INFANTIL
Introdução
Você já parou para refletir sobre questões envolvendo a concepção de
uma vida humana? Ainda que você não seja especialista no assunto, já
pode imaginar, pelo conhecimento de mundo que tem, que existe uma
série de aspectos complexos desde que um (ou mais, no caso de gêmeos,
trigêmeos, por exemplo) espermatozoide e um óvulo se unem, a partir do
que, aproximadamente 9 meses depois, nascerá o fruto desse encontro.
É sobre essas questões que discutiremos neste capítulo. Você conhe-
cerá as características da formação intrauterina do feto e, assim, poderá
reconhecer as características emocionais que envolvem essa formação,
assim como destacar a importância do vínculo entre mãe e bebê na
fase intrauterina.
52 Gravidez e vida intrauterina: a formação do bebê e o conceito de infância
As principais caraterísticas da
formação intrauterina do feto:
o desenvolvimento pré-natal
Em torno de uma gravidez, existe uma série de circunstâncias e variáveis que
influenciarão a gestação de modo favorável, ou não. Os relacionamentos e o
meio em que a gestante está inserida podem influenciar em uma gravidez,
planejada, desejada ou não; pode ser uma produção independente, de um
casal que seja casado, pais do mesmo sexo, muito jovens ou maduros, com
condições sociais favoráveis e desfavoráveis, por exemplo.
Um simples teste de gravidez, vendido comumente em farmácias, e um
exame de ultrassom são ferramentas capazes de diagnosticar a presença de
um feto no útero. O ultrassom possibilita acompanhar toda a fase intrauterina,
identificando, inclusive, se existe algum problema na formação dessa nova vida.
Mês Descrição
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(Continuação)
Mês Descrição
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[...] o feto também está construindo hipóteses sobre a vida que o espera –
como em uma “previsão do tempo”, ele precisa se preparar para as condições
futuras. Será uma vida com uma alimentação abundante, ou ele precisará
armazenar tantas calorias quanto possível a fim de sobreviver? Se a mãe sofre
de subnutrição ou ingere comida industrializada durante o início da gestação,
o feto pode chegar à conclusão de que não haverá oferta de muito mais do que
isso, de modo que ele desenvolve o que foi chamado de “fenótipo poupador”,
concebido para fazer o melhor uso possível dos recursos disponíveis (Barker
1992). O estresse também tem efeitos de alcance surpreendentemente ele-
vado no desenvolvimento dos sistemas nutricionais do feto. Altos níveis de
hormônios do estresse tendem a aumentar a secreção de leptina, o hormônio
que controla o apetite e a ingestão de alimentos.
As mulheres que estão sob estresse podem passá-lo para o filho. No entanto,
não há uma definição fácil de “estresse” nesse contexto. Muitas mulheres
que têm um trabalho exigente veem isso como uma fonte de estímulo, não
de estresse; até mesmo relacionamentos desafiadores ou intensos podem ser
fundamentalmente seguros e uma fonte de força. Em todos os casos, níveis
moderados de estresse podem ser bons para o feto, de acordo com um estudo
feito por Janet Di Pietro (2006). Ela e seus colegas de Baltimore constataram
que um leve estresse ou ansiedade em uma gestação estável e saudável po-
deria predispor o sistema nervoso a amadurecer mais rapidamente e poderia
estimular o desenvolvimento motor e cognitivo do feto – efeitos que foram
seguidos até os 2 anos de idade.
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para refletir sobre o problema, não deixando que ele afete, conversando até
mesmo com seu bebê sobre a situação. Se as palavras não são compreendidas,
o que simbolicamente elas representam chegará até o útero.
Com as informações e orientações apresentadas aqui, a visão romântica
da gravidez dá espaço à compreensão de que esse período é um momento de
perdas e ganhos. Reconhecer as especificidades dessa fase intrauterina pos-
sibilitará um desenvolvimento pré-natal sadio e um esforço de todos para que
essa nova vida chegue ao mundo recebendo o amor e compreensão necessários
para começar seu percurso.
GERHARDT, S. Por que o amor é importante: como o afeto molda o cérebro do bebê.
2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. 12. ed. Porto Alegre: AMGH,
2013.