cabo são divididos em pares e trançados a 90º entre si, com o intuito de
reduzir interferências do meio (FIGURA 3.19).
A taxa de giro (normalmente definida em termos de giros por metro) é parte da especificação de
cada tipo de cabo. Quanto maior o número de giros, maior o cancelamento de ruídos. Com eles
pode-se velocidades de transmissão da ordem 1 Gbps (LUDWIG, FAGUNDES, 2006).
Os cabos de par trançado podem ser envolvidos por uma malha metálica, que atua como
blindagem eletromagnética. Neste caso, são chamados Shielded Twisted Pair – STP ou Par
52
Trançado Blindado, e quando não apresentam blindagem são conhecidos como Unshielded
Twisted Pair - UTP ou Par Trançado sem Blindagem.
Trata-se de um novo conceito em meios de transmissão para redes industriais, com transmissão
de dados baseada em radiofrequência, dispensando a utilização de fios (FIGURA 3.21). Possui
extensa aplicabilidade e constitui-se em uma excelente alternativa à eliminação de cabos e
simplificação dos sistemas de comunicação, sendo, assim, uma possibilidade de redução de
custos de instalação de dispositivos em uma rede. Os equipamentos destinados ao meio industrial
costumam cobrir distâncias de até 4 km, operando a uma freqüência de trabalho de 2.4 GHz.
Entretanto, alguns inconvenientes tornam seu uso inviável em algumas aplicações. Os sistemas
de transmissão wireless são bastante susceptíveis a ruídos e interferências do meio, e sua
alocação em torres elevadas e locais de difícil acesso faz necessária alimentação elétrica por fios,
uma vez que a reposição de baterias pode ser difícil de ser realizada, por vezes (BANNER
ENGINEERING CORPORATION, 2009).
54
Por RS-232 entende-se tratar de um padrão de nível físico para comunicação voltado à
transmissão serial de dados. A sigla RS significa Recommended Standard (padrão recomendado).
Foi criado no início dos anos 60, tendo, na década de noventa, sua nomenclatura substituída por
EIA-232. A nomeação antiga do padrão, porém, ainda é a mais utilizada na prática.
O RS-232 define como devem ser realizadas as ligações físicas entre dispositivos, os níveis de
tensão utilizados, as temporizações e funções dos sinais, determinando um conjunto de conceitos
55
para ligações elétricas e regras para transmissão. Tipicamente, o padrão é utilizado para a
comunicação end-to-end entre dois dispositivos.
A taxa de transferência ou baud rate (velocidade com que os dados são enviados através de um
canal) é medida em transições elétricas por segundo. A norma EIA 232 especifica uma taxa
máxima de transferência de dados de 20.000 bits por segundo (o limite usual é de 19200 bps).
Baud rates fixos não são fornecidos pela norma. Contudo, os valores comumente usados são 300,
1200, 2400, 4800, 9600 e 19200 bps (CANZIAN, 2009):.
O padrão RS-485 foi uma das primeiras plataformas de comunicação serial desenvolvidas para
comunicação multiponto, alternativamente ao RS-232. Trata-se de uma forma robusta de
transmissão de dados, sendo amplamente utilizada em controle de sistemas, com taxas de
transmissão que podem chegar a até 10 Mbps, para distâncias de transmissão de até 12 metros, e
100 Kbpps, para distâncias da ordem de 1200 metros. É possibilitada a montagem de um sistema
em rede de comunicação serial a dois fios, para operação em modo half-duplex, ou a 4 fios, para
operação em modo full-duplex (EMERICK, 2009).
A norma EIA-485 não especifica conectores, cabos e pinagem, mas determina padrões elétricos
para a troca de dados, com tensões de -7 V a +15 V. Os dispositivos possuem apenas quatro ou
57
dois terminais e algumas vezes um terceiro terminal para um fio terra, podendo ser usados
conectores DB-9 ou bornes com parafusos.
A norma permite a montagem de uma rede de comunicação sobre dois fios, habilitando uma
comunicação serial de dados confiável e robusta com até 32 nós em uma mesma linha de
transmissão. Porém, utilizando-se dispositivos de menor consumo e repetidores, é possível
utilizar até 256 nós em uma rede. É válido salientar, também, a necessidade do uso de
terminadores de barramento de 120 Ohms em redes RS-485.
Trata-se de um padrão que especifica a configuração do nível físico para equipamentos fieldbus,
possibilitando aplicações com alimentação de dispositivos através do barramento e aplicações em
áreas classificadas (potencialmente explosivas).
