1. Introdução
Este trabalho aborda a revisitação às coleções Ticuna do Setor de Etnologia
e Etnografia do Museu Nacional, no ano de 2014, prevista no projeto Memórias
étnicas e museus etnográficos: uma releitura sobre o Setor de Etnologia do Museu
Nacional/UFRJ, coordenado pelo Prof. Dr. João Pacheco de Oliveira (PPGAS/Mu-
seu Nacional).
Dentre as muitas atividades do projeto foi prevista a vinda do, então, aluno
da graduação em Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e
indígena Ticuna, Salomão Inácio Clemente para auxiliar no levantamento docu-
mental e exegese dos objetos da coleção formada por João Pacheco de Oliveira
em 1981 para o Museu Nacional. Salomão também fez a interpretação dos dese-
nhos nos tururís presentes nessa coleção.
“[...] Na Amazônia, o líber (ou tapa) é conhecido sob a alcunha de tururi. É emprega-
do pelos indígenas na indumentária cotidiana e, sobretudo, a ritual de dança, para
fazer painéis decorativos para divisórias das malocas, escabelos, aventais pintados
masculinos, tipoias, saquinhos, etc.” (RIBEIRO, Berta G, 1988, p. 189)
“Jogos de força e das lutas por classificações, dos desvendamentos das muitas his-
tórias esquecidas e silenciadas, bem como da explicitação da individualidade dos
personagens e a multiplicidade de suas orientações, resgatando também emoções e
sentimentos (além de argumentos, estratégias e ideologias) ”. (OLIVEIRA, 2008, p.76)
“As flores, ave e macaco tem um significado positivo, na história Ticuna: significam
harmonia, prosperidade e conquista. Cada um desses animais tem sua função na
terra: o macaco tem função de proteger as flores, a ave de florescê-las, e as flores,
por sua vez, tem a função de trazer mais vida para a terra. “
5. Considerações Finais
Analisar o trabalho de revisitação das coleções Ticuna do Museu Nacional,
seis anos depois e após o incêndio de setembro de 2