Você está na página 1de 11

Engrenagens helicoidais

Os dentes nas engrenagens helicoidais são cortados em ângulo com a face da


engrenagem. Quando dois dentes em um sistema de engrenagens helicoidais se acoplam,
o contato se inicia em uma extremidade do dente e gradualmente aumenta à medida que
as engrenagens giram, até que os dois dentes estejam totalmente acoplados.

Foto cedida Emerson Power Transmission Corp.


Figura 3. Engrenagens helicoidais

Este engate gradual faz as engrenagens helicoidais operarem muito mais suave e
silenciosamente que as engrenagens de dentes retos. Por isso, as engrenagens
helicoidais são usadas na maioria das transmissões de carros.
Devido ao ângulo dos dentes de engrenagens helicoidais, elas criam um esforço sobre a
engrenagem quando se unem. Equipamentos que usam esse tipo de engrenagem
têm rolamentos capazes de suportar esse esforço.
Algo interessante sobre as engrenagens helicoidais é que se os ângulos dos dentes
estiverem corretos, eles podem ser montados em eixos perpendiculares, ajustando o
ângulo de rotação em 90º.

Foto cedida Emerson Power Transmission Corp.


Os dentes são dispostos transversalmente em forma de hélice em relação ao eixo. É usada em
transmissão fixa de rotações elevadas por ser silenciosa devido a seus dentes estarem em
componente axial de força que deve ser compensada por mancal ou rolamento. Serve para
transmissão de eixos paralelos entre si e também para eixos que formam um ângulo qualquer
entre si (normalmente 60 ou 90°).]

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA


Apostila para o curso

Engrenagens Helicoidais

AUTOR: PROF. DR. AUTELIANO ANTUNES DOS SANTOS JUNIOR

DEPARTAMENTO DE PROJETO MECÂNICO FEM UNICAMP

Resumo

Essa apostila trata dos conceitos básicos para análise de engrenagens cilíndricas de dentes

inclinados, ou helicoidais, conforme abordados nas disciplinas Sistemas Mecânicos e

Elementos de Máquinas. Descreve geometria desse tipo de engrenagem, as solicitações as

quais os dentes estão sujeitos, a resistência dos dentes e os fatores que devem ser levados

em conta no projeto. Trata-se de um resumo, sendo necessária a consulta a textos

especializados para aprofundamento.2

Engrenagens cilíndricas de dentes inclinados, ou helicoidais, são construídas com

dentes que não são alinhados com a direção axial dos elementos de transmissão. São utilizadas

quando é necessário construir reduções que ocupem menor espaço axial e que gerem menor

ruído. A primeira característica vem do fato de que a largura efetiva dos dentes é maior do que

a de engrenagens cilíndricas de dentes retos e a segunda é devida ao engrenamento gradual


dos

dentes.

A figura 1 mostra um conjunto de redução com esse tipo de engrenamento. As

engrenagens têm os dentes inclinados em sentido oposto uma da outra, para permitir o

engrenamento sem que os dentes se cruzem. Se imaginarmos o conjunto em movimento, é


fácil

observar o engrenamento gradual. Considere a engrenagem da direita movendo a da


esquerda: a
parte do dente mais próxima da face frontal das engrenagens entra em contato primeiro e o

restante do dente vai gradualmente entrando em contato com o resto do dente conjugado.

Também é possível observar que o rolamento entre os dentes ocorre num plano inclinado em

relação à face do conjunto. Assim, o perfil evolvente deve ser gerado em torno de um cilindro

que também está inclinado em relação aos eixos das engrenagens.

Figura 1. Engrenagens Cilíndricas de Dentes Inclinados (Helicoidais)

Engrenagens de dentes inclinados geram esforços axiais, já que o contato ocorre em um

plano inclinado em relação ao eixo dos elementos. Para suportar esses esforços deve-se prever
a

utilização de mancais de escora ou mancais radiais, como os rolamentos de contato angular.