O uso de redes baseadas na norma IEC 61158-2 em atmosferas potencialmente explosivas tem
opções e limites definidos pelo modelo alemão conhecido como FISCO (Fieldbus Intrinsically
Safe Concept – Conceito de Fieldbus Intrinsecamente Seguro). A norma é aplicada com
restrições à voltagem de operação dos dispositivos, que devem utilizar entre 9 e 32 VDC em seu
funcionamento. Para se operar uma rede Profibus em área classificada é necessário que todos os
componentes utilizados na área sejam aprovados e certificados de acordo com o modelo FISCO e
IEC 61158-2 por organismos certificadores autorizadas tais como PTB, BVS (Alemanha), UL,
FM (EUA). Se todos os componentes utilizados forem certificados e se as regras para seleção da
fonte de alimentação, comprimento de cabo e terminadores forem observadas, então nenhum tipo
de aprovação adicional do sistema será requerida para o comissionamento das redes
(ASSOCIAÇÃO PROFIBUS BRASIL, 2000). O modelo FISCO possui os seguintes princípios:
58
a) cada
segmento possui somente uma fonte de energia, a fonte de alimentação;
b) a alimentação não é fornecida ao barramento enquanto uma estação está
enviando informações;
Foundation Fieldbus e Profibus PA possuem seus níveis físicos baseados na norma IEC 61158-2
e, apesar de possuírem características elétricas idênticas, não devem ser interligados e misturados
em um mesmo meio físico. Suas especificações apresentam terminologias diferentes e o
comissionamento de cada um dos protocolos é realizado de forma também distinta. As
características básicas do meio físico podem ser observadas na tabela 3.3:
A Ethernet implementa padrões elétricos para o nível físico dos diversos protocolos que a
utilizam, como, por exemplo, Foundation Fieldbus HSE (High Speed Ethernet), Ethernet/IP
(Industrial Protocol) e ProfiNET (Profibus com tecnologia Ethernet), constituindo-se como um
dos meios físicos mais simples e com boa relação custo x benefício. É caracterizada pela alta
velocidade na transmissão de dados, possibilitando taxas de 10 a 100 Mbps, podendo, ainda,
operar velocidades ainda maiores, de até 1 Gbps (IEEE802.3z ou Gigabit Ethernet) (FILHO,
2009b).
60
Figura 3.23 - Cabos de par trançado para Ethernet com conectores RJ-45
Apesar das diversas vantagens observadas, o uso do padrão Ethernet implica em limitações como
a restrição à alimentação pelo canal de dados, baixo sincronismo em nível de milissegundos e
dificuldade de emprego em aplicações que requerem segurança intrínseca. Pesquisas recentes,
porém, já apresentaram soluções para algumas aplicações. Por outro lado, a grande maioria dos
dispositivos ainda não operam com o padrão Ethernet diretamente, tornando os fieldbuses a
opção ainda mais escolhida. A Ethernet, desta forma, é um padrão utilizado extensamente em
aplicações nos níveis de servidor em uma planta, porém com restrições para aplicações a nível de
dispositivos de campo (FIGURA 3.24).
61
O determinismo, condição que possibilita a previsão exata das transmissões e garante que a
chegada dos dados se dê sempre em instantes conhecidos, é também comprometido pelo padrão,
devido ao fato de sua transmissão ser baseada em mecanismos que fazem com que a resposta da
rede varie de forma não-linear em função do tráfego de informações (CSMA/CD). Esta
dificuldade pode ser superada, em alguns casos, por intermédio do uso de hubs inteligentes e
cabos que possibilitem a transmissão full-duplex, reduzindo a probabilidade de colisões e
tornando a rede determinística (FILHO, 2009b).
Ethernet
Itens Comercial / Ethernet industrial
residencial
Temp. de Operação 5ºC a 40ºC 0ºC a 60ºC
Placa Multi Layer para imunid. a
ruídos Não Sim
Parafuso, DB9, RJ-45 e Fibra
Conectores RJ-45 Óptica
Redundância Não Sim
Encapsulamento industrial Não Sim
Compatibilidade até 10 anos Não Sim
Distância
Tipo de Cabo Velocidade Máxima
Cabo Coaxial Grosso-10BASE5 10 Mbps 500 m
Cabo Coaxial Fino -10BASE2 10 Mbps 185 m
Par Trançado -10BASE-T 10 Mbps 100 m
Par Trançado –100BASE-TX 100 Mbps 100 m
Par Trançado –1000BASE-X 1000 Mbps 100 m
Fibra Óptica –10BASE-FL 10 Mbps 2000 m
Fibra Óptica –100BASE-FX 100 Mbps 2000 m
Fibra Óptica –1000BASE-FX 1000 Mbps 500 m
direta e bidirecional dentre os mais diversos níveis hierárquicos ou seccionada e interligada por
meio de gateways, acopladores, conversores e linking devices.
