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ESCRITA
Garantir o acesso a todos à leitura e à escrita é direito de cidadania e a escola tem o papel de
desempenhar esse direito contribuindo na construção do conhecimento de crianças e adultos.
Por isso ler, escrever e reescrever textos é essencial. Não somente fazer o aluno aprender, mas
mostrar-lhe o significado social da leitura e da escrita; estimular o aluno em sua capacidade de
ler e escrever, incentivando-o. O presente artigo tem como finalidade conhecer e analisar a
prática docente diante às dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita dos alunos de
escolas municipais de Londrina. Foi realizado uma pesquisa qualitativa buscando compreender
a ação docente diante as dificuldades de leitura e escrita dos seus alunos, através de
entrevistas com oito professores de duas Escolas municipais de Londrina e um paralelo na
literatura, afim de verificar os possíveis meios, métodos e soluções para esse déficit. Os
resultados encontrados durante a pesquisa foram analisados após uma breve introdução
literária ao assunto. Professores experientes, graduados, que afirmam receber apoio
pedagógico não conseguem distinguir a diferença entre dificuldades de aprendizagem e
distúrbios de aprendizagem, o que não os permitem ter uma postura pedagógica correta
diante esses alunos.
INTRODUÇÃO
Segundo Ferreiro e Teberosky - (1985) “ensinar a ler e escrever continua sendo uma das
tarefas mais especificamente escolares” e afirmam também que um grande número de alunos
já fracassam nesse início de alfabetização devido a vários fatores, principalmente aos métodos
utilizados pelos professores e ao não reconhecimento da subjetividade do educando.
Tendo em vista o sistema educacional brasileiro, percebemos o grande déficit na alfabetização,
que ocorre principalmente no primeiro ciclo do ensino fundamental. É esperado que um aluno
ao terminar o ensino fundamental tenha a capacidade de ler, compreender textos e produzi-
los de forma coerente e preocupando-se com a ortografia do mesmo.
Porém a realidade em nossas escolas é diferente dos parâmetros propostos e exigidos. Alunos
com dificuldades de aprendizagem, semi-analfabetos, analfabetos funcionais e analfabetos,
acabam passando pelo ciclo e acumulando em sua carreira escolar, com esse déficit na
alfabetização acaba por comprometer o seu desenvolvimento em outras disciplinas.
Um outro fator necessário a ser revisto são as atuais práticas dos docentes para o Ensino da
Língua Portuguesa nas séries iniciais, que as divide em dois estágios, o da alfabetização e o
estudo da língua propriamente dita.
Segundo os PCN’s (1997), este aprendizado pode ocorrer de forma simultânea, o que
desenvolverá uma melhor compreensão e domínio da língua para o educando. Quando um
aluno adquire a escrita alfabética não garante a possibilidade de compreender e produzir
textos em linguagem escrita o que exige um trabalho pedagógico sistemático por parte do
professor para que o aprendizado ocorra de forma efetiva.
O que temos notado é essa falta de preparo pedagógico do professor diante a alfabetização da
criança. Novos estudos e pesquisas vêm trazer novas propostas didáticas, para tentar reverter
esse quadro, que pode produzir bons resultados se bem utilizados. O que ocorre é a falta de
informação, a má interpretação e utilização dos mesmos, não surgindo um efeito desejado e,
ao contrário, acabam por substituir um discurso por outro.
mediação da linguagem que a criança aprende os sentidos atribuídos pela cultura às coisas, ao
mundo e às pessoas; é usando a linguagem que constrói sentidos sobre a vida, sobre si mesma,
sobre a própria linguagem. Essas são as principais razões para, da perspectiva didática, tomar
como ponto de partida os usos que o aluno já faz da língua ao chegar à escola, para ensinar-lhe
aqueles que ainda não conhece. Daí a importância de uma prática educativa
fundamentalmente apoiada na interação grupal [...] (PCN, 1997).
Porém muitos professores não enxergam o grande valor que os trabalhos em grupos
acarretam. Embora tendo um grande valor social e pedagógico, aos seus olhares não trás
benéficos no ponto de vista pedagógicos dos conteúdos. É de se perceber também que muitos
professores não imaginam a responsabilidade que possuem e o tamanho do seu poder
pedagógico. Segundo os PCNs (1997)
contribuindo para que esse processo seja a base de um convívio solidário e democrático na
escola.
Diante desta perspectiva, vamos analisar como se desenvolve a ação docente diante à criança
com dificuldades de aprendizagem da leitura e escrita nas escolas de ensino fundamental.
“Para aprender a ler e a escrever é preciso pensar sobre a leitura e a escrita, pensar sobre o
que a escrita representa e como ela representa graficamente a linguagem” (PCN, 1997).
