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CENTRO UNIVERSITÁRIO CENTRAL PAULISTA – UNICEP

PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL

SABRINA APARECIDA MARTINS VALLILO

Ensinar e aprender num modelo híbrido: considerações sobre


como a pandemia da Covid -19 transformou a instituição escolar

São Carlos – SP
2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO CENTRAL PAULISTA – UNICEP
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL

Ensinar e aprender num modelo híbrido: considerações sobre


como a pandemia da Covid -19 transformou a instituição escolar

Aluna: Sabrina Aparecida Martins Vallilo

Orientadora: Profª. Drª. Juliana Zantut Nutti

Relatório de Estágio – Pesquisa em Psicopedagogia


Institucional apresentado à Diretoria de Pós-
Graduação e Cursos de Extensão do UNICEP, como
uma das exigências para obtenção do Título de
Especialista em Psicopedagogia Institucional,
orientado e supervisionado pela Profª. Drª. Juliana
Zantut Nutti.

São Carlos – SP
2021
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo principal levantar considerações acerca do trabalho
docente durante o contexto de pandemia da Covid-19 em uma escola de educação
básica da cidade de São Carlos – SP. Para isso, a pesquisa conta com uma abordagem
qualitativa a partir da coleta de dados feita com entrevistas semiestruturadas com a
coordenação pedagógica e três professores da instituição escolar. As entrevistas
salientam as dificuldades dos professores em trabalhar de forma remota durante a
pandemia e as suas principais iniciativas frente às dificuldades de aprendizagem dos
alunos nesse período.
Palavras-chave: Psicopedagogia – Psicopedagogia Institucional – Ensino remoto
Sumário
1. Introdução à Psicopedagogia Institucional.................................................................5

1.1 Psicopedagogia Clínica e Psicopedagogia Institucional.........................................7

1.2 O trabalho do psicopedagogo em instituições não-escolares.................................9

1.3 Avaliação psicopedagógica..................................................................................10

1.4 Apresentação do relatório Estágio-Pesquisa........................................................12

2. Caracterização da Instituição...................................................................................12

3. Contexto de realização do estágio-pesquisa.............................................................15

3.1 Metodologia e Procedimentos do Estágio-Pesquisa..................................................16

4. Apresentação dos resultados das entrevistas:...........................................................17

4.1 A avaliação da atividade de intervenção institucional por parte dos participantes...18

Considerações de uma coordenadora pedagógica...........................................................18

Considerações de uma professora da Educação Infantil.................................................21

Considerações de uma professora do Ensino Fundamental -Anos Iniciais.....................22

Considerações de uma professora do Ensino Fundamental -Anos Finais.......................23

5. Considerações Finais: concluindo e refletindo sobre a experiência de estágio.......26

6. Referências...............................................................................................................26
INTRODUÇÃO

O presente trabalho é fruto da disciplina de Estágio do curso de Pós-Graduação em


Psicopedagogia da Instituição Centro Universitário Central Paulista – UNICEP –
Campus São Carlos/ SP. O principal objetivo é levantar considerações acerca do
trabalho docente durante a pandemia da Covid -19 no que diz respeito ao processo de
ensino e aprendizagem na instituição escolar.

Inicialmente, a proposta do Trabalho de Conclusão de Curso era a de conhecer uma


instituição escolar, investigar sua rotina e suas relações ao que diz respeito aos
processos de ensino e aprendizagem a fim de desenvolver um projeto de intervenção
buscando aperfeiçoar o conhecimento da gestão e corpo docente acerca de metodologias
e prevenção de problemas de aprendizagem pelos estudantes.

Entretanto, devido à situação de pandemia causada pelo novo coronavírus 1 desde


março de 2020, as instituições escolares mantêm as medidas de prevenção e não
realizam atividades presenciais. Assim, o trabalho de conclusão de curso foi feito
através da realização de questionários respondidos em entrevistas de forma não
presencial, porém síncrona.

1. Introdução à Psicopedagogia Institucional

É preciso compreender o que é a Psicopedagogia para uma boa leitura desse


trabalho. Assim, iniciaremos com uma breve descrição dessa área. A Psicopedagogia
é vista comumente como uma área de atuação entre a Psicologia e a Pedagogia e que
atua nas dificuldades de aprendizagem e busca por melhorias nesse processo. Porém,
vale considerar que, para investigar o processo de ensino e aprendizagem, é preciso
contar com a colaboração de outras áreas de investigação como Neurologia,
Fonoaudiologia. Sobre isso, Bossa (2019) afirma que

1
A Covid-19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2,
potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global. O SARS-CoV-2 é
um betacoronavírus descoberto em amostras de lavado broncoalveolar obtidas de pacientes com
pneumonia de causa desconhecida na cidade de Wuhan, província de Hubei, China, em
dezembro de 2019. Pertence ao subgênero Sarbecovírus da família Coronaviridae e é o sétimo
coronavírus conhecido a infectar seres humanos. (BRASIL, 2021).
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de
uma demanda – o problema de aprendizagem, colocado em um
território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e
da Pedagogia – e evoluiu devido à existência de recursos, ainda que
embrionários, para atender essa demanda, constituindo-se, assim,
em uma prática. Como se preocupa com o problema de
aprendizagem, deve ocupar-se inicialmente do processo de
aprendizagem. Portanto, vemos que a Psicopedagogia estuda as
características da aprendizagem humana: como se aprende, como
essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por
vários fatores, como se produzem alterações na aprendizagem,
como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las. (BOSSA, 2019, s.p.)

