---
:>-: ed. ex.01 --..
-
Registro:
Coordenação Editorial
Carla Milano Benc10wicz
..
Revisão
Eunice T amashiro
-
-
.
Dilair F. de Aguiar
Projeto Gráfico
..-
Lacy M. Tsukumo Andrade
.
Capa: Fachada principal do Teatro Municipal de São Paulo.
-..-
1984. Levantamento por fotogrametria rerrestre. executado
pela TerraFoto S.A. Atividades de Aerolevantamento, em
convênio com o Departamento do Patrimônio Histórico, da
Secretaria Municipal de Cultura, da Prefeitura do Município
de São Paulo.
-..
:-=
148
Ecletismo na Arquitetura Brasileira I organização Annateresa Fabris.
Nobel; Editora da Uníversidade de São Paulo: 1987.
ISBN 85-213-0473-0
São Paulo:
-....
.
-..-
1. Arquitetura História 2. Arquitetura moderna - Século 19 - Brasil 3. Arqui
tetura moderna Século 20 Brasil 4. Ecletismo em arquítetura 5. Ecletismo em
arquitetura _. Brasil L Fabris, Annateresa.
---
CDD-720.981
-720.9
87-0518 -724
1. Arquitetura
Índices para cauíiogo sisremático.
História 720.9
2 Brasil Ecletismo Arauitetura 19 720.981
---
---
3. Brasil Ecletismo " 20 720.981
4. Ecletismo
5. Século 19 Arquitetura B1',ISil 720.981
6. Século 20 Ecletismo :\rquitetm8 Bt'usil 720.981
-
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SUMARIO
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...
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~
7 Apresentação
Annateresa Fabris
....
8 Considerações sobre o Ecletismo na Europa
si • Luciano Patetta
•
g
9
f
176 Arquitetura eclética em Pernambuco
Geraldo Gomes da Silva
g S
gJ S 208 Arquitetura eclética no Ceará
José Liberal de Castro
"..
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é
"...
r 256
280
A fase historicista da arquitetura no Rio Grande do Sul
Günther Weimer
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!I!BJ NA EUROPA
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lI!II!B9
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...
...
...
...
(Milão, 1935)
...
..,
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...-
d
•111
-• ....
críticos levou a historiografia produção arquitetônica recente, a
Ecletismo na Europa ar qui tetônica a reavaliar, no final do historiografia não. podia renunciar a
século passado, o Barroco e, no atual, o recolocar em discussão também as
Neoclassicismo (sobre o qual pesavam velhas categorias e as velhas
ainda a censura da crítica romântica e classificações, isto é, aquelas que
•
amadurecem.
1) É realmente o Ecletismo -=
~
.......
........
.........
......
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..,
...
.íIIII 2
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-~Goudoin, ]. B. LepeTe, Colonne V endóme,
~ris ,1806.
;.-.
....
. . . .Vignon, A Madeleine, Paris 1806.
....
~8-18}O, Lilge 1842 (pro;elo de Ch.
"..-cier, 1786).
-
11
",..
....
democrático e renovador? A panir do
momento em que caíram por terra
com as pesquisas cognoscitivas que
aceitam, exatamente, essa
experiências criativas do passado,
baseadas, ao invés, no "buscar ex novo
. ..
411
iiJ
I
los revivals (e, particularmente, gentlemen, até os anos da Rainha projetistas profissionais era necessário
li
lo neogótico, isto é, do revival Vitória, do Segundo Império francês, que as escolas, as academias, 11
<1ais engajado, tanto como ideologia do colonialismo triunfante e da Belle preparassem um sistema de regras li
eligiosa quanto político-patriótica)? é poque. Pensemos na "estilização", razoáveis e concretas, de acordo com li!
•
.,.
im, se atribuirmos grande na simplificação dos elementos as atribuições exigidas pelo tempo,
mportância às premissas teóricas e aos arquitetônicos do passado, operações colocando a liberdade criadora em
que levaram as sutis complexidades de limites bem definidos. As severas
I!!I
bjetivos extradisciplinares; de outra
Jrma, as diferenças tornam-se mais proporção e de composição a cair em regras distributivas e tipológicas, o
randas (e inexistem se examinarmos as uma redução "moderna", que aproxima ritmo das estruturas modulares fixadas
mtes e os modelos adotados 3). arquitetos do século XVIII, como por J. N. Louis Durand (em seu
) E estes revivals coincidiam com a Robert e John Adams, John Soane, Precis des teçans d'architer:ture,
fi!
