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CAICÓ-RN
2021
ALDENÍ GOMES DE ARAÚJO JÚNIOR
CAICÓ-RN
2021
CATALOGAÇÃO NA FONTE
Biblioteca Madre Francisca Lechner
Faculdade Católica Santa Teresinha
70f.
O presente estudo tem como foco a análise da teoria social marxista no Serviço
Social, adentrando em seu processo sócio-histórico e o seu amadurecimento teórico,
metodológico e interventivo da categoria. A fundamentação teórica analisou o
processo antagônico das classes existentes, correlacionando os seus conflitos e
interesses distintos, seguindo para o marxismo na contemporaneidade e os seus
diversos desafios diante do Estado burguês e os seus meios de dominação. Sendo o
Serviço Social uma profissão que se modificou durante a sua trajetória, o seu projeto
profissional consolidou-se hegemonicamente enquanto norte emancipatório e de
rompimento com as práticas da classe dominante, refletindo acerca da própria
sociabilidade atual. Ademais, além da fundamentação, concluiu-se com a análise
dos dados obtidos através da pesquisa de caráter bibliográfico que explorou dez
anos de publicações das plataformas digitais Katálysis, Temporalis e Serviço Social
& Sociedade, sendo um campo diverso que demonstrou o interesse da categoria em
discutir temas como a aproximação da profissão com o marxismo, o processo de
rompimento com o conservadorismo e o materialismo histórico e dialético. Com base
nessas categorias elencadas que se desenvolveu tal proposta de trabalho
apresentado, elencando questões pertinentes para o Serviço Social tanto em sua
formação acadêmica quanto no seu fazer profissional.
The present study focuses on the analysis of marxist social theory in Social Service,
entering into its socio-historical process and its theoretical, methodological and
interventional maturation of the category. The theoretical foundation analyzed the
antagonistic process of the existing classes, correlating their distinct conflicts and
interests, moving on to Marxism in contemporary times and its various challenges
before the bourgeois state and its means of domination. Since Social Service was a
profession that changed during its trajectory, its professional project was
hegemonically consolidated as an emancipatory north and a break with the practices
of the ruling class, reflecting on the current sociability itself. Moreover, in addition to
the foundation, it was concluded with the analysis of the data obtained through the
bibliographic research that explored ten years of publications of the digital platforms
Katálysis, Temporalis and Serviço Social & Sociedade, being a diverse field that
demonstrated the interest of the category in discussing topics such as the
approximation of the profession with marxism, the process of disruption with
conservatism and historical and dialectical materialism. Based on these selected
categories, this proposal of work presented was developed, list questions relevant to
Social Service both in its academic education and in its professional practice.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14
2 CLASSES SOCIAIS, MARXISMO E DIRECIONAMENTO CRÍTICO DO
SERVIÇO SOCIAL.................................................................................................... 16
2.1 ANÁLISE DAS CLASSES ANTAGÔNICAS: BURGUESIA E
PROLETARIADO ................................................................................................... 16
2.1.1 LUTAS DE CLASSES, ESTADO E QUESTÃO SOCIAL ................................ 21
2.2 MARXISMO E A CONTEMPORANEIDADE ..................................................... 26
3 DIREÇÃO NORTEADORA DO SERVIÇO SOCIAL ........................................... 32
3.1 PROJETO PROFISSIONAL ............................................................................. 32
3.2 ECLETISMO E PLURALISMO NO SERVIÇO SOCIAL ..................................... 36
4 A GÊNESE DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL, ANÁLISE DIALÉTICA E OS
DESAFIOS DA PÓS-MODERNIDADE PARA A CATEGORIA. ............................... 41
4.1 METODOLOGIA............................................................................................... 41
4.2 SERVIÇO SOCIAL E SEU PROCESSO SÓCIO-HISTÓRICO.......................... 47
4.3 SERVIÇO SOCIAL E A PÓS-MODERNIDADE: PROCESSOS
CONSERVADORES E CONTRADITÓRIOS NA CATEGORIA. ............................. 53
4.4 MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO ................................................... 56
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 63
14
1 INTRODUÇÃO
Isto é, o sujeito não se realiza no seu labor, haja vista que para ele é um
martírio e uma obrigação diante das condições impostas pelo capital. Ele somente
se realiza nas suas atividades mais básicas de sobrevivência, não no seu trabalho,
pois esse não o pertence, essa atividade não o caracteriza enquanto sujeito, mas
sim como objeto criador de outro objeto.
