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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


CURSO DE FARMÁCIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO V:

Farmácia Básica- SUS

Emanuelle de Lourdes Malheiros Duarte

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Diamantina,2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI


FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE FARMÁCIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO V:

Farmácia Básica- SUS

Autor:

Emanuelle de Lourdes Malheiros Duarte

Supervisor de Estágio:

Marconi Ricardo Dupim

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado 5,


realizado como parte dos requisitos exigidos para
a conclusão do curso de Farmácia.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 4

2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................ 5

2.1 Assistência Farmacêutica no SUS ......................................................................5

2.2. Uso Racional de Medicamentos .....................................................................6


2.2.1 Relação Nacional de Medicamentos Essenciais.............................................7

2.3 Financiamento da Assistência Farmacêutica....................................................8

3 DISCUSSÃO...........................................................................................................9

4 CONCLUSÃO........................................................................................................11

5- REFERÊNCIAS....................................................................................................12

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1. INTRODUÇÃO

O presente relatório descreve alguns aspectos relacionados ao Sistema Único de Saúde


(SUS) bem como o papel do farmacêutico diante desse complexo sistema. Os enfoques
principais foram relacionados à importância do profissional farmacêutico atuante no SUS,
desde o gerenciamento da compra de medicamentos até o contato final com os usuários
durante a dispensação.
O Estágio Curricular Supervisionado Obrigatório V, desenvolveu-se na Farmácia Básica-
SUS da cidade de Diamantina-MG.
A farmácia básica atende pacientes da cidade e município de Diamantina vinculados com
o SUS. Os medicamentos dispensados incluem aqueles da Portaria 344/98 (substâncias e
medicamentos sujeitos à controle especial) e medicamentos básicos de uso restrito.
Para ter acesso aos medicamentos, os usuários devem possuir cartão SUS e apresentarem
receituário médico ou odontológico emitidos nos serviços de saúde sob gestão da Secretaria
Municipal da Saúde ou conveniados a esta.
Assim, as principais funções desenvolvidas pela Farmácia Básica na sociedade é ampliar o
acesso e garantir o uso racional de medicamentos, integrar a assistência farmacêutica às
demais políticas de saúde, otimizar os recursos financeiros existentes e incorporar o
farmacêutico na rede municipal de saúde.
Dessa forma, o estágio foi uma oportunidade de entrar em contato com o mercado de
trabalho, de forma a complementar e aperfeiçoar as competências sócio-profissionais através
de uma ligação entre o sistema educativo e o contato direto com as atividades realizadas pelo
Farmacêutico na Farmácia Básica.

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2 - REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Assistência Farmacêutica no SUS

O sistema de saúde brasileiro passou por transformações importantes nas décadas de


80 e 90 com a criação e regulamentação do Sistema Único de Saúde – SUS. Ele representou
para os gestores, trabalhadores e usuários do sistema uma nova forma de pensar, de estruturar,
de desenvolver, de produzir serviços e assistência em saúde, uma vez que a universalidade de
acesso, a integralidade da atenção, a equidade, a participação das comunidades e a
descentralização tornaram-se os princípios do novo sistema. [1]
A inclusão dos princípios defendidos pelo Movimento da Reforma Sanitária na atual
Constituição Federal e na Lei Orgânica da Saúde garante como direito de todos e dever do
Estado o acesso universal igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, inclusive no que diz respeito à Assistência Farmacêutica. Esta, por sua
vez, deve ser entendida como o conjunto de ações desenvolvidas pelo farmacêutico e outros
profissionais de saúde, tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao acesso e ao
seu uso racional. Envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e
insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensaçao, garantia
da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na
perspectiva de obtenção de resultados concretos e de melhoria da qualidade de vida da
população.[1]
A assistência farmacêutica no Brasil pode ser considerada como parte indissociável do
modelo assistencial existente, sendo de caráter multiprofissional e intersetorial.[2]
No Brasil, o Encontro Nacional de Assistência Farmacêutica e a Política de
Medicamentos (1988) considerou a assistência farmacêutica como um conjunto de
procedimentos necessários à promoção, prevenção e recuperação da saúde, individual e
coletiva, centrado no medicamento, englobando as atividades de pesquisa, produção,
distribuição, armazenamento, prescrição e dispensação, esta última entendida como o ato
essencialmente de orientação quanto ao uso adequado dos medicamentos e sendo privativa do
profissional farmacêutico.[2]

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2.2. Uso Racional de Medicamentos

Os esforços para a readequação de atividades e práticas farmacêuticas objetivando o


uso racional dos medicamentos é essencial numa sociedade que os fármacos constituem o
arsenal terapêutico mais utilizado [3].
No Brasil, além da garantia do acesso aos serviços de saúde e a medicamentos de
qualidade, é necessário a implantação de práticas assistenciais que promovam o uso racional
de medicamentos propiciando resultados que influenciam diretamente os indicadores
sanitários [4].

