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Projeto Afro Brasileiro - Por Socorro Brandão

20 dezembro, 2008 - 10:51 — liceudeacarau

Público alvo: Alunos dos 1os anos do Ensino Médio


Período de Realização: 3º bimestre de 2008
Local: EEM Liceu de Acaraú Maria Alice Ramos Gomes
Disciplinas: História, Geografia, Filosofia e Matemática
Professores Responsáveis: Socorro Brandão, Carol Nogueira e Ramon Germano
Professores Mediadores: Amadeus Pongitori, Alex e FCO Luís

APRESENTAÇÃO

Há muito tempo o continente africano é apresentado pela imprensa mundial como sendo
a área do planeta onde predominam a fome, as guerras, as epidemias, os extermínios em
massa, etc. Em suma, é o lugar mundial da pobreza e da morte. As causas dessas
calamidades são apresentadas como sendo inerentes aos povos africanos, isto é, por
estarem ainda no estágio tribal de desenvolvimento, não conseguem viver
"civilizadamente". Todos os conflitos neste continente são colocados como sendo de
caráter étnico ou tratados como meras guerras tribais. Estas concepções tentam
encobertar as verdadeiras razões atuais que provocam estas situações, como também
descartam a realidade histórica da África.
Existe um mal-estar no campo da ciência em admitir o fato de que o ser humano e seus
antepassados se originaram na África. Sabe-se hoje que a humanidade teve seu início
neste continente; portanto, foi aí onde as grandes transformações - que geraram o ser
humano atual - se fizeram pela primeira vez. Do mesmo modo, as principais descobertas
tecnológicas realizadas nos princípios da humanidade são originárias da África - fogo,
instrumentos de matérias variados tais como pedras, ossos, madeiras, etc. - descobertas
e invenções que possibilitaram a expansão dessa espécie pelo planeta e garantiram sua
sobrevivência, apesar das dificuldades do meio físico e das ameaças de outras espécies;
portanto, foi na África que o ser humano se transformou em um ser que fabrica
ferramentas (tecnologia) e se diferenciou consideravelmente das demais espécies.
A África esteve na vanguarda do desenvolvimento da humanidade não só no seu início
como também durante um longo tempo do período chamado de civilização (época a
qual até hoje vivemos); portanto, foi também nesta parte do planeta que surgiu o que
chamamos a primeira civilização humana: o Egito Antigo.
Como sabemos, e confirmamos ao olhar para as pessoas que formam o povo brasileiro,
os negros africanos deram uma contribuição muito importante para o Brasil ser o que é
hoje. Depois de uma dura travessia pelo Oceano Atlântico foram obrigados a mudar sua
maneira de viver, adaptando seus costumes e suas tradições ao novo ambiente.
Misturando-se aos povos que aqui encontraram, esses negros deram origem à
mestiçagem que amorenou a nossa pele, alongou nossa silhueta, encrespou nossos
cabelos e nos conferiu a originalidade de gestos macios e andar requebrado. Ao
incorporarem elementos africanos ao seu dia-a-dia nas lavouras, nos engenhos de
açúcar, nas minas e nas cidades, construíram uma nova identidade e no legaram o que
hoje chamamos de cultura afro-brasileira.
A intenção deste projeto é mostrar o que existe de africano no Brasil e contar coisas da
África que ainda são pouco conhecidas. Se somos resultado da mistura de índios,
africanos e portugueses temos de conhecer melhor o que esses antepassados nos
deixaram como herança.
JUSTIFICATIVA

