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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO
Direção
Desembargador Federal Luiz Carlos de Castro Lugon
Conselho
Desembargador Federal Paulo Afonso Brum Vaz
Desembargador Federal Antônio Albino Ramos de Oliveira
Assessoria
Isabel Cristina Lima Selau
___________________________________________
CADERNO DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Organização
Maria Luiza Bernardi Fiori Schilling
Revisão
Leonardo Schneider
Maria Aparecida Corrêa de Barros Berthold
Maria de Fátima de Goes Lanziotti
Capa e Editoração
Alberto Pietro Bigatti
Marcos André Rossi Victorazzi
Rodrigo Meine
Apoio
Seção de Reprografia e Encadernação
Contato:
E-mail: emagis@trf4.gov.br
Fone: (51) 3213-3041, 3213-3043 e 3213-3042
www.trf4.gov.br/emagis
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Caderno de Direito Constitucional – 2006
Marçal Justen Filho
Apresentação
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Caderno de Direito Constitucional – 2006
Marçal Justen Filho
Índice:
Ficha Técnica......................................................................................................................................... 02
Apresentação......................................................................................................................................... 03
Anexo
Apresentação da aula em PowerPoint................................................................................................... 63
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“Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos
comerciais do mesmo ramo em determinada área.” (Súmula 646 do STF).
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X.1) Definição
A regulação econômico-social consiste na atividade estatal de intervenção
indireta sobre a conduta dos sujeitos públicos e privados, de modo permanente e
sistemático para implementar as políticas de governo e a realização dos direitos
fundamentais.
X.1.1) A regulação
A utilização do vocábulo “regulação” não é casual e não pode ser substituído por
“regulamentação”.
Na terminologia consagrada entre nós, a expressão “regulamentação” corresponde
ao desempenho de função normativa infra-ordenada, pela qual se detalham as condições de
aplicação de uma norma de cunho abstrato e geral,2 tal como dispõe o art. 84, inc. IV, da
Constituição.
O conceito de “regulação” é muito mais amplo e qualitativamente distinto.
Eventualmente, a “regulação” pode se traduzir em atos de “regulamentação”. O
aprofundamento no conceito de regulação se fará adiante.
X.1.2) econômico-social
Embora seja costumeira a alusão a “regulação econômica”, isso não significa que a
regulação seja dotada de uma única dimensão. Toda a regulação é concomitantemente
econômica e social. Isso significa que a intervenção estatal no âmbito econômico
corresponde sempre à promoção de valores sociais. Toda e qualquer atuação regulatória
consiste num conjunto de providências econômicas e sociais.
2
Sob enfoque algo distinto, confira-se EROS GRAU, O Direito Posto e o Direito Pressuposto, 3ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2000.
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normativa. A regulação consiste na adoção de normas e outros atos estatais, sem se traduzir
na aplicação dos recursos estatais para o desempenho direto de alguma atividade no
domínio econômico-social. A regulação estatal consiste numa atuação jurídica, de natureza
repressiva e promocional, visando a alterar o modo de conduta dos agentes públicos e
privados.
3
Regulatory Policy and the Social Sciences, Berkeley and Los Angeles: University of California Press, 1985,
p. 363, apud GIANDOMENICO MAJONE, La Communauté européenne: un État régulateur, Paris:
Montcheristien, 1996, p. 16.
4
Em sentido similar, CALIXTO SALOMÃO FILHO, Regulação da Atividade Econômica: Princípios e
Fundamentos Jurídicos, São Paulo: Malheiros, 2001, p. 13 e 14.
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obter os fins buscados consiste não do exercício direto e imediato pelo Estado de todas as
atividades de interesse público. O Estado Regulador reserva para si o desempenho material
e direto de algumas atividades essenciais e concentra seus esforços em produzir um
conjunto de normas e decisões que influenciem o funcionamento das instituições estatais e
não estatais, orientando-as em direção de objetivos eleitos.
Esse conjunto de normas chega a ser identificado como um ramo específico do
Direito, o Direito Econômico (ou o Direito Público da Economia).
5
Confira-se WASHINGTON PELUSO ALBINO DE SOUZA, Primeiras linhas de Direito Econômico, 2ª ed.
at. por Terezinha Helena Linhares, Belo Horizonte: FBDE, 1992, p. 147 e ss.
6
Serviços Públicos e Regulação Estatal, em Direito Administrativo Econômico, São Paulo: Malheiros –
SBDP, 2000, p. 23.
7
Confira-se em La Communauté Européenne: un Etat Régulateur, Paris: Montchrestien, 1996. Mais recente e
sob enfoque mais amplo, há obra de GIANDOMENICO MAJONE em co-autoria com ANTONIO LA
SPINA, Lo Stato Regulatore, Bologna: Il Mulino, 2000.
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para transformar-se num Estado Regulador. Os poderes regulatórios externam não apenas
uma mera circunstância da existência do Estado como instituição política, mas lhe
asseguram natureza própria e inconfundível.
O modelo regulatório propõe a extensão ao setor dos serviços públicos de
concepções desenvolvidas na atividade econômica privada. Somente incumbe ao Estado
desempenhar atividades diretas nos setores em que atuação da iniciativa privada, orientada
à acumulação egoística de riqueza, colocar em risco valores coletivos ou for insuficiente
para propiciar a sua plena realização. O Estado deve manter sua participação no âmbito da
segurança, da educação e da seguridade social, evitando a mercantilização de valores
fundamentais.
O modelo regulatório apresenta algumas modificações fundamentais em face aos
modelos clássicos de Estado de Providência.
A primeira relaciona-se com o âmbito de abrangência das atividades sujeitas aos
regimes de Direito Público e de Direito Privado. Por um lado, há a transferência para a
iniciativa privada de atividades desenvolvidas pelo Estado, desde que dotadas de forte
cunho de racionalidade econômica. Por outro, há a liberalização de atividades até então
monopolizadas pelo Estado, para propiciar a disputa pelos particulares em regime de
mercado.
A segunda peculiaridade da concepção regulatória de Estado reside na inversão da
relevância do instrumento interventivo. Anteriormente, preconizou-se o exercício direto
pelo Estado de funções econômicas. O novo paradigma privilegia a competência
regulatória. O Estado permanece presente no domínio econômico, mas não mais como
exercente direto de atividades.
