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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO TOCANTINS

QUARTEL DO COMANDO GERAL


Diretoria de Ensino, Instrução e Pesquisa

SUMÁRIO

CHOA / CHOAS / CHOM - 2021


APRESENTAÇÃO................................................................................................................... 03
1.UNIDADE DIDÁTICA I: CONCEITOS BÁSICOS DE DIREITOS HUMANOS ............. 04
1.1. Conceitos ........................................................................................................................... 04
1.2. Principais características dos Direitos Humanos ............................................................... 06
3. ASPECTOS HISTÓRICOS DOS DIREITOS HUMANOS ................................................ 07
3.1. Primeira Geração de Direitos Humanos ............................................................................ 08
AÇÕES DE POLÍCIA COMUNITÁRIA –
3.2. Segunda Geração de Direitos Humanos ............................................................................ 09
3.3. Terceira Geração de Diretos Humanos .............................................................................. 09
POP PMTO
UNIDADE DIDÁTICA II: Atuação policial frente a Grupos Vulneráveis ............................. 10
CARGA HORÁRIA 10 h/a
1. Contextualização Social ....................................................................................................... 10
1.1. Conceito de grupos vulneráveis ......................................................................................... 14
1.1.1. Classificação dos grupos vulneráveis ............................................................................. 15
ABORDAGEM
Instrutor: JURÍDICA PROTETIVA
Thiago Monteiro MartinsDOS – MAJORGRUPOS QOPM VULNERÁVEIS ....................... 23
1. Legislação
E-mail: Nacional e Internacional .................................................................................... 23
thiagomonteiropmto@hotmail.com
1.2. Nacionais ........................................................................................................................... 23
1.3. Internacionais..................................................................................................................... 23
ATUAÇÃO POLICIAL NO ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIAS ENVOLVENDO
GRUPOS VULNERÁVEIS. ................................................................................................... 25
1.2. Crianças e adolescentes ..................................................................................................... 25
1.3. Mulheres ............................................................................................................................ 26
1.4. PessoasInstrutor: Gleidison
com deficiência Antônio de Carvalho – 1º Ten
.................................................................................................... 27

QUPM Palmas – TO
1.5. Idosos ................................................................................................................................. 30
Junho/2021
1.6. Comunidade LGBTT ......................................................................................................... 31
1.7. Pessoas em situação de rua ............................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS

É crescente a discussão do tema Polícia Comunitária entre as Polícias


Militares do Brasil e no seio da sociedade civil organizada. As estratégias de
policiamento ou de prestação de serviços, que funcionaram no passado, não são mais
eficazes. A meta pretendida, aumento na sensação de segurança e bem-estar, não
foi alcançada. A sociedade e o cidadão estão mais exigentes.
Tanto o grau e a natureza do crime e o caráter dinâmico das
comunidades fazem com que a polícia busque métodos mais eficazes para prestar o
seu serviço. Muitas comunidades urbanas enfrentam graves problemas, como: drogas
ilegais (e legais, como: o cigarro, o álcool, dentre outras), violência de gangues,
assassinatos, roubos e furtos.
Nesse ambiente em rápida mudança, em que a polícia lida com
problemas epidêmicos de droga, atividade de gangues e níveis cada vez mais altos
de violência, a Polícia Comunitária tem se firmado como a alternativa mais eficiente e
eficaz, uma vez que tal filosofia representa progresso, inovação e mudanças
fundamentais na estrutura e na administração das organizações policiais, além de
possibilitar a redução das taxas de criminalidade, aproximar a comunidade das forças
de segurança pública proporcionando a sensação de amparo para os cidadãos e
estabelecendo que o sucesso para atingir os objetivos de Segurança Pública
necessita do apoio, tanto operacional quanto político, das entidades policiais e da
própria comunidade.
A partir deste contexto e com fundamentos nos currículos nacionais da
Secretaria Nacional da Segurança Pública, essa apostila foi organizada com o objetivo
de abordar tal temática apresentando seus principais aspectos, fundamentos,
características e, especialmente, focando na operacionalização da filosofia de polícia
comunitária - policiamento comunitário –, sobretudo com o advento da criação e
institucionalização do Procedimento Operacional Padrão (POP) na PMTO.

Ações de Polícia Comunitária – POP PMTO


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1. POLÍCIA COMUNITÁRIA: CONTEXTUALIZANDO A DISCUSSÃO

1.1 HISTÓRICO DA POLÍCIA

Para compreendermos a filosofia de Polícia Comunitária é necessário


remeter a um histórico do papel da polícia de maneira geral. A polícia no Brasil se
espelhou em parte do que foi construído nos Estados Unidos como policiamento. Em
um momento nesse país adotaram o que foi denominado de “era política” na polícia.
Esse período consistia na aplicação da lei, com policiais trabalhando em tempo
integral e visava à repressão do crime. A função social da polícia não estava bem
definida e havia contratempos como os objetivos político-partidários, concorrendo
para flexibilidade da polícia, o que gerava críticas sobre a violência e a corrupção
policial.
A forma de ingresso dos policiais não possuía nenhum requisito previsto
em lei, eram contratados pela compleição física e por indicação político-partidária.
Ademais, os policiais agiam apenas com visão repressiva e somente nessa ótica
reativa, onde a participação da comunidade era praticamente zero. Por isso, houve
uma maciça pressão para que ocorram mudanças nesse cenário, com menos
interferência política e melhor gerenciamento.
Outro período então surgiu, denominado policiamento profissional.
Nesse tempo a estratégia de policiamento se fundava no policiamento tradicional, com
foco no combate e controle ao crime. Logo, aumentou-se o status e autonomia dos
órgãos policiais, organização em unidades centralizadas, com profissionais que têm o
aporte de orçamento público para pessoal, logística, tecnologia e treinamento.
As principais tecnologias operacionais dessa estratégia incluíram a
utilização de patrulhas motorizadas (de preferência automóveis), suplementadas com
rádio, atuando de modo a criar uma sensação de onipresença e respondendo
rapidamente aos chamados, principalmente aqueles originados na rede de rádio via
teleatendimentos das centrais de comunicações policiais, porém as contradições e
falta de resultados efetivos e eficazes surgem diante desse caráter reativo de atuar
somente quando é acionado. E é percebido um grande afastamento entre polícia e

