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RESUMO: Este trabalho avalia o desempenho de uma mistura elaborada com o rejeito de manganês
de Licínio de Almeida-BA e o cimento Portland. Sabe-se que o rejeito de manganês é um agente
danoso ao meio ambiente e tem impacto ambiental em rios e lagos. O cimento adicionado ao rejeito
foi um cimento Portland CP4-32 com teores de 2%, 4% e 6% em peso. Verificou-se a eficiência de
cada mistura a partir dos valores dos CBRs (California Bearing Ratio), para a energia intermediária.
Destaca-se que os corpos-de-prova das misturas rejeito de manganês-cimento foram submetidos a
dois tipos diferentes de cura: a cura imersa (4 dias imersos) e a cura mista (4 dias imersos e 3 dias
secos na sombra). Constatou-se que a mistura de rejeito-cimento com teor de cimento de 2%, em
peso, e cura mista apresentou um CBR de 95,10%, o que permite a sua utilização na construção de
base e sub-base de pavimentos e, também, pode evitar problemas ambientais causados pelo rejeito.
toda produção mundial deste metal. Destaca-se textura argilo-areno-siltosa. No trabalho, foram
que as ligas metálicas obtidas com o manganês realizados ensaios CBR (California Bearing
tendem a apresentar maior resistência mecânica, Ratio) e resistência à compressão não
dureza, rigidez e resistência ao desgaste. O confirmada, com três teores do RBI Grade 81
manganês também é utilizado na fabricação de (2%, 4% e 6%) e três períodos de cura (1, 7 e 28
pilhas, baterias, em mandíbulas de altas dias). Concluiu-se que o solo obteve um
resistências para corte de trilhos, e etc. aumento significativo de resistência.
(Medeiros, 2015). Para Castro (2011), o Quanto à mistura solo-cal, dados de
descarte do rejeito de manganês de forma laboratório de Mendonça et al. (1998) mostram
incorreta se torna um fator muito agravante ao que para um tempo de cura 28 dias e para uma
meio ambiente contribuindo para a mistura solo-cal de 6% de teor de cal, em peso
contaminação das nascentes de rios e lagos. da cal na mistura solo-cal, resultou em CBR 8,2
Em 1962, foi implantada uma empresa vezes maior do que o valor do CBR inicial do
mineradora na cidade de Licínio de Almeida - solo natural não misturado com a cal.
BA cujo objetivo era a exploração do minério Já a mistura do solo-cimento também vem
de manganês, material este, amplamente sendo empregada no Brasil há muito tempo,
utilizado na composição das ligas metálicas, pois desde a década de 1960 esta mistura tem
que por sua vez, é essencial na fabricação do sido utilizada em obras de pavimentação em
aço. Vale ressaltar que as atividades de regiões com escassez de pedreira. Grande parte
mineração dessa localidade perduraram por da malha rodoviária do Estado de São Paulo foi
aproximadamente cinco décadas. construída com a mistura de solo-cimento. De
O rejeito do manganês é o resultado de uma acordo com Bernucci et al. (2008), denomina-se
sucessão de etapas de beneficiamento do solo-cimento, quando o percentual em massa de
minério de manganês, que compreende desde a cimento está acima de 5% na mistura com o
extração do material nas minas, transporte, solo. Destaca-se que para Balbo (2007), quando
britagem e, por fim, o peneiramento. a mistura solo-cimento apresentar teores de
Definir a proporção exata do rejeito por cimento, em peso da mistura, menores que 4%,
tonelada de minério beneficiado ainda é muito a mistura é designada de solo melhorado com
complexo, tendo em vista que fatores, a cimento.
exemplo da diversidade de técnicas empregadas Além do mais, o cimento Portland, quando
na extração e condições climáticas, podem misturado com o solo pode influenciar de forma
influenciar para mais ou para menos na geração benéfica na mistura para melhorar o solo nos
desse rejeito. Estima-se, todavia, com base nos seguintes aspectos: diminui expansão, melhora
dados obtidos da empresa mineradora instalada a plasticidade (reduzir IP), eleva o CBR, e
em Licínio de Almeida-BA, e verificando melhora a granulometria do solo para atender as
através do relatório de pesquisa do IPEA especificações da norma. A norma brasileira
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que trata da dosagem solo-cimento é a NBR
que este resíduo representa cerca de 3% por 12253 (2012).
tonelada de minério beneficiado. Em termos Finalmente, este trabalho tem como objetivo
geotécnicos, conceitualmente o rejeito de avaliar, de forma qualitativa, quais as reais
manganês é considerado solo. influências, em termos de CBR, quando são
Atualmente, existem muitos estabilizantes adicionados ao rejeito de manganês de Licínio
para solos no mercado, pode-se destacar o RBI de Almeida-Ba, porcentagens de 2 %, 4% e 6%,
(Road Building International), o cimento em peso, de cimento na mistura. Considerando-
Portland e a cal. França (2003) estudou o se para os corpos-de-prova analisados a cura
comportamento de quatro tipos de solos da imersa de 4 dias e a cura mista de 7 dias (4 dias
Microrregião de Viçosa-MG, constituídos de de imersão e 3 dias secos na sombra). Destaca-
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Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
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ensaio de difração de raios X, com o 26,8% e massa específica seca máxima = 1,720
difratômetro de raios X do IFSC (Instituto de g/cm³. A figura 6 mostra a variação do CBR do
Física de São Carlos). Onde foi detectado, no rejeito de manganês na energia Intermediária de
rejeito de manganês, os seguintes minerais: Proctor. Pode-se observar que o CBR máximo
Gismodina, Muscovita, Caulinita e Quartzo. A do material foi igual a 64% para um teor de
Figura 4 ilustra o resultado do ensaio de umidade 26,8%. Destaca-se que o rejeito de
difração de raios X realizado no rejeito de manganês em seu estado natural apresentou
manganês. uma expansão de 0,1%, no ensaio CBR na
energia intermediária de Proctor.