Normalmente, quando se fala em História da África pensa-se no tráfico de escravos, em


guerras tribais, violência, fome, animais selvagens, dando uma falsa imagem de que os
africanos só viveram e só vivem esta realidade. Por conta disto, levantar algumas
questões a respeito do desenvolvimento histórico dos africanos torna-se fundamental,
tanto para entender seu momento atual como para romper com preconceitos já
estabelecidos de que na África não houve história antes da presença européia, mais
claramente, a partir da expansão portuguesa pelo litoral africano no século XV.
Diante da necessidade de conhecer para valorizar, justifica-se a realização de um
trabalho voltado para a valorização do povo africano e, consequentemente, dos afro-
brasileiros, por meio do conhecimento e reconhecimento de que os povos africanos
tiveram um papel fundamental no desenvolvimento da humanidade. Não só pela
constatação de que a África foi berço da civilização mundial, mas também por serem
pioneiros em muitas descobertas que são creditadas aos “brancos”.
Abordar conteúdos relacionados à história da África, as contribuições destes povos para
o desenvolvimento da humanidade e do Brasil africano é fazer cumprir nossos grandes
objetivos como educadores: valorizar a cultura e a diversidade étnica, gerar debate,
estimular valores e comportamentos de respeito, solidariedade e tolerância. Além de ser
uma ótima oportunidade de combater o racismo e a discriminação que atingem os povos
de origem africana, aí incluindo os afro-brasileiros.
Conhecer as contribuições e as descobertas tecnológicas dos povos africanos é o
primeiro passo para reconstruir uma face do nosso passado que ainda precisa ser
entendida e valorizada.
Espera-se que este projeto participe dessa caminhada.
OBJETIVOGERAL

Conhecer e valorizar as descobertas e invenções dos povos africanos ao longo da


história, refletindo sobre a estreita ligação entre o continente africano e o Brasil que
resultou nessa intensa miscigenação que formou os afro-brasileiros, propondo ampla
discussão sobre a discriminação social e racial em contexto local e nacional.

OBJETIVOSESPECÍFICOS

Conhecer e comparar diferentes tipos de culturas africanas e afro-brasileiras;

Transformar reflexões, discussões, análises, em mudanças de atitudes e ações, em busca


da igualdade;

Desenvolver uma atitude de respeito perante as diferenças, mediante momentos de


interiorização, para ampliar o auto-conhecimento;

Valorizar as descobertas e invenções humanas, independente de cor, etnia, religião, sexo


e idade;

Praticar o respeito às diferenças culturais e étnicas;


Perceber que a sociedade brasileira é o resultado da miscigenação de variadas culturas,
inclusive africanas;

Desenvolver uma atitude de empatia e solidariedade para com aqueles que sofrem
discriminação;

Analisar com discernimento as atitudes e situações fomentadoras de discriminação e


injustiça social;

Conhecer a diversidade do patrimônio etnocultural brasileiro, cultivando atitude de


respeito para com pessoas e grupos que a compõem;

Possibilitar o entendimento da influência tecnológica na vida do homem;

Valorizar as manifestações afro-brasileiras no contexto local e nacional;

Conhecer e valorizar a produção artística como expressão da identidade etnocultural.

D I S C I P L I N A S/ C O N T E Ú D O S

História: Grandes e pequenas invenções dos povos africanos – da pré-história aos dias
atuais
Geografia: relações econômicas e sociais entre o Continente africano e o Brasil
Filosofia: Conceito e preconceito x racismo
Matemática: os números da escravidão dos povos africanos, da discriminação racial e
social no Brasil.

METODOLOGIA

Estudo e reflexão a partir de textos e imagens


Leitura e interpretação de imagens no LIE
Explanação Oral
Debates
Pesquisa
Produção de textos
Elaboração de murais temáticos
Produção de números artísticos: dança, música, artes visuais e teatro
Ornamentação do stand “África, Brasil e africanidades ”
Exposição dos trabalhos produzidos: culminância FECARTE/08

C R O N O G R A M A DE EXECUÇÃO

ATIVIDADE
PERÍODO DE EXECUÇÃO

RESPONSÁVEL

SENSIBILIZAÇÃO: apresentação do projeto às turmas, explicitando e debatendo os


objetivos

2ª semana de SET/08
PCA da área de Humanas

Aulas expositivas dialogadas, debates e estudo de textos/ imagens relacionados aos


conteúdos.

