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FARMACOGNOSIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

Professora: MSc. Larissa Barboza


Cultivo e armazenagem de plantas e drogas vegetais:

O cultivo de plantas medicinais é uma das etapas


fundamentais para garantir a qualidade dos ativos
vegetais.
U1S2 -
TAXONOMIA,
No Brasil, a maioria das plantas medicinais é obtida
NOMENCLATURA por meio de coleta de espécies silvestres:
E FARMACOPEIA
Não garante homogeneidade das drogas vegetais;

Dificulta a obtenção de um padrão de qualidade.


O que buscamos ao cultivar plantas medicinais?
A produção de princípios ativos pela planta, que garantam a ela maior resistência
às condições climáticas, ou mesmo que ofereçam maior resistência à propagação
de pragas.
Como fazer isso?
Investindo em pesquisa, para que haja o melhoramentos da produção por fatores
externos, tais como clima e tipo de solo (fatores extrínsecos), quanto por
modificações genéticas (fatores intrínsecos).

O Brasil detém cerca de 10% da Flora mundial, porém, estima-se


que menos de 1% das espécies encontradas são cientificamente
analisadas quanto ao seu poder farmacológico (Ferro, 2006).
Assegurar que essas espécies vegetais não sejam
extraídas até a sua extinção, é ainda mais
importante!
TAXONOMIA VEGETAL

Na fase inicial do estudo de plantas medicinais, é necessária a


identificação botânica das espécies.

Grande parte das plantas medicinais são nomeadas pela população


de acordo com alguma característica do vegetal.

Muitas espécies assemelham-se morfologicamente e em relação à


atividade biológica levando a confusão botânica.
Plectranthus barbatus - Lamiaceae Peumus boldus – Monimiaceae
Arnica montana - Asteraceae Lychnophora ericoides - Asteraceae
Reino
Vegetal
PRINCIPAIS TÁXONS E REGRAS DE NOMENCLATURA BOTÂNICA

Os trabalhos de taxonomia são os principais responsáveis por tratar da: individualização,


classificação e nomenclatura das espécies.

São conhecidos como táxons os agrupamentos taxonômicos utilizados nessa categorização, que
ordenam as espécies em categorias como:

RE INO
FI LO
C LASSE
O RDEM
FA MÍLIA
GE NERO
Atualmente, o código internacional de nomenclatura botânica em uso é o Código de
Melbourne (PRADOL; HIRAIL; GIULIETTILL, 2011).

Entre as regras para a nomenclatura


botânica é importante considerar
que: a redação do nome família tem
o NOME + terminação (ACEAE),
enquanto o nome utilizado na
nomenclatura de gêneros vem de
antigas designações usuais da língua
latina popular.
Entre as plantas de interesse medicinal utilizadas popularmente, maioria
pertence ao grupo das angiospermas, as mais complexas do reino vegetal.

Uma planta deve ser observada quanto


a sua morfologia externa:

• ramificação de raízes;
• forma do caule;
• forma e disposição das folhas;
• sementes;
• organização das flores;
• frutos.
As angiospermas são classificadas tradicionalmente em monocotiledôneas e
dicotiledôneas.
É comum a elaboração de exsicatas em herbários, a fim de manter um registro fiel das
espécies originais, sendo esse registro utilizado na comparação de futuras amostras.

Exsicata é uma amostra de uma


planta, coletado, limpo, seco, prensado
e arquivado adequadamente para sua
preservação.

Essa amostra passa por um registro


numérico e suas características
botânicas são detalhadamente
descritas.

As exsicatas são bastante utilizadas em


herbários e auxiliam no
reconhecimento de espécies vegetais
de interesse.
Também são utilizados marcadores fitoquímicos na identificação de espécies vegetais, mas o
conhecimento botânico das plantas de interesse medicinal ajudam a população a diferenciar as espécies
por meio de suas características morfológicas o que pode contribuir para o uso seguro dessas plantas.
Ao fazer o cultivo de plantas medicinais deve-se observar todo o seu contexto
ecológico:
➢ Caraterísticas ambientais do local de origem da planta
➢ Possíveis variações de concentração de ativos de acordo com o tipo de solo
➢ Clima de cada região em que ela se encontra.

Além disso, localizar os exemplares mais


adequados para serem propagados é fundamental
para o cultivo das plantas de interesse terapêutico.
FORMAS DE PROPAGAÇÃO
Sexuada (uso da semente): realizada com o uso das sementes da plantas de interesse. Consiste
na coleta das sementes, seleção e armazenamento em condições adequadas, seguido de
semeadura e cultivo.

Vantagem: maior variabilidade genética, que pode conferir vantagens com relação ao controle
de pragas,

Desvantagem: pode conferir variação da concentração dos ativos vegetais de interesse, retarda a
produção, devido ao longo período improdutivo ocasionado pela juvenilidade, principalmente no
caso de frutíferas;
SEMEADURA DIRETA
SEMEADURA INDIRETA
Assexuada (uso de estruturas vegetais):a propagação assexuada consiste no cultivo a partir de partes
germinativas da planta. Pode ser realizada com parte do caule, de folhas ou de raízes da matriz.

Vantagens:
• Permite a manutenção do valor agronômico de uma cultivar ou clone.
• Redução do período produtivo.
• Maior uniformidade fenológica, bem como uma resposta idêntica dos fatores ambientais.
• Permite a combinação de clones, principalmente quando se usa a enxertia.
Desvantagens:
• Possibilita a transmissão de doenças, especialmente as causadas por vírus e bactérias.
• Pode ocorrer ao longo do tempo, uma mutação das gemas, podendo ser gerado um clone
diferenciado e de menor qualidade que a planta matriz.
• A ausência da variabilidade gerada no clone pode levar a problemas na futura área de
produção, aumentando o risco de danos em todas as plantas por problemas climáticos ou
fitosanitários.
Critérios para escolha das espécies medicinais:

✓ Verifique o seu estado e a sua procedência a fim de evitar a


contaminação das plantas por microrganismos ou fungos;
✓ Atente-se a dosagem para que não se obtenha efeitos
adversos ou seja ineficaz;
✓ Conheça a parte da planta que será utilizada para o
tratamento;
✓ Certifique-se de que a espécie da planta corresponde
aquela que é indicada para o tratamento.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ATUAL
FARMACOPEIA BRASILEIRA E PLANTAS MEDICINAIS
A farmacopeia brasileira é descrita pela ANVISA como o “Código Oficial Farmacêutico do
País, onde se estabelecem, dentre outras coisas, os requisitos mínimos de qualidade para
fármacos, insumos, drogas vegetais, medicamentos e produtos para a saúde”.

É um código escrito e revisado periodicamente, que tem por finalidade estabelecer


requisitos de qualidade e assim promover a saúde e a segurança no uso de insumos,
medicamentos, drogas vegetais e ativos farmacológicos de toda natureza a serem
utilizados em território nacional.

A 6ª edição compreende, após normatização, harmonização e revisão de inconsistências


técnicas, os textos da Farmacopeia Brasileira, 5ª edição, do Primeiro Suplemento, 5ª
edição, e do Segundo Suplemento da Farmacopeia Brasileira, 5ª edição.
Um exemplo na farmacopeia atual e largamente utilizada popularmente é a Phyllanthus niruri, mais
conhecida como quebra-pedras. Os textos trazem: características organolépticas; descrição macroscópica
e também a ilustração.

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