EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA
DAS VARAS CÍVEIS DA COMARCA DE ____________ – ESTADO
DE ____________
AUTOR (A), brasileiro, aposentado (A), maior (A), portador da
Cédula de identidade RG nº ____________ e inscrito no CPF(MF) sob o nº _______________, residente e domiciliado na ______________________, nº ____________, Bairro __________________, CEP: _________________ nesta cidade de __________________, por seu procurador, vem à presença de Vossa Excelência, apresentar a competente:
AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO
em face de CREFISA SA CREDITO FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTOS, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n. 60.779.196/0001-96, com sede na Rua Canada, 387 – Jardim América, São Paulo – SP, 01.436.900, pelos fatos e fundamentos que passa a expor: DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
Vem requerer os benefícios da gratuidade da justiça,
por ser a autora pobre na acepção legal do termo, não tendo condições de arcar com despesas processuais. Ab initio, conforme denota-se da análise minuciosa dos documentos ora acostados, vislumbra-se a imperiosa necessidade de concessão dos benefícios da assistência jurídica gratuita e integral a Peticionante, tendo em vista a situação financeira que ele se encontra neste momento, trata-se de senhor de avançada idade, aposentado e que não mais possui aptidão para o mercado de trabalho, frente ainda a grave instabilidade comercial e fazendária que assola nosso país atualmente.
Vale lembrar que a assistência judiciária não é dirigida
apenas às pessoas miseráveis, que não possuem condições de arcar com as despesas judiciais sem o prejuízo da própria subsistência, bem como de sua família. Segundo iterativa jurisprudência, alcança também aquelas que se encontrem atravessando momentos de adversidades. Nesse diapasão, importante considerar que o novo Código de Processo Civil ao revogar parte da Lei nº 1.060/50, instituiu, no art. 99, § 3º, a presunção de veracidade da declaração de pobreza de modo que não se exige do postulante à assistência judiciária gratuita que faça prova de sua miserabilidade, mas meramente que a declare. Salvo circunstâncias especiais, nas quais há evidente demonstração da improcedência da alegada pobreza, em razão de sinais exteriores de riqueza, a mera petição do requerente basta para suprir a exigência legal no deferimento do benefício. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Em atenção ao artigo 319, VII do Código de Processo Civil,
informa a parte autora que tendo em vista as inúmeras tentativas de resolução via administrativa da contenda, não tem interesse na audiência de tentativa de conciliação.
DA PREFERÊNCIA NA TRAMITAÇÃO DO FEITO
Nos termos do que preconiza o artigo 1.048, I, do CPC e art. 71
da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso), o Autor por ser pessoa idosa, já que possui hodiernamente 61 (sessenta e um) anos de idade, faz jus ao benefício da tramitação processual com prioridade, consoante documentação anexa e disposições legais abaixo declinadas, in verbis:
Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação,
em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais:
I - em que figure como parte ou interessado
pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6o, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988;
Art. 71. É assegurada prioridade na
tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. DOS FATOS
As partes entabularam contrato de empréstimo pessoal no
dia _______ de janeiro de 2017, conforme anexo.
Ocorre que neste contrato vem sendo cobrado
mensalmente juros de inadimplência altíssimos de ________% a.m. e ______________% a.a., os quais se encontram muito acima da média de mercado, que à época era de _________% a.m. e _________% a.a.
Portanto, é a presente ação para que sejam declaradas
abusivas as taxas de juros acima delineadas, condenando à parte requerida a recalcular o valor total do saldo devedor da autora, bem como de cada parcela a ser paga, empregando as taxas médias de mercado.
DO DIREITO
DA RELAÇÃO DE CONSUMO
Não existem dúvidas quanto a aplicabilidade das regras
do Código de Defesa do Consumidor à presente ação, por envolverem, indiscutivelmente, relação contratual estabelecida entre pessoa física com instituição financeira.
Neste sentido, consta expressamente os art. 3°, § 2 do
referido código, que considera serviço, para efeito de sua incidência, qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, e ainda, conforme Súmula n. 297 do E. Superior Tribunal de Justiça, que corrobora com este entendimento.
Por ser aplicável o Código de Defesa do Consumidor no
caso vertente, pode o juiz reconhecer a nulidade de pleno direito das cláusulas contratuais que se afiguram abusivas, ou impostas no fornecimento de produtos e serviços, eis que deve ser preservada a boa-fé e equilíbrio nas relações de consumo como princípio básico destas relações.
Além disso, em decorrência da reconhecida
vulnerabilidade e hipossuficiência do consumidor frente à capacidade técnica e econômica do fornecedor, o cliente se encontra em posição desfavorável no processo, portanto, a este se desincumbe do ônus da prova conforme ilustra o artigo 6º, VIII do CDC.
DO PRAZO PRESCRICIONAL
O prazo prescricional que deve ser aplicado no presente
caso é o decenal, conforme estabelece o artigo 205, do Código Civil, pois o que se discutira aqui é o direito pessoal do autor, qual seja a declaração de nulidade de cláusulas abusivas em seu contrato firmado com a ré.
Assim, a restituição dos valores pagos a mais em
decorrência das cláusulas abusivas figura como coadjuvante nos autos, sendo apenas consequência lógica do provimento jurisdicional declaratório. DA ILEGALIDADE DAS COBRANÇAS – ABUSIVIDADE DE JUROS
Passemos a discorrer sobre a ilegalidade da cobrança embutida
no contrato em questão, intitulada de “taxa mensal de juros”, a qual não pode ser cobrada de forma abusiva do consumidor.