2ª quinzena de set/08
Professores

Direcionamento das Pesquisas/


Distribuição de tarefas

2ª quinzena de set/08
Professores

Produção de textos, murais, e números artísticos

outubro /08
Alunos sob orientação dos professores
Ornamentação do Stand
29 de out/08
Alunos, professores e colaboradores das outras áreas/ Núcleo Gestor/ Serviços
Gerais/multimeios
Culminância: Exposição dos trabalhos

30 de out/08
Alunos
Desmonte do Stand
Avaliação
31 de out/08
Alunos e professores

AVALIAÇÃO

Critérios:
Participação e envolvimento nos debates;
Capacidade de síntese das informações pesquisadas;
Criatividade e responsabilidade nas produções artísticas, literárias, na realização das
pesquisas e na confecção dos painéis;
Participação coletiva na organização da culminância, na exposição dos trabalhos e
informações pesquisadas.
Ao longo do desenvolvimento do projeto os alunos serão constantemente observados de
forma contínua, processual e sistemática, com base nos critérios avaliativos dispostos
nas atividades desenvolvidas e através de instrumental de auto-avaliação.

A EEM Liceu de Acaraú Maria Alice Ramos Gomes desenvolve um projeto educativo
de acordo com as diretrizes educacionais vigentes e, em consonância com a Lei
10.639/2003, tem incluído a temática da História e da cultura africana e afro-brasileira
em todas as disciplinas do seu currículo escolar, como pode ser comprovado pela
análise das propostas pedagógicas de cada disciplina e as evidências apresentadas no
anexo deste relatório.
As disciplinas da área de Ciências Humanas dão maior ênfase à temática devido à
proximidade de seus conteúdos com estes temas. No entanto, todas as disciplinas da
área de Linguagens e Códigos e Ciências da Natureza e Matemática, incluíram em seus
programas curriculares conteúdos relacionados a estas temáticas, mesmo que não
tenham sido tão aprofundados como na área de Humanas.
Na área de Linguagens e Códigos, pode-se destacar o trabalho realizado pelas
disciplinas de Língua Portuguesa, Educação Física e Arte/educação.
Na Disciplina de Língua Portuguesa a temática foi desenvolvida por meio do estudo de
textos variados: músicas, poesias, debates, produção de murais e seminários, além da
utilização em atividades e avaliações de textos direcionados à temática, conforme
exemplo de avaliação em anexo. As reflexões, os debates e as leituras realizadas foram
fontes para a produção de textos poéticos e dissertativos pelos alunos.
Na disciplina de Educação Física a temática foi incluída em debates, mas a ênfase foi
dada durante o desenvolvimento do Projeto Artes Marciais, desenvolvido pelo Professor
Emmanuell Mota no 3º Bimestre deste ano letivo, cuja culminância ocorreu na
FECARTE – Feira de Ciências, Cultura e Arte, em novembro de 2008. A capoeira foi
incluída entre as lutas estudadas neste projeto, propondo amplos debates dessa
influência africana na cultura brasileira.
Nas aulas da disciplina Arte/Educação a temática da cultura afro-brasileira foi
amplamente trabalhada ao longo do ano. No segundo bimestre, por ocasião da execução
do Projeto Acordes com os alunos de 1º ano, os ritmos sob influência dos africanos
foram estudados e apresentados por meio de números artísticos (danças, interpretações
musicais) e produção e exposição de murais temáticos.
No quarto bimestre a temática está sendo trabalhada com os alunos de 2º e 3º ano. Por
meio de metodologias como: leitura de imagens no LIE, aulas expositivas dialogadas,
apreciação de músicas, interpretação de letras de músicas, vídeos e produções artísticas
em grupos, os alunos estão tendo a oportunidade de conhecer mais profundamente as
origens de nossa cultura, especialmente a relação com as raízes africanas e valorizando
as principais personalidades afro-descendentes na música, na televisão, no teatro e nas
artes visuais.
Na área de Ciências da Natureza e Matemática, vale destacar o trabalho realizado pelos
professores de Biologia, que durante a exposição dos conteúdos sobre genética têm
proporcionado amplos debates sobre o conceito/preconceito de raça. Além disso, foram
pesquisados e apresentados estudos sobre a influência dos costumes africanos na
medicina caseira ( ervas medicinais), como herança das crenças das religiões afro-