.Isca do assim chamado "estilo Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos Paris, 1801-1823), nas quais deviam r:
acional" que, na Itália, se expressou de meados do século XIX, como Henry se basear o decoro e a ornamentação (I!!Ii
ravés do neo-romântico ou do
:o-renascentista; na França e na
19laterra, do neogótico; na Alemanha,
) Rundbogenstil? 4. Pelo menos em
Irte, sim, principalmente se
Labrouste, Gottfried Semper e Edmund
Street. - Pensemos na concepção de
estilo como linguagem coletiva e sistema
universal de formas (aquelas do
universo greco-romano ou gótico) que
neoclássica, constituíram o. fundamento
da metodologia profissional por muito
tempo: na metade do século foram
adotadas pelo determinismo compositivo
dos engenheiros (que, posteriormente,
-
pr
..
."
nsiderarmos que, entre todas as transcende as singularidades e revestiam as estruturas metálicas dos
:Jtivações ideais, as que obtiveram individualidades expressivas (de fato, o edifícios com ornamentações neobarrocas '"
aio! consenso foram o patriotismo e a "traço estilístico" pessoal de cada ou neo-renascentistas), foram utilizadas
lsca das próprias raízes culturais. arquiteto se mostra cada vez menos também nos projetos neogóticos e
ria um erro, porém, concluir que evidente). - Pensemos na relação com guiaram, no final do século, os primeiros
se longo período da arquitetura o antigo, que começa com uma edifícios com vigas e pilastras em
lais de 150 anos!) tenha sido abordagem de cunho mítico: passa por cimento armado.
mogêneo e tenha tido um fases ideológicas e interpretativas,
senvolvímento linear; ao contrário, depois à adesão com total ortodoxia, Se considerarmos decisivos, portanto,
: apresenta diferentes manifestações, para diluir-se, finalmente, na prática os fatores estruturais e supra-estruturais
mo poucas outras no passado, e profissional corriqueira. -- Pensemos de todo o período, isto é, a consolidação
'eções divergentes (freqüentemente na convicção de que era possível do poder burguês, os rumos tomados
1traditórias), testemunhos de urna escolher entre elementos extraídos das pela civilização industrial, o ~
1stante inquietude intelectual, a antigüidades, concentrar o melbor deles, entrelaçamento, na cultura romântica,
~"
ponto de se mostrar como um iludindo-se de que esse "encontrar e dos ideais nacionais e de independência
-íodo fragmentário, mais condizente aplicar" pudesse comparar-se às com os problemas econômicos da ~
.:...
-
I
1_
J.....
produção em série, etc., parecem-nos
realmente desfacadas as tentativas de
classificar, rotular escolher> no seio
J
......
mas rebaixava a produção artística e
arquitetônica ao nível da moda e do
gosto .
......
...
"'4
. . . . . .C.
-
, DtÚy, MOllft Hilton'que! d'A"'hiJeCl Ure cf
de $culprure d 'Ornamem , Puni. 1869.