Em linhas gerias, compreende-se que a Psicopedagogia estuda e atua sobre o


processo de aprendizagem e suas dificuldades. É, portanto, uma área do
conhecimento que investiga as causas das dificuldades de aprendizagem em crianças,
adolescentes e até mesmo em adultos. Para esse objetivo, a Psicopedagogia recebe
contribuições de outras áreas do conhecimento como a epistemologia genética e a
psicologia do desenvolvimento afetivo.
Silveira (2019) afirma que a “Psicopedagogia nasceu da necessidade de encontrar
as soluções necessárias para os problemas de aprendizagem que ocorrem no meio
educacional” (p.120). Segundo o autor, fundado em Bossa (2000), os primeiros centros
psicopedagógicos surgiram na Europa no contexto da pós-guerra a fim de buscar
readaptação de crianças com comportamento inadequado no ambiente familiar e
problemas de aprendizagem. Para isso, esses centros contavam com especialistas da
área de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia.
No contexto do Brasil, Silveira (2019) aponta que em meados de 1995 e 1996 foram
elaborados documentos importantes que traçaram um perfil da Psicopedagogia. Um
exemplo é a criação do Código de Ética criado pela ABPp (Associação Brasileira de
Psicopedagogia). No documento é explicitado o campo de atuação do psicopedagogo e
critérios de formação.
O Código de Ética do Psicopedagogo orienta a preservação do sigilo sobre os dados
de sua atuação. Conforme descrito no Capítulo III do documento, o profissional
psicopedagogo deve manter sigilo sobre os dados obtidos em decorrência de sua
atividade. Isso inclui não revelar fatos que tenha conhecimento no exercício de se seu
trabalho. Ainda, sobre a divulgação do resultado de avaliações, o Código de Ética
esclarece que esse só deve ser entregue a terceiros mediante concordância da pessoa
que passou pela avaliação ou por seu representante legal. No Capítulo III também é
tratada a relação do psicopedagogo com outras categorias profissionais, que orienta
que ele deve desenvolver e manter boas relações com esses profissionais, trabalhando
nos estritos limites de suas atividades e respeitando suas especialidades para que as
pessoas atendidas sejam encaminhadas aos profissionais devidamente habilitados.
A ação do psicopedagogo, profissional que atua na psicopedagogia, consiste em
investigar influências da família e da sociedade no desenvolvimento do conhecimento
da criança e até mesmo apontar indícios de certas patologias numa abordagem
clínica. Sua atuação pode ser entendida segundo os enfoques preventivo e
remediativo.
O enfoque preventivo tem como objetivo esclarecer aos pais, professores,
gestores e comunidade sobre as diferentes etapas do desenvolvimento humano e o
processo de aprendizagem, bem como as dificuldades desse processo. Educar as
pessoas, investigando seus processos de desenvolvimento, é uma forma de contribuir
com a prevenção de maiores dificuldades no seu aprendizado, visto que os processos
e dificuldades são investigados antes da criança apresentar dificuldades e se sentir
mal na escola ou em outros ambientes de aprendizagem.
O enfoque remediativo, também chamado de terapêutico, tem como objetivo
identificar, analisar, diagnosticar e apontar tratamentos para as dificuldades de
aprendizagem. Em outras palavras, esse enfoque se destina a crianças e adolescentes
que já apresentam uma suspeita de dificuldades de aprendizagem apontada por seus
professores, gestores e familiares.

1.1 Psicopedagogia Clínica e Psicopedagogia Institucional

Para exercer esses enfoques, a psicopedagogia de divide em duas grandes áreas: a


clínica e a institucional. De forma simples, entendemos que o psicopedagogo
institucional exerce o enfoque preventivo enquanto o psicopedagogo clínico exerce o
enfoque remediativo. Neste trabalho, nosso olhar é para a psicopedagogia
institucional.
O trabalho do psicopedagogo institucional é muito amplo e suas ações vão desde
amenizar as dificuldades de aprendizagem encontradas nas práticas didático-
metodológicas da instituição até realizar oficinas e projetos para formar os
profissionais envolvidos no local. Na escola, por exemplo, espera-se que o
psicopedagogo analise as práticas cotidianas para ter condições de criar estratégias de
orientação para professores e pais, buscando as causas para as dificuldades de
aprendizagem dos alunos. Porto (2011, citado por Nutti, 2016), aponta diversas
atuações do psicopedagogo na instituição para obter dados: observação, conversas
casuais, entrevistas e análises de documentos.
Sobre isso, Gasparian (2010)

A Psicopedagogia por ser um campo do conhecimento interdisciplinar


pode contribuir, seja no sentido de promover a aprendizagem ou
mesmo tratar de distúrbios, nesses processos instalados, muitas vezes,
na própria instituição, a qual cumpre uma importante função social: a
de socializar os conhecimentos disponíveis, promover o
desenvolvimento cognitivo e a construção de regras de conduta,
dentro de um projeto social mais amplo. Afinal, é a escola a
responsável por grande parte da aprendizagem do ser humano.

O trabalho do psicopedagogo na instituição escolar pode ser desenvolvido para


grupos de alunos ou em forma de assessoria. A atuação voltada para grupos tem o
objetivo de reintegrar e readaptar os alunos que apresentam dificuldades na escola
dentro da sala de aula, respeitando suas necessidades e seu ritmo de aprendizado.
Assim, o psicopedagogo deve desenvolver as funções cognitivas integradas ao afetivo
de seus alunos, acompanhando, supervisionando e instrumentalizando os professores.
A atuação psicopedagógica vista com assessoria envolve o trabalho no enfoque
preventivo, em que o psicopedagogo desenvolve assessorias para pedagogos,
professores e gestores da instituição de ensino. O objetivo desse tipo de atuação é o de
explorar as questões pertinentes às relações vinculares entre professor e aluno,
apresentando estratégias para redefinir as práticas pedagógicas integrando o afetivo e o
cognitivo.
O trabalho do psicopedagogo também envolve a gestão escolar. Sobre isso, Nutti
(2016) evidencia que o trabalho do psicopedagogo na escola pode contribuir para o
desenvolvimento da formação dos docentes, visto que o profissional pode criar projetos
voltados para a formação continuada dos professores e projetos voltados para o
desenvolvimento do aluno. Ainda, o trabalho do psicopedagogo contribui com o
desenvolvimento da autonomia do professor, pois permite que esse repense sua postura
diante de sua atuação pedagógica.
O psicopedagogo também pode atuar no planejamento escolar na instituição,
onde pode auxiliar a reflexão sobre ações pedagógicas que influenciam no processo de
aprendizagem dos alunos. Assim, as escolas devem buscar o trabalho do psicopedagogo
para contribuir com a superação dos problemas de aprendizagem enfrentados por seus
alunos, juntamente com o corpo docente e a equipe gestora.
Ainda, espera-se que o psicopedagogo observe e analise situações na escola,
identifique possíveis perturbações, oriente procedimentos didáticos e metodológicos,
respeitando a individualidade de cada aluno. Em geral, o psicopedagogo deve buscar
estratégias para minimizar ou superar as dificuldades enfrentadas na instituição escolar
que influenciam direta ou indiretamente o processo de aprendizagem dos alunos e, por
isso, deve ser ativo no planejamento da mesma.
O psicopedagogo deve ser resiliente. Para a psicologia, resiliência pode ser
entendida como a capacidade que uma pessoa tem de se sair bem e retornar ao seu
estado anterior após passar por uma situação grave e dolorosa. A promoção de
resiliência se relaciona com a atuação do psicopedagogo, uma vez que este pode
promovê-la ajudando alguém a desenvolver resiliência. Em outras palavras, o
psicopedagogo pode ajudar uma pessoa a desenvolver autonomia, independência,
alternativas para resolução de situações difíceis, aprender a lidar com frustrações,
aceitar e respeitar a si mesmo e aos outros. Para contribuir com a reestruturação e
reelaboração cognitiva e afetiva do aluno, o psicopedagogo é preparado para criar um
contexto lúdico com crianças e estar atento a situações que a incomodem.