consciente vai tirar, “pouco a pouco, todo o capital das mãos da burguesia, para
centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, [...] isto é, do
proletariado organizado como classe dominante”. (MARX; ENGELS, 2015, p. 87)
Ou seja, é dominar as estruturas políticas, realizar um processo de tomada de
poder das mãos da classe dominante, modificar a figura do Estado burguês para,
assim, atender aos interesses do proletariado organizado. Ademais, romper, pouco a
pouco, tanto com a estrutura do modo de produção capitalista, quanto com a
acumulação de riquezas e dominação da propriedade privada.
Consoante a isso, Lenin (2007) aponta que, com o fortalecimento do
proletariado organizado e inserido nas esferas de poder, o Estado se extinguirá
pouco a pouco a partir da conjuntura alicerçada da classe trabalhadora mobilizada e
empenhada para a superação do modo de produção capitalista. Assim, com o fim do
Estado, sendo as/os proletárias/os tomando e destruindo todas as estruturas que
as/os dominavam, consequentemente, rompe-se com a lógica das classes e, em
seguida, dá-se o fim da estrutura de dominação de uma pela outra.
Finalmente, ao se conquistar a superação dessas estruturas de dominação e
exploração, tão logo o fim do sistema capitalista, há a possibilidade de dar início a
uma nova sociabilidade pautada na liberdade real, sem domínio de classes nem
exploração do trabalho e da vida humana. Nesse sentido, abre-se caminhos para a
construção de uma sociedade socialista, no comunismo e na superação real do
MPC.
Portanto, Marx e Engels (2015, p. 61) trazem que “já é tempo de os
comunistas exporem abertamente ao mundo inteiro o seu modo de ver, os seus
objetivos, as suas tendências e de contrapor a lenda do fantasma do comunismo”.
Ou seja, é o momento de alicerçar as suas lutas em pautas e teorias revolucionárias,
pensando na superação do sistema vigente, cuja finalidade seja cessar a exploração
de classes e expor, sem medo, as suas reivindicações e anseios enquanto classe.
não teve a pretensão nenhuma de “criar” algo do nada, pois a sua investigação parte
da base da própria realidade existente, as relações contraditórias e os modos de
produções anteriores ao sistema capitalista. Realidade essa dinâmica pautada nas
relações sociais de materiais históricas, refletindo acerca do contexto atual que se
firma o capitalismo. Ou seja, uma análise partindo do materialismo histórico e
dialético para entender como se organizavam os antigos modos de produções, bem
como refletir o atual e a sua superação.
Por conseguinte, as análises marxistas são veemente visualizadas na
contemporaneidade das próprias crises cíclicas do capitalismo (LIMA, 2010),
reforçando o aspecto fundante e inerente ao sistema capitalista e o seu modo de
organização, produção e concentração de riquezas. Nesses momentos de aparente
declínio financeiro, a distribuição dos prejuízos se torna fator compartilhado:
Sabe-se que o Serviço Social atua nas mais diversas contradições existentes
do sistema capitalista, na mediação entre o Estado garantidor de direitos e as/os
usuárias/os que necessitam acessá-los através das mais diversas políticas públicas
existentes.