escritórios, nas bolsas, nos teatros e
nos bancos, que soube encontrar o tOm
exato de autocelebração nas estruturas
imponentes dos pavilhões das
~
- A. De Batldo/, Ponte Metólica, Proieto para
Exposições Universais (de Londres
a Exposição Universal de Paris, 1900. 1851 - e de Paris - 1867-78-79),
1)
- obtendo a aglutinação de todas as
expressões formais em torno do mito
do progresso : o Crystal Palace, a
Tour Eiffel, Les Calhies des Machines,
o Baile Excelsior os ro mances de
J
14
aos solenes edificios do Parlamento , construções (as colunas e as vígas) que,
~"C NEW NI\II UKJ". 'IISTOF.Y t" i5EU'·; dos Museus e dos Ministérios ; a dos de fato, deviam ser completamente
SOUTH KENSINGTON
pastiches compositivoJ que, com uma escondidas e revestidas por motivo de
maior margem de liberdade, "inventava" " decoro"; 5) os arquítetos (sobretudo
'1< '
'";;J soluções estilísticas historicamente na segunda metade do século) tentara m
·,i inadmissíveis e, às vezes , beirando o impor as razões da arte à progressiva
\". I mau gosto (mas que, muitas vezes, mecanização da era industrial : como
.~
.. •
li
estava distante do original, era algo
completamente diferente do modelo, a
tal pontO que se t ornou, nitidamente,
depois das primeiras teorizações do
Colhic Revival (A. W. Pugin, 1936'),
em Birmingham e Sheffield,
•
li
!li
I
um pro tótipo do século XIX; apesar
do grande cuidado no levantamento (ou
produziam~se objetos medievais em
série e, na França, fundava-se a
•
exatamente por isso, talvez), no querer· Societé cOiholique pour lo
•
li! li
" retificar H, anular as ~rregularidades ,
corrigir os presumíveis erros, os
fobricoiion la venie, lo conession de
J
•
•
•• 8
arquitetos historicistas produziram
sempre simulacros" (traíram o modelo
ff
--
• •
e a filologia (onde se fizeram grandes
progressos) cons tituíram um entrave
evidente, quase uma paralisação da
construçãD , e ao fato dos bispos
tenderem, então. a prescrever tal
estilo 7. Uma ou tra observação deve
criatividade: as numerosas escolhas ser feita : a produção industrial,
estil1sticas possíveis pareceriam encarada ainda no século XVIII como
deno tar uma época de grandes sim ples curiosidade intelectual.
liberdades, quase anárquicas; entretanto, explodira na metade do século XIX,
:..
...
.......-
...
...
...
...
8
A. WtJJel'house, Museu de História Natural,
X; 1878 .
16
-
....
Tornaram-se indispensáveis,
principalmente para a arqueologia'
greco-romana, relevos arquitetônicos
..
..,
...
...
~
.- ..... -;;-.. " -~r
importância 11. A atenção aos elementos
constru tores, aos materiais e às técnica s
levou, em pouco tempo, à descoberta
da arquite tura "menor", antecipando
...
~ um interesse nitidamente moderno. Os
relevos e as restituições gráficas de
• l edifícios g6ticos eram realizados com
urn a técnica muito avançada: as
111 li complexidades dos perfis e das
•s
-•. •
•
a
modinaturas medievais, ° recurso, na
construção , a soluções em diagonal
(agulhas, capelas, absides, pinácul os
das cated rai s) e a presença de
111
••
irregularidades métricas e an gulares
fizeram com que fosse m exatameute os
neog6ticos a aplicar, de forma difusa e
a
-.. 1
1
com grande prioridade, o método e os
procedimentos de geometria descritiva
.•- ••
•
• • 17
• •
•
--
século XIX tornou-se evidente,
portanto, que os historiadores da
arquitetura deveriam ter um a
competência no campo tecnol6gico e
uma familiaridade com as especificidades
da clisciplina e que era necessário
voltar-se também para a escultura e
pintura, iniciando estudos integrais, que
iam desde o monumento à decoração
e ao ambiente.
18
.....
~
11
].B.H. LAssus, Igreja SI. BaptiJte de Bellevilfe,
Paris. in Enciclopédia d'Architecture, 1864 .
realizado cientificamente , com rapidez e
com o uso de máquinas. O que
Rondelet 14 experimentara para as
grandes pontes (1 800-1817) era agora
..,
~
aplicado de forma difusa nas obras).
Prova disso são as igrejas francesas de
G. B. Antoine Lassus, E . Vi ollet le
I)
,,
,
12
ao esqueleto do edifício, ao cálculo e
li dimensionamento de vigas e colunas, de
•.. !I
acordo com critérios de Il;lodularidade
que, não necessariamente, se aplicavam
ao invólucro arquitetônico, para a
• !b cultura neog6tica a forma arquitetônlca
.. •
• I
IJ
podia ser esse ncialmente uma forma
es trutural. Além dis so, enq uanto era
• •
w. S/aur, 19reja ~m í tl"TO, 18J6. in difícil enCOntr ar afinidade entre os
Insuumenta Ecc!esiastic.a, 11, 1856.
