1º Semestre
1. Noções Fundamentais
Regra fundamental do direito processual português: artigo 1º CPC
• Esta regra está na origem do processo civil, mas também do Direito e do
discurso jurídico
• Consta deste artigo o princípio da proibição do recurso à força para fazer valer
o próprio direito. Daqui decorre, articulando esta disposição com as demais
regras do ordenamento, que o Estado chama a si o monopólio da força
autorizada
▪ Estado = Comunidade Política Organizada, Soberana (não
reconhece entidade acima de si)
o Usa da força OU define os casos em que alguém que não o Estado se
pode servir legitimamente da força
▪ PROBLEMA: o Estado pode proibir o uso da força, mas
continuam a haver conflitos entre pessoas e existe a tentação de
procurar, mediante os próprios meios, fazer valer as próprias
posições jurídicas. Então, é necessário que a comunidade
politicamente organizada conceda uma alternativa aos seus
membros para conseguirem resolver os seus conflitos.
▪ ASSIM, o processo civil é a alternativa que o Estado dá aos seus
membros de resolverem os seus litígios de uma forma diferente
que pela força.
Portanto, deste artigo decorrem duas consequências fundamentais desta disciplina
e de todo o Direito:
1. Constrangimento e limitação
a. Não podemos fazer uso da nossa própria força para resolver estes
problemas
2. Contrapartida
a. Se não podemos fazer uso da força, dá-se a alternativa legítima do
processo
Distinção entre dois modos de tutela:
• Autotutela: tutela (proteção ou garantia dos direitos) das posições jurídicas
realizada pelo próprio
• Heterotutela: tutela realizada por outra pessoa, por alguém diferente (esse
alguém é o Estado, ou melhor, os agentes através dos quais a comunidade age)
2
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
recorrer em tempo útil aos meios coercivos normais. Ou seja, sempre que
heterotutela é possível, a autotutela é proibida. Daí que o princípio da proibição do
uso da força tenha um amplíssimo alcance no nosso direito.
Mesmo quando alguém pode recorrer à força para fazer valer o próprio direito,
mesmo nos casos em que essa possibilidade é admitida, em princípio ninguém tem o
privilégio de declarar o próprio direito. O monopólio do poder de dizer o direito é da
comunidade política.
Exemplo: na legítima defesa permite-se que o titular de uma certa posição jurídica
a defenda, mas ele não tem poder de declarar que estão verificados os pressupostos da
legítima defesa (isto só por pronúncia judicial). Ou seja, ele pode defender-se, mas não
pode dizer que os pressupostos da legítima defesa estão verificados. Plano da realização
das posições jurídicas vs plano da declaração do direito.
MAIS: o monopólio do poder de dizer o direito é o que chamamos de poder
jurisdicional (poder que comunidade política arroga a si própria, poder de jurisdição).
Jurisdição: Ius + Dicere = iurisdictio Etimologicamente significa “dizer
o direito”. Este poder é o poder de qualificadamente dizer o que é direito e o que não é.
Ora, o poder de dizer o que é direito no caso concreto é um poder reservado à
comunidade política.
Subentenda-se que em certos casos a comunidade entende que outras
entidades possam resolver os litígios (tribunal arbitral, por exemplo) – mas é a
comunidade que o diz, e que define em que termos o pode fazer.
ESTRUTURA DO PROCESSO
• (mesmo antes do processo) Posição jurídica exercida através do processo:
direito subjetivo à tutela jurídica
3
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
4
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Que matérias de direito material são aplicadas através do código de processo civil?
Serve para mais que o Direito Civil. Para se compreender porque é que o âmbito do
DPC é mais amplo que o Direito Civil temos que compreender a sua designação:
Direito Processual Civil CIVIL provem do adjetivo civilis que vem do substantivo
civis. Portanto, o direito civil é o direito do cidadão. Isto porque é o Direito Civil que
baliza as possibilidades de cada um dos membros da comunidade jurídica de interagir
com os outros membros da comunidade jurídica. É o direito fundamental da pessoa na
5
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
sua relação com as outras pessoas. É um direito de participação na vida pública (não
política em sentido estrito, mas pública, com os outros). O Direito Civil pressupõe um
certo modelo de direito público em que se reconhece a cada membro da comunidade a
possibilidade de terem relações próprias, privadas, entres si.
Nos finais do século XVIII/início do XIX com as codificações, usa-se o civil neste
sentido: a compreensão da pessoa é paritária, há igualdade fundamental entre todos os
membros da comunidade, daí haver o código do cidadão, e esse seria o código civil.
Esta é a raiz do termo, mas este evoluiu e foi precisado, tendo surgido diferentes
domínios de especialidade.
Ao nível do Direito Privado:
• Direito civil
• Direito comercial
o Direito societário
o Direito dos valores mobiliários
o Direito dos títulos de crédito
• Direito do trabalho
• Direito do consumo
• Etc.
Ou seja, houve processo de fragmentação ao nível do direito substantivo.
Ao nível do direito processual, excluindo o direito do trabalho, há apenas um:
Direito Processual Civil. ASSIM, o Civil do DPC é muito mais amplo que o Civil do direito
substantivo.
Por isso, este direito processual aplica-se subsidiariamente: se as outras regras
processuais não tiverem regulação específica, a aplicação subsidiária é do DPC.
6
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
1. O nosso processo civil é resultado de uma evolução histórica. Alguns traços
específicos do processo civil romano: o direito romano é uma realidade que
durou cerca de 2000 anos; e, obviamente, o processo passou por várias
transformações:
a. 1ª fase: Legis actiones
b. 2º fase: processo formulário (agere per formula)
i. Características fundamentais:
1. Distinção entre 2 fases: in iure X apud iudicem
In iure (no tribunal, na presença do pretor) é a fase mais
característica do direito romano. O processo iniciava-se com a
chamada do réu ao tribunal pelo pretor.
7
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
• Pretor que pede actio perante o réu – que constava ou não constava das
disponíveis (se constava merecia tutela). Podia também recusar uma ação.
• Réu ouvido para tomar uma de várias atitudes: 1º podia limitar-se a
contestar a ação (dizia que aquilo que estava a ser pedido não tinha
fundamento); 2º podia elencar novos factos (diferentes dos avançados pelo
autor) que garantiriam a improcedência do direito pedido pelo autor (isto
designa-se por exceptio – contra direito); 3º podia reconhecer o direito do
autor (confessio in iure).
• Se fosse para avançar com o litígio, designava-se um juiz e o pretor concede-
lhe uma possibilidade de julgamento: Iudicium dare (pretor dava um juízo,
cujas características fundamentais constavam do formulário)
Características fundamentais:
✓ Já só há 1 fase, que decorre na presença de um único juiz, delegado pelo
imperador.
✓ É conferido ao juiz um amplo espaço de decisão.
✓ A decisão é recorrível, através de recurso de apelação.
✓ As diferentes figuras deixam de designar uma parte da fórmula e passam a
caracterizar categorias materiais (e é assim até hoje).
8
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
CARACTERES DO DPC
Duas características fundamentais:
ii. Adjetivo
9
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
10
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
O critério subjacente à classificação das ações está contida, no artigo 10º CPC.
Temos que ter sempre em conta as limitações com que essa sistematização dos meios
de tutela judicial deve ser entendida.
1. Ação declarativa: aquelas que têm por finalidade declarar o direito, dizer o que
é conforme ao direito. São ações em que se procura formular um juízo, uma
decisão. Tem a ver, portanto, com julgamento. Movem-se no domínio da
palavra, da iuris dictio.
2. Ação executiva: aquelas que têm por finalidade a execução de uma ação (artigo
10º/4 CPC), levar a cabo certo direito. Têm a ver, portanto, com operações/
imposições (e não julgamento). Movem-se no domínio da força, imposição, no
campo do imperium.
a. Não existe questão de fundo ou de mérito
b. O fim do processo de execução não é decidir uma causa, mas dar
satisfação efetiva a um direito já declarado por sentença ou constante de
título com força executivo.
*) Quanto ao fim, as AÇÕES DECLARATIVAS podem ser (nos termos do artigo 10º/3
CPC):
• Simples apreciação
o Positiva
o Negativa
• Condenação
o In futuro
o Inibitórias
o Genérica
• Constitutivas
11
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
12
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
pelo autor (deve considerar aquilo que lhe foi formulado), mas da mesma forma
o autor deve quantificar/ precisar o âmbito do pedido.
o MAS há uma exceção: em certas hipóteses particulares admite-se que
alguns dos elementos integrantes do pedido sejam deixados por
concretizar – tratam-se dos casos de pedido genérico (artigo 556º CPC).