Por muitos anos, principalmente entre as primeiras décadas da profissão, que
correspondem entre os anos de 1930 ao processo de ruptura no final de 1970, o
Serviço Social atendia veementemente aos interesses do Estado burguês,
associando a sua ação profissional por um prisma conservador e psicologizante
(IAMAMOTO, 2014). A partir dos anos de 1980, da consolidação da
redemocratização do país e, principalmente, pela sua atualização no Código de
Ética Profissional de 1993, a profissão amadureceu o suficiente para fortalecer as
suas práticas profissionais, bem como a sua teoria que subsidia e o seu projeto
profissional.
Em consequência disso, frentes conservadoras advindas de projetos políticos
contrários aos adotados pelo Serviço Social lutam incessantemente pela sua
propagação de normativas tradicionalistas. Tais normativas, no entanto, têm como
norte o retorno do ajuste social, das políticas paliativas e da culpabilização das/dos
usuárias/os, negando a aproximação do materialismo histórico como forma de
entender, interpretar, intervir e visualizar estratégias de superação da realidade
capitalista, mas, sim, fortalecer essa configuração burguesa (SILVEIRA JÚNIOR,
2016).
Para melhor entendimento, é sabido que a profissão tem em sua base o
pluralismo, o qual dialoga através da interdisciplinaridade e faz parte da atuação da
categoria, diferenciando-se de pontos norteadores ecléticos e que traz o
“sincretismo” para o Serviço Social, uma vez que os direcionamentos pautados em
diversas ciências, por vezes, não se conversam e não se relacionam entre si. Assim,
analisando pela premissa do Projeto Profissional do Serviço Social, “o pluralismo é
um elemento factual da vida social e da própria profissão, que deve ser respeitado.
Mas este respeito [...] não deve ser confundido com uma tolerância liberal para com
o ecletismo” (NETTO, 1999, p. 06).
37
4.1 METODOLOGIA
Anterior a essa forma de coleta de dados, foi pensado na análise dos livros do
próprio autor Karl Marx enquanto objeto de estudo, para que a coleta fosse realizada
através de suas obras e correlacionadas com autores do Serviço Social que
discutem o assunto. No entanto, por se tratar de uma forma de pesquisa muito
abrangente e ampla, optou-se pelas publicações de artigos e das técnicas citadas
anteriormente, como forma de afunilar as discussões, o objeto de estudo, as
análises e os debates posteriores.
Inicialmente, foram encontradas vinte e oito (28) publicações que atendiam
aos critérios de inclusão nas três plataformas supracitadas. Posteriormente, treze
(13) desses trabalhos foram excluídos após leitura do resumo, e cinco (5) ao ser
realizada a leitura completa por entender que não atendiam completamente aos
critérios de inclusão da pesquisa. Como forma de otimizar a apresentação dos
resultados, optou-se pela utilização do termo “Ar.” (artigo) somado ao algoritmo
romano (I, II, III...) para codificar as publicações.
Katálysis 14 10 4
Temporalis 7 4 3
Total 28 18 10
Quadro 02: Artigos analisados por código, título, resumo, Instituição de Ensino
Superior e ano de publicação.
a sua atuação no sujeito enquanto único e responsável pela sua mudança e pelo fim
da problemática existente (FALEIROS, 2011).
O seu primeiro código de ética profissional, datado em 29 de setembro de
1947, trouxe as concepções do neotomismo da igreja católica pautando a sua
atuação profissional nas práticas do “bem comum e nos dispositivos de lei, tendo [...]
em mente o juramento prestado diante do testemunho de Deus” (FERNANDES,
2018, p, 65).
Diante disso, a atuação profissional se dava alinhada ao respeito com o
próximo, às leis religiosas, atrelada a uma visão de honestidade entendida como
papel fundante na imagem desempenhada pela profissão e a manutenção da
perspectiva de justiça do cristianismo, visualizadas em seu Código de Ética de 1947.