•
elementos da s novas estrutura s da
14 engenharia e os elementos da arquitetura
L. A. Lussof1 e S. A. Boileau, 1grejq de
.. •
c1 ásslca, ta rDou-se logo evidente aos
Saif1t.Eugéne, Paris 1855.
neog6 ticos a coincidência formal entre
as es truturas metálicas e as modenaturas
dos edifícios góticos. Essa coincidência
..
pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente, um
substancialmente prático, o outro
rela ti vo às concepções de projetos . Ao
primeiro caso per tence ~ a igrej a de
Everton, de Thomas Rickman , os
é S modelos de igrejas pré-fabl"icadas em
.. I
li!!!!!!
s. Et~gene, de Louís-Auguste BoiJeau
e de S aint Augu still, de Victor Baltard
(1 830·60), todas realizações o nde, em
• 19
sua maioria, as ogivas e os cruzeiros 17
foram executados com vigas de ferro, E. M. Barry, Planta da casa "W' orsley Hall "
Lancashire, in The Builder, VIII , 1850.
explorando as possibilidades da
montagem; todas construções em que
as formas neogóticas eram realizadas
como em um meccano t,. Pertencem
ainda a esta "simbiose" de gótico e
construções metálicas quer a inserção
desenvol ta de balcões em gusa e ferro
no interior de igrejas neogóticas em
pedra , q\,ler a adoção (como no interior
do célebre Oxford Museum - 1859)
de séries de pequenas colunas metálicas,
finas e muito altas, totalmente estranhas,
em termos de proporção, às tradições
harmônicas . No segundo caso,
15/16
enquadram-se aquelas experiências R. Pareto, G. Sacheri, Baraustradas metálicas
avançadas de projeto que aspiravam, de para escadas, Elevador hidráulico Stigler,
modo mais ou menos explícito, à in Enciclopedia delle arti e dei mestieri, s.d.
superação do afastamento inevitável 16
20
problema da modernidade da Casa. A
incidência mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do século
XIX, na Inglaterra, sobre O tema da
casa de campo burguesa para uma
família, a country house. Depois de
] 840, desapareceu quase que por
completo, nesta produção, a tipologia
clássica da casa compacta, quadrada
e cúbka (inspirada no Renascimento
italiano e principalmente em
Paliadio) 15. Projetistas e clientes não
pretendiam, de fato, sacrHicar nada
da funcionalidade a regras ou
convenções formais. (Para um teódco
A inrerpretação da estrutura da catedral com j dobradiças;, góticos não só no como Pugin, sacrificar a funcionalidade
gótica como um ser orgânico levou perfil ogíval rebaixado, mas também ã forma era até mesmo imoral 19). Os
VioUet le Duc a descrever nos no detalhe em nós dos contrafortes 16 exemplos da arquitetura menor da
Entreliens (1863) o sistema de abóbadas (essas realizações são de 1870-1880). Idade Média, leiga ao invés da religiosa,
como uma esrrutura de painéis Resultados condusivos dessa o conjunto dos estilos que a geração
sustentado:;, por costelas; fazendo os: capacidade dos arquitetos repensarem de Williarn Morns e Phílip Webb
construtores ídentificá~la como uma o gótico foram as igrej;ts parisienses reconheda no Old Engtish (isto é, ()
estrutura com painéis de vidro de Notre Dame du Trqvail (1899), de g6tico do primeiro período, o Tudor.
sustentados por um esqueleto metálico. Louís Astruc, e de 51. Jean de Elisabctano) o Queen Ann) parecia
Alguns exemplos dessa assimilação Afonimarf.re (1894), de Anatole De apropdado aos novos ideais e
I<naturaI" das formas góticas sao: as Balldot, primeira igreja construída com exigências. Parecia coinddjr com os
estufas de John Claudius Loudon e de cimento armado, onde o material princípios de integridade, honestidade
Joseph J?axton, com cimbres metáHcas e arnficial pôde ser modelado através da e sinceridade construtivas, com a
vidro) cujas formas em concha, com variação da espessura entre partes de exígência de flexibiHdade compositiva c,
abóbada carenada, com quiJha "sustentação" e partes "sustentadas" . finalmente, com as características
inverüda, sao autênticos "moldes" dos exatamente como as abóbadas góticas, ambiemais inglesas, como tinham sido
volumes de sal do gótico inglês tardio; Das quais as nervuras e ús triângulos definidas por um séc:l1o de teorizações
as coberturas de ambientes amplos) (gomos) eram constru:ídos com o mesmo e exemplificações a respeito do
propostas por VloUet le Duc e Anatole material, porém" com resislência e PiUoresco.
