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FACULDADE CATÓLICA SANTA TERESINHA

BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

NOÉ ROBERTO DOS SANTOS NETO

DIREITO TRABALHISTA: UMA ANÁLISE DO DIREITO A LICENÇA


MATERNIDADE

CAICÓ-RN
2019
NOÉ ROBERTO DOS SANTOS NETO

DIREITO TRABALHISTA: UMA ANÁLISE DO DIREITO A LICENÇA


MATERNIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Ciências
Contábeis da Faculdade Católica
Santa Teresinha - FCST, como
exigência parcial para obtenção do
título de bacharel em Ciências
Contábeis.
Orientador: Prof. Cezar Fechine.

CAICÓ/RN
2019
CATALOGAÇÃO NA FONTE
Biblioteca Madre Francisca Lechner
Faculdade Católica Santa Teresinha

S237d Santos Neto, Noé Roberto dos.

Direito Trabalhista: Uma Análise do Direito A Licença


Maternidade. / Noé Roberto dos Santos Neto. – Caicó, RN, 2019.

50f. : il.

Orientador(a): Profº. Cézar Fechine.

Monografia (Bacharelado em Ciências Contábeis) – Faculdade


Católica Santa Teresinha. Curso de Graduação em Ciências
Contábeis.

1. Direito Trabalhista-Monografia. 2. Constituição Federal-


Monografia. 3. Consolidação das Leis de Trabalho-
Monografia. 4. Reforma- Monografia. 5. Licença
Maternidade- Monografia. 6. Jurisprudência- Monografia I.
Santos Neto, Noé Roberto. II. Faculdade Católica Santa
Teresinha. III. Título.

RN/BU/FCST CDU 349.2

Catalogado por Régio Neri Galvão de Araújo CRB15-897/0


NOÉ ROBERTO DOS SANTOS NETO

DIREITO TRABALHISTA: UMA ANÁLISE DO DIREITO A LICENÇA


MATERNIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Ciências
Contábeis da Faculdade Católica
Santa Teresinha - FCST, como
exigência parcial para obtenção do
título de bacharel em Ciências
Contábeis.

RELATÓRIO APROVADO EM 07/ 02 /2020

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________
Prof. Cezar Muniz Fechine
Faculdade Católica Santa Teresinha
(Orientador)

_______________________________________________
Prof. Esp. Emilson Souza de Carvalho
Faculdade Católica Santa Teresinha
(Examinador)

_______________________________________________
Prof. Salmo Batista
Faculdade Católica Santa Teresinha
(Examinador)
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter me guiado até este momento, sempre


mostrando que o estudo é a única saída para um futuro melhor;
À minha família que sempre esteve e está ao meu lado, apoiando e
incentivando todos os dias a continuar minha vida acadêmica;
À minha tia Maria José, por me amparar e nunca sair do meu lado e sempre
fazer o possível para me ajudar;
Aos professores da Faculdade Católica Santa Terezinha responsáveis pelo
aprendizado adquirido neste período vivido na faculdade, não só ao conhecimento
teórico, mas também as lições que valem para vida;
Ao Escritório Executiva Contabilidade, por proporcionar-me um período de
estágio de cinquenta e cinco dias de muito aprendizado, o conhecimento adquirido
vale para a vida;
Aos amigos e colegas, especialmente as amigas parceiras, Alyane Mayara e
Luana Batista, por terem apoiado e ajudado mesmo que indiretamente na
construção e elaboração deste trabalho.
LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Artigos da CLT 14


Quadro 02: Jurisprudência 36
Quadro 03: Jurisprudência 37
Quadro 04: Jurisprudência 38
Quadro 05: Jurisprudência 39
Quadro 06: Jurisprudência 41
Quadro 07: Jurisprudência 42
Quadro 08: Jurisprudência 43
Quadro 09: Jurisprudência 44
Quadro 10: Jurisprudência 45
Quadro 11: Jurisprudência 47
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 09
2 REFERENCIAL TEÓRICO 12
2.1 O DIREITO TRABALHISTA E SUAS CONCEPÇÕES 12
2.1.1 Fontes do direto trabalhista 12
2.2 LICENÇA MATERNIDADE 15
2.3 PROGRAMA EMPRESA CIDADÃ 17
2.4 LICENÇA-MATERNIDADE 19
2.5 PRINCÍPIOS TRABALHISTAS 21
2.5.1 Princípio da proteção 21
2.5.2 Princípio da irrenunciabilidade 21
2.5.3 Princípio da continuidade da relação de emprego 21
2.5.4 Princípio da primazia da realidade 22
2.6 TIPOS DE LICENÇA MATERNIDADE 22
2.6.1 Casais homoafetivos 22
2.6.2 Licença maternidade no caso de aborto 24
2.6.3 Licença maternidade em casos de adoção 26
2.7 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL 28
2.7.1 Princípio da igualdade 28
3 METODOLOGIA 34
3.1 TIPO DE PESQUISA 34
3.2 INSTRUMENTO DE PESQUISA 34
3.3 LOCUS DA PESQUISA 35
3.4 SUJEITO DA PESQUISA 35
4 ANÁLISE DE DADOS 36
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CC – Código Civil
CF – Constituição Federal
CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas
CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
ECCA – Programa Empresa Cidadã por meio de Atendimento Virtual
FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
IRPJ – Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica
OIT – Organização Internacional do Trabalho
STJ – Superior Tribunal de Justiça
RESUMO

As primeiras leis de proteção e concessão de benefícios para os trabalhadores só


começaram a surgir no século XX, culminando com a elaboração da CLT em 1943.
Com relação às fontes direito trabalhista constatou-se que a principal fonte é a
Constituição Federal, que serve de base para qualquer outro tipo de lei que venha
surgir com o decorrer do tempo, até mesmo a CLT não pode ir de encontro à
Constituição Federal. A partir da Constituição Federal, vários dispositivos legais
foram sendo criados, como as súmulas, instruções normativas, normas reguladoras,
até mesmo atos e costumes de uma região podem ser usadas como fonte para a lei,
o que tornou a legislação trabalhista complexa. Diante desse cenário, o estudo
busca responder à seguinte pergunta: Quais os empecilhos encontrados na lei que
dificulta os usuários a fazerem valer seus direitos com relação a licença maternidade
diante da jurisprudência e do acórdão. E como objetivo geral, mostrar de uma forma
clara e precisa quais os direitos que estão atrelados à licença maternidade,
conforme a legislação vigente. Dentro disso, o trabalho tem como objetivos
específicos: demonstrar quais as fontes do direito do trabalho e identificar os direitos
propriamente ditos. A fundamentação teórica do trabalho se deu por meio de uma
pesquisa bibliográfica com autores e sites renomados na área trabalhista, para tais
objetivos serem alcançados foram usados nomes como Martins (2006 e 2012). Esse
estudo foi realizado através de uma análise básica a partir das jurisprudências
associadas ao assunto abordado, com intuito de demostrar casos verídicos de uma
forma de fácil entendimento, de maneira que possibilite ver quando os ditos direitos
podem ser negados ou concedidos. O presente trabalho constatou que a legislação
trabalhista brasileira ligada à licença maternidade é extensa, já que não se limita
apenas as diretrizes da CLT. Para o entendimento amplo e correto do direito do
trabalho, vários dispositivos legais devem ser consultados, como: a própria
Constituição, leis ordinárias, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT; além de
literaturas complementares sobre a matéria.

Palavras-chave: Direito Trabalhista. Constituição Federal. Consolidação das Leis do


Trabalho. Reforma. Licença Maternidade. Jurisprudência.
ABSTRACT

The first laws to protect and grant benefits to workers only began to emerge in the
twentieth century, culminating in the elaboration of the CLT in 1943. With respect to
sources labor law was found that the main source is the Federal Constitution, which
serves as basis for any other type of law that may arise over time, even the CLT
cannot go against the Federal Constitution. From the Federal Constitution, various
legal provisions were being created, such as the precedents, normative instructions,
regulatory norms, even acts and customs of a region can be used as a source for the
law, which made labor legislation complex. Given this scenario, the study seeks to
answer the following question: What are the obstacles found in the law that makes it
difficult for users to enforce their rights in relation to maternity leave before the
jurisprudence and judgment. And as a general objective, clearly and precisely show
which rights are linked to maternity leave, according to current legislation. Within this,
the work has specific objectives: to demonstrate the sources of labor law and to
identify the rights themselves. The theoretical basis of the work was through a
bibliographic research with authors and renowned sites in the labor area, for such
goals to be achieved were used names such as Martins (2006 and 2012). This study
was conducted through a basic analysis based on the jurisprudence associated with
the subject addressed, in order to demonstrate true cases in a way that is easy to
understand, so that it is possible to see when said rights can be denied or granted.
The present study found that Brazilian labor legislation related to maternity leave is
extensive, as it is not limited to CLT guidelines only. For a broad and correct
understanding of labor law, several legal provisions should be consulted, such as:
the Constitution itself, ordinary laws, the Consolidation of Labor Laws - CLT; as well
as complementary literature on the subject.

Keyword: Federal Constitution. Labor Law Consolidation. Labor Law. Reform.


Maternity Leave. Jurisprudence.
9

1 INTRODUÇÃO

A primeira forma de trabalho conhecida pelo homem foi a escravidão, pelo


qual a pessoa escravizada era considerada um objeto, sem o direito a qualquer
benefício que se conhece hoje, e no Brasil não foi diferente. No decorrer da história,
tudo foi evoluindo até chegar na Revolução Industrial, que fez com que, antes o que
se conhecia por escravidão, se tornasse emprego, mesmo que em condições
precárias. Entretanto nesse período, os trabalhadores passaram a receber salário
pelo seu trabalho.
No Brasil, o que reúne e solidifica os direitos do trabalhador é a Constituição
Federal (CF), principal fonte de direito do país. Qualquer lei ou norma que venha a
surgir, não pode contradizer o que está escrito na referida Constituição. A segunda
forma mais conhecida de direitos trabalhistas é a Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), conjunto de Leis que reúne todos os direitos devidos aos
trabalhadores, entre assuntos como o direito a carteira assinada, férias, Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), e o direito a licença maternidade que é o
foco principal do presente trabalho.
Uma relação de grande importância é a do direito trabalhista com a
contabilidade, que diz respeito aos cálculos das verbas trabalhistas, à escrituração
das contas das empresas, verificando-se o pagamento dos salários e outras verbas
aos empregados. A contabilidade executa o direito propriamente dito ao elaborar as
folhas de pagamento dos empregados e ao mesmo tempo calcula o valor de FGTS
nos prazos determinados nas admissões, ou seja, cuidando de toda estrutura da
empresa.
O direito trabalhista tem a finalidade de garantir aos trabalhadores seus
direitos básicos, melhorando suas condições de trabalho e ainda garantir um local
de trabalho sério e salário justo que proporcione uma vida digna.
Diante deste contexto, surge a problemática: Quais os empecilhos encontrados na
lei que dificulta os usuários a fazer valer seus direito com relação a licença
maternidade diante da jurisprudência?
Buscando compreender tal problema, traçou-se como objetivo geral mostrar
de uma forma clara e precisa quais os diretos que estão atrelados a licença
maternidade conforme a legislação vigente. Diante disso, o trabalho tem como
10

objetivos específicos, demonstrar quais as fontes do direito do trabalho e identificar


