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Uma versão deste texto foi direcionada aos stalinistas em 2012, especificamente à
Anita Leocádia. Entretanto o debate aqui é categorial e se estende aos neoreformistas,
detidamente, aos militantes do psol, fundamentalmente ao seu programa claramente
reformista!
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26/04/2020 ESQUIZOFRENIA TEÓRICA: algumas problematizações diante dos neoreformistas e o tempo presente.
Não gosto de gastar meu tempo com bate boca de senso comum e achismos e procuro
levar a sério os temas ligados a militância, real, concreta, com fatos e análises
científicas. Não gosto de horóscopo. Por isso o que posso apresentar aqui é uma linha
de raciocínio que normalmente a esquerda preguiçosa não gosta muito porque é
obrigada a pensar de verdade. Mas é o que eu posso neste momento. Espero que todos
leiam, caso não o façam, tratará de apenas mais um elemento de confirmação da
minha metáfora.
O debate aqui é mais amplo e apresento apenas uma parte das minhas preocupações
diante da militância… se meu nome não tivesse sido citado aqui (referente a
publicação de reformistas em uma rede social) , certamente nem me ocuparia deste
tema, neste espaço… mas acho oportuno e sincero. Vamos lá:
Produzir um texto para internet com determinada acidez e com o caráter de classe
requer a preocupação de não se transformar em produtor de instrumentos para a classe
oposta. Ao se escrever para parte da esquerda, mesmo que o texto seja claramente
direcionado a esta parte, este continua sendo um texto. E como todo texto, está sujeito
a perca de toda pretensão de domínio sobre ele. E é nesta fatalidade que inicialmente
reside uma das preocupações do que vejo aqui.
Não pretendo alimentar os porcos, os vampiros e os lacaios. Mesmo que isso ocorra, é
da mais absoluta importância que se afirme: este texto não faz coro a qualquer
pensamento da classe burguesa e de seus serviçais (pt e pc do b, para ficar com dois
exemplo de hoje). Trata-se de preocupações no âmbito da própria esquerda, fundantes
para a continuação da luta na “Pré-história” que ainda vivemos. E esta luta é toda luta
da classe trabalhadora contra a classe burguesa. Todavia, se o que se escreve aqui for
objeto instrumental dos lacaios da burguesia só estaremos constatando o oportunismo
que marca o papel vampiresco dos intelectuais da burguesia em ação no cotidiano.
Uma vez demarcado esta fatalidade, passo ao que mais nos interessa.
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26/04/2020 ESQUIZOFRENIA TEÓRICA: algumas problematizações diante dos neoreformistas e o tempo presente.
Sobre a esquizofrenia, o que tudo indica, as ciências vêm cada vez mais avançando na
caracterização desta situação psicótica, o que proporciona aos esquizofrênicos maiores
perspectivas de entendimento sobre o seu comportamento e mesmo uma fração de
respeito social, distanciando o esquizofrênico do preconceito ainda marcante na
sociedade capitalista.
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26/04/2020 ESQUIZOFRENIA TEÓRICA: algumas problematizações diante dos neoreformistas e o tempo presente.
disposto a assumir sinceramente o erro das palavras. Mas apenas se forem reais as
acusações de desrespeito!
Parte da vanguarda de esquerda, há tempos, vem sendo atormentada por uma espécie
de esquizofrenia teórica que, na melhor das situações, fragiliza a leitura do tempo
presente diante da constituição do Programa Revolucionário. Refiro-me, hoje
sobretudo, aos militantes do psol no interior da vanguarda de esquerda, mais
especificamente ao setor majoritário desta organização de tendências permanentes.
Sem a pretensão de apresentar uma caracterização única do que é uma frente popular e
o governo de frente popular, é, assim mesmo, necessário apontar algumas
características desta composição que conspira contra a classe trabalhadora e que
arrasta parte da esquerda para o seu universo dissipador da realidade da classe
trabalhadora como o faz o vento com a neblina pantanosa que afoga o ser humano na
mais clara visão daquilo que não existe: a segurança, a claridade e a beleza que não há
na maioria dos pântanos.
Sobre esse recurso da frente popular, a Liga Internacional dos Trabalhadores, em seu
VIII Congresso Mundial de 2005, apresenta a seguinte consideração:
“Nas teses sobre América Latina dizemos que ‘a combinação de pelo menos quatro
fatores: o atual caráter da crise econômica, a debilidade e crise dos regimes, o Ascenso
do movimento de massas e a crise de direção, fortalece a tendência a construir projetos
de colaboração de classes’. Hoje isso já não é apenas uma tendência: os governos de
Frente Popular são uma realidade da América Latina” (Marxismo Vivo, 2005: 19).