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comunidade, fato estimulado pelos gestores das corporações. Tais características
suprimiram uma estratégia eficiente de prevenção criminal e combate à criminalidade.
Tempo depois, em virtude do desgaste do período do policiamento
profissional, surge o policiamento estratégico. Nesse período, houve uma reflexão
sobre o combate ao crime que não eram controlados pelo modelo tradicional, mas o
objetivo continua sendo o mesmo, ou seja, trabalho eminentemente reativo, pois
focalizou em espécies de crimes a serem combatidos, surgindo uma noção do
policiamento orientado para o problema. Assim, essa fase de policiamento foi
importante porque deu início ao reconhecimento de que sem a participação social no
processo de segurança pública, menor seria a possibilidade de redução da violência
e criminalidade.
Enfim, vários foram os modelos de policiamento que foram implantados
no Brasil, contudo nenhum assegurou efetivamente a participação da comunidade
como instrumento para auxiliar na resolução de problemas. A partir dessa premissa
surgiu a filosofia de Polícia Comunitária. O que seria esse novo tipo de trabalho
policial? Uma nova polícia em ação? A partir dessas interrogações serão explanados
conceitos de filosofia de polícia comunitária, seu papel e demais fundamentações.
No Brasil, após anos de ditadura militar, a promulgação da Constituição
Federal de 1988 foi recebida como uma verdadeira concretização da vontade do povo,
coroando conquistas e desafios superados por gerações. Na esfera da segurança
pública podemos ressaltar a importância da integração social para a prevenção e o
combate à criminalidade, afirmando que a polícia ditatorial quedou-se inerte com o fim
do Estado Militar, precisando evoluir para uma Polícia Cidadã. Tal dispositivo legal
passou a exigir que as condutas das organizações policiais sejam mais comunitárias
e garantidoras do livre exercício da cidadania.
Segundo Marques (2009) a Polícia Cidadã deve privilegiar a legalidade e
a dignidade da pessoa humana, sem descurar da sua ação pontual e com pulso firme,
intervindo de forma ampla e protetora, demonstrando o compromisso do Estado para
com o bem estar social. Fomenta-se a efetivação de uma Polícia voltada para o povo,
para efetivamente proteger o povo, para ser a guardiã da sociedade visando a
manutenção da ordem estabelecida pelo Estado Democrático do Direito,
proporcionando, em parceria com a comunidade, uma segurança pública mais
eficiente e mais cidadã, estimulando uma cultura de segurança na sociedade.

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Tais argumentações fundamentam a filosofia da Polícia Comunitária que,
conforme o culto entendimento do estimado jurista Miguel Reale (2000):
A Polícia comunitária é, sem sombras de dúvidas, a melhor forma de
interatividade, amizade e reciprocidade de ações da comunidade com a
Polícia cidadã, ou seja, comunga em número e grau que entendeu já há
alguns anos atrás ser a melhor e única solução a ser dada com êxito para
resolver a preocupante questão da violência crescente no nosso País. A
polícia comunitária, aquela que continuadamente convive com o povo, não é
senão a visão da polícia à luz do valor da amizade; e é a única solução a ser
dada com êxito para resolver a preocupante questão da violência, sobretudo
nas grandes cidades.

A polícia de proximidade busca, ainda, instaurar novas formas de interação


e parceria entre as instituições policiais e a sociedade, privilegiando o atendimento
preventivo. Os policiais são orientados a estreitar laços com a comunidade em que
atuam, conhecendo os moradores e os problemas que possam gerar crimes e
conflitos. A ideia central de Polícia Comunitária reside na possibilidade de propiciar
uma aproximação dos profissionais de segurança junto à comunidade onde atua,
dando características humanas ao profissional de polícia, e não apenas um número
de telefone ou uma instalação física referencial (TROJANOWICZ, 1994).
Insta salientar que é importante se ter clara a noção de que Policia
Comunitária não tem o sentido de assistência policial, mas sim, o de participação
social. Nessa condição entende-se que todas as forcas vivas da comunidade devem
assumir um papel relevante na sua própria segurança e nos serviços ligados ao bem
comum. Acredita-se ser necessária esta ressalva, para evitar a interpretação de que
se pretende criar uma nova polícia ou credenciar pessoas extras nos quadros da
polícia como policiais comunitários.
A sociedade espera dos órgãos de Segurança Pública o máximo em
eficiência, o atendimento imediato e a garantia de proteção a todos os setores,
contudo o sistema tende a ser mais produtivo quando, além de contar com maior
interação de todas as instituições que integram o sistema de Defesa Social, passa a
dispor da efetiva participação do cidadão na resolução dos problemas de sua
comunidade, através da formulação de propostas que proporcionem desenvolvimento
social.

A polícia comunitária é, portanto, a interação das forças policiais com a


comunidade, se posicionando como integrante ativo desta sociedade. Uma interação
construída através do conhecimento da comunidade pelo agente de segurança

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pública e da busca de proposições adequadas para diminuição ou solução dos
problemas encontrados.

2. POLICIAMENTO COMUNITÁRIO

Na prática, Policia Comunitária (como filosofia de trabalho) difere do


policiamento comunitário (ação de policiar junto à comunidade). Definir policiamento
comunitário em rápidas palavras é um desafio. Explicar como o fenômeno vem sendo
experimentado por vários países, principalmente a partir de quando surgiu a
Administração Gerencial, enquanto as práticas tradicionais são seculares.
Implantar as mudanças requeridas pelo policiamento comunitário exige
uma ruptura com o paradigma existente e a reformulação de conceitos que nem
sempre foram plenamente aceitos pelos policiais militares, vez que tiveram sua
formação profissional voltada aos métodos repressivos e distanciada do cidadão.
A definição de policiamento comunitário, embora não sendo uma tarefa
fácil, teve uma aceitação ampla e a convergência ao conceito apresentado por
Trojanowicz e Bocqueroux (1994, p. 6):
O policiamento comunitário é uma filosofia de policiamento personalizado de
serviço completo, onde o mesmo policial patrulha e trabalha na mesma área
numa base permanente, a partir de um local descentralizado, trabalhando
numa parceria preventiva com o cidadão para identificar e resolver os
problemas.