descendentes.
Nas aulas de Física, destacam-se as exposições e discussões sobre a contribuição dos
povos africanos na teoria do Geocentrismo e nas discussões sobre biótipos.
Nas aulas de Química os professores propuseram atividades de pesquisa e debates nas
amplas contribuições dos povos africanos nas descobertas e manuseio de metais, além
de outros temas destacando e valorizando as influências dos africanos em todas as
grandes invenções humanas e as contribuições na formação da economia colonial do
Brasil.
Na Matemática, destacam-se os trabalhos realizados no Projeto Brasil Africano.
Trabalhado de forma interdisciplinar, foram desenvolvidos temas como discriminação
social, racial e étnica, por meio de slides, aulas expositivas dialogadas, pesquisas,
construção de gráficos e tabelas com base em pesquisas realizadas na escola. Os
resultados foram analisados e quantificados por meio de porcentagens, num produtivo
trabalho de estatística.
Na área de Ciências Humanas os temas foram mais aprofundados, especialmente na
disciplina de História. Além de conteúdos como a escravidão africana, a relação dos
africanos com a economia do Brasil, história da África, colonização da África,
preconceito, discriminação, dentre outros, procurou-se dar mais ênfase à questão da
valorização das heranças e contribuições dos africanos para a formação do Brasil
colonial e do Brasil Contemporâneo. Pretendeu-se com isso, desmistificar a ênfase
geralmente dada às imagens preconceituosas e racistas da África e de seus povos. O
objetivo era fomentar o conhecimento sobre o continente africano, mostrando-o como
berço da humanidade e do conhecimento, visando à valorização dos povos afro-
descendentes.
Esse trabalho foi desenvolvido principalmente por meio do Projeto Brasil Africano. O
projeto deu continuidade ao trabalho iniciado no ano anterior com o Projeto “A alma
não tem cor”. Todas as produções dos alunos foram expostas durante a FECARTE e o
cronograma de execução do projeto encontra-se em anexo neste documento.
Esta temática também foi contemplada nas aulas 21 e 22 do módulo III do Projeto
Primeiro Aprender. O estudo do texto e a interpretação deste geraram calorosos debates
sobre a importância dessa temática na atualidade. A realização das atividades contribuiu
para aumentar o conhecimento e reconhecimento dos alunos sobre a necessidade de se
estudar a história dos povos africanos, afinal, conhecer a África é ver o Brasil.
Nas aulas de Geografia, além das temáticas habituais relacionadas aos africanos e sua
influência na formação do povo brasileiro, destacou-se a questão da demografia e
ampliou-se o debate com relação às diferenças regionais e as repercussões dessas
diferenças na atualidade.
Nas aulas de Sociologia, a temática foi inserida no conteúdo “Quando uma maioria se
torna uma minoria” e nos debates sobre as diferenças sociais ao longo da história,
especialmente na sociedade brasileira da atualidade.
Na disciplina de Filosofia, o tema dos afro-descendentes é constante fonte de
discussões, especialmente quando se trata de pensamento filosófico na antiguidade e na
atual conjuntura sócio-econômica mundial, além de debater sobre temas como: racismo,
preconceito, discriminação e suas origens na formação do povo brasileiro.
A escola também realiza anualmente, atividades alusivas ao Dia da Consciência Negra.
Essa data e as atividades fazem parte do calendário anual da escola. Este ano, houve,
nos três turnos, palestras, apresentação de números artísticos, slides, clips, declamação
de poesias e muitas outras atividades relacionadas com a temática da valorização da
lutas dos negros e de seus descendentes pela liberdade de viver com dignidade.
Desta forma, a EEM Liceu de Acaraú desenvolve seu processo de ensino-aprendizagem
de forma coerente com o que afirma a Lei 10.639/2003. Graças a esse trabalho, percebe-
se que a clientela está mais consciente da luta contra o preconceito, o racismo e outras
formas de discriminação. Nossa meta é formar cidadãos que se reconhecem e têm
orgulho de serem afro-brasileiros, além da compreensão de que o Brasil é composto por
uma população pluricultural e que, a capacidade e a habilidade de conviver com as
diferenças é essencial para a vida em sociedade.