Ao farmacêutico moderno é essencial conhecimentos, atitudes e habilidades que


permitam ao mesmo integrar-se à equipe de saúde e interagir mais com o paciente e a
comunidade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, em especial, no que se refere
à otimização da farmacoterapia e o uso racional de medicamentos [5].

O envolvimento do farmacêutico no processo de atenção à saúde é fundamental para a


prevenção dos danos causados pelo uso irracional de medicamentos [5].

As ações do farmacêutico, no modelo de atenção farmacêutica, na maioria das vezes,


são atos clínicos individuais. Mas as sistematizações das intervenções farmacêuticas e a troca
de informações dentro de um sistema de informação composto por outros profissionais de
saúde pode contribuir para um impacto no nível coletivo e na promoção do uso seguro e
racional de medicamentos. [4]

A atenção farmacêutica contribui para o uso racional de medicamentos, na medida que


desenvolve um acompanhamento sistemático da terapia medicamentosa utilizada pelo
indivíduo buscando avaliar e garantir a necessidade, a segurança e a efetividade no processo
de utilização de medicamentos. Satisfaz as necessidades sociais ajudando os indivíduos a
obter melhores resultados durante a farmacoterapia [6].

Dentre as formas de promover o uso racional de medicamentos, destacam-se a


implantação e utilização de Relação de Medicamentos Essenciais, Formulário Terapêutico e
Protocolos Clínicos e Terapêuticos.[1]

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2.2.1 Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME

A Política Nacional de Medicamentos propõe garantir segurança, eficácia e qualidade


dos medicamentos ao menor custo possível, promover seu uso racional e seu acesso para a
população. Entre as diretrizes e prioridades estabelecidas está a adoção de Relação Nacional
de Medicamentos Essenciais (Rename), que deverá servir de base ao desenvolvimento
tecnológico e científico, à produção de medicamentos no País e às novas listas construídas nos
níveis estadual e municipal de atenção à saúde. [7]

A relação, elaborada com base no quadro nosológico do País, é o fundamento para


orientação da prescrição e do abastecimento da rede do Sistema Único de Saúde (SUS), com
vistas no aperfeiçoamento de questões administrativas e de redução de custos,
instrumentalizando o processo de descentralização. Abrange um elenco de medicamentos
necessários ao tratamento e controle das enfermidades prioritárias em saúde pública nos
diversos níveis de atenção no País. Pode ser utilizada também como parâmetro para o Sistema
Nacional de Vigilância Sanitária no estabelecimento de suas ações prioritárias tais como: na
concessão e revisão de registros de medicamentos, na análise das informações veiculadas aos
profissionais de saúde e à população, na padronização e atualização de rotulagem e bulas, no
estabelecimento de programas de avaliação da qualidade laboratorial e na avaliação pós-
comercialização.[7]

2.3- Financiamento da Assistência Farmacêutica

O financiamento da Assistência Farmacêutica é de responsabilidade das três esferas de


gestão do SUS e pactuado na Comissão Intergestores Tripartite (CIT). Conforme estabelecido
na Portaria GM/MS n. 204/2007, os recursos federais são repassados na forma de blocos de
financiamento, entre os quais o Bloco de Financiamento da Assistência Farmacêutica, que é
constituído por três componentes (BRASIL, 2007).

Componente Básico da Assistência Farmacêutica: destina-se à aquisição de medicamentos


e insumos de Assistência Farmacêutica no âmbito da atenção básica em saúde e àquelas
relacionadas a agravos e programas de saúde específicos, inseridos na rede de cuidados da
atenção básica.

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Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica: financiamento para o custeio de
ações de assistência farmacêutica nos seguintes programas de saúde estratégicos: controle de
endemias, tais como a tuberculose, hanseníase, malária, leishmaniose, doença de Chagas e
outras doenças endêmicas de abrangência nacional ou regional; anti-retrovirais dos Programas
de DST/Aids, Sangue e Hemoderivados e Imunobiológicos.

Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional: financiamento do Programa


de Medicamentos de Dispensação Excepcional, para a aquisição e distribuição do grupo de
medicamentos da tabela de procedimentos ambulatoriais.

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3- DISCUSSÃO

Segundo Cohn (2009), mais de 20 anos depois da Reforma Sanitária, muito se avançou,
porém, esses avanços não foram lineares, nem tampouco uniformes, como mostram
igualmente outros dados como aqueles referentes à equidade, à integralidade do acesso, à
regulação do setor privado da saúde, ao financiamento, dentre tantos outros. Martins et al.
(2011), em seu artigo sobre a quem pertence o SUS, traz que esse sistema surgiu como
resultado da grande luta pela democratização da saúde no Brasil, buscando a ampliação da
organização popular, a universalização do acesso e o reconhecimento da saúde como direito
universal do ser humano. É sabido também que, para que o SUS fosse criado, foi necessário
um movimento organizado por trabalhadores da saúde, por gestores e pela sociedade
organizada.

