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Capitulo 2 ‘OBJETIVOS E EXPECTATIVAS DE LEITURA Concluimos o capitulo anterior tragando um quadro um tanto uniforme do processo de compreensio, pois focalizivamos o papel do conhecimento mtituo, comum entre leitores e autor, e afastévamos, momentaneamente, o cardter individual e tnico de cada leitura e de cada leitor. A fim de repor a perspectiva mais certa, em que esses aspectos sao relevantes, comegarei este capitulo citando parte de um ensaio de Virginia Woolf chamado “Como se deve ler um livro?” (1932), onde a autora diz que quer, “primeiramente enfatizar o signo de interrogagéo no fim do meu titulo”. Continua a autora: “ainda se pudesse responder & pergunta para mim mesma, a resposta se apli- caria somente a mim, e nao a vocé. O tnico conselho, de fato, que uma pessoa pode dar a outra o de seguir conselho nenhum, seguir seus instintos prdéprios, chegar a suas conclusdes pré- prias”, “Se isso for de comum acordo”, ela diz, “entdo eu me sinto a vontade para expor umas poucas idéias sugestdes porque assim vocé no permitira que elas restrinjam essa independéncia que é a qualidade mais importante que um leitor pode possuir”. A autora enfatiza aquilo que ha de individual na leitura, os aspec- tos que sio tnicos e que, em grande medida, sio determinados pelos objetivos e propésitos especificos do leitor. A compreensio, 0 esforgo para recriar 0 sentido do texto, tem sido varias vezes descrito como um esforgo inconsciente na busca de coeréncia do texto. A procura de coeréncia seria um principio que rege a atividade de leitura e outras atividades humanas. Ora, um dos 29 Digitalizado com CamScanner ssa busca € 0 engajamento, a ativacao de relevante para 0 assunto do texto. Um mos a seguir, € 0 estabelecimento de abe notar aqui que 0 €or ios especificos em rel % difusa e confusa, muitas fo pare copias, resumes, anise sinttica, © outras tarefas Be je lingua. AS, encontramos o paradoxo qu, enquanig do envig cal o estudane € perfeitemente capaz de plancjar as agdes ‘ezo a um objetivo prédeterminado (por exemplo, elogiar ee opera conseguir um favor), quando e trata de etura, de ine are i eistincia através do texto, na maioria das vezes esse estudante rept a er sem ter idéia de onde quer chegar, €, portanto, a ques. fgo de como iré chegar 1a (isto 6, das estratégias de leitura) nem sequer se poe. Ha evidéncias inequivocas de que nossa capacidade de processa- icativamente quando é fornecido estudantes havendo, no alunos deviam fazer um resumo di nenhum para esse resumo, enquanto que um fazer um resumo que deveria ser submetido 20 jomal da escola, que precisava publicar um artigo sobre 0 assunto. Os alunos que 10 especifico, nao somente escreve- ram melhores textos como também demonstraram terem percebido melhor o tema do texto original que serviu de base para os resumos; os alunos que apenas deviam fazer um resumo néo conseguiram de- sm de no to, mesmo num con- xto de curso noturno, € jalmente impostos, no ditados pelos in- teresses dos proprio leitores. wes de teimbé evidéncia experimental que mostra que somos caps le lembrar muito melhor aqueles detalhes de um texto que t¢m a 30 imp ara 0 nosso pro- alizada por dois ricdlogos snerianc, lam ler 0 trecho abaixo, imaginando “ ue seas dese cs iteresava pra esa pose ‘one: am ‘Os dois garotos correram até a entrada da casa. para brine Eduardo. “Mamie nunca esté em casa na cra podiam correr no jardim extremamente bem sabia que a sua casa era tdo grande”, cesté mais bonita agora, desde que meu pai sairem sem dificuldade. Marcos queria ver a casa, entio Eduardo comegou a mos- pela sala de estar. Estava recém pintada, como 0 resto do tro daqui”, gritou Eduardo, Marcos