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INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E

ADMINISTRAÇÃO DE COIMBRA
COIMBRA BUSINESS SCHOOL

Cálculo Financeiro

Capítulo 1 – Operações de Capitalização e de Atualização

Licenciaturas em Gestão de Empresas e em Contabilidade e Gestão Pública

Ano letivo de 2015/16


 Ana Paula Quelhas
QUESTÕES PRÉVIAS
• Capital (C0), taxa de juro (i) e tempo (n) são
conceitos essenciais no âmbito do Cálculo
Financeiro.

• Ao longo do nosso estudo, vamos dedicar


particular atenção às operações financeiras e
à dimensão financeira do juro.

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JURO E TAXA DE JURO
• Não devemos confundir juro (J) e taxa de juro
(i).

• Enquanto o primeiro é uma grandeza absoluta,


a segunda é uma grandeza relativa, que resulta
do confronto entre o próprio juro e o montante
de capital considerado, isto é

J
i=
C0
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OPERAÇÕES DE CAPITALIZAÇÃO

• Como se processa a produção de juros?

• Depende do regime de capitalização


adotado:

Regime de juro simples (“puro” e “dito


simples”)
Regime de juro composto
Regime de capitalização contínua

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REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO SIMPLES
E COMPOSTO
• No regime de juro simples, o juro periódico
sai do processo de capitalização.

• No regime de juro composto, o juro


periódico permanece no processo de
capitalização, indo acrescer ao capital inicial
e produzindo os denominados “juros de
juros” (anatocismo).

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FÓRMULAS ESSENCIAIS (1)
• Em juro simples:

J k = C0  i
n

 J k = C0  n  i
k 1

Cn = C0 1  n  i 

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FÓRMULAS ESSENCIAIS (2)
• Em juro composto:

Cn = C0 1  i  n

 
n

J  C0 1  i   1
n
k
k 1

J k  C0 1  i   i
k 1

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REGIME DE CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA
(1)
• No regime de capitalização contínua, a
produção de juros ocorre k vezes ao longo de
cada um dos n períodos considerados.

• Retomando a expressão que nos permite


conhecer o capital acumulado e atendendo à
premissa definida no ponto anterior, teremos
nk
que  i
C n  C0 1  
 k
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REGIME DE CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA
(2)
• Se 1) considerarmos um período de capitalização
suficientemente pequeno de tal modo que k  + ∞ e 2)
atendermos às bases dos logaritmos neperianos,
demonstra-se que

k
 i
 1   = ei
 k

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REGIME DE CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA
(3)
• Substituindo na expressão anterior vem

Cn = C0  e ni
expressão que nos permite calcular o montante de
capital acumulado num processo de capitalização
contínua.

• À semelhança do que sucedia no regime de


capitalização composta, o juro total produzido em
capitalização contínua obtém-se através da diferença
entre Cn e C0.
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Discordância entre o período da
operação e o período da taxa
• É necessário que o período de duração da
operação esteja expresso na mesma unidade
de tempo que a do período a que a taxa de
juro se reporta.

• Quando tal não sucede, temos de determinar


um período de tempo equivalente ou uma
taxa equivalente (por ora, limitar-nos-emos a
considerar um período de tempo equivalente).
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NOVAS FÓRMULAS (1)
• Em juro simples, se a taxa for anual e o tempo
surgir expresso em meses, teremos (com n a
designar o número de meses):

i
J k = C0 
12

 n
k 1 J k = C0   i
12

n i 
Cn = C0 1  
 12 
12
NOVAS FÓRMULAS (2)
• Ainda em juro simples, se a taxa for anual e o
tempo surgir expresso em dias, teremos (com
n a designar o número de dias):

J k = C0  i
360

n n
 J k = C0  i
360
k 1

 n i 
C n = C 0 1  
 360 

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NOVAS FÓRMULAS (3)
• Em juro composto, se a taxa for anual e o
tempo surgir expresso em dias (com n a
identificar o número de dias), teremos:

Cn = C0 1  i 
n
360

• Ainda em juro composto, se a taxa for anual e o


tempo surgir expresso em meses (com n a
identificar o número de meses), teremos:

Cn = C0 1  i 
n
12

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TAXAS PERIÓDICAS VARIÁVEIS (1)

• Na eventualidade de a taxa periódica variar


durante o prazo da operação (situação, aliás,
com forte aderência em termos práticos), o
capital acumulado, em regime de juro
composto, obtém-se através da expressão:

n
Cn = C0  1  ik 
k 1

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TAXAS PERIÓDICAS VARIÁVEIS (2)
• A expressão anterior permite determinar a taxa
média de aplicação, que é a taxa constante que,
em termos médios, permite a obtenção do
mesmo montante acumulado, para o mesmo
prazo de aplicação.