O nível mais alto, nível de informação da rede, é destinado a um computador central que processa
o escalonamento da produção da planta e permite operações de monitoramento estatístico, sendo
implementado, geralmente, por softwares gerenciais. O padrão Ethernet operando com o
protocolo TCP/IP é o mais comumente utilizado neste nível (BERGE, 2004).
64
O nível mais baixo, nível de controle discreto, se refere geralmente às ligações físicas da rede ou
o nível de I/O. Este nível de rede conecta os equipamentos de baixo nível entre as partes físicas e
de controle. Neste nível encontram-se os sensores discretos, contatores e blocos de I/O.
Redes industriais podem, ainda, ser classificadas pelo tipo de equipamento conectado a elas,
assim como pelos tipos de dados que são transmitidos, que podem ser bits, bytes ou blocos. Estas
características diferenciam as redes em sensorbuses, devicebuses e fielbuses (EMERICK, 2009).
As redes com dados em formato de bits transmitem sinais discretos contendo, em sua grande
maioria, simples condições ON/OFF. Já as redes com dados no formato de bytes podem conter
pacotes de informação discretos e/ou analógicos. E as redes com formato de bloco são capazes,
por fim, de transmitir pacotes de informação de tamanhos variáveis.
Desta forma, a distinção entre as três classificações de redes industriais de acordo com os
formatos de dados e os respectivos tipos de equipamentos que interligados é dada pela seguinte
classificação:
As redes devicebus preenchem o espaço entre redes sensorbus e fieldbus e podem cobrir
distâncias de até 500 m. Os equipamentos conectados a esta rede possuem mais pontos discretos,
alguns dados analógicos ou uma mistura de ambos. Além disso, algumas destas redes permitem a
transferência de blocos com menor prioridade comparados aos dados no formato de bytes. Esta
rede tem os mesmos requisitos de transferência rápida de dados da rede de sensorbus, mas
consegue gerenciar mais equipamentos e dados. Alguns exemplos de redes deste tipo são
DeviceNet, Smart Distributed System (SDS), Profibus PA, LONWorks e (SMAR
EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, 1998).
As redes fieldbus interligam os equipamentos de I/O mais inteligentes e podem cobrir distâncias
maiores. Alguns equipamentos acoplados à rede podem possuir inteligência para desempenhar
funções específicas de controle tais como loops PID, controle de fluxo de informações e
processos. Os tempos de transferência podem ser longos, mas a rede deve ser capaz de
comunicar-se por vários tipos de dados (discreto, analógico, parâmetros, programas e
informações do usuário). Exemplos de redes fieldbus incluem IEC/ISA SP50, Fieldbus
Foundation, Profibus DP e HART (SMAR EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, 1998)
(FIGURA 3.27).
67
comunicação. Este padrão é conhecido como Modelo de Referência OSI, e é utilizado por quase a
totalidade das plataformas de comunicação (EMERICK, 2009) (FIGURA 3.28).
As camadas são numeradas a partir da camada física, que recebe o número um, até a camada de
aplicação, que recebe o número sete. Os protocolos industriais, entretanto, não implementam,
necessariamente, funcionalidades nas sete camadas, fazendo-o geralmente nas camadas física, de
enlace, apresentação e aplicação. Os parâmetros adotados pelos protocolos para cada uma das
camadas é de domínio público, possibilitando, assim, o desenvolvimento livre de equipamentos
compatíveis.
70
O processo de comunicação é iniciado a partir da camada física, sendo a evolução das camadas
dada desde o nível que envolve o meio físico e parâmetros como fiação e transferência de bits
(camada física) até os níveis de inserção e recepção de dados (camada de aplicação).
A camada física é onde o processo de comunicação é iniciado. Nela, o sinal elétrico trago pela
fiação é convertido em bits. São tratados parâmetros como comprimento das fiações, taxas de
transferência de bits, características elétricas do meio de transmissão e padrão dos conectores.
Hubs e cabos são exemplos de dispositivos que atuam nesta camada.
Dispositivos de protocolos distintos podem ser conectados a um mesmo barramento (apesar de
não ser estabelecida comunicação efetiva entre os mesmos), desde que sua camada física seja
implementada de forma idêntica.
A camada de enlace está relacionada ao endereçamento das informações, onde são analisados os
endereços físicos dos dispositivos e operações com Switches são realizadas. Esta camada é
também responsável pela detecção de eventuais erros ocorridos na camada física. Assim, após a
conversão do sinal elétrico em bits, a camada de enlace, após a identificação do endereço físico
contido na mensagem, encaminha a informação para a camada de rede.
71
A camada de rede decide através de dispositivos como roteadores qual deve ser o melhor
caminho que os dados recebidos da camada de enlace devem seguir, em redes onde existem mais
de um caminho de dados. Está relacionada, também, à conversão do endereço físico contido na
mensagem em endereço lógico.