1.2 O trabalho do psicopedagogo em instituições não-escolares


A psicopedagogia não é exercida apenas em escolas. Podemos encontrar
psicopedagogos exercendo suas funções em hospitais, empresas, grupos de terceira
idade, enfim, em qualquer instituição que lide com o processo de aprendizagem.
No hospital, por exemplo, o psicopedagogo atua com diagnósticos e tratamentos
de problemas relacionados à aprendizagem, considerando a saúde do paciente e suas
individualidades. Para isso, ele propõe avaliações e intervenções em conjunto com a
recuperação do paciente, explorando suas competências físicas, mentais e
emocionais. Seu trabalho engloba suporte psicopedagógico à instituição de saúde e
toda sua equipe de profissionais, bem como orientação ao paciente hospitalizado e a
sua família.
Cabe ao psicopedagogo construir e efetuar projetos em grupos com a equipe do
hospital que propiciem a integração das disciplinas para o paciente. Além disso,
deve trabalhar com os conhecimentos básicos para o paciente a fim de não o afastar
do ambiente escolar. Em linhas gerais, o atendimento a pacientes pode ser feito de
forma individual ou coletiva, respeitando as individualidades de aprendizado de
cada pessoa, e trabalhando com suas competências psicossociais com o objetivo de
habilitar o paciente como agente ativo de seu processo de tratamento e recuperação.
Nas empresas, o psicopedagogo pode atuar na contribuição da “administração da
aprendizagem individual e organizacional, diagnosticando e propondo soluções para
os problemas relacionados à aprendizagem na empresa” (NUTTI, 2016. p. 40).
Assim, o psicopedagogo pode atuar na formação profissional, no desenvolvimento
profissional e em treinamentos.
O trabalho do psicopedagogo em empresas tem foco no processo de
aprendizagem e suas dificuldades em conjunto com outros profissionais da empresa
como psicólogos e gestores. Ele pode atuar no gerenciamento de conflitos ou no
ensino a distância, em que cursos são ministrados para os funcionários da empresa
como capacitação. Dessa forma, o psicopedagogo pode orientar os gestores das
empresas na escolha de melhores metodologias de ensino, no diagnóstico e
intervenção de problemas de aprendizagem.
Os objetivos da Psicopedagogia Empresarial envolvem o desenvolvimento da
qualidade social e humana das pessoas em serviço, pois sua atuação engloba a
transformação da empresa em um ambiente de aprendizagem permanente, de
crescimento profissional e de realização das capacidades humanas (Nutti, 2016).
Em uma atuação voltada à terceira idade, por exemplo, o psicopedagogo pode
tratar, prevenir e minimizar os efeitos do declínio de capacidades cognitivas dos
idosos, contribuindo para a melhoria de sua condição de aprendizagem durante o
envelhecimento, na construção de sua autoimagem e de sua autoestima.

1.3 Avaliação psicopedagógica


Ao adentrar em uma instituição, o psicopedagogo deve voltar seu olhar para as
necessidades das pessoas que ali estão de acordo com suas funções. Na instituição
escolar, por exemplo, deve investigar as necessidades de melhoria no processo de
aprendizagem de acordo com a atuação dos alunos, professores ou gestão. Assim, ele
pode elaborar um roteiro de trabalho a fim de propiciar melhorias nas situações de
aprendizagem da instituição. Por isso, o primeiro passo para elaborar um projeto é
realizar uma avaliação institucional.
A avaliação psicopedagógica institucional é uma forma de o psicopedagogo
levantar as características de uma instituição afim de apontar ações para propiciar um
ambiente de aprendizagem favorável aos estudantes. O principal método para a
avaliação é o diálogo, no qual o profissional investiga e ouve a gestão da instituição
acerca das características a serem desenvolvidas em suas ações através de relações de
aprendizagem.
Nesse trabalho, nosso olhar é voltado para a rotina de uma instituição escolar.
Por isso, a partir de agora, ressaltaremos aspectos característicos da escola. É
importante que o psicopedagogo observe a instituição escolar como um todo,
considerando as relações de aprendizagem entre os diversos grupos, alunos e
professores, alunos e gestores, gestores e professores etc.
Ainda, é necessário estar atento ao contexto em que a criança está inserida, de
acordo com cada instituição escolar. Estas observações permitem a avaliação das
condições de aprendizagem do aluno e contribuem para as implementações de
mudanças pedagógicas e sociais em sua vida. Por isso, deve ser feita com muita
cautela e atenção aos detalhes da rotina da criança, pois suas conclusões influenciam
a vida dos alunos principalmente do ponto de vista pedagógico.
Para realizar a avaliação diagnóstica de uma instituição, apontamos a
realização do formulário de caracterização, que deve acontecer depois da conversa
com a gestão. Os principais objetivos da caracterização da instituição como um
instrumento de avaliação diagnóstica é compreender os aspectos que envolvem o
processo de aprendizagem do aluno como um todo.
O formulário, por exemplo, aponta as características da instituição, seus
recursos humanos, corpo docente, estrutura física, normas e valores institucionais,
projeto político pedagógico, entre outros. Assim, o psicopedagogo pode elaborar
estratégias e planos de trabalho para atender a instituição, levando em conta as
necessidades de aprendizagem de cada aluno e apontando os espaços disponibilizados
na instituição que podem ser usados para atender as condições de aprendizagem
propostas.
A avaliação diagnóstica da instituição deve ser vista como o primeiro passo
para o trabalho do psicopedagogo, visto que a partir dela é possível traçar o perfil da
instituição e levantar atividades para intervenção. Dessa forma, durante o estágio, é
importante que se colete o máximo de informações referentes à instituição, realizando
questionamentos e observações sobre suas necessidades para ser feito um
planejamento do trabalho do psicopedagogo.

1.4 Apresentação do relatório Estágio-Pesquisa

O presente trabalho é fruto de um estágio – pesquisa supervisionada, proposto


como uma atividade extraclasse e desenvolvido no decorrer do curso e vinculado à
proposta pedagógica curricular do curso de especialização semipresencial de
Psicopedagogia Institucional. Tem como objetivo geral possibilitar a vivência prática
psicopedagógica no âmbito preventivo, mediante a elaboração de realização de
entrevistas sobre o tema "adaptação do processo ensino - aprendizagem no decorrer da
Pandemia da COVID – 19”. Essas entrevistas serão apresentadas no item 4.

