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6 ROTAÇÃO, MOMENTO
ANGULAR E EQUILÍBRIO
ESTÁTICO
Esta unidade irá aprofundar o estudo do movimento de rotação. Para tanto será defi-
nido, inicialmente, o momento de inércia, capaz de substituir a massa nos cálculos
envolvendo esse tipo de movimento. Em seguida, será utilizado o momento linear,
grandeza associada a corpos em movimento de translação, para definir o momento
angular, ressaltando a sua conservação e a aplicação desse conceito na análise dos
movimentos de rotação.
Por fim, você verá que a aplicação de uma força é capaz de gerar um momento, cujo
módulo depende da força e da distância de aplicação em relação ao eixo de rotação.
De posse dessas grandezas, será possível definir as condições necessárias para que
um corpo adquira o equilíbrio estático, considerando a sua translação e rotação, bem
como, nesse contexto, será aplicado o conceito no entendimento de uma das primei-
ras e mais importantes máquinas simples desenvolvidas pelo homem: as alavancas.
Vamos lá?
INTRODUÇÃO
Você já viu uma bola de futebol chutada “com efeito”? Ela parece ter um comporta-
mento impossível, girando e fazendo uma curva que, muitas vezes, parece desafiar
nosso senso comum. O comportamento de uma bola, nessas condições, está longe
de ser “simples”: ele envolve a resistência do ar, as ranhuras da bola, a velocidade
aplicada pelo jogador e, até mesmo, a temperatura do ar. Seu movimento pode ser
considerado uma combinação dos movimentos de translação e rotação, e cada um
desses movimentos pode ser estudado em separado.
Bons estudos!
Define-se, para essa finalidade, o corpo rígido como sendo o conjunto de partículas
que se agrupam de tal maneira que a distância entre as partes que constituem o
corpo não se altere em relação a um referencial determinado. O corpo rígido pode
executar um movimento de rotação, de translação ou os dois, simultaneamente.
Quando um corpo rígido (ou, simplesmente, CR) gira em torno de um eixo, pode-se
determinar o seu movimento escolhendo um ponto P, pertencente ao corpo, e anali-
sar o seu movimento em relação ao eixo cartesiano considerado, cuja orientação será
mantida fixa (MARQUES, 2016). Como o corpo é rígido, pode-se descrever seu movi-
mento em função de um raio r (que será invariável) e de um ângulo θ, cuja variação
será acompanhada. Esse ângulo é a posição angular do corpo rígido e é representa-
da, no SI, por radiano (rad).
Diz-se que um corpo sofreu um deslocamento angular (∆θ quando sua posição
angular sofre uma variação em função do tempo, o que nos permite definir, entre
outras grandezas, a sua velocidade angular (𝜔).
v = 𝜔 .r Equação 1
Para sistematizar essa grandeza, observe o caso a seguir, que representa uma massa
m girando em torno de um eixo O, a uma distância d do mesmo.
I = m.d2 Equação 35
Resolução:
m = 200 g = 0,2 kg
d = 1,5 m
I = m.d2
I = 0,2.(1,5)2
I = 0,45 kg.m2
Para calcular o momento de inércia dos corpos rígidos mais complexos, deve-se consi-
derar que cada fragmento apresenta um momento de inércia próprio. Assim, por
exemplo, se fosse possível representá-lo como formado por três partículas, o momen-
to de inércia do corpo será a soma dos três momentos de inércia das partículas que
o compõem, ou seja:
IC = I1 + I2 + I3
Mas e se tiver uma distribuição contínua, de maneira que não seja possível individua-
lizar os fragmentos? Nesse caso, deve-se dividi-los em pedaços discretos, de massa
dm, e realizar uma operação de integração sobre todo o seu volume. Assim:
I = ∫ x 2 dm Equação 36
Você já deve ter reparado que uma bola, quando chutada em alta velocida-
de, pode apresentar uma trajetória completamente inesperada. O mesmo
fenômeno ocorre se a deixarmos cair de uma grande altura e dificulta
bastante a determinação do local de impacto. Esse fenômeno é conhecido
como Efeito Magnus, e deve seu nome ao físico e químico alemão Gustav
Magnus. Conforme observado por esse cientista, o movimento de rotação de
um corpo é alterado pela presença de um fluido (termo utilizado para indi-
car gases ou líquidos). A justificativa desse fenômeno envolve a diferença de
pressão observada em pontos dos fluidos sujeitos a diferentes velocidades e
conhecida como Princípio de Bernoulli. Assim, quando se chuta uma bola, o
ar arrastado por ela pode estar na mesma direção do seu movimento, geran-
do uma menor pressão (e uma maior velocidade), ao passo que o ar que se
movimenta em direção contrária apresenta maior pressão e menor veloci-
dade. O efeito resultante é a modificação da trajetória esperada, o chamado
de Efeito Magnus.