Esta camada é responsável pela qualidade da entrega das informações em seu devido destinatário.
Após as informações virem da camada 3 já endereçadas com os respectivos emitentes e
destinatários, os protocolos de transporte atuam nesta camada de forma e executar a entrega dos
dados com confiabilidade. Nesta camada, os pacotes de dados recebidos da camada de rede são
remontados e encaminhados à camada de sessão.
Esta camada é responsável pela sincronização entre os servidores, onde é checada a possibilidade
de comunicação, já de posse de dados como o endereço lógico dos dispositivos envolvidos na
transmissão dos dados.
72
As camadas de 1 a 3 são também conhecidas como camadas de nível físico, enquanto que as de 5
a 7 são chamadas camadas de nível de aplicação. A camada número 4, camada de transporte, é
responsável por estabelecer um ligação entre estes dois grupos. É válido lembrar, também, que as
atribuições, bem como o sequenciamento das operações das camadas no processo de
comunicação dependem do sentido no qual as informações estão trafegando, ou seja, se está
sendo tratado o processo de recepção ou de envio de dados. Acima, foram descritos os
procedimentos da recepção dos dados, ou seja, do barramento de comunicação até o dispositivo
destinatário.
73
4 PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO
Sob este contexto, são analisados os principais protocolos direcionados a cada uma das categorias
de aplicação em uma planta, os quais podem ser encontrados na maioria dos ambientes de
comunicação industrial. São eles Modbus, AS-i, DeviceNet, Profibus, HART e Foundation
Fieldbus.
4.1 Modbus
Como meio físico, o Modbus utiliza o RS-232, RS-485 ou Ethernet. Porém, para comunicação
entre microcontroladores, o padrão RS-485 é mais utilizado. É aplicado extensamente em
comunicação de servidores e controladores, sendo conferida a categoria de databus (barramento
de dados) ao Modbus. Apesar da maior aplicabilidade para os níveis de informação, alguns
instrumentos inteligentes podem, ainda, ser capazes de realizar comunicação por Modbus.
74
A imagem acima mostra um exemplo de rede Modbus com um mestre (PLC) e três escravos
(módulos de entradas e saídas, ou simplesmente E/S). Em cada ciclo de comunicação, o PLC lê e
escreve valores em cada um dos escravos. Como o sistema de controle de acesso é do tipo
mestre-escravo, nenhum dos módulos escravos inicia comunicação a não ser para responder às
solicitações do mestre. O protocolo para a aplicação descrita utliza preferencialmente o padrão
RS-485 para meio físico.
Em redes seriais, o Modbus pode apresentar as variações RTU, ASCII, Modbus/TCP e Modbus +
(Plus), a saber:
Os dados são transmitidos sobre a forma binária, com oito bits, sendo permitida a compactação
dos dados em pacotes menores. No modo RTU, os endereços e valores podem ser representados
em formato binário. Números inteiros variando entre -32768 e 32767 podem ser representados
por 2 bytes. O mesmo número precisaria de quatro caracteres ASCII para ser representado (em
hexadecimal) (FIELD SERVER TECHNOLOGIES, 2009).
75
Neste modo, os dados são transmitidos sobre codificação em caracteres ASCII com sete bits. O
benefício de gerar mensagens legíveis, em contrapartida, faz com que maiores recursos da rede
sejam consumidos.
4.1.3 Modbus/TCP
Características ModBus
Nível hierárquico Databus
Tipo de sinal Digital
Topologia Ponto-a-Ponto/Barramento / Multiponto
Acesso ao
barramento Cliente-Servidor
Baud rate 10Mbps
Comprim. Máx. 1200m
Número de
conexões 255
Diagnósticos Não
Control loop Não
4.2 AS-interface
Mais conhecido como AS-i, este protocolo trabalha no nível de sensores e atuadores, sendo, desta
forma, classificado como sensorbus (FIGURA 5.2). É caracterizada, portanto, pela rápida
resposta no processo e pelo baixo volume de dados transmitido.
77
Trata-se de uma rede flexível quanto à topologia e bastante estável. Seu modo de comunicação
baseia-se no princípio mestre-escravo, sendo permitida a conexão de até 31 dispositivos escravos
por barramento. Esta quantidade pode, entretanto, ser ampliada, caso se faça uso de módulos de
entrada e saída (E/S) com até quatro canais como dispositivo escravo. Assim, possibilita-se a
utilização de até quatro sensores e quatro atuadores por dispositivo escravo, tornando possível a
conexão de 124 dispositivos de comunicação bidirecional e 248 dispositivos de sinal binário (AS-
INTERFACE, 2009). É, também, possível a conexão de dispositivos analógicos na rede, desde
que a transferência dos dados seja digital. São permitidos o uso de até 4 dispositivos analógicos
por escravo.