se sentiu mais confor fel a0 observar que nenhuma casa podia ser vista em qualquer diregdo além do enorme jardim, A sala de jantar, com toda a porcelana, prata e cris cera lugar para brincar: os garotos foram para a cozinha onde fizeram um lanche. Eduardo disse que no era para usar 0 lavabo porque ele ficara imido e mofedo uma vez que o encanamento arrebentara € onde meu pai guarda suas colegdes de selos © moe- disse Eduardo enquanto eles davam uma olhada no eseritério, Além do escrtério, havia trés quartos no andar supe- rior da casa. Eduardo mostrou a Marcos o closet de sua mie cheio de roupas e 0 cofre trancado onde havia jéias. O quarto de suas un Digitalizado com CamScanner interessante exceto pela televisio com 0 A\ nn mque o melhor de tudo era que o banheiro desde que um outro foi construido no quarto ego exatBo bonito como o de seus pals, que estava Sea mds More, mas para cle eta a melhor coisa do mun. * aeido e adaptado de Pitchert, J. & Anderson, R. Taking at on perspec 5 on a story, Journal of Educational Psycho. logy, 1977, 69)- irmis nfo era t Eduardo comen do corredor era seu levantes para 0 mos uma lista das informagdes que sio ey deria as infc oe rsa, ela provavelmente corresponderia as informagées comprador de city Teniencia conseguiram lembrar depois de ter lido que os suk Monho da casa, nmero de cémodos, tamanho do ote 0 wexmento de pedta, larera, pintura nova, niimero de banheiros, ‘efemore no banheiro, closet no quarto de casal. Nessa mesma expe- ao texto ecima foi também apresentado a um segundo grupo Tpeteres com a instrugao de que tentassem se lembrar de tudo aquilo ue feressante para um ladrao que estivesse planejando arrom- Tee casa. Nesse caso, 08 sujeitos conseguiram lembrar informagdes to de a mae ndo estar em casa nas quintas feiras, os arbustos mm a casa, a distancia dos vizinhos, as bicicletas, som, tele- eso de selos ¢ moedas, roupas, jéias, € assim fos diferentes, procurar no texto 4 deccrigio de uma casa que interessava ou para comprar ou para arromber, resultaram na recuperacao de informagées diferentes. 1am que nao hé um processo de compreensio de texto escrito, mas que hé varios processos de s, tantos quantos forem os objetivos do leitor, veres estes iltimos determinados pelos tipos ou formas de textos. Ecitum como evidéncia a enorme diferenga envolvida nas lei- turas de textos como nos exemplos (2) € (3) abaixo: ‘Alguns especialistas em BOLINHO DE TAPIOCA ro de I 1 kg de farinha de tapioca 3 ovos inteiros 3 colheres de ma 1 pitada de sa 32 A MATERIA SUPERAQUECIDA E SUPERCOMPRIDA O nticleo de um mo possui a maior densidade de matéria na empilhdssemos 0s nécleos lado a lado, em um cent ico, terfamos alguns milhdes de toneladas de massa. No entanto, tal como a conhecemos, a matéria nio é densa, Isso porque 0s nticleos dos dtomos que a compéem so envolvidos por uma nuvem de elétrons que ocupa a maior parte do espago. © raio de um nicleo é da ordem de alguns fermis (1 fermi = enquanto o raio de um étomo € da ordem de alguns angstréms (1 angstrom = 10" = 10 fermis). O ntcleo se com- © pelo nimero de carga Z, que é igual ao ns do nécleo. (Revista Ciéncia Hoje, 8. 46, niimero 1 forma do texto determina, até certo ponto, os objetivos h4 um grande nimero de tipo de textos, como rot contos, fébulas, biogra cesso este chamado de depreender o tema dos procurando detalhes sobre o assunto, comparando com o que sabe sobre 0 assunto. Por outro lado, se estamos em diivida sobre 0 ‘natamento) que consiste em ler por exempl +05 ou tiltimos periodos de pardgrafos, as tabelas, ou quaisquer outros 33 Digitalizado com CamScanner pelo Ieitor, a fim de obter uma idéia erat sobye itens selecionados tema e subtemas feituras porém, residem