os direitos propriamente ditos.
A metodologia aplicada neste trabalho de conclusão de curso, foi realizada
através de pesquisa bibliográfica e sites especializados em licença maternidade,
como também a explanação de assuntos como adoção, relação homoafetiva, licença
para servidores públicos e privados. A pesquisa foi efetuada através de uma análise
de decisões judiciais dos Tribunais brasileiros de um pesquisa básica onde buscou-
se a percepção das decisões judiciais, onde foram coletados dados dos tribunais do
estado do Goiás, do Distrito Federal e do estado do São Paulo, como também
Tribunal Regional Federal da 4° Região. Estes órgãos serviram como base para a
presente pesquisa.
Por conseguinte, justifica-se a construção deste trabalho pelo fato do Brasil
ser um país com diversas leis e direitos trabalhistas, que muitas vezes os
profissionais desconhecem seus próprios direitos, devido à falta de informação, seja
por parte do próprio governo ou do próprio indivíduo. Com isso, este trabalho tem a
finalidade de demonstrar os direitos que os trabalhadores tem, buscando evidenciá-
los de uma forma clara e objetiva.
O trabalho foi dividido em cinco partes: a primeira apresenta a introdução,
contendo noções sobre o tema e problema de pesquisa, problemática, objetivos,
justificativa e metodologia. Segunda parte trata do referencial teórico, e contem sub
tópicos que descrevem sobre a direito trabalhista da licença maternidade, as fontes
do direito trabalhista ligada a licença e os princípios que o regem, e quais os
benefícios ligados ao mesmo. A terceira parte do trabalho possui dados ligados a
metodologia aplicada na presente elaboração, aprofundando da melhor forma a
metodologia usada. Na quarta parte é destinada a análise de discussão de dados
obtidos através de pesquisa feita com pessoas que tiveram ou terão o direito a
licença maternidade e a quinta parte do trabalho vem com as considerações finais
relacionadas a todo o trabalho realizado.
Esta pesquisa tem sua grande importância tanto para os discentes da
instituição universitária, como também, para os docentes, pois tenta de uma forma
clara e objetiva demonstrar os direitos que homens e mulheres tem diante a licença
maternidade e paternidade, já que vivemos em uma sociedade onde muitas vezes
patrões tentam persuadir funcionários ou mesmo ludibriá-los sobre algum de seus
direitos.
11

Desta forma, é notório que esta pesquisa procura mostrar e intensificar a


presença das leis trabalhistas com o foco maior a licença maternidade no âmbito do
trabalho. Com isso, fica claro sua importância para os trabalhadores, já que com as
mudanças de algumas leis é necessário que haja uma atualização do conhecimento
para melhor atender os seus funcionários e pessoas em geral.
12

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capitulo evidencia-se os conceitos de licença maternidade e seus tipos


e também suas particularidades, como a licença maternidade para casais
homoafetivos, em casos de aborto, funcionário público, etc.

2.1 O DIREITO TRABALHISTA E SUAS CONCEPÇÕES

O direito trabalhista é um dos principais ramos do direito e tem o propósito de


cuidar das relações de trabalho, a origem de suas normas está relacionada a
Organização Internacional do Trabalho (OIT), mas também as doutrinas, culturas e
costumes de um povo. Este ramo de extrema importância do direito está relacionado
a duas figuras importantes, o empregado, pessoa física que presta os serviços
mediante salário e o empregador que pode ser pessoa física ou jurídica que
emprega e assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços.

2.1.1 Fontes do Direto Trabalhista

a) Constituição Federal (Constituição Federal, 1988)

Dentro da CF (1988) encontram-se todos os direitos. Todas as leis, normas e


afins que vierem a surgir terão que estar de comum acordo com essa, não podendo
descumprir o que nela está escrito. Com relação a parte trabalhista a Constituição
destinou do artigo 7 ao 11 apenas para questões de cunho trabalhista. (MARTINS,
2006).
Estes artigos falam dos direitos dos trabalhadores e de suas melhorias.
Diante os direitos citados diante o referido documento, estão os direitos de seguro
desemprego, a dispensa sem justa causa, o direito ao salário mínimo vigente no
país e do salário tem compatibilidade com a extensão e dificuldade da função
exercida, o direito de filiação a sindicatos e tantos outros direitos.
13

b) Leis Ordinárias

As leis ordinárias são uma espécie normativa, ou seja, são leis


regulamentares que estão dentro da Constituição Federal. Essas leis tem a
finalidade de criar, modificar ou de extinguir direitos. Nos baseando em MARTINS
(2006, p.39), esse afirma:

Diz que as leis ordinárias são a espécie normativa mais comum prevista na
Constituição Federal e que edita normas de forma geral e abstrata. As leis
ordinárias podem dispor de qualquer matéria com restrição as leis
complementares e aos assuntos internos do Congresso Nacional, que são
regulados por decretos e resoluções. São vistas como práticas normativas
primárias, que podem modificar, criar, extinguir direitos, isso claro seguindo
um processo legislativo que não vá de encontro ao que está escrito na
Constituição Federal (1988).

Perante o que Martins diz, as leis ordinárias são de extrema importância para
regulamentar e de certa forma, mantém uma fiscalização de todos os direitos e
mantê-los atualizados para assegurar os trabalhadores.

c) Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)

Assuntos abordados acerca dos direitos dos trabalhadores surgiram desde a


época da abolição da escravidão, onde iniciou-se a contratação de pessoas para
fazer o que antes era feito por escravos e a partir daí começou a surgir as dúvidas
sobre quais os direitos que os trabalhadores tinham, quanto aquele serviço valia de
fato. Mas todas essas questões já vinham tendo uma repercussão na Europa com a
Revolução Industrial. (OLIVEIRA, 2017).
No Brasil as leis focadas no trabalhador começaram a ter forma quando
Getúlio Vargas subiu ao poder, até então as leis estavam dispersas, foi então que
surgiu a necessidade de leis trabalhistas (CLT). (EUZÉBIO, 2017).
Seu surgimento ocorreu devido ao decreto–lei n° 5.452 de 01 de maio
de1943, devido a necessidade de unificar em um único ponto todas as leis que
regiam problemas trabalhistas, já que antes de seu surgimento não existia um
seguimento que tivesse poder suficientemente de reger todas as causas
trabalhistas. Segue abaixo alguns dos diretos segundo a CLT:
14

Quadro 01: Artigos da CLT e o que falam

Artigos da CLT ASSUNTO TRATADO NOS ARTIGOS


Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um
Art. 129
período de férias, sem prejuízo da remuneração.
Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos
os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente
Art. 457
pelo empregador como contraprestação do serviço, as gorjetas
que receber.

Serão consideradas atividades ou operações insalubres


aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de
trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à
Art. 189
saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição
aos seus efeitos.

Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo,


Art. 487 quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua
resolução com a antecedência mínima

A empregada gestante tem direito à licença-maternidade de


Art. 392
120 (cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário
Fonte: Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT - BRASIL,2017).

O quadro acima traz alguns dos direitos que os trabalhadores possuem


segundo a CLT, tais como férias prevista no art.129 e desmembrada nos artigos 130
ao 145, o artigo 189 demonstra quais as atividades são insalubres e de risco a
saúde, o art. 457 trata da remuneração mensal do trabalhador por seus serviços
prestados e o art.487 articula sobre a hipótese de rescisão de contrato.

d) Usos e Costumes

Muitas vezes nos apegamos a costumes que ocorrem em nosso cotidiano e


esses hábitos um dia mesmo que não percebamos podem vir a se tornar base para
direitos que uma pessoa venha a ter. Esse argumento está implícito na fala de
Martins (2006, p. 42):

Os costumes que nos apegamos com o passar do tempo em algum ponto


pode vir a se tornar algo legal, o fato de empregadores darem aos seus
funcionários gratificações de natal com o tempo deu origem ao que
conhecemos hoje como 13° salário previsto na lei n°4090/62.
15

Portanto, essa afirmação diz-nos que os hábitos a que nos apegamos e os


costumes de nossa região podem vir a influenciar um dia leis que regem nossos
trabalhos, uma simples gratificação de bom grado com o tempo passou a ser um dos
principais direitos do trabalhador.

2.2 LICENÇA MATERNIDADE

A licença-maternidade é um benefício de caráter previdenciário concedido a


empregada. Assim, há a autorização para afastar-se do trabalho nos estágios finais
da gravidez. Esta licença é remunerada pelo chamado salário-maternidade, que é
pago pelo empregador e pelo mesmo descontado dos recolhimentos habituais
devidos à Previdência Social.
Então, a referida licença vem de uma necessidade básica do ser humano
recém- nascido de ser acompanhado e cuidado nestes momentos iniciais de sua
vida, onde biologicamente há a necessidade de cuidados. Importante ressaltar que
não é concedido apenas tendo em vista as necessidades biológicas, mas também
pelo envolvimento afetivo. Assim, é importante estabelecer e desenvolver a relação
familiar da criança junto ao início de sua vida.
A existência da licença maternidade tem como uma de suas bases a
importância biológica afetiva da criança com sua família. Dessa forma, inicia-se a
análise legislativa em contra indicação da existência da Convenção sobre a
eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher, datada de 1979.
Nesta convenção encontra-se o ‗background‘ das questões de isonomia e dignidade
da pessoa humana focados na questão ‗sui generis‘ da mulher.
Com o objetivo de promover a igualdade de gênero, a convenção busca
reafirmar outras cartas e convenções como a Carta das Nações Unidas, Declaração
Universal dos Direitos Humanos, Convenções Internacionais sobre Direitos
Humanos. A necessidade de reafirmação dos direitos da mulher com o objetivo de
eliminar todas as formas de discriminação de gênero também assumem o papel de
se preocupar com o contexto social da mulher. Ainda que haja a existência de
diversos instrumentos para minimizar a discriminação de gênero, foi necessária a
existência de uma convenção específica para discutir esses aspectos. É na
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) que temos os referidos artigos
descrevendo acerca da licença maternidade. Dos quais destacam–se:
16

Art. 392. A empregada gestante tem direito à licença-maternidade de 120


(cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário.
§ 1° A empregada deve, mediante atestado médico, notificar o seu
empregador da data do início do afastamento do emprego, que poderá
ocorrer entre o 28° (vigésimo oitavo) dia antes do parto e ocorrência deste.
§ 2º Os períodos de repouso, antes e depois do parto, poderão ser
aumentados de 2 (duas) semanas cada um, mediante atestado médico.
§ 3º Em caso de parto antecipado, a mulher terá direito aos 120 (cento e
vinte) dias previstos neste artigo.
§ 4º É garantido à empregada, durante a gravidez, sem prejuízo do salário e
demais direitos: I – transferência de função, quando as condições de saúde
o exigirem, assegurada a retomada da função anteriormente exercida, logo
após o retorno ao trabalho; II – dispensa do horário de trabalho pelo tempo
necessário para a realização de, no mínimo, seis consultas médicas e
demais exames complementares.

Com o que é mostrado no art.392 é possível identificar que a mulher quanto


gestante está assegurada a se afastar de suas funções a partir da 28° dia antes do
parto, desde que apresente atestado médico comprovando.
Não só na CLT, mas também na Constituição Federal (CF) que é a carta magna da
nação, está presente o direito da mulher enquanto gestante:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social: (EC no 20/98, EC no 28/2000,
EC no 53/2006 e EC no 72/2013)
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a
duração de cento e vinte dias;

O art.7° que diz respeito aos diretos dos trabalhadores sejam urbanos ou
rurais, traz em seu inciso XVIII que a gestante tem direito a afastamento de suas
funções sem prejuízo em seu salário, por um prazo de 120 dias.
Segundo o autor MIRANDA (1998) discorre que os direitos fundamentais
como; os direitos ou as posições jurídicas subjetivas das pessoas enquanto tais,
individual ou institucionalmente consideradas, assentes na Constituição, seja na
Constituição formal, seja na Constituição material.
Já MENDES (2008) explica que, por ser uma prestação previdenciária, a
licença maternidade e o salário-maternidade são considerados direitos
fundamentais, mais especificamente de segunda geração, que obrigam prestação
positiva por parte do Estado.
A licença-maternidade ainda pode ser vista como direito vital por dois
pensamentos: o próprio direito da mulher de ter a maternidade protegida, como
também direito da criança, que tem desde à saúde bem como ao aleitamento
17

materno e a convivência familiar. Tais direitos da criança estão previstos no Estatuto


da Criança e do Adolescente, nos artigos 9º e 19º:

9º O Poder Público, as instituições e os empregadores propiciarão


condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães
submetidas a medida privativa de liberdade.
19º Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio
da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de
pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.