Uma providência de projeto bastante comum é a montagem de uma redução com dois pares
de

engrenagens, cada conjunto gerando esforços axiais em uma direção. Com engrenagens

semelhantes, os esforços axiais resultantes serão mínimos. A figura 2 mostra esse tipo de

montagem.

Figura 2. Montagem de um Par de Engrenagens Helicoidais para evitar Esforço Axial3

Um esquema dos dentes e das variáveis envolvidas no estudo das engrenagens

helicoidais é mostrado na figura 3. Nessa figura,y é o ângulo de hélice, que define a inclinação

dos dentes em relação ao eixo das engrenagens; p é o passo; pn é o passo normal ou


ortogonal;

pa é o passo axial e b é a largura da engrenagem. A variável b’, não mostrada, é utilizada para a

largura efetiva dos dentes, que em engrenagens helicoidais depende do ângulo de hélice.

Figura 3. Vista Superior de uma Engrenagem Helicoidal mostrando as designações mais


importantes

A figura 3 também mostra os planos RR e NN. O primeiro é o plano perpendicular ao

eixo da engrenagem e o segundo é perpendicular aos dentes. A visão dos dentes em cada
plano

é diferente. A figura 4 mostra os dentes em ambos os planos. Nessa figura, fn é o ângulo de

pressão normal ou ortogonal e f é o ângulo de pressão. Pode-se notar que os ângulos são
diferentes. O ângulo normal é o que realmente está no plano de rolamento e é normalizado.

Embora o perfil dos dentes deva ser evolvental nesse plano, dificuldades de fabricação

impedem que isso ocorra. Pequenas diferenças são levadas em conta no dimensionamento

através da modificação dos fatores geométricos.

Figura 4. Visualização dos Dentes de Engrenagens Helicoidais. À esquerda, corte no Plano NN

da figura 3; à direita, corte no Plano RR

Com as figuras 3 e 4 é possível descrever as relações entre as diversas variáveis.

Assim, o passo normal pode ser calculado por:

___

[1]

_4

O ângulo de pressão normal é dado por:

[2]

E o módulo normal, que é diretamente proporcional ao passo normal, é dado por:

2. Análise de Forças em Engrenagens Helicoidais

Conforme já mencionado, o contato entre os dentes ocorre no plano inclinado NN.

Assim, a força de contato F, que é normal à superfície de ambos os dentes, também deve estar

nesse plano. Devido à essa inclinação, três componentes de força são geradas. As
componentes

radial (Fr) e axial (Fa) não causam torque nos eixos de transmissão. A primeira causa flexão e a

segunda apenas tensão axial. Embora sejam importantes no dimensionamento da transmissão

com um todo (eixos, engrenagens, selos, mancais, ...) aparecem apenas indiretamente nos

cálculos das tensões nos dentes. De fato, uma vez que os ângulos de hélice e pressão para um

conjunto de redução são fixos e definem a relação entre as forças, o efeito de cada uma pode
ser

incluído na força tangencial (Ft), que é a que define o torque que está

sendo transmitido. A figura 5 permite determinar as relações entre as forças. Nessa figura é

mostrada uma vista superior da engrenagem helicoidal e os dentes nos planos RR e NN.
Figura 5. Esquema para a determinação das relações entre as Forças em Engrenagens
Helicoidais5

A força tangencial pode ser obtida a partir dos dados de entrada do problema.

Normalmente esses dados são a potência (ou torque) e a rotação da fonte de acionamento

(motor). Para calcular a força é necessário que se conheça o raio da engrenagem, que não está

disponível no início de um projeto. Uma estimativa inicial do raio pode ser obtida levando-se

em conta as recomendações de projeto descritas na apostila para engrenagens cilíndricas de

dentes retos, que relacionam a distância entre centros e a redução desejada com as
dimensões.

