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UNIJALES

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JALES


CURSO DE NEUROPSICOPEDAGOGIA

CAMILA DOS SANTOS ROSEIRO MACHADO

A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO PROCESSO DE


APRENDIZAGEM DAS SÉRIES INICIAIS

JALES - SP
2021
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CAMILA DOS SANTOS ROSEIRO MACHADO

A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO PROCESSO DE


APRENDIZAGEM DAS SÉRIES INICIAIS

Monografia requisitada como exigência


obrigatória para obtenção de Título de
Especialista em Neuropsicopedagogia da
UNIJALES – Centro Universitário de Jales
sob a orientação da Prof.ª. Dr.ª Janaína da
Silva Gonçalves Fernandes.

JALES – SP
2021
3

CAMILA DOS SANTOS ROSEIRO MACHADO

A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO PROCESSO DE


APRENDIZAGEM DAS SÉRIES INICIAIS

Monografia requisitada como exigência


obrigatória para obtenção de Título de
Especialista em Neuropsicopedagogia da
UNIJALES – Centro Universitário de Jales
sob a orientação do Prof.ª. Dr.ª Janaína da
Silva Gonçalves Fernandes.

Data da aprovação: ______/______/2021.

____________________________________________________________
Janaína da Silva Gonçalves Fernandes, Doutora em Psicologia Educacional.
UNIJALES - Centro Universitário de Jales – Orientadora.
4

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela minha vida e por me ajudar em todos os momentos. Ao meu esposo e
meus filhos, que me motivam todos os dias e compreenderam a minha ausência enquanto
realizava o trabalho.
5

RESUMO

É essencial que o professor entenda e trabalhe as emoções das crianças. É preciso empatia
para ensinar e compreender a vida dela. A criança é formada de emoção e razão, passa por
dificuldades e tem sonhos. É necessário pensar em desenvolver o emocional nas crianças
desde cedo. O presente trabalho tem por objetivo aprofundar o tema e mostrar que somos
seres inacabados e que devemos nos preocupar em manter a nossa Inteligência Emocional
desenvolvida e saudável, quanto professores, afinal afetividade e educação estão diretamente
relacionadas. Entender como funciona o cérebro e como funcionam as emoções, além
desenvolver a Inteligência Emocional o professor deve compreender que a ela possui cinco
aptidões, o primeiro é Conhecer as Próprias Emoções; o segundo é o Lidar com as Emoções;
o terceiro é o Motivar-se; o quarto é Reconhecer Emoções nos Outros; e o quinto é Lidar com
Relacionamentos. Assim no Brasil profissionais da área da saúde já demonstraram a
preocupação em trabalhar a Inteligência Emocional em crianças de 6 a 8 anos porém
dependem de adesão de demais áreas envolvidas no trabalho com elas.

Palavras-chave: Inteligência Emocional. Aprendizagem. Criança.


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ABSTRACT
It is essential that the teacher understands and works on the children's emotions. It takes
empathy to teach and understand her life. The child is made up of emotion and reason, goes
through difficulties and has dreams. It is necessary to think about developing emotional
development in children from an early age. This work aims to deepen the theme and show that
we are unfinished beings and that we should be concerned about keeping our Emotional
Intelligence developed and healthy, as teachers, after all, affection and education are directly
related. Understanding how the brain works and how emotions work, in addition to
developing Emotional Intelligence, the teacher must understand that it has five aptitudes, the
first one is Knowing Your Own Emotions; the second is Dealing with Emotions; the third is
Motivate Yourself; the fourth is Recognizing Emotions in Others; and the fifth is Dealing
with Relationships. Thus, in Brazil, health professionals have already demonstrated their
concern in working with Emotional Intelligence in children aged 6 to 8 years, but they depend
on the adhesion of other areas involved in working with them.

Keywords: Emotional intelligence. Learning. Kid.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.………………………………………………………………………………8
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA…………………………………………………………10

2 METODOLOGIA ………………………………………………………………………….19

3 RESULTADOS……………………………………………………………………………..21
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………………….22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………………….....24
8

INTRODUÇÃO

Algumas hipóteses foram levantadas no início deste trabalho e também ao refletir nas
diversas situações vivenciadas profissionalmente nas séries iniciais da Educação Infantil e do
Ensino Fundamental. As principais e que serão trabalhadas nas páginas a seguir são: a
importância de ensinar às crianças a identificar e lidar com o que elas estão sentindo,
conhecer as emoções e sentimentos e a urgência do professor encontrar formas de trabalhar a
sua Inteligência Emocional e de seus alunos.
Araújo (2003) afirmou que a afetividade e a educação estão diretamente relacionadas,
ele apresenta uma perspectiva de que a educação deveria se estruturar de forma que não fosse
priorizada somente a dimensão cognitiva e lógico matemática da criança, mas sim que fosse
priorizada a formação integral do ser humano.
Muitos pais não sabem lidar com suas próprias emoções, as crianças chegam à escola e
repete esse padrão que conhecem, o saber lidar com o que está sentindo trouxe o
questionamento de que parte do acerto no processo de aprendizagem está interligada à questão
emocional.
Paulo Freire (2005) na Pedagogia do Oprimido afirma que somos seres inacabados, e
apresenta o conceito da criança deformada num ambiente de desamor, para o professor lidar
com questões de caráter social como a fome e violência, tem de ter a sua Inteligência
Emocional saudável para conseguir auxiliar a criança a aprender mesmo que pareça
impossível.
Verificamos a diferença entre QI (Quociente de Inteligência) e QE (Quociente
Emocional), e as diferenças que existem entre homens e mulheres no que diz respeito a essa
questão, é que ter Inteligência Emocional não significa ter o QI (Quociente de Inteligência)
elevado.
Para esse trabalho foi necessário fazer uma pesquisa bibliográfica sobre o
funcionamento do cérebro da criança, suas funções, sua particularidade, que uma parte lida
com a memória e outra lida com as decisões, sejam elas racionais e até irracionais, isso
explica como ela e nós agimos em situações diversas.
Para complementar a pesquisa sobre o funcionamento do cérebro, foi relevante apontar
que nele existe um nervo que se chama vago, e ele é responsável por fornecer impulsos para o
funcionamento da parte superior do corpo, crianças que são inteligentes e tem preparo
emocional tem uma característica chamada “alta tonicidade do vago”, essas crianças reagem e
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se recuperam bem de estresses emocionais, elas poderiam passar por diversos problemas,
voltar à aula e se concentrar e aprender normalmente. Já as crianças com “baixa tonicidade do
vago” poderiam se confundir diante uma situação de estresse e teriam mais dificuldade em
voltar à aula normal.
Percebemos que o professor tem de exercitar diariamente a empatia, para solucionar
conflitos dentro da sala de aula, pois são nas situações extremas que sabemos se uma criança
ou adulto é empata e se tem Inteligência Emocional, por esse motivo serão apresentadas
algumas situações e possíveis sugestões para solucionar questões.
Nas aulas sobre Metodologia da Alfabetização foi enfatizado que ao ensinar uma
criança devemos falar “com ela” e não falar “para ela”, pois isso na prática tem uma grande
diferença no processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança.
Para desenvolver a Inteligência Emocional o professor deve compreender que a ela
possui cinco aptidões, o primeiro é Conhecer as Próprias Emoções; o segundo é o Lidar com
as Emoções; o terceiro é o Motivar-se; o quarto é Reconhecer Emoções nos Outros; e o quinto
é Lidar com Relacionamentos.
Ao compreender esses pilares o professor pode colocar em prática ao preparar uma
aula, ao pensar em determinada criança e compreender que ela é feita de sentimentos,
emoções e tem um mundo particular e que ele é apenas um mediador de possibilidades de um
futuro melhor.
No Brasil profissionais da área da saúde já demonstraram a preocupação em trabalhar
a Inteligência Emocional em crianças de 6 a 8 anos porém dependem de adesão de demais
áreas envolvidas no trabalho com elas.
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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este referencial apresenta uma revisão de bibliografias, que embasam o estudo sobre a
inteligência emocional no processo de aprendizagem das séries iniciais, processo este de
extrema importância para a aquisição das aprendizagens das crianças.