Essas disposições normativas estão dispostas a dizer que ambas, mãe e


criança estão asseguradas pela lei, e que seus direitos não podem ser violados, os
mesmos tem o privilégio de gozar de um período de adaptação diante o nascimento
de uma vida humana.

2.3 PROGRAMA EMPRESA CIDADÃ

O Programa Empresa Cidadã, instituído pela Lei nº 11.770/2008 e


regulamentado pelo Decreto nº 7.052/2009, tem a finalidade de prorrogar por
sessenta dias o período da licença-maternidade e por quinze dias, além dos cinco já
estabelecidos, a duração da licença paternidade (Lei nº 13.257/2016).
A extensão será garantida à empregada regida pela CLT que aderir ao
Programa, desde que seja solicitada até o final do primeiro mês após o parto, sendo
concedida imediatamente após a gozo da licença-maternidade.
A prorrogação de tal benefício também será concedida ao empregado homem
da empresa aderente ao Programa, desde que solicitada no prazo de dois dias úteis
após o parto e que seja comprovada a participação em programa ou atividade de
orientação sobre paternidade responsável pelo empregado.
O prolongamento do salário-maternidade terá início no dia subsequente ao
término da vigência do benefício de que tratam os artigos. 71 e 71-A da Lei
nº 8.213/91 e será devida, inclusive, no caso de parto antecipado.
A ampliação do benefício também se aplica à empregada de pessoa jurídica
que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança, pelos seguintes
períodos:
I. por 60 (sessenta) dias, quando se tratar de criança de até 1 (um) ano de
idade;
18

II. por 30 (trinta) dias, quando se tratar de criança a partir de 1 (um) até 4
(quatro) anos de idade completos; e
III. por 15 (quinze) dias, quando se tratar de criança a partir de 4 (quatro) anos
até completar 8 (oito) anos de idade.

As empresas podem aderir ao Programa Empresa Cidadã por meio


do Atendimento Virtual (e-CAC), utilizando código de acesso ou certificado digital. É
permitido ainda, a qualquer momento, o cancelamento da adesão. Enquanto a
opção de cancelamento não for disponibilizada, o pedido tem que ser feito em
qualquer Unidade de Atendimento.
Durante o período de prorrogação da licença-maternidade e da licença
paternidade, a empregada e o empregado terão direito à remuneração integral.
Contudo, em período de licença-maternidade, a empregada não poderá exercer
qualquer atividade remunerada, salvo nos casos de contrato de trabalho firmados
simultaneamente. É vedado, ainda, a matrícula da criança em creche ou
organização similar.
A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá deduzir do Imposto
sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) devido, em cada período de apuração, o
montante da remuneração da empregada pago no período de prorrogação de sua
licença-maternidade, sendo vedada a dedução como despesa operacional. Ainda
assim, a dedução fica limitada ao valor do IRPJ devido com base no lucro real
trimestral ou no lucro real apurado no ajuste anual.
A dedução também se aplica ao IRPJ determinado com base no lucro
estimado. No entanto, o valor deduzido com base no lucro estimado não será
considerado IRPJ pago por estimativa e deverá compor o valor a ser deduzido
devido ao ajuste anual.
Estas condições aplicam-se aos casos de despesas da remuneração da
empregada pagas no período de prorrogação de sua licença-maternidade,
deduzidas do IRPJ devido com base em receita bruta e acréscimos ou com base no
resultado apurado em balanço ou balancete de redução.
O valor total da remuneração da empregada, pago no período de prorrogação
de sua licença-maternidade e registrado na escrituração comercial, deve ser
adicionado ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
19

A pessoa jurídica tributada com base no lucro real que aderir ao Programa
Empresa Cidadã, com o propósito de usufruir da dedução do IRPJ, deve comprovar
regularidade quanto à quitação de tributos federais e demais créditos inscritos em
Dívida Ativa da União.
Para fazer uso da dedução do IRPJ devido, a pessoa jurídica que aderir ao
Programa fica obrigada a controlar contabilmente os gastos com custeio da
prorrogação da licença-maternidade ou da licença à adotante, identificando de forma
individualizada os gastos por empregada que requereu a prorrogação.

2.4 LICENÇA-MATERNIDADE

A licença paternidade também se caracteriza por ser uma concessão dada ao


empregado diante o nascimento de seu filho, essa licença também é remunerada. O
objetivo é possibilitar a presença do pai nos primeiros dias de ida da criança, logo
após o parto da mulher, para dar assistência e cuidados ao filho, além de suporte a
mãe que deu à luz e precisa recuperar-se.
Encontra-se na Constituição Federal de 1988, ―Art. 7º São direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social; XIX-licença-paternidade, nos termos fixados em lei‖.
Assim como a licença-maternidade, a licença paternidade faz parte na
Constituição Federal no artigo referente aos direitos sociais, dando direito à licença a
ambas as partes. A licença paternidade é apresentada constitucionalmente como um
direito que busca excitar o cuidado com a criança, além da ligação emocional entre o
pai e o recém-nascido, já que há mudanças estruturais na família com a chegada do
novo membro.
Com isso, a necessidade da presença paterna vai além da base necessário a
mãe que está recuperando-se, mas também incita no desenvolvimento da ligação
emocional com a criança, além de participar da vida do recém-nascido e os cuidados
iniciais. Ainda há outros artigos referentes ao assunto abordado na Constituição
Federal de 1988, a qual nos apresenta:

Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art.
7º, I, da Constituição:
§ 1º Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX, da
Constituição, o prazo da licença paternidade a que se refere o inciso é de
cinco dias.
20

A Constituição, definiu inicialmente o tempo da referida licença em cinco dias,


a contar do dia útil seguinte ao nascimento da criança. Ainda, disciplinou a
possibilidade de que lei nova venha definir novos cenários. Sendo assim, por meio
da Lei 13.257/2016, houve a alteração do regulamento do Programa Empresa
Cidadã, definindo um novo prazo àquelas empresas participantes do programa:

Art. 1º É instituído o Programa Empresa Cidadã, destinado a prorrogar:


II - por 15 (quinze) dias a duração da licença paternidade, nos termos desta
Lei, além dos 5 (cinco) dias estabelecidos no §1º do art. 10 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias.

Perante o que foi apresentado, percebe-se que o prazo de cinco dias


estabelecido na Constituição, inicia-se institivamente os quinze dias definidos pela
nova lei aos empregados das empresas vinculadas ao Programa Empresa Cidadã,
tal programa, permite à empresa integrante do programa diminuir impostos como
também a extensão da licença maternidade e da licença paternidade.
Após a análise das legislações das licenças materna e paterna no
ordenamento jurídico brasileiro nota-se uma diferença matemática evidente e
acentuada entre os tempos das licenças. São concedidos cento e vinte dias,
podendo ser prorrogada até cento e oitenta dias àquelas mães que trabalham em
empresa vinculado ao Programa Empresa Cidadã. Ao pai, o prazo estabelecido é de
cinco dias, e em caso de empresa vinculada ao Programa Empresa Cidadã, há o
acréscimo de quinze dias. A diferença entre o prazo concedido as licenças
maternidade e paternidade está ligado com o dever de o casal na criação e na
responsabilidade em relação aos filhos.
A licença paternidade vem como licença que possibilita, mesmo que
temporariamente, o contato entre pai e filho recém-nascido e os cuidados com a
mãe durante o puerpério. Porém, o período de licença paternidade de cinco ou
quinze dias, é restrito em face o objetivo de incentivo ao envolvimento do pai
familiarmente, o que afeta a corresponsabilidade familiar.
21

2.5 PRINCÍPIOS TRABALHISTAS

2.5.1 Princípio da Proteção

O princípio da proteção é a base para os direitos dos trabalhadores, o qual


tem a finalidade de equilibrar a relação de empregado e empregador, favorecendo
sempre o empregado. Na fala de Martins (2006, p. 69) temos a seguinte afirmação:

Esclarece que o princípio da proteção é a direção que norteia todo o sentido


da criação do Direito do Trabalho pois tem como finalidade equilibrar a
relação entre empregador e empregado, favorecendo o funcionário
judicialmente, qualquer questão judicial deve favorecer o empregado.

Sendo assim, o princípio de proteção tem como principal função equilibrar a


relação de empregador e empregado, dando ao empregado mais direitos perante a
justiça, por ser a parte mais fraca da relação.

2.5.2 Princípio da Irrenunciabilidade

Segundo o Art.9° da (CLT BRASIL, 2017). ―Serão nulos de pleno direto, os


atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos
preceitos contidos na presente consolidação‖. Os direitos do trabalhador são
irrenunciáveis, ou seja, o trabalhador não pode abrir mão de seus direitos. Se algo
do tipo vir a ocorrer, não tem validade alguma, podendo o indivíduo reclamar seus
direitos na justiça do trabalho.
Mas há exceções, pois caso o trabalhador renuncie de seus direitos estando
em seu juízo perfeito, em frente ao juiz do trabalho, já que o mesmo não esteja
sendo forçado a nada, o pedido é validado.

2.5.3 Princípio da Continuidade da Relação de Emprego

Este princípio pressupõe que o contrato de trabalho tem validade


indeterminada, ou seja, a continuidade da relação entre o empregado e empregador
são continua. As exceções a esta regra, é o caso de contratos que o tempo de
22

trabalho já vem estabelecido e em casos de estagiários onde o vínculo com a


empresa pode ser determinado.

2.5.4 Princípio da Primazia da Realidade

Este princípio diz que o importante são os fatos e estes tem mais importância
o que ocorre no dia a dia comparado ao que está escrito e determinando
oficialmente no papel. Então, MARTINS (2006, p. 72) argumenta acerca disso que:

No direito, os fatos são mais importantes que o que está no papel, Este
princípio destaca exatamente isso, que o que vale é o que está
acontecendo de verdade não o que está escrito. Aqui o que importa é a
veracidade dos fatos predomina sobre as relações contratuais.

Este princípio assegura o empregado caso aja alguma discussão futura sobre
seus direitos como empregador, já que caso o mesmo prove que o escrito não
condizia com a realidade, tem a justiça a seu favor. Mas o oposto também pode
ocorrer, e o empregador provar que o empregado não realizava o que de fato era
pedido no contrato. E assim, implica nos direitos do empregado.

2.6 TIPOS DE LICENÇA MATERNIDADE

A licença maternidade não é um privilégio apenas dado as mulheres


gestantes. Aplica-se em outros casos, como: de casais homoafetivos, que nesse
ponto a uma gama de pontos a se ver para analisar qual dos parceiros tem o direito,
a adoções, dentre outros casos.

