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J UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL Reitor Manoel Gatarino Paes - Pers Vice-Feitor Mauro Polizer Obra aprovada pelo CONSELHO EDITORIAL DAUFMS, através da Resolugao 11/98 2 edigdo aprovada pela Resolugéo 04/01 CONSELHO EDITORIAL Claudio Alves de Vasconcelos Elela Esnarriaga de Amuda Hordcio Porto Filho Jaime César Coolho ‘José Batista Sales José Luiz Fornasieri Marcia Yukat! Mizusaki Ménica Carvalho Magalhaes Kassar Neuza Maria Mazzaro Somera Ortinda Simal Rosa Maria Femandes de Barros Fiche Catalogrtioa proparada pel seca Central UFMS ‘Maria Pinto Pires de Olvera, Aparecda Ne¢ izadores. = 2.0. ~ Campo Grande, MS : Ed. UFMS, 2001 268 p.: 21 om. Varios autores. sia pubicagao contou com o apoio do COMPED eINEP, no ‘mito Go Programa Pubieag6es do Apoio & Formagao Inical © Contnuada de Protessores. ISBN 65-65017-85-7 009028 | ‘Ana Maria Pinto Pires de O! ‘Aparecida Negri Isqu Organizadoras AS CIENCIAS DO LEXICO LEXICOLOGIA LEXICOGRAFIA TERMINOLOGIA 28 Evicho ‘comnéoos -RODUTORES DA ras sFORMAGEO coro A EP re AS CIENCIAS DO LEXICO Maria Tereza Camargo Biderman OLEXICO O léxico se relaciona com 0 proceso O de nomeacio e com a cognigao da realidade indo semelhangase, inversamente, lizam esses seres ¢ objetos em entidades diferentes, 0 ho- estruturando o mundo que o cerca, rotulanco essas entidades discri- ato da criagdo do mundo mem dar nome & toda a ‘A geragao do léxi € se processa atra vvés de atos sucessivos de cognigao da realidade e de categorizagao da ex- periéncia,cristalizadaem 3s, ou significad genhosa ao associar palavras a conceitos, que simbolizam os referentes. Portanto, os simbolos, ou signos lingilisticos, se reportam a0 universo referencial. Sistemas classificatérios das Iinguas naturais ( processo de cognigio de apropriagio do conhecimento assu- miu formas distintas, ou seja, os sistemas lexicais das numerosfssimas lin- guas naturais (vivas ou mortas). Embora provavelmente se baseiem num proceso de conceptualizago universal, as linguas constituem ‘muito distintos e variados. A conceptualizagao da realidade configura-se Jingiisticamente em modelos categoriais arbitrérios. As categoria lin ticas no so nem coincidentes, nem equivalentes. As Taxionomias que ‘embasam os modelos de categorizagao constituem claboragdes espe ‘cas de cada cultura, embora possamos admitir que as linguas naturais tenham tipos de semantica universalmente compree Em suma, o universo conceptual de uma lingua natural pode ser descrito como um sistema ordenado ¢ estruturado de categorias léxico- gramaticais. As palavras geradas por tal sistema nada mais sio que rotulos, através dos quais © homem interage cognitivamente com 0 seu meio. Vale a pena insist no fato de icas variam de iingua para lingua, raramente ocorrendo que do as sejam dotados dos mesmos tipos categoria. com o patriménio vocabular de uma dada comanidade linguist de sua historia, Assim, para as inguas de civilizagio, esse patriménio titui um tesouro cultural abstrato, ou seja, uma heranga de signos lexicais herdados e de uma série de modelos categoriais para gerar novas pala formais dos signos lingufsticos preexistem, portanto, 20 idade, o falante ccognoscentes juntamen- tecom os modelos formais que configuram 0 sistema lexical Taxionomias técnico-cientificas ‘A etapa mais primitiva de cognigéo da realidade pode ser identificada com a geragdo do Iéxico bésico das linguas naturais. A me- 14 ide que as comunidades humanas desenvolveram progressivamente seu conhecimento da realidade e tomaram posse do mundo circundante, © Assim as comunidades {que atingiram tal estigio de civilizagdo precisaram ampliar sempre mai seu repert6rio de signos lexicais para designar a realidade da qual toma- cia, ao mesmo tempo que precisavam rotular as invengdes jogdes novas desenvolvidas por essas ciéncias ¢ técnicas. Eis por que uusadas pelas sociedades civilizadas vive hoje jum processo de expansio permanente. No mundo contempordneo so- bretudo, esti ocorrendo um crescimento geométrico do Iéxico portugués e das I{nguas modernas de modo geral, em virtude do gigantesco pro- _gresso técnico e cientifico, da rapidez.das mudangas sociais provocadas pela freqiiéncia e intensidade das comunicagdes ¢ da progressiva integragdo das culturas ¢ dos povos, bem como da atuago dos meios de comunicagdo de massa e das telecomunicagies. fo Iéxico 0 tinico do io da lingua que constitui um sistema aberto, diversamente