O conceito de policiamento comunitário apresentado acima possui uma


aceitação universal e consagra as expectativas brasileiras na determinação das
diversas experiências o que exime de qualquer desprezo.
Além da supradefinição, alguns estudiosos também apontaram que
Policiamento Comunitário é uma maneira inovadora e mais poderosa de concentrar
as energias e os talentos do departamento policial na direção das condições que,
frequentemente, dão origem ao crime e a repetidas chamadas por auxilio local
Wadman (1994). Ainda de acordo com Robert Trojanowicz em sua obra “Policiamento
Comunitário: como começar” (1994), na sua página 4, é apresentada a definição de
que a Polícia Comunitária como uma Filosofia e uma Estratégia organizacional que
proporciona uma nova parceria entre a população e a polícia. Baseia-se na premissa
de que tanto a polícia quanto à sociedade devem trabalhar juntas para identificar,
priorizar e resolver problemas contemporâneos tais como crimes, drogas, medo,
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desordens físicas e morais, e em geral decadência dos bairros com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida geral da população.
A operacionalização desta filosofia permite um policiamento
personalizado que amplia o papel da polícia, pois produz um maior impacto na
realização de transformações que venham ao encontro das expectativas de tornar as
comunidades mais seguras e mais atraentes para nelas se viver. Nesta filosofia o
policial presta serviço em uma determinada localidade em parceria ativa e preventiva
com a comunidade com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

3. OPERACIONALIZANDO A POLÍCIA COMUNITÁRIA

Com a instituição do Procedimento Operacional Padrão – POP – no


âmbito da Polícia Militar do Tocantins, foi estabelecido um reconhecido manual
doutrinário norteador para o policial militar, pois a partir dos conhecimentos nele
contidos este terá subsídios teóricos e práticos suficientes para o agente de segurança
pública adequar as várias situações impostas no dia-a-dia à necessidade da
sociedade e do Estado. Nesse sentido, abordaremos a seguir as Ações de Polícia
Comunitárias previstas no citado manual – Processo 408 -, bem como as atividade
correlatas à filosofia de polícia comunitária, a saber Policiamento Ciclístico – Processo
303 –, Policiamento Ostensivo a Pé – Processo 304 – e Policiamento de
Manifestações em Locais Públicos – Processo 606 –.
Com o advento da inserção do policiamento comunitário, a rotina dos
policiais militares muda, sofre uma radical transformação. Os policiais que antes
aguardavam a ocorrência do crime, agora trabalharão para evitar que ele ocorra.
Assim, enquanto não forem acionados para atender a um crime e, consequentemente,
realizar um atendimento reativo, os policiais militares devem alternar os atendimentos
proativos.
Essa dinâmica deve ser repetida até que cheguem ao momento do
atendimento do policiamento estabelecido pelo comandante de RP ou da Seção
Operacional. Enquanto realizam atendimentos proativos – insta salientar aqui a
substituição do Registro do Boletim de Atendimento Proativo (BAP), anexo ao
processo 408 do POP PMTO pelo Registro das Atividades de Polícia Administrativas
(visitas preventivas) junto ao PMTO Mobile, que se constituirão de um parâmetro da

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produtividade policial militar–, os PM devem dar atenção às escolas, públicas e
privadas, ao comércio, aos bancos, pois são locais sensíveis e carece constantemente
da presença policial. Os atendimentos proativos podem ser interrompidos em caso de
emergência, para atendimento reativo.

3.1 MONITORAMENTO
Para que o incidente criminal ocorra, três fatores são essenciais:
a) Vítima;
b) Oportunidade/Ambiente;
c) Agressor Social.
Havendo ausência de qualquer desses elementos, o crime não ocorre.
A prevenção ao crime não abrange apenas o policiamento preventivo,
pois este ataca apenas a oportunidade. O agressor social está sempre à procura de
uma oportunidade para atacar uma vítima. Quando esta está vulnerável, torna-se
vítima fácil.
Uma pessoa prevenida e cautelosa não é uma vítima em potencial.
Fatores como idade, deficiência, sexo, físico e, principalmente, conduta facilitadora,
contribuem para o sucesso do agressor. O ambiente composto pelo aspecto espacial
(local) e temporal (horário) cria a oportunidade ao marginal. A definição de Zona
Quente de Criminalidade (ZQC) envolve a quantidade de incidências em
determinados locais e horários, exigindo a maior presença da Polícia Militar.
O agressor, por sua vez, é formando dentro da sociedade e pior,
enquanto se formava ninguém nada fez para mudar essa perspectiva. Este precisa
ser conhecido da Polícia Militar como é conhecido pela comunidade. Com o
estreitamento da relação polícia-comunidade e com permanência dos policiais
militares na mesma localização geográfica ocorre uma facilitação no sentido de
identificação dos delinquentes da região.
Atualmente, o cenário é favorável ao agressor. Primeiramente, a
sensação de insegurança e impunidade inibe a denúncia, mesmo quando a vítima
conhece o agressor social. Ainda, a apatia do cidadão que não confia na polícia e fica
desestimulado a procurar a polícia por acreditar ser apenas um ato burocrático.
Outra razão é a ineficiência investigatória que deveria se iniciar no momento
em que os policiais militares atendem um incidente. Na realidade, quase tão somente

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aqueles casos já encaminhados por policiais militares é que geram investigação
criminal. Raramente as vítimas vão à delegacia de polícia para registrar algum furto,
por exemplo.
O assaltante que rouba pequenos valores, costumeiramente, é da
região, e confia na impunidade para continuar a agir. Assim, em poucos casos de
roubos e furtos a PM é acionada, menor é o número de prisões e ínfimo é a presença
da vítima na delegacia. Esse panorama é favorável ao delinquente.
Apresentado pelo procedimento 408.01 do POP PMTO, o
monitoramento é um patrulhamento realizado na área geográfica de atuação da RP
com foco na vítima, quando procura identificar suas fragilidades e buscar orientá-la,
no ambiente oportuno, com atenção às ZQC, nos horários de maior incidência
criminal. Enquanto isso, os delinquentes conhecidos passam a ser encontrados e
abordados habitualmente com a finalidade de inibir suas ações. O citado
procedimento descreve sua operacionalização.
O monitoramento deve ser priorizado aos ZQC e os policiais militares
devem estar atentos aos dias e horários de frequência de pessoas, de incidentes e
presença de suspeitos. Os delinquentes devem ter ciência que os policiais estão
patrulhando a região com total atenção a eles. Devem estar cientes que eles são os
alvos da monitoração.
É bom sabermos que os delinquentes são agressores da sociedade e a
Polícia Militar é a defensora. Assim, é totalmente legítima a atenção fiscalizadora
sobre o delinquente conhecido em determinada área geográfica de atuação.