1.1 A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL NO PROCESSO


DA APRENDIZAGEM.

Segundo Silva e Silva (2018), Daniel Goleman escreveu o livro Inteligência


Emocional: a teoria revolucionária que define o que é ser inteligente, utilizado na elaboração
deste trabalho, o que tornou o termo Inteligência Emocional conhecido pela população. Após
o sucesso do best-seller de Goleman, a Inteligência Emocional, estava em livros de autoajuda,
em revistas, em jornais, tornando-se modismo, dificultando a credibilidade no meio
acadêmico. Em 1997, Mayer e Salovey revisaram a definição anterior procurando dar maior
aporte científico.
Ao pensar em Inteligência Emocional devemos conhecer as emoções. Segundo o
dicionário Michaelis Online (2019), emoção é a ação de sensibilizar-se, é a perturbação dos
sentimentos, e no campo psicológico é a reação afetiva de grande intensidade que envolve
modificação da respiração, circulação e secreções, bem como repercussões mentais de
excitação ou depressão. E também devemos ter claro nossos valores, aqueles que nos movem
e que nos fazem ir atrás de nossos sonhos.
Araújo (2003), em seu estudo baseado na obra de Piaget afirma que valores são
construídos pela projeção de sentimentos positivos que o sujeito faz sobre objetos, e/ou
pessoas, e/ou relações, e/ou sobre si mesmo. Valor é tudo aquilo que gostamos, que
valorizamos, para o autor se a criança gosta do ambiente da escola, se gosta do professor, se
ela se sente valorizada, respeitada, esse espaço vai se tornar um valor para ela, por isso a
escola deve buscar estratégias para que os conteúdos trabalhados tragam bons sentimentos e
boas emoções, sempre pensando no desenvolvimento integral da criança. Ele ainda apresenta
que diferentemente do ensino tradicional, os sentimentos e as emoções deveriam ser inseridos
no currículo e nas práticas educativas como conteúdos escolares, os professores levariam as
crianças a tomar consciência de seus próprios sentimentos, emoções e valores e assim ela
poderia desenvolver sua Inteligência Emocional.
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São vários os pesquisadores que com o tempo têm demonstrado o descontentamento


com a separação da emoção e a razão. A razão e a emoção sempre foram tratadas de forma
separada e como opostas durante a história. Silva e Silva (2018), na Revista de Ciências e
Humanidades definem bem essa problemática:

Na Filosofia, Aristóteles considerava a emoção como inferior ao intelecto. René


Descartes foi responsável pela inauguração do conceito que separava a emoção da
razão, no século XVI. Muitos psicólogos se posicionaram durante séculos dessa
maneira. Charles Darwin em seu livro de 1872, a expressão das emoções nos
homens e nos animais, começou a proporcionar uma mudança acerca da importância
das emoções. Na contemporaneidade, as descobertas da neurociência, comprovam
que a emoção afeta diretamente os conteúdos do pensamento, como também os
processos implicados nele, começando a desfazer a dicotomia cartesiana, razão
versus emoção. (SILVA e SILVA. 2018. Luminar Revista Ciências e Humanidades,
p.18).

Araújo (2003), reforça esse descontentamento da separação da emoção e razão e


mostra que a afetividade e a educação estão diretamente relacionadas, ele apresenta uma
perspectiva de que a educação deveria se estruturar de forma que não fosse priorizada
somente a dimensão cognitiva e lógico matemática da criança, mas sim que fosse priorizada a
formação integral do ser humano.
O trabalho pedagógico tem de ser interessante, o professor deve utilizar novas
tecnologias, ferramentas para que sua linguagem se aproxima da linguagem da criança, assim
os conteúdos tradicionais serão alvo de projeção afetiva positiva e se tornará um valor, e o
aprendizado fará sentido para sua vida.
Pensando em Inteligência Emocional na Educação, podemos afirmar que educar é
mais que um ato formal, é adentrar no campo dos sentimentos e emoções, a criança tem
curiosidade, vive num mundo de fantasia, conforme estudado em Psicologia da Educação, ao
entrar na escola surgem os medos e as inseguranças e na maioria das vezes ela não sabe lidar
com o que está sentindo, e nem sempre tem o suporte que necessita. Quando o professor se dá
conta que emoção é uma perturbação dos sentimentos é fundamental que ele saiba lidar com
essa situação de forma respeitosa, a fim de não prejudicar todo o sucesso da vida escolar da
criança.
Segundo Paulo Freire (2005), somos seres inacabados, há sempre novos erros a
cometer, novas lições a aprender, para ele o processo de alfabetização é aprender a escrever
sua vida. As crianças chegam às escolas “deformadas num ambiente de desamor”, não são
todos os pais que ensinam a lidar com os sentimentos, pois muitas vezes eles próprios não
sabem lidar com o que estão sentindo, a criança repete o padrão de comportamento de seus
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pais, seja de aceitar a opressão, de ser oprimido, de viver em desamor, seja de não exercitar o
ato de pensar, seja por viver na miséria e ir à escola pensando no que vai comer. Já dizia o
ditado popular que “o exemplo arrasta”, isso vemos diariamente em sala de aula, professores
autoritários, alunos rebeldes, crianças que chegam ao fim do Ensino Fundamental analfabetas
funcionais e até mesmo analfabetas, mergulhadas num sistema educacional onde muitos
professores estão preocupados em passar conteúdo e não estão preocupados em formar a
criança em sua totalidade. A criança aprende e desenvolve a Inteligência Emocional através
do amor, essa afirmação está sendo feita sem romantizar o assunto.
Ser uma pessoa emocionalmente inteligente, segundo Goleman (2012), é diferente de
ter QI elevado. Um homem com tipo alto de QI é ambicioso, produtivo, previsível e obstinado
e desprovido de preocupação sobre si mesmo, as mulheres com tipo alto de QI são fluentes ao
expressarem suas ideias, valorizam questões intelectuais, têm tendência à ansiedade, culpa,
são introspectivas e hesitam e exprimir sua raiva. Já os homens com alto grau de Inteligência
Emocional são socialmente equilibrados, comunicativos e animados, se engajam com pessoas
e causas, assumem responsabilidades e têm visão ética, são solidários e atenciosos em seus
relacionamentos, se sentem à vontade consigo mesmo. As mulheres emocionalmente
inteligentes são assertivas, assim como os homens, se sentem bem consigo mesmas, para elas
a vida tem sentido, são comunicativas, expressam bem seus sentimentos e adaptam-se bem à
tensão, o equilíbrio social delas permitem-lhes ir até os outros. A Inteligência Emocional
contribui para que tenhamos mais qualidades que nos tornam plenamente humanos, é um
processo químico, cerebral.
Para auxiliar no processo do desenvolvimento da Inteligência Emocional, o professor
deve conhecer o funcionamento do cérebro da criança. Segundo Siegel e Bryson (2015) nosso
cérebro tem muitas partes diferentes com funções diversas. O lado esquerdo, nos ajuda a
pensar logicamente e a organizar pensamentos em frases, e o lado direito, a sentir emoções e a
ler sinais não verbais. Temos um “cérebro reptiliano” que nos permite agir instintivamente e
tomar decisões de sobrevivência, e um “cérebro mamífero”, que nos guia em direção a
conexões e relacionamentos.
Ao conhecer a complexidade do funcionamento de nosso cérebro percebemos que uma
parte lida com a memória e outra lida com as decisões, sejam elas racionais e até irracionais,
isso explica como agimos em situações diversas.

