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Ao assistir aos documentários, atentem para a produção social da tuberculose

e de doenças relacionadas ao trabalho no corte da cana de açúcar e suas


relações com os argumentos discutidos no texto da Asa Cristina Laurell,
apresentando os argumentos e conceitos discutidos no texto sobre a saúde-
doença como processo social

O texto A saúde-doença como processo social da médica


epidemiologista Asa Cristina Laurell é um estudo sobre as relações entre o
trabalho e a saúde. Discutindo se a doença é essencialmente biológica,
ocorrendo questionamentos profundos sobre o paradigma dominante da
doença que a conceitua como um fenômeno biológico individual, ou, ao
contrário, social, na demonstração que a doença, efetivamente, tem caráter
histórico e social.
Para tanto é necessário um esforço no intuito de que haja reflexão
sistemática sobre a forma de construir um objeto de estudo que possibilite o
avanço do conhecimento, bem como no sentido de conceituar a causalidade,
ou determinação, articulando o problema de saúde em articulação com outros
problemas sócias.
Entender o caráter histórico-social do processo saúde-doença,
observando sua ocorrência na coletividade humana é a melhor forma de
comprovar empiricamente o caráter histórico da doença. È necessário entender
o modo de adoecer e morrer das coletividades e não apenas das
individualidades, a exemplo do estudo da Tuberculose. Quando avaliada esta
enfermidade, dentro de uma mesma sociedade, as classes que a compõem
mostrarão condições de saúde distintas.
Para exemplificar melhor, a autora escolhe como modelo para o estudo
o país do México, entre 1940 e 1970, que registrou mudanças no perfil
patológico em relação ao tipo de patologia e à frequência com que se
apresenta. Assim a pneumonia, as gastrenterites e colites foram as principais
causas de morte, desde a diminuição até quase erradicação de doenças
infecciosas, a partir de campanhas de vacinação, por exemplo. Ao contrário,
ocorre um aumento absoluto, nas taxas e no lugar que ocupam no quadro
patológico, das doenças do coração, dos tumores malignos, das doenças do
sistema nervoso central, do diabetes e dos acidentes. Pode-se constatar que
as mudanças que inferem nas taxas são de caráter social, e não biológico.
No Brasil, o documentário Herança Social realizado pela VideoSaúde
Distribuidora da Fiocruz em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde
(SVS/MS) no ano 2016, traz um recorte comparativo entre as condições de
vida de pessoas que moram em favelas do Rio de Janeiro nos anos de 1971 e
em 2015. A realidade é praticamente a mesma, quase não houve mudança, e
se alguma mudança ocorreu provavelmente esta implica em quadro ainda mais
agravado.
As pessoas vivem em locais insalubres, com baixas condições de vida,
na sua grande maioria sem direito a uma vida digna, em lugares sem
saneamento básico, sem infraestrutura, e com condições mínimas para a
saúde. Esses fatos agravam o número de casos e a situação das pessoas
acometidas pela tuberculose, trazendo a ideia da hereditariedade social da
doença, e não da hereditariedade biológica.
Uma doença antiga, conhecida, decifrada e negligenciada sendo
partilhada por quase quatro décadas entre os moradores daquela região, sendo
necessário debater sobre a determinação social da saúde. A esse respeito ...

Linha de Corte
autor José Roberto Novaes - Prof. da UFRJ

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