O barramento da rede AS-i pode ter comprimento máximo de 100 m quando não são utilizados
repetidores, e 500 m quando o são. Não são necessários terminadores de barramentos nos cabos,
sendo estes últimos caracterizados pelo formato achatado e a cor amarela a dois fios, utilizados
para a alimentação dos dispositivos a 24 VDC e para a comunicação de dados. O cabo preto,
igualmente achatado, pode ser utilizado como fonte auxiliar de energia, além da existência de
suplementação externa de alimentação para outros dispositivos de maior potência conectados à
rede (FIGURA 5.3).
78
A partir da tabela 5.2 as principais características das redes AS-i podem ser observadas:
Características AS-i
Nível hierárquico SensorBus
Cabo não blindado com dois fios para dados e energia
Meio Físico (24 VDC / 8A)
Tipo de sinal Digital
Topologia Árvore (barramento associado a estrela)
Máx. disp. Escravos 31
Máx. pontos 124 bidirecionais e 248 sinais binários
Acesso ao barramento Mestre-Escravo
Tempo de ciclo (31 5 ms
79
escravos)
Bit rate 4 bits por escravo a cada mensagem
Taxa de transferência 167 kbps (bruta) e 53.3 kbps (líquida)
Comprim. Máx. 100 m (até 300 m com repetidores)
Diagnósticos Sim
Control loop Não
4.3 DeviceNet
O protocolo foi criado a partir de uma tecnologia desenvolvida pela Allen-Bradley e foi
introduzida no mercado em março de 1994.
Visando ser um padrão não-proprietário, sua tecnologia foi transferida à ODVA (Open DeviceNet
Vendors Association) em abril de 1995, quando os produtos comerciais começaram a ser
oferecidos (SMAR EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, 2009).
80
A conexão com o servidor pode ser realizada de forma serial por RS-232, a partir de qualquer
ponto da rede. É permitida a interligação do moden à rede e a transmissão do sinal por linha
telefônica, até o host.
Assim, para as taxas de comunicação de 125 kbps, 250 kbps e 500 kbps recomenda-se utilizar cabos
com comprimento máximo de 100 m, 250 m e 500 m respectivamente, quando utilizado o cabo do
tipo grosso. Utilizando-se cabo do tipo fino, recomenda-se manter o comprimento máximo em 100 m,
independentemente da velocidade. Na linha tronco, para que se garanta a operabilidade do meio
81
de transmissão, a distância máxima entre qualquer dispositivo em uma derivação ramificada não
pode ser maior que 6 metros (FILHO, 2009).
Outras especificações das Redes DeviceNet podem ser vistas na tabela 5.3:
Características DeviceNet
Nível hierárquico DeviceBus
Tipo de sinal Digital
Meio físico Par trançado
Topologia Barramento
Acesso ao Mestre-Escravo / Multimestre / Souce-Sink /Peer-
barramento to-peer
Baud rate 500-250-125 kBits/s
Comprim. Máx. 500 m (até 6000 m com repetidores)
Número de
conexões Até 64 nós
Diagnósticos Sim
4.4 HART
O padrão HART (Highway Addressable Remote Transducer) foi uma das alternativas viáveis
desenvolvidas aos antigos meios de transmissão analógicos, configurando um modo de
comunicação que possibilita a transmissão de sinais analógicos e digitais simultaneamente no
mesmo meio físico (FIGURA 5.5). Assim, a transmissão do sinal HART é modulada
obedecendo-se o padrão Bell 202 FSK (Frequency Shift Keying), sendo sobreposto ao sinal
analógico de 4 a 20 Ma (FIGURA 5.6). O sinal modulado AC é simétrico e não afeta o sinal
analógico DC. A freqüência do sinal HART é, geralmente, filtrada e ignorada pela maioria dos
dispositivos analógicos, possibilitando a coexistência de ambos em uma mesma linha de
transmissão. Dispositivos ditos inteligentes são capazes de operar com os dois sinais, analógico e
HART (FIGURA 5.7).
82
Em HART, para o bit 1 é empregado o sinal de corrente de 1 mA de freqüência 1200 Hz. O bit 0
é representado pela freqüência 2400 Hz, sendo a comunicação realizada de forma bidirecional.
Por intermédio do sinal, é possível transmitir parâmetros para o instrumento, dados de
configuração do dispositivo, dados de calibração e diagnóstico (FILHO, 2009d).