2. Caracterização da Instituição
Como já explicitado acima, o formulário de caracterização da instituição de
estágio-pesquisa tem a finalidade de levantar informações sobre a instituição para que se
possa fazer um planejamento de intervenções que visem a melhoria do processo de
ensino e aprendizagem na escola. É necessário que se conheça bem o funcionamento de
determinada escola para que se possa pensar, estudar e formular procedimentos para sua
melhoria. Ao se fazer a caracterização da escola a partir do formulário, deve-se
identificar as possibilidades de intervenção nos processos pedagógicos, prevenindo as
dificuldades e problemas da aprendizagem na instituição.
Para este trabalho, realizei a intervenção em uma escola da rede privada de
ensino que atende desde a educação infantil até os anos finais do ensino fundamental.
Essa escolha se deu pois é a escola onde leciono aulas de matemática para turmas de 6º,
7º e 8º anos do ensino fundamental. A seguir, apresento as informações levantadas do
formulário de caracterização dessa instituição. Como o trabalho foi desenvolvido no
Ensino Fundamental, foco nas características da unidade da escola que atende esse
público, em especial.
Assim, para caracterização da instituição, foi feita uma leitura minuciosa das
informações contidas no site da escola, onde se encontram informações como
composição do quadro docente e todos os funcionários, as missões e os valores da
instituição, suas propostas metodológicas, fotos da estrutura física, entre outras
informações. Além disso, foi realizada uma conversa com a gestão escolar para
conhecer e compreender o Projeto Político Pedagógico da Instituição.

1.1 Identificação da instituição


Trata-se de uma Escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental da rede
privada da cidade de São Carlos.

1.2 Clientela atendida


A escola atende bebês a partir de 6 meses na etapa de berçário e maternal,
crianças de 3 a 5 anos na etapa de Educação Infantil, crianças de 6 a 15 anos no Ensino
fundamental. A escola atua com aproximadamente 200 alunos considerando todas essas
faixas.

1.3 Estrutura física


A escola possui duas unidades, uma em que atende a Educação Infantil e outra
dedicada ao Ensino Fundamental completo. Os prédios estão super conservados, visto
que o prédio que abriga o ensino fundamental foi inaugurado há apenas um ano. Possui
todas as regularidades de funcionamento como licença de segurança dos bombeiros com
escadas e corrimões dentro das normas de segurança, conta com hidrantes e extintores e,
também, possui uma brigada de incêndio composta pelos funcionários da escola
previamente treinados para situação de emergência.

Todos os ambientes possuem rampas de acessibilidade bem como iluminação e


sinalização visual e sonora para eventuais emergências. A escola conta com salas de
aula, cozinha, refeitório, quadra coberta, parque sintético e pátio. As salas de aula são
amplas e equipadas para atender no máximo 20 alunos. Possui sala de leitura, sala de
informática, sala de musicalização e sala de projeção para atividades escolares.

1.4 Composição do corpo docente ou equipe de trabalho

A escola que atende o ensino fundamental conta com 16 professores atuando


desde os anos iniciais do ensino fundamental até as áreas específicas dos anos finais do
ensino fundamental (Língua Portuguesa, Matemática, Inglês, História, Geografia,
Ciências, Arte e Educação Física).
Todos os docentes possuem graduação em licenciatura de sua área, seja
pedagogia ou área de sua especialidade. Além disso, a maioria dos professores possuem
especialização em Psicopedagogia ou em outras áreas relacionadas à Educação. Ainda,
alguns professores dos anos finais do ensino fundamental possuem Mestrado em suas
áreas de atuação. De forma geral, todos os professores possuem experiência de 5 a 15
anos de profissão.

1.5 Composição da equipe dirigente

A equipe dirigente é formada por duas profissionais formadas na área de


Pedagogia com especializações nas áreas de coordenação pedagógica, orientação
escolar, educação infantil, gestão e administração escolar. São profissionais que buscam
constante formação e aprofundamento em suas áreas de atuação.

1.6 Principais características do Projeto Político Pedagógico ou Plano Diretor.

A proposta pedagógica da escola fundamenta-se na teoria sócio interacionista,


que considera a criança um ser social e histórico. Dessa forma, a criança é vista pela
instituição como protagonista na construção do conhecimento, se desenvolvendo nas
dimensões sociais, emocionais, afetivas, cognitivas e motoras.

Segundo o site da própria instituição, o processo de aprendizagem de cada aluno


é incentivado para que suas potencialidades sejam exploradas, respeitando suas
diferenças, a fim de atingir o domínio da leitura, da escrita, do cálculo, das atividades
físicas, motoras e artísticas, formação de atitudes e valores.

1.7 Propostas ou projetos realizados pela instituição para resolver ou prevenir


problemas de aprendizagem e promover a inclusão.

A escola não possui um psicopedagogo que exerce essa função específica em


sua equipe. Porém, os professores e a coordenação pedagógica possuem uma postura de
prevenção de problemas de aprendizagem. Os professores acompanham seus alunos
desde seu primeiro dia para investigar possíveis dificuldades de aprendizagem. Caso
haja alguma suspeita, esse aluno é encaminhado para a coordenação pedagógica que irá
entrar em contato com a família para ter uma primeira avaliação. Em seguida, os
familiares, juntamente com a gestão e professor do aluno, buscam uma alternativa para
solucionar o problema. O primeiro passo costuma ser o atendimento com um
psicopedagogo clínico para avaliação e acompanhamento do aluno. Vale lembrar que
toda a equipe possui alguma formação na área de psicopedagogia embora não a exercem
nessa instituição.

Além disso, a instituição incentiva a realização de cursos mensais sobre temas


relacionados à educação em uma plataforma da rede de ensino que abarca a escola.
Nesses cursos, são tratados temas como inclusão de alunos especiais e com dificuldades
de aprendizagem.

1.8 Valores e normas institucionais (cultura institucional).

Segundo o site da própria instituição escolar, os valores e normas praticados no


cotidiano escolar se baseiam no desenvolvimento integral da criança a afim de formá-la
para exercer um papel de cidadã consciente, crítica e respeitosa perante a sociedade.
Assim, buscam tomar como base para o processo de aprendizagem, além de atividades
cognitivas como leitura, escrita e cálculos, também atividades físicas, motoras,
artísticas, mantendo o vínculo com as famílias, laços de solidariedade e ações positivas
para a vida social.