Acerca da abusividade da taxa mensal de juros, cite-se o
seguinte julgado do STJ:
“PROCESSUAL CIVIL E BANCÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
REVISIONAL. EMPRÉSTIMO PESSOAL. JUROS REMUNERATÓRIOS. ABUSIVIDADE. CONSTATAÇÃO. LIMITAÇÃO À TAXA MÉDIA DE MERCADO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. - Cabalmente demonstrada pelas instâncias ordinárias a abusividade da taxa de juros remuneratórios cobrada, deve ser feita sua redução ao patamar médio praticado pelo mercado para a respectiva modalidade contratual. - Não se configura o dissídio jurisprudencial se ausentes as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. Art. 541, parágrafo único, do CPC e art. 255, caput e parágrafos, do RISTJ. Recurso especial não conhecido. ”
Ademais, a ausência de informação adequada e insuficiente
retrata violação do princípio da transparência, insculpido no Código de Defesa do Consumidor. Princípios da boa-fé objetiva e da vulnerabilidade que também restam violados. Os contratantes devem manter tanto na fase pré-contratual, quanto nas fases da contratação e da execução do contrato comportamento que é exigível ao homem médio, comportamento ético, probo, reto, sob pena de nulidade. O contrato de adesão, como é o caso dos autos, não permite a possibilidade de discussão das cláusulas ou regras insertas no mesmo.
A ausência de redação da cláusula com o destaque que é
exigido pela lei consumerista somente vem a ratificar que a parte ré, quando da contratação adesiva, não observou o princípio da transparência.
Noutro ponto, o juro remuneratório estipulado neste contrato
em comento está acima da taxa média de mercado apurada pelo Banco Central (BC), para aquele mês da contratação era estipulada em 8,32 % a.m.
Averbe-se que a legislação infraconstitucional não admite
nenhuma limitação da prática de juros remuneratórios acima do patamar de 12% ao ano, sendo certo que já no alcance da Súmula 596 do STF, restara cristalizado que: “As disposições do Decreto nº 22.626/33 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas que integram o sistema financeiro nacional”.
Nesse quadrante, ausente limitação legal específica para a
cobrança de juros remuneratórios nos contratos de mútuo bancário, a jurisprudência do E. Superior Tribunal de Justiça fixou a taxa média de mercado apurada pelo Banco Central como parâmetro para a aferição de prática de abuso em sua cobrança. Nesse sentido, o julgamento do Recurso Especial nº 1.112.879/PR, pela Segunda Seção, de relatoria da Ministra NANCY ANDRIGHI, pelo rito dos Recursos Repetitivos (art. 543-C do CPC), ipsis litteris:
“Para os efeitos do artigo 543- C, do CPC, consolidou-se o
entendimento de que: 1) Nos contratos de mútuo em que a disponibilização do capital é imediata, deve ser consignado no respectivo instrumento o montante dos juros remuneratórios praticados. Ausente a fixação da taxa no contrato, deve o juiz limitar os juros à média de mercado nas operações da espécie, divulgada pelo BACEN, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o cliente. 2) Em qualquer hipótese, é possível a correção para a taxa média se verificada abusividade nos juros remuneratórios praticados”. Grifei
Assim sendo, a taxa média de mercado assume a função de
referencial para a apuração de eventual abusividade, ou seja, admite- se que a taxa contratada supere a média de mercado, mas somente até o limite de ser com ela compatível, residindo o abuso na caracterização de discrepância entre o percentual avençado e aquele praticado pelo mercado.
Portanto, a taxa de juros resulta em excesso praticado pela
instituição bancária, ante a evidente e significativa discrepância, fator que caracteriza o abuso e impõe a adequação dos juros convencionados à taxa média de mercado.
Desta forma, por todo o exposto, desconsiderando a taxa
indevida e tendo por norte a taxa média de juros do mercado para o período da contratação, tem se que o valor da prestação deveria ser de R$ _________, conforme cálculo anexo, quando na verdade era cobrado o valor de R$ ____________, restando a diferença de R$ _________ por parcela paga, em favor do autor.
III – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
1. Ex positis, é a presente para requerer de Vossa
Excelência:
1) A concessão do benefício da justiça gratuita, motivo pelo
qual se declara pobre na acepção legal do termo, não possuindo condições financeiras de arcar com as despesas processuais sem prejuízo de seu sustento, fazendo prerrogativa do aludido no art. 4º da Lei 1.060/503;
2) A citação da parte contrária para que, querendo, oferte
contestação, sob pena de, se assim não o fizer, incidir os efeitos da revelia.
3) Seja reconhecido a abusividade da estipulação da taxa
mensal de juro remuneratório, devendo ser substituída pela taxa média mensal divulgada pelo Banco Central para a referida modalidade de crédito para aquele período, qual seja, _____% ao mês;
4) Que não seja designada audiência de conciliação, pois
não há interesse da parte autora neste ato, nos termos do Art. 319, VII, do Novo Código de Processo Civil.
5) Nos termos do que preconiza o artigo 1.048, I, do CPC
e art. 71 da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso), ao autor por ser pessoa idosa, já que possui hodiernamente 61 (sessenta e um anos) anos de idade, faz jus a tramitação preferencial.
Por fim, protesta-se demonstrar o alegado por todos os meios
em direito admitidos, em especial pela produção de provas na audiência de instrução e julgamento e pela juntada dos documentos que seguem anexas.