A FOME NA ÁFRICA
O continente africano tem hoje metade de sua população sobrevivendo com uma renda
inferior a 1 dólar por dia. Além da fome, a população do continente tem sido devastada
por contínuas guerras civis e por uma epidemia de AIDS, que já contaminou um quarto
da população.
A África, no entanto, não é homogénea. O quadro de extrema pobreza, guerras civis e
descontrole da AIDS concentra-se na África Subsaariana, localizada ao sul do Deserto
do Saara e habitada por uma população predominantemente negra.

AS ORIGENS DA F OME AFRICANA


A fome na África tem origens históricas, que se relacionam com a expansão colonialista
europeia, iniciada no século XV. O domínio europeu significou para o continente a
perda de aproximadamente 10 milhões de pessoas, que foram levadas para a América na
condição de escravos.
Principalmente a partir do século XIX, os colo-nizadores desmontaram as economias
organizadas no continente, baseadas na subsistência, e, no lugar, implantaram o sistema
de monoculturas (café, algodão, cacau, etc.), destinado à exportação. Muitas terras
deixaram de cultivar alimentos para produzir géneros destinados ao mercado externo.
Outro efeito nefasto da colonização foi a destruição dos Estados africanos tradicionais e
a fixação de fronteiras que dividiram o continente sem levar em consideração a
diversidade étnica existente no interior de cada país. O resultado foi a explosão de
violentas guerras tribais, que expressam a frágil idade dos Estados criados artificialmen-
te pelo colonizador.

A ÁFRICA PÓS-COLONIAL
A espoliação das riquezas africanas foi reforçada, no século XX, pêlos compromissos
assumidos com os credores internacionais, como o Fundo Monetário Internacional
(FMI) e o Clube de Paris. Na Somália, por exemplo, entre 1975 e 1989, os custos com o
pagamento da dívida externa reduziram em 78% os gastos com saúde e educação,
provocando o fechamento de quase um quarto das escolas primárias do país.
O quadro atual da África é desolador. Faltam investimentos na educação e na
qualificação de mão-de-obra; o abismo científico e tecnológico em relação à Europa e à
América do Norte é imenso; e os indicadores sociais do continente são os piores do
mundo.
A alteração desse quadro depende da união dos povos africanos e da solidariedade
internacional. A África precisa de um programa eficaz de combate à fome e da
reconstrução do continente, devastado por séculos de exploração, pela aids e pelas
guerras.

DNA de negros do Brasil comparado com o DNA dos africanos:

58,5% - África Centro-Ocidental (Sudaneses)

32,1% - África Ocidental (Bantos)

5,7% - Sudeste da África (Bantos)


Branqueamento do Brasil

No final do século XIX, 55% da população brasileira era negra.


Brasil começa importar teorias racistas. Aumentam os debates exaltando a mão-de-obra
branca.
A campanha imigrantista tinha por objetivo: valorizar o imigrante branco e convencer
as elites que o progresso só viria por meio deles (asiáticos e africanos foram
considerados “incapazes”).

Chegam os imigrantes

Entre 1871 e 1920, entraram cerca de 4 milhões de imigrantes: quase todos com a
mesma experiência profissional dos 4 milhões de africanos trazidos à força entre 1520 e
1850.
Com a Abolição, os negros, além de terem sido jogados à própria sorte, ficaram ainda
mais excluídos do mercado profissional. A inserção só vai se verificar na década de
1930 e em cargos baixos.
Em 1901 um estudo sobre a indústria paulista revelou: 90% dos operários industriais
eram imigrantes.