A terceira característica reside em que a atuação regulatória do Estado se norteia
não apenas pela proposta de atenuar ou eliminar os defeitos do mercado. Tradicionalmente,
supunha-se que a intervenção estatal no domínio econômico destinava-se a dar suporte ao
mecanismo de mercado e a eliminar eventuais desvios ou inconveniências. Já o modelo
regulatório admite a possibilidade de intervenção destinada a propiciar a realização de
certos valores de natureza política ou social. O mercado não estabelece todos os fins a
serem realizados pela atividade econômica. Isso se torna especialmente evidente quando o
mecanismo de mercado passa a disciplinar a prestação de serviços públicos. A relevância
dos interesses coletivos envolvidos impede a prevalência da pura e simples busca do lucro.
A quarta característica do Estado Regulador reside na institucionalização de
mecanismos de disciplina permanente das atividades reguladas. Passa-se de um estágio de
regramento estático para uma concepção de regramento dinâmico. Como apontam LA
SPINA e MAJONE, a regulação deve ser entendida “como um processo, em que interessa
não apenas o momento da formulação das regras, mas também aqueles da sua concreta
aplicação, e, por isso, não a abstrata mas a concreta modificação dos contextos de ação
dos destinatários”.8
8
Lo Stato Regulatore, cit., p. 28.
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PAOLO LAZZARA, Autorità independenti e discrezionalità, Padova: Cedam, 2001, p. 72.
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A distinção entre funções repressiva e promocional do Direito reporta-se imediatamente ao pensamento de
NORBERTO BOBBIO. Seus escritos acerca do tema são clássicos e incomparáveis. Vale a pena consultar a
coletânea Dalla Struttura alla Funzione, Milano: Ed. di Comunità, 1977, especialmente os ensaios
compreendidos entre as p. 13 a 122.
11
Não sendo absurda a tese de que a regulação se produz também por meio da intervenção jurisdicional.
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exige comportamentos, os quais devem ser satisfeitos pelos particulares sob pena de sofrer
punições derivadas do exercício dos poderes de império público.
O Estado Regulador se vale, em larga medida, do instrumental normativo clássico.
Mas, adicionalmente, também recorre a outras vias para influenciar o comportamento
humano. Trata-se não apenas da já referida concepção promocional do Direito, em que a
obtenção das condutas desejadas é induzida por meio de sanções ditas positivas ou
premiais. Além disso, torna-se extremamente relevante um instrumento normativo que
poderia ser qualificado como atenuado.
Há manifestações estatais de incentivo, orientação, sugestão. Em muitos casos, o
Estado não determina, mas solicita a adoção de certos parâmetros. Em outros, há soluções
negociadas, em que se compõem os interesses através de avenças de cunho bilateral.
É problemático reconduzir essas espécies de providências estatais ao esquema
normativo tradicional. Perante esse, essas fórmulas de atuação estatal são classificadas
como “não jurídicas” ou meras manifestações irrelevantes. No entanto, constata-se que
esses instrumentos prestam-se a influenciar, de modo efetivo, a conduta dos seres humanos
e das empresas. Generalizou-se, em doutrina, a denominação “soft-law” (direito suave)
para indicar “uma declaração cujo intento é normativo (no sentido de dirigir-se a
influenciar a conduta dos destinatários), as mais das vezes adotadas pela Administração
Pública ou por organizações internacionais, mas definidas (geralmente pelos próprios
autores) como carentes de uma plena força jurídica vinculante”.12 Tal como exposto ao
início desta obra, essas figuras são consideradas por alguns como uma das características do
chamado Direito pós-moderno.13
12
LA SPINA – MAJONE, Lo Stato Regulatore, cit., p. 87.
13
Confira-se JACQUES CHEVALLIER, L’État post-moderne, Paris: L.G.D.J., 2004, p. 127 e ss.
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LA SPINA – MAJONE chegam a afirmar que a instituição de autoridades reguladoras, dotadas de uma
margem de autonomia, é indispensável para a instauração de um Estado regulador. Confira-se em Lo Stato
Regolatore, cit., p. 61. Sob um enfoque similar, CARLOS ARI SUNDFELD assevera que “A opção por um
sistema de entes com independência em relação ao Executivo para desempenhar as diversas missões
regulatórias é uma espécie de medida cautelar contra a concentração de poderes nas mãos do Estado,
inevitável nos contextos intervencionistas” (Serviços Públicos e Regulação Estatal, em Direito
Administrativo Econômico, São Paulo: Malheiros – SBDP, 2000, p. 25).
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Serviço Público15
Intervenção estatal (art. 175)
Direta
Regime de concorrência
Atividade econômica
(em sentido próprio)16
(art. 173) Regime de monopólio
15
O instituto do serviço público será estudado no Capítulo XI, abaixo.
16
O exercício de atividade econômica (em sentido próprio) pelo Estado será examinado no Capítulo XII,
adiante.
17
A intervenção direta do Estado na Ordem Econômica será objeto de análise nos Capítulos subseqüentes.
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CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO reconhece que existem “atividades exercidas por
particulares, sem concessão, mas que se entendeu deveriam estar sob o impacto de regras publicísticas”
(Curso de direito Administrativo, cit., p. 621 e ss.).
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que a alteração consistiu muito mais numa ampliação da dimensão da regulação19 do que
numa revisão essencial das concepções iniciais.
19
Como observa BURKARD EBERLEIN, “na prática, a regulação de primeira ordem, orientada à
eficiência, é suplementada por uma regulação de segunda ordem, social ou política, que, muito
freqüentemente, relaciona-se com a correção de efeitos indesejados do mercado muito mais do que com a
correção de defeitos do mercado” (Regulating Public Utilities in Europe: Mapping the Problem, Florença:
European University Institute, EUI Working Paper RSC n° 98/42, p. 15).
20
Sobre o tema, confira-se MARIA ROSARIA FERRARESE, Diritto e Mercato, Torino: Giappichelli, 1992,
p. 3-76.
21
Nesse sentido, MARIA ROSARIA FERRARESE afirma que “A institucionalização do mercado é, então,
impensável se prescindir da existência de um garante externo, seja ele a moral ou o direito” (Diritto e
Mercato, cit., p. 72). Em sentido similar, EROS GRAU, O Discurso Neoliberal e a Teoria da Regulação em
Desenvolvimento Econômico e Intervenção do Estado na Ordem Constitucional. Porto Alegre: Sergio Fabris
Editor, 1995, p. 63. Esse autor, aliás, evidencia como os Estados pretensamente partidários de um enfoque
neoliberal adotam políticas fortemente protecionistas.