3.2. VISITA CIDADÃ


Com a expansão das cidades e com o advento importante da
radiopatrulha, o policiamento à pé foi sendo substituído pela mobilidade. Com o fim
do policiamento à pé, o contato direto entre a polícia e a comunidade foi prejudicado
e substituído pelo acionamento, via telefone, nos casos de emergência.
O policiamento comunitário pretende não apenas utilizar o poder de
prender criminosos, generalizando as respostas ao crime, mas focar em lugares,
pessoas e problemas específicos. Portanto, para alcançar os objetivos do
policiamento à pé, sem perder os benefícios do radiopatrulhamento, o policiamento
comunitário utiliza-se das visitas, cidadãs (ou comunitárias) e solidárias, e das

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reuniões com a comunidade para aproximar-se do cidadão. Optamos pela
denominação “cidadã” em virtude do incentivo da prática da cidadania no seio da
comunidade.
A Polícia Militar não deve trabalhar sozinha, e toda vez que insiste, tende
a falhar. A participação da comunidade é importante tanto na prevenção quanto no
combate ao crime e também para prisão de criminosos. Aliás, para a conclusão de
inquéritos policiais, a Polícia Judiciária utiliza muito mais informações pessoais (vítima
e testemunha) do que por meio de perícias.
Para angariar a participação da comunidade no processo da
preservação da Ordem Pública é essencial alcançar a confiança dos cidadãos, para
que os policiais possam trabalhar com as pessoas na prevenção e resolução de
problemas. Para conquistar a confiança dos cidadãos é necessário contato direto
entre a polícia e comunidade.
Os locais onde a população está distante da polícia, geração após
geração, são os locais onde há mais violência. A parceria da população é fundamental
para a prevenção e elucidação de crimes. Cabe à comunidade fornecer informações
sobre o crime, identificar suspeitos, testemunhar em processos, tomar medidas de
defesa pessoal e, principalmente, criar um clima favorável ao cumprimento da lei.
A visita cidadã é uma das atividades mais básicas do policiamento
comunitário e que melhor facilita a aproximação e contato direto além de contribuir
para produzir informações que conduzam a resolução de problemas. Teve sua origem
no Japão, onde tal atividade é chamada de Junkai Renraku:
Junkai Renraku são atividades que os policiais comunitários realizam, por
meio da visita a famílias e aos locais de trabalho, ocasião em que repassam
orientações sobre a prevenção de ocorrências de crimes e acidentes, além
de recepcionarem informações sobre problemas, solicitações e sugestões da
comunidade (SENASP, p. 156).

3.2.1 Objetivos da visita cidadã


A visita cidadã tem por objetivo geral estabelecer uma relação de
amizade e confiança mútua, por meio de constantes contatos diretos e pela presença
asseguradora de policiais militares. A SENASP (2010, p. 157) relaciona outros
objetivos da visita comunitária:
Traçar perfil sócio-econômico da comunidade;
Identificar problemas criminais e situação de riscos às pessoas;
Conhecer a comunidade com a qual trabalha;
Interligar a população e demais órgãos públicos para a resolução de
problemas.

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A visita em análise é ainda um importante instrumento na prevenção de
crimes, conforme assevera a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério
da Justiça (SENASP, 2010, p. 157):

As visitas comunitárias têm o objetivo de proporcionar condições para que o


policial militar possa transmitir informações sobre prevenção de crimes,
divulgar os projetos desenvolvidos, a forma de atuação policial militar e os
objetivos do policiamento comunitário, além de ser excelente ferramenta para
o marketing institucional.

A busca da prevenção, utilizando a visita comunitária possui dois focos:


combater a vitimização através de orientações que venham a instigar a pessoa a se
preocupar com sua segurança, deixando de ser uma vítima fácil e, o segundo foco,
contribuir com a polícia através de informações fidedignas que propiciam a prisão de
criminosos, o combate a crimes e a identificar locais e pessoas vulneráveis.

3.2.2 Estabelecendo uma relação de confiança com o cidadão.

A primeira preocupação na concretização da visita cidadã é estabelecer


uma relação de confiança entre a polícia e a comunidade. Nesse sentido, o policial
militar deve:
a) Conhecer como desempenha uma visita cidadã – O procedimento
408.02 do POP PMTO descreve a operacionalização desta –;
b) Ser compromissado com o policiamento comunitário e defender a
filosofia;
c) Ser atencioso com as pessoas, ouvindo-as atentamente;
d) Orientar e dar explicações sobre os questionamentos;
e) Superar os obstáculos que historicamente distanciaram a polícia da sua
comunidade;
f) Acreditar no seu trabalho, independente dos resultados iniciais não
serem compatíveis com o planejamento;
g) Estimular o cidadão a compartilhar a responsabilidade pela segurança e
a fortalecer a parceria com a Polícia Militar.
3.2.3 Como realizar uma visita cidadã
O policial militar do quadrante deve estar convicto que a visita
comunitária é uma rotina de trabalho. O policial militar deve entender que o cidadão é

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co-participante do processo preventivo e nesse sentido, um bom atendimento é
fundamental para construir uma relação saudável.
Ao realizar uma visita cidadã, o policial militar deve:
a) Saudar educadamente o cidadão;
b) Apresentar-se como o policial militar do quadrante;
c) Apresentar o novo modelo de policiamento e asseverar a intenção da
Polícia Militar em prestar um serviço que lhe proporciona uma segurança real,
verdadeira;
d) Estimular o morador a melhor se prevenir, analisando suas fragilidades
e lhe repassando cuidados específicos;
e) Pedir a colaboração do morador para a qualidade de vida do bairro;
f) Registrar o BAP;
g) Entregar o cartão com dados funcionais do quadrante (se houver);
h) Despedir com a mesma educação da apresentação.
A visita cidadã é uma modalidade de policiamento preventivo e deve
revestir-se da devida formalidade exigida na relação de um prestador de serviço com
seu cliente. A amizade conquistada não deve ingressar no campo pessoal, sem,
contudo, deixar alcançar a empatia com a situação do cidadão.

3.2.4 Visita cidadã residencial


É aquela realizada em residências para:

[...] verificar as carências daquela família, a situação sócio-econômica,


identificar as formas mais comuns de violência a que estão sujeitos, além de
colher solicitações e informações pertinentes à criminalidade e aos conflitos
existentes, a fim de que o policial militar possa resolver, orientar ou
encaminhar tais problemas e solicitações aos órgãos competentes (SENASP,
2010, p. 159).