▪ Exemplos admitidos: herança, nos casos de RC em que o lesado
não sabe todos os danos que sofreu; quando a determinação do
quantitativo esteja dependente de prestação de contas que ainda
não recebeu; etc. O pedido genérico é admitido nestes casos,
MAS, contudo, se no momento da sentença já for possível
determinar o objeto e quantidade da prestação, o Tribunal já deve
condenar nessa parte (artigo 609º CPC).
• Ações inibitórias: casos em que não houve nenhuma violação do direito por
parte do réu e mesmo assim deve ser condenado. Têm por finalidade inibir o réu
para o futuro de realizar um determinado comportamento violador do direito do
autor. Se for previsível que o reu vai violar um direito do autor, ainda que não o
tenha violado, pode o autor propor uma ação inibitória para proteger o seu
direito.
o Exemplos: artigo 1276º CC (ação de prevenção contra o dano); artigo
70º/2 CC; artigo 25º DL Cláusulas Contratuais Gerais; artigo 210º-J do
Código do Direito de Autor e Direitos Conexos; artigo 338º-N do Código
da Propriedade Industrial.
13
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
14
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
15
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
• PLANO DA ADMISSIBILIDADE
o Para enquadrar o processo, foi desenvolvida, no século XIX, uma certa
categorização própria (cada ramo tinha as suas relações jurídicas
específicas). O processo tem como categoria específica a relação
16
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Tribunal Citação
Petição inicial
A Réu
Relação material
controvertida
• PLANO DO MÉRITO
o As condições para que tribunal saiba do fundo da causa: pressupostos
processuais (condições cuja verificação é necessária para que tribunal
conheça do mérito – relação material controvertida)
17
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
18
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
*) Ação e incidente
INTERVENIENTES DO PROCESSO
1. PARTES vs INTERVENIENTES
a. Processo tem mais intervenientes que partes
i. PARTES: autor, tribunal e réu
ii. INTERVENIENTES (conjunto de pessoas chamadas a contribuir
para modelação e desfecho da ação)
1. Do lado do tribunal: juiz, secretaria judicial (livro II do
CPC – 144º e seguintes, 150º e seguintes, 157º e
19
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
20
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
21
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
• Litispendência
• Caso julgado
A ação civil deve ser iniciada por particular. Mas o DPC é instrumental do direito
substantivo, pelo que se nos termos do regime do substantivo há uma posição jurídica
cuja defesa não está confiada a titular ou está também confiada a terceiro, esse
terceiro também pode propor ação civil (juntamente com tribunal, oficiosamente). Ou
seja, se a posição material pode ser oficiosamente tutelada, então oficiosamente
também pode ser iniciada ação (isto por causa da instrumentalidade do processo civil).
Só é correto dizer que PC está na disponibilidade das partes se naquela ação as
posições jurídicas estão na disponibilidade das partes.
Exemplo de ação com iniciativa oficiosa:
22
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
23
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
24
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
proteger e realizar o 2º: se uma das partes é dada a possibilidade de agir, à outra tem
de ter possibilidade de se defender; etc.
Se houver vários autores e réus tenta-se dar-lhes posição de autonomia em
relação às outras partes.
c. Princípio do dispositivo: traveja todo o processo civil. O objeto do
processo está na disponibilidade das partes (ideia base deste princípio),
e nesse caso então é às partes que cabe a liberdade de instaurar o
processo, de conformar o seu objeto, de delimitar as suas partes, de
colocar termo ao processo, de suspender a instância.
i. Este princípio, tal como o princípio do pedido, é uma tradução
processual da ideia da autonomia privada e de respeito pela
titularidade privada dos direitos. Assim, tendencialmente o seu
âmbito será mais amplo quando o objeto da ação respeita
direitos disponíveis (geralmente direitos pecuniários), e será
mais restrito quando os direitos são indisponíveis (relativos a
posições jurídicas pessoais, e relativas a questões de Estado –
por exemplo, não posso dispor da minha filiação porque é uma
questão de ordem pública)
ii. É na petição que se formula pedido, se designam partes, etc.
iii. Liberdade de colocar termo ao processo: se o objeto do
processo está na disponibilidade das partes, elas podem praticar
certos atos negociais que têm eficácia processual e que põe
termo ao processo (certos negócios jurídicos com incidência
processual – o próprio processo pode ser objeto de negócio
jurídico)
1. Há uma parte do CPC que sintetiza estes diferentes atos
negociais que podem ter por objeto o processo:
a. Artigo 283º: 1) se a relação processual tem duas
partes que podem ficar sujeitas ao efeito da
decisão (autor e réu), se questão jurídica litigada
respeita a direitos disponíveis, então autor e réu
devem ter possibilidade de colocar termo ao
litígio por acordo. O contrato mediante o qual se
põe termo ao litígio mediante concessão mútua
(1248º a 1250º CC) – contrato de transação. A
transação faz cessar a causa nos precisos termos
em que foi efetuada.
Exemplo: No contrato estipula-se que réu
deve 200, e causa termina com réu a
dever 200 porque foram esses os termos
do contrato
25
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Muito relacionado com este princípio estão princípios pouco tratados, mas
importantes:
26
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
27
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
28
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
• Por independência entende-se que juiz não está sujeito a nenhum poder
superior, no que toca à decisão sobre um certo ponto
o É diferente de orgânica administrativa
o Não está em relação de inferioridade hierárquica face a ninguém
▪ É a última autoridade face àquele caso, independentemente
de haver recurso ou não
o É garantida através do estatuto especifico dos juízes: órgãos
disciplinares próprios (conselho superior da magistratura), sujeitos
a regimes de inamovibilidade específicos
▪ Artigo 216º CRP
o A independência nunca é completa. Mas o que se procura com esta
garantia não é saltar sobre a natureza humana, mas sim procurar a
independência possível
2 tipos de independência:
o Independência sobre certo caso: tendencialmente absoluta (não
pode observar ordens ou instruções de decidir num certo sentido),
mas há condicionamentos laterais que podem limitar a sua
independência
▪ Estes condicionamentos laterais são: a própria carreira
profissional do juiz
• Em função dos critérios estabelecidos para subir na
carreira, é possível condicionar lateralmente a sua
independência
o Através da definição das regras do estatuto dos magistrados, é
possível gerar dependência face a outros poderes públicos,
sobretudo em virtude do fator económico
▪ Revista de Legislação e Jurisprudência, Manuel de Andrade,
2009/2010, “Bruscamente no Verão Passado”
29
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
30
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
31
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
33
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
34
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
2ª precisão: O processo que está prescrito é aquele que para legislador traduz a
valoração fundamental a respeito da prática de um concreto ato processual. Se juiz
introduzir alterações à forma prescrita não o pode fazer para tornear valoração legal,
mas sim, e apenas, para realizar a valoração legal.
O princípio da gestão processual e adequação formal não é forma de
introduzir soluções contra legem, mas sim praeter legem (para além do texto,
corrigindo-o em função das especificidades daquele caso).
35
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
36
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
37
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
3. TUTELA CONSTITUCIONAL
Proteção constitucional oferecida a certos valores processuais.
Porque é que a CRP é importante para este efeito? O Direito Constitucional releva
no atual direito por duas razões muito diferentes (que está na base de duas disciplinas
diferentes):
1. O Direito Constitucional traça o estatuto fundamental da organização do poder
político (delimitação da competência do poder político)
a. Foi assim que o Direito Constitucional nasceu
b. A modernidade (1500-1789) é caracterizada pela ideia de que no POV
jurídico o princípio não está sujeito a nenhum limite, e o DC vem
racionalizar o poder, limitá-lo (é uma das grandes pretensões da idade
moderna). E assim acontece também com o poder judicial.
c. Portanto, o DC releva para o processo na medida em que delimita o
estatuto jurídico do sistema judiciário (artigos 202º e seguintes CRP)
38
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
39
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
40
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
41
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
superiores. Só não é assim em matéria penal. Mas em matéria civil não se garante o
direito ao recurso.
Note-se que na orgânica judiciária se preveem vários níveis de superiores, mas
acesso aos tribunais superiores pode ser limitado.
42
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
43
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
A prova de que estes mecanismos são cada vez mais considerados é de que a
legislação sobre eles é da reserva relativa de competência da AR, na mesma alínea que
nos diz que a AR tem competência para legislar sobre matéria judicial (165º/1/c CRP).