22
Como afirma CALIXTO SALOMÃO FILHO, “A regulação não visa a eliminar falhas do mercado, mas
sim a estabelecer uma pluralidade de escolhas e um amplo acesso ao conhecimento econômico, que jamais
existirá em um mercado livre” (Regulação da Atividade Econômica..., cit., p. 42).
23
Sobre o tema, confira-se ANA MARIA DE OLIVEIRA NUSDEO, A Regulação e o Direito da
Concorrência, em Direito Administrativo Econômico, São Paulo: Malheiros – SBDP, 2000, p. 163 e ss. Da
mesma autora, para um estudo mais amplo e aprofundado, Defesa da Concorrência e Globalização
Econômica: o Controle da Concentração de Empresas, São Paulo: Malheiros, 2002.
24
Nesse sentido, GIANDOMENICO MAJONE, La Communauté européenne: un Etat régulateur, cit., p. 76.
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deficiência na concorrência
desequilíbrio econômico
X.9.2.3) Externalidades
Externalidade é uma circunstância econômica cujo custo não está contido nos
preços praticados. Usualmente, consiste na transferência (intencional ou não) para terceiros
de custos inerentes à atividade econômica25. Assim se passa quando o Estado (ou alguns
agentes econômicos determinados) são obrigados a suportar despesas decorrentes da
poluição causada por uma indústria. A regulação se orienta a evitar os efeitos danosos das
externalidades.
25
Nada impede, contudo, que a externalidade apresente um aspecto positivo, na acepção de que um operador
econômico seria beneficiado por circunstâncias alheias ao processo produtivo propriamente dito.
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PAOLO LAZZARA, Autorità independenti e discrezionalità, Padova: Cedam, 2001, p. 70.
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Substitui-se, assim, o modelo piramidal, de influência napoleônica. Confira-se em L’État post-moderne,
Paris: L.G.D.J., 2004, p. 76-77.
28
PAOLO LAZZARA, Autorità indipendenti e discrezionalità, cit., p. 69.
29
Agências Administrativas, Poder Regulamentar e o Sistema Financeiro Nacional, RDA 218/95, out/dez.
1999.
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O fenômeno da globalização não eliminou esse obstáculo, embora possa conduzir a panorama distinto no
futuro. A superação das barreiras econômicas e a comunhão das experiências culturais poderão redundar
numa uniformização das ordens jurídicas, com efeitos benéficos e maléficos evidentes.
31
O autor dedicou atenção específica e mais aprofundada ao tema das agências na obra O Direito das
Agências Reguladoras Independentes, São Paulo: Dialética, 2002.
32
Pode haver agência denominada como comissão, conselho, tribunal ou qualquer outra expressão. Mas
também pode não se caracterizar como agência uma entidade que assim seja denominada.
33
Acerca do contrato de gestão, confira-se a exposição adiante realizada.
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X.10.5) Definição
Agência reguladora independente é uma autarquia especial, sujeita a regime
jurídico que assegure sua autonomia em face da administração direta e investida de
competência para regulação setorial.
X.10.5.2) especial, sujeita a regime jurídico que assegure sua autonomia em face da
administração direta
A agência reguladora independente não é apenas uma autarquia. Trata-se de uma
autarquia especial, o que significa que a lei instituidora prevê algumas peculiaridades no
regime jurídico aplicável à entidade, propiciando uma margem de autonomia jurídica que
não se encontra na maior parte das entidades autárquicas. Isso envolve a redução do grau de
subordinação da entidade em face da administração direta.
Há um regime especial de investidura e demissão dos administradores das agências,
os quais são providos em cargos em comissão por prazo certo e sujeitos à demissão apenas
em virtude da prática de atos irregulares (tal como adiante será mais bem examinado).
34
Agências Executivas: a organização administrativa entre o casuísmo e a padronização, Revista Diálogo
Jurídico, Salvador, Centro de Atualização Jurídica, 2001, nº 6, p. 3. Disponível em
http://www.direitopublico.com.br. Acesso em 08 de outubro de 2001. O estudo contempla uma análise
minuciosa e profunda sobre as características do instituto da agência executiva, sem paralelo na doutrina
pátria.
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Além disso, a agência reguladora independente não se sujeita à revisão de seus atos por
autoridade integrante da administração direta, mas apenas perante o Poder Judiciário.
Ademais disso, pode configurar-se um regime de autonomia econômico-financeira,
por meio de receitas próprias destinadas a dotar a entidade de meios para o desempenho de
suas funções.
Mas não existe homogeneidade na configuração do regime jurídico das diversas
agências reguladoras independentes. Isso permite, inclusive, a variação de intensidade e da
extensão da sua autonomia.
A categoria é integrada por entidades dotadas de características não uniformes,
variáveis dentro de determinados limites. Sob esse ângulo, figuras novas e antigas podem
ser enquadradas nessa categoria. Assim, podem ser referidas a Agência Nacional de
Energia Elétrica – ANEEL, a Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL, a
Agência Nacional de Petróleo – ANP. Mas também seria possível fazer referência a
autarquias criadas há muito tempo, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica
– CADE e à Comissão de Valores Mobiliários – CVM.
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Mas não há obstáculo constitucional a que a lei (federal ou estadual, de acordo com
a esfera de atuação) crie e institua agências reguladoras, dando-lhes forma autárquica e
incluindo-as no âmbito do Poder Executivo.
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República.
Acolher o argumento da impossibilidade de atribuição de competências normativas
abstratas para outras autoridades administrativas acarretaria um verdadeiro caos para a
atividade administrativa do Estado, eis que seria impossível que o Presidente da República
concentrasse em suas mãos a competência para editar todos os regulamentos
administrativos.
A atividade administrativa teria de ser totalmente centralizada, incumbindo a todas
as demais autoridades – que não o Chefe do Executivo – produzir atos de natureza concreta.
Em sentido similar, ainda que com uma ressalva a propósito da questão
terminológica, LUÍS ROBERTO BARROSO reconhece que órgãos e entidades integrantes
da administração pública “titularizam, em certos casos, competências para expedir atos
administrativos normativos – gênero do qual o regulamento é espécie”.35
Na mesma linha, CAIO TÁCITO defende que a regulação estatal no domínio
econômico faz-se nos termos da lei. “Nada impede que, ao fazê-lo, a lei reserve aos órgãos
administrativos incumbidos da gestão da política adotada, uma parcela secundária de poder
normativo, de modo a ajustar os meios de ação às cambiantes manifestações da atividade
econômica, de difícil previsão”.36
X.10.6.6) A quarta peculiaridade das agências: cargo em comissão com prazo determinado
A administração da agência é atribuída a titulares de cargo em comissão, mas
investidos de mandato com prazo determinado, excluída a exoneração a qualquer tempo,
senão em face da comprovação de um elenco específico de causas.