apenas nas diferencas do processamento visual. Estes sag ja que & através do olho que o inp ‘vez que a imagem é apreendi oe de text urte pelo tipo de Penédis to dif (05, itamente consistentes em ios e contraditérios uns com outros, esses mundos nao 80 reside o fascinio do romance para essa sio nunca incoerent itora, A escritora ‘de satisfazer uma curiosidade insacidvel que ela acha seme- Squela curiosidade que as vezes nos invade, a0 anoitecer, quan- mbramos uma casa com as luzes acesas ¢ as cortinas abertas, janela, uma secao diferente da vida humana; acende uma luz em muitas casas ¢ paisagens ivo alternat a Thane ‘mostra, em cada Jumbrada. Para a autora, um obj ros € que eles servem para motivar outras passageiros de verdade criam o ambiente ¢ @ disposigdo ¢ até a necessidade de desfrutar “‘a abstragio maior, @ verdade mais pura da ficgo”, cuja expressio é, para ela, a poes Em outras palavras, nao hé objetivos na leitura por prazer. O € 0 prazer. fveis, de nao Por outro lado, na k Jembrar mais ficgio, a € melhor aq € considerada uma estratégia metacogni controle e regulamento do préprio conhe 4 fas tomard quato horas é uma decsio de tipo tuma decisfo tomada apés ul a eas capacldades ¢ das fceas envelvidas to relerbe da eete ‘Também a estratégia metacognitiva implica uma reflexdo sobre © pré. prio conhecimento; por exemplo, saber quando roe 9 2 Gente para saber uma matéria é um eonhecimer de uma reflexio sobre 0 proprio saber, e € cons que outra pessoa nos manda I escola, estamos apenas exercendo ver com significado e sentido. vante para um interesse ou propésito passa desapercebido e & pronta- mente esquecido, A pré-determinago de obj que 0 adulto the fornece, esse sto é, desenvolve importantes para um outro aspect da atividade do leitor que contribui para a compreensio: a formulagao de hipéteses, Vérios autores consideram que a leitura é, em grande 35 Digitalizado com CamScanner hago, pois © leitor ativo, rea teses © as testa, & me 10s, inifo do editor do jornal’ que com: ico, leremos 0 ico do jorné etc.) € formaremos uma sét ira do texto (tratando-se de um tese a ser defendida com el . ‘quanto sobre o conteddo (isto é, esperamos que 9 tépioos e subt6picos relacionados & economia interna, ‘rum exemplo, sobre as relagSes diplométicas com a ‘As hipéteses do leitor fazem com que certos a3 sais a compreensio, se tornem possiveis fobal e instantaneo de palavras ¢ frases relacionadas eGico, bem como inferéncies sobre palavras no percebidas durante vino do olho durante a leitura que nao é linear, 0 que per- tritiia ler tudo, letra por letra e palavra por palavra, mas & sacddico, ‘0 que ‘que o olho dé pulos para depois se fixar numa palavs i pular novamente uma série de palavras até fazer nova fixagio). ‘Ambo o reconhecimento instantineo e a inferéncia a partir da visio para a leitura répida, que, por sua vez ¢ ‘para no sobrecarregar os mecanismos do processamento famado de meméria imediata) com o material que nossos clhos, muito rapidamente, continua a trazer para o cérebro proces: sar. Se 0 material que 0s olhios esto percebendo nao for processado rapidamente, haverd uma situago semelhante ao engarrafamento que se forma quando o tréfego de carros deixa de fluir normalmente numa hora de pique. Chegado um momento, tudo para; na leitura, esse € © momento em que estamos apenas passando o olho por cima, sem compreender nada, recon A crianca em fase de alfabetizagio 1é vagarosamente, mas © qu le esté fazendo € decodificar, um processo muito diferente da leiturs, 36 lecoifiagdo (conhecimento 1) sejam necessdrias para a ‘ cH ere as palavras glo- 5, Buado pelo sey confctoen prévio © por suas hipéteses de leitura, > SY Sonbesimenton Pode parecer que 0s