Por consequência, o Serviço Social atuou durante muitos anos através dessa
visão caritativa e da benevolência, não realizando críticas construtivas referentes à
superação das diversas expressões da questão social apresentadas, mas, sim
atuando no ajuste das/dos usuárias/os em favor da classe dominante.
Posteriormente, o Serviço Social ainda refletia práticas ecléticas e
funcionalistas em seu segundo Código de Ética de 1965, assim como aspectos
conservadores e psicologizantes de seu terceiro Código de Ética de 1975.
(FERNANDES, 2018). Sendo assim, segundo o Ar. I:
nada tem a ver com as atribuições privativas do assistente social” (DUARTE, 2010,
p. 16).
Como apontado no Ar. VII, ‘’com a sua renovação e rompimento com a
perspectiva tradicional da profissão, esse mesmo Serviço Social relegou a
interlocução e a introdução da psicanálise’’ (DUARTE, 2010, p. 07 – 08). Essas
medidas, ainda reforçadas pela categoria em seu terceiro Código de Ética de 1975,
“de forma hegemônica, fundamentava sua ação na combinação do referencial
fenomenológico com a personalismo cristão” (FERNANDES, 2018, p. 68). Ou seja,
esse mesmo caminho de discussão que segue o Ar. VII, baseia-se na tentativa de
rompimento da categoria com práticas ecléticas da formação profissional e atuação
das/dos Assistentes Sociais.
Diante de sua revisão teórica, metodológica, operativa e política que iniciou
logo nos primeiros períodos da ditadura militar e irão refletir em seu último CEP, a
profissão aproximou-se sutilmente da teoria social marxista estreitando ainda mais
os laços com a classe explorada, indo de encontro aos ideais burgueses de
dominação e subjugação existentes. Com isso, a adoção de tal teoria modifica
completamente o fazer profissional e posicionamento da categoria, ocupando lugar
nas discussões, nos métodos, nos espaços acadêmicos e na atuação profissional
(MARTINS, 2019).
Como consequência, segundo Netto (2005), o Serviço Social passa pela
perspectiva modernizadora, reatualização do conservadorismo e pela intenção de
ruptura. Logo, tais perspectivas culminam no processo de modernização e
aperfeiçoamento da metodologia e arsenal teórico/prático, como também exprimem
a proposta de atualização das suas bases conservadoras e, posteriormente, o
rompimento com o conservadorismo, processo esse ainda em curso no Serviço
Social. Sendo assim:
racional [...] do gênero humano” (SILVEIRA JÚNIOR, 2016, p. 170). Essa pós-
modernidade, entretanto, atravessa as mais diversas esferas do conhecimento,
desde a filosofia, sociologia, as artes, a cultura entre outras formas de analisar, agir
e sentir o mundo. É essa propensão em refletir as condições atuais que se nega os
aspectos existentes no sistema capitalista, como a exploração da classe
trabalhadora e a luta de classes, além da negação das desigualdades existentes
enquanto processo histórico de construção.
Sendo assim, tal prática não atinge somente a esfera da atuação profissional,
iniciando-se a partir da formação acadêmica do Serviço Social, segundo o Ar. V:
Contudo, a dialética que Karl Marx e Friedrich Engels apontam difere das
propostas idealistas de filósofos como Hegel, que analisava as relações enquanto
dialética ainda pautada nos ideais metafísico, mesmo fazendo um contraponto a ela
(ZACARIAS, 2020). Sendo assim, Marx traz que:
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FALEIROS, Vicente de Paula. O Que o Serviço Social Quer Dizer. Serviço Social e
Sociedade, São Paulo, v. 01, n. 108, p.748-761, dez. 2011. Disponível em:
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MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Obras Escolhidas. São Paulo: Edições Avante,
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MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. 3. ed. São Paulo: Edipro,
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NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no
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NETTO, José Paulo. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. 8ª ed. São Paulo:
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SADER, Emir et al. Nós que amávamos tanto O Capital: leituras de marx no brasil.
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