2.6.1 Casais homoafetivos

O conceito do que é uma família ideal sofreu consideráveis mudanças ao


longo dos anos em todo o mundo. Deste modo, uma nova percepção de família
surgiu, diferente do que se estava acostumado a ver tradicionalmente, formado por
um homem e uma mulher, por meio do casamento, e seus respectivos filhos. Na
Constituição Federal de 1988, diz no Art. 226: ―A família, base da sociedade, tem
especial proteção do Estado‖. É nesse mesmo artigo 226 que reconhece a união
23

estável atual entre homem e mulher como a construção de uma base familiar,
garantindo a proteção do casamento tanto religioso como civil‘.
Contudo, pode-se afirmar que o entendimento de entidade familiar está muito
além daquele mostrado pela legislação. Ainda que geralmente tenha existido, a
união estável entre pessoas do mesmo sexo está tomando um grande destaque
social nos últimos anos.
Com isso, o conceito que se tem de entidade familiar transcende daquele
previsto pelo legislação e passa a abarcar também as uniões estáveis entre casais
do mesmo sexo, já que estas merecem igual proteção do Estado.
No que diz respeito ao fator previdenciário, o ponto crucial foi do
reconhecimento da união estável aos casais do mesmo sexo, se deu pela Ação Civil
Pública nº 2000.71.00.009347-0, que tramitou na Terceira Vara Federal
Previdenciária de Porto Alegre, da Seção Judiciária do Rio Grande do Sul, por meio
da qual ficou reconhecida a união homossexual para fins previdenciários.
A partir desta decisão tomada, o INSS tem reconhecido, na esfera
administrativa, o direito do parceiro do segurado do mesmo sexo, ao benefício de
auxílio-reclusão e pensão por morte, desde que comprovada a união estável e a
dependência econômica, regulamentada pela Instrução Normativa INSS PR nº
11/2006. Com base na Instrução Normativa INSS nº 15/2007, o INSS dispensou a
prova de efetiva dependência econômica para comprovação da união estável.
Em relação à adoção, de acordo com o que está previsto no art. 41 do
Estatuto da Criança e do Adolescente, outorga a condição de filho a criança
adotada, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desconectando o
mesmo de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos
matrimoniais.
Segue o artigo 41 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA,1990):

Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos


direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo
com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se
os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do
adotante e os respectivos parentes.
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o
adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau,
observada a ordem de vocação hereditária.
24

O artigo acima exclama ser permitido dar a condição de filho a crianças


adotadas, pois nestes termos a mesma é vista como um filho legítimo do casal,
mesmo que não tenha ligação genética
Sob o perspectiva do art. 42, § 2° do Estatuto da Criança e do
Adolescente(1990) se limita em estabelecer: ‗Para adoção conjunta, é indispensável
que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável,
comprovada a estabilidade da família‘.
A Constituição Federal(1988), em seu art. 3°, IV mostra: ‗Veda a
discriminação entre pessoas em função da origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação‘.
À vista do que foi mostrado, pode-se confirmar que tanto a Constituição
Federal, bem como o Estatuto da Criança e do Adolescente(ECA), não trazem
qualquer proibição à adoção de crianças e adolescentes por casais homoafetivos.
O exemplo ideal de família não é dado pela opção sexual, e sim pelas
verdadeiras condições dos que vão adotar em oferecer à criança ou ao adolescente
toda possibilidades para o saudável crescimento do mesmo.

2.6.2 Licença maternidade no caso de aborto

As gestantes têm direitos trabalhistas específicos, com o intuito de proteger a


mãe e a criança de qualquer eventualidade. Alguns aspectos são muito importantes,
como a relação entre o aborto espontâneo e licença maternidade. Ter conhecimento
de tais questões é crucial para o empresário, que pode garantir os direitos das suas
empregadas e aplicar corretamente a lei em cada caso, beneficiando seus
colaboradores e evitando qualquer problema legal.
É muito importante saber as questões que envolvem o aborto e suas
variações, é fundamental saber a diferença dessa condição com a do natimorto. O
aborto conhecido como natural ou espontâneo, o que não são considerados
criminosos, se expressa por ser uma interrupção do crescimento do feto durante o
período da gestação, desde que a gestação tenha menos de vinte e três
semanas. Já os casos de natimorto ocorre quando o feto morre dentro do útero ou
mesmo durante o parto, ou seja, após o período de vinte e três semanas de
gestação.
25

Sabendo-se dos tipos de abortos existentes, fica mais descomplicado


entender como é funcionamento da licença maternidade em cada caso. Nas
situações de parto, adoção ou guarda judicial para fins de adoção, assim
como natimorto, a duração é de cento e vinte dias.
Essa distinção se faz importante, pois nos casos em que acontecem o aborto,
a licença será de apenas duas semanas, um período muito menor do que as outras
situações. Além disso, a gestante não tem direito à estabilidade de cinco meses,
como nas outras hipóteses. Isso está disposto no artigo 395 da Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), que dá direito ao descanso, e no artigo 93, parágrafo 5º do
Decreto n.º 3.048 de 1999 — o Regulamento da Previdência Social —, que fala
sobre o salário maternidade. Portanto, o art.395 da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT, 2017) afirma:

Art. 395. Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado


médico oficial, a mulher terá um repouso remunerado de duas (2) semanas,
ficando-lhe assegurado o direito de retornar à função que ocupava antes de
seu afastamento.

O presente artigo assegura a gestante nos casos comprovados por laudo


médico o aborto a se recolher em licença de duas semanas para descanso,
assegurando o retorno da mesma para suas funções normais no local de trabalho.
Já o Regulamento da Previdência Social, segundo o artigo 93, parágrafo 5º do
Decreto n.º 3.048 de 1999, diz que:

Art. 93. O salário-maternidade é devido à segurada da previdência social,


durante cento e vinte dias, com início vinte e oito dias antes e término
noventa e um dia depois do parto, podendo ser prorrogado na forma
prevista no § 3o. (Redação dada pelo Decreto nº 4.862, de 2003)
§ 5º Em caso de aborto não criminoso, comprovado mediante atestado
médico, a segurada terá direito ao salário-maternidade correspondente a
duas semanas. (Redação dada pelo Decreto nº 3.668, de 2000).

Percebe-se diante do que é apresentado no art.93 do Regulamento da


Previdência Social que a gestante não fica desamparada, pois mesmo tento a
gestação interrompida com o aborto e tendo a licença de duas semanas, como mãe
mesmo que por pouco tempo tem direito a receber o equivalente a quinze dias.
Para ter direito à licença-maternidade e ao salário que dele advém, é preciso que a
empregada preencha alguns requisitos. Saber destes requisitos é necessário a fim
de cumprir a lei e garantir seus direitos. O primeiro, destaca-se pela sua importância,
26

pois para receber o salário-maternidade há carência, ou seja, um tempo mínimo de


meses trabalhados para que possa ter direito ao benefício.
Essa é uma questão bastante confusa para empregadores, pois os
empregados de carteira assinada são isentos desse requisito, ou seja, apenas
devem estar em atividade no momento do afastamento. É a empresa que tem o
dever de pedir o afastamento ao INSS, e isso deve ser feito a partir de 28° dia antes
do parto. A empregada deve apresentar um atestado médico ou a certidão de
nascimento ou de natimorto.
Nos casos em que o aborto e de natimortos, a licença é concedida a partir da
ocorrência e a empregada deve apresentar um atestado médico que comprove
essas situações. Já na adoção, a licença-maternidade é concedida a partir da
guarda ou da adoção, e a empregada deve apresentar o termo ou a nova certidão
da criança.
O salário-maternidade vale o equivalente a um mês de trabalhado da
empregada e quem deve pagar é o empregador. O INSS posteriormente restitui a
empresa, reembolsando esses custos. O empregador também deve estar atento à
estabilidade da gestante: ela é garantida desde o parto (ou atestado de natimorto)
até cinco meses depois. Nos casos de aborto isso não ocorre. LEHENBAUER
(2019)1

2.6.3 Licença Maternidade em Casos de Adoção

A maternidade é o sonho da muitas mulheres do mundo inteiro, este sonho


independe da condição social, raça ou crença. Todas fazem parte de um grupo que
deseja uma criança em seus braços para amá-las e cuidá-las sempre. Contudo, sem
estabelecer motivos, há mulheres que escolhem a adoção. Além de ser um ato
caridoso que requer muitas responsabilidades e deveres, a adoção também dá
origem a direitos equiparados aos da gravidez comum . Licença maternidade na
adoção, salário maternidade, entre muitos outros. Após a vigência da lei
10.421/2002 a adotante passou a ter direitos como as mães biológicas.
A lei 10.421/2002 diz que:
―Estende à mãe adotiva o direito à licença maternidade e ao salário-
maternidade, alterando a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo

1
Disponível em: http://guedert.adv.br/aborto-espontaneo-e-licenca-maternidade/ Acessado em: 02/10/2019
27

o o o
Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943 e a Lei n 8.213, de 24 de julho
de 1991‖.

De acordo com esta lei, as mães adotivas tem o direito de dispor de um


período em função da idade da criança adotada, quais sejam: para crianças
adotadas com idade até um ano o período de licença e salário maternidade são de
cento e vinte dias, se as crianças contarem com idade entre um a quatro anos a
licença e salário são de sessenta dias e são de trinta dias para as crianças de quatro
a oito anos de idade. A adoção de menor com idade superior a oito anos, ainda que
possível, não proporciona o direito a licença e ao salário maternidade. Ainda para
fortalecer a referida lei, há o art. 392-A (CLT, 2017), que diz:

Art. 392-A. À empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de
adoção de criança será concedida licença-maternidade nos termos do art.
392, observado o disposto no seu §.
o
§ 4 A licença-maternidade só será concedida mediante apresentação do
termo judicial de guarda à adotante ou guardiã.
§ 5º A adoção ou guarda judicial conjunta ensejará a concessão de licença-
maternidade a apenas um dos adotantes ou guardiães empregado ou
empregada. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013).

Percebe-se diante do que está sendo apresentado no artigo acima da CLT


que casais que querem ter filhos por meio de adoção estão aptos, e os mesmos tem
direito a todos os benefícios que pais que seguem a gestação de nove meses tem.
Mas tal benefício só pode ser concedido diante de termo judicial atestando a
adoção, com tudo, tal regalia só pode ser concedido a um dos pais, sem validar a
licença materna e paterna.
O Brasil é um dos países com um grande número de jovens na fila de adoção.
A indiferença com crianças e adolescentes possui taxa altíssima, e, com isso, lares
que cuidam destes pequenos ficam superlotados. Apesar desta realidade, uma
infinidade de crianças e adolescentes estão sem família, isso é devido ao alto nível
burocrático. Diante do que está previsto na Lei Nº 8.069, de 13 de julho 1990:

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.


Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata
esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do
poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
28

à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à


convivência familiar e comunitária.

A lei Nº 8.069, de 13 de julho 1990 e que dispõem sobre o Estatuto da


Criança e do Adolescente em seus artigos estão contidos só direitos dos jovens, o
artigos da presente lei dizem que as crianças devem gozar de todos os direitos
fundamentais existentes, saúde, educação, lazer e esportes, e assim em diante, e
esta lei fala também que é dever da família, comunidade em geral assegurar que
esses direitos sejam cumpridos.2

2.7 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL

Todo o arranjo jurídico deve ser construído em respeito aos dispositivos da


Constituição Federal de 1988, aos seus princípios e normas fundamentais, já trata-
se da carta magna da nação. Desenvolve-se, também, a noção de discriminação de
gênero e se está intrínseca à sociedade.