Uma vez constituído estes governos de frente popular, todo o discurso anti-imperialista
se desmorona ao passo que a colaboração de classe envolve a classe burguesa em toda
“governabilidade”, comprovando como é vazia toda crítica que possam apresentar
fenomenicamente à classe trabalhadora. Logo no poder do Estado o governo de Frente
trata de se mostrar para o que veio: conciliação de classes, mediação covarde diante
dos movimentos sociais e sindicais, buscando conter qualquer avanço de organizações
partidárias revolucionárias.
Por Marx! O que isso significa? Não tenho a resposta única. Entretanto tenho uma
resposta (há que se dar a devida atenção ao artigo indefinido aqui) para esses
fenômenos no interior da esquerda. Esta situação coloca muitos militantes em
posicionamentos brutalmente equivocados com caracterizações que só existem para
eles mesmos e suas organizações reformadas. E as manifestações dessa esquizofrenia
teorica criam, mesmo que não sejam eternas, uma série de incapacidades em parte da
esquerda, acirrando a crise de suas organizações, e, principalmente, provocando grave
confusão na classe trabalhadora. Como León Trotsky ainda coloca no texto já citado:
Estas verdades não são, de modo algum, o fruto de uma análise puramente teórica. Ao
contrário, elas representam a conclusão irrefutável de toda a experiência histórica, ao
menos a partir de 1848. A história moderna das sociedades burguesas está repleta de
frentes populares de todos os tipos, quer dizer, combinações políticas as mais diversas
para enganar os trabalhadores. A experiência espanhola é um novo elo trágico
(TROTSKY, 1936).
Estas incapacidades[1] não devem ser entendidas como eternas, mas podem durar
toda uma vida e a vida dos trabalhadores não está hipotecada pelo reino dos céus, o
que nos coloca a tarefa da crítica sincera aos esquizofrênicos de nosso presente
imediato. Passo assim para o desenvolvimento dos pontos elencados no resumo deste
texto:
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26/04/2020 ESQUIZOFRENIA TEÓRICA: algumas problematizações diante dos neoreformistas e o tempo presente.
Desde a posse de Lula, novas forças políticas e sociais estão à frente do governo da
República brasileira. A partir de então elas têm diante de si um difícil desafio: o de
governar um grande país diante da insurgência do grande capital nesses últimos anos.
O novo governo tem a tarefa de superar seus limites para que seja possível a realização
do projeto de mudanças com crescimento da economia, a afirmação da soberania
nacional, valorização do trabalho e distribuição de renda, abrindo assim caminho para
a construção de um novo projeto nacional de desenvolvimento superando as limitações
do governo Lula” (Quem é e o que quer o Partido Comunista do Brasil ,2013).
E ainda:
“Tendo sido uma dos construtores da histórica vitória, os comunistas decidiram apoiar
e participar do governo Lula e integram a sua base de sustentação política. Julgam que
têm a responsabilidade de contribuir para que o governo resgate os compromissos que
assumiu com a nação. Esta é a primeira vez que participam diretamente no ministério
do governo federal e exercem a liderança da bancada do governo na Câmara dos
Deputados” (Ibidem).
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26/04/2020 ESQUIZOFRENIA TEÓRICA: algumas problematizações diante dos neoreformistas e o tempo presente.
Espero, até aqui, ter incomodado os capituladores conciliadores de classes e não ter
desrespeitado os camaradas confundidos por suas organizações já degeneradas ou em
estado de decadência e plena confusão organizativa. Que seja contínuo o debate
sincero entre os camaradas e que se apresente a crítica da crítica, também sem se
esconder nas baias da burocracia e da meritocracia acadêmica. Se o psol ignora esses
elementos, certamente estamos distantes de esperar qualquer coisa desta organização
que esteja fora dos marcos da democracia burguesa repuplicana.
[1] Incapacidades no sentido de não conseguir, de ser insuficiente, de não ser capaz e
de não ter competência de distinguir para além do fenômeno.
[2] Uma leitura que colabora com esta questão é o livro publicado pela Editora do
Instituto José Luis e Rosa Sundermann em 2011: “Um reformismo quase sem reformas,
uma crítica marxista do governo Lula em defesa da revolução brasileira” de Valério
Arcary.
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