Para vivermos uma vida equilibrada, significativa e criativa, repleta de


relacionamentos conectados, é fundamental que nossos dois hemisférios funcionem
juntos. A própria arquitetura do cérebro é projetada dessa forma. Por exemplo, o
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corpo caloso é um feixe de fibras que percorre o centro do cérebro, conectando o


hemisfério direito com o esquerdo. A comunicação que ocorre entre ambos é
conduzida através dessas fibras, permitindo que os dois hemisférios trabalhem como
uma equipe – que é exatamente o que queremos para nossos filhos. Queremos que se
tornem horizontalmente integrados, para que os dois lados de seu cérebro possam
agir em harmonia. Dessa forma, nossos filhos valorizam tanto a lógica quanto as
emoções. Serão equilibrados e capazes de compreender a si mesmos e o mundo de
modo geral. (SIEGEL, Daniel, BRYSON, Tina Payne, 2015, p.41)

Para funcionar em harmonia são necessários treinos para auxiliar o uso dos dois
hemisférios do cérebro e assim alcançar equilíbrio entre a razão e a emoção.
A neurociência tem vasto estudo que pode auxiliar o professor em aprofundamento
nessa questão. Não aprofundaremos, por não se tratar do assunto central do trabalho, porém
conhecer minimamente traz benefícios na prática.
Segundo Gottman (1997) grande parte dos resultados positivos que se tem com
crianças, em idade compatível com a fase de alfabetização, que são inteligentes e tem preparo
emocional se deve a uma característica chamada “alta tonicidade do vago”, que é um nervo
que fica no cérebro e fornece impulsos para funções da parte superior do corpo, entre elas o
ritmo cardíaco, respiração e digestão. Crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental I com
alta tonicidade do vago reagem e se recuperam bem de estresses emocionais, elas poderiam
passar por diversos problemas, voltar à aula, se concentrar e aprender normalmente. Já as
crianças com “baixa tonicidade do vago” poderiam se confundir diante uma situação de
estresse e teriam mais dificuldade em voltar à aula normal.

O nervo vago é responsável por muitas funções do ramo “parassimpático” do


sistema nervoso autônomo. Enquanto o ramo “simpático” acelera funções como o
ritmo cardíaco e a respiração quando o indivíduo está sob tensão, o ramo
parassimpático age como regulador, freando estas funções, impedindo que o corpo
acelere demais. (Gottman, 1997, p.39).

Gottman (1997), ainda nos mostra que “a capacidade de reagir e se recuperar do


estresse pode ser muito útil à criança durante a infância e pela vida afora. Essa capacidade é
uma dimensão da Inteligência Emocional que lhe permite focalizar a atenção e concentrar-se
no trabalho escolar. O professor deve conhecer essas questões, pois irá se deparar com alunos
que trazem de suas casas inúmeras situações que estarão fora de seu alcance de resolução,
porém se o ele tiver a sensibilidade de estimular a Inteligência Emocional de seus alunos, ou
ao menos resolver uma situação utilizando sua Inteligência Emocional, o processo de
aprendizagem será mais produtivo.
A criança desde a mais tenra idade se não aprender a lidar com seus sentimentos e
emoções poderá se tornar um adolescente e um adulto com problemas de relacionamento,
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para isso o professor com a ajuda da família pode encontrar as melhores formas de abordar
situações de crise. O professor não será o “salvador”, mas com o contato diário pode auxiliar
e fazer os encaminhamentos necessários para manter a saúde emocional de seu aluno. Siegel e
Bryson (2015), apresentam várias formas de lidar com as emoções, são atitudes que nós
professores já estamos familiarizados, porém nem sempre são utilizadas.

Outra tarefa importante – e difícil – para os pequenos é manterem-se no controle de


si mesmos. Assim, precisamos dar-lhes habilidades que os ajudem a tomar boas
decisões quando estiverem incomodados. Use técnicas com as quais você já esteja
familiarizado: ensine-os a respirar fundo ou contar até dez. Ajude-os a expressar
seus sentimentos. Deixe-os bater os pés com força no chão ou socar uma almofada.
Você também pode ensinar-lhes o que ocorre em seus cérebros quando sentem estar
perdendo o controle. Mesmo crianças pequenas têm capacidade de parar e pensar em
vez de machucar alguém. (Siegel e Bryson, 2015, p. 90).

Atualmente ouvimos falar abertamente sobre empatia, segundo o dicionário Michaelis


Online se trata da habilidade de imaginar-se no lugar de outra pessoa, é a compreensão dos
sentimentos, desejos, ideias e ações de outrem, qualquer ato de envolvimento emocional em
relação a uma pessoa, a um grupo e a uma cultura, a capacidade de interpretar padrões não
verbais de comunicação e também é pode ser o sentimento que objetos externos provocam em
uma pessoa. Ao estagiar e nas diversas situações vivenciadas no decorrer dos anos
trabalhados na área da Educação foi possível perceber que a empatia é fundamental no
processo de aprendizagem. Ela em alguns professores é um sentimento nato, porém pode ser
adquirida com vontade e treino. Muitas crianças são educadas em famílias que dificilmente
dão importância aos sentimentos delas, e muitos professores também pensam assim conforme
falado anteriormente, quantos de nós fomos educados em famílias assim, para ter sucesso o
professor tem de treinar a empatia diariamente.
Valle (2013), na matéria de Metodologia da Alfabetização, afirma que para ser
alfabetizador, é fundamental reconhecer que a aprendizagem da leitura e da escrita tem uma
função social e cultural, o principal elemento ao conversar com a criança é o “falar COM ela”
e não “falar PARA ela”. Isso é uso da inteligência emocional, o professor deve interagir
disposto a ouvir a criança, e seguindo os preceitos de Vygotsky lembrar que “o homem é um
ser social e histórico. Transforma o meio e é por ele transformado”.
Para aprofundar um pouco mais o conceito de Inteligência Emocional fizemos um
paralelo com o conceito geral e como podemos aplicá-la com as crianças.
Segundo Goleman (2012), Peter Salovey e John Mayer, psicólogos da universidade
Yale, propuseram uma definição elaborada de inteligência emocional em cinco aptidões:
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1. Conhecer as Próprias Emoções (Autoconsciência), que é reconhecer as emoções


quando ocorrem, ter consciência de suas próprias emoções pode facilitar a tomada
de decisões e pode auxiliar no processo criativo;
2. Lidar com as Emoções, ter capacidade de se controlar, de confortar-se é deixar de
lutar com sentimentos como ansiedade e desespero e se recuperar mais
rapidamente de situações de estresse, é uma aptidão que se desenvolve com a
autoconsciência, podemos;
3. Motivar-se quando colocamos nossas emoções a serviço de um sonho passamos a
ser mais produtivos e concentrados nos resultados que buscamos, é fundamental
ter sempre alerta a necessidade de ter autocontrole emocional para poder
desenvolver a criatividade;
4. Reconhecer Emoções nos Outros, que é a empatia tão enfatizada neste trabalho,
devemos aprender a escutar as emoções dos outros, esse autor salienta que pessoas
empáticas têm sucesso no campo assistencial, no ensino, que é nossa área
profissional, nas vendas e na administração;
5. Lidar com Relacionamentos, ou seja, lidar com as emoções dos outros e o ato de se
relacionar de forma saudável com as pessoas, bons líderes que sabem respeitar as
emoções dos seus liderados se dão bem em qualquer objetivo a que se propõem.
Goleman (2012), ainda mostra que crianças que não têm problemas cognitivos e que
não foram estimuladas nas aptidões emocionais acima, tem grande chance de terem algum
tipo de problema escolar, inclusive de autoestima. Caso os pais não tenham condições de
trabalhar tais aptidões, por não terem sido estimulados também, o professor, principalmente o
que trabalha em educação infantil, pode contribuir trabalhando até de forma sutil as seguintes
aptidões essenciais no processo de aprendizagem:
1. Confiança, ter controle e domínio do corpo, seu comportamento em sociedade e
levar sempre a criança a lidar com o fracasso de forma positiva é essencial para
desenvolver a inteligência emocional;
2. Curiosidade, estimular a curiosidade em aprender nas crianças e mostrar que
descobrir é positivo e prazeroso;
3. Intencionalidade, desejo de exploração, persistência leva à competência e a
eficiência;
4. Autocontrole, conforme os estágios do desenvolvimento apresentados por Piaget e
Vygostky adquirimos, quanto professores, ferramentas que nos ajudam a contribuir
no processo da criança em treinar o autocontrole;
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5. Relacionamento, capacidade de entrosar-se com os demais tão trabalhada na