A visita cidadã em residência, como modalidade de policiamento propicia


a infiltração da Polícia Militar em áreas pouco policiadas e leva ao morador o
sentimento de preocupação e zelo que o Estado está denotando a seu respeito.
3.2.5 Visita cidadã comercial
No comércio, a frequência de visita é maior e, consequentemente, se
repete com maior facilidade por três motivos: 1) número de estabelecimentos
comerciais é menor que de residências; 2) se situa em locais de maior fluxo de

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pessoas e 3) são mais suscetíveis a furto e roubo, no entanto não podem ser
priorizadas em detrimento das residências.
“Nas visitas comerciais, devem ainda ser observadas as condições de
segurança e a vulnerabilidade a eventos criminosos (principalmente furto e roubo) de
modo que o policial militar possa orientar sobre as formas de prevenção” (SENASP,
2010, p. 160).
No patrulhamento tradicional os policiais militares patrulham distantes
das pessoas, executando o equivocado método de prevenção pela exclusividade do
policiamento. Por mais público que seja o policiamento não há impedimento aos
policiais militares de acessarem os estabelecimentos comerciais.
Adentrar ao imóvel, conversar com os comerciários e clientes e
aproveitar para transmitir orientações de prevenção e formas de acionar a PM no caso
de emergência, trata-se de um modelo de policiamento eficiente e que aproxima o
cidadão da Polícia Militar.

3.2.6 Visita cidadã em órgão público ou entidade privada.


Os policiais militares do quadrante devem buscar a aproximação do
órgão público como creches, escolas, hospitais e entes privados, como igrejas,
Organização não Governamental (ONG), associações, com fim comum da visita que
é a prevenção, por métodos próprios e aproximação com a PM, bem como para “[...]
o levantamento de dados sobre o funcionamento e a atuação de cada órgão [...]”
(SENASP, 2010, p. 160) para, através dele, encaminhar solicitações do cidadão para
a resolução de problemas e para ser possível o acionamento do diretor, presidente ou
chefe do órgão em caso de emergência, pois nesses locais, geralmente, estão
fechados à noite e finais de semana, estando vulneráveis ao crime.

3.3 VISITA SOLIDÁRIA


A visita solidária ocorre quando os policiais militares visitam as vítimas
de crime e incivilidades havidas no quadrante, para outras providências policiais e
orientações sobre prevenção. É através da visita solidária que o policial militar faz um
estudo de caso e conduz a vítima a refletir se o seu comportamento contribuiu para o
desfecho delituoso. Igualmente, o policial militar enriquece sua lista com novas
maneiras de prevenção.

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A aproximação do policial militar após a ocorrência criminal é importante
para renovar a confiança do cidadão em relação à Polícia Militar, às vezes abalada
após a ocorrência de um crime que a PM não conseguiu evitar. É através da visita
solidária que o policial militar se projeta no lugar da vítima e, através da empatia, possa
sentir melhor a aflição da pessoa e, com isso, valorizar o seu serviço e dedicar-se com
melhor eficiência.
Por meio da visita solidária o policial militar pode suscitar mais
informações a respeito do delito e sobre o criminoso, propiciando conhecer sua forma
de atuação, possibilitando a identificação da autoria e a elucidação de outros crimes.
Prevista no procedimento 408.03 do POP PMTO, consiste no atendimento policial,
pós-ocorrência, à pessoa vítima de ação delituosa, onde
A visita solidária, bem sucedida, propicia a restauração da Ordem
Pública através da possibilidade de responsabilização do autor do crime e do aumento
da sensação de segurança.

3.3.1 Objetivos da visita solidária.


A visita solidária, como instrumento do policiamento comunitário, é
utilizado para alcançar as finalidades deste e deve estar ligado a uma “espinha dorsal”
para o fim único do policiamento comunitário. Portanto, para alcançar os fins
desejados, os objetivos da visita solidária são:
a) Identificar o autor do delito através de novas informações que a
perspicácia do policial militar permite extrair, bem como após o fim do êxtase
provocado pelo impacto, faculta à vítima melhor retratar o episódio.
b) Relacionar o sinistro criminoso a outros eventos para buscar associar
autores, através do seu modo de ação;
c) Conduzir a vítima a refletir sobre seu comportamento para corrigir
possíveis falhas que contribuíram para o crime;
d) Enriquecer o acervo da Polícia Militar sobre novas maneiras de
prevenção e sobre o modo de atuação dos delinquentes com fim de orientar os
cidadãos sobre novas maneiras de prevenção;
e) Melhorar o nível de sensação de segurança que a vítima possuía antes
do crime, se não puder aumentá-lo;

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f) Fazer com que o policial militar possa compreender a vítima e entender
sua aflição (empatia) para melhorar sua atuação e comprometimento com a
segurança pública;
g) Corrigir possíveis falhas no atendimento reativo ou sobre o policiamento
preventivo;
h) Colher dados necessários para o planejamento adequando das ações
policiais.

3.3.2 Como realizar uma visita solidária


O CPU (ou seção designada pela UPM) disponibilizará o relatório de
ocorrências indicando aquelas passíveis de visita solidária, no qual cada comandante
de quadrante buscará as informações que o subsidie na execução das visitas. Caso
o comandante da guarnição tenha dados antecipadamente, poderá solicitar ao CPU
para a realização do atendimento.
O fornecimento dos dados deve ser preciso o suficiente para que os
policiais possam entender a dinâmica do fato, mas sucinto para que o PM compreenda
o episódio pela narrativa da vítima.
Os policiais militares devem entender que a visita solidária é um método
de policiamento e que devem adotar o comportamento de patrulha e de
posicionamento da viatura em estacionamento para garantir a presença asseguradora
da PM no local e propiciar à comunidade imediata a segurança favorecida pela
presença da Polícia Militar nas imediações.
A visita deve ser objetiva, tendo a narrativa da vítima no primeiro
momento, seguido pela expressão de sensibilidade do PM, pela análise do fato, pela
orientação a respeito da prevenção e pela dedicação da PM no sentido de evitar
futuros delitos – sequência de ações do procedimento 408.03 –.
A visita que não puder ser realizada no período diurno deverá ser
agendada para o momento adequado, considerando, ainda, os picos criminais, os
quais deverão ser evitados para que não haja falha no policiamento preventivo.
Importante se faz lembrar que as visitas devem ser registradas no BAP e não devem
ser realizadas individualmente.