Ou seja, há cargos cuja investidura se faz sem concurso público, exigindo-se o
preenchimento pelo interessado de determinados requisitos. A investidura se faz por prazo
determinado, com eventual possibilidade de recondução. O procedimento de nomeação
comporta participação de diversos órgãos ou autoridades. Uma vez empossados, os
administradores têm garantia contra exoneração fundada em simples critério de
conveniência. Somente se admite sua demissão, mediante demonstração de ação ou
omissão incompatível com os deveres inerentes à função.
O modelo foi objeto de impugnação por alguns doutrinadores. Para sumariar a
35
Princípio da Legalidade – Delegações Legislativas – Poder Regulamentar – Repartição Constitucional das
Competências Legislativas, reproduzido em BDA, jan 1997, p. 23.
36
Temas de Direito Público (Estudos e Pareceres), Rio de Janeiro: Renovar, 2º vol., 1997, p. 1.089.
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O dispositivo tem a seguinte redação: “A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e
entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus
administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou
entidade, cabendo à lei dispor sobre: I – o prazo de duração do contrato; II – os controles e critérios de
avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; III – a remuneração do
pessoal”.
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YVONE FORTIN alude à existência de diversas figuras, muito distintas entre si,
referidas como espécies do contrato de gestão38. Uma dessas figuras foi adotada, no Brasil,
a propósito das agências reguladoras independentes. É o que, na Europa, costuma ser
denominado contrato interno de gestão, também conhecido como contrato de performance.
É uma avença pactuada ao interno de uma estrutura administrativa, entre dois níveis
hierárquicos distintos e produzindo vinculação entre ambos. Usualmente, relaciona-se com
a dissociação entre núcleos que desempenham funções estratégicas e os encarregados de
atividades de gestão.
A categoria de “contrato interno de gestão” é desprovida de natureza contratual, em
sentido tradicional. “A utilização quase universal do termo ‘contrato’ para qualificar esses
acordos de gestão reflete a intenção de traduzir certas mudanças essenciais apresentadas
como uma ruptura profunda com o modo de gestão anterior, afetando as relações
hierárquicas entre as partes”.39
Uma característica essencial desse novo modelo consiste na relativa igualdade entre
as partes, o que se reflete na necessidade de negociação e formulação de estimativas
conjuntas acerca dos correspondentes desempenhos. Surge uma certa estabilidade na
eleição dos objetivos a atingir, eliminando-se um cunho de personalismo que era inerente a
um sistema napoleônico de condução dos corpos administrativos.
A sistemática dos contratos de gestão abrange, ademais disso, a substituição (total
ou parcial) de métodos tradicionais de controle, de natureza apriorística, por sistemas de
avaliação de desempenho. A nova modelagem envolve a verificação do atingimento de
certos resultados, com ampliação da margem de autonomia da autoridade administrativa
para seleção dos meios para melhor cumprir seus encargos.
38
Introduction, em La Contractualisation dans le secteur public des pays industrialisés depuis 1980, Paris –
Montréal: L’Harmattan, 1999, p. 12-14.
39
YVONE FORTIN, Administrations Centrales et Gestion des Systèmes Contractuels: Les cas de la
Finlande, de la France, de la Norvège, du Royaume-Uni et de la Suède, em La Contractualisation dans le
secteur public des pays industrialisés depuis 1980, Paris – Montréal: L’Harmattan, 1999, p. 53.
40
Synthèse, em La Contractualisation dans le secteur public des pays industrialisés depuis 1980, Paris –
Montréal: L’Harmattan, 1999, p. 398.
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Além dos EUA, as agências reguladoras independentes se disseminaram de modo generalizado nos países
industrializados europeus.
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XI.1) Definição
Serviço público é uma atividade pública administrativa de satisfação concreta
de necessidades individuais ou transindividuais, materiais ou imateriais, vinculadas
diretamente a um direito fundamental, destinada a pessoas indeterminadas e
executada sob regime de Direito Público.
XI.1.2) pública
A natureza funcional da atividade de serviço público e a indisponibilidade dos
direitos fundamentais acarreta usualmente a atribuição da titularidade do serviço público
ao Estado. Essa é uma opção do direito positivo. Quando tal ocorre, o direito pode
autorizar a delegação do serviço público à prestação por particulares. Mas isso não
desnatura a existência de um serviço público, o qual será prestado por particulares
delegados do Estado.
Há uma forte tendência, apontada ao longo desta obra, de que o serviço público
seja desempenhado também por particulares. A sociedade civil assume o compromisso
de promover os direitos fundamentais e surgem organizações não estatais
comprometidas com atividades equivalentes às estatais. Tal como já afirmado, essas
atividades sofrerão a influência dos princípios fundamentais do serviço público.
XI.1.3) administrativa
O serviço público é uma atividade administrativa, o que exclui as atividades
legislativas e jurisdicionais. Prestar um serviço público não abrange compor
jurisdicionalmente um litígio nem produzir uma lei.
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Assim, o art. 145, inc. II, da Constituição reflete essa concepção, ao restringir a abrangência das taxas
de serviço público aos serviços públicos específicos e divisíveis. A jurisprudência dos tribunais, com base
nessa disposição, rejeita a cobrança de taxa vinculada a serviços públicos genéricos e não divisíveis – o
que significa admitir sua existência.
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Isso não equivale a admitir que o Estado possa qualificar como serviço público, livremente, qualquer
atividade econômica, simplesmente para instituir controles públicos sobre o seu desempenho. Somente
podem ser consideradas como serviço público as atividades destinadas a satisfazer necessidades
relacionadas, de modo direto e imediato, ao princípio da dignidade da pessoa humana.
44
JUAREZ FREITAS, Estudos de Direito Administrativo, São Paulo: Malheiros, 1997, p. 33.
39
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Esse entendimento, aliás, era professado anteriormente pelo próprio autor.
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indefensáveis. Considere-se, para exemplificar, o dispositivo do art. 21, inc. XII, al.