De Baudot, modelando'(is nas abóbadas espessura diferentes. Adotando a
nervUfadas em estrela do gótico Essas casas inglesas não conseguiram
patente do engenheiro Cottandn, De
catalão rardio; ou em leque (de ínaugurar um novo estilo arquitetõnico,
Raudot construiu um ambiente novo e
Cambridge, \'qindsor e O:dord); os mas con-espondc.ram plenamente a um
jivremente concebido, górico, porém,
grandes arcos de ferro da estação novO estilo de 1Jida: prático mas
na concepção de um esqu~+~to de
londrina de St.," Puneras (73 metros de elegante, refinado mas intolerante
sustenração à vista e de estruturas que
vão livre) com perfis do arco ogival com vínculos irracionais, isto é,
dão ritmo ao espaço interno.
policêntrico (no caso, seis centros); os arrojado, mas principalmeme volrl1do
arcos da ~)'ala das Máquinas de Eofoquemos ag0ra :1 influência que para o conforto. O confoHo era o
Ferdinand Duten (ll5 merros de vão, teve a eulmrií medieval sobre o verdadeiro problema central desta
21
-
22
• • •• , • , "----.!.---!
com o foco perspectiva constituído por
um monumento, a acentuada
UJL1llJL!1 I 1I (, I1 11 I
geome rrização do espaço urbano {rodos
,flítttí,l,
<
j : U--...
paradas militares) mais ainda do que
na s realizações da época napoleônica
".J.1 ._, ,,.........
enconrraram sua concretização na Pads
5 do Barão Haussmann (1853-70), no
Ring de Viena (1859-80), na Berlim de
Bismarck (1870-80) e, embota de fotma
menos visrosa, também em Florença
) (1864), em Roma (1870), Bruxelas
» (1867- 71), Barcelona (o plano Cerdà
de 1859) e na Cid ade do México
(1860) . A ca racterís tica morfológica
) foi o iso lamento dos principais
,/ .....
) monumentos do passado (catedrais e
v.~,.: palácios) que deviam domin ar o espaço
) -o; . ..... ~.,
--
•
•
3
$
do Ecletismo concentrOU a atenção
na linguagem arquitetônica,
descuidando-se da s referências dessa
por exigência do tráfego e da higiene);
b) a determinação morfológica da
expansão urbana e, em particular, dos
Seja nos anos do Império (1805 -1815).
seja naqueles das cidades capitais
(1850-80). O urb anismo estabeleceu
• $ cuhura na evolução da cidade , nos novos bairros residenciai s burgueses, uma hiera rqu ia precisa da s estru(Uras
• I XIX desenvoJveram-se na mais o culto do eixo de sime tria, do sistema evidente a eonsistência da cidade
•
•
•
I)
perfeita simbiose. Tal corno a edificação,
também a cidade teve de acertar contas
com quantidades inéd itas, com urna
fechado realizado pelos muros de
co nsrrução coutínuos , ao longo dos
grands boulevords, as ruas retilíueas
como "o rga ni smo", devia ser
respeitada uma rigorosa graduação: a
emergência volumétrica e das
• I) 23
I
I
qualidades formais {ou estilísticas} vezes, as habit ações assumiam a forma
devia ser inversamente proporcio nal à torre, ou eram cobertas por cúpulas.
quantidade : do elemento mais Tanto nas casas não isoladas como nos
difundido, a casa comum de moradia, " palace tes", os estilos mais recorrentes
ao mais excepcional, a construção eram o Quatrocelltismo, o
monumental. Na reaLidade, a culrura Quinhentismo ou o pasliche barroco,
eclética não soube ater-se até o fim a mas, no fim , essas escol has estilísticas
estas regras, realizando uma ddade não que, tal vez, à época, tiveram um
livre de contradições, mas, talvez, e certo significado, são consideradas h.oje
exatamente por causa delas, muito viva sem impor tância. A cidade da segunda
e inte ressante. A desqualificação metade do século XIX parece ter
progressiva do centro urbano e dos realizado, apesar da presença da
bairros burgueses para as periferias linguagem polie~tilís tíca> a atual
devia ocorrer com uma simplificação " homogeneidade" e continuidade de
progressi va das escolhas arquitetônicas estilo que, no início do século, eram um
e estilisticas e dos materiais: às vezes, ideal neoclássico.