1.9 Relacionamento da instituição com a clientela e comunidade.

A instituição escolar mantém um bom relacionamento com a clientela e com a


comunidade, visto que está sempre aberta a conversar sobre dúvidas e solucionar
problemas relacionados ao ambiente escolar sempre dialogando e buscando soluções
conjuntas a fim de tomar a melhor decisão para os alunos e para seu pleno
desenvolvimento cognitivo, social e motor.

1.10 Impressões gerais do estagiário.

De maneira geral, destaco minhas impressões de comprometimento com o


desenvolvimento integral da criança e construção de valores éticos dentro do ambiente
escolar. A escola, em geral, tanto por parte da gestão quanto por parte dos docentes,
buscam em formações continuadas, diálogos, compartilhamento de ideias e
experiências, modos de oferecer melhorias para os processos de ensino e aprendizagem
dentro da unidade escolar, garantindo a inclusão e o desenvolvimento de todos os
estudantes.
3. Contexto de realização do estágio-pesquisa
Como já foi supracitado, a realização do Estágio-Pesquisa se deu a partir da
aplicação de um questionário na unidade escolar. Buscaremos, aqui, evidenciar a
metodologia e os procedimentos que conduziram esse trabalho.

3.1 Metodologia e Procedimentos do Estágio-Pesquisa


A realização do Estágio-Pesquisa foi feita através da aplicação de um questionário à
gestão escolar e para três professores, incluindo a mim. O Estágio-Pesquisa consiste em
uma intervenção da escolha do psicopedagogo de acordo com o que ele notou durante o
estágio a fim de proporcionar melhorias nos processos de ensino e aprendizagem na
instituição. Essa intervenção pode ser uma palestra para os profissionais da instituição,
bem como acompanhamento e sugestão de metodologias para alunos que apresentem
dificuldades ou, ainda, produção de cartazes e folders informativos para a equipe
escolar.

Contudo, devido ao cenário da pandemia causada pelo novo coronavírus e as


medidas preventivas para contenção da doença Covid-19, o estágio sofreu uma
modificação de forma que o estagiário se propôs a aplicar um questionário com a
coordenação da instituição, bem como outros dois professores, além de responder ao
questionário também.

Assim, a realização do Estágio-Pesquisa se deu a partir de uma entrevista


caracterizada como um questionário semiaberto, respondido por quatro funcionários da
escola: a coordenadora pedagógica, uma professora da educação infantil, uma
professora dos anos iniciais do ensino fundamental e uma professora dos anos finais do
ensino fundamental. Nesse questionário, as participantes puderam refletir sobre sua
prática durante a pandemia.

O objetivo principal do trabalho, então, se pauta na identificação da organização


escolar, mudanças de rotina, mudanças de metodologias e dificuldades encontradas na
prática docente durante a pandemia em que as aulas foram remotas de acordo o Plano
São Paulo2.

2
Plano do governo do Estado de São Paulo que decretou o fechamento das escolas no início da
pandemia no Brasil em março de 2020 e que continua regulando a volta às aulas de maneira segura.
Maiores informações podem ser acessadas em https://www.saopaulo.sp.gov.br/wp-
content/uploads/2020/06/protocolo-setorial-educacao-etapa-1.pdf. Acesso em 30 de maio de 2021.
Além disso, a entrevista busca levantar as ações tomadas pela instituição no que diz
respeito à prevenção e busca de soluções para os problemas de aprendizagem
enfrentados durante a pandemia.
A partir de 2021 a escola pode oferecer aulas presenciais seguindo os protocolos de
segurança adotados no Plano São Paulo de combate ao coronavírus. Assim, as
entrevistas ocorreram de forma presencial. Porém, o questionário foi entregue
previamente via e-mail para que as participantes pudessem refletir e pensar sobre suas
respostas. Ainda, as respostas foram escritas pelas participantes durante a entrevista.

A seguir, apresento as questões contidas na entrevista com as professoras.

1. Como a instituição escolar se organizou para realizar e como ainda está realizando as
atividades pedagógicas no decorrer da pandemia?

2. Como a escola e as famílias se organizaram para auxiliar a adaptação dos alunos com
o estudo em casa?

3. Quais as dificuldades que você encontrou e ainda está encontrando para realizar as
atividades de ensino e aprendizagem?

4. Como você está procurando resolver essas dificuldades?

5. Como a instituição escolar se organizou para ajudar os alunos com dificuldades de


aprendizagem no contexto da pandemia?

6. Quais são os impactos que você está sentindo no processo ensino – aprendizagem de
alunos e professores no decorrer desse período?

Caso queira discursar sobre algum assunto que envolva o trabalho da instituição no
processo de ensino e aprendizagem dos alunos durante o período de pandemia, fique à
vontade.

4. Apresentação dos resultados das entrevistas:


Com as entrevistas realizadas, a análise a ser feita segue uma abordagem qualitativa,
de modo que a resposta ao questionário segue as características de uma entrevista
semiestruturada. A análise qualitativa, segundo Goldenberg (2004), realiza uma
abordagem através da observação participante por um longo período, no qual o
pesquisador está interessado em buscar uma compreensão sobre um fenômeno social
através da investigação e análise das pessoas envolvidas diretamente com seu objeto de
pesquisa.

A entrevista semiestruturada, utilizada como ferramenta de análise nesse


trabalho, é vista como uma conversa que possui uma finalidade entre as pessoas
envolvidas. Para Ludke e André (1986), a entrevista é um método de coleta de dados, de
modo que há interação entre quem entrevista e quem é entrevistado, influenciando as
respostas e as perguntas entre os envolvidos, gerando flexibilidade. Dessa forma, a
entrevista semiestruturada permite um grande leque de possibilidades para a análise do
pesquisador a fim de responder sua pergunta de pesquisa.

4.1 A avaliação da atividade de intervenção institucional por parte dos


participantes
A partir das respostas das entrevistas, pudemos traçar algumas linhas sobre as
impressões das participantes com o processo de ensino e aprendizagem durante o ano de
2020 e início de 2021. Primeiramente, apresento as considerações feitas por cada
profissional a partir de suas respostas. Inicio com as considerações da coordenadora
pedagógica a partir de suas respostas ao questionário, possibilitando uma visão geral do
trabalho da escola durante a pandemia.

Considerações de uma coordenadora pedagógica

Para iniciar o diálogo proporcionado pela entrevista, a coordenadora apresenta


um panorama geral do trabalho da instituição escolar durante o ano de 2020, que marca
o início da pandemia e as ações tomadas no ano de 2021. A entrevista com a
coordenadora pedagógica foi feita a fim de apontar como a escola lidou com o cenário
de pandemia em todas as etapas de escolaridade que atende.