Um dos grandes desafios da humanidade sempre foi controlar, reduzir os efeitos ou


eliminar os sofrimentos causados pelas enfermidades. A saúde de uma população não depende
apenas dos serviços de saúde e do uso dos medicamentos. Entretanto, é inegável a
importância do medicamento no cuidado à saúde. Como uma ação de saúde pública e parte
integrante do sistema de saúde, a Assistência Farmacêutica é determinante para a
resolubilidade da atenção e dos serviços em saúde e envolve a alocação de grandes volumes
de recursos públicos.

A prestação de uma adequada Assistência Farmacêutica é um dos principais desafios que


hoje se impõe aos gestores do SUS. Parte-se da compreensão de que a Assistência
Farmacêutica é componente fundamental da assistência à saúde e a garantia de acesso a
medicamentos é, em muitos casos, essencial para o processo de atenção integral à saúde.

Um importante problema de saúde pública é o uso indiscriminado ou sem nenhum critério


técnico de medicamentos, ou seja, uso irracional destes. Sem dúvida a presença do
farmacêutico no ato de dipensação e sua assistência é uma das maneiras mais eficazes de se
promover o uso racional de medicamentos. Dessa forma, a assistência farmacêutica constitui
parte fundamental dos serviços de atenção à saúde do cidadão.

A construção de uma gestão da assistência farmacêutica no SUS implica no


desenvolvimento de ações estruturantes para os três níveis de gestão, assumindo o Ministério
da Saúde o papel coordenador desse processo.

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É possível estruturar as ações de Assistência Farmacêutica de várias formas, dependendo
da situação de cada local. Essa organização pode ocorrer por meio de núcleos de atividades
(aquisição, programação, distribuição, capacitação de recursos humanos, dispensação, entre
outros) ou por grupos de medicamentos (básicos, estratégicos, especiais), entre outros.
Qualquer estruturação deve assegurar a capacidade de colocar em prática as atribuições e as
competências estabelecidas.

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4-CONCLUSÃO

A morbimortalidade relacionada a medicamentos é um importante problema de saúde


pública. Contudo, a prática da assistência farmacêutica pode reduzir e previnir os problemas
relacionados à farmacoterapia.

Dessa forma, um dos desafios da categoria farmacêutica é modificar as condutas,


incorporando na prática profissional um modelo que propicie ao farmacêutico assumir a
responsabilidade com a farmacoterapia e atuar como promotor do uso racional de
medicamentos.

Finalmente, cabe ainda salientar que o uso irracional de medicamentos alimenta


desperdício de recursos, gera profundas desigualdades de acesso e pode modificar de forma
negativa a qualidade de vida de pessoas. Ademais, não há pior inimigo da provisão pública de
medicamentos (e incluindo do estado de saúde) que a ilusão de que é possível continuar
proporcionando indiscriminadamente qualquer medicamento a todos, independentemente de
sua efetividade e custo.

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5- REFERÊNCIAS

[1] A assistência farmacêutica no SUS / Conselho Federal de Farmácia, Conselho Regional de


Farmácia do Paraná ; organização Comissão de Saúde Pública do Conselho Federal de
Farmácia , Comissão de Assistência Farmacêutica do Serviço Público do CRF-PR. – Brasília:
Conselho Federal de Farmácia, 2010. 60 p.

[2] Araújo, A. L. A. et al. Perfil da assistência farmacêutica na atenção primária do Sistema


Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 13(Sup):611-617, 2008.

[3] LIPTON, H.L., BYRNS, P.J., SOUMERAJ, S.B. et al. Pharmacists as agents of change
for rational drug therapy. Int. J. Tech. Ass. Health Care. v. 11, n.3, p. 485-508, 1995.

[4] ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE. Atenção Farmacêutica no Brasil:


trilhando caminhos. Relatório 2001-2002. Brasília, Organização Pan-americana De Saúde, 46
p, 2002a.

[5] MARIN, N. Educação farmacêutica nas Américas. Olho Mágico. v. 9, n.1, p. 41-43, 2002.

[6] FAUS, M.J., MARTINEZ, F. La atención farmacéutica en farmacia comunitaria:


evolución de concepos, necesidades de formación, modalidades y estratégias para su puesta
en marcha. Pharm. Care Esp. v. 1, p. 56-61, 1999.

[7] Brasil. Ministério da Saúde. Relação nacional de medicamentos essenciais : Rename.


Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento
de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. – 5. ed. – Brasília : Editora do Ministério
da Saúde, 2007. 286 p. : il. – (Serie B. Textos Básicos de Saúde).

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