“a”. Ali se determina que compete à União explorar, diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão, os serviços de radiodifusão sonora e de sons e
imagens. Se esse dispositivo impusesse a qualificação como serviço público de toda e
qualquer atividade relacionada à radiodifusão sonora e de sons e imagens, o resultado
seria despropositado. Qualquer atividade de transmissão de som por meio de ondas de
rádio seria um serviço público. Assim não o é, conforme interpretação mansa e pacífica.
Mesmo os defensores da tese de serviços públicos por inerência constitucional
reconhecem que nem todos os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens são
serviços públicos.
Idêntica interpretação prevalece a propósito de todas as previsões contempladas
no art. 21. É pacífico que o elenco do art. 21 tem de ser interpretado no sentido de que
haverá serviço público somente se presentes alguns requisitos específicos e
determinados – sobre os quais o aludido art. 21 silencia.
Exige-se o oferecimento de utilidades a pessoas indeterminadas, a exploração
permanente da atividade e outros requisitos fixados em lei ordinária.
Portanto, não basta a existência da norma constitucional para o surgimento do
serviço público. Mais ainda, a lei ordinária pode estabelecer que algumas atividades,
subsumíveis ao modelo constitucional, não serão serviço público, e nisso não haverá
qualquer inconstitucionalidade.
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XI.7.3.1) A continuidade
A continuidade significa que a atividade de serviço público deverá desenvolver-
se regularmente, sem interrupções. Dele derivam inúmeras conseqüências jurídicas,
entre as quais a impossibilidade de suspensão dos serviços por parte da administração
ou do delegatário e a responsabilização civil do prestador do serviço em caso em falha.
A continuidade do serviço público também justifica a utilização do poder de
coação estatal, para assegurar a supressão de obstáculos a tanto ou para produzir
medidas necessárias a manter a atividade em funcionamento.
Há uma contrapartida para a continuidade, que se traduz na intangibilidade da
equação econômico-financeira para o delegatário do serviço público, e para o usuário, o
direito a ser indenizado por todos os prejuízos decorrentes da descontinuidade da
prestação do serviço em situação de normalidade.
Lembre-se que o art. 37, inc. VII, da Constituição assegurou o direito de greve
aos servidores públicos, remetendo o tema à disciplina legislativa. Existem as Leis n°
7.783/1989 e 10.277/2001 que dispõem sobre providências atinentes à continuidade de
serviços públicos, em caso de greve.
XI.7.3.2) A igualdade
A igualdade envolve o tratamento não discriminatório e universal para todos os
usuários. Não se pode restringir o acesso aos benefícios do serviço público para os
sujeitos que se encontrem em igualdade de condições. Nesse ponto, o intérprete se
depara com a conhecida dificuldade inerente ao princípio da isonomia, relacionada ao
problema de identificar os limites da igualdade.
Os desdobramentos da igualdade são a universalidade e a neutralidade.
XI.7.3.2.1) A universalidade
A universalidade significa que o serviço público deve ser prestado em benefício
de todos os sujeitos que se encontrem em situação equivalente, de modo indeterminado.
Admite-se, como é da essência da isonomia, a discriminação fundamentada em critérios
46
Conforme JACQUES MOREAU, Droit Administratif, Paris: PUF, 1989, p. 333, sobre cujo texto se
assenta a exposição sobre o pensamento de ROLLAND. Acerca da questão, examine-se LAUBADÈRE,
VENEZIA e GAUDEMET, Traité de Droit Administratif, 15ª ed., Paris: L.G.D.J, t. 1, 1999, p. 905 e ss.
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adequados.
XI.7.3.2.2) A neutralidade
A neutralidade consiste em vedar a prestação do serviço a qualquer circunstância
individual incompatível com o postulado da isonomia. Assim, não é possível produzir
privilégios fundados em sexo, raça, credo religioso ou local de domicílio, exceto quando
tais circunstâncias refletirem valores distintos, que demandem diferenciação.
47
Droit public de la régulation économique, Paris: Presses de Sciences PO/Dalloz, 2004, p. 109.
48
Como afirma MOREAU, “o princípio da mutabilidade não pode não afetar a situação daqueles aos
quais o serviço fornece satisfação, conseqüência que põe em plena luz a questão do ‘estatuto’ do
usuário” (Droit Administratif, cit., p. 341).
49
Grands Services Publics, Paris: Masson, 1989, p. 263.
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46
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47
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Na definição de ANA MARIA DE OLIVEIRA NUSDEO, o monopólio natural se configura quando
“os custos de produção por uma única empresa – em um determinado nível absorvível pelo mercado –
são decrescentes à medida que sua produção aumenta, seguindo essa tendência até alcançar toda a
produção do mercado” (Defesa da Concorrência e Globalização Econômica, cit., p. 40).
51
Nesse ponto, aliás, o autor mantém a postura epistemológica que o levou a propor uma revisão do
conceito de pessoa jurídica Confira-se o discurso inicial em A desconsideração da personalidade
societária no Direito brasileiro, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987.
48
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52
Sobre o tema, entre nós, confira-se DINORÁ A. M. GROTTI, Teoria dos Serviços Públicos e sua
transformação, em direito Administrativo Econômico, São Paulo: Malheiros – SBDP, 2000, p. 39-71.
53
A expressão “serviço econômico de interesse geral” foi utilizada no Tratado de Roma e que ainda é
mantida no Tratado de Amsterdã de 1997. A exposição acerca da evolução do instituto do serviço público
no cenário comunitário extravasa largamente os limites desta exposição. O tema gerou enorme produção
bibliográfica. Há duas coletâneas de qualidade excepcional acerca da matéria, ambas derivadas de
colóquios produzidos na França. Uma tem o título Service Public et Communauté européenne: entre
l’intérêt général et le marché (Actes du colloque de Strasbourg 17-19 octobre 1996, sous la direction de
ROBERT KOVAR et de DENYS SIMON, Paris, La Documentation Française, 1998, dois volumes). A
outra é denominada Services Publics comparés en Europe: exception française, exigence européenne
(École nationale d’administration, Promotion Marc Bloch 1995-1997, Paris, La Documentation Française,
1997, dois volumes). Para um exame das posições mais recentes, consulte-se o excelente L’idée de
service public dans le droit des États de l’Union Européenne, organizado por FRANCK MODERNE e
GÉRARD MARCOU, Paris: L’Harmattan, 2001.
49
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Sobre a matéria, assim dispôs o art. 16: “A outorga da concessão ou permissão não terá caráter de
exclusividade, salvo no caso de inviabilidade técnica ou econômica justificada no ato a que se refere o
art. 5° desta Lei”.