educação infantil, é o ato de compreender e ser compreendido;
6. Capacidade de comunicar-se, a criança desde o nascimento aprende a se
comunicar, mas o professor deve estimular a troca de ideias, o partilhar
sentimentos e concepções com os colegas, essa aptidão está muito ligada à
confiança e o prazer de estar na escola.
7. Cooperatividade, a cooperação está presente em todas as etapas de nossa vida, já
dizia o poeta “nenhum homem é uma ilha”, é necessário harmonizar suas
necessidades com as necessidades do grupo em que se convive.
Essas aptidões se bem trabalhadas na Educação Infantil e se seus pais tiverem
condições de reformá-las, o professor terá grandes chances de obter sucesso no processo de
aprendizagem.
Segundo os pesquisadores da GROP – Grupo de Pesquisa e Orientação
Psicopedagógica (2016), a Inteligência Emocional é um dos aspectos importantes de uma
pessoa. Possuir Inteligência Emocional favorece as relações com os demais e consigo mesmo,
melhora a aprendizagem, facilita a resolução de problemas e favorece o bem-estar pessoal e
social. Esse grupo facilitou o trabalho dos pais e professores apresentando em sua obra um
material que facilita a compreensão acerca do desenvolvimento da Inteligência Emocional
para crianças, para isso apresentou um conjunto de competências emocionais parecido com o
citado anteriormente, porém aplicado diretamente para crianças.
Os pesquisadores propõem adequar as aptidões em cinco competências emocionais:
1. Consciência emocional é estar consciente de suas emoções e das emoções dos
colegas, é ter capacidade de perceber, identificar e dar nome aos seus sentimentos
e dos colegas;
2. Adequação emocional, controlar as emoções, a adequação emocional é essencial
na interação com os outros, é saber ouvir, não se precipitar praticar a tolerância, ter
estratégias para resolver conflitos;
3. Autonomia emocional, gerar em si emoções apropriadas para o momento,
autoestima e atitude positiva diante da vida e das responsabilidades, é a capacidade
para analisar criticamente as normas sociais e buscar ajuda e recursos, enfrentar
situações adversas, é ela que abre caminho para a empatia;
4. Habilidades emocionais, manter bom relacionamento com os outros é ser assertivo,
ter empatia, saber escutar, intervir positivamente sobre os problemas, solucioná-
los, avaliar soluções, tomar decisões, saber negociar, essas habilidades podem ser
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aprendidas o que facilita a prevenção, identificação, comunicação e resolução dos


problemas;
5. Habilidades para a vida e o bem-estar emocional, comportamento apropriado para
o momento e responsabilidade que levam à organizar a vida de forma sadia e
equilibrada, o bem-estar aparece quando se experimenta emoções positivas, são
recursos que quando adquiridos ajudam as pessoas a estarem preparadas para
enfrentar os imprevistos do dia a dia, são pequenas mudanças que se realizadas
constantemente representam mudanças notáveis no futuro;
A tarefa de adquirir Inteligência Emocional não é fácil, é necessário muito treinamento
na prática, uma “bronca”, por exemplo, não é suficiente para afirmar que se está trabalhando a
Inteligência Emocional, é necessário investir tempo e esforço, é necessário estar disposto a
fazer a pergunta adequada no momento certo.

O tempo que os pais e os educadores profissionais dedicarem a ajudar as crianças


para que administrem melhor as emoções, será bem empregado. É uma tarefa que
vale a pena e que compensará no futuro. (GROUP, 2016, p.9).

Ter a consciência de que formamos, quanto professores, o ser humano como um todo
é tarefa que envolve responsabilidade e comprometimento, não são todos os profissionais que
estão dispostos a assumir na íntegra essa missão. Segundo Valle (2013) na matéria de
Metodologia da Alfabetização, a tarefa de alfabetizar, no contexto histórico em que vivemos,
ultrapassou a fronteira dos livros e dos cadernos, é necessário entrar na vida real, e a vida real
está cheia de mazelas e situações que muitas vezes são diferentes da realidade do professor, é
necessário entrar na vida da criança, é colocar em sua vida letras, sons, ideias, mensagens,
sonhos e esperanças. E a autora nos mostra que quanto alfabetizadores devemos ajudar cada
criança que passa em nosso caminho a ser sujeito da sua própria história e tornar sua realidade
cada vez melhor.
No primeiro semestre de 2018 no 6º Congresso Brasileiro de Saúde Mental foi
apresentado por uma equipe de enfermeiras e uma psicóloga o projeto de elaboração de uma
cartilha para estímulo à inteligência emocional infantil. O material apresentado pelos
profissionais mostra que as emoções têm papel determinante na manifestação da
racionalidade, e da importância de gerenciar e os benefícios que se tem na utilização das
funções cognitivas, principalmente na infância, justamente o que trabalhamos neste artigo.
A utilização e elaboração dessa cartilha, citada no 6º Congresso Brasileiro de Saúde
Mental que seria utilizada como recurso didático que incentiva o autogerenciamento das
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emoções de forma lúdica para ajudá-las a desenvolver-se integralmente como pessoas, tendo
como público-alvo educadores para realização das mesmas junto à crianças preferencialmente
com idade entre 6 e 8 anos, foi para análise, porém com as mudanças no governo não sabemos
se o trabalho terá aceitação.

1.2. POR QUE TRABALHAR AS EMOÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O ser humano em desenvolvimento vai-se envolvendo em novas experiências e


interagindo com os diferentes elementos que constituem o seu espaço relacional e os sistemas
emocionais vão-se constituindo e criando novas ligações com outros sistemas, como o
cognitivo ou o linguístico.
O conhecimento das emoções pode auxiliar o Educador relativamente às crianças,
proporcionando-lhe uma maior perceção sobre a personalidade de cada uma e, naturalmente,
qual a melhor maneira de interagir com elas, “(…) pois é compreendendo o que se está a
sentir e o que os outros estão a sentir que se pode gerir os relacionamentos” (Franco, 2009, p.
134).
Almeida atribui à afetividade um papel marcante no desenvolvimento do ser
humano, afirmando que “a afetividade manifesta-se primitivamente no comportamento, nos
gestos expressivos da criança” (1999, p. 42). Este papel será significativo ao longo de toda a
vida do ser humano.
Os autores Gottman & DeClaire (1999, p. 202), referem a importância da relação da
escola com as emoções infantis, pois através da escola em contato com o grupo de colegas e
professores que é estimulado o sentir e assim sucessivamente despertar os significados
emocionais.

“(…) Nas relações com o seu grupo de colegas as crianças têm todas as
oportunidades para desenvolver as suas capacidades de controlo de emoções. É
nessa situação que elas aprendem a comunicar com clareza, a trocar informação e a
esclarecer as suas mensagens se estas não forem compreendidas.Começam a saber
ser compreensivos em relação aos seus sentimentos, aos desejos e anseios das outras
pessoas.”

Considerando a relação entre emoção e aprendizagem, e tendo em conta que os


Educadores e as crianças são suscetíveis a reações emocionais, é necessário entender que, na
sala de atividades, deve-se necessariamente trabalhar com a compreensão e o conhecimento
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das emoções, além do conhecimento científico, pois ambos são importantes para o
desenvolvimento da personalidade.( Postic,1990)
A relação educativa deve ser encarada como um conjunto de relações sociais que se
vinculam entre o Educando e o Educador, não devendo, nunca, ser abandonada a dimensão
afetiva (Postic, 1990). Por outras palavras, o autor destaca que o educador tem suma
importância na relação emocional,pois através dessa relação é promovido o desenvolvimento
do educando. como ele destaca abaixo;

“O educador deve ser alguém que permite o desenvolvimento de relações de


confiança e de prazer através de atenção, gestos, palavras e atitudes. Deve ser
alguém que estabeleça limites claros e seguros que permitam à criança sentir-se
protegida de decisões e escolhas para as quais ela ainda não tem suficiente
maturidade, mas que ao mesmo tempo permitam o desenvolvimento da autonomia e
autoconfiança sempre que possível. Deve ser alguém verbalmente estimulante, com
capacidade de empatia e de responsividade, promovendo a linguagem da criança
através de interacções recíprocas e o seu desenvolvimento” (Portugal, 1998, p. 198).