comentérios acima i tragado anteriormente, quando mostvamos que’ ¢ ake decree tanto o grau de compreensio do leitor como de detalhe ele conseguia lembrar dependia de certas manipulagdes oe ago do titulo, por exemplo, ou a presenca de ins tor deve ler trechos pat dlesprovidos das informagées relevantes sobre o tempo ¢ lugar'em que foram escritos, textos incompletos, sem data, sem fonte. Nessas con no tem como utilizar seu conhecimento prévio, nem est motivado pelos seus préprios objetivos para assim formular e . Também 0s textos podem ser propositada- mente obscuros ou ambiguos, sem que haja uma unidade maior que tratextuais. No texto a seguir, adaptado de Bransford e Johnson, “Observando uma marcha de protesto do vigésimo and sfo intratextuais; de fato, escrito para a experiéncia: “O espeticulo era empolgante. Da janela podiase ver a ido embaixo. Tudo parecia extremamente pequeno, mas dava para ver as roupas coloridas. Todos pareciam estar indo na mesma dirego, com mu ordem, e parecia haver tanto criangas come adultos. A aterri- zagem foi suave e afortu havia necessidade de usar trajes espaciai lade, Mais tarde, quando os discursos comegaram, a multi- 3 Digitalizado com CamScanner “seago © home com 8-818 de ee jietando. So mee en «pares eeMteCarrell, N. "A Sketch of a cop. Bransford, |. boy, Some thoughts about under. comprscamprehend”, in Johnson-Laird, P. ¢ meant Jadings in cognitive Science, Cambridge izado, os sujeitos deviam que lembrassem da est6ria. OS resultados fos eonseguiam lembrar quase todas as infor. Js sobre a aterrizagem. Alguns dos izagem que no conse. ceo aque mags © My uma sentenca sobre brava gue Hi gs a maioria dos Te guiram entender, mS MGessa informagao. Para os autores da mencionava nada 2 [ert cia de uma falha na compreensio devida expert cs far conhecimento nactl 2 nr face 20s dados formals lin spropriad® [act gmbém podemos interpretar esses dados a partir ir de formulagao de hipéteses. Desde o ini entenga, vao se acumulando no text vjstentes com a interpretagio. de observacio de um io vigésimo andar de um prédio: as pistas sto va culo, multidao, tamanho dos participantes devido a d ades prdprias de uma marcha de protesto. A quinta sen- ce gue inedve @ atertizagem, no € consistente com a interpre tonto que esta sendo construida, Jé a continuago descreve de uma marcha de protesto novamente: tanto os pertinentes © Co! de que o texto descreve uma marcha informagdes que reconfirmam a mesma hipStese, 0 I riéncia ou no processou a informacao , a descartou, persistindo na hipétese Neste caso, # manutengdo da hipstese de leitura veria informagdes sobre uma marcha de protesto) é eminentemente razoével uma vez que todas as marcas formais do texto, os elementos icos, confirmam a validade da hipétese, & excego de uma Pro 38 gem espacial a um planeta ha- lade para lembrar a passagem sobre a ater. or nés usando a metodologia de leitor verbaliza seus pensamentos impressoes § a endo o texto) obtivemos evidéncia bre 0 papel das fh ira na compreensio. Nest tratase de uma experiéncia onde 0 pré-direcionamento a ps hipéteses do Ieitor, baseadas nas suas exper dificultaram enormemente a compree r, de Vilém Flusser, a part ‘Sio méquinas ficientes para a transformacdo de erva em E tém, se comparadas com outros tipos de méquinas, van- tagens indiscutiveis. Por exemplo: sio auto-reprodutivas, e quando se tormam obsoletas, a sua “hardware” pode ser utilizada na forma de carne, couro © outros produtos consumiveis. Nao po- luem o ambiente, ¢ até seus refugos podem ser utilizados econo- micamente como adubo, como material de construcéo ¢ como combustivel. O seu manejo nao € custoso e no requer mao-de- obra altamente especializada, Sao sistemas estruturalmente