50
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Assim, o usuário paga menos pela atividade prestada em regime de competição, mas seu benefício
desaparece por ser obrigado a pagar muito mais pelos serviços monopolizados.
51
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Third Party Access (TPA)56. Não equivale a uma modalidade de desapropriação, eis que
o particular mantém o núcleo essencial das faculdades inerentes ao domínio. Não se
admite compartilhamento de infra-estruturas quando o proprietário delas necessita
integralmente para sua exploração empresarial. Ademais, a utilização não se faz
gratuitamente, mas mediante remuneração – a qual deverá ser orientada pelo princípio
da proporcionalidade, vedando-se a prática de preços abusivos como forma indireta de
inviabilizar o compartilhamento.
56
Uma ampla exposição acerca da teoria (pouco conhecida no Brasil, mas largamente difundida no
estrangeiro), pode ser encontrada em MARIO SIRAGUSA e MATTEO BERETTA, La dottrina delle
essential facilities nell diritto comunitario ed italiano della concorrenza, Contratto e impresa/Europa,
anno quarto, vol. 1, 1999, CEDAM, p. 260-348.
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de uma diferenciação muito problemática, eis que todos os serviços públicos são,
teoricamente, essenciais. Mas a diferença pode ser admitida em vista da característica da
necessidade a ser atendida. Há necessidades cujo atendimento pode ser postergado e
outras que não comportam interrupção.
A distinção apresenta pertinência no tocante ao regime jurídico, especialmente
quanto à impossibilidade de interrupção.
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XII.1) Definição
O exercício de atividade econômica pelo Estado consiste no desempenho por
entidade administrativa, sob forma e regime de Direito Privado, de atividade
econômica propriamente dita, nas hipóteses previstas na Constituição ou em lei,
quando necessário aos imperativos da segurança nacional ou à satisfação de
relevante interesse coletivo.
XII.1.5) ou em lei,
O desempenho direto pelo Estado no domínio econômico, em hipóteses não
previstas na Constituição, depende de autorização legislativa.
Normalmente, essa autorização legislativa está contida na própria lei que
autoriza a criação de uma entidade administrativa dotada de personalidade jurídica de
direito privado. Como visto acima, a criação da entidade de direito privado depende de
55
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autorização legislativa (Constituição, art. 37, incs. XIX e XX). Essa lei, ao identificar o
âmbito de atuação da entidade estatal, contemplará implicitamente a autorização para
sua atuação.
Aplicam-se os comentários acima realizados, relativos à impossibilidade de
outorga, de autorização ilimitada e indeterminada. Não é constitucional delegar para a
entidade o poder de escolher as atividades às quais se dedicará. Quando muito, admite-
se a autorização atinente a um segmento delimitado de atividades.
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A atuação concreta da entidade tem de ser orientada por sua natureza funcional,
consistente na produção de utilidades para a coletividade.
Isso não significa negar às entidades estatais a autorização para buscarem o
lucro. Tal seria um despropósito, por dois motivos.
Primeiro, porque a ausência de lucratividade significaria a necessidade de
ampliação dos investimentos públicos. Uma estatal permanentemente deficitária deve
ser extinta, a não ser que exista uma forte justificativa para que o Estado e a sociedade
continuem a custear seu funcionamento.
Depois, porque a atuação deficitária perturba o mercado e pode configurar
prática incompatível com a competição. Se uma empresa estatal ofertar bens no
mercado por preços irrisórios, acabará por destruir a concorrência. A médio prazo, o
resultado será muito danoso para a economia em seu conjunto.
Mas a lucratividade da entidade estatal tem de ser compatível com a sua natureza
funcional. A entidade deverá produzir benefícios para a sociedade, satisfazendo
interesses coletivos relevantes e promovendo a segurança nacional.
Ademais disso, deverá ser um instrumento – indireto - de cumprimento por parte
do Estado a seus compromissos com a sociedade. Não é admissível que uma entidade
estatal, na busca do lucro, transforme-se numa via de destruição dos valores prezados
pela sociedade.
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____________________________________________________________________