dos de- fonologia, morfologia e sintaxe, que constituem sistemas fecha- As designagées dos referentes criados pelas técnicas e pelas cién- ccias constituem as taxionomias técnico-cientificas, Essas taxionomias sio sistemas classificatérios engendrados segundo mo ificos ¢, portanto, no mais empiricos como nos primérdios da hist6ria das so- ciedades humanas. Contudo, cada comunidade humana que forja o sew instrumental lingifstico para designar conceitos novos utiliza o modelo herdado por seu grupo social. Assim os termos técnico-cienti- ficos so gerados com base na légica da lingua em questo, segundo os padres lexicais nela existentes. Excetuam-se os empré s muito freqtientes no mundo contemporaneo, sobretudo an; se vém propagando por todas as linguas, em virtude do papel hegem@ni exercido pelos Estados Unidos na contemporaneidade. De fato, 0 inglés tomou-se a lingua universal da ciéncia e da tecnologia. DISCIPLINAS TRADICIONAIS QUE ESTUDAM O LEXICO: ALEXICOLOGIA E A LEXICOGRAFIA pplinas enfocam o seu objeto de estudo, o Iéxico, de ., porém, ambas tém como principal finalidade a descrigio 15 Lexicologia A Lexicologia, cigncia antiga, tem como objetos basicos de © andlise a palavra, a categorizacao lexical e a estruturagdo do léxico. Esses trés problemas tedricos tm merecido pouca atengo dos lingitis- tas. A definigdo e a identificasao da unidade lexical constitui problema tedrico complexo com graves conseqiiéncias em outros dor cialmente na prética vras, ou seja, a categorizag sunto pou- co estudado, a ndo ser nal enfoque dos gramiticos. Quanto tal muléeia, deeconhecida e complens, rara- mente foi objeto de trabalhos cientificos. A rigor, essa questio foi ape- nas aflorada em sua superficie. Importa lembrar que “o léxico de qual quer lingua constitui um vasto dos.” (Biderman, 1978, p.139). Ora, ao nivel do microcosmo lexical, ca Javra da lingua faz parte de uma vastissima estrutura que deve ser considerada segundo duas coordenadas bisicas - 0 eixo paradigmatico ¢ o cixo sintagmatico. Da conjugago dessas simples coordenadas resulta labirinto infindo de significagdes lingtifsticas. Embora se atribua & Semantica o estudo das sign ticas, a Lexicologia faz fronteira com a Semantica, ja que, por ocupar-se do léxico e da palavra, tem que c i ‘Tradicionalmente os estudiosos da Lexicologia tem-se ocupado da problemética da formago de palavras, provincia em que essa ciéncia confina coma Morfologia, dita lexical. Os lexicélogos vém-se d também ao estudo da criacdo lexical, ou seja, dos neologismos. A partir da década de cingiienta muitas pesquisas fe logia faz fronteira lingilfstica; nessas éreas Mais recentemente a Psicolingiiisti tas pesquisas experimentais sobre a estocagem do vocé blema do acesso ao repertério lexical armazenado na mem¢ Lexicografia A Lexicografia € a ciéncia dos d dade antiga tr ssas obras nao passavam de listas de palavras vas para auxiliar 0 Teitor de textos da antiglidade clissica ¢ da ografia sé comecou, de fato, nos séculos XVI © XVII com a elaboragio dos primeiros dicionérios gties (latim € uma lingua moderna). Os primeiros di- 1s em lingua portuguesa dignos do nome sao: o Vocabulirio Por- tugués-Latino de Rafael Blut mes ¢ 0 Dicionério da Lingua Port (J*ed, 1789; 2*ed. 1813). Quan portugués, cles sio obra do século vinte; na verdade, apenas comecando, Ao longo desses tiltimos séculos a descrigdo do Kéxico foi efeti mente realizada pela Lexicografia e nao pela Lexicologia; contudo, essa wrefa foi executada como uma préxis pouco cientifica. A anélise da fazer lexicogratfico os cientificos. Jéa Lexicologia aplicou-se mais cientificamente ao estudo do Ié- xieo. Hoje, porém, é a Lexicografia que vem despertando grande inte- resse entre os lingiistas. DICIONARIOS O diciondrio de em questo, buscando regist ieitos elaborados e cristal um objeto cultural de suma importincia nas sociedades contempordneas, sendo uma das mais relevantes instituiges da civilizago modema, Exer- 7 ccendo funges normativas e informativas na sociedade, esse produto cultu- I deveria ser de uso obrigatério para todos os usuérios da lingua. Podemos considerar um dicionétio de 100,000 a 400.000 pal vras como um tesouro lexical. Via de regra, esse tesourv é fragmen- tado em subconjuntos diferentes, originando-se assim vari dicionérios: 0 dicionério padrio (em tomo de 50,000 palavras) c os diciondrios técnicos e especializados, recobrindo-se assim os diversos campos do conhecimento. Ainda que e de um