1 2 2
∑
∞
mi ri vi Equação 37
i =1
2
1 2
Como o produto ω se repete em todos os termos do somatório, pode-se reescrever
2
a expressão como:
1 2
Ec = Iω Equação 38
2
Onde a grandeza I é dada por:
I = ∑ i =1 mi di2
∞
Equação 39
Tem-se que observar que a equação apresentada permite calcular a energia cinética
de um corpo que tenha apenas o movimento de rotação. Será analisado, posterior-
mente, o que ocorre se o movimento de translação estiver associado ao de rotação.
Note que a expressão da energia cinética é análoga ao seu caso mais conhecido
mv 2
Ec = , sendo o momento de inércia análogo à massa. Se o corpo rígido estiver
2
em translação, seu momento de inércia e velocidade angular irão corresponder,
nessa ordem, à massa do corpo e à sua velocidade de translação, uma vez que, nesse
momento, todos os pontos apresentam a mesma velocidade.
Resolução:
m = 2,5 kg
𝜔 = 18 rad/s
d = 0,2 m
I = m.d 2 → I = 2, 5.0, 22 → I = 0,1kg .m 2
1 1
Ec = I ω 2 → Ec = .0,1.182 → Ec = 16, 2 J
2 2
1 2 1 2
Ec = mv + I ω Equação 41
2 2
Uma bola de boliche, de massa igual a 2,5 kg e raio 0,2 m, rola sem escor-
regamento ao longo de uma pista, girando com velocidade angular de 18
rad/s enquanto seu centro de massa se desloca a 20 m/s. Calcule sua energia
cinética total.
Resolução:
1 2 1
Ec = mv → Ec = 2, 5.202 → Ec = 500 J
2 2
EC = EC(rotação) + EC(translação)
Para resolver outras situações, nas quais isso não ocorre, recorre-se ao Teorema de
Steiner, também conhecido como Teorema dos Eixos Paralelos. Sua ideia é bastante
simples e permite calcular os momentos de inércia para quaisquer eixos de rotação
definidos. Se se sabe o momento de inércia (I) de um corpo em torno de um eixo
definido, seu momento de inércia em relação a outro eixo será dado pela expressão
abaixo (NUSSENZVEIG, 2013):
FIGURA 74 - EIXO PASSANDO PELO CENTRO DE MASSA (1) E EIXO PARALELO (2)
d
m
Resolução:
Repare que o momento de inércia de uma casca esférica é tabelado. Agora, veja os
cálculos quando é inserido um novo eixo:
I = ICM + m.x2
I = 0,50 + 3.(0,05)2
I = 0,5075 kg.m2
p = m.v Equação 43
L = I.𝜔 Equação 44
Sabe-se que:
I = m.r2 Equação 45
v
ω= Equação 46
r
mr 2 v
L= → L = mrv Equação 47
r
A unidade do momento angular será o produto das grandezas da equação apresen-
tada: kg.m2/s. Observe, na figura a seguir, a relação vetorial entre as grandezas envol-
vidas no movimento de rotação.
d=R
V= R s
O
P R
mv
r
O
mv
Resolução:
L=mrv
L = 2.(3,8).15
L = 114 kg.m2/s
L=mrvsen(θ) Equação 48
Suponha que uma patinadora gire, com os braços abertos, com um momen-
to de inércia equivalente a 4 kg.m2 em uma pista de gelo (despreze o atrito).
Sua velocidade angular, nessas condições, é de 3 rad/s. Ao fechar os braços,
seu momento de inércia é reduzido para 2,5 kg.m2. Qual será a sua velocida-
de angular nessa nova configuração?