ANEXO
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_________________________________________________________________________________
A Ordem Econômica e
Financeira
, 2 (VWDGR H R GRP¯QLR
HFRQ¶PLFR
,3OXUDOLGDGHGHDOWHUQDWLYDVDFHUFD
GDLQWHUYHQ©¥RGR(VWDGRQR
GRP¯QLRHFRQ¶PLFR
,$EVRU©¥RGR(FRQ¶PLFRSHOR
(VWDGRUHJLPHVVRFLDOLVWDV
,$EVRU©¥RGR(VWDGRSHOR
(FRQ¶PLFRUHJLPHVFDSLWDOLVWDV
,0RGHORVLQWHUPHGL£ULRVH
H[SHUL¬QFLDVSRO¯WLFDVFRQFUHWDVD
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,2(VWDGROLEHUDORLWRFHQWLVWD
,2(VWDGRGH%HP(VWDU
,$ಯFULVHLGHROµJLFDರ
,2PRGHORQHROLEHUDO
GHVRUJDQL]D©¥RWHPSRU£ULD"
,$LOXV¥RGDಯWHUFHLUDYLDರQHP
GLUHLWDQHPHVTXHUGD
,3HUVSHFWLYDVHPDEHUWRR(VWDGR
5HJXODGRU
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_________________________________________________________________________________
,,2PRGHOREUDVLOHLURGH
LQWHUYHQ©¥RQRGRP¯QLRHFRQ¶PLFR
,,0RGHOREUDVLOHLURFRQVDJUD©¥R
FRQVWLWXFLRQDO
,,'LVFLSOLQDFRQVWLWXFLRQDOGDV
IXQ©·HVHVWDWDLVHGRVHVSD©RV
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,,(YROX©¥RFRQVWLWXFLRQDO
,,3ULQF¯SLRVIXQGDPHQWDLVDFHUFDGD
1D©¥REUDVLOHLUD
,,$UWrGD&)
,,$UWrGD&)
,,5HJLPHMXU¯GLFRGDHFRQRPLD
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,,&RQVDJUD©¥RGDSURSULHGDGH
SULYDGD
,,3ULQF¯SLRVIXQGDPHQWDLVDFHUFDGD
2UGHP(FRQ¶PLFDDUWGD&)
,,$UHYLV¥RGRಯLQWHUHVVHS¼EOLFRರ
,,3ULQF¯SLRVJHUDLVDFHUFDGD
ಯDWLYLGDGHHFRQ¶PLFDರ
,,7LWXODULGDGHGRVSDUWLFXODUHV
OLYUHLQLFLDWLYDHOLEHUGDGHGH
FRQFRUU¬QFLD
,,$OLYUHLQLFLDWLYDDUW
SDU£J¼QLFRGD&)
,,$OLYUHFRQFRUU¬QFLD
,,([HUF¯FLRH[FHSFLRQDOSRUSDUWH
GR(VWDGR
,,5HJLPHMXU¯GLFRVHPSUHGH
'LUHLWR3ULYDGR
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_________________________________________________________________________________
,,$LQWHUYHQ©¥RHVWDWDOQD2UGHP
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,,$LQWHUYHQ©¥RLQGLUHWDRX
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,,$LQWHUYHQ©¥RGLUHWD&)DUWV
H
,,H[SORUD©¥RGHDWLYLGDGH
HFRQ¶PLFD
,,SUHVWD©¥RGHVHUYL©RS¼EOLFR
,,,2VHUYL©RS¼EOLFR
,,,'HILQL©¥RDWLYLGDGHS¼EOLFD
DGPLQLVWUDWLYDGHVDWLVID©¥RFRQFUHWD
GHQHFHVVLGDGHVLQGLYLGXDLVRXWUDQV
LQGLYLGXDLVPDWHULDLVRXLPDWHULDLV
YLQFXODGDVGLUHWDPHQWHDXPGLUHLWR
IXQGDPHQWDOGHVWLQDGDDSHVVRDV
LQGHWHUPLQDGDVHH[HFXWDGDVRE
UHJLPHGHGLUHLWRS¼EOLFR
,,,'LVWLQ©¥RHQWUHVHUYL©RS¼EOLFRH
DWLYLGDGHHFRQ¶PLFD
,,,&ULW«ULRVVXEVWDQFLDLVQDWXUH]D
OXFUDWLYLGDGHHWF
,,,5HFRQKHFLPHQWRGDQDWXUH]D
HFRQ¶PLFDWDQWRVHUYL©RS¼EOLFRFRPR
DWLYLGDGHHFRQ¶PLFDDSUHVHQWDP
FRQWH¼GRHFRQ¶PLFR
,,,&RPSOLFD©¥RDWLYLGDGH
HFRQ¶PLFDPRQRSROL]DGDSHOR(VWDGR
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_________________________________________________________________________________
,,,(QIRTXHWUDGLFLRQDO
DUHTXLVLWRPDWHULDODPSOLWXGHGRV
LQWHUHVVHVDVDWLVID]HU
EFULW«ULRIRUPDOUHJLPHMXU¯GLFRLPSRVWR
FFULW«ULRVXEMHWLYRWLWXODULGDGHDWULEX¯GD
MXULGLFDPHQWHDR(VWDGR
,,,$SURSRVWDYLQFXORGLUHWRH
LPHGLDWRFRPRVGLUHLWRVIXQGDPHQWDLV
,,,$QDWXUH]DLQVWLWXFLRQDOGR
VHUYL©RS¼EOLFR
,,,$TXDOLILFD©¥RGDDWLYLGDGH
FRPRXPVHUYL©RS¼EOLFR
,,,$SUHYLV¥RFRQVWLWXFLRQDO
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,,,$SUHYLV¥RFRQVWLWXFLRQDO
GHಯDXWRUL]D©¥Rರ
,,,$GLVFULPLQD©¥RGH
FRPSHW¬QFLDVIHGHUDWLYDV
,,,$VLVWHP£WLFDFRQVWLWXFLRQDO
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HVVHQFLDOLGDGH
,,,$DXWRQRPLDOHJLVODWLYD
LQIUDFRQVWLWXFLRQDOSDUDDFULD©¥RGR
VHUYL©RS¼EOLFR
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_________________________________________________________________________________
,,,2UHJLPHGRVHUYL©RS¼EOLFRFO£VVLFR
,,,$WLWXODULGDGHHVWDWDOGRVHUYL©R
,,,([HUF¯FLRH[FHSFLRQDOSRUSDUWHGRV
SDUWLFXODUHVFRQFHVV¥RRXSHUPLVV¥R
,,,5HJLPHMXU¯GLFRVHPSUHGH'LUHLWR
3¼EOLFR
,,,$H[FOXVLYLGDGHQDSUHVWD©¥RGR
VHUYL©R
,,,2VFKDPDGRVಯSULQF¯SLRVGHVHUYL©R
S¼EOLFRರ
,,,$FRQWLQXLGDGH
,,,$LJXDOGDGH
,,,$XQLYHUVDOLGDGH
,,,$QHXWUDOLGDGH
,,,$LVRQRPLDHDVWDULIDV
,,,$PXWDELOLGDGHRXDGDSWDELOLGDGH
,,,$XV¬QFLDGHY¯QFXORFRQWUDWXDOHDV
FRPSHW¬QFLDVDQ¶PDODV
,,,$DSOLFD©¥RVXEVLGL£ULDGRGLUHLWRGR
FRQVXPLGRU
,,,$FKDPDGDಯFULVHGRVHUYL©RS¼EOLFRರ
HDVWHQG¬QFLDV¢UHQRYD©¥RGRLQVWLWXWR
,,,$GLVVRFLD©¥RHQWUHDUHJXOD©¥RHD
SUHVWD©¥RGRVHUYL©RS¼EOLFR
,,,$H[WLQ©¥RGDXQLIRUPLGDGHMXU¯GLFD
,,,$GLIHUHQFLD©¥RTXDOLWDWLYDHQWUHRV
VHUYL©RV
,,,$TXHVW¥RGDH[FOXVLYLGDGHQD
SUHVWD©¥RGRVHUYL©RS¼EOLFR
,,,2WUDWDPHQWRMXU¯GLFRSHFXOLDUSDUD
RVVHUYL©RVHPUHGH
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_________________________________________________________________________________
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HFRQ¶PLFDSHOR(VWDGR