dicionsi ‘manho médio (50.000 entradas), a nomenclatura do dicionétio padro redine um grande contingente de vocbulos técnicos e cientificos de regionalismos e termos raros, literdrios, desusados, jfi que 0 mais usual nao ultrapassa umas 15.000 palavras. Num acervo de 0. palavras um nimero elevado desses signos siio termos técnico-cient(- cos vulgarizados na lingua geral. Contudo, um ntimero enorme de ignos lingtifsticos nao foram criados em nossa cultura, mas for portados de outras culturas ¢ linguas, ¢ recriados ou adaptados especificidade da lingua portuguesa. O vocabulirio de uma lingua se renova com grande velocidade no undo contempotaneo. Se} lexicégrafa J. Rey-Debove em 25 anos a renovagao vocabular é da ordem de 10%, o que corresponde a 5.000 palavras num conjunto de 50.000 vocabulos (1984, p.57).. Um dicionério é consti ora se reportam a um termo da I lo de entradas ou lemas que gua, ora a um referente do universo extralingtifstico. A lista total desses lemas constitui a nomenclatura do dicionario, a sua macroestrutura, Quanto ao verbete, essa microestrutura tem como eixos bésicos a definigao da palavra em epfgrafe e a ilustrago contextual desse mesmo vocdbulo, quer atra- vyés de abonacées por contextos realizados na I{ngua escrita ou oral, quer através de exemplos. Quanto a ilustracdo nagio) ela é essencial para exp! laramente o signi uso registrado na definigfo. Claro est que o: referidos siio aqueles ja registrados ¢ documentados em contextos realizados e no valores semanticos possiveis, eventualmente atribu- fveis aos Iexemas da lingua. O verbete deve ser completado com informagGes sobre registros sociolingiiisticos do uso da palavra ¢ re- misses a outras unidades do Iéxico associadas a este lema por meio de redes semantico-lexicais. 18 Convém reiterar que o dicionério de lingua registra anorma lexical corrente na sociedade. De fato, o dicionarista nada mais € que o porta- voz.da comunidade lingtifstica ATERMINOLOGIA A Terminologia se ocupa de um subconjunto do Iéxico de uma lingua, a saber, cada érea especitica do conhecimento humano. subconjunto lexical que constitui seu objeto, insere-se no universo referencial. Assim, a terminologia pressupde uma teoria da referéncia, uma correlagio entre a estrutura geral do conhecimento e cédigo lingifstico correspondente. Especificando melhor: a Terminolo- gia deve estabelecer uma relagdo entre a estrutura conceptual € a Citemos Cabré: “A teoria geral da Ter- na natureza do conceito, nas relagdes conceptuais, na relagiio termo-conceito € a atribuigéo de termos aos conceitos ocupam uma posigao chave [nessa ciéncia]. Esse enfoque do conceito ao termo distingue 0 método de trabalho da Terminologia daquele que caracteriza a Lexicografia. Os terminégrafos, que sio os préticos da Terminologia, tém por objeto a atribuigo de denominacdes aos conceitos: atuam pois do conceito para o termo (processo onomasiol6gico); os lexicégrafos, praticos da Lexicografia, partem da denominago, que é a entrada de dicionério, ea caracterizam funcional ¢ semanticamente: movem-se na diregio contréria, do termo para 0 conceito (processo semasiol6gico)”. (1993, p.32-33). Para abordarmos a questio da referéncia, tépico central na Ter- minologia, é preciso propor um modelo cognitivo que permita descrever, relacionar e classificar 0s conceitos, gerando uma taxionomia por meio da qual esses conceitos sio nomeados. Podemos conceber o universo cognoscfvel como um hiperespaco continuo que recortamos em classes de objetos (ou referentes) através de processos de classificagao de acordo com suas caracteristicas distin- tivas do conhecimento usam o instru- o disereto da Iingua, impde-se a aceitago das coerg6es impostas ‘ifstico como meio de abordagem aproximativa desse yento, Por outro lado, dependendo do enfoque peculiar Como o registro e a transi mer pelo sistema mesmo conhec 19 de uma disciplina do conhecimento, um dado referente pode ser percebi do ¢ categorizado diversamente, dependendo do seu uso em cada érea cientifica, ou da sua correlaga0 com outros itens de cada subespago conceptual. Por exemplo: em eletrénica 0 clorito férrico é usado para constrair placas de citcuito impresso em que ele corréi as trihas a serem a indiistria txtil é usado como mordente para fixar as cores reas técnico-cientificas reconhecem os mes- scentes na descrigio do referente, identificando-o mas enfocam-na de modo diverso. No espaco continuo do conhecimento, a fung&o referencial da Jinguagem mapeia um repertério discreto e enumerdvel de simbolos - 0 ico. Dessa maneira, todo conhecimento do universo é transferido para © Iéxico em virtude da relagdo que se estabelece entre cada um dos itens lexicais discretos e 0 espaco referencial designado. Esses sim- bolos, signos lingiifsticos, nao sao itens do conhecimento propriamente dito. So-no apenas no sentido de que s6 podemos manipular o conheci- mento abstrato através dessas formas lingii de memorizar e com as quais podemos operar. ‘meras etiquetas através das quais podemos refi do universo Johnson & Sager, 1980). O.uso de um termo especifico en conceptual e papel ¢ o lugar desse termo nesse sistema estruturado do conhecimento. E relativamente simples atribuir uma forma a um item lexical; 6 dificil, porém, especificar os limites do conceito ao qual ele se refe despeito da norma social atuando na lingua, os individuos podem pretar os conceitos diversamente, segundo sua conceptualizagao da rea~ lidade. Conseqiientemente, os usuarios da lingua podem atribuir ao mes- ‘mo item lexical uma referencia, contendo discriminagdes sutis em rela 0 ao conhecimento do mesmo espaco cognitivo, isto é, usarem o mes- ‘mo termo para referir pontos ndo coincidentes no universo cognosefvel. s por que 6 recomendavel uma normalizagao terminolégica para ga- rantir a univocidade do significado e do uso do termo cientifico. Ora, & desejavel obter o consenso dos usuérios da lingua sobre a sentido e a delimitagdo de um termo cientifico. Para sanar essa dificuldade pode-se deliberadamente propore impor a uniformidade de uso do termo, fixando 20 oficialmente um padrio terminolégico. A despeito de ser dif uma total uniformidade de referéncia, pode-se obter um raz« repert6rio de signos ¢ esses itens lexicais designarem o mesmo referen: te na estrutura geral do conhecimento. Por isso 0 papel da normalizacao terminolégica é essencial. Também se pode padronizar os mecanismo: de designago, permitindo que as neologias criadas possam ser fa mente decodificadas, pois sua referéncia seri ihecidos. Isso vem ocorrendo, com freqtiéncia, em al do conhecimento como a biologia, a farmacologiae a quimica, em virtu- de do sistema taxiondmico adotado nessas éreas. Seria desejdvel que isso se verificasse nas demais éreas do conhecimento (Johnson & Sager, 1980). © que se constata sio divergéncias, as vezes gritantes, na lexicalizago dos termos na lingua, sobr ando as terminologias passam ao uso da lingua geral. Nessa instdncia os termos assumem freqiientemente valores polissémicos, afastando-se de sua monossemia original e muitas vezes adquirindo conotagdes variadas que desvirtuam seu valor denotativo ori Por outro lado, convém lembrar que os criadores de terminologias no portugués freqiientemente ignoram os processos de formago de pa: avras do nosso sistema lingiifstico e geram alguns monstrengos lexicais Esse fendmeno vem ocorrendo muito no dominio da informatica em que especialistas em computagio ¢ informéticos em geral, partindo de uma terminologia gerada na lingua inglesa, criam termos portugueses em total mndincia com os processos de formagio de palavras do portugues. Pior ainda: criam termos hibridos sobre uma base inglesa acrescida de morfemas do portugués como em becapear (backupear), bootar, clicar, customizar, deletar, formatar, inicializar, logar, plugar, renderizar, scanear, startar, storar, além dos decalques ¢ das lexias complexas em que um verbo suporte do portugues se combina com um termo inglés como em dar o (um) boot, dar um enter, dar reset, dar um sort, ete. ‘A normalizagdo de conceitos e termos tem sido objeto de politicas linglifsticas intervencionistas para tentar ordenar os casticos processo 2 frura.} Sf i Ate, quite de euler 20, aubbivo (2) 4. de criago lexical que vém ocorrendo nos variadfssimos dominios do hecimento na sociedade contemporiinea, sendo mais conhecidos os casos do Canadé Francés, da Franga ¢ da Catalunha. No Brasil uma comissdo de especialistas de algumas universidades brasileiras, associa- da & ABNT (Associago Brasileira de Normas Técnicas) vem-se de- brugando sobre esse problema com vistas a propor & comunidade brasi- leira termos e conceitos mais bem formados. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS pee sie |. Dieiondrio de Finguas 52 DE Mouton, 1980, 81-108. REY-DEBOVE, J. “Léxico e dicionério” In: Lexi V-28, 1984, 45-69. a e Lexicologia. ALFA. Su PARTE I LEXICOLOGIA

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