2.7.1 Princípio da Igualdade

O Brasil vive sob o auxílio dos princípios constitucionais de liberdade e


igualdade. Assim, não há de falar-se na possibilidade de existência de legislação
que deslegitima as premissas norteadoras do ordenamento jurídico brasileiro. Dessa
forma, o princípio da igualdade será utilizado como uma das bases para o presente
estudo. Cumpre ressaltar que o princípio da igualdade apresentado na Constituição
Federal de 1988 vem promover a equidade.
Na modernidade, a igualdade não pode ser compreendida como um princípio
uniformizador que postule reduzir toda a desigualdade entre as pessoas e seus
modos de vida. Reconhecer a dignidade moral dos indivíduos, concedendo igual
consideração a cada um deles, importa em reconhecer a possibilidade de
preferência por diferentes valores e objetivos. Implica também reconhecer que as
pessoas não se diferenciam apenas por suas preferências, mas, ainda, por
características e circunstâncias pessoais, como condições orgânicas e de saúde,

2
Disponível em: https://www.jornalcontabil.com.br/licenca-maternidade-na-adocao-saiba-agora-como-
funciona-as-regras/ Acessado em: 10/10/2019
29

habilidades físicas e mentais, idade, sexo, raça, além de distintos contextos sociais,
ambientais, culturais e econômicos.
Como citado, o princípio da igualdade busca a equidade, já que a igualdade
que ignora as características particulares dos indivíduos, massificando a forma de
aplicar as regras e ignorando contextos não promove o equilíbrio real. Há a
necessidade de observância das particularidades vivenciadas por cada indivíduo
que assim possa-se falar do princípio da igualdade constitucionalizado no
ordenamento jurídico brasileiro sendo utilizado de forma eficaz.
Assim, aplicando-se o princípio da igualdade às legislações de licença
maternidade e paternidade observa-se que argumentos que baseiam a diferenciação
legislativa por meio do contexto biológico não aplica o princípio da igualdade em sua
forma equitativa, além de ir contra as novidades jurisprudenciais que começam a
questionar tal critério. Essa afirmação se alicerça, entre outras, na decisão do
Supremo Tribunal Federal que considerou que o período de afastamento
remunerado concedido às Servidoras Públicas que adotam crianças não pode ser
inferior ao usufruído pelas gestantes.

a) Maternidade Sócio afetiva

Ao regular a admissão ao direito de família clássico trazia expresso apenas


as conexões sanguíneas, registrais e adotivos. Este era um cenário do Código
Civil Brasileiro de 1916. Contudo, as modificações percebidas no cenário social
refletiu no Direito. Prova deste fato, é que o abrigo desta afetividade como princípio
do Direito de Família Brasileiro e suas diversas consequências.3 Canderón (2017)
A Constituição Federal de 1988 e o Código Civil de 2002 são exemplos de uma
classe de estatutos que deram espaço para o reconhecimento jurídico da filiação
sócio afetiva. Está disponível no parágrafo 6º do art. 226 da Carta Magna que é
expresso ao afirmar: ―Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação.‖

3
Disponível em: https://genjuridico.jusbrasil.com.br/artigos/504406522/maternidade-socioafetiva-
possibilidade-juridica-reconhecida-pelo-superior-tribunal-de-justica-1 Acessado em : 29/09/2019
30

Também a redação do art. 1593 do Código Civil Brasileiro não deixa


margem a dúvidas: ―O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de
consanguinidade ou outra origem‖.
As doutrina e a jurisprudência nos afirmam o entendimento no aspecto de
que a maternidade sócio afetividade possui previsão legal no Direito Brasileiro,
em especial que está assegurada na locução ‗outra origem‘ da parte final do
art. 1.593 do CC, de modo que estar a dar auxílio legal para o seu reconhecimento
como vínculo parental. Então, diante do que está exposto percebe-se, assim, que a
legislação, a doutrina e a jurisprudência pátria dão o devido amparo ao parentesco
sócio afetivo.
Os exemplos de paternidade sócio afetivas são bastante conhecidos dos
nossos Tribunais, mas, recentemente, há também pleitos de maternidade sócio
afetivas que clamam por deliberação. Inequívoco que esses casos maternos se
apresentam com menor intensidade, mas ainda assim são manifestações sociais
que merecem consideração.
Então, as famílias com o passar do tempo começaram a apresentar novos
aspectos. A realidade passou-se a modificar-se e demonstrar que não são apenas
os laços sanguíneos e biológicos, afetivos e registrais que podem construir uma
relação tida como familiar, já que as famílias brasileiras passaram por uma
reestruturação em sua forma tradicional.
O caso, objeto da decisão do Superior Tribunal de Justiça(STJ), é a
demonstração maior do que se está tentando provar. A autora da ação diz que, em
virtude do falecimento da sua mãe biológica a mesma logo após o seu nascimento,
foi acolhida e criada como filha pela sua mãe sócio afetiva desde os primórdios de
seus primeiros dias de vida até o momento do óbito da mãe de fato. Esta situação
concreta teria durado por várias anos, constituindo-se assim uma relação materno-
filial estável e pública. Ainda que ausente, entre ambas, qualquer tipo de vínculo
tanto biológico quanto registral.
Mesmo com o avanço e a familiarização do que se conhece por exame de
DNA, que possibilitou verificar com certo nível de acerto a origem genética, ainda
nota-se que esta modalidade não é vista como a única forma conhecida de se
atestar uma filiação. Com o avanço da ciência e a oportunidade de pôr fim às
dúvidas genéticas. Em uma gama de possíveis situações, mesmo podendo-se com
todo o avanço contestar tecnicamente a falta de relação sanguínea, ainda assim se
31

nota presente uma relação caracterizada como paternidade ou maternidade tão


intensa que não seja impossível de não ser ignorada pelo Direito.
Relações sócio afetivas de agregação vivenciadas por certo tempo seguiram
sendo notadas na realidade brasileira, como tal, que solicitaram que fossem
analisadas juridicamente. A força construtiva dos fatos sociais levou a solidificação
da sócio afetividade como suficiente para atestar os vínculos genéticos, o que já
pode-se entender como ‗afamado‘ no direito de família brasileira.
Existem situações em que as crianças acabam sendo criadas como filhos
por pais e mães de fato, que não tem ligação sanguínea e nem mesmo são seus
pais em registro. Estas relações de filiação fática se estendem por toda uma vida e
é pública e evidente.
Os vestígios da maternidade fazem com que o número desses casos seja
perceptivelmente menor que os casos de paternidade, contudo não pode-se deixar
de atribuir efeitos jurídicos para com estas situações. O STJ acertou quando
considerou possível a apreciação no âmbito judicial o pedido de declaração de
maternidade sócio afetiva.
Este embate mostra que, no grau que se encontra o direito da família
brasileira não tem como não dar atenção a estas discursões existentes na
maternidade sócio afetiva. Não tem como ignorar estas situações, sob o argumento
genérico da impossibilidade jurídica do pedido, como definiram as instâncias
inferiores que apreciaram este embate. Já que não existe problemas legais acerca
do assunto abordado.

b) Licença Maternidade para Servidores Públicos

O papel da mulher é essencial para a vida em sociedade, seja pelo importante


papel que exerce no desempenho de atividades profissionais, tanto no serviço
público quanto no privado, seja pela essencialidade na formação da família. Nesse
contexto, é inegável que a mulher exige proteção diferenciada, já que precisa
conciliar a vida profissional com a maternidade, razão pela qual o próprio texto
constitucional foi claro em prever a proteção à gestante
Nos termos do artigo 201, II e 203, I, da Constituição, que dispõe ainda sob a
concessão do prazo de cento e vinte dias de licença-maternidade, de acordo com o
artigo 7, XVIII. As mulheres ocupam 55% das vagas no serviço público, nas esferas
32

federal, estadual e municipal. É importante avaliar as normas protetivas à mulher


servidora no serviço público federal. O art. 201 da Constituição apresenta que:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II - proteção à
maternidade, especialmente à gestante; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
O presente artigo mostra que os servidores estão amparados pela
Constituição, diante contribuição, os mesmos terão direito ao salário
maternidade. A partir disso, os servidores terão como se manter e sustentar
a criança recém nascida. Já o artigo 203 traz que:
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por
objetivos: I- a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência
e à velhice;

Segundo o tema do artigo 203, pode-se concluir que independente do


indivíduo ter algum tipo de contribuição ou não, terá a assistência social garantida
pois é um direito básico garantido pela Constituição Federal, a moradia, saúde e a
assistência social.
No âmbito do Serviço Público Federal, a Lei 8.112/1990, diz que para a
trabalhadora gestante o direito de licença-maternidade de cento e vinte dias, nos
termos do seu artigo 207, são estendíveis por mais sessenta dias, diante do que
está disposto na Lei 11.770/2008 e Decreto 6690/2008, chegando ao prazo máximo
de cento e oitenta dias, começando a vigorar a partir do primeiro dia do nono mês de
gestação ou conforme atestado médico, sem prejuízo da remuneração.
Esse cuidado a maternidade tem opinião ampla, pois abarca casos que tem a
adoção, conforme regulamentação prevista na Resolução 30/2008 do Conselho da
Justiça Federal, hipótese que diz respeito ao entendimento do Supremo Tribunal
Federal conforme o tema, quanto a impossibilidade das discriminações legislativas
como o que diz respeito a relação à proteção a maternidade e a adoção, inclusive no
que diz respeito a prazos diferenciados de licença em razão da idade do menor.
Este entendimento foi firmado em sede de repercussão geral no julgamento
do Recurso Extraordinário 778.889, comprovado a ausência de diferença entre filhos
biológicos e adotivos e a proteção, pressuposto como a dignidade da pessoa
humana, princípio da proteção, prioridade e interesse superior do menor.
Nestes termos, resta confirmar a seguinte tese:
33

―Os prazos da licença adotante não podem ser inferiores aos prazos da
licença gestante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em
relação à licença adotante, não é possível fixar prazos diversos em função
da idade da criança adotada‖.

A lei também mostra que é possível garantir o direito à concessão da licença


quando do nascimento prematuro no bebê, pressupostos que a licença tem início a
partir do parto. Em casos que ocorre o natimorto, ou seja, quando o bebê nasce sem
vida, a gestante pode gozar da licença de trinta dias. Ao fim desse período, será
subjugado a avaliação médica com intuito de aferir sua capacidade de retornar as
atividades normais de seus trabalhos.
A proteção abrange ainda, casos que envolvem aborto, como também
hipótese em que a servidora gestante terá licença remunerada de trinta dias para
descanso.
É necessário frisar que o tempo de afastamento do serviço público em razão
das licenças é considerado como de um direito a ser exercido pelo servidor, nos
termos expostos no artigo 102, VIII, a da Lei 8.112/1990. Além disso, em agosto de
2016, a Advocacia-Geral da União fortaleceu o entendimento diante de que o prazo
de licença-maternidade, adotante e paternidade não ergue a contagem do prazo do
estágio probatório do servidor público federal, tendo em mente que estes
afastamentos são em virtude do exercício legítimo de um direito.
Além do direito a licença-maternidade sem prejuízo à remuneração, o regime
jurídico dos servidores públicos federais desfruta ainda sobre o que diz respeito
sobre o auxílio-creche, nos termos expostos no artigo 7 do Decreto 977/1993, que
se dá de forma direta, diante de uma oferta de locais adequados para se
responsabilizar dos menores, como também de forma indireta, pelo pagamento ao
servidor com valor fixo mensal, dependendo dos dependentes dos servidores
públicos. Em suma, a legislação é ampla na proteção à mulher no âmbito do serviço
público.
34

3 METODOLOGIA

A metodologia empregada neste trabalho de conclusão de curso, foi realizada


por meio de pesquisa bibliográfica e sites especializados em licença maternidade,
como também a explanação de assuntos como adoção, relação homoafetiva, licença
para servidores públicos e privados.

3.1 TIPO DE PESQUISA

A pesquisa foi efetuada através de uma análise básica com apoio das
decisões judiciais usando jurisprudências como base de informação, onde a partir
das informações obtidas das jurisprudências pode-se analisar casos verídicos sobre
a licença maternidade.
Para que a pesquisa seja básica é recomendado que haja uma certa
motivação pela curiosidade e suas revelações necessitam ser apresentada para
toda a população, disponibilizando assim a propagação e aumento do
conhecimento.
Pesquisa qualitativa é um método de investigação científica que se foca no
caráter subjetivo do objeto analisado, estudando as suas particularidades e
experiências individuais, por exemplo.Com a pesquisa qualitativa, os entrevistados
estão mais livres para apontar os seus pontos de vista sobre determinados assuntos
que estejam relacionados com o objeto de estudo.
A jurisprudência é uma expressão jurídica, que representa um conjunto de
decisões judiciais tomadas por um Tribunal de Justiça. Estas decisões e relações
com casos que envolvem questões parecidas. As decisões são uma interpretação
dos juízes diante do que está presente na lei onde a interpretação da lei deve ser de
forma igual.