• Teremos que
n

C0 1  i  = C0  1  ik 
n

k 1
1
n 
donde se retira que i =  1  ik   1
n

 k 1 
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DETERMINAÇÃO DO FATOR DE
CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA
• A determinação do fator de capitalização composta
(FCC), isto é, do valor pelo qual vamos multiplicar um
dado capital inicial por forma a obtermos o capital
acumulado, em regime de juro composto, pode
ocorrer através de uma das seguintes formas:

 Recurso a calculadoras
 Consulta das tabelas financeiras
 Através de interpolação linear

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TABELAS FINANCEIRAS
• São quadros de dupla entrada, onde, para
determinados valores de n e de i, se indica o
valor correspondente do fator de
capitalização composta.

• Não contemplam, porém, todos os valores


possíveis de n e de i.

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INTERPOLAÇÃO LINEAR (1)
• Destina-se a apurar o fator de capitalização
composta para valores de n e de i não
previstos nas tabelas.

• Em Cálculo Financeiro, a interpolação linear


traduz-se na aplicação de uma das seguintes
fórmulas:

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INTERPOLAÇÃO LINEAR (2)
y1  y0
yint.  y0   x  x0 
x1  x0

ou
x1  x0
xint.  x0    y  y0 
y1  y0

em que os pares (x0, y0) e (x1, y1) correspondem às


coordenadas dos pólos considerados.

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INTERPOLAÇÃO LINEAR (3)
• A interpolação conduz, porém, não a valores
exatos, mas sim a valores aproximados do valor
real, uma vez que se pressupõe que a função
exponencial tem um comportamento linear entre
os pólos.

• Não obstante, a interpolação linear revela-se uma


técnica bastante útil, que pode, inclusivamente,
ser aplicada a outro tipo de problemas.
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OPERAÇÕES DE ATUALIZAÇÃO OU
DESCONTO
• A atualização ou desconto consiste em determinar o
valor presente de um capital com vencimento em um
dado momento futuro, sendo que

Desconto = Cn – C0

• À semelhança da capitalização, também a atualização


pode ocorrer sob duas formas:
– Em regime de juro simples
– Em regime de juro composto
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DESCONTO EM REGIME DE JURO
SIMPLES
• Por sua vez, o desconto em regime de juro
simples pode assumir uma das seguintes
modalidades:

– Desconto por dentro (Dd) ou racional: o montante dos


juros é calculado sobre o valor atual do capital, isto é,
sobre C0.

– Desconto por fora (Df) ou comercial: o montante dos


juros é calculado sobre o valor que o capital assume
no seu vencimento, isto é, sobre Cn.

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FÓRMULAS ESSENCIAIS (1)
• No desconto por dentro:

Dd = C0 × n × i (1)

Cn
• Porém, como C0 = (2), podemos definir
1 + ni

Cn  n  i
Dd = (3)
1  ni

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FÓRMULAS ESSENCIAIS (2)
• No desconto por fora:

Df = Cn  n  i (4)

• Por sua vez, como Df = Cn – C0 (5), podemos


estabelecer que

C0 = Cn (1 – n × i ) (6)

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FÓRMULAS ESSENCIAIS (3)
• A expressão definida em (3) permite conhecer
o montante do desconto por dentro em
função do valor nominal do capital.

• A expressão definida em (6) permite calcular o


valor atual do capital (ou valor líquido) em
função do valor nominal da dívida.

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FÓRMULAS ESSENCIAIS (4)
• O valor de C0 obtido através de (2), uma vez
aplicado em regime de juro simples, durante n
períodos e à taxa de juro i, perfaz, exactamente, a
quantia correspondente ao valor nominal da
dívida, ou seja, a Cn.

• O valor de C0 obtido através de (6) só permitirá


perfazer, passados n períodos, uma quantia igual
a Cn, se for colocado a uma taxa de juro maior
que i.
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DESCONTO COMPOSTO (1)
• Corresponde ao inverso da capitalização em
regime de juro composto, logo:

C n = C 0 ( 1 + i )n 
 C0 = Cn ( 1 + i )-n (7)

• Por sua vez, como Dc = Cn – C0, vem que

Dc = Cn [ 1 - ( 1 + i )-n] (8)

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DESCONTO COMPOSTO (2)
• O valor obtido por intermédio de (7), uma vez
aplicado em regime de juro composto, à taxa
de juro i, durante n períodos, permite perfazer
o montante correspondente ao valor nominal
do capital, ou seja, a Cn.

• O desconto composto pode, ainda, ser


calculado à taxa de desconto d que equivale à
taxa de juro i.
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DESCONTO COMPOSTO (3)
i d
• Sendo d = , demonstra-se que i = .
1 i 1 d

• Por conseguinte, Dc = Cn [1 – (1 – d)t] .

• A expressão anterior equivale à que se


obteve em (8), conduzindo ambas ao mesmo
valor de Dc.

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