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3.3.3 Quando realizar a visita solidária
Em regra, a visita solidária é destinada a todas as vítimas de delitos, no
entanto, em algumas situações não são recomendadas e, portanto, devem ser
evitadas. Nos fatos de briga generalizada, vias de fato, a visita solidária não é
eficiente, vez que não possibilita facilmente a autoanálise da vítima, que não raras
vezes, é o “pivô” do entrevero, mas que nunca, observou-se como tal. Alguns crimes
em que a vítima é contumaz delinquente, a Polícia Militar geralmente não é bem
recebida pela família, pois a vê como inimiga.
Em outras oportunidades, para coibir o delito e prender os autores, a
Polícia Militar usou, seletivamente, dos seus recursos disponíveis para cessar a
agressão ou permitir a aplicação da lei penal. Nesses casos, a Polícia Militar, para os
envolvidos e suas famílias, também personaliza a antipatia. Existem os casos ainda
dos crimes sexuais, que em virtude da sua natureza e constrangimento das vítimas,
onde as visitas solidárias não são muito aconselháveis. São casos que antes de
realizar a visita solidária, os policiais militares devem consultar o escalão superior e,
com ele, deliberarem a viabilidade da visita, possibilidade de composição de equipe
multidisciplinar, etc.

3.4. REUNIÃO DE SEGURANÇA COMUNITÁRIA

O policiamento comunitário vai além da cultura reacionária ao delito.


Também transcende o planejamento estratégico e a polícia de resolução de
problemas. Ele mobiliza a comunidade para fins de solução mais ampla dos
problemas comunitários e de angariar sua simpatia para consolidar uma parceria. A
confiança e simpatia da comunidade não se compram antes de tudo se conquista.
Para formar uma parceria com a comunidade é necessário construir com ela um
relacionamento pautado na confiança e lealdade.
A reunião de segurança comunitária propicia essa construção, se
observado esses princípios éticos. A reunião está operacionalizada no procedimento
408.04 e apresenta a oportunidade para prestar contas daquilo que a Polícia Militar
produziu no mês/período anterior e reafirmar que os resultados podem ser melhores
se houver a participação efetiva da comunidade. Para mobilizar a comunidade, antes,
porém, é necessário angariar a sua simpatia. Para isso, a honestidade é essencial,
mesmo quando os resultados não sejam satisfatórios. Tanto o processo quanto os
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resultados foram gerenciados conjuntamente, portanto devem ser avaliados
igualmente.
Na reunião comunitária, além da prestação de contas é oportunidade
singular para discutir medidas preventivas e ouvir as reclamações sobre a
criminalidade e da má prestação de serviço, se houver. Quanto a informações
relevantes para a segurança pública, há três fontes: do serviço de inteligência, das
estatísticas e as comunitárias. É bastante comum o departamento de planejamento
não obter dados corretos por falta de registros de crimes, mas as vítimas que não
acionaram a emergência da PM comentam com seus vizinhos. Daí, as situações
ocultas às estatísticas – sub notificações – emergem nas reuniões.
Por outro lado, a presença dos policiais militares que compõem o
quadrante nas reuniões, propicia o comprometimento desses com o policiamento
comunitário, pois encurtam a distância burocrática que existe entre a polícia e a
comunidade que, historicamente, as separam uma da outra. É vantajoso que nas
reuniões comunitárias os policiais ouçam os flagelos dos cidadãos, bem como ouçam
os elogios e as críticas. O comandante da UPM ou do quadrante deve explorar essa
oportunidade para elogiar os PM do quadrante e destacar as atuações positivas que
culminaram em prisões. O destaque é recebido pela comunidade que valorizam ainda
mais os seus policiais.
A reunião de segurança comunitária deve ser conduzida pelos policiais
militares que também devem aproveitar as visitas cidadãs e solidárias para reforçar o
convite quanto para expandir àqueles que não compareceram a reunião anterior. Na
reunião mensal não há composição de mesa e a frente somente o cerimonial (um
policial militar) e aqueles aos quais forem franqueados. É obvio que o comandante da
UPM ou do quadrante será o expositor principal, pois divulgará os resultados obtidos
no período anterior – periodicidade máxima de 3 meses –. A ordem de colocação deve
ser conduzida pelo cerimonial que conduzirá a pessoa à frente. Esse método evita a
abordagem desnecessária de assuntos impróprios, bem como limita a pessoa ao seu
tempo. A sequência de ações está prevista no procedimento 408.04 do POP PMTO.
As reuniões devem ser breves para não permitir o retorno das pessoas
em horário impróprio, respeitando a jornada do dia seguinte. Também não poderá ser
muito cedo para permitir que haja tempo para os trabalhadores comparecer. A reunião
seguinte deve ser divulgada na presente reunião, visando facilitar a divulgação.

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Resumidamente, a reunião de segurança comunitária é um instrumento
valioso para o policiamento comunitário, pois contribui para fortalecer a parceria com
a comunidade, melhorando a confiança dos cidadãos com respeito à Polícia Militar e
uma oportunidade para a PM prestar contas, para difundir orientações e inspirar um
melhor “comprometimento” dos policiais militares que são confrontados pessoalmente
com as aflições das pessoas.