4.1. ARBITRAGEM
44
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
46
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
47
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
REGIME DA ARBITRAGEM
Tomamos por referência a arbitragem voluntária de natureza contenciosa (para
resolver litígio entre as partes).
48
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
FORMA:
o Deve observar a forma escrita (artigo 2º/1 LAV)
▪ Se não for observada, mas o autor alegar que celebrou com réu
uma convenção de arbitragem, e o réu não o contestar,
entende-se que requisito da forma está cumprido (artigo 2º/5)
▪ Estas regras podem ser modificadas até que haja aceitação do 1º
árbitro (artigo 4º/1) e podem ser revogadas na totalidade, a
todo o tempo, até à prolação da sentença arbitral, desde que
haja acordo (artigo 4º/2)
49
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
ÁRBITRO
50
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
51
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
COMPETÊNCIA
4 níveis de competência do TA:
52
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
53
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
b. Estas, que são decretadas sem audição da contraparte, não podem ser
executadas coercivamente (artigo 27º LAV a contrario)
NOTA: as providências cautelares só valem a partir da audição do réu (tutela
provisória). Tutela principal só vale a partir da sentença. Tutela provisoríssima através
da ordem preliminar que vale até poder ser decretada providência cautelar (ou seja,
no período entre petição inicial e contestação do réu).
A competência própria de um TA é para fixar a sua competência e proferir a
sentença final. Para decretar providências cautelares e ordens preliminares tem essa
competência supletivamente (mas as partes podem retira-la)
REGRAS DO PROCESSO
• A LAV não fixa regras processuais precisas. Elas poderão ser acordadas pelas
partes (artigo 30º/2 LAV)
o A nível internacional há mesmo obras que têm regras processuais que
podem ser definidas pelas partes
o Normalmente, as partes apoiam-se em regras processuais que já
existem (remetem para regras do CPC, para regras do processo arbitral
x ou y, etc.,)
• Em todo o caso, a LAV fixa certos parâmetros que têm de ser respeitados por
estas regras processuais. Portanto, não é uma liberdade absoluta. Se a decisão
arbitral vai valer como decisão com força executiva é necessário que ela seja
proferida ao termo de um processo em que se observaram certas garantias
fundamentais.
o Princípios que não podem ser postergados (artigo 30º/1 LAV) – são
princípios elementares
▪ Alínea a): demandado tem de ser citado para se defender
▪ Alínea b): partes são tratadas com igualdade + oportunidade de
fazerem valer os seus direitos
• Princípio do contraditório e da paridade das partes
▪ Alínea c): observância do princípio do contraditório
• Este princípio é também um meio de proteção das partes
contra o tribunal. O TA deve dar às partes pelo menos
uma oportunidade de pronúncia sobre TODOS os aspetos
relevantes para decisão
o Dentro destes cânones gerais, as partes têm liberdade de conformação
do processo arbitral
• Processo inicia-se supletivamente (33º/1) com o pedido de uma das partes,
mais especificamente quando este é recebido pelo demandado de que o
demandante pretende submeter um certo litígio à arbitragem. Despois do
pedido ser feito, caso não seja respeitado, o demandante pode reforçar a
constituição do TA. Depois do pedido são apresentadas as peças processuais.
o Artigo 33º/2 LAV
54
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
• Sabemos que o processo arbitral pode gozar de regras modeladas com grande
grau de liberdade. O fim de um processo arbitral, tendencialmente, é sempre o
mesmo: é uma decisão sob a forma de SENTENÇA proferida pelos árbitros
o Sentença = decisão que poe termo a uma causa
• Sentença pode ser proferida com base em três fundamentos diferentes:
o 1ª opção supletiva: árbitros decidirem segundo direito estrito (artigo
39º/1 LAV)
▪ Neste caso, é possível o recurso da decisão que será interposto
para o tribunal da relação (artigo 59º/1/e LAV)
▪ Particularidade: via de regra o recurso não é admitido na
arbitragem (artigo 39º/4 LAV). Ou seja, para que possa haver
recurso é preciso que as partes hajam especificamente acordado
nessa possibilidade.
o 2ª opção/fundamento para decisão: se as partes nisso acordarem
expressamente, pode impelir que decisão seja tomada com base na
equidade (39º/2)
o 3ª opção: decisão tomada com apelo ao equilíbrio dos interesses em
jogo (artigo 39º/3)
▪ Esta possibilidade é admitida em tribunal civil, se houver acordo.
Mas aqui não é interessante, e sim nos TA porque partes
escolhem árbitros e podem apelar às particulares sensibilidades
dos árbitros
▪ Neste caso, contudo, justamente porque a decisão a ser
proferida é proferida em resultado da sensibilidade dos árbitros,
de sensibilidade específica, pessoal, NÃO PODE haver recurso da
decisão
NOTA: a arbitragem, historicamente, teve muito sucesso no direito comercial (no
sentido de comércio internacional) e é aqui que a ideia de resolução de litígios com
base na equidade ou equilíbrio dos interesses em jogo, é interessante (exemplo: partes
que há medida que processo avança mudam sensibilidade e que perder ação ia
prejudicar muito outra, pelo que uma decisão compromissória iria beneficiar ambas as
partes).
55
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
VANTAGENS E INCOVENIENTES
Do POV sociológico goza de grande heterogeneidade. Um juízo que se formule
em geral é sempre frágil: pode valer para uns tipos de arbitragem, mas não
para outros.
56
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Vantagens
• Trata-se de um meio de resolução de litígo que pode garantir uma decisão
particularmente rápida
o Porquê? A LAV prevê prazo supletivo de 12 meses para que decisão seja
proferida (artigo 43º LAV). MAIS: justamente pela possibilidade que as
partes têm para escolher o árbitro. Podem escolher árbitros que estão
em condições de proferir decisão num espaço curto de tempo.
▪ Reverso: pode não ser árbitro que decida com celeridade
▪ MAIS: isto tem custos gozar de atividade de pessoa em
exclusivo tem de pagar
• Trata-se de um meio de resolução de litígios particularmente apto a resolver
litígios que obriguem a um certo conjunto de conhecimentos especializados
o Juiz num tribunal público é generalista, mas há matérias de grande
especialidade para o qual ele pode não estar vocacionado a resolver
o Daí a arbitragem ter tido sucesso nestes domínios (arbitragem do
desporto)
• Trata-se de um mecanismo que permite a resolução de litígios com certa
discrição, longe dos olhares do público
o Partes podem não querer revelar ao público a sua contabilidade, os seus
segredos de negócio, etc.
o Exemplo interessante: litígios sucessórios – os herdeiros podem
pretender que as diferentes questões atinentes à sucessão não sejam
desocultadas (caso extramatrimonial do que faleceu, etc.)
• No campo comercial, a arbitragem pode servir de mecanismo de abertura a
soluções negociadas entre as partes (uma sociedade comercial não está
preocupada com ter o direito do seu lado ou não, mas sim com o lucro, e se a
solução negociada com outra parte e favorecida pelos árbitros permitir manter
boa relação com a outra parte, nada a obstar a que assim aconteça)
Inconveniente
• Não goza de todas aquelas garantias que estão associadas ao sistema público
de justiça. Este último pretende reduzir um certo risco que recai sobre os
membros da comunidade: risco das assimetrias de informação quanto aos
elementos que podem contribuir para a definição das suas posições jurídicas.
o Ou seja, se os membros da comunidade ignoram o lado jurídico
aplicável às suas posições jurídicas, então a comunidade jurídica garante
que julgador goza de formação jurídica, de estatuto, pelo que parte é
protegida em face da sua própria ignorância
o Estas garantias não estão presentes na arbitragem porque quem
designa é a própria parte: ela não é protegida face à sua ignorância
• Os custos associados
o Nuns casos podem ser marcadamente superiores aos de recurso a
tribunal judicial
57
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Tipicamente a arbitragem será boa para casos em que há paridade de poder entre
as partes (máxime, comércio internacional).
4.2. MEDIAÇÃO
Intervém para a resolução de litígios o mediador, cuja função é aproximar as
partes para que elas partes coloquem termo ao seu conflito. Na mediação, há um
terceiro que é chamado a intervir, mas que não decidirá sobre a causa: terá uma mera
função de aproximação das partes do litígio para que elas próprias resolvam o litígio
sozinhas.
Por detrás da mediação está também uma diferente compreensão de direito: a
ideia que lhe subjaz não é de que as partes têm direitos subjetivos próprios, cujos
pressupostos vão ser verificados numa ação judicial, no âmbito da qual se declarará o
direito, MAS SIM que a solução do litígio não deve passar pelo esclarecimento relativo
às posições jurídicas de cada uma, mas pelo consenso. Ou seja, na mediação o litígio é
resolvido de forma negocial.