postado por A alma não tem cor @ 09:19

APRESENTAÇÃO

Há muito tempo o continente africano é apresentado pela imprensa mundial como sendo
a área do planeta onde predominam a fome, as guerras, as epidemias, os extermínios em
massa, etc. Em suma, é o lugar mundial da pobreza e da morte. As causas dessas
calamidades são apresentadas como sendo inerentes aos povos africanos, isto é, por
estarem ainda no estágio tribal de desenvolvimento, não conseguem viver
"civilizadamente". Todos os conflitos neste continente são colocados como sendo de
caráter étnico ou tratados como meras guerras tribais. Estas concepções tentam
encobertar as verdadeiras razões atuais que provocam estas situações, como também
descartam a realidade histórica da África.
Existe um mal-estar no campo da ciência em admitir o fato de que o ser humano e seus
antepassados se originaram na África. Sabe-se hoje que a humanidade teve seu início
neste continente; portanto, foi aí onde as grandes transformações - que geraram o ser
humano atual - se fizeram pela primeira vez. Do mesmo modo, as principais descobertas
tecnológicas realizadas nos princípios da humanidade são originárias da África - fogo,
instrumentos de matérias variados tais como pedras, ossos, madeiras, etc. - descobertas
e invenções que possibilitaram a expansão dessa espécie pelo planeta e garantiram sua
sobrevivência, apesar das dificuldades do meio físico e das ameaças de outras espécies;
portanto, foi na África que o ser humano se transformou em um ser que fabrica
ferramentas (tecnologia) e se diferenciou consideravelmente das demais espécies.
A África esteve na vanguarda do desenvolvimento da humanidade não só no seu início
como também durante um longo tempo do período chamado de civilização (época a
qual até hoje vivemos); portanto, foi também nesta parte do planeta que surgiu o que
chamamos a primeira civilização humana: o Egito Antigo.
Como sabemos, e confirmamos ao olhar para as pessoas que formam o povo brasileiro,
os negros africanos deram uma contribuição muito importante para o Brasil ser o que é
hoje. Depois de uma dura travessia pelo Oceano Atlântico foram obrigados a mudar sua
maneira de viver, adaptando seus costumes e suas tradições ao novo ambiente.
Misturando-se aos povos que aqui encontraram, esses negros deram origem à
mestiçagem que amorenou a nossa pele, alongou nossa silhueta, encrespou nossos
cabelos e nos conferiu a originalidade de gestos macios e andar requebrado. Ao
incorporarem elementos africanos ao seu dia-a-dia nas lavouras, nos engenhos de
açúcar, nas minas e nas cidades, construíram uma nova identidade e no legaram o que
hoje chamamos de cultura afro-brasileira.
A intenção deste projeto é mostrar o que existe de africano no Brasil e contar coisas da
África que ainda são pouco conhecidas. Se somos resultado da mistura de índios,
africanos e portugueses temos de conhecer melhor o que esses antepassados nos
deixaram como herança.

JUSTIFICATIVA

Normalmente, quando se fala em História da África pensa-se no tráfico de escravos, em


guerras tribais, violência, fome, animais selvagens, dando uma falsa imagem de que os
africanos só viveram e só vivem esta realidade. Por conta disto, levantar algumas
questões a respeito do desenvolvimento histórico dos africanos torna-se fundamental,
tanto para entender seu momento atual como para romper com preconceitos já
estabelecidos de que na África não houve história antes da presença européia, mais
claramente, a partir da expansão portuguesa pelo litoral africano no século XV.
Diante da necessidade de conhecer para valorizar, justifica-se a realização de um
trabalho voltado para a valorização do povo africano e, consequentemente, dos afro-
brasileiros, por meio do conhecimento e reconhecimento de que os povos africanos
tiveram um papel fundamental no desenvolvimento da humanidade. Não só pela
constatação de que a África foi berço da civilização mundial, mas também por serem
pioneiros em muitas descobertas que são creditadas aos “brancos”.
Abordar conteúdos relacionados à história da África, as contribuições destes povos para
o desenvolvimento da humanidade e do Brasil africano é fazer cumprir nossos grandes
objetivos como educadores: valorizar a cultura e a diversidade étnica, gerar debate,
estimular valores e comportamentos de respeito, solidariedade e tolerância. Além de ser
uma ótima oportunidade de combater o racismo e a discriminação que atingem os povos
de origem africana, aí incluindo os afro-brasileiros.
Conhecer as contribuições e as descobertas tecnológicas dos povos africanos é o
primeiro passo para reconstruir uma face do nosso passado que ainda precisa ser
entendida e valorizada.
Espera-se que este projeto participe dessa caminhada.
OBJETIVOGERAL