,9'HILQL©¥RGHVHPSHQKRSRUHQWLGDGH
DGPLQLVWUDWLYDVREIRUPDHUHJLPHGH
'LUHLWR3ULYDGRGHDWLYLGDGHHFRQ¶PLFD
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SUHYLVWDVQD&RQVWLWXL©¥RRXTXDQGR
QHFHVV£ULRDRVLPSHUDWLYRVGH
VHJXUDQ©DQDFLRQDORX¢VDWLVID©¥RGH
UHOHYDQWHLQWHUHVVHFROHWLYRHPOHL
,92SULQF¯SLRGDVXEVLGLDULHGDGH
,9$VKLSµWHVHVGHH[HUF¯FLR
GLUHLWRGHDWLYLGDGHHFRQ¶PLFD
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,92VFDVRVSUHYLVWRVQD
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,9$WLYLGDGHHFRQ¶PLFDH
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,90RQRSµOLRHVWDWDOHVHUYL©R
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_________________________________________________________________________________
,92LPSHUDWLYRGHVHJXUDQ©D
QDFLRQDO
,92FRQFHLWRGHVHJXUDQ©D
QDFLRQDO
,92FRQFHLWRGHVHJXUDQ©D
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,92Q¼FOHRGRFRQFHLWRGH
VHJXUDQ©DQDFLRQDO
,9$GLILFXOGDGHGDDSOLFD©¥RDR
FDVRFRQFUHWR
,9$FRPSHW¬QFLDGD8QL¥R
,92UHOHYDQWHLQWHUHVVHFROHWLYR
,9$H[LVW¬QFLDGHXPLQWHUHVVH
FROHWLYRUHOHYDQWH
,9$QHFHVVLGDGHGDLQWHUYHQ©¥R
HVWDWDOSDUDVXDVDWLVID©¥R
,92UHJLPHMXU¯GLFRDSOLF£YHO
9$DILUPD©¥RGHXPಯ(VWDGR
5HJXODGRUರ"
9'HILQL©¥R$UHJXOD©¥R
HFRQ¶PLFRVRFLDOFRQVLVWHQD
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LQGLUHWDVREUHDFRQGXWDGRVVXMHLWRV
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LPSOHPHQWDUDVSRO¯WLFDVGHJRYHUQR
HDUHDOL]D©¥RGRVGLUHLWRV
IXQGDPHQWDLV
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5HJXODGRU
9$UHJXOD©¥RFRPRDRS©¥R
SUHIHUHQFLDOSHODLQWHUYHQ©¥RLQGLUHWD
9$UHJXOD©¥RQ¥RVHFRQIXQGHFRP
RGLULJLVPRHVWDWDO
92PRGHORGRಯ(VWDGR5HJXODGRUರ
9$GLVSXWDLGHROµJLFD
95HJXOD©¥RHSRGHUGHSRO¯FLD
92SRGHUGHSRO¯FLDFRPR
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UHSUHVVLYD
9$UHJXOD©¥RHDFRQFHS©¥R
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9$FRPSHW¬QFLDUHJXODWµULD
92LQVWUXPHQWDOMXU¯GLFRSDUDD
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UHJXODWµULRV
9$LQGDDTXHVW¥RGRSRGHUGD
YLRO¬QFLDHGDGHPRFUDFLD
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_________________________________________________________________________________
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9$YLQFXOD©¥RHVWDWDOHVSRQW¤QHD
9$DWULEXL©¥RGHFRPSHW¬QFLD
UHJXODWµULDDHQWLGDGHV
LQGHSHQGHQWHV
92¤PELWRGHDEUDQJ¬QFLDREMHWLYD
GDUHJXOD©¥R
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ಯRQGDUHJXODWµULDರ
9$GHVUHJXOD©¥RHDUHUHJXOD©¥R
92VHIHLWRVGDUHJXOD©¥RDUWGD
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YLQFXODQWHVSDUDRVSDUWLFXODUHVDV
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VHUYL©RVGHLQWHUHVVHHFRQ¶PLFR
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_________________________________________________________________________________
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LQGHSHQGHQWHV
9,3UHVVXSRVWRVGHHVWXGRGR
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9,$KHWHURJHQHLGDGHGRIHQ¶PHQR
9,$DGDSWD©¥RGRPRGHOR
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9,$VDJ¬QFLDVUHJXODGRUDVH
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9,GLVWLQ©¥RHQWUHDJ¬QFLDV
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9,$DJ¬QFLDUHJXODGRUD
LQGHSHQGHQWHQR'LUHLWREUDVLOHLUR
9,'HILQL©¥R$J¬QFLDUHJXODGRUD
LQGHSHQGHQWH«XPDDXWDUTXLD
HVSHFLDOVXMHLWDDUHJLPHMXU¯GLFRTXH
DVVHJXUHVXDDXWRQRPLDHPIDFHGD
DGPLQLVWUD©¥RGLUHWDHLQYHVWLGDGH
FRPSHW¬QFLDSDUDUHJXOD©¥RVHWRULDO
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_________________________________________________________________________________
9,&RQVLGHUD©·HVJHUDLVVREUHR
UHJLPHMXU¯GLFRGDVDJ¬QFLDV
UHJXODGRUDVLQGHSHQGHQWHV
9,$SUHYLV¥RFRQVWLWXFLRQDOGH
µUJ¥RVUHJXODGRUHV
9,$WLWXODULGDGHGHFRPSHW¬QFLDV
DGPLQLVWUDWLYDV
9,$SULPHLUDSHFXOLDULGDGHGDV
DJ¬QFLDVDWLWXODULGDGHGH
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9,$VHJXQGDSHFXOLDULGDGHGDV
DJ¬QFLDVDWLWXODULGDGHGH
FRPSHW¬QFLDUHJXODPHQWDU
9,$WHUFHLUDSHFXOLDULGDGHGDV
DJ¬QFLDVDWLWXODULGDGHGH
FRPSHW¬QFLDGLVFULFLRQ£ULD
9,$TXDUWDSHFXOLDULGDGHGDV
DJ¬QFLDVFDUJRHPFRPLVV¥RFRP
SUD]RGHWHUPLQDGR
9,$TXLQWDSHFXOLDULGDGHD
DXWRQRPLDILQDQFHLUD
9,2GHVHPSHQKRGHDWLYLGDGHV
UHJXODWµULDVVHWRULDLV
9,,&RQFOXV¥R
9,,$UHOHY¤QFLDGDVGLVFXVV·HV
9,,$FRQWUDSRVL©¥R"HQWUHGLUHLWRV
IXQGDPHQWDLVHHILFL¬QFLD
9,,$SURPR©¥RGRVGLUHLWRV
IXQGDPHQWDLVSRUYLDLQGLUHWD
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_________________________________________________________________________________
%LEOLRJUDILD
0$5$/-867(1),/+2&XUVR
GH'LUHLWR$GPLQLVWUDWLYRlHG
6¥R3DXOR6DUDLYDS
74