porém, realizações populares e
intensivas como as berUnenses Até mesmo os parques urbanos e os
Mietkasernen (casernas de aluguel) jardins, exigidos por questões de
mascaravam-se sob for ma de "grandes higiene como forma de corrigir a
edifícios" decorados retoricamente . A densidade excessiva de edifícios,
burguesia não soube renunciar a produzida pelo urbanismo, ,~ão, no
colocar nas fachadas das próprias casas, projeto, uma síntese eclética : do jardim
ao longo das ruas, as mesmas ordens barroco fra ncês e daquele típico de
arquitetônicas que deviam ser cada país. Pensemos no parque
reservadas aos edifícios públicos: parisiense de Buues·Chaumont, realizado
procurou, portanto, a monumental id ade. por]. A. Alphand (1867) e no Centrol
Mas co nseguiu apenas em parte: as Park, realizado por E. L. Olmstead em
colunas, os pilares, os frontões , os Nova I orque (1851-60) . O processo
pedes tais em bossagern, etc., adotados que o Movimento Moderno instituiu há
em toda parte, a proliferação do cinqüenta anos contra a cidade eclética
caráte r áulico acabavam por empobrecer do século XIX , hoje nos parece
sua potencialidade expressiva e tendencioso e in aceit ável. Os ataques
simbólica. As fachadas estilísticas contra a quadra do século XIX , contra
que se sucediam nas ruas anulavam-se a forma fechada em favor do
como peças intercambiávei s de um "loteamento aberto" > a abolição da
unicum homogêneo. As únicas opções "rua" tradicional e da "praça",
possíveis dentro de tanta uniformidade além do entrelaçamento das (unções
eram as soluções em esqu ina (pense mos vitais na cidade (surgid as, então , como
na diferente maneira de evidenciar reação aos excessos especulativos e às
esses mo tivos em Paris e Barcelona) altas densidades intensjvas) não são
e as cabeceiras das quadras voltadas hoje partilhados pelos ur banistas. A
para as praças circulares e poligonais 20
censura total daquela morfologia
E. Púovono: Villo Crespi, etn Crespi
do novo tecido urbano, onde, muitas . urbana que o Ecletismo retomara dos d'AJdo, 1907.
24
arquitetos antigos (e que reln terpretara
à luz de novas exigências) levou-os a
construir, com as grandes periferias, uma
cidade sem forma, uma ucidade sem
qualidade". A última expressão
qualificada, a última parte da cidade
de valor indiscutíve1 é aquela
; construída pela cultura eclética no
século passado e no primeiro decênio
) do nosso; não apenas estudá-la e
) partir novamente dela , para formular
novas hipóteses urbanas, mas também
j defendê-la das agressões da especulação
F ) imobiliária, é a tarefa da cultura
r ) atual dos arquitetos .
F)
F )
) 21
21
MagnocQfJQ//o, C.UQ no v;a Statuto em
Milõo, 191 4.
22
Cosa na Via BerlO1/i em Milão, 1913.
• j
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•..
)
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•.. 3
.• )
)
-.•. )
)
-"
as
3
as
.. ,
li
)
25
•
... ..
p~
Notas
..
3. PATETTA, L. op. dt. e também I Revivals in Architettura, in "11 Revival", ....
li
coord. por C. G. Argan, Milano 1974. ti
4. GERMANN, G. - Gothic Revival in Europe and Britaín: Sources, In/luences pll
and Ideas, London 1972; Pevsner, N. Some Architectural Wríters of Nineteenth ,.- li
Century, Oxford 1972.
5. Cf. Patetta, 1., cito 1975, Antologia de textos; Pevsner, N., op. dt.; Morris, W.
The Revival ofArchitecture, 1888; Hitchcock, H. R. Architecture: Nineteenth
and Twentieth Centuries, London 1958.
6. PUGIN, A. W. N. Contrasts: or a Paraltel between the Noble Edifices,
fi-
.
.- ...
f
.
..,.. .
e7
London 1836; e The True PrincipIes o/ Christian Archítecture, Oxford 1841. Para 5
o neogótico cf. também Eastlake, C. A History o/ Gothic Revival, London 1872;
Clark, K. The Gothic Revival: an Essay in the History o/ Taste, London 1962.