Conhecer e valorizar as descobertas e invenções dos povos africanos ao longo da


história, refletindo sobre a estreita ligação entre o continente africano e o Brasil que
resultou nessa intensa miscigenação que formou os afro-brasileiros, propondo ampla
discussão sobre a discriminação social e racial em contexto local e nacional.
OBJETIVOSESPECÍFICOS

Conhecer e comparar diferentes tipos de culturas africanas e afro-brasileiras;

Transformar reflexões, discussões, análises, em mudanças de atitudes e ações, em busca


da igualdade;

Desenvolver uma atitude de respeito perante as diferenças, mediante momentos de


interiorização, para ampliar o auto-conhecimento;

Valorizar as descobertas e invenções humanas, independente de cor, etnia, religião, sexo


e idade;

Praticar o respeito às diferenças culturais e étnicas;

Perceber que a sociedade brasileira é o resultado da miscigenação de variadas culturas,


inclusive africanas;

Desenvolver uma atitude de empatia e solidariedade para com aqueles que sofrem
discriminação;

Analisar com discernimento as atitudes e situações fomentadoras de discriminação e


injustiça social;

Conhecer a diversidade do patrimônio etnocultural brasileiro, cultivando atitude de


respeito para com pessoas e grupos que a compõem;

Possibilitar o entendimento da influência tecnológica na vida do homem;

Valorizar as manifestações afro-brasileiras no contexto local e nacional;

Conhecer e valorizar a produção artística como expressão da identidade etnocultural.

D I S C I P L I N A S/ C O N T E Ú D O S

História: Grandes e pequenas invenções dos povos africanos – da pré-história aos dias
atuais
Geografia: relações econômicas e sociais entre o Continente africano e o Brasil
Filosofia: Conceito e preconceito x racismo
Matemática: os números da escravidão dos povos africanos, da discriminação racial e
social no Brasil.
METODOLOGIA

Estudo e reflexão a partir de textos e imagens


Leitura e interpretação de imagens no LIE
Explanação Oral
Debates
Pesquisa
Produção de textos
Elaboração de murais temáticos
Produção de números artísticos: dança, música, artes visuais e teatro
Ornamentação do stand “África, Brasil e africanidades ”
Exposição dos trabalhos produzidos: culminância FECARTE/08

C R O N O G R A M A DE EXECUÇÃO

ATIVIDADE

PERÍODO DE EXECUÇÃO

RESPONSÁVEL

SENSIBILIZAÇÃO: apresentação do projeto às turmas, explicitando e debatendo os


objetivos

2ª semana de SET/08
PCA da área de Humanas

Aulas expositivas dialogadas, debates e estudo de textos/ imagens relacionados aos


conteúdos.

2ª quinzena de set/08
Professores

Direcionamento das Pesquisas/


Distribuição de tarefas

2ª quinzena de set/08
Professores

Produção de textos, murais, e números artísticos

outubro /08
Alunos sob orientação dos professores
Ornamentação do Stand
29 de out/08
Alunos, professores e colaboradores das outras áreas/ Núcleo Gestor/ Serviços
Gerais/multimeios
Culminância: Exposição dos trabalhos
30 de out/08
Alunos
Desmonte do Stand
Avaliação
31 de out/08
Alunos e professores

AVALIAÇÃO

Critérios:
Participação e envolvimento nos debates;
Capacidade de síntese das informações pesquisadas;
Criatividade e responsabilidade nas produções artísticas, literárias, na realização das
pesquisas e na confecção dos painéis;
Participação coletiva na organização da culminância, na exposição dos trabalhos e
informações pesquisadas.

Ao longo do desenvolvimento do projeto os alunos serão constantemente observados de


forma contínua, processual e sistemática, com base nos critérios avaliativos dispostos
nas atividades desenvolvidas e através de instrumental de auto-avaliação.

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