58
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Quais são as razões que estão por detrás da introdução desta figura?
Exercício interpretativo: interessam as razões que são dadas para legitimar a
introdução da figura, bem como as que não são dadas, mas servem para explicar a
figura.
1. Por esta via procura-se aumentar o conjunto de possibilidades de resolução de
litígios disponível para os membros da comunidade jurídica. Isto é, procura-se
por esta via reforçar as formas de proteção jurídica, não através de ações
judiciais, mas através de soluções consensuais, obtidas através do auxílio de
terceiro.
2. Procurar-se por esta via descongestionar os tribunais. Num processo judicial
intervém muita gente (advogados, juízes, escrivães, etc.). Na mediação só se
exige partes e mediador, pelo que se tratará de modalidade de resolução de
litígios menos onerosa e, portanto, de um expediente, entre muitos outros, que
o legislador se pode servir para tentar descongestionar os tribunais.
3. Por detrás da mediação está uma diferente compreensão do Direito, segundo a
qual as posições jurídicas estão ao serviço de interesses de outra natureza. Por
exemplo de interesses de natureza económica. Se assim é, então não há
nenhuma razão para continuar a fazer prevalecer um meio de resolução de
litígios que assenta no reconhecimento formal de posições jurídicas (porque
elas não têm valor por si próprias) havendo, sim, que introduzir meio de
resolução de litígios em que elas estão livremente subordinadas a outros
interesses (em que elas são mero e simples objeto de negociação).
a. Razão não oficialmente avançada
b. Ou seja: conhecer as posições de que se é titular e vê-las declaradas não
tem valor por si próprias; elas são meramente instrumentais face a
qualquer outro interesse.
c. O mediador não tem de ser licenciado em direito, as partes não têm de
ser assistidas por advogado – o momento formal do Direito não
desempenha qualquer função
i. Trata-se de um mecanismo quase à margem do Direito
4. Por detrás da divulgação deste mecanismo pela UE, está a preocupação por
parte do DUE de desenvolver o seu mecanismo próprio, específico, de
resolução de litígios, cuja legitimidade não radique no direito dos E-M. A
estrutura de proteção jurídica dos E-M assenta em sistemas processuais
jurisdicionais; a UE tem promovido à margem destes sistemas um 2º modo de
resolução de conflitos (o seu modo próprio). Devemos equacionar pelo menos
a possibilidade de estarmos aqui na presença de como que uma luta pelo
processo civil (qual o PC que devemos ter), sendo que UE promove um modo
de resolução de litígios que não passa pelo processo mas sim outros
mecanismos.
a. Razão não oficialmente avançada
59
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
• Desde que a mediação não sirva como uma forma de diminuir as garantias
conferidas pelo sistema formal de justiça (sistema de justiça pública), ou seja,
desde que opere como complemento, enriquecimento de possibilidades dadas
aos membros da comunidade jurídica, nesse caso é um mecanismo que
devemos aceitar e considerar favorável.
• Se, pelo contrário, operar como justiça de 2ª categoria para quem não tem
acesso a advogado nem tem capacidade económica real para poder suportar o
custo de uma ação judicial (em vez de ser complemento, é sucedâneo para
quem não tem acesso ao processo público), nesse caso a mediação é de
afastar.
Por detrás da mediação, para esta ter legitimidade, deverá haver consentimento
esclarecido, informado, das partes e deverá haver um mediador qualificado.
REGIME DA MEDIAÇÃO
Legislação aplicável:
60
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
61
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
MEDIADOR
62
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
jurídica. Até por aqui se vê que a mediação é o modo que mais desafia a
nossa forma de aplicar o Direito, porque verdadeiramente não o aplica.
• Se o mediador gozar de certas aptidões específicas e se for inscrito na lista de
mediadores de conflitos organizada pelo MJ, se intervier no procedimento de
mediação o acordo que vier a ser obtido tem características especiais e é
exequível (artigo 9º/1)
o A lei não enquadra situação de mediador não ter formação nenhuma
ESTATUTO DO MEDIADOR
Não está definido com grande clareza, mas há um conjunto de regras que fixam
marcos que balizam a respetiva atividade
63
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
PROCEDIMENTO
Artigos 16º e seguintes
1. O procedimento de mediação inicia-se com a realização de uma sessão de pré-
mediação (artigo 16º/1)
a. Finalidade desta sessão: informar as partes do funcionamento e das
regras da mediação (artigo 16º/1/2ª parte)
b. Em função desta informação, as partes podem pretender continuar com
a mediação ou não
i. O resultado da sessão de pré-mediação é eventual acordo das
partes em verem o seu conflito mediado por terceiro OU recusa
da mediação (e por força do princípio da voluntariedade, não há
mediação)
2. Se pretenderem que mediação ocorra, assinam protocolo de mediação (artigo
16º/2)
a. Protocolo: termo pouco técnico
b. Natureza do protocolo: acordo negocial que dá origem ao procedimento
de mediação
c. Neste protocolo constam todos os elementos relevantes para
mediação (artigo 16º/3): identificação das partes, data da mediação,
etc.
d. Este protocolo configura verdadeiro PROGRAMA da mediação: os
termos fundamentais da mediação estão lá todos (relativos ao litígio,
procedimento, mediador)
i. Verdadeiro ato iniciático da mediação
ii. Celebrado este, inicia-se mediação propriamente dita
Não é um meio judicativo de resolução de litígios, pelo que não há regras
procedimentais
64
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
65
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Esta figura foi introduzida no direito PT em 2001, a título experimental. Isto é uma
das características que o Direito tem vindo a assumir: figuras experimentais. Neste
momento, já estão estabilizados e já não se faz menção a este caráter. Contudo, há
que referenciar que muito embora seja uma figura recente: a designação juiz de paz é
muito antiga. É uma designação que já existia nas Ordenações, e existiu até ao século
XX, sempre com diferentes funções. Portanto, tentou introduzir-se figura nova com o
nome de figura antiga. Portanto, julgados de paz não tem 400 anos.
Havia juízes de paz nas Ordenações, mas não eram estes. Recuperou-se
significante antigo para ter significado diferente.
CARACTERÍSTICAS
O mote de merchandising da lei é “justiça de proximidade”
Do POV material, as características são as seguintes:
1. Procedimento com maior simplicidade e com menores exigências
procedimentais.
a. Daqui decorre celeridade (e possivelmente decisão mais imprevisível)
2. (vantagem extraordinária) os custos são extraordinariamente baixos
a. Nos termos da portaria 1456/2001, de 28 setembro: custo total do
processo é 70€.
b. Funciona bem para resolver pequenos litígios
c. Há uma fase do processo, onde pode haver mediação, e que se for bem
sucedida só custa 50€.
3. Ainda que se trate de um meio de resolução alternativa de litígios, com
simplicidade processual, ainda goza de certas garantias processuais (meio
procedimentalmente mais simples, mas ainda assim procedimental)
66
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
a. Isto vê-se com o facto de o juiz de paz ter estatuto próprio: muito
embora não seja magistrado, goza das garantias dos próprios
trabalhadores que exercem funções públicas, gozando de posição de
independência face às partes (o que é muito importante)
67
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
NATUREZA JURÍDICA
São ou não são verdadeiros tribunais? A resposta depende daquilo que se entenda
que é um tribunal. O que é um tribunal? Pergunta que não é muitas vezes suscitada.
A favor da qualificação como tribunal, depõe os seguintes argumentos:
Argumento a favor da sua não qualificação como tribunal, mas sim instância de
outra natureza:
• Há entidades que não são tribunais que têm por finalidade aplicar o Direito a
certos factos, com efeitos vinculativos das partes
o Ou seja, não é privativo dos tribunais a aplicação com força vinculante
do Direito a certos factos
o E aplicação essa por sujeitos independentes, imparciais
▪ Exemplo: entidades reguladoras independentes (fazem isto)
o Portanto, para ser tribunal é preciso algo mais do que poder decidir com
força vinculante. E o que é esse algo mais? É o estatuto orgânico,
específico do julgador
▪ Há tribunal onde há juiz, e há juiz quando há alguém que goze de
estatuto de juiz (é elemento diferenciador do tribunal). Então,
julgados de paz não são verdadeiro tribunal: são seguramente
instância de resolução de litígios, mas não tribunal, porque juiz
de paz não é magistrado, mas apenas funcionário público
▪ Portanto, a designação como meio alternativo de resolução de
litígios parece adequada: meio quase por via de tribunal (a meio
caminho entre instância administrativa e judicial em sentido
estrito)
68
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
REGIME APLICÁVEL
Lei dos julgados de paz
COMPETÊNCIA
Para determinar a respetiva competência a lei serve-se de vários fatores (que se
têm de verificar em simultâneo – fatores cumulativos):
• Valor: os julgados de paz têm competência para ações cujo valor não exceda 15
000€ (artigo 8º da lei)
o Alteração de 2013
▪ Até lá era de 5 000€
▪ Daqui decorre-se que se está a aumentar a competência dos
julgados de paz
• Aumento da confiança a nível político ao nível das
virtualidades deste mecanismo
o Cálculo efetuado de acordo com as regras dos artigos 296º e seguintes
CPP, por força do artigo 63º da lei
69
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
70
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
REGIME DA INCOMPETÊNCIA
São de verificação cumulativa: basta falhar um dos fatores para que julgado de paz
não seja competente para a causa.