3.2 INSTRUMENTO DE PESQUISA

A presente pesquisa foi desenvolvida a partir de dados coletados de


jurisprudências verídicas de casos envolvendo a licença maternidade, tentando
mostrar de uma forma simples casos em que tanto o direito foi negado, como
também explanar exemplos onde o mesmo foi devidamente concedido.
35

3.3 LOCUS DA PESQUISA

A presente pesquisa foi realizada a partir de análise documental onde foi


analisado casos verídicos que ocorreram com pessoas por todo o país, foi usado
para tal dados coletados dos Tribunais Federias.

3.4 SUJEITO DA PESQUISA

O sujeito desta presente pesquisa foi a própria justiça, onde foram coletados
dados dos tribunais do estado do Goiás, do Distrito Federal e do estado do São
Paulo, como também Tribunal Regional Federal da 4° Região. Estes órgãos serviram
como base para a presente pesquisa.
36

4 ANÁLISE DE DADOS

As seguintes jurisprudências dizem respeito a licença maternidade


homoafetiva, e suas peculiaridades, tendo em vista que e um direito do casal, a ter
seus filhos.

Quadro 02: Jurisprudência

MANDADO DE SEGURANÇA. CONCESSÃO DE DUPLA LICENÇA-


MATERNIDADE. FAMÍLIA HOMOAFETIVA. PREVISÃO DE CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO A SOMENTE UMA DAS MÃES. LICENÇA NÃO CONCEDIDA 4. A
litisconsorte, empregada pública, teve seu pedido de concessão de licença
maternidade de 180 (cento e oitenta) dias indeferido, tendo em vista a concessão
da licença maternidade à sua companheira, responsável pela gestação da filha do
casal. Inexiste norma específica concessiva de licença-maternidade à mãe que
não seja a biológica ou a adotante, devendo o caso ser decidido de acordo com a
analogia. Assim, aplica-se ao caso a Lei nº 12.873/2013, a qual prevê que, em
caso de adoção, apenas um dos adotantes terá direito à licença-maternidade.
Deste modo, considero demonstrado o pressuposto fundamental para a
concessão da segurança postulada. (Processo: MS - 0000553-30.2018.5.06.0000,
Redator: Ruy Salathiel de Albuquerque e Mello Ventura, Data de julgamento:
06/11/2018, Tribunal Pleno, Data da assinatura: 13/11/2018)
(TRT-6 - MS: 00005533020185060000, Data de Julgamento: 06/11/2018, Tribunal
Pleno)

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho, julgamento em 06/11/2018. Órgão julgador: Tribunal Pleno

A jurisprudência acima, tem o propósito de negar o pedido de uma mulher que


pretendia ter direito à licença-maternidade nos mesmos moldes de sua
companheira. Isso se dá pelo fato do casal ser considerado um casal normal, e o
mesmo deve gozar dos mesmos direitos de um casal convencional, já que apenas a
mulher terá direito a licença de cento e vinte dias. A Consolidação das Leis

4
Acessado em: https://trt-6.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/648251623/mandado-de-seguranca-ms-
5533020185060000?ref=serp em 22 de novembro de 2019.
37

Trabalhistas(CLT) diz que: ‗Art. 392. A empregada gestante tem direito à licença-
maternidade de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário.
Com o que é mostrado no art.392 é possível identificar que a mulher quanto
gestante está assegurada a se afastar de suas funções a partir da 28° dia antes do
parto, desde que apresente atestado médico comprovando, e com isso poderá gozar
dos cento e vinte dias, a partir desta afirmação não é possível que ambos os
cônjuges desfrutem do mesmo período de licença.

Quadro 03: Jurisprudência


PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
RELAÇÃO HOMOAFETIVA. LICENÇA MATERNIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE
EXTENSÃO. 51. O intuito de se conferir a licença maternidade é possibilitar à
servidora o apoio necessário para promover os cuidados de uma criança, em
momentos extremamente delicados da vida, quais sejam o nascimento e a adoção.
A condição de vulnerabilidade é presumida, o que acarreta o essencial amparo do
Estado. 2. A extensão do auxílio maternidade, no período de 180 dias, à pessoa
que não se encontra na condição de gestante ou adotante gera um descompasso
inaceitável, eis que se estará concedendo um benefício a alguém pelo simples fato
de ser mulher, mas que se subsume nos mesmos fundamentos lógicos e jurídicos
atinentes à situação geradora da licença paternidade. 3. A criação de um novo tipo
de benefício pelo Poder Judiciário, com prazo diferenciado, à mulher que não se
enquadra nos ditames legais, ofende os princípios da legalidade, da isonomia e a
tripartição de poderes. 4. Recurso desprovido.
(TJ-DF - APC: 20130110227074 DF 0001203-20.2013.8.07.0018, Relator:
MARIOSIMBOLOHIFENTJDFTZAM BELMIRO, Data de Julgamento: 04/03/2015,
2ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 20/03/2015 . Pág.: 163)
Fonte: Tribunal de Justiça do Distrito Federal – TJSP. Data de Julgamento: 04/03/2015. Relator:
MARIO ZAM BELMIRO

Esta segunda jurisprudência está relacionada a relação homoafetiva, que diz


respeito a negação do direito pois a extensão do auxílio maternidade, no período de
cento e oitenta dias à pessoa que não se encontra na condição de gestante ou
adotante, gera um descompasso inaceitável.

5
Acessado em: https://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/175645065/apelacao-civel-apc-
20130110227074-df-0001203-2020138070018 em 22 de novembro de 2019.
38

Como no primeiro exemplo, este mostra que não é possível ao casal desfrutar
ambos dos mesmos direitos, pois apenas um poderá usufruir dos direitos ligados a
licença maternidade.
Outro tipo de licença maternidade, é a que está ligada ao aborto, pois mesmo tendo
o infortúnio em perder a vida que gerava, a mãe tem o direito a gozar deste
privilégio.

Quadro 04: Jurisprudência


MORTE DE CRIANÇA APÓS O PARTO – LICENÇA-MATERNIDADE
Não afronta o texto constitucional a lei distrital que prevê o prazo de trinta
dias de licença-maternidade no caso de nascimento da criança com vida
seguido de óbito.6 Servidora pública do DETRAN/DF insurgiu-se contra a
sentença que julgou improcedente o pedido de licença-maternidade de forma
integral a partir da data do parto de sua filha que veio a falecer logo após o
nascimento ou, subsidiariamente, a conversão em pecúnia de licença-
maternidade não usufruída. Em suas razões recursais, a autora sustentou que
tem direito à licença-maternidade de 180 dias, mesmo com a ocorrência do óbito
da criança, devendo ser aplicad a legislação previdenciária. (...) Segundo os
Desembargadores, a previsão em legislação distrital do período de trinta dias
para o caso de nascimento da criança com vida seguido de morte não afronta o
texto constitucional, mostrando-se razoável e proporcional, tendo em vista que
será utilizado exclusivamente para a recuperação da mulher. Quanto à
pretensão de ser aplicada, por analogia, a regra esculpida na legislação
previdenciária, os Magistrados entenderam não ser possível, porquanto o regime
geral da previdência social é diverso do regime próprio dos servidores do DF, ao
qual está vinculada a autora. (Acórdão n. 906887, 20130111914193APC,
Relatora: SIMONE LUCINDO, Revisor: ALFEU MACHADO, 1ª Turma Cível, Data
de Julgamento: 18/11/2015, Publicado no DJE: 30/11/2015. Pág.: 145 )
Fonte: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Distritos. Julgamento:18/11/2015 Relator:
Simone Lucindo

6
Acessado em: https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/informativos/2015/informativo-de-
jurisprudencia-n-318/morte-de-crianca-apos-o-parto-2013-licenca-maternidade em 23 de novembro de 2019.
39

O texto acima diz respeito a jurisprudência relacionada a licença maternidade


em casos de aborto, a sentença está ligada a servidora pública que não estava de
acordo com a decisão de que o período da licença que é devida; a mesma fosse
reduzido para trinta dias, e que sim deveria ser o equivalente a cento e oitenta dias,
mas segundo desembargadores responsáveis o período proposto seria o suficiente
para recuperação da mesma. Segundo o art.395 da Consolidação das Leis
Trabalhistas(CLT):

Art. 395. Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado


médico oficial, a mulher terá um repouso remunerado de duas (2) semanas,
ficando-lhe assegurado o direito de retornar à função que ocupava antes de
seu afastamento.

Diante do que está previsto no artigo 395 da CLT, percebe-se que em casos
em que o aborto não é criminoso o período de licença corresponde a duas semanas,
o tempo concedido de trinta dias concedido dobra o que está previsto, mas como se
trata de servidora pública como também do juiz responsável, este período se faz
legal.

Quadro 05: Jurisprudência


PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. SEGURADA ESPECIAL.
CUMPRIMENTO DO PERÍODO DE CARÊNCIA. TRABALHADORA RURAL. REGIME
DE ECONOMIA FAMILIAR. DESNECESSIDADE DE RECOLHIMENTO DE
CONTRIBUIÇÕES. ABORTO NÃO CRIMINOSO. PAGAMENTO PORPORCIONAL.
JUROS MORATÓRIOS E CORREÇÃO MONETÁRIA. DIFERIDOS 7. 1. O salário
maternidade é devido à trabalhadora que comprove o exercício da atividade rural pelo
período de 10 meses anteriores ao início do benefício, este considerado do
requerimento administrativo (quando ocorrido antes do parto, até o limite de 28 dias),
ou desde o dia do parto (quando o requerimento for posterior). 2. Cumprido o período
de carência no exercício da atividade rural, faz jus a parte autora ao salário-
maternidade na qualidade de segurada especial. 3. Na hipótese de aborto não
criminoso, inexiste justificativa para a concessão de salário-maternidade pelo período
de 120 dias, tal como previsto no artigo 71 da Lei n. 8.213/91, na medida em que a
proteção à maternidade fica restrita ao aspecto do restabelecimento das condições

7
disponivel em: https://trf-4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/415101355/apelacao-civel-ac-
162553520154049999-rs-0016255-3520154049999 em 23 de novembro de 2019.
40

físicas e emocionais da gestante. O aborto não criminoso, que, não obstante a


omissão da Lei n. 8.213/1991, recebe o amparo previdenciário, de acordo com o
artigo 93, § 5º, do Decreto n. 3.048/1999. 4. Esta Corte já pacificou o entendimento
de que ao segurado especial de que trata o art. 11, VII, da Lei de Benefícios, é
dispensado o recolhimento das contribuições para fins de obtenção de benefício
previdenciário. 5. As normas que versam sobre correção monetária e juros possuem
natureza eminentemente processual, e, portanto, as alterações legislativas referentes
à forma de atualização monetária e de aplicação de juros, devem ser observadas de
forma imediata a todas as ações em curso, incluindo aquelas que se encontram na
fase de execução. 6. Visando não impedir o regular trâmite dos processos de
conhecimento, firmado em sentença, em apelação ou remessa oficial o cabimento
dos juros e da correção monetária por eventual condenação imposta ao ente público,
a forma como será apurada a atualização do débito deve ser diferida (postergada)
para a fase de execução, observada a norma legal em vigor.(TRF-4 - AC:
162553520154049999 RS 0016255-35.2015.404.9999, Relator: VÂNIA HACK DE
ALMEIDA, Data de Julgamento: 23/11/2016, SEXTA TURMA)
Fonte: Tribunal Regional Federal da 4° Região. Julgamento: 23/11/2016. Relator: VÂNIA HACK DE
ALMEIDA

A jurisprudência acima tem como objetivo explanar sobre a o direito de uma


gestante da zona rural, estar por sofrer de aborto não criminoso segundo a lei, terá
direito a licença ao equivalente a duas semanas, visto que, este período serve para
que a gestante recupere seu estado emocional devido a perda. Segundo o art.395
da consolidação das leis trabalhistas(CLT):

Art. 395. Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado


médico oficial, a mulher terá um repouso remunerado de duas (2) semanas,
ficando-lhe assegurado o direito de retornar à função que ocupava antes de
seu afastamento.