Supondo o raio conhecido, pode-se obter a velocidade e, com a potência, calcular a força

tangencial conforme a equação:

A figura 5 mostra que a relação entre Ft e Fr é dada por:

A força axial Fa, gerada pela inclinação dos dentes e pelo contato no plano

inclinado, depende do ângulo de hélice conforme a equação 5. A relação mostrada nessa

equação pode ser vista no esquema de forças no centro da figura. Nesse esquema também

pode ser vista a força que causa flexão no pé do dente, cujo símbolo é Fb e cuja relação com

a força tangencial é mostrada na equação 7.

A força no contato entre os dentes é composta das componentes axial, tangencial e

radial e pode ser obtida por:

3. Tensões e Resistência em Engrenagens Helicoidais

Da mesma forma que para engrenagens cilíndricas de dentes retos, as tensões relevantes

para o dimensionamento dos dentes são geradas pela força a ser transmitida. A figura 6
mostra

um modelo foto-elástico de um dente em pexiglass em contato com outro de um material

metálico. Por essa técnica é possível visualizar as linhas de deformação (ou tensão) geradas

pelos esforços. A diminuição do espaçamento dessas linhas significa uma maior concentração

de tensões. Observando a figura é possível identificar a raiz do dente e o ponto de contato


entre
os dentes como os pontos de maior tensão, conforme já visto no estudo de engrenagens de

dentes retos.6

Figura 6 - Modelo Foto-elástico da Distribuição de Tensões em Dentes de Engrenagens

3.1. Tensões e Resistência na Raiz do Dente

A equação 9 mostra o cálculo das tensões no pé do dente em engrenagens

helicoidais, conforme recomendado pela Associação Americana dos Fabricantes de

Engrenagens (AGMA), órgão regulador nessa matéria na América do Norte. Consiste

basicamente na mesma equação apresentada para dentes retos e, portanto, valem as

mesmas considerações, a menos de duas pequenas modificações. Engrenagens

Helicoidais, devido ao formato dos dentes, não são tão sensíveis ao desalinhamento,

principalmente se houver uma sobreposição de dentes em contato, isto é, mais de um

dente estiver em contato em cada momento, o que é o esperado. Assim, o fator que leva

em consideração a montagem, Km, não precisa ter os valores recomendados pela tabela

2 do texto sobre engrenagens cilíndricas de dentes retos. A AGMA recomenda um valor

7 % menor, ou seja, recomenda a inclusão de um multiplicador de valor 0,93 na

equação.

Uma segunda diferença leva em consideração o fato de que o perfil dos dentes

no plano ortogonal não é exatamente evolvental. O fator J para engrenagens helicoidais

inclui essa diferença. Esse fator é obtido do gráfico da figura 7 para uma engrenagem

cuja conjugada tenha 75 dentes. Para engrenagens cuja conjugada tenha qualquer outro

número de dentes, a figura 8 mostra o fator de correção que deve ser utilizado. Os dados

de entrada na figura 7 são o número de dentes na engrenagem onde se quer conhecer a

tensão e o ângulo de hélice.Para a figura 8 é necessário utilizar também o número de

dentes da engrenagem conjugada.7

Figura 7 - Fator Geométrico J para Engrenagens Helicoidas com Conjugada de 75 dentes

A resistência à flexão no pé do dente é calculada exatamente da mesma maneira

que para engrenagens de dentes retos. A equação 5 da apostila que trata desse tipo de
engrenagem é repetida aqui, na equação 10. Todos os fatores e variáveis estão descritos

na apostila citada.

3.2. Tensões e Resistência no Contato entre os Dentes8

As tensões no contato entre os dentes de engrenagens helicoidais também são

calculadas basicamente da mesma forma que para dentes retos. Novamente, a

recomendação da AGMA para o fator montagem deve ser incluída. Uma segunda

recomendação leva em consideração o número médio de dentes em contato,

representado pelo valor CR na equação. O valor de CR é chamado também de razão

de contato e pode ser calculado pela equação 11.

O termo rij na equação anterior representa um raio: quando i é substituído por a,

representa o raio da cabeça do dente; quando i é substituído por b, representa o raio de

base; quando j é substituído por p, representa o pinhão; quando j é substituído por c,

representa a coroa. Assim, rap é o raio da cabeça do dente do pinhão, e assim por diante.