Sobre o ano de 2020, destaca:

“De repente, diante a pandemia do Covid-19, tudo mudou. Viver algo


inédito traz incertezas e alguma angústia, sem dúvida. Mas traz
também oportunidades de crescimento, de reflexão e aprendizagem.
Todos nós estamos experimentando um novo formato de trabalho e de
relacionamentos. Nós, como educadores que somos, sabemos que a
escola não se limita ao espaço físico. Pelo contrário. Entendemos que,
mais do que nunca, a vontade de fazer dar certo, associada à
pluralidade de recursos tecnológicos nos permite manter as
experiências culturais e afetivas, assim como o processo de
aprendizagem. Por isso, a fim de mantermos a continuidade do
desenvolvimento acadêmico de nossos alunos migramos, nossas
atividades escolares para a Plataforma Digital de Aprendizagem, a
PDA. Nossa equipe pedagógica estava muito empenhada e se
preparando para dar completo apoio e oferecer a melhor experiência
de ensino para nossos alunos no ambiente online. A PDA, é muito
intuitiva e nela eles encontraram todos os conteúdos de estudo,
recomendados pelos nossos professores. Os alunos seguiram as
orientações dos educadores e da direção pedagógica que foram
enviadas regularmente pela escola. Algumas aulas, ao vivo ou
gravadas, fizeram parte desta rotina. Nossos esforços, naquele
momento, era em levar até nossos alunos e alunas, a melhor versão da
nossa escola no digital.” (dados da pesquisa)

No ano de 2021, a escola continuou a utilizar a plataforma Plurall em suas aulas


online e passou a atender alunos na modalidade presencial de acordo com os protocolos
sanitários para a contenção da pandemia causada pelo novo coronavírus.

Durante a entrevista, fica evidente a valorização da instituição na comunicação entre


famílias, professores e gestão para a adaptação das crianças com o novo modelo de
estudos em casa e com a realização das atividades online.

“Esse contexto de sinergia entre escola, nossos professores e família


através de ferramentas online de ensino não visava apenas que os
conteúdos fossem trabalhados, mas também tínhamos a finalidade de
levar o estudante a perceber sua individualidade, suas habilidades e a
sua corresponsabilidade no ato de aprender, independentemente da
idade. A comunicação de nossa equipe junto as famílias foi
imprescindível para um bom resultado, em relação aos horários,
entregas de atividades e participação das crianças.” (dados da
pesquisa)

Frente a gestão da instituição escolar, a coordenadora entrevistada aponta as


seguintes dificuldades ao realizar atividades de ensino e aprendizagem: dificuldades de
interação e participação dos alunos; adaptação em manter um bom funcionamento da
internet e computadores; envolvimento e participação dos pais no desenvolvimento de
seus filhos e filhas e cumprir com o planejamento de maneira efetiva e regular.

Ciente da existência de dificuldades no cenário de pandemia e da necessidade de


adaptação e aprimoramento para o ensino online e uso de ferramentas digitais no
processo de ensino e aprendizagem, a instituição está procurando resolver as
dificuldades apontadas. Como exemplo, a coordenadora cita algumas ações:
investimento em conexão a cabo para internet com alta velocidade, aquisição de
computadores de boa qualidade e a cobrança diária pela interação e participação dos
alunos por suas famílias e professores.

Durante o período inicial da pandemia em que as aulas eram gravadas ou online,


os alunos apresentaram diversas dificuldades de aprendizagem. Sobre isso, a instituição
escolar precisou se adaptar e ajudar esses alunos da melhor forma.

“Nos organizamos com aulas online individuais, acesso ao e-mail de


professores para dúvidas e desde o mês de setembro do ano de 2020
iniciamos o acolhimento. O acolhimento socioemocional foi realizado
a partir de setembro de 2020 para as crianças, infelizmente com o
medo rondando as famílias poucas crianças participaram. Mesmo
assim disponibilizamos esta ajuda. A criança teve toda a atenção em
conversas com seus professores e a direção pedagógica para expressar
seus sentimentos, assim a escola ajudou estas crianças naquilo que
estava as afligindo.” (dados da pesquisa)

Ainda, aponta algumas ações tomadas para a prevenção de dificuldades de


aprendizagem no retorno gradual ao ensino presencial:

 “Leitura e acompanhamento das mudanças realizadas no


prédio escolar informando os protocolos adotados por esta
instituição, a equipe estava apta a receber e acolher as
crianças com atividades de interação com distanciamento,
seguindo para atividades colaborativas para desempenho e
dúvidas escolares pedagógicas.
 Sempre atentos no “sentir” do aluno e aluna.
 No início do ano de 2021 oferecemos o retorno presencial e
remoto (híbrido) para todos os alunos mantendo os 35%. Foi
realizada uma sondagem com cada criança e revisões da série
anterior que teve a duração de 15 dias. A Sondagem
diagnóstica foi de grande valia para ver quais as possíveis
defasagens de cada criança.
 Passaremos e estamos passando aos pais e responsáveis todas
as devidas informações dos avanços em relação ao emocional
e pedagógico do aluno e aluna, com nossos canais abertos de
comunicação: e-mails, telefones, comunicados em nossa
plataforma, Whatsapp e reuniões virtuais pelo google Meet e
atendimentos presenciais com horário agendado.
 A comunicação com esses públicos é fundamental para
identificar feedbacks e insights para tomadas de decisão sobre
os próximos passos. No mês de julho de 2021 realizaremos
um plantão de dúvidas, onde as crianças com dificuldades
poderão participar durante todo mês. A Direção Pedagógica
entra em contato com os pais e responsáveis por telefone, e-
mails, Whatsapp e reuniões online ou presencial para
conversas oferecendo possibilidades de ajuda para os alunos e
suas famílias.” (dados da pesquisa)
É notável a presença de impactos no processo de ensino e aprendizagem no período
de pandemia, visto que os alunos se encontram longe fisicamente da escola. Sobre isso,
a coordenadora relata que

“Os impactos estão sendo enormes tanto no emocional do aluno


quanto em toda a equipe. Medos e inseguranças fazem parte do nosso
dia a dia. A queda de aprendizagem é nítida em vários alunos, as
crianças foram e estão sendo muito afetadas com a pandemia, o que já
era previsto. Alguns conteúdos são difíceis de serem passados e
assimilados pelas crianças que permanecem no online pelo
desinteresse, pelo foco e pelas faltas de cobranças e ajuda dos pais e
responsáveis. Acompanhar a frequência escolar de todos os alunos,
nas atividades remotas e presenciais, conforme diretrizes estabelecidas
pelo Plano São Paulo e diretrizes educacionais, adotando as medidas
previstas na legislação no caso de abandono e evasão escolar.” (dados
da pesquisa)

Ao finalizar a entrevista, a coordenadora aponta algumas considerações da


instituição escolar a partir do olhar da gestão.