3.5. POLICIAMENTO CICLÍSTICO

Várias polícias militares e guardas municipais brasileiras possuem


bicicletas como recurso no desempenho do seu serviço ostensivo. Não é uma
originalidade nacional, já que outros países possuem o policiamento ciclístico em suas
corporações policiais, muitos deles de modo mais amplo e com uma adesão mais
intensa. Na Holanda, por exemplo, não é difícil observar a priorização das bicicletas
pela polícia, já que no país há duas vezes mais bicicletas do que carros.
O policiamento ciclístico tem vantagens e desvantagens em relação ao
policiamento motorizado e ao policiamento a pé. Se estamos falando de policiamento
de proximidade, no qual o contato do policial com os demais cidadãos torna-se central,
a bicicleta é um meio de transporte interessantíssimo para a materialização deste
objetivo. O cidadão se sentirá menos constrangido em interpelar um policial em
bicicleta do que numa viatura quatro rodas. Naturalmente, a bicicleta é um transporte
para uso em curto espaço geográfico: mais um ponto para o policiamento comunitário
de proximidade, já que impede que o policial se desvincule de determinada área, o
seio comunitário que lhe foi designado para proteger e interagir com os cidadãos.
O policiamento ciclístico é indicado para locais onde se pretende
prevenir pequenos delitos, como furtos, roubos e o tráfico de drogas descentralizado
dos campos minados dominados por quadrilhas armadas. Praças, orlas, pequenas
comunidades e centros comerciais são exemplos de locais adequados para o
emprego de policiais em bicicletas. Bom lembrar que não se deixa de ser policial por
estar numa bicicleta, sendo necessário sempre acatar as normas de segurança e os
princípios técnicos necessários para o desempenho do serviço.
Da mesma forma, apenas a bicicleta não fará o policial mais tolerante ao
contato com o cidadão. Trata-se de um meio de aproximação, uma alternativa à
escassez de relacionamento entre policial e comunidade estabelecida pela viatura
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motorizada. Policiamento ciclístico é uma ferramenta que facilita o estreitamento da
relação polícia-comunidade, sobretudo, se operacionalizado com fundamento na
filosofia de polícia comunitária.
Nessa seara, o POP PMTO, por meio do processo 303, apresentou o
Policiamento Ciclístico, abordando inicialmente a manutenção da bicicleta no
procedimento 303.01 – que inclusive especifica as características mínimas da bicicleta
de uso policial –.
O procedimento 303.02 descreveu o patrulhamento ciclístico, que
deverá ser executado por efetivo mínimo de 03 policiais, sendo que as guarnições
serão preferencialmente compostas por duplas, sendo fundamental a coleta de dados
de ações ilícitas ou criminosas efetivadas no turno do serviço anterior para a
efetividade do policiamento comunitário – monitoramento e visitas, por exemplo –.
O processo em análise também apresentou a abordagem com 2 policiais
(303.03) e à pessoas infratoras da lei (303.04) no policiamento ciclístico, observando
as regras técnicas de segurança e o uso seletivo da força. Por fim o procedimento
303.05 descreve a metodologia de acompanhamento e cerco com bicicleta
objetivando a identificação e detenção dos suspeitos/infratores da lei a serem
abordados.

3.6. POLICIAMENTO OSTENSIVO A PÉ

O processo 304 contemplou tal modalidade de policiamento, que se


constitui no emprego operacional mais próximo da comunidade. Em virtude dessa
proximidade, tal ação se insere no contexto das ações de polícia comunitária.
O policiamento visa exercer a atividade de polícia ostensiva, apta para
apresentar uma pronta resposta a alguma solicitação ou situação de perigo, sendo
que os cidadãos devem ser tratados com educação, urbanidade e serenidade,
observados os limites legais e a preservação da ordem pública (POP 304.01).
O procedimento 304.01 prevê a distribuição do efetivo, sendo que
poderão ser distribuídos com no mínimo 2 (dois) policiais militares, conforme o efetivo

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e a necessidade da região. Sempre que possível, um graduado deverá comandar uma
patrulha. O policiamento deverá ser empregado buscando os locais e horários de
maior incidência criminal, vulnerabilidade social e/ou necessidades específicas da
comunidade, a fim de otimizar o emprego dos recursos humanos e materiais,
pautando-se nas informações disponibilizadas pela seção competente.
O referido processo ainda apresentou os procedimentos de fiscalização
do policiamento (304.02) e Patrulhamento a pé (304.03). O primeiro diz respeito à
definição do itinerário e apoio ao policiamento, sobretudo na definição de incumbência
do Comandante do Policiamento a Pé (CPP), que deverá apoiar as patrulhas no
sentido de orientá-las acerca de possível ocorrência, bem como na condução e na
apresentação de infrator da lei à repartição pública competente.

3.7. POLICIAMENTO DE MANIFESTAÇÕES EM LOCAIS PÚBLICOS

Temos visto, nos últimos dias, grandes discussões acerca da atuação


da Polícia Militar dos diversos Estados do País durante as manifestações ocorridas
nas nossas principais cidades, questionando a atuação das mesmas e se os métodos
utilizados estariam de acordo com o que preconiza o Estado Democrático de Direito.
Em razão do que podemos abordar alguns pontos essenciais para análise da matéria.
Nos países democráticos e onde impera o Estado de Direito, uma
consequência lógica dessa democracia e liberdade é o direito que as pessoas tem de
saírem às ruas pacificamente em passeatas ou manifestações para expressar suas
opiniões e sentimentos publicamente, sobre qualquer tema que considerem
importante. Nesse sentido, os instrumentos e normas internacionais, como o Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos, preveem certo número de direitos e
liberdades que se aplicam às reuniões, manifestações, passeatas e eventos similares.
Direitos que visam a proteção da faculdade (liberdade) do cidadão integrante deste
dito Estado de Direito sem que seja tolhido por qualquer autoridade, força ou poder
no que diz respeito ao seu livre arbítrio.
Porém, nenhum direito pode ser exercido sem limites. O livre arbítrio de
cada indivíduo, em nome da coletividade, deve ter limites, ou a ele devem ser impostos
limites, no que se convencionou chamar, amplu sensu, de pacto social. Ao exercício
desses direitos podem ser impostas restrições, desde que legítimas e necessárias

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para que se respeite o direito à proteção de outrem, para a proteção da segurança da
ordem pública, da saúde pública e da moral, respeitando-se o que preconiza, por
exemplo, a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos, quando prevê, em
seu artigo 29, que “todo ser humano tem deveres para com a comunidade”, e no
exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às
limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido
reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas
exigências da ordem pública e do bem estar de uma sociedade democrática. Como
se percebe, o equilíbrio se encontra, justamente, no fato de que cada direito
corresponde a uma obrigação que, neste caso, está diretamente ligada aos deveres
da pessoa para com a comunidade na qual está inserida.
Nesse diapasão, podem surgir situações especiais e excepcionais que
podem colocar em perigo a ordem pública, a segurança das pessoas e, em última
instância, a segurança do próprio Estado. São circunstâncias provocadas por conflitos
armados, distúrbios civis ou desastres naturais, que requerem do Estado uma atuação
especial para restaurar a ordem e a normalidade. Em todas estas situações a Polícia
Militar estará presente, mas nos casos de manifestações populares, a Polícia Militar,
atuando na missão que lhe é peculiar, foi e é a única instituição que, dentro do
esquema de segurança possível em situações de tal natureza, desempenha as ações
necessárias ao exercício da cidadania, do gozo dos direitos e, até, do exercício do
pensamento contrário às ações da própria Instituição. Ela é, na maioria das vezes, a
primeira linha de defesa dos direitos fundamentais da pessoa e, assim agindo, reforça
a noção de Estado Democrático de Direito. Isto é cristalino nas imagens dos noticiários
que realizam a cobertura das manifestações, aonde se vê, exclusivamente, a
presença de Policiais Militares como representantes diretos do Estado na proteção e
defesa dos direitos de todos os presentes e também da coletividade.
Com estes conceitos definidos, inferimos que, em um Estado de direito,
a paz, a estabilidade e a segurança de um país dependem, em larga escala, da
capacidade das organizações de aplicação da lei em fazer cumprir a legislação
nacional e manter a Ordem Pública de forma eficaz. A participação em reuniões e
manifestações requer mais do que a compreensão das responsabilidades legais de
quem garante a segurança de tais eventos. Requer, também, a compreensão
simultânea dos direitos, obrigações e liberdades de todas as pessoas que delas