A topologia multidrop, por outro lado, é utilizada quando da transmissão exclusiva de sinais
HART em uma rede, sendo a saída para o sinal analógico configurada em 4 mA fixos nos
dispositivos HART. A seleção do modo da saída a ser transmitida pode ser facilmente
configurada através do polling address, parâmetro que pode ser facilmente ajustável nos
dispositivos presentes na rede. Assim, quando a topologia ponto-a-ponto é utilizada, o polling
address é ajustado para o valor 0, tornando a saída analógica 4-20 mA ativa nos dispositivos.
Caso seja empregada a topologia multidrop, o polling address, servirá como endereço para os
dispositivos HART conectados, sendo configurável com valores entre 1 e 15, diferentes entre si,
para cada nó. A saída analógica é, consequentemente, inativada e constante em 4-20 mA.
84
Características HART
Nível hierárquico Fieldbus
Tipo de sinal Digital + 4-20 mA
Topologia Ponto-a-ponto, multidrop
Acesso ao
barramento Cliente-servidor
Baud rate 1.200 bps
Comprim. Máx. 3.000 m
Número de
conexões 15 (modo multidrop)
Diagnósticos Sim
Control loop Não
85
4.5 Profibus
O Profibus é um sistema de comunicação de alta performance, robusto e aberto, que garante uma
comunicação confiável e flexível nos diversos níveis de uma planta. É caracterizado por ser uma
rede fieldbus que pode ser implementada com ampla funcionalidade no nível de campo e no nível
de servidores, dividindo-se, assim, em redes Profibus DP (Periferia descentralizada) e redes
Profibus PA (Automação de Processos) (FIGURA 5.8). Existe, ainda, o Profibus FMS, utilizado
para aplicações mais complexas de conexão entre PLCs e DCSs, e o PROFInet, empregado
quando da necessidade de interligação de segmentos PROFIBUS à plataforma Ethernet, que pode
ser utilizado para comunicação com níveis corporativos e gerenciais.
O nome foi gerado a partir da fusão dos termos Process e Fieldbus (processo e barramento de
campo). Trata-se de um protocolo aberto, a partir do qual fabricantes de equipamentos voltados
para automação industrial podem desenvolver dispositivos para aplicações diversas. A
organização que desenvolve a tecnologia Profibus é chamada PI (Profibus International).
Os meios físicos variam por aplicação da rede Profibus. Basicamente, para as redes Profibus DP
utilizam-se o padrão RS-485 a 2 fios, com taxas de transmissão entre 9.6 kbits/s e 12 Mbits/s, e a
fibra óptica, utilizada em aplicações que demandam grandes distâncias e imunidade a
interferências. Para redes Profibus PA, utilza-se o padrão IEC 61158-2.
86
O acesso ao meio é dado pela relação mestre-escravo entre as estações ativas e passivas. Entre a
comunicação entre mestres é definida pelo método da passagem do token, implementada para
dispositivos como PCs e PLCs (FIGURA 5.9).
O barramento principal pode atingir até 1,9 km sem o uso de repetidores. Com 4 repetidores,
pode-se obter até 9,5 km de comprimento. Em aplicações que não requerem segurança intrínseca
e que utilizem alimentação externa de dispositivos, podem-se conectar até 32 dispositivos em um
barramento e 9 dispositivos para aplicações em áreas classificadas. A fonte de alimentação pode
fornecer de 9 a 32 V e, para aplicações que requerem segurança intrínseca, devem estar
localizadas fora da área classificada.
Características Profibus PA
Nível hierárquico Devicebus / Fieldbus
Tipo de sinal Digital, Código Manchester
Topologia Linha / Estrela / Ponto-a-ponto
Acesso ao
barramento Mestre-Escravo / Peer-to-peer
Baud rate 31,25 kbps
1900 m (expansível a até 10km com 4
Comprim. Máx. repetidores)
Número de
conexões Até 32 estações por segment, total máx. de 126
Diagnósticos Sim
Control loop Não
f) Bloco de Saída Digital (Digital Output Block) – DO: fornece a saída digital
com o valor especificado pelo sistema de controle (ASSOCIAÇÃO
PROFIBUS BRASIL, 2000).
Como meio físico, podem ser empregados os meios RS-485 ou a fibra óptica. Para o primeiro,
pode-se aplicar a extensões de até 1,2 km, e, com a fibra óptica, até 15 km (ASSOCIAÇÃO
PROFIBUS BRASIL, 2000).
Um alto grau de flexibilidade é permitido ao Profibus DP através dos sistemas mono e multi-
mestre. É permitida a conexão de até 126 dispositivos a um mesmo barramento, mestres ou
escravos. A configuração é feita a partir da definição do número de estações, dos endereços das
mesmas e de seus I/Os, do formato dos dados de I/O, do formato das mensagens de diagnóstico e
os parâmetros de barramento. Os sistemas Profibus-DP podem conter três tipos de dispositivos
diferentes, que se organizam nas classes 1, 2 e DP Slave (ASSOCIAÇÃO PROFIBUS BRASIL,
2000) (FIGURA 5.10):
Em sistemas multi-mestre, diversas estações mestre podem ser conectadas ao barramento, com
seus respectivos dispositivos escravos. A leitura de valores de entrada e saída pode ser realizada
por qualquer estação mestre. Porém, a escrita e geração de saídas só pode ser realizada pelos
mestres específicos de cada dispositivo escravo (ASSOCIAÇÃO PROFIBUS BRASIL, 2000).