Resolução:
𝜔final = 12/2,5
Ao abrir ou fechar uma porta, faça um experimento bastante simples: tente fazer esse
movimento aplicando força próximo às dobradiças e, depois, mantendo uma força
similar, repita o processo na posição mais distante, onde se localiza a maçaneta. Você
verá que, quanto mais distante do eixo de rotação, mais fácil será deslocar a porta.
O mesmo acontece quando ao trocar o pneu de um carro. Uma chave de rodas gran-
de facilita muito o trabalho de desapertar e, posteriormente, apertar os parafusos. A
grandeza física responsável por esses fenômenos é o momento da força, bastante
conhecida nos meios profissionais como torque.
De acordo com a Segunda Lei de Newton, tem-se uma relação direta entre força,
massa e aceleração, dada por:
F = ma Equação 51
Ao aplicar uma força em um corpo na mesma linha de seu centro de massa, ele
poderá se deslocar, realizando uma translação. No entanto, se essa força for aplicada
em outra direção, uma parte dela (paralela ao seu centro de massa) induzirá a rota-
ção do corpo e, dessa força, produzirá um momento. Pode-se calcular esse momento
através da seguinte equação:
M = F.d.sen(θ) Equação 52
15cm
Resolução:
M = F.d.sen(θ)
M = 200.(0,15).1
M = 30 N.m
A direção e o sentido do vetor torque (momento de uma força) podem ser determi-
nados pela regra da mão direita, conforme representado na figura a seguir:
Quando um corpo é rotacionado no sentido horário, seu torque é negativo. Por outro
lado, se for rotacionado no sentido anti-horário, seu torque será positivo. Os dedos
abertos da mão direita acompanham a força e o braço da força, ao passo que o dedão
dará o sentido do vetor torque.
O torque provoca uma aceleração angular (α) , cujo módulo pode ser determinado ao
introduzir as grandezas angulares na sua expressão.
Considere a seguinte situação, na qual uma partícula encontra-se presa por uma
barra muito fina, de massa desprezível e comprimento d, enquanto uma força F é
aplicada sobre ela (NUSSENZVEIG, 2013).
F = ma Equação 53
a = d.α Equação 54
F = md α Equação 55
M = F.d.sen(θ) Equação 56
M
F= Equação 57
dsen(θ )
Igualando as duas expressões para a força que analisamos anteriormente, tem-se:
M
= mdα Equação 58
dsen(θ )
Considerando o ângulo reto, e sen(90°) = 1, obtém-se:
M = md2 α Equação 59
M = I. α Equação 60
m
90º
Resolução:
M = F.d.sen(θ)
2
=M 80
= .0, 5 28, 3 N .m
2
A aceleração angular pode ser obtida pela seguinte relação:
M = I. α
1
I = md 2
3
1
I = 3.22 = 4kg .m 2
3
28, 3 = 4.α
α = 7,1rad / s 2
No estudo dos corpos em movimento, foi visto que a determinação de sua veloci-
dade, aceleração e posição é essencial para a descrição desses fenômenos de forma
satisfatória. No entanto, nem sempre o movimento ocorrerá. Quando o engenheiro
projeta um edifício, por exemplo, ele deseja que ele permaneça em repouso, em uma
situação de equilíbrio (HALLIDAY; RESNICK; KRANE, 2003).
Resolução:
Para que não ocorra rotação, o momento resultante sobre a barra deve ser
nulo. Note que a força F1 é capaz de produzir rotação no sentido anti-horário,
que, como convencionado, receberá um valor positivo, o mesmo ocorrendo
com F2. Assim:
M1 + M2 = 0
30.0,6.1 + F2.(1,4).1 = 0
F2 = - 12,86 N
F1
d2 d1
F2
M1 = M2 Equação 61
m1ga = m2gb
100.g.a = 5.g.b
100(10 – b) = 5.b
1000 – 100b = 5b
-105b = -1000
b = 9,52 m e a = 0,48 m
Arquimedes e as alavancas
CONCLUSÃO
Foram vistos, nesta unidade, diversos conceitos de grande importância para trabalhar
com o movimento de rotação dos corpos, como o momento de inércia, o momento
angular e o momento de uma força. No seu cotidiano profissional, diversos mecanis-
mos se aproveitam dessas grandezas, como o deslocamento de cargas em balanço
por guindastes ou as engrenagens, nas quais a transmissão de torque é utilizada para
potencializar o trabalho realizado.