Comenio, considerado o Pai da Pedagogia Moderna lança no século XVII fundamentos que
encontramos ainda hoje. Com a proposta de “ensinar tudo a todos” ele propõe uma nova
concepção de mestre, capaz de promover a instrução sobre “tudo” através do método, ou
seja, o conhecimento necessário ao cidadão comum.
Nesta perspectiva, Comenio propõe a cartilha de ensinar a ler, elaborada coma preocupação
didática de ilustrar as palavras, o que ainda hoje encontramos em nossos livros das séries
iniciais.
Esse método funcionou por muito tempo, atendendo as necessidades sociais da modernidade.
Porém, com o desenvolvimento tecnológico e a globalização mundial, as necessidades atuais
da sociedade capitalista também mudaram. Essa simultaneidade entre produção e recepção
de informação exige do indivíduo uma nova forma de leitura e escrita. Precisa-se deixar de
simplesmente alfabetizar (codificar e decodificar) para também desenvolver um letramento.
1.Ensinar a ler;
Letramento vem da palavra inglesa Literacy que segundo Emília Ferreiro em entrevista
concedida a Revista Nova Escola em 2003 significa alfabetização e muito mais. No Brasil essa
palavra começa a aparecer na década de 1980, contexto em que até hoje, cada vez mais a
sociedade depende da leitura e da escrita para atualizar-se no mundo globalizado.
Para Soares (2004), “Letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e
escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como
conseqüência de ter-se apropriado da escrita”.
Emília Ferreiro nessa mesma entrevista concedida a Revista Nova Escola (2003) diz que a
alfabetização é um processo que ocorre por toda a vida e prefere não usar o termo
“letramento”, pois acredita que letramento faz parte desse novo conceito de alfabetização.
A educação escolar pode ser compreendida como um aspecto da vida humana e social para o
preparo das novas gerações. E a alfabetização como um instrumento privilegiado de aquisição
do saber. Ler e escrever se tornam elementos obrigatórios na escolarização. Com base nessa
perspectiva, vêm se destacando a vertente construtivista, fundamentada principalmente nos
pressupostos de Jean Piaget e nas pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogênese da
língua escrita (MORTATTI, 2000).
Deslocando o eixo das discussões dos métodos de ensino para o processo de aprendizagem da
criança (sujeito cognoscente), o construtivismo se apresenta, não como um método novo, mas
como uma “revolução conceitual”, demandando, dentre outros aspectos, abandonarem-se as
teorias e práticas tradicionais, desmetodizar-se o processo de alfabetização e se questionar a
necessidade das cartilhas.
A concepção que o professor possui do ensino da leitura, tem repercussão no seu desempenho
profissional em sala de aula. “Quando ele concebe o ato de ler como uma mera decodificação
da escrita e apropriação literal do texto, o aluno poderá se transformar num mero reprodutor
de mensagens” (FARIA, 2006 p.16).
Segundo o autor, com a escrita o ser humano consegue desvincular ainda mais a linguagem da
oralidade. E o domínio da linguagem escrita permite o desenvolvimento de estruturas de
pensamento cada vez mais elaboradas.
Ainda hoje não estamos livres dos estigmas e rótulos que a criança recebe por
apresentar alguma dificuldade de aprendizagem. Porém, os procedimentos e a abordagens
sobre este tema vêm recebendo uma maior atenção por parte dos profissionais da área
(psicopedagogos, pedagogos, psicólogos) que vem investigando mais profundamente a relação
ensino-aprendizagem e não-adaptação do aluno diante este processo. Há de se considerar
também os diversos fatores que interferem no aprendizado da criança, como a família, a
sociedade, a escola e o próprio professor com seus métodos, conceitos e atuação em sala de
aula. “A aprendizagem do aluno não depende somente dele, e sim do grau em que a ajuda do
professor esteja ajustada ao nível que o aluno apresenta em cada tarefa de aprendizagem.”
(Zacharias, 2007).
Assim podemos perceber que muitos professores encontram dificuldades em lidar com
essa realidade, principalmente quanto à dificuldade do aluno em ler e escrever.
Durante a elaboração deste artigo foi realizado uma pesquisa qualitativa, aonde foram
abordados oito professores de duas Escolas Municipais da periferia de Londrina. Com o intuito
de saber sua ação em sala de aula, o questionário foi dissertativo, abordando questões sobre
sua prática, vivências e a realidade como docentes.
Assim, percebe-se que muitos professores não imaginam a responsabilidade que possuem e o
tamanho do seu poder pedagógico. Segundo os PCNs “a aprendizagem dos alunos depende
muito da intervenção pedagógica do professor, principalmente no primeiro ciclo assumindo
uma característica nova para a maioria dos alunos: a convivência no espaço público da escola
(...)” , contribuindo para que esse processo seja a base de um convívio solidário e democrático
na escola.