O papel dos responsáveis pelo desenvolvimento das emoções é considerado de


grande importância, visto que estes respondem às emoções das crianças e são modelos para elas
(Zahn-Waxler, Klimes-Dougan e Kendziorra, 1998).
Cardeira (2012) em seu embasamento ressalta que:

"A emoção está presente antes mesmo da capacidade de nomeação do sentimento


nas crianças . A partir do momento que ela consegue nomeá-los desenvolve-se a
habilidade de reconhecimento das emoções e sentimentos próprios e dos outros.
Sendo assim, podemos observar a importância de fornecer subsídios para que estas
crianças consigam desde pequenas desenvolver tais habilidades que as auxiliaram na
construção da sua personalidade e na empatia para com os demais, tornando-os
indivíduos preparados não apenas de forma intelectual, mas também, afetiva.”

Quanto à questão dos sentimentos da criança no meio social escolar, Rubinstein (1978,
p. 552) afirma que a vida emocional na escola pode ser muito significativa e cheia de nuances,
mas isto quando “a educação favorece este desenvolvimento.” Assim, o autor ressalta a
importância de nos atentarmos a educação como promotora do desenvolvimento infantil na
direção de possibilitar às crianças experiências, ensinos e vivências que as desenvolvam em sua
totalidade cognitivo-afetiva, situação desenvolvente que procuramos criar durante o processo de
intervenção realizado com os sujeitos da pesquisa.
A partir desta perspectiva (Almeida, 1999, p. 12) aduz:
"A premissa do desenvolvimento cognitivo das crianças é compreender as emoções
como condição necessária para o desenvolvimento da existência de seres humanos,
porque "as emoções devem ser entendidas como conectando a vida orgânica com o
20

Espírito. Sendo um elo necessário para entender as pessoas como uma existência
completa "
(Bok et al. (2008) apontou e complementa o pensamento que o desempenho
emocional é Refere-se à própria linguagem interior de uma pessoa, que expressa suas respostas
a situações externas por meio de uma resposta forte e rápida.

1.3. A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO AFETIVA DO PROFESSOR COM O


ALUNO

A palavra afetividade presume estar junto, onde o termo se refere à capacidade do ser
humano ser afetado positiva ou negativamente tanto por sensações internas como externas.
Para Alencar apud Ranghetti (2002, p.88), afetividade.

é composta de prefixo latino affectivus (que exprime desejo),pela vogal i, e de


sufixo latino dade (ação, resultado de ação, qualidade, estado). Por sua vez, a
palavra affectivus é formada pela partícula advérbio fácere. A partícula ad
assimilado em af é indicativa de proximidade e intensidade. E o verbo fazer (facere)
tem significado de ação de alguém junto a outra [...].

De acordo com o dicionário Aurélio On-Line, o termo afetividade refere se a um


substantivo feminino relativo ao “Conjunto dos fenômenos afetivos (tendências, emoções,
sentimentos, paixões etc.) e, ou, força constituída por esses fenômenos, no íntimo de um
caráter individual.”
Arribas e Cols. (2006, p.45-46), conceituam a afetividade, como:

o termo afetividade provém de estar afetado. A afetividade refere-se, portanto, ao


fato de que em todas as situações vitais conscientes o ser humano tem o testemunho
de sua própria vivência interna com respeito à ressonância e ao grau em que esta
situação influi sobre ele, que o afeta. (ARRIBA, 2006, p.45-46).

Diante disso, a afetividade é condição essencial diante do relacionamento do homem


com o mundo, até mesmo nas relações humanas mais complexas ela é elemento primordial na
realização comportamental de um indivíduo.
Como destaca Engelmann (1978,p.130,131)

[...] parece mais adequado entender o afetivo como uma qualidade das relações
humanas e das experiências que elas evocam (...).São as relações sociais, com efeito,
as que marcam a vida humana, conferindo ao conjunto da realidade que forma seu
contexto (coisas, lugares, situações, etc.) um sentido afetivo.
21

Dessa forma o afeto é uma importante ferramenta no auxílio do professor, sendo


desenvolvido em sala de aula para alcançar a atenção do aluno, certamente por provocar no
educando uma boa receptiva, em querer aprender e ao mesmo tempo tornar-se participativo.
Nessa perspectiva Saltini (2008, p.12) menciona em seus pensamentos que:

“Inicialmente, educar seria, então, conduzir ou criar condições para que, na


interação, na adaptação da criança de zero até seis anos, fosse possível desenvolver
as estruturas da inteligência necessárias ao estabelecimento de uma relação lógico-
afetiva com o mundo.”

A vista disso, o afeto é um ato essencial para a relações humanas, sendo extremamente
eficaz para reforçar potencialidades podendo ser entendido como a energia necessária para
que a estrutura cognitiva passe a operar. Além disso, o afeto estimula a velocidade com que se
constrói o conhecimento, pois, quando as pessoas se sentem seguras, aprendem com mais
facilidade (DAVIS et al, 1994).
Segundo Ranghetti (2002, p.87),

Sentir e viver a afetividade na educação, [...], suscita que nosso eu adentre a sala de
aula, inteiro, para desvelar, descobrir e sentir as manifestações presentes nas
interações, relações e reações que os sujeitos estabelecem/manifestam na ação de
educar. É ampliar o olhar e a escuta na tentativa de captar da expressão/comunicação
destes seres o revelar do seu eu, sua inquietude, dificuldade e possibilidade que
expressa na ação de aprender e de ensinar. Uma ação consciente, partilhada e
envolvente, visto que os sujeitos devem se apresentar inteiros para que esta ação seja
significativa e com sentido à sua existência.

Já para Vygotsky (2001 apud SILVA, 2008), a afetividade desempenha um papel de


grande relevância na vida humana destacando:

[...] o papel da afetividade na configuração da consciência só pode ser examinado


por meio da conexão dialética estabelecida com as demais funções. Nessa conexão,
o repertório cultural, as inúmeras experiências e interações com outras pessoas
representam fatores imprescindíveis para a compreensão dos processos envolvidos.
Por esse prisma, o sujeito (de acordo com a psicologia histórico-cultural) é produto
do desenvolvimento de processos físicos e mentais, cognitivos e afetivos, internos
(história anterior do indivíduo) e externos (situações sociais). (VYGOTSKY apud
SILVA, 2008, p. 136).

Para Giovanetti, (2017), O professor afetuoso é aquele que reflete sobre seus atos
fundando-se na abordagem que a criança faz da realidade, visando suas competências
fundamentais, funcionais e afetivas, trabalhando com eles de forma zelosa assim como
evidenciando seus valores, para uma melhor aprendizagem.
No processo de ensino e de aprendizagem um dos fatores que permeiam em constante
movimento são as formas de relacionamentos existentes entre professor e aluno.
22

Segundo Piaget apud Vasconcellos (2009, p.64), o autor destaca que:

A vida afetiva e a vida cognitiva são inseparáveis, embora distintas. Elas são
inseparáveis porque qualquer troca com o meio supõe simultaneamente uma
estruturação e uma valorização [...]. É por este motivo que é impossível pensar,
mesmo em matemáticas puras, sem experimentar alguns sentimentos, e que,
inversamente, não existem fenômenos afetivos sem um mínimo de compreensão ou
de discriminação.