Ações de Polícia Comunitária – POP PMTO


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participam. Nesse sentido, a essência da preservação da Ordem Pública é
exatamente permitir a reunião de um grupo de pessoas que esteja exercitando seus
direitos e liberdades legais sem, protegendo-os de qualquer interferência que possa
infringir seus direitos enquanto, ao mesmo tempo, se assegura a observância da lei
por todas as partes, inclusive por parte dos manifestantes. É a mais pura acepção de
uma atividade democrática.
A tentativa de fazer da ação da PM uma demonstração de autoritarismo,
remetendo-a aos tempos de regime militar no Brasil, ou comparando-a às polícias de
regimes ditatoriais é, no mínimo, absurda. A Polícia pode e deve estar presente em
qualquer tipo de manifestação popular, como dito, não para reprimir um direito legal e
assegurado do cidadão, mas para evitar a prática de crimes por aqueles que,
aproveitando-se da situação e oportunidade, praticam atos contrários à democracia,
à cidadania e aos bens jurídicos importantes à coletividade e, por isso, tutelados pelo
Estado. Como exemplo, podemos citar o ocorrido em Nova York, em novembro de
2011, durante o desmonte de acampamentos de manifestantes do “ocupe Wall
Street”, aonde centenas de pessoas foram presas, e depois do que houve uma larga
discussão sobre “uso abusivo da força”, por parte dos policiais.
Aliás, sobre o assunto, primordial e importante é esclarecer que, no
Estado de Direito, a Polícia tem autorização para usar a força a fim de garantir a ordem
e a segurança. E mais além, é dela o monopólio do uso da força. É obvio que, no
exercício desta faculdade devem ser observados os critérios estabelecidos, hoje,
pelos instrumentos internacionais que estabelecem limites a esse
dever/poder/faculdade, estabelecendo critérios para o da força. Estes critérios
determinam, por exemplo, primordialmente no desempenho da atividade policial, o
uso mínimo da força, ou seja, a utilização da força mínima necessária para levar a
cabo uma missão lícita de preservação da ordem pública, bem como a legitimidade
necessária prevista em uma ação que tem como objetivo a proteção do estado de
direito, e a certeza que, agindo, a Polícia Militar seja parte da solução e não do
problema, demonstrando que o uso da força não se confunde com violência, haja vista
ser esta uma ação arbitrária, ilegal, não legítima. E atualmente, se enfatiza que os
policiais e outros funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem ter
conhecimento teórico e prático sobre o uso diferenciado da força, o que possibilitará
o alinhamento de todas as ações praticadas por estes com o que preconizam as

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disposições internacionais sobre o uso da força por parte do Estado e o procedimento
das instituições de segurança em situações de manifestações, enfatizando que o uso
do poder para usar a força e/ou armas de fogo não é uma questão pessoal, do
indivíduo, mas uma questão funcional, o que embasa a disposição de que o emprego
da força por parte dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei deve ser
excepcional, respeitando-se sempre os princípios que os baseiam: legalidade,
necessidade, proporcionalidade, razoabilidade.
Ocorre que, em situações de multidão, é muito tênue o limite entre o
necessário e o excesso, entre o que é legítimo do que não é. Quando posta em ação,
em razão da necessidade de restauração da ordem pública violada, nenhuma polícia
é “angelical”. Além disso, deve ficar claro, também, que o agente de segurança
pública, para usar a força no exercício das suas atividades, não necessariamente deve
ser primeiramente atacado, ou que tenha que se expor desnecessariamente ao
perigo. O que é indispensável é que se tenha um uso diferenciado da força,
respeitando-se aspectos técnicos e medidas de seu uso que só um corpo altamente
profissional e treinado pode colocar em prática. Alguns possíveis erros e exageros
praticados não pode, jamais, colocar em xeque a atuação de uma instituição que está
ao lado da população, garantindo seus direitos e evitando excessos que prejudicariam
não apenas os presentes, mas a coletividade de uma forma geral.
A partir deste contexto, o POP PMTO estabeleceu o processo 606 para
dispor a respeito do Policiamento de Manifestações em locais públicos, que
compreende os procedimento 606.01 – manifestações envolvendo pessoas em
atitude pacífica – e 606.02 – manifestações envolvendo pessoas infratoras da lei –.
Tais procedimentos dispõem, sobretudo, acerca da operacionalização da atuação
policial militar nestes eventos, onde a coleta das informações a respeito da quantidade
e ânimo dos manifestantes, bem como a identificação e contato, se possível, com os
líderes das manifestações são pontos iniciais para tal policiamento e pontos que
merecem atenção especial.
Insere-se na seara da polícia de proximidade considerando que a polícia
age, diretamente em contato com o cidadão, na busca da melhor forma de
desempenho da cidadania possível em um Estado Democrático, facilitando,
organizando e protegendo as manifestações públicas pacíficas, reduzindo situações
de tensão e violência, usando a força apenas para manter a lei, minimizando os danos,

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preservando, respeitando e protegendo a vida de todos os envolvidos e sendo
responsável, juntamente com a sociedade a que serve, pela preservação da Ordem
Pública, conscientes de que uma atuação estritamente profissional de cada indivíduo
resultará na contribuição para os resultados coletivos e para a melhoria do
desempenho da Polícia Militar no exercício da Democracia e na consolidação do
Estado Democrático de Direito.

Ações de Polícia Comunitária – POP PMTO


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