muito complexos mas funcionalmente, extremamente simples. Ja que se auto-reproduzem, ¢ j4 que, portanto, a sua construgao se da auto- energia € como motores para Embora tenham certas desvantagens func plo: sua reprodugao exige mq pos de méquinas do futuro, que serio projetadas avangada e informadas tecnologia que aponta o futuro” (Em Natural: mente, Duas dades, 1979), 39 Digitalizado com CamScanner stio, adul Fe est hipétese inicial de que o texto em Mas, hipstese esta formulada com apoio na print sabre VCs eins. --”) €, segundo explicou mais tarde, pore io mg ropraa recente de tclevisio sobre vacey eee impressionado, No inicio, esta hipstese nao ¢ ce vr formal, mas quando depara pela primeiyg om oli aituldade em mud Versava ‘em ment te com Oyo "sio autoeprodutivas”” 0 leitor hesita, faz, ume com # proposigt do ter conseguido entender. Logo depois, face a ee onflitivas (“seus refugos podem ser utilizados come rors evidsnei quer mao-de-obra especializada”...) ele reformuls aepeialmente sua hipétese ¢ conclui que 0 autor esté fazends porcini ene vaca mecanica € 8 Vaca, © QUE algumas d36 pro. Fitantes) se referem 2 segunda. A expressio que vem logo depois “Ja que se auto-reproduzem, ce jé que portanto a sua construcdo se dé automaticamente sem neces: Sidade de intervengao de engenheiros ¢ desenhistas”” compromete no- amente sua compreensio: Ié, relé, faz uma pausa extensa e fin Jpente declara, novamente, ndo ter entendido, pois acredita que nessa pussogem "6 pode estar falando de vacas” (de fato, interpretasio ongruente com os elementos formais do texto), “mas, se 0 autor esté Tazendo uma comparacio entre as duas” (interpretacdo nao consistente ‘com os elementos formais), ‘“é estranho que escolha as vacas”, (con- sndo 0 tépico que esté tentando desenvolver & as vacas sistente) “ 0s comentérios subseqiientes superado, € 0 leitor, a0 terminar, disse néo ter entendido o texto, atribuindo 0 problema ao autor, que desenvolve demais um termo da comparacao (“vacas”) em detrimento do termo que deveria ter sido melhor desenvolvido pois, segundo ele, era o t6pico: ““vacas me cénicas”., Ora, 0 texto no apresentou dificuldades a leitores até menos experientes que participaram da experiéncia, que percebiam, log depois da leitura da sentenga “so auto-reprodutivas” que © one éo texto era, tal qual o titulo indicava, “vacas”. E que se tratava &© uma parédia de um texto de divulgagao cientifica. O leitor que nee Conseguu fazer sentido da metéfora itado pelas suas Prd 40 expectativas e experiéncia prévia, fato este nao incomum entre . Assim, embora 0. le aa F pereebesse as inconsis- te © abandono da hips ternativa consistente com Pode! pode ser to restritiva, como no caso conveniente desenfatizé- mulacdo de hipdtese se deve, na maioria das vezes, & inatengio 20s elementos formais, e & incapacidade de analisé-los em fungio do texto global (ndo foi esse 0 caso no exemplo discutido acima, pois houve fai a devida consideracao de pistas formais, tanto que a inconsisténcia foi detectada). Certamente, nao irfamos acreditar que a crianca apren- derd a analisar elementos formais do texto enquanto elementos que contribuem a significagao total através da leitura amorfa, sem expec- tativas nem hipSteses que sugiram caminhos. Pelo contrério, é através da formulagdo de predicdes que a tarefa de an pois cla € extremamente dificil para quem esté acostumado a con derar as palavras do texto como elementos discretos na sentenga. A tarefa converte-se, mediante o engajamento do leitor, numa tarefa de verificacdo de hip6teses, uma tarefa mais limitada, e portanto m acessivel, retendo, contudo, o caréter global que permitiré a sintese posteriormente. Para resolver esse tipo de tarefa, o leitor adulto tam- bém pode fornecer um modelo adequado, levando o leitor a se ques- tionar sobre os. possiveis t6picos € subt6pi Mesmo que as auto-indagacdes do leitor estivessem longe do assunto de fato tratado no texto, o fato de iniciar a feitura com uma indagagio 4 € vantajoso © pode ajudar a compreender 0 texto. 