O termo C é a distância entre centros, ou a soma dos raios primitivos dos dois

elementos. O passo da base pb é dado pela equação 12.

No cálculo da tensão no contato também deve ser incluída a largura real b’, já

que o contato ocorre no plano normal, ao longo de toda a largura. Essa largura pode ser

calculada dividindo a largura do denteado b pelo cosseno do ângulo de hélice. Assim, a

equação para o cálculo da tensão fica:

Da mesma forma que para as tensões na raiz do dente, não há modificação

para a forma de calcular a resistência à fadiga no contato. A equação 8 da apostila

de engrenagens cilíndricas de dentes retos é repetida abaixo para facilitar o uso

desta apostila. Os fatores multiplicadores foram definidos na apostila citada.

4. Considerações Finais

Engrenagens helicoidais são as mais utilizadas na construção de caixas de câmbio

automotivas e redutores industriais atualmente. O custo total um pouco mais elevado é

suplantado pela sua simplicidade de fabricação e pelas vantagens sobre as de dentes retos.
Algumas características de suas variáveis principais devem ser ressaltadas:

· O ângulo de pressão normalizado é o ângulo normal fn e não o ângulo. O valor do

primeiro é, normalmente, 20

.9

· O módulo normal mn também deve seguir os valores recomendados para o módulo m,

conforme a apostila de engrenagens de dentes retos, embora seja possível encontrar

uma grande quantidade de conjuntos de redução não normalizados.

· Da mesma forma que para engrenagens de dentes retos, é sempre recomendável

procurar valores reais para as resistências ao invés de usar as estimativas propostas nas

equações 10 e 13

· O ângulo de hélice, embora possa ter valor de até 30

, assume muito comumente o valor

de 15

. As engrenagens são utilizadas em geral para transmissão de movimento em sincronia.


Existem ínumeros tipos de engrenagens como por exemplo:

- Engrenagens dente reto;


- Engrenagens helicoidais;
- Engrenagens de corrente;
- Cremalheiras;
- Etc.

Vamos tratar hoje das engrenagens helicoidais.


A indústria automobilística sem dúvida é uma das campeãs em uso de engrenagens
helicoidais. As caixas de cambio mecânico dos automóveis são compostas por trens de
engrenagens helicoidais; máquinas gráficas off-set utilizam conjuntos de engrenagens
helicoidais para sincronismo e movimentação da máquina. Estes e outros equipamentos se
beneficiam das vantagens do engrenamento helicoidal, e o conhecimento da frezagem destas
peças é muito importante.
A dois passos básicos a para se fabricar uma engrenagem helicoidal.

1 - determinar o ângulo de inclinação da fresa de acordo com o ângulo da hélice da


engrenagem
2 - com o número determinado no cálculo anterior, procuramos na tabela de tangentes o
ângulo de inclinação que precisamos

Vejam algumas fórmulas para engrenagens helicoidal

TANGENTE = Diâmetro Primitivo (Dp) x Pi (3.14159) / passo da hélice

Para achar o Passo da Hélice a fórmula é a seguinte:

PASSO DA HÉLICE = Dp x Pi / tangente

Para achar o diâmetro primitivo

Dp= Diâmetro Externo + diâmetro interno / 2

Worm Gears
Photo courtesy Emerson Power Transmission Corp.
Figure 8. Worm gear
Worm gears are used when large gear reductions are needed. It is common for worm gears to
have reductions of 20:1, and even up to 300:1 or greater.
Many worm gears have an interesting property that no other gear set has: the worm can easily
turn the gear, but the gear cannot turn the worm. This is because the angle on the worm is so
shallow that when the gear tries to spin it, the friction between the gear and the worm holds the
worm in place.

This feature is useful for machines such as conveyor systems, in which the locking feature can
act as a brake for the conveyor when the motor is not turning. One other very interesting usage
of worm gears is in the Torsen differential, which is used on some high-performance cars and
trucks.

Você também pode gostar