“A escola se preocupa arduamente com a segurança de seus alunos,


funcionários e todos ao seu redor. A empatia sempre foi usada em
nossas relações e continuará sendo, principalmente em momentos tão
difíceis como este que todos nós estamos enfrentando. Sabemos e
temos plena convicção da nossa responsabilidade na construção não
apenas educacional, mas também de desenvolver seres humanos,
seguros, responsáveis e verdadeiramente humanos no sentido integral
da palavra em uma sociedade tão carente de valores e ações sólidas.
Estamos juntos para todas estas ações, onde sabemos que não está
fácil, mas também seguimos na certeza de que todos nós sairemos
mais fortes e resilientes, inclusive nossas crianças.” (dados da
pesquisa)

Considerações de uma professora da Educação Infantil

A entrevista com a professora de Educação Infantil foi feita a fim de apontar como a
escola lidou com o cenário de pandemia em todas as etapas de escolaridade das crianças
de 1 a 5 anos. Em sua fala, ela destaca que alguns alunos com faixa etária de três a cinco
anos ainda não frequentam a escola presencialmente e, por isso, acompanham as aulas
online e a gravação de videoaulas.

“No início da pandemia todos ficaram de férias por um período de um


mês. Após esse período a escola se organizou e começamos a gravar
videoaulas com os conteúdos e enviar pela plataforma digital. Hoje as
aulas são totalmente online para os alunos que ainda estão em casa.”
(dados da pesquisa)
Ainda sobre a realização de atividades não presenciais e o auxílio dos familiares:

“A escola criou uma plataforma digital e orientaram os pais e alunos


na utilização. Hoje com as aulas online os alunos ficam o período da
sua aula estudando na frente do computador e as tarefas são enviadas
por e-mail para a correção.” (dados da pesquisa)

Na Educação Infantil, a principal dificuldade encontrada foi a realização de


atividades interativas entre as crianças.

“Como trabalhava com a Educação infantil tive dificuldade de criar


conteúdos lúdicos e de interação, pois sabemos que nessa fase da
aprendizagem é muito importante.” (dados da pesquisa)

Durante suas respostas, a professora discorreu sobre algumas atividades


realizadas pela escola com o intuito de gerar interação entre as crianças e diversão
dentro de suas casas como a realização de lives com músicas e brincadeiras destinadas
principalmente ao público da educação infantil. Assim, a professora pode participar de
suas atividades e orientar as crianças de forma divertida e mantendo o distanciamento
exigido pelas normas de segurança para a pandemia.

Em linhas gerais, a professora afirma que a escola sempre está a disposição para
realizar reuniões online e acompanhar dúvidas e o desenvolvimento das crianças via e-
mail e encontros pelo Google Meet. Ao finalizar a entrevista, ela destaca novamente a
dificuldade que todos encontraram ao lidar com os processos de ensino e aprendizagem
de modo não presencial como era o convencional.

“Os professores e a gestão escolar tiveram que se reinventar, e os


alunos também. Ainda tem muitos alunos e pais de alunos que
encontram dificuldade no acesso aos meios tecnológicos.” (dados da
pesquisa)

Considerações de uma professora do Ensino Fundamental -Anos Iniciais

A professora destaca em sua fala o cumprimento das orientações da diretoria de


ensino da região de São Carlos, em consonância com a proposta do Plano de São Paulo para
a contenção do novo coronavírus, ela destaca

“No ano de 2020 as crianças, no começo do ano, permaneceram on-


line e no final, no mês de setembro, algumas crianças puderam voltar
para a escola com o consentimento dos pais ou responsáveis. Já no
ano de 2021 temos um ensino híbrido, em que crianças estão no on-
line e outras no presencial e estamos trabalhando sempre escutando e
tentando ajudar todos da melhor forma possível.” (dados da pesquisa)

Ela também destaca a compreensão e a adaptação das famílias para a realização das
aulas online. Algumas famílias apresentaram mais dificuldade em orientar e acompanhar
seus filhos no desenvolvimento das atividades propostas pela professora e acabam deixando
de cumprir os prazos de entrega. Em alguns casos, os pais só se preocupam com as notas e
não com o desenvolvimento das crianças, algo que é primordial visto as mudanças
enfrentadas por elas na rotina, nos modos de interagir com professores e colegas, enfim, no
modo de estudar.

Para a professora, a falta de interação presencial com os alunos após a abertura


parcial das escolas desde setembro de 2020 é uma dificuldade em acompanhar o
desenvolvimento dos alunos:

“A principal dificuldade que encontrei foi com as crianças que


possuem dificuldades de aprendizagem e que os pais optaram por não
levá-la à escola. O que fica complicado ver todo o trabalho que
acontece, principalmente se a família não se preocupa em participar da
vida escolar do filho ou da filha. Isso me angustia muito, tira
totalmente o meu sono e me preocupa com todo o processo de
aprendizagem dessa criança ao longo da sua escolaridade.” (dados da
pesquisa)

Ainda assim, existe uma preocupação com o acompanhamento de alunos que


possuem dificuldades de aprendizagem quanto ao encaminhamento para um profissional e a
busca por melhorias. De acordo com a professora,

“Tento sempre comunicar aos pais e, também, a direção para


tentarmos juntos ajudar as crianças que possuem dificuldades de
aprendizagem. Nós, na escola, acolhemos essas crianças orientando os
pais ou responsáveis em reuniões particulares, além disso, sempre
estou trabalhando conversando com essas crianças para ajudá-las.
Abrimos a escola todos os dias principalmente para as crianças que
possuem alguma dificuldade na aprendizagem. Mas infelizmente
nem todos os pais que têm filhos ou filhas com dificuldade
resolveram trazê-los para a instituição. Por isso, a direção optou em
realizar uma reunião individual com os pais para juntos ajudarmos
a criança com dificuldade.” (dados da pesquisa)
Percebemos que essa professora tem uma grande preocupação com os alunos que
não estão acompanhando as aulas presencialmente, pois assim ela não consegue ajudá-las
de forma contínua:

“Fico preocupada com as crianças que estão on-line e que possuem


alguma dificuldade em sua aprendizagem, pois é complicado
averiguarmos de perto o seu desenvolvimento e também o seu
trabalho. Mas como professora tento fazer o máximo que está ao meu
alcance para que todos os alunos e alunas possam caminhar e evoluir
junto, porém é complicado com essas crianças longe da sala de aula.”
(dados da pesquisa)

Considerações de uma professora do Ensino Fundamental -Anos Finais

A realização do questionário para identificar as adaptações durante a pandemia do


Covid-19 na etapa dos anos finais do Ensino Fundamental foi feita a partir das minhas
próprias observações no decorrer desse período até o momento de realização desse
trabalho, visto que ainda estamos passando pelo enfrentamento da pandemia. Dessa
forma, esse item pode ser visto como um relato das experiências do estagiário na
adaptação do processo de ensino e aprendizagem na instituição escolar.