5 do texto a ser lido. Ao levantar hip6teses, o leitor terd, necessariamente, que postu- lar contetdos © uma estruturagio para esses contetidos, isto é, terd que imaginar temas e subtemas. Por exemplo, a partir de dados como © titulo de um artigo. “A quimica dos cnidérios”, Revista Ciéncia Hoje, ¢ com 0 apoio da ilustragao de um: flor marinha, 0 leitor, com a mediagdo do adulto, poderd predizer que © texto traré uma definigao ou explicagio dos cnidérios (que ele, leitor, jé pode imaginar que so seres marinhos), dard exemplos de cni- darios, traré uma descrigio deles (que ele jd pode supor que so muito 41 Digitalizado com CamScanner explicaré algo interessante Sobre suas req. © 4 sabe de polVos © outros sereg = Jo que es ree, produzem alguma substincia para ata, bore Bigm de predizerem contetidos, pred 7 is hipsteses podem ser diagram: zem trpmente da segue FOrMA: Definigio: — seres marinhos exemplos Deserigio: — seres simples = reagdo quimica interessante: ataque € defesa segundo, porque a expectativa assim globalmente, uma vez que ; € terceiro, principais criada permi ji esté slertado pata sua possivel oco porque 20 fazer o confront deveré manter em mente 0 ol perderé de vista 0 global, o texto em sua totalidade. Leiamos, com as expectativas apont acima, o texto: (6) “O grupo de animais conhe te denominado celenterados as caravelas, os corais, e possui mais de corpos tém estruturas simples: so constituidos basicamente por lerme ¢ gastroderme), separadas ‘inosa portadora de poucas of ngo de varios milhdes de anos de evolugao, esses seres aquéticos desenvolveram um grande refinamento na pro- dugéo de substéncias que entram em acdo na autodefesa © n8 captura de presas. A aco dessas substdncias venenosas, que it” adas com finalidade 42 com a qual j estivera em contato” (Ci como titulo, sul datas, fontes, ter esse cardter de verificacio de hi c : tor, bem como ‘gias necessérias & compreensio. Ao formular hi- poteses 0 leitor estaré predizendo temas, ¢ ao testé-las ele estard de. preendendo o tema; ele estard também postulando uma possivel estru- igem ele estard enriquecendo, refinando, checando esse conhecimento. Sao, todas essas, estratégias préprias’ da leitura que levam & compreensio do texto. inda uma outra decorré predizer © testar: no confronto, o leitor estaré exercendo cont consciente sobre 0 préprio proceso de compreenséo: ele estaré revi sando, auto-indagando, corrigindo, de forma néo-autor i gido por um adulto pode ser, de fato, 0 ponto de partida para o desenvolvimento de estratégias metacognitivas do leitor. RESUMO Duas atividlates: relevantes para a compreensio de texto escrito, a saber, 0 estabelecimento de objetivos ¢ a formulagio de hipéteses, so de natureza metacoj to 6, slo atividades que pressupdem reflexio e controle consciente sobre 0 proprio conhecimento, sobre 0 a3 Digitalizado com CamScanner proprio fazer, sobre a propria capacidade, Elas a matismos € mecanicismos tipicos do passar do olhe Poem ao, € tido como leitura na escola, Embora essas ativid, UE muitas ve metacognitiva sejam ideossincraticas, individuais : des de ng “ propor atividades na quais a clareza de objetivos * ssivel g ada indagacao sejam centrais, propiciando assim contexte redisto,g tg, volvimento e aprimoramento de estratégias melacognitae lesen, Teitura, 44 — Digitalizado com CamScanner

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