Um resumo das características das redes Profibus DP pode ser observado na tabela 5.6:
Características Profibus DP
91
Trata-se de um protocolo completo, que pode prover funções para integração de equipamentos
através de suas duas subdivisões: a rede FF H1, de baixa velocidade (31,25 kbps), destinada à
interligação de instrumentos e atuadores, e a rede FF HSE, de alta velocidade (100 Mbps),
destinada à conexão de estações de trabalho, controladores e segmentos da rede FF H1.
Os benefícios obtidos com os Sistemas de Controle de Campo, ou FCSs podem ser observados à
medida que são reduzidos acentuadamente custos com controladores, paradas na produção (em
caso de falha em algum loop de controle, apenas uma pequena fração da planta é comprometida,
diferentemente do que ocorre quando da falha em um controlador central), dispositivos de
interface, racks, painéis, cabos e espaço.
Em uma rede FF é possível configurar até 8 loops de controle, dada a limitação prática de 16
instrumentos por rede. Entretanto, limitar uma rede a apenas 5 loops, sendo, no máximo, um
deles crítico, é uma boa prática de projeto, pois as conseqüências de eventuais falhas são
minimizadas.
Além da possibilidade de controle in loco, as redes FF, assim como a grande maioria dos
protocolos digitais de comunicação industrial, possibilitam o uso de recursos avançados de
gerenciamento de ativos, como calibração, configuração e diagnósticos de instrumentos. Os
dispositivos podem, também, ser reconhecidos automaticamente a partir de sua conexão à rede
(Plug and Play).
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A alimentação dos instrumentos conectados aos troncos e barramentos pode ser feita através do
mesmo cabo utilizado para transferência de dados (padronizados segundo a norma IEC 61158-2),
sendo esta característica, juntamente com as restrições advindas da utilização de segurança
intrínseca, um dos fatores de limitação do número de instrumentos possíveis de serem
conectados, a saber:
Como descrito no capítulo 3, o comprimento da linha principal (trunk) pode chegar a até 1900 m
(somando-se os comprimentos dos spurs), onde podem ser utilizados até 4 repetidores. Para
aplicações que requerem segurança intrínseca, esta distância é reduzida a 1000 m, não devendo
os spurs exceder 30 m de comprimento.
4.6.2 Blocos
Em redes FF os dados são transmitidos sobre a forma de blocos, os quais cobrem todas as
funções da rede. Deste modo, são encontrados três tipos diferentes de blocos, a saber:
Através dos blocos de função, parâmetros especiais, como a configuração de malhas de controle
podem ser estabelecidos a partir dos próprios instrumentos de campo (FIGURA 5.12). Existem,
ainda, três modalidades de blocos de função: blocos de função básicas, blocos de funções
avançadas e blocos de funções flexíveis. Através deles, é possível estabelecer diferentes
estratégias de controle, como controle realimentado, em cascata, caracterização de sinais,
temporização e integração de alarmes avançados, controle de motores e interfaces para sensores
nos barramentos. Os blocos empregados em controle mais comumente utilizados e conhecidos
são os seguintes:
c) Controlador PID;
A estratégia de controle para redes Foundation Fieldbus consiste da seleção dos blocos funcionais
e linkagem dos mesmos, o que pode ser feito facilmente por intermédio de softwares auxiliares.
A linguagem de programação é basicamente gráfica, e não textual, como costuma-se utilizar em
outros controladores. Assim, equipamentos de diversos fabricantes são programados de forma
idêntica.
Acesso ao
barramento Cliente-Servidor, Source-sink
Taxa de
transmissão 31,25 kbps
Comprim. Máx. 1900 m
Número de
conexões 255
Diagnósticos Sim
Control loop Sim
As redes Foundation Fieldbus HSE tem como objetivo suprir as limitações impostas pelas redes
FF H1, cujo restrito número de dispositivos por barramento constitui-se em um obstáculo para a
comunicação de uma área extensa de uma planta (em geral, conectam-se de 5 a 7 dispositivos por
segmento de rede). Trata-se da aplicação de uma tendência em comunicação industrial,
constituída pelo uso do padrão Ethernet que pode atingir velocidades de até 100 Mbps (SMAR
EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, 1998). A tabela 5.7 explicita as diferenças básicas
entre as redes FF H1 e FF HSE:
Deste modo, é proporcionada a interligação entre diversos segmentos H1, bem como a conexão
de PLCs, servidores e outros instrumentos que necessitem transmitir blocos de dados extensos.