Primeiramente, destaco a falta de preparação e consequente dificuldade de


organização no início do período de pandemia com o isolamento social e o período de
adaptação com o ensino remoto. Quando a pandemia foi declarada no Brasil, em
meados de março de 2020, a escola passou por um momento de férias escolares pra
todos os funcionários e aluno. Após esse período, começamos a fazer gravação de
videoaulas e a disponibilizar aulas ao vivo pelo ambiente virtual Google Meet
semanalmente com duração de uma hora. A escola se organizou seguindo todas as
recomendações da Diretoria de Ensino da região de São Carlos e da Secretaria da
educação do estado de São Paulo. As mudanças para o ensino remoto foram expostas
aos alunos e seus familiares, além de orientações de como acompanhar esse período de
aulas remotas.

A gravação de videoaulas foi um desafio e senti a necessidade de estudar diferentes


metodologias para as aulas de matemática, disciplina que leciono na instituição escolar.
O desfaio maior foi preparar aulas mais objetivas e com a duração de 25 minutos por
semana. Foi preciso estudar e me preparar para entregar um bom resultado. Sempre
procurei fazer aulas curtas, pois sentia que os alunos também estavam se adaptando a
esse novo modelo. Assim, seria difícil para eles acompanhar uma gravação de aula
muito longa.

Na gravação de aula, eram propostas algumas atividades que deveriam ser realizadas
no caderno e enviadas por e-mail através de fotografias. A correção era feita por e-mail
por mim. Nas aulas ao vivo, eu buscava tirar as dúvidas e fazer uma revisão sobre os
temas que continham mais erros nas turmas. Assim, consegui acompanhar o
desenvolvimento de cada um dos alunos.

Com relação à organização dos alunos e familiares nesse período, tenho dois pontos
a destacar: o acompanhamento mais próximo das atividades escolares por um lado e a
falta de cobrança por outro. Percebi, que alguns pais souberam se organizar muito bem e
orientar os alunos a criar uma rotina de estudos e de esclarecimentos de dúvidas com
seus professores por e-mail. Entretanto, alguns responsáveis pelos alunos deixaram essa
organização apenas por conta do aluno. Isso também é comum no período de aulas
presencias visto que os alunos são adolescentes e, por isso, os pais acreditam que já
sejam responsáveis por todas as suas atividades escolares. A diferença é que de nas
aulas diárias presencias, o professor consegue cobrar e auxiliar a realização de
atividades de forma frequente.

A composição de organização e disciplina para acompanhar as aulas gravadas foi


um diferencial no bom desenvolvimento dos alunos nessa fase. Por volta da segunda
metade do mês de setembro, o plano São Paulo de contingência da Covid-19 autorizou a
abertura das escolas com 35% do público total. Assim, alguns alunos retornarão para a
escola com aulas presenciais e permanência máxima de seis horas semanais. Nesse
período, pude acompanhar aas atividades dos alunos de perto e fazer orientações mais
específicas para cada um. Foi um momento rico e importante para os alunos, pois se
sentiram mais próximos de seus professores e mais confortáveis para tirar suas dúvidas.

Os alunos que enfrentam problemas de aprendizagem precisaram de mais auxílio de


seus familiares na realização de atividades. Mesmo assim, percebi que os professores e
pais fizeram um bom trabalho conjuntamente. Muitos buscaram o acompanhamento de
profissionais especializados como psicopedagogos e psicólogos para auxiliar as crianças
no enfrentamento das dificuldades escolares e os sentimentos provocados pelo
distanciamento social e a ruptura do convívio social com colegas e professores como
ocorria anteriormente à pandemia.
Em especial, alguns alunos diagnosticados com dislexia, discalculia e transtorno do
espectro autista (TEA) continuaram suas atividades de acompanhamento com
profissionais especializados. Além disso, os professores sempre buscaram atender as
suas necessidades durante a gravação das aulas, dialogando e buscando soluções junto
com os alunos.

No ano de 2021, a escola recebeu alguns alunos de modo presencial desde o início
do ano letivo. Os alunos presenciais realizam rodízio quinzenal de acordo com as
orientações da Diretoria de Ensino da região, em concordância com a Vigilância
Sanitária da cidade. Alguns alunos participam das aulas online via ambiente Google
Meet de forma síncrona com as aulas do período da manhã ou da tarde, juntamente com
os alunos presenciais.

Dessa forma é possível acompanhar os alunos diariamente e investigar suas


dificuldades de aprendizagem e criar estratégias para melhorar esse processo. Ainda, é
mais fácil de entrar em contato com os responsáveis para ambas as partes, professores e
familiares, procurem melhorias na aprendizagem das crianças.

5. Considerações Finais: concluindo e refletindo sobre a experiência de estágio


Ao analisar as entrevistas realizadas, percebe-se que houve uma grande mudança na
rotina escolar, na vida dos estudantes e dos professores durante a pandemia. Além disso,
é evidente a dificuldade e falta de preparo dos profissionais da educação em lidar com
dificuldades de aprendizagem no modo remoto.

É possível notar, a partir das entrevistas realizadas, a preocupação e predisposição


dos profissionais da educação em lidar com as ferramentas digitais para oferecer um
atendimento de qualidade a seus alunos. Assim, fica evidente a busca por
aperfeiçoamento na utilização dessas ferramentas e a busca em estudar e encontrar
novas metodologias de ensino que atendam às necessidades das crianças quanto ao
processo de ensino e aprendizagem.

Apesar do desafio, falta de preparo, insegurança e demais dificuldade enfrentadas


pela instituição escolar como um todo, abrangendo alunos, professores, gestão e demais
funcionários, destaco a possibilidade de repensar sobre a prática pedagógica e sobre
como a escola vem cumprindo seu objetivo de educar. Assim, acredito que esse
momento, em que enfrentamos o contexto da pandemia, possibilitou a reflexão e o olhar
voltado a todas as dificuldades de aprendizagem que os alunos possam enfrentar.

Com isso, cabe aos profissionais buscarem formação para auxiliar em sua prática,
repensando principalmente as metodologias de ensino, formas de avaliação e diálogo
com a família e com seus alunos.

6. Referências

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