O presente artigo assegura a gestante nos casos comprovados por laudo


médico o aborto a se recolher em licença de duas semanas para descanso,
assegurando o retorno da mesma para suas funções normais no local de trabalho.
Um terceiro tipo de licença maternidade é aquele concedido a mães
adotantes, pois estas estão a fazer um gesto humanitário, neste tipo de caso os
adotantes podem gozar de seus direitos.
41

Quadro 06: Jurisprudência


LICENÇA-MATERNIDADE À MÃE ADOTANTE. 180 DIAS. TRATAMENTO
IDÊNTICO ENTRE MÃE BIOLÓGIA E MÃE ADOTIVA 8. 1. O princípio de
proteção ao menor, consagrado na Constituição Federal e no Estatuto da
Criança e do Adolescente, impõe sejam garantidos à mãe adotiva garantias e
direitos idênticos aos assegurados à mãe biológica, visando à proteção à
maternidade e à criança notadamente. 2. Não se justifica dispensar tratamento
diferenciado entre mães biológica e adotiva, na medida em que os cuidados a
serem dispensados ao recém-nascido são os mesmos. A negativa de concessão
de licença à adotante em idêntico número de dias ao previsto para licença-
maternidade implica discriminação, violando o artigo 5º da Constituição Federal.
(TRF-4 - APELREEX: 50291477720144047200 SC 5029147-77.2014.404.7200,
Relator: VIVIAN JOSETE PANTALEÃO CAMINHA, Data de Julgamento:
02/06/2015, QUARTA TURMA)
Fonte: Tribunal Regional Federal da 4° Região. Relator: VIVIAN JOSETE PANTALEÃO CAMINHA,
Data de Julgamento: 02/06/2015

Segundo a jurisprudência acima, que diz respeito a licença maternidade, esta


diz que existe a necessidade de se tratar com igualdade as mães adotantes pois são
como as mães biológicas que criam a responsabilidade de cuidar de uma nova vida.
Dentro da lei 10.421/2002 está o art.392-A da Consolidação das Leis
Trabalhista(CLT), diz que: À empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para
fins de adoção de criança será concedida licença-maternidade nos termos do art.
392, observado o disposto no seu §.
Percebe-se diante do que está sendo apresentado no artigo acima da CLT
que casais que querem ter filhos por meio de adoção estão aptos, e os mesmos tem
direito a todos os benefícios que pais que seguem a gestação de nove meses tem.
Ou seja, estes tem direito a licença maternidade por exemplo. Mas tal
benefício só pode ser concedido diante de termo judicial atestando a adoção,
contudo, tal regalia só pode ser concedido a um dos pais.

8
Acessado em: https://trf-4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/426863954/apelacao-reexame-necessario-
apelreex-50291477720144047200-sc-5029147-7720144047200?ref=serp. Visto em 24 de novembro de 2019.
42

Quadro 07: Jurisprudência


AGRAVO DE INSTRUMENTO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. PENSÃO. ADOÇÃO.
LICENÇA-MATERNIDADE À MÃE ADOTANTE. PRORROGAÇÃO. DEFERIMENTO 9.
1. O princípio de proteção ao menor, consagrado na Constituição Federal e no
Estatuto da Criança e do Adolescente, impõe sejam garantidos à mãe adotiva
garantias e direitos idênticos aos assegurados à mãe biológica, visando à proteção à
maternidade e à criança notadamente. 2. Portanto, não há razão para deferir
tratamento diferenciado, uma vez que os cuidados a serem dispensados às crianças
são os mesmos. A negativa de concessão de licença à adotante em idêntico número
de dias ao previsto para licença-maternidade implica discriminação, violando o artigo
5º da Constituição Federal.
(TRF-4 - AG: 50251384120144040000 5025138-41.2014.404.0000, Relator: VIVIAN
JOSETE PANTALEÃO CAMINHA, Data de Julgamento: 11/12/2014, QUARTA
TURMA)
Fonte: Tribunal Regional Federal da 4° Região. Relator: VIVIAN JOSETE PANTALEÃO
CAMINHA, Data de Julgamento: 11/12/2014

O acórdão acima está ligado ao cumprimento dos direitos devidos a mãe


quanto adotante, e se fazendo necessário que haja distinção sobre a mãe biológica
e a mãe adotante, isso perante o cumprimento das leis. Diante do que está previsto
na LEI Nº 8.069, de 13 de julho 1990:

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.


Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata
esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do
poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.

A lei Nº 8.069, de 13 de julho 1990 e que dispõem sobre o Estatuto da


Criança e do Adolescente em seus artigos estão contidos só direitos dos jovens, o
artigo da presente lei dizem que as crianças devem gozar de todos os direitos
fundamentais existentes, saúde, educação, lazer e esportes, e assim em diante esta
lei fala também que é dever da família, comunidade em geral assegurar que esses

9
Acessado em: https://trf-4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/422142674/agravo-de-instrumento-ag-
50251384120144040000-5025138-4120144040000?ref=serp visto em 24 de novembro de 2019.
43

direitos sejam cumpridos, com o que é previsto na lei 8.069, percebe-se que é
necessário que a mãe quanto adotante esteja presente nos primeiros momentos do
jovem na introdução familiar.

Quadro 08: Jurisprudência


DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE
SEGURANÇA. LICENÇA MATERNIDADE DE SERVIDORA PÚBLICA
MUNICIPAL. ADOÇÃO DE CRIANÇA COM MENOS DE UM (01) ANO DE IDADE.
DECLARADA A INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 225, CAPUT, DA LEI
COMPLEMENTAR MUNICIPAL Nº 11/92 10. I - É lídima a pretensão da impetrante
em pleitear licença maternidade por cento e oitenta (180) dias, a contar da data
da adoção de criança com menos de um (01) ano de idade, para a mãe adotante,
servidora pública municipal. Exegese do artigo 7º, XVIII e artigo 39, § 3º, ambos
da Constituição Federal; artigo 1º, § 2º, da Lei Federal nº 11.770/2008; artigo 1º
da Lei Complementar Municipal nº 197/2009 que alterou o artigo 223 do Estatuto
dos Servidores Públicos do Município de Goiânia. Declarada a
inconstitucionalidade, incidenter tantum, do caput do artigo 225 da Lei
Complementar Municipal nº 11/1992. II - A Lex Mater não faz distinção entre a
genitora biológica e a adotiva (artigo 227, § 3º). III - Confirmada a sentença que
concedeu a licença maternidade à mãe adotante, pelo prazo de cento e oitenta
(180) dias. RECURSO E REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDOS E
DESPROVIDOS.
(TJ-GO - DUPLO GRAU DE JURISDICAO: 03088088220138090051, Relator:
DES. FAUSTO MOREIRA DINIZ, Data de Julgamento: 19/07/2016, 6A CAMARA
CIVEL, Data de Publicação: DJ 2076 de 27/07/2016)
Fonte: Tribunal de Justiça do Estado do Goiás. Relator: DES. FAUSTO MOREIRA DINIZ, Data de
Julgamento: 19/07/2016

O trecho acima fala de uma jurisprudência ligada à licença maternidade para


adoção, onde a adotante em questão usou seus direitos para adoção de um filho,
neste mesmo caso percebe-se que é viável o pedido de licença maternidade, pois
não pode haver distinção entre mãe biológica e a adotante.

10
Acessado em: https://trf-4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/426863954/apelacao-reexame-necessario-
apelreex-50291477720144047200-sc-5029147-7720144047200?ref=serp visto em 25 de novembro de 2019.
44

A lei 10.421/2002 diz que: ‗Estende à mãe adotiva o direito à licença-


maternidade e ao salário-maternidade, alterando a Consolidação das Leis do
Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e a Lei
no 8.213, de 24 de julho de 1991‘.
De acordo com esta lei, as mães adotivas tem o direito de dispor de um
período em função da idade da criança adotada, quais sejam: para crianças
adotadas com idade até um ano o período de licença e salário maternidade; serão
de cento e vinte dias, se as crianças contarem com idade entre um a quatro anos, a
licença e salário; serão de sessenta dias e serão de trinta dias para as crianças de
quatro a oito anos de idade. A adoção de menor com idade superior a oito anos,
ainda que possível, não terá o direito a licença e ao salário maternidade.
Outro tipo de licença maternidade é aquela destinada as mães sócio afetivas.
Os casos de paternidade sócio afetivas são de há muito conhecidos dos nossos
Tribunais, mas, recentemente, há também pleitos de maternidade sócio afetivas
que clamam por deliberação. Inequívoco que esses casos maternos se apresentam
com menor intensidade, mas ainda assim são manifestações sociais que merecem
consideração.

Quadro 09: Jurisprudência


APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE REGISTRO CIVIL DE NASCIMENTO.
ATO REGISTRAL LEVADO A EFEITO PELO PAI BIOLÓGICO. INEXISTÊNCIA DE
VÍCIO. CONHECIMENTO DO ATO, DESDE A INFÂNCIA DO REGISTRADO. POSSE
DO ESTADO DE FILHO. AQUIESCÊNCIA. MATERNIDADE SOCIOAFETIVA.
CARACTERIZAÇÃO DA ADOÇÃO À BRASILEIRA. REGISTRO CIVIL DE
NASCIMENTO IRREVOGÁVEL (art. 1.604 do CCB). ANULAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE 11.
1. Malgrado se admita a possibilidade do não conhecimento prévio do ato de registro
civil de nascimento do Apelado, em seu nome, como se filho legítimo seu fosse, não há
se cogitar, neste, de anulabilidade do ato por vício de consentimento ou de declaração
falsa. 2. Constatado que a mãe registral tomou conhecimento do ato, ainda na infância
do registrado, e contra ele não se insurgiu, manifestando aquiescência, tem-se por
caracterizada a adoção à brasileira. 3. O vínculo sócioafetivo e a posse de estado de
filho, além de respaldar a adoção à brasileira, não autoriza a anulação do registro civil
de nascimento (arts. 1.604 e 1.593 do CCB, c/c art. 227, § 6º, da CF). RECURSO

11
Disponível em: https://tj-go.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/712967074/apelacao-apl-
4378107620138090093?ref=feed;visto em 25 de novembro de 2019
45

CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.


(TJ-GO - APL: 04378107620138090093, Relator: OLAVO JUNQUEIRA DE ANDRADE,
Data de Julgamento: 22/04/2019, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ de
22/04/2019)

Fonte: Tribunal de Justiça do Estado do Goiás. Relator: OLAVO JUNQUEIRA DE ANDRADE, Data
de Julgamento: 22/04/2019

O caso descrito na tabela acima está relacionada a relação sócioafetiva, entre


pais e filho, onde é exigido a anulação de registro por parte do pai, com o a
justificativa de negligência da mãe para com o menor.
Este ato se considera inválido pois mesmo com a imprudência da
responsável, a mesma ainda é mãe do menor em questão, e com isso não pode se
livrar das obrigações legais com o menor.
A Constituição Federal de 1988 e o Código Civil de 2002 são exemplos de
uma classe de estatutos que deram espaço para o reconhecimento jurídico da
filiação sócio afetiva. Está disponível no parágrafo 6º do art. 226 da nossa Carta
Magna que é expresso ao afirmar: ―Os filhos, havidos ou não da relação do
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.‖
Também a redação do art. 1593 do Código Civil Brasileiro não deixa
margem a dúvidas: ―O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de
consanguinidade ou outra origem‖.