Fica possibilitada, ainda, a configuração de malhas de controle entre instrumentos dispostos em
redes distintas (FIGURA 5.13). A interface entre as redes é realizada por intermédio de linking
devices específicos, que podem ainda, interconectar outras plataformas de comunicação e
interligar I/Os locais, permitindo a interligação de sinais discretos e configurando-se como uma
boa solução para aplicações de natureza híbrida (FILHO, 2009c). Os diversos níveis de hierarquia
são simplificados em apenas dois, conforme pode ser observado na ilustração:
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Caracterísitica FF H1 FF HSE
Velocidade 31,25 kbps 100 Mbps
Distância máxima da rede 1900 m 100 m
Dois fios Sim Não
Multidrop Sim Não
Alimentação pelo
barramento Sim Não
Segurança intrínseca Sim Não
Redundância do meio Não Sim
Determinismo Sim Parcial
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5 GERENCIAMENTO DE ATIVOS
A manutenção de uma planta pode ser realizada, basicamente, de quatro formas, a saber:
É executada com paradas na planta produtiva, dada a necessidade ou não de manutenção nos
equipamentos. Não é muito eficiente, pois produz paradas produtivas que podem ser
desnecessárias e aumenta o tempo das mesmas. Ainda assim, o uso de fieldbuses pode reduzir
este tempo e melhorar as características do serviço, uma vez que são armazenados dados de
calibrações recentes ou intervenções para serviços no campo (BERGE, 2004).
cruzada com sua vida útil estimada. Assim, possibilita-se a previsão de falhas sem a necessidade
de coleta manual de dados e subseqüente inserção no sistema (BERGE, 2004).
Os EDDLs (Linguagem de descrição de dispositivos aperfeiçoada) são uma evolução dos DDs,
como o objetivo de estender o conceito de interoperabilidade para a interface gráfica e para os
diagnósticos dos dispositivos. O layout da interface gráfica é determinado pelo fabricante do host.
Assim, o mesmo dispositivo poderá apresentar visualizações diferentes de acordo com o sistema
empregado, sendo, porém, a informação detalhada acerca de cada dispositivo detalhada e
fornecida pelo fabricante do mesmo (BAIO, 2008) (FIGURA 4.2).
O DTM faz interface com o FDT para trocar todas as informações requeridas em relação ao
dispositivo de campo, sendo as operações do dispositivo executadas pelo DTM. O BTM, por sua
vez, é responsável pela interface com o FDT para trocar todas as informações requeridas em
relação aos blocos de informação, sendo todas as operações do bloco executadas pelo BTM.
Apesar da ampla gama de tecnologias envolvida em gerenciamento de ativos, não são todos os
sistemas que conseguem empregá-las. Portanto, devem-se observar as limitações e necessidades
do sistema que se pretende implantar.
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6 CONCLUSÃO
Puderam ser verificadas as subdivisões e níveis hierárquicos de redes, bem como parâmetros
gerais de configuração. Foi possível, ainda, fornecer informações que podem ser tornar decisivas
no acerto da escolha pelo sistema de comunicação a ser empregado, o que pode reduzir
drasticamente os custos operacionais de uma planta. O emprego de redes Foundation Fieldbus
pode, em alguns casos, até mesmo eliminar a necessidade de controladores em uma unidade
produtiva.
Foram mostrados, ainda, conceitos de manutenção e gerenciamento de ativos, que vem ganhando
bastante notoriedade e crescente procura por parte das empresas, dadas as possibilidades de
redução de custos com manutenção e substancial elevação de padrões produtivos. Estes
resultados podem ser otimizados utilizando-se, em sincronia, um sistema eficiente de
comunicação, instrumentos inteligentes e um sistema de gerenciamento de ativos.
De modo geral, sugere-se como continuidade para o trabalho um estudo aprofundado sobre o
padrão Ethernet e a comunicação Wireless. A Ethernet pode ser uma solução barata e eficiente
para interligação de todos os segmentos produtivos, configurando-se, talvez, como um padrão a
ser seguido no futuro à medida que suas limitações sejam superadas, o que não demandará muito
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tempo. Sistemas wireless ainda apresentam, em contrapartida, uma séria de limitações que
restringem sua aplicação nos meios produtivos, tais como interferências eletromagnéticas e
distâncias reduzidas de alcance operacional. Entretanto, grandes somas de investimento têm sido
feitas de forma a se suprir estas e algumas outras falhas que este promissor sistema ainda
apresenta.
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REFERÊNCIAS
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110
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