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6 POLÍTICAS PARA O ENFRENTAMENTO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS

NO CONTEXTO DA SAÚDE

Como explanado inicialmente as desigualdades sociais no âmbito da


saúde correspondem à circunstâncias que favorecem algum grau de injustiça,
ou seja, situações que não asseguram a todos os grupos sociais condições
oportunas, no que se refere à manutenção de uma vida saudável (BARATA,
2009).
A partir da Constituição Federal de 1988, inaugura-se um novo olhar
no que concerne os direitos sociais, superando medidas assistencialistas
adotadas em modelos anteriores, garantindo, assim, mecanismos para
efetivação de uma cidadania plena, através de processos que assegurem a
universalização, em especial, no que diz respeito ao acesso a política pública
de saúde (BAPTISTA 2012).
Como consequência, essa perspectiva ampla em saúde aponta para
superação de modelos centrados em aspectos puramente biológicos ou físicos,
estendendo-se para outras áreas da vida social. No tocante a saúde em uma
perspectiva de totalidade deve incorporar determinantes sociais como:
educação, transporte, moradia, alimentação e outros elementos que interferem
na condição de saúde da população (CFESS,2010).
Barata (2009) acentua que, no processo saúde-doença a epidemiologia
busca compreender o modo de disseminação das doenças que atingem
determinada população, e o porquê que alguns sujeitos são mais acometidos
por processos de adoecimento, do que outros. Sendo assim, são eleitas
políticas públicas, cujo propósito é a modificação dessa realidade.
A política universal, que é o Sistema único de Saúde (SUS), possui um
papel central no que diz respeito ao processo de organização da política
pública de saúde no Brasil. Mas para que se atinjam os extratos sociais mais
desfavorecidos é essencial direcionar esforços mais específicos: como
exemplo de alguns programas sociais e outras iniciativas, que embora, não
sejam capazes de eliminar por si só as desigualdades sociais são mecanismos
essenciais na eliminação da pobreza e extrema pobreza no país, Sendo assim,
a condição econômica e social de um país interfere nos graus de
desenvolvimento de uma população e surge enquanto entrave ao acesso e
adesão dos usuários aos serviços de saúde (FONSECA, 2016).
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os modelos
de determinação social no processo saúde – doença estão associados distintos
níveis hierárquicos da vida social. O primeiro relacionado à esfera da produção
e reprodução social, ou seja, como os sujeitos organizam suas vidas. O
segundo se concentra na compreensão dessa realidade social para elaboração
de politicas sociais voltadas para redução das desigualdades (ALMEIDA-
FILHO, 2004).
A Comissão de Determinantes Sociais em Saúde define estes
determinantes como: “o conjunto das condições sociais nas quais as pessoas
vivem e trabalham e que podem ser alteradas pela ação das políticas públicas”
(BARATA, 2009, p.99).
Uma sociedade que busca favorecer níveis de igualdade e justiça
social se compromete com a defesa da democracia, capaz de prover a todos
os segmentos sociais um alto grau de liberdade para escolher dentre as
alternativas, situações que lhe assegurem igualdade de oportunidades no
acesso e usufruto da saúde, e por consequência essa situação reflete na
qualidade de vida das populações.
“O contexto social determina a cada indivíduo sua posição e esta, por
sua vez, determina as oportunidades de saúde segundo exposições a
condições nocivas ou saudáveis e segundo situações distintas de
vulnerabilidade” (BARATA, 2009, p.99.).
Assim, o enfrentamento das desigualdades sociais em saúde pode
incluir políticas macrossociais, de caráter econômico e social que tem como
finalidade a redução nos níveis de exclusão social e condições de e
vulnerabilidade dos grupos sociais, através de políticas de saúde que atuem
buscando minimizar o impacto de seus efeitos.
Logo, as ações que objetivam promover a equidade em saúde incluem
políticas de redução da desigualdade de renda e pobreza. A saúde enquanto
um bem social inclui princípios elencados pelo SUS como a universalização, os
programas de controle das doenças transmissíveis, a produção de
conhecimentos científicos em saúde.
Entre os exemplos de políticas setoriais voltadas para redução das
desigualdades no contexto de saúde destaca-se: Programa Nacional de
Imunizações (PNI) com intervenção universal direcionada a oferta de vacinas
de forma continuada nos serviços de atenção primária, como também
campanhas vacinais, como objetivo de atingir determinados segmentos
populacionais que, por variadas situações, não conseguem acessar os serviços
de saúde de maneira regular.
Ademais, torna-se essencial conduzir sistemas de saúde capazes de
proteger as famílias dos efeitos catastróficos das doenças, como também atuar
de modo a ofertar serviços e capacitar o conjunto de profissionais de saúde
para que atuem no enfrentamento das desigualdades sociais, através de ações
que eliminem práticas discriminatórias que afetem os grupos sociais, quer
sejam questões relacionadas à sua idade, sexo, etnia, orientação sexual,
religiosa, condição econômica ou outras questões (BARATA, 2009).
Para tanto, torna-se elementar a distribuição mais equânime dos
serviços e equipamentos de saúde no território, efetivando um princípio basilar
do SUS, a universalidade. É necessário investir na capacitação do corpo de
profissionais para que estejam capacitados tanto nas dimensões técnica, como
ética, respondendo as demandas de saúde postas pela população.
REFERÊNCIAS

BAPTISTA, Myriam Veras. Algumas reflexões sobre o sistema de garantia dos


direitos. Revista Serviço Social e Sociedade. São Paulo, n.109, p.179-199,
Jan./mar.2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci-
_arttext&pid=S0101-6628201200100010>Acesso em 07 set. 2018.

FONSECA, Ana. Políticas sociais contra as desigualdades. 2016. Disponível


em:< http://dssbr.org/site/entrevistas/politicas-sociais-contra-as-desigualdades/
>Acesso em: 06 de set. 2018

ALMEIDA-FILHO, N. Modelos de determinação social das doenças crônicas


não-transmissíveis. Ciência & Saúde Coletiva, 9(4): 865-884, 2004.

CFESS. Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Política de


Saúde. Brasília: Conselho Federal de Serviço Social, [2010]. Disponível em:

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