Piletti e Rossato (2018, p.104), indicam em seus estudos o papel da escola no


desenvolvimento humano, principalmente na fase infantil, “na medida em que a mesma
representa um grande momento na vida do educando, passando a ser o centro de suas
relações, rotinas e aprendizagens, perpassando todo o seu cotidiano, de maneira a influir
sobre a sua personalidade”.
Os autores apontam Pilleti e Rossato (2018), que o papel do professor é fundamental
no Ensino Infantil bem como no cotidiano escolar e isso reflete em toda a sociedade, pois ele
é o agente ativo na formação de um cidadão, onde é preciso lembrar que a escola é um lugar
que deve ser propício para as transformações, pois, nela o cuidado com as crianças pode ser
ampliado ganhando novos sentidos, já que é o local onde a criança dará sequência ao seu
processo de socialização.
Conforme Wallon (1995 apud Cunha, 2020), a criança possui grande interesse pelo
ambiente em que vive, no qual influencia diretamente no seu desenvolvimento, o que gera
questionamentos sobre os fenômenos que a cercam. É por meio dessa curiosidade, que ela
desenvolve cada vez mais a capacidade de agir, observar e explorar tudo o que encontra ao
seu redor. Por isso, necessita de orientações, para ter uma aprendizagem significativa, que
contribua para o seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, psicomotor e social, tendo um
desenvolvimento integral de acordo com suas necessidades.
Segundo Wallon (1995), no âmbito escolar a afetividade e a inteligência estão
profundamente interligadas diante da construção do pensamento, contudo a afetividade vem
em primeiro, já que o aluno aprende mais rápido aquilo que se gosta.
SALTINI (2008, p.100) expõem que, “essa relação de afetividade do professor com o
aluno é o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento.” O autor ainda complementa:

“Neste caso, o educador serve de continente para a criança. Poderíamos dizer,


portanto, que o continente é o espaço onde podemos depositar nossas pequenas
construções e onde elas são acolhidas e valorizadas, tal qual um útero acolhe um
embrião. A criança deseja e necessita ser amada, aceita, acolhida e ouvida para que
possa despertar para a vida da curiosidade e do aprendizado.” (SALTINI, 2008,
p.100) .
23

Diante disso a afetividade é uma ferramenta fundamental para as práticas


pedagógicas, pois é através dela que poderá ser desenvolvido um ensino de forma eficiente.
Visto que o afeto tem a capacidade de auxiliar na criatividade e na imaginação da criança,
auxiliando na sua evolução da criatividade tal como em seus próprios pensamentos e
sentimentos.
Como relata Giovanetti em seus estudos:

A afetividade que é responsável pelos coloridos de nossa vida psíquica e


consequentemente pela tonalidade de nossa existência. A vida sem os afetos seria
igual para todos, sem a sensibilidade afetiva o mundo perderia todo o colorido e o
senso dramático que caracteriza nossas ações e projetos. (GIOVANETTI, 2017, p.
48).

A vista disso a afetividade está relacionada diretamente com o psicológico e o


emocional das pessoas, por isso que quando algo não está bem, com a criança ou adolescente,
isso acaba refletindo diretamente no seu aprendizado, pois os sentimentos envolvem toda a
estrutura do indivíduo, e quando a criança não é cercada de afeto ela acaba não se sentindo
motivada a explorar o mundo a ter curiosidade o que prejudica diretamente seu processo de
aprendizado (GIOVANETTI, 2017).
Assim a afetividade exerce a função fundamental na formação da criança, sendo que
as mesmas que recebem afeto no ambiente escolar têm mais possibilidade de aprimorar seu
desenvolvimento intelectual de maneira correta. Este processo torna-se mais essencial na
etapa da Educação Infantil, devido a criança estar saindo do ambiente familiar para o âmbito
escolar, como aduz Santos (2016), em seu estudo:

[...] afetividade é essencial para o sucesso da aprendizagem no ambiente educacional


e social, pois estimula a criança na capacidade de desenvolver as habilidades
voltadas para o conhecer, aprender e o conviver em sociedade. São os vínculos que a
criança estabelece que produz o seu bem estar pessoal e social e, assim, a motivação
para buscar novas aprendizagens. Neste sentido, a ausência da afetividade em um
contexto educativo, poderá ocasionar prejuízos incalculáveis no desenvolvimento
cognitivo da criança visto que o desenvolvimento da aprendizagem é único,
particular e contínuo. (SANTOS, 2016, p. 16).

De acordo com Silva (2017, p.48), onde o mesmo destaca que “a história das crianças
com dificuldades de aprendizagem se limita a criança com desordem no desenvolvimento da
linguagem, da fala, da escrita e das intenções sociais”.
Diante disso, ao ingressar na escola, a criança está passando por adaptações que
requerem muito cuidado e atenção do educador, onde o mesmo deve manter sempre uma
relação de afeto e amizade com a criança, já que é através da interação afetiva, do aluno com
24

o professor e com seus colegas de classe, que ocorre a troca de informações através do
diálogo, em que o aluno vai se desenvolver intelectualmente na interação das atividades.
(SILVA, 2017).
Nesse sentido a escola juntamente com os professores deve proporcionar um ambiente
agradável e de confiança, desde o início das aulas, na formação de turmas e no convívio da
rotina escolar, para melhor desenvolvimento da aprendizagem do educando Saltini (2008 p.
69) menciona que:

O educador não pode ser aquele que fala horas a fio a seus alunos, mas aquele que
estabelece uma relação e um diálogo íntimo com ele, bem como uma afetividade que
busca mobilizar sua energia interna. É aquele que acredita que o aluno tem essa
capacidade de gerar ideias e colocá-las ao serviço da sua própria vida.

Assim a afetividade é vista hoje como o ponto chave nas relações produtivas entre o
educador e o educando, já que quando o aluno sente-se motivado, seu comportamento muda
consideravelmente, além do seu interesse em aprender cada vez mais, levando-o a uma
melhor aprendizagem de tal forma que o estudante acaba tendo maior curiosidade por
algumas disciplinas e passa a gostar mais de determinados professores que o faz aprender com
mais entusiasmo o conteúdo. “O aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente
competente, pelas atitudes e métodos de motivação adotados pelo docente na sala de aula”
(SILVA; NAVARRO, 2012).
Com isso o educador atento ao aprendizado do seu aluno se sente movido a
estabelecer metas, desafios procurando estimulá-lo direcionando o seu aprendizado de forma
significativa. Neste processo de atenção por parte do professor o processo de avaliação que
acontece constantemente reforça no docente a necessidade de inovar sua prática, auxiliando o
aprendizado do aluno neste processo de ensino/aprendizagem, (SANTINI, 2008).
Em relação à disposição para aprender, Pereira e Gonçalves (2010, p.14) destacam a
importância de um professor afetivamente envolvido com seu educando complementando que
no ambiente escolar.

O professor tem que ser equilibrado emocionalmente, além de dar atenção ao aluno,
deve se aproximar, elogiar, saber ouvir e reconhecer seu valor, acreditando na sua
capacidade de aprender e de ser uma pessoa melhor. Essas ações favorecem a
afetividade no aluno. O professor proporciona segurança e respeito, na forma de
expressar seus sentimentos. O carinho e a atenção são parte da trajetória na
construção da aprendizagem mútua, sendo apenas o começo do caminho a ser
percorrido pelo aluno no período de escolarização. (PEREIRA e GONÇALVES,
2010, p.14)
25

Ranghetti (2002, p.89), destaca que a afetividade “[...] dá o brilho à relação


pedagógica, desencadeando o convívio da razão com a emoção num movimento com a vida,
do interior para o exterior do ser e vice-versa”.
Davis e Oliveira (1994, p.83-84) complementam:

As emoções estão presentes quando se busca conhecer, quando se estabelece


relações com objetos físicos, concepções de outros indivíduos. Afeto e cognição
constituem aspectos inseparáveis, presentes em qualquer atividade, embora em
proporções variáveis. A afetividade e a inteligência se estruturam nas ações e nas
ações dos indivíduos. O afeto pode, assim, ser entendido como uma energia
necessária para que a estrutura cognitiva passe a operar. E mais: ele influencia a
velocidade com que se constrói o conhecimento, pois quando as pessoas se sentem
seguras, aprendem com mais facilidade.

Rubem Alves (2000), colabora afirmando que o professor, que ensina com alegria, e
que ama sua profissão, não morre jamais, acrescentando que: “Ensinar é um exercício de
imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naquele cujos olhos aprenderam a ver o
mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais...” (ALVES, 2000
p.5) .
Portanto, quando a criança se sente segura no ambiente escolar suas habilidades serão
desenvolvidas. O professor deve sempre buscar instigá la, proporcionando sempre buscar o
bem estar para elas, onde o mesmo deve sempre procurar conhecer como é a realidade dos
seus educandos para que possa ser realizado novos métodos de aprendizado, e com isso
promover uma melhor compreensão do assunto abordado, contribuindo assim para um
aprendizado de qualidade no qual irá colaborar para a formação da criança, (SANTOS, 2016).