Quadro 10: Jurisprudência


CIVIL E FAMÍLIA. INVESTIÇÃO DE MATERNIDADE. ANULAÇÃO DE REGISTRO
CIVIL. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. ALEGAÇÃO DE
VÍCIO DE CONSENTIMENTO. NÃO DEMONSTRAÇÃO. PRESUNÇÃO DE
VERACIDADE DO ATO REGISTRAL. CABIMENTO. ADOÇÃO À BRASILEIRA.
12
VERIFICAÇÃO. ILEGALIDADE. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO 1. A jurisprudência
consagrou o entendimento de que a pretensão de anular registro civil de nascimento
não encontra limites nos prazos prescricionais e decadenciais preconizados na
legislação civil vigente, haja vista versar sobre o estado da pessoa (verbete nº 149 da
súmula do excelso Supremo Tribunal Federal). 2. A contestação da filiação pode ser

12
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=MATERNIDADE+BRASILEIRA visto em
26 de novembro de 2019.
46

requerida pelo (a) genitor (a) a qualquer tempo e tem por finalidade precípua a
anulação do registro civil de nascimento, que em regra é irrevogável e depende de
prova robusta de ocorrência de vício de consentimento a corromper a vontade que
ensejou o ato registral. 3. De acordo com a inteligência dos artigos 1.604 e 1.606 do
Código Civil e do art. 27 da Lei nº 8.069/1990, a denominada adoção à brasileira não
impede que o filho postule a nulidade do assento de nascimento e demande o
reconhecimento da filiação biológica, haja vista ser direito constitucionalmente
protegido, decorrente do princípio da dignidade da pessoa humana. 4. Não há como
permitir a desconstituição do estado de filiação do falecido em relação aos seus avós
maternos, representado pelo reconhecimento espontâneo destes e de sua mãe
biológica há quase 50 (cinquenta) anos, o que inviabiliza a pretensão recursal. 5.
Recurso desprovido.
(TJ-DF 20160310164180 - Segredo de Justiça 0016030-76.2016.8.07.0003, Relator:
JOSAPHA FRANCISCO DOS SANTOS, Data de Julgamento: 26/09/2018, 5ª TURMA
CÍVEL, Data de Publicação: Publicado no DJE : 05/10/2018 . Pág.: 606/612)
Fonte: Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Relator: JOSAPHA FRANCISCO DOS SANTOS,
Data de Julgamento: 26/09/2018

O relato acima está ligado a jurisprudência que corresponde a anulação de


registro de nascimento, e este não pode ser cancelado, exceto que aja informação
robusta para tanto.
Ao regular a admissão do direito de família clássico trazia expresso apenas
as conexões sanguíneas, registrais e adotivos. Este era um cenário do Código
Civil Brasileiro de 1916. Contudo, as modificações percebidas no cenário social
refletiu no Direito. Prova deste fato, é que o abrigo desta afetividade como princípio
do Direito de Família Brasileiro e suas diversas consequências.13
Mesmo com o avanço e a familiarização do exame em DNA, que possibilitou
verificar com certo nível de acerto a origem genética, ainda percebe-se que esta
modalidade não passou a ser vista como a única forma possível de se atestar uma
filiação. Com o avanço da ciência e a possibilidade de pôr fim às dúvidas
genéticas. Em uma infinidade de situações possíveis, mesmo se podendo afirmar
tecnicamente a falta de relação genética, ainda assim, se percebia presente uma
relação de fato de paternidade ou maternidade tão intensa que não era possível de
ser ignorada pelo Direito.

13
Disponível em: https://genjuridico.jusbrasil.com.br/artigos/504406522/maternidade-socioafetiva-
possibilidade-juridica-reconhecida-pelo-superior-tribunal-de-justica-1. Acessado em : 29/09/2019
47

A jurisprudência acima está ligada a funcionária pública que de acordo os


dados prestados teve o seu salário maternidade reduzido, pois de acordo com a lei
prevista da Constituição Federal (CF), não podem ser negadas, já que é direito da
gestante usufruir da licença pelo tempo determinado sem redução do lavor
estabelecido.
No âmbito do serviço público federal, a Lei 8.112/1990, diz que para a
trabalhadora gestante o direito de licença-maternidade de 120 dias, nos termos do
seu artigo 207, são estendíveis por mais 60 dias, diante do que está disposto na Lei
11.770/2008 e Decreto 6690/2008, chegando ao prazo máximo de 180 dias,
começando a vigorar a partir do primeiro dia do nono mês de gestação ou conforme
atestado médico, sem prejuízo da remuneração.

Quadro 11: Jurisprudência

APELAÇÃO CÍVEL – MANDADO DE SEGURANÇA – LICENÇA MATERNIDADE –


SERVIDORA PÚBLICA ESTADUAL TEMPORÁRIA. 1. PERDA DO OBJETO E
SENTENÇA EXTRA PETITA14 – Descabimento – Preliminares rejeitadas. 2.
Contratação com base na Lei Complementar Estadual n.º 1.093/2009 – Negativa de
concessão do benefício pela via administrativa – Descabimento – Licença assegurada
pela Constituição Federal, sem distinção entre as diversas espécies de servidores
públicos – Exegese dos artigos 7.º, inciso XVIII, e 39, § 3.º, da Constituição Federal;
124, § 3.º, da Constituição do Estado de São Paulo; 198 da Lei Estadual n.º 10.261/68
(na redação vigente); 10 da Lei Complementar Estadual n.º 1.093/09 – Princípio
constitucional da isonomia – Precedentes – Segurança concedida – Confirmação da
sentença – Reexame necessário e recurso de apelação não providos.
(TJ-SP - AC: 10247316520148260224 SP 1024731-65.2014.8.26.0224, Relator:
Osvaldo de Oliveira, Data de Julgamento: 17/09/2019, 12ª Câmara de Direito Público,
Data de Publicação: 17/09/2019)
Fonte: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Relator: Osvaldo de Oliveira, Data de
Julgamento: 17/09/2019

O conteúdo do quadro acima diz respeito ao descumprimento do direito de


uma funcionária pública temporária, pois é direito da mulher quanto gestante o
recebimento da licença maternidade, visto que independentemente da funcionária

14
Disponível:
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=LICEN%C3%87A+MATERNIDADE+SERVIDOR
+PUBLICO acessado em 26 de novembro de 2019
48

ser efetiva ou não, tem direito. De acordo o artigo 7 inciso XVIII da Constituição
Federal de 1988, diz que: ―Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social:XVIII - licença à
gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
dias‖.
O artigo 7 da CF diz que mediante gravidez a gestante não pode ser
prejudicada, pois é um direito da mesma usufruir tanto dos 120 dias de licença,
como também neste período receber normalmente o salário que a mesma é devido.
49

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi feito com o intuito de avaliar e demonstrar o direito


trabalhista ligado a licença maternidade dos indivíduos conforme a legislação, já que
os direitos trabalhistas têm a finalidade de garantir aos trabalhadores seus direitos
básicos, já que o mesmo deve desfrutar da licença maternidade bem como gozar do
seu salário sem prejuízo.
A pesquisa tem como objetivo mostrar de uma forma clara e precisa quais
perspectivas segundo as jurisprudências os diretos que os trabalhadores tem
conforme a legislação vigente. Para alcance desse objetivo, foi feito um estudo no
que diz respeito a um estudo relacionado a jurisprudência, onde foi analisado casos
verídicos. O instrumento de coleta dos dados foi através de uma análise documental
onde foi analisado decisões dos próprios juízes.
O presente trabalho constatou que a legislação trabalhista brasileira é extensa
e complexa, já que não se limita apenas as diretrizes da CLT. Para o entendimento
amplo e correto do direito do trabalho, vários dispositivos legais devem ser
consultados, como: a própria constituição, leis ordinárias, a Consolidação das Leis
Trabalhistas; além de literaturas complementares sobre a matéria.
Foram examinadas algumas jurisprudências sobre o assunto abordado neste
trabalho, a primeira tabela está relacionada com a relação homoafetiva, onde
segundo o caso, um casal composto por duas mulheres queriam gozar ambas do
mesmo direito a licença maternidade, mas isso não se considera possível. De
acordo com o juiz responsável, este ato não tem fundamento, pois apenas uma das
parceiras tem o direito a se beneficiar da licença.
A segunda tabela apresentada também está ligada aos casais homoafetivos.
Pois a jurisprudência apresentada está relacionada a esse tipo de relação afetiva,
que diz respeito a negação do direito pois a extensão do auxílio maternidade, no
período de 180 dias à pessoa que não se encontra na condição de gestante ou
adotante gera um descompasso inaceitável. Percebeu-se com as duas situações
apresentadas que não é garantido por lei que ambos os parceiros tenham o mesmo
direito.
A terceira tabela apresentada está ligada a um caso de aborto, onde a ré em
questão concluiu que sua licença após o aborto deveria ser de tempo integral. Ou
seja, deveria gozar dos 120 dias, mas de acordo com o desembargador responsável
50

o período proposto seria mais do que suficiente, já que serviria para a mesma
recobrar suas formas mentais e físicas.
A quarta tabela também ligada ao aborto, está ligada ao cumprimento da
licença por uma gestante localizada na zona rural, e esta gozara do período de
quinze dias de licença, já que esse período equivale a um período de descanso
emocional, que serve para a mulher se recuperar da perda.
Outro ponto analisado neste trabalho foram os aspectos da licença
maternidade em casos de aborto, onde constatou segundo a jurisprudência
analisada que mães adotantes tem que gozar dos mesmos direitos das mães
biológicas, pois estas estão passando pela mesma situação.
Outro ponto analisado dentro do mesmo contexto de adoção, foi que à
necessidade de haver igualdade entre as mães biológicas e as adotantes, pois estas
são iguais perante a lei, e seus direitos tem que serem equivalentes, já que
nenhuma se sobressai sobre a outra. Foi constatada pela presente pesquisa que em
casos que ocorre a licença maternidade para mães sócio afetivas, estas mesmo que
o conceito de família vá além do laços sanguíneos, estão asseguradas nos mesmos
moldes dos outros modelos de maternidade.
Foi pesquisado também a licença maternidade para servidores públicos e foi
notado que esta modalidade, as usuárias da licença tem direito aos 120 dias
padrões e este período pode ser estendido por mais 60 dias. Foi observado também
que trabalhadoras temporárias tem o mesmo direito a exercer os direitos que um
trabalhador efetivo.
Diante da problemática apresentada no começo do trabalho, percebe-se que
os direitos do trabalhador são muitos, e estes podem até ser considerado
complexos, pois cada direito do trabalhador tem suas particularidades, desde a
necessidade de faltar um dia de trabalho, como gozar de uma licença maternidade.
Todas as possibilidades pensadas que envolvam o trabalho está dentro de
alguma lei, norma ou estatuto, e como sempre surgem novos fatos e
acontecimentos, novas leis surgirão para amparar o trabalhador.
51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2017.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado


Federal: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e


do Adolescente e dá outras providências. Vade mecum acadêmico de direito
Rideel. 15.ed. atual. e ampl. São Paulo: Rideel, 2012.

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Tribunal de Justiça. 2002. Disponível em:
<https://genjuridico.jusbrasil.com.br/artigos/504406522/maternidade-socioafetiva-
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Tribunal Regional Federal da 4ª Região TRF-4 - APELAÇÃO/REEXAME


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53

LEHENBAUER, Carolina Strelow de C.. AbortoAborto espontâneo e licença


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