Artigo 7º: regra – sempre de conhecimento oficioso, e consequência de remessa
para tribunal competente.
71
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
de litígios, não o faça. Se alguém que pode não o fizer tem de arcar com as custas,
mesmo que ganhe a ação.
através de desincentivos económicos procura-se que ação de entrada
nos julgados de paz.
Contudo, para esta regra se aplicar é preciso que haja portaria a definir quais as
entidades de resolução alternativa de litígios para efeitos do artigo. Esta ainda não
existe. Portanto, o legislador elaborou Portaria 284/2013, de 30 de agosto que vem
dizer que enquanto não for elaborada a portaria necessária, as custas são suportadas
pela parte vencida e não pelo que recorre ao sistema de justiça público.
72
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
PROCEDIMENTO
O procedimento tem 4 fases (duas que numa ação comum serão fases normais, e
duas fases eventuais):
1. Apresentação das peças processuais
2. Pré-mediação (fase eventual)
3. Mediação (fase eventual)
4. Julgamento
73
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
o Pode ser apresentado sob forma escrita OU oral (artigo 43º/2). Caso
seja apresentado com forma oral, o secretário deve reduzi-lo a escrito
(artigo 43º/3).
▪ Estrutura de grande simplicidade
o Modalidade de citação:
▪ A citação pode seguir qualquer uma das modalidades previstas
no CPP (artigo 46º).
• Remissão para 2º semestre
74
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
2. PRÉ-MEDIAÇÃO
• A data para pré-mediação é logo indicada quando se faz requerimento inicial
(artigo 43º/7), sendo comunicada na notificação ao demandado (artigo 45º/2)
• Qual a finalidade da sessão de pré-mediação? Informar as partes das
vantagens, desvantagens e características da mediação (artigo 50º/1)
o Só numa circunstância é que não tem lugar esta sessão: quando
qualquer uma das partes tenha logo excluído essa possibilidade (artigo
49º/1/2ª parte)
75
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
3. MEDIAÇÃO
4. JULGAMENTO
76
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
77
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
78
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
79
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
finalidades, então não são (corre-se risco de serem meio de realização do direito de 2ª
categoria para quem não consegue aceder ao processo civil).
Última referência: uma das razões para divulgação destes meios tem a ver
simplesmente com o alargamento das possibilidades de atuação económica de
advogado, e isso não é bom. A resolução de litígios não é, tal como se pensa no
processo civil, matéria que seja mercantilizável, porque litígios são apenas resolvidos
por juiz, e este não pode desempenhar atividades de promoção de resolução judicial
de litígios. Com estes meios alternativos, estas atividades que estavam fora do
mercado, passam a ser colocadas dentro do mercado (de resolução de litígios), que
funciona obtendo designação como árbitro ou mediador.
80
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
5. PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
São medidas que têm por finalidade oferecer uma forma de tutela temporária
enquanto não é possível obter uma decisão final da causa. Nessa medida, as
providências cautelares estão dependentes na sua força de uma ação principal porque
não servem para resolver definitivamente a causa (para isso precisamos de propor ação
judicial autónoma).
Esta dependência manifesta-se em diferentes aspetos do regime:
1. As providências cautelares ou são propostas antes da propositura da ação
principal, e nesse caso uma vez decretada a providência cautelar é preciso que
se siga a ação principal, sob pena de caducidade da providência.
2. Ou então são tramitadas como incidente de uma ação principal (ação principal
é logo proposta, e lateralmente é pedido o decretamento de providência
cautelar).
Características fundamentais:
• São medidas cautelares, com finalidade preventiva, que visam acautelar um
direito ou posição jurídica, antes da sua violação OU tendo em vista o não
agravamento da violação.
• São medidas provisórias: valem enquanto não houver uma decisão final, e
mesmo que não haja decisão final na ação principal (sentença) é necessário
que pelo menos a ação principal, depois de decretada a providência cautelar,
venha a decorrer.
Estas características não são sinónimas: há formas cautelares de posição jurídica
que são definitivas (exemplo: ação inibitória). As providências cautelares são as
providências provisórias com finalidade cautelar, de acordo com o seu sentido (isto
porque há medidas definitivas com finalidade cautelar).
81
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Mas se as providências são marcadas por esta relação de dependência, no que toca
aos seus pressupostos de atribuição e decretamento estão em relação de autonomia
face à causa principal. Assim, o julgamento que seja feita no procedimento cautelar é
independente do julgamento que venha a ser feito na causa principal (artigo 364º/4
CPC). A decisão em matéria de providência cautelar não tem efeito na decisão da ação
principal.
O julgador, se já houve providência cautelar, já tem impressão quanto aos
factos. Mas formalmente não pode aproveitar providência para ação principal porque
tramitação é autónoma.
Assim, pode acontecer que providência cautelar seja decretada e ação principal
improceda, e vice-versa (e não há contradição porque são julgamentos autónomos).
Excecionalmente, há certos regimes previstos no direito português que permitem
aproveitar o procedimento cautelar para a partir dos elementos aí reunidos obter
decisão final da causa. Dois regimes permitem isto:
82
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
REGIME
Distinção básica em matéria de providências cautelares por referência ao seu
conteúdo é distinção entre:
1. Providências cautelares antecipatórias: aquelas que antecipam o resultado
pretendido com decisão final; as que antecipam a totalidade ou parte do efeito
útil pretendido com decisão final
a. Exemplo: restituição provisória da posse (377º CPC), alimentos
provisórios (384º CPC), arbitramento de reparação provisória (388º
CPC)
b. Nestes casos a providência cautelar pode corresponder, nalgumas
hipóteses, integralmente ao conteúdo da ação principal
i. Exemplo: providência antecipatória do efeito pretendido com
servidão legal de passagem
2. Providências cautelares conservatórias: visam conservar um certo estado de
coisas anterior ou contemporâneo da propositura de ação.
a. Exemplo: suspensão de deliberação social (361º/3 CPC), arresto (391º/2
CPC), embargo de obra nova (397º/1 CPC)
isto por referência à causa principal. Distinção tendencial: uma providência
cautelar pode ser uma coisa e outra ao mesmo tempo – providência de
suspensão de deliberação social é conservatória porque visa obstar a que sejam
executadas as deliberações, MAS pode ser antecipatória também (se na ação
principal se quiser suspender a deliberação social, então o efeito conserva
estado de coisas e antecipa decisão da ação principal)
83
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Como é que juiz deve avaliar da providência cautelar mais adequada? Do POV
metódico, 1º há que ver se há providência especificada. Na sua falta, aplica-se regime
comum
PRESSUPOSTOS COMUNS
368º/1
1. Deve haver probabilidade séria de existência do direito (do direito cuja
proteção é pretendida pelo requerente) – requisito designado pela expressão
latina fumus boni iuris (‘fumo/aparência de bom direito’): não é preciso haver
certeza absoluta quanto à sua existência
a. No que toca ao direito material, basta aparência de bom direito
2. Deve haver receio suficientemente provado da lesão do direito – expressão
latina periculum in mora (‘perigo de haver danos ou agravamento de danos
decorrente da demora da ação principal’)
a. Aqui, juiz tem de averiguar se risco existe naquele concreto momento
3. Nas providências cautelares não especificadas, acrescenta-se requisito
adicional: requisito da proporcionalidade OU não desproporcionalidade
(368º/2 CPC)
a. A providência cautelar deve ser recusada quando o prejuízo que dela
resulte para o requerido seja consideravelmente superior ao dano
sofrido pelo requerente.
b. NOTA: se for ação principal, não há este requisito – este requisito é para
providência cautelar.