2. A PESQUISA

O tema desse trabalho já estava definido bem antes do início da graduação, porém para
a realização do mesmo foram elaboradas três etapas para seu desenvolvimento.
Na primeira etapa foram definidas as inquietações e assim foi possível definir os
objetivos gerais e específicos que nortearam a pesquisa teórica.
A segunda etapa foi a leitura e releitura das obras que instigaram a concretização dessa
pesquisa.
26

A terceira etapa consistiu na observação do estágio e das memórias e angústias que já


me perseguiram durante minha trajetória profissional.
O estágio foi realizado numa escola particular, onde pude observar a rotina das
professoras do 2º ano do Ensino Fundamental I, o estágio foi realizado no final do ano de
2018, onde as professoras estavam preparando as crianças para a festa de encerramento e para
ingressar na série seguinte. As professoras tiveram boa aceitação sobre o tema deste artigo,
elas concordaram que seria necessário que fosse incluído na grade curricular um momento
específico para se trabalhar a Inteligência Emocional e que isso seria saudável até mesmo para
elas.
A maior motivação para a pesquisa deste trabalho, não foi a experiência estudada, mas
sim minha experiência profissional com crianças de escolas da rede pública de ensino.
Atualmente existem poucas escolas de tempo integral da rede estadual, que possuem
em sua grade oficinas direcionadas às competências socioemocionais, nas atividades de
contraturno escolar, porém é pouco, toda a rede de ensino, seja ela pública ou privada deveria
investir na formação emocional das crianças.
Durante minha vida profissional na área da Educação como professora de Inglês, como
professora de Educação Infantil e gerente de um Centro de Crianças e Adolescentes na
Assistência Social da Prefeitura Municipal de São Paulo, sempre percebi a dificuldade que o
professor tem em controlar as próprias emoções, sabemos que se para um adulto é complicado
lidar com suas decisões e atitudes, para uma criança pode ser pior. Cuidar da saúde emocional
é prioridade quando se entra na vida pedagógica, durante uma conversa informal uma
professora, a mesma me afirmou que não precisava saber o que o aluno passava em casa, ou
o que ele estava sentindo para ensinar, tal afirmação é equivocada, Goleman (2012), através
de um estudo na década de 1980 tratou da alfabetização emocional em New Haven, periferia
dos Estados Unidos, e que apresentou resultados positivos ao trabalhar os sentimentos com
adolescentes que passavam por problemas graves em suas casas, não comiam adequadamente,
não conseguiam se concentrar nos estudos e tinham atitudes agressivas.

“Essa lição elementar de ligar um nome a um sentimento, e o sentimento a uma


expressão facial que combine com ele, parece tão óbvia que não precisa ser ensinada.
Contudo, pode servir como antídoto para lapsos surpreendentemente comuns de
alfabetização emocional. Os brigões do pátio de recreio. Lembrem-se, muitas vezes
atacam irados porque interpretam mal mensagens e expressões neutras tornando-as
hostis, e as meninas que contraem distúrbios de alimentação não distinguem raiva e
ansiedade de fome.” (Goleman, 2012, p.268 – 287)
27

Esse estudo que o autor cita pode ser perfeitamente colocado em prática. Sabemos que
os conteúdos a serem trabalhados durante o ano são muitos e que o professor fica “refém” de
prazos e metas estabelecidas pela coordenação e direção escolar, por isso a importância da
conscientização de toda a comunidade escolar em formar a criança em sua totalidade e não se
prender em detalhes e situações que podemos considerar supérfluas.
Comparando o estudo ao estágio que realizei na escola particular, a professora sempre
estava disposta a incentivar o sucesso das crianças, pude observar isso durante o ensaio de
uma dança, as crianças tinham o objetivo claro de se apresentar de forma satisfatória a seus
familiares e a professora os motivou a entenderem os passos da dança, a se divertirem, até
obter o resultado satisfatório, tudo isso em meio às cobranças da direção para que saísse tudo
perfeito, fato claramente a deixava incomodada, porém ela disse que se considerava uma
pessoa resiliente, que os prazos, metas, objetivos e cobranças não a deixavam desanimar, e
assim ela o fazia, dedicação e zelo por mais que as dificuldades aparecem. Ela se sentia
plenamente responsável pelo sucesso da turma e praticou a motivação, intencionalidade e
curiosidade.

2.1. METODOLOGIA

Este estudo fundamenta-se por meio de uma abordagem qualitativa, de caráter


exploratório, no qual visa elencar a inteligência emocional no processo de aprendizagem das
séries iniciais.
Segundo Silva e Menezes (2000), a pesquisa qualitativa é vista como uma relação
dinâmica entre a realidade e o sujeito do objeto analisado na qual estuda suas particularidades
e experiências individuais, isto é, um elo inseparável entre o mundo objetivo e a parcialidade
do sujeito na qual não pode ser retratado em números.
De acordo com Turato, (2005), o método de pesquisa qualitativo busca trabalhar com
valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões, sendo essencial para entender o
contexto de onde algum fenômeno ocorre.
Já a pesquisa de caráter exploratório tem por objetivo apurar hipóteses, legitimar
instrumentos e possibilitar a familiaridade com o campo de estudo, sendo uma a pesquisa de
estudo mais amplo, cujo tema foi pouco explorado, podendo também ser empregada em
estudos iniciais para se alcançar uma visão geral a respeito de determinado fato, assim a
pesquisa exploratória tem como função preencher as lacunas que costumam aparecer em um
estudo, sendo, também denominada de estudo exploratório. (GIL, 2010).
28

O procedimento de coleta de dados será feito através de um levantamento


bibliográfico, com alguns autores que abordam o tema do referido trabalho.
Segundo Fonseca, (2002, p. 32), “a pesquisa bibliográfica é feita a partir do
levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e
eletrônicos”.

3. RESULTADOS

Saber nomear os sentimentos, expor o que se está sentindo e ajudar a criança a ser
autoconfiante é tarefa árdua, porém existem muitos professores que estão dispostos a
enfrentar esse desafio, e isso foi o que tornou esse trabalho prazeroso.
São poucos os estudiosos que se preocupam com a Inteligência Emocional, no Brasil o
tema ainda é novo, apenas alguns psicólogos dedicam seu tempo a ele, são poucos os
trabalhos e dissertações que tratam da Inteligência Emocional e mesmo assim são
direcionadas apenas à parte exclusivamente da Psicologia.
29

Durante as pesquisas foi possível perceber que Portugal e outros países da Europa tem
uma grande preocupação com a Inteligência Emocional na Educação e está instigando os
estudantes da área a se aprofundarem sobre o tema, encontrei várias dissertações sobre o
tema. Os Estados Unidos têm investido há tempos na Inteligência Emocional principalmente
nas empresas.
Não podemos cair na descrença de que temos uma educação falida e simplesmente não
fazer nada, existem muitos professores que mesmo ganhando pouco fazem muita diferença na
vida das crianças, e não de forma doutrinadora, mas de forma que as fazem ser plenos
cidadãos e que sabem pensar por si mesmos. Muitos professores têm medo de entrar na
questão emocional e não saber como lidar com o que as crianças podem trazer à tona, essa
preocupação é válida, afinal não somos psicólogos, mas podemos fazer encaminhamentos e
auxiliar dentro de nossas limitações sem adentrar outra área como a da psicologia.
Nosso cérebro é bastante flexível e conforme citado na fundamentação teórica somos
seres inacabados, estamos em constante aprendizado, por isso nunca é tarde para buscarmos
desenvolver essas aptidões e ter sucesso em sala de aula. Assim, temos que tomar cuidado
para não romantizar o tema e assim banalizá-lo, já que ao tratar as emoções, com seriedade, e
respeitar o ser humano a que lhe foi confiado em sua totalidade, o professor vai contribuir
para sua formação integral tão enfatizada na fundamentação teórica.
Assim, conforme elencado no trabalho foi possível compreender através do
embasamento teórico que os sentimentos e as emoções quando inseridos no currículo e nas
práticas educativas como conteúdos escolares, proporcionam aos professores e alunos uma
consciência maior de seus próprios sentimentos, emoções e valores.
Onde o papel do professor é fundamental no Ensino Infantil bem como no cotidiano
escolar e isso reflete em toda a sociedade, pois ele é o agente ativo na formação de um
cidadão, onde é preciso lembrar que a escola é um lugar que deve ser propício para as
transformações, pois, nela o cuidado com as crianças pode ser ampliado ganhando novos
sentidos, já que é o local onde a criança dará sequência ao seu processo de socialização.
Para tanto, conforme visto no decorrer deste estudo o professor precisa ter um olhar
sensível, afetuoso e voltado à realidade de seu aluno, fazê-lo motivado e disposto a fazer parte
deste movimento de ensinar e de aprender. Pois, normalmente, pessoas envolvidas
afetivamente e entusiasmadas, se dedicam com comprometimento, responsabilidade e querem
e fazem a diferença em sala de aula, proporcionando que o verdadeiro aprender e aprender
aconteça de forma consistente.
30