7. BENEVOLO, L. - Storía dell'Architettura Moderna, Bati 1960, p. 113.
8. Cf. Boito, C. - Ornamenti di Tutti gli Stilí, Milano 1880; Fergusson, J.
History of the Modem Styles of Architecture, London 1862; Melani, A.
Architettura del XIX Saolo, in "Manuale di Architettura", Milano 1899; Scott, G.
Architettura dell'Umanesimo, London 1914; e "Appendice", in Pevsner, N. op. cito
..
11
IIi
I
F
•
I
9. Refiro-me às obras de Bentham, J.; Milner, J.; Brítton, J.; Grose, F.; Hearne,
T., etc., cf. a bibliografia em Eastlake e em Clark, op. dt. Também na França I
foram publicados estudos do gênero, cf. Patetta, 1., op. de, 1975 e Petit, J. L.
Architectural Studies in France, London 1854; Vitet, L. Des Études Archéologiques
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en France, in "Revue des Deux Mondes", 15 August 1847. De Caumont, A. em IUI
1824 publica seus estudos sobre a Normandia.
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10. Sobre este tema apresentei a comunicação Il Gotico dei Goticisti come
Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia, em •
setembro de 1985, sob o titulo "11 Neogotico in Europa". Anais em impressão. li
11. Halfpenny, J.; Carter, J.; Atkinson, T. W. publicaram, entre 1790 e 1830, l
obras sobre os detalhes góticos levantados nas catedrais inglesas. Na França, são
A. De Laborde e AncÍsse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia I
medieval.
12. MONGE, G. Geometrie Descriptive, Leçam Donnés aux Écoles Normales •• ,
..
l'An III de la République, Paris 1798; as aplicações mais importantes e oportunas
foram ministradas na École Polytechnique.
13. Para os estudos de Hittorf, Kugler e também de Labrouste, H. cf. Recherches
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aux XVIII et XIX Siêcles sur la Polycromie de l'Architecture Grecque, in "Paris
"
Rome-Athénes", Paris 1982; Middleton, R. Perfeúone e Colore: la Policromia
nell'Architettura Francese dei 18." e 19. Secolo, in "Rassegna", 23, 1985.
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15. Cf. Hautecoeur, L. Histoire de I'Architecture Classique en France, V, Paris
1957; Hitchcock, H. R. Early Víctorian Architecture in Britain, New Haven 1954;
Summerson, J. Victorian Architecture, London 1970.
16. Cf. Patetta, L., cit., 1975; Germann, G., op. cit.; Collins, P. Chagíng IdeaIs in
.......,= Modern Architecture) London 1965; Schild, E. Dal Palazzo di Cristalto aI Palais
des Illusions, Firenze 1971.
17. DE BAUDOT, A. número monográfico da revista "Architecture
Mouvement-Continuité", n. 28, s.d.; De Baudot, L)Architecture le Passé, le Présent,
.........
Paris 1913; L'Architecture et le Béton Armé, Paris 1916; Cottancin, P .
Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Métallique) in "Bulletin de
l'Union Sindical e des Architects" 1895-96 .
19. PUGIN, A. W. N. - The True PrincipIes 01 Christian Architecture, Oxford
1841, p. 61. Cf. também Tachiaventi, L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica
dei Revivals) Bologna 1976 .
.., 20. GIROUARD, M. - The Victorian Country House, Oxford 1971. Cf. Scott,
G. G. Remarks on Secular and Domestic Architecture, Present and Future, London
1857; Dolman, F. T. Examples o/ Ancient Domestic Architecture, London 1858;
Hussey, C. English Country House, London 1958.
~
21. NARJOUX, F. - Paris: Monuments Éléves par la Vil/e, Paris 1880; Lameyre,
!!!!819 G. Haussmann, Pré/et de Paris, Paris 1958; Hegemann, \YJ. La Berlino di Pielra
(1930), Mílano 1975; Aymonino, c.; Fabbd, G.; Villa, A. Le Città Capitali del
~ XIX Secolo. Parigi e Vienna, Roma 1975. Cf. também Patetta, L. La
!!!!!!I!!t Monumentalità nell' Architettura Moderna, Milano 1982.
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