A respeito do 3º requisito é preciso fazer consideração adicional:
• Está previsto para providências cautelares não especificadas, daí que
poderíamos pensar que ele se aplica subsidiariamente às especificadas. Mas
não é assim: 376º/1 CPC é uma limitação do 368º/2 CPC (proporcionalidade
não se aplica às providências cautelares especificadas).
o Não se faz controlo da proporcionalidade porque se entende que ao
nível normativo essa ponderação já foi feita, que para aquele caso
específico pode ser decretada providência, pelo que juiz não vai recusa-
la, senão estaria a violar a lei
o Sem prejuízo, o princípio da proporcionalidade é uma regra geral do
processo civil. Se numa providência cautelar, mesmo que especificada,
84
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
PORTANTO:
86
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Em certos casos particulares, é a lei que determina que o requerido não é citado
previamente ao decretamento da providência cautelar:
1. Se for pedida providência cautelar de restituição provisória da prova (377º CPC
e 1279º CC), a restituição é ordenada sem necessidade de audiência prévia do
esbulhador (o que usa da força para obter posse).
87
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
a. Regra que visa proteger a paz pública: se alguém usa da força, tribunal
quer restituir rapidamente o que foi pela força perturbado
2. Caso do arresto: verificados os pressupostos do arresto não se exige audiência
do requerido (arrestado). Pretende-se com isto obter o efeito surpresa da
providência cautelar para que requerido não consiga ocultar ou sonegar os seus
bens (393º/1 CPC)
3. Casos em que se deva empregar a citação edital (366º/4 e 240º e seguintes
CPC) é dispensada a audiência prévia
a. A citação edital pode ter o conteúdo do próprio nome: é um meio de
citação do requerido que por um lado demora muito tempo e que tem
taxa de eficácia baixíssima (porque ninguém consulta citação edital).
b. Porque a citação edital demora muito tempo ou pelo seu baixo grau de
eficácia, quando seja de empregar esta há dispensa de audiência prévia
do requerido
i. Tribunal não deve empregar este método se puder usar outro
Dispensada a audição prévia o decretamento da providência cautelar é feito sem que se
oiça requerido. Como é que requerido pode reagir? De duas formas (372º CPC)
1. Recorrer para tribunal superior por entender não estarem verificados os
pressupostos de decretamento da providência
a. 694º/1/a CPC: recurso de apelação (da decisão de recrutamento)
2. Apresentar oposição à própria providência cautelar junto do tribunal e 1ª
instância quer para hipóteses em que recurso não é admitida quer para alegar
factos ou apresentar meios de prova que não tenham sido primitivamente
apresentados. Nesse caso, o juiz vem a decidir da manutenção, redução ou
revogação da providência concedida.
a. Assim, pode haver duas providências cautelares: a decretada antes da
audição do requerido ele opõe-se ação instrutória depois juiz
decida se mantem, reduz ou revoga providência cautelar
primitivamente decretada
Além desta regra, a possibilidade de contraditório, há outras regras que visam
tutelar o requerido:
• Causas especificas de caducidade
o Ónus de um impulso processual da ação principal pelo requerente
▪ Não se pode acomodar à sombra da providência cautelar, tendo
de promover ação principal
• Se providência cautelar vier a ser considerada injustificada ou caducar por facto
imputável ao requerente (que pode ser uma destas causas de caducidade), o
requerente responde perante requerido pelos danos que tenha causado caso
não tenha agido com a prudência normal
o Há, portanto, eventual responsabilidade civil do requerente para com
requerido em caso de injustificação de natureza causal
88
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
• O juiz pode estabelecer que deva ser prestada caução pelo requerente para
que seja decretada providência cautelar (artigo 374º/2 CPC) e pode
requere-lo mesmo que não haja audição prévia do requerido
o A caução está regulada nos artigos 620º e seguintes CC, e esta é uma
garantia que é prestada. Qual o conteúdo específico desta garantia?
Depende – grande liberdade de fixação do conteúdo da caução (pode
ser hipoteca, penhor, etc.)
o Sendo requerida a caução, garante-se elevado grau de probabilidade
que a providência cautelar é séria
o Note-se, todavia, que a regra é a da desnecessidade de caução: o juiz só
deve requerer caução prestada pelo requerente quando suspeite de
uma das circunstâncias que pode dar lugar à respetiva responsabilidade
• Pode o próprio requerido, a seu pedido, pedir nos termos do artigo 368º/3 a
substituição da providência cautelar por caução adequada e aí o requerente já
fica garantido
o Note-se que há aqui ideia de proporcionalidade: se se garante que com
caução fica acautelado direito do requerente, e requerido tem
preferência por caução em vez de providência cautelar decretada,
então é essa medida menos lesiva do requerido que deve ser adotada
• Se uma providência cautelar tenha sido julgada injustificada ou tenha caducado
não pode ser repetida na dependência da mesma causa (362º/4 CPC)
Nota: a possibilidade de o juiz exigir prestação de caução pelo requerente só vale
para as providências cautelar comuns e para as providências cautelares especificadas de
arresto e embargo de obra nova (376º/2 CPC).
89
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Este regime permite que a providência cautelar valha, também, como composição
final da causa. A providência cautelar não é a decisão final da causa: pode sê-la também,
mas num momento diferente (1º é providência cautelar e depois se não for proposta
ação ela será decisão final da causa – os efeitos não se produzem ao mesmo tempo).
Possibilidade introduzida no CPC de 2013, mas já estava incluída no Regime
Processual Civil Experimental (de 2006 a 2013), em vigor em algumas comarcas.
Finalidade deste regime: obter alguns ganhos de economia processual. Em todo o caso,
é um regime interessante pelo seguinte: há ganhos de economia processual sem negar
possibilidade de propor ação principal. Ou seja, não se força a que decisão proferida no
termo do procedimento cautelar tenha de valer como decisão final.
REQUISITOS
Artigo 369º CPC
• Nº 1: o juiz no curso do procedimento cautelar deve ter formado convicção
segura da existência do direito cautelar
o Para providência cautelar bastava aparência de bom direito
o Para haver inversão de contencioso, juiz tem de ter convicção de que
direito existe.
90
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
91
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
92
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
3. Alimentos provisórios: esta providência visa, nos termos do artigo 384º CPC,
conceder alimentos periódicos enquanto não se profere a decisão definitiva da
causa e não houver pagamento da 1ª prestação definitiva
a. Regime sem grandes particularidades
93
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
94
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
95
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
96
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Estes processos têm parte comum e especial (só iremos estudar a primeira).
REGIME COMUM
Artigos 986º a 988º CPC
4 as principais características deste tipo de processo, aí previstas:
1. Artigo 986º/2 CPC: note-se a diferença face ao PC comum. No OPC comum o
tribunal está adstrito aos factos alegados pelas partes (aos termos da
controvérsia apresentado pelas partes – princípio da controvérsia), e aqui não
porque se quer que decisor tome decisão de acordo com critérios de
oportunidade, pelo que tem de poder reunir todos os elementos que
interessam para tomar decisão mais conveniente- isto é mais visível quando
decisão vai recair sobre alguém que não partes (filho, por exemplo) – princípio
do inquisitório no seu sentido mais puro.
a. Há liberdade de investigação, de instrução, sem as restrições que se
colocam na jurisdição contenciosa
b. Da mesma forma, pode o juiz (em sinal contrário), não admitir as provas
que não considere necessárias (só tendo e admitir as que considera
necessárias)
c. Na jurisdição contenciosa está em jogo um conflito entre duas partes:
juiz só é chamado a conhecer do conflito nos termos precisos em que
partes o apresentam, daí as restrições do processo civil. Se juiz se
pronunciar sobre factos que partes não alegaram há nulidade da
sentença.
i. Aqui, quer-se a melhor solução possível para conteúdo de
posição jurídica e não resolver conflito entre partes, daí que ele
(juiz) tenha de estar dotado de todos os meios necessários
97
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
b. Juiz tem legitimação sobretudo técnica, pelo que estes processos são
particularmente delicados (no sentido de que juiz não está legitimado
para isto)
3. Uma vez que as resoluções são, via de regra, conferidas por critérios de
conveniência e oportunidade não é admitido recurso para STJ (artigo 988º/2
CPC)
a. Razão: na repartição de competências entre diferentes tribunais parte-
se da matriz de que o tribunal da relação conhece do facto e do direito,
mas o STJ é tribunal que apenas conhece de direito. Ora, uma resolução
com base em critérios de conveniência, oportunidade, razoabilidade é
uma resolução que se atém à exata valoração daqueles factos, por isso
só tribunal que conheça de factos é que pode conhecer da decisão em
recurso.
b. Mas se a questão jurídica suscitada não for atinente à valoração
específica daqueles casos, mas sim ao direito estrito, então aí é
admitido recurso para STJ nos termos gerais.