Assim, nos resultados desta pesquisa foi possível afirmar que os pressupostos iniciais
foram correspondidos no tocante à necessidade de aprofundamento no tema e na necessidade
em desenvolver cada vez mais a Inteligência Emocional das crianças e dos professores e
profissionais da educação.

4. POSICIONAMENTO CRÍTICO EM RELAÇÃO AO TEMA

Diante de tudo que foi abordado no decorrer deste estudo, foi possível compreender
que o tema: A inteligência emocional no processo de aprendizagem das séries iniciais,
propicia, um papel muito importante, pois, a inteligência emocional é essencial no processo
de ensino e aprendizagem da criança, definindo e compreendendo como ela se caracteriza,
explicando a necessidade da criança em aprender e a lidar com as próprias emoções.
31

Assim, as emoções exercem um papel fundamental na adaptação social dos seres


humanos, já que os mesmos tendem a ter um comportamento de sociabilização, atraindo seus
pares com afinidades e objetivos em comum. Logo, a dificuldade em dominar as próprias
emoções prejudicaria esta capacidade natural, ocasionando falta de adequação e dificuldades
em manter um comportamento inteligente mediante circunstâncias adversas.
Ao analisar a importância que a inteligência emocional exerce no processo de ensino e
aprendizagem da criança, percebe-se o quão relevante é trabalhar esta habilidade com os
alunos, pois os mesmos desenvolvem autonomia para buscar estratégias eficazes na
construção do conhecimento, reconhecendo não apenas suas limitações, mas aceitando-as e
consequentemente desenvolvendo a empatia, o que é essencial para a interação social e o
cooperativismo, que juntos trazem bons resultados tanto cognitivos quanto emocionais.
Dessa maneira, em todas as fases da vida humana as relações e os sentimentos
envolvidos dependem do tanto de significados que elas tiveram, se atuaram positivamente,
podem gerar alegrias assim como o estímulo necessário para uma melhor aprendizagem.
Ao pensar no ambiente escolar, pode-se compreender que, quando os educadores e os
alunos estão envolvidos emocional e afetivamente, as relações de ensino e de aprendizagem
começam a ocorrer de maneira mais harmônica e satisfatória. Ambos sentem-se pertencentes
ao processo de aprender e de ensinar. Não há quem somente ensina ou quem somente
aprende, há uma ação conjunta que proporciona cada vez mais interesse mútuo em aprender.
Dessa forma o professor assume um importante papel na vida de seus educandos, pois
é também por meio da sua mediação que os alunos aprendem a reconhecer as próprias
limitações e como elas interferem nas relações com outras pessoas, compreendendo assim que
há a necessidade de haver respeito pelo próximo. Consequentemente, o ambiente de educação
torna-se um local seguro, forte e emocionalmente saudável possibilitando assim formar
cidadãos melhores e conscientes de suas atitudes na sociedade atual.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ser professor nos dias atuais não tem sido tarefa fácil, pois sempre ouvimos que para
ser professor é necessário ter vocação, ter dom, como se só isso fosse necessário para exercer
a profissão. Muitas pessoas acham que somente o diploma as torna professoras.
32

O papel do professor vai além da vocação e do diploma, é necessário


comprometimento, planejamento, organização e autoavaliação constante de sua prática, é
estar aberto para mudar, para melhorar, o professor não é dono da verdade absoluta, ele
também erra e aprende a todo momento.
Espero que os professores assumam que podem desenvolver em seus alunos as
competências emocionais, assumam que são capazes de formar bons cidadãos, cidadãos
críticos que sabem pensar por si só, que dominam suas emoções e sentimentos com
maturidade.
Atualmente dói na alma ver disseminado nas redes sociais que professores são
doutrinadores. Cada vez mais a profissão vai sendo desvalorizada e a educação mais e mais
sucateada.
Que sejamos aquele professor inesquecível que motiva e conforta inconscientemente,
eu particularmente tenho uma lista de professores inesquecíveis.
Cortella (2001) expressou em sua coluna da Folha de São Paulo uma urgência da
época que se faz tão real nos dias de hoje.

Como insistia o inesquecível Paulo Freire, não se pode confundir esperança do


verbo esperançar com esperança do verbo esperar. Aliás, uma das coisas mais
perniciosas que temos nesse momento é o apodrecimento da esperança; em várias
situações as pessoas acham que não tem mais jeito, que não tem alternativa, que a
vida é assim mesmo... Violência? O que posso fazer? Espero que termine...
Desemprego? O que posso fazer? Espero que resolvam... Fome? O que posso fazer?
Espero que impeçam... Corrupção? O que posso fazer? Espero que liquidem... Isso
não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar
é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é
juntar-se com outros para fazer de outro modo. E, se há algo que Paulo Freire fez o
tempo todo, foi incendiar a nossa urgência de esperanças.” (Cortella, 2001, coluna
Equilíbrio Folha de São Paulo).

Onde o professor nunca perca a esperança, e que tal esperança seja sempre a do verbo
esperançar, essa que Cortella apresentou e que Paulo Freire nos ensinou, esperança que instiga
e nos faz seguir sempre em frente.
Que possamos como professores alfabetizadores, nunca deixar a esperança cessar,
morrer, acabar, que tenhamos forças para enfrentar os desafios e assim alcançar uma educação
de qualidade que o povo brasileiro merece. Que tenhamos orgulho em dizer, sou professor e
faço a diferença.
Quiçá o Brasil chegue ao nível dos países europeus que estimulam os professores a
trabalharem sua inteligência emocional e principalmente de seus alunos, que nossas crianças
tenham saúde emocional no futuro!
33

Muitos estudos ainda se fazem necessários, muito aprofundamento se faz urgente para
que os profissionais da área da educação, tenham em mente a importância em olhar a criança
em sua totalidade, que essa missão não fique apenas com os profissionais da saúde, que cuidar
do emocional seja preventivo, que possamos auxiliar as crianças que passam por nossa vida a
terem harmonia e equilíbrio para enfrentar os desafios a que passarem, e que esse trabalho
contribua para que no futuro possamos ver que os esforços valeram a pena e que isso tudo não
tem nada de doutrinador e sim formador.
A realização dessa pesquisa me fez querer aprofundar no campo neurológico e
psicopedagógico, que será meu próximo campo de estudo.

REFERÊNCIAS

ALZINA, Rafael Bisquerra et al. GRUP (Grup de Recerca en Orientación Psicopedagógica).


Atividades para o desenvolvimento da inteligência emocional nas crianças. 1ª Edição, 3ª
reimpressão. São Paulo: Ciranda Cultural, 2016.
ALMEIDA, A. R. S. (1999). A emoção na sala de aula. Campinas: Papirus.
ALVES, R. Alegria de ensinar. Campinas, SP: Papirus; Rubem Alves M.E., 2000.
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