% (g/cm³)
cimento, em peso, nas misturas rejeito-cimento, CIMENTO)
3.2 Comportamento das Misturas Rejeito de linear. Além disso, a massa específica seca
Manganês-Cimento Portland máxima foi igual a 1,780 g/cm³, localizada no
topo parábola cúbica.
A figura 7 mostra a variação da umidade ótima A figura 9 ilustra a trajetótia de variação do
das misturas rejeito de manganês-cimento para CBR das misturas rejeito de manganês-cimento
os teores de cimento, em peso, de 0%, 2%, 4% e para os teores de cimento, em peso, de 0%, 2%,
6%, a qual foi obtida nos ensaios de Proctor na 4% e 6% obtidos a partir dos ensaios de Proctor
energia intermediária. na energia intermediária, para uma cura imersa
Observa-se que a relação não linear de 4 dias em água.
apresentada na figura 7 foi obtida com apenas 4
pontos, que é um número pequeno de pontos
1,800
para obter tal relação. Provavelmente, se o
cimento (TC), até uma umidade máxima de máx = 0,0018.(TC)3 - 0,0221.(TC)2 + 0,0673.(TC) + 1,72
R² = 1
26,6%. Além do mais, percebe-se que a relação
entre a umidade ótima e o teor de cimento é um 1,650
0 1 2 3 4 5 6 7
polinômio tipo parábola cúbica, ou polinômio
Teor de cimento, TC, (%)
de 3º (terceiro) grau.
Figura 8. Variação da massa específica seca máxima
27,0 versus teor de cimento, para misturas rejeito de
manganês-cimento.
Teor de umidade ótimo (%)
26,5
26,0
Ademais, pode-se observar, na figura 9, que
25,5 a partir do teor de cimento de 2%, o CBR
25,0
aumenta, na proporção em que se aumenta o
teor de cimento (TC), até um valor máximo de
24,5 Wot= -0,0479.(TC)3 + 0,625.(TC)2 - 2,0583.(TC) + 26,8
R² = 1
CBR igual a 218,60%.
24,0 Destaca- se, na figura 9, que o CBR para o
0 1 2 3 4 5 6 7
teor de 2% de cimento foi igual a 76,3%, ainda
Teor de cimento, TC, (%)
um valor baixo para conferir a utilização deste
material como base de pavimento rodoviário,
Figura 7. Variação umidade ótima versus teor de cimento,
conforme recomenda o Manual de
para misturas rejeito de manganês-cimento.
Pavimentação do DNIT. Contudo, para o teor de
A figura 8 mostra a variação da massa 4%, em peso, o CBR foi para 118,5%,
específica seca máxima das misturas rejeito de tornando-se um excelente material para base de
manganês-cimento para os teores de cimento, pavimento. Ainda, o R² da relação mesmo
em peso, de 0%, 2%, 4% e 6% obtidos nos sendo menos que 1 pode ser considerado muito
ensaios de Proctor na energia intermediária. bom, pois está muito próximo de 1.
Pode-se verificar na figura 8 que a partir do A figura 10 representa a variação do CBR
teor de cimento de 2%, tem-se que à medida das misturas rejeito de manganês-cimento para
que se aumenta o teor de cimento (TC), a massa os teores de cimento, em peso, de 0%, 2%, 4% e
específica seca máxima se reduz de forma quase 6%, os quais foram obtidos a partir dos ensaios
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de Proctor na energia intermediária, para cura cimento (TC), até um CBR de 239,9%. Ainda,
mista de 7 dias (imersa de 4 dias e 3 dias secos verifica-se que a relação entre o CBR e o teor
na sombra). de cimento é um polinômio tipo do 3º grau (ou
Observa-se que a relação não linear parábola cúbica).
apresentada na figura 10 foi obtida com apenas Verifica-se, na figura 10, que o valor do
4 pontos, que é um número pequeno de pontos CBR para mistura com teor de cimento de 2% e
para obter tal relação. Provavelmente, se o cura mista foi igual a 95,1%, ou seja, um
número de pontos fosse maior, talvez o valor do excelente resultado, que qualifica este material
R² poderia ser menor do que 1. para ser utilizado com base de pavimento de
estradas. Deste modo, mesmo para um teor de
cimento baixo o resultado foi muito bom,
Cura imersa (4 dias) considerando-se a cura mista.
250
Finalmente, a tabela 2 indica os resultados da
200 expansão medidas nos ensaios CBR’s, na
energia intermediária de Proctor, para as
CBR (%)
Cura mista
(Imersa de 4 dias e 3 dias secos na sombra)
250
200
CBR (%)
150
100
5 CONCLUSÃO
50
CBR = 1,7458.(TC)3 - 10,525.(TC)2 + 29,617.(TC) + 64
R² = 1
As principais conclusões obtidas com este
0
trabalho são as que se seguem:
0 1 2 3 4 5 6 7 i) O material pesquisado (rejeito de
Teor de cimento, TC, (%)
manganês de Licínio de Almeida-BA) não
atende a especificação normativa do DNIT
Figura 10. Variação do CBR versus teor de cimento, das (Manual de Pavimentação) para ser utilizado
misturas rejeito de manganês-cimento e para cura mista.
como base de rodovias, pois o CBR apresentou
um valor abaixo do estabelecido pela norma.
Pode-se constatar através da figura 10 que a Contudo a depender do tipo de cura dos corpos-
partir do teor de cimento de 2% o CBR de-prova, a adição de cimento Portland, em
aumenta, na proporção que se aumenta o teor de
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