4. As resoluções que são neles tomadas podem ser modificadas logo que
circunstâncias supervenientes justifiquem alteração (artigo 988º/1 CPC)
a. A superveniência pode ser quer objetiva (circunstâncias que só
ocorreram depois) quer subjetiva (circunstâncias que podendo ter
ocorrido antes, só foram conhecidas depois)
b. Exclui-se deste regime da modificabilidade as hipóteses em que a
resolução adotada já tenha produzido a totalidade dos seus efeitos
i. Imaginemos que nos termos do artigo 1000º é autorizada
prática de certo ato, ato é praticado, pelo que não se pode
modificar resolução decretada
ii. Salienta-se o termo usado pela lei: não se fala em sentença, mas
sim resoluções, porque não se coloca termo a causa
98
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
99
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
NOTA: lei aplicada aos atos processuais: segue-se a regra do artigo 136º/1/2 CPC.
Um regime especial tem a alçada (relembre-se que alçada é o valor até ao qual
não se admite recurso ordinário das decisões do tribunal – artigo 629º/1). No que toca
às alçadas, diferentemente do que acontece para as demais regras do recurso,
entende-se que vale a lei vigente ao tempo da propositura da ação. Portanto, se na
pendência da ação vier a ser modificado o valor da alçada, restringindo a possibilidade
de recurso ordinário, essa restrição não afeta possibilidade de recurso das ações
pendentes. Isto consta do artigo 44º/3 LOSJ (momento da propositura da ação).
100
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Nota: o professor entende que este regime não parece coerente, mas que não
causa perturbações de maior - no caso da alçada, entende-se que expectativa das
partes quanto ao recurso é tutelada, sendo que no recurso isto já não acontece (sendo
isto o que não lhe não parece razoável).
101
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Fora do CPC há uma ação muito importante: ação para cumprimento de ações
pecuniárias (que não vamos desenvolver). É importante porque se aplica a ações
pecuniárias de valor superior a 15 000 euros. Está regulada no DL 269/88 de 1
setembro.
102
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
103
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
104
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Nota: desde que haja caso julgado formal, o juiz perde oportunidade de se
pronunciar (mas só aquele juiz, pois se houver recurso o tribunal de recurso vai poder
pronunciar-se). Só se produz caso julgado quando se produz decisão. Caso o juiz não se
pronuncie especificamente sobre a admissibilidade (mas conhece do mérito) isso é
irrelevante – sentença não padece de qualquer vício (é válida mesmo que houvesse
falta de pressupostos processuais). O juiz começa por conhecer dos pressupostos
processuais, mas se não os conhecer a sentença é válida na mesma. MAS, assim sendo,
como pode reagir o réu? Pode verificar se há caso de recurso extraordinário de
sentença (para casos especialmente graves). Só há caso julgado daquilo que se
pronuncia o juiz; se não há decisão, não há caso julgado.
CLASSIFICAÇÕES
Objeto do pressuposto processual: há certos pressupostos processuais que
respeitam às partes (por exemplo, a personalidade judiciária, a capacidade judiciária, o
patrocínio judiciário, etc). Há pressupostos processuais que respeitam ao tribunal (por
exemplo, a competência). E há pressupostos processuais que respeitam ao objeto do
processo (por exemplo, não haver litispendência, não haver caso julgado). Há ainda
pressupostos processuais que respeitam à relação entre partes e objeto do processo
(por exemplo, a legitimidade).
• São sanáveis quando a sua falta possa ser colmatada, corrigida. São insanáveis
no caso inverso.
• A regra é que, tratando-se de pressuposto processual sanável, o juiz deve
convidar à respetiva sanação – deve, portanto, na medida possível, aproveitar
aquela concreta ação (não se aplicar logo o regime da falta de pressuposto
processual e convidar á sanação). Outra opção que tem ao seu dispor é a de o
próprio juiz ordenar a prática de todos atos necessários à regularização da
instância (artigo 6º/2 CPC).
105
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
106
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Outro efeito é o de poder ter lugar a absolvição da instância. Via de regra, a falta
de um pressuposto processual tem por consequência a absolvição instância (artigo
2768º/1 CPC + 576º/2/2ª parte CPC).
Como sabemos isto? Porque no artigo 268º/1/e diz que à falta de regime especial
há absolvição da instância.
Outra solução possível é a remessa do processo para outro tribunal (artigos 105º/3
e 576º/2/parte final CPC).
107
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Numa ação declarativa, a parte ativa designa-se autor e a parte passiva designa-se
réu.
Adotando-se esta noção formal de parte, só conseguimos determinar as partes da
ação em função de dois mecanismos:
a. Ou da interpretação da Petição Inicial, da qual constam as partes originárias (e
isto é a regra);
b. Ou em resultado dos chamados incidentes de intervenção de terceiros OU de
habilitação (que têm lugar já depois da petição inicial, normalmente têm lugar
depois da citação do réu).
108
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Inicial. Depois deste momento, pode haver novas partes. E pode haver novas partes
mediante: (i) a intervenção de novas pessoas (caso em que se recorre aos incidentes
de intervenção de terceiros – artigos 311º e seguintes), ao lado das primitivas; (ii) ou
pode haver substituição de pessoas (caso em que se recorre ao incidente e habilitação
previsto nos artigos 351º e seguintes), em substituição das primitivas.
No que toca à posição na instância, distinguimos entre dois tipos de partes: partes
principais e partes acessórias. As partes principais são aquelas que arcam diretamente
na sua esfera jurídica com os efeitos da sentença. São partes acessórias aquelas que
assistem a parte principal, estando a sua atividade subordinada à da parte principal (e
em caso de conflito prevalece a opção da parte principal) artigo 328º/1.
Regime especifico das partes acessórias: à parte acessória é oponível o caso
julgado, mais precisamente a autoridade do caso julgado formado na primitiva ação.
a. Exemplo: A propõe ação contra B por RC porque B alienara a A bem defeituoso.
B, adquiriu aquele bem de terceiro. Terceiro não é parte principal (porque no
pedido de ação principal é parte A e B).
109
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
110
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
111
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
o Caso ação seja proposta contra alguma destas entidades e ela não
tenha personalidade judiciária a irregularidade pode ser sanada
mediante decisão de administração principal e ratificação ou repetição
do processado (artigo 14º CPC)
• Código das Sociedades Comerciais: possibilidade de um órgão de uma
sociedade ter personalidade judiciária para certos efeitos
o Caso de órgão de fiscalização da sociedade ao qual se deve atribuir
personalidade judiciária para pedir a declaração de nulidade ou
anulação de decisões sociais (57º/2 Código das Sociedades Comerciais)
▪ Para órgão poder satisfazer a sua finalidade e missão é que se
lhe atribui esta personalidade
112
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Regime aplicável
Pela morte de uma das partes, dado que se perdeu pressuposto fundamental, a
instância suspende-se (269º/a CPC). Qualquer uma das partes tem dever de dar a
conhecer do processo a morte de qualquer outra das partes, mesmo que seja a parte
contrária (se autor sabe que réu morreu, tem de o dar a conhecer no processo –
270º/2 CPC, tem de juntar documento comprovativo do facto). Caso este dever não
seja cumprido pode haver responsabilidade civil por parte de quem não dá a conhecer
este facto. Este dever estende-se a cada um dos sucessores a quem se pode exigir as
informações necessárias para que a parte cuja personalidade se extinguiu seja
substituída.
113
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
tenha sido suspensa porque não havia conhecimento que uma das partes tinha
morrido, são nulos todos os atos praticados depois da data de falecimento, sem
prejuízo de esses atos poderem ser ratificados por sucessores (artigo 270º/4 CPC –
caso em que não se produz efeito da nulidade).
Nulidade em processo civil é nulidade que na maioria dos casos é sanável (não é
coincidente com nulidade do Direito Civil).
NOTA: nos casos em que entidade tem personalidade judiciária sem ter
personalidade jurídica torna-se delicado explicar a respetiva natureza. Tavares Sousa
diz: “tratam-se de entidades que têm personalidade jurídica pelo menos para efeitos
processuais”. Entidades com personalidade jurídica ultralimitada, para este propósito.
114
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Pessoa coletiva:
115
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
• Artigo 278º/3 CPC (se puder proferir decisão quanto ao fundo, não há outra
razão para absolvição da instância e decisão é só quanto a uma das partes)
116
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
termos da causa (29º/1 CPC). Das duas uma: se não se juntar a autorização ou
deliberação exigida, o réu é absolvido da instância; se pelo contrário fosse o
representante do réu a dever ter de apresentar autorização ou deliberação para poder
atuar no processo, nesse caso a consequência não é absolvição da instância, mas sim
processo prosseguir como se não houvesse oposição.
Exemplo:
A propõe ação contra B na qual afirma que é credor de C (relação material
controvertida). Quem é que é parte na ação: A e B. O pressuposto da legitimidade
processual é relativo às partes do objeto do processo.
Será B parte legítima? C é que figura como devedor, por isso ação deveria ter sido
proposta contra ele e não B, pelo que B não é parte legítima.
117
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Ora, o critério seguido em processo civil para delimitar a legitimidade das partes
está fixado no artigo 30º/1 CPC. Aí se dispõe que o autor é parte legítima quando tem
interesse direto em demandar, e o réu quando tem interesse direito em contradizer. A
noção de que se serviu legislador foi a de INTERESSE. Problema? É que noção de
interesse é polissémica no discurso jurídico, não sendo prática nem operativa. Daí que
o nº 2 o 3 procurem concretizar o que se entende por interesse.
Importância de dizer ‘titularidade tal como delineada pelo autor’? Autor afirma
que é credor de B. Quem são as partes legitimas da ação? A e B. MAS no curso da ação
descobre-se que devedor é C, e não B. B continua a ser parte legítima? O que define
legitimidade é relação material controvertida tal como delineada pelo autor na petição
inicial ASSIM, B é parte legítima do 1º ao último momento. Portanto, tribunal deve
proferir absolvição do pedido (ao conhecer que afinal é C o devedor, e não B), porque
relevante é quem foi apresentado como parte legítima e não quem realmente é parte
da relação material (essa é a questão de mérito, a que vai ser apreciada).
O pressuposto da legitimidade refere-se apenas a quem deve estar presente na
instância para que possa ser conhecida a questão apresentada ao tribunal.
118
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Critério geral para aferir de legitimidade das partes numa ação civil
Concretizado no artigo 30º CPC
• Nº1: é parte legítima quem tem interesse em demandar e quem tem interesse
em contradizer
o PROBLEMA: indefinição da noção de interesse
▪ Esforço para concretizar o que é interesse para efeitos de
legitimidade (daí os números 2 e 3)
• Nº3: supletivamente, são titulares do interesse os sujeitos da relação jurídica
tal como delineados pelo autor na petição inicial
o Interesse/titularidade
119
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
mas também subjetivos. Ora, se é também nos seus elementos subjetivos a falta de
indicação de um desses elementos é já questão de mérito, tendo de ter por
consequência a absolvição do pedido (reconhecimento de quem quera alegadamente
réu nada devia, tendo caso julgado material a seu favor). Por conseguinte, a
legitimidade vem a ferir-se apenas em razão do modo como relação é delineada
(questão de admissibilidade) e não em razão do modo como é conhecida (questão do
mérito).
E a grande vantagem da 1ª tese (ideia de que através da absolvição instância
aproveitavam-se efeitos da primitiva ação)? Quando lei optou por 2ª hipótese
introduziu um mecanismo processual apto a garantir o efeito útil da primeira ação:
mecanismo da pluralidade subjetiva subsidiária.
Em que casos pode haver pluralidade subjetiva subsidiária? Lei permite-o em duas
circunstâncias:
1. Dúvida do próprio autor quanto ao titular passivo da obrigação
120
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
121
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
NOTA: deve entender-se que assim como cada uma das partes pode litigar sobre a
sua posição jurídica cada uma delas na ação pode litigar sobre qualquer relação
jurídica de que a sua dependa.
Exemplo: autor quer fazer valer um seu direito resultante de contrato de
sublocação. Se para fazer valer esse direito tiver de invocar locação pode faze-lo,
apesar de ele não ser parte do contrato de locação, mas é questão prévia à sua posição
jurídica.
122
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
A pluralidade de partes interseta-se com pluralidade quando lei prevê que ela deva
ser observada, sobretudo nos casos de litisconsórcio necessário.
LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA
Casos em que excecionalmente se admite que litigue sobre posição jurídica alheia.
A regra geral de legitimidade: pode litigar e pode-se litigar contra aquele que seja
titular, ativo ou passivo, da relação material controvertida.
O que é que se agrega nos casos de legitimidade extraordinária? Hipóteses em
que é admitido litigar quem não é titular da relação jurídica ou titular exclusivo desta.
Hipóteses designadas de legitimidade extraordinária, ou indireta ou
substituição processual.
Vem-se procurando traçar um regime tendencialmente unitário de legitimidade
extraordinária, mas o professor considera-o diferente porque casos são muito
heterogéneos, daí que devamos considerar caso a caso e a partir daí agrupar grupos de
casos.
123
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
124
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
125
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
126
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
• Impugnação pauliana:
o Pressupostos (4 gerais e 2 eventuais):
Eventuais
▪ Se o ato impugnado for oneroso exige-se a má-fé quer do
alienante quer do adquirente (612º/1 CC) E se houver nova
transmissão exige-se que haja má-fé do novo adquirente
(613º/1/b CC)
o Se proceder ação de impugnação pauliana (de natureza constitutiva) o
credor tem direito de excetuar os bens cuja transmissão impugnou
ainda que os bens pertençam ao terceiro (616º/1 CC). É por aqui que se
vê que a impugnação pauliana representa um caso de legitimidade
extraordinária
▪ B e C celebram contrato de alienação. Quem tem legitimidade
direta para litigar sobre este contrato? B e C. Impugnação
pauliana permite a terceiro que esta declaração lhe seja ineficaz
quando isso seja necessário à satisfação do seu crédito.
127
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
Sorte desta ação, caso seja proposta por apenas um comproprietário: se proceder,
aproveita a todos (porque ele está a agir em proveito de todos).
Se ação improceder, o outro comproprietário pode agir no dia a seguir
para reivindicar a coisa? A lógica do Direito Civil é que quando há direito subjetivo
apenas ao seu titular pode ser dada a sua possibilidade de o exercer ou não (não pode
ser forçado por terceiro a fazer o que quer que seja). Se isto fosse verdadeira
substituição não poderia, mas isto não é verdadeira substituição. MAIS: cada um é
titular completo do direito de compropriedade. Ora, limite de caso julgado: partes
Ou estamos numa situação excecional onde se alargam os princípios do caso julgado,
que não podemos presumir, ou então caso julgado só vale para comproprietário que
colocou ação.
Mas isto parece pôr réu em situação frágil. O réu, no caso em que seja
exercido direito que alegadamente pertença a uma pluralidade de pessoas, pode ao
abrigo do artigo 316º/3/b CPP provocar a intervenção de possíveis contitulares
(incidente de intervenção pessoal provocada).
128
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
129
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
embora não haja nenhuma relação entre ele e o segurado. A ação é DIRETA por causa
disso.
Previsto para essencialmente duas hipóteses:
1. Seguro obrigatório (146º/1 do regime do contrato seguro DL 72/2008, 16/04):
nos termos deste artigo pode o lesado optar por agir contra o segurador.
Porque é que isto é exceção às regras da legitimidade? Porque quem é devedor
é lesante. Segurador limita-se a segurar responsabilidade do lesante.
2. Caso específico do seguro obrigatório em matéria de responsabilidade civil
automóvel: nos termos do artigo 64º/1/a DL 291/2007, 21 de agosto (regime
do sistema de seguro obrigatório em matéria automóvel) dentro do capital
mínimo obrigatoriamente seguro a ação é dirigida em exclusivo contra o
segurador (já nem é dirigida contra lesante); mas se tiver valor superior ao
capital mínimo então é dirigido contra os dois (64º/1/b do DL)
a. Sentido da regra: condutor comum é alguém ignorante em acidentes de
viação e regime jurídico, pelo que ideia é colocar seguro (interessado
em boa defesa para não ter de pagar tanto) de forma a proteger de
modo mais completo o próprio detentor do seguro
b. Nos casos em que ação é movida apenas contra segurada, pode a
seguradora pedir a intervenção do detentor do seguro para a auxiliar na
defesa (64º/2 DL)
A exceção ao regime regra está no facto de ter legitimidade alguém que não é
devedor perante lesado.
130
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
131
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
132
Direito Processual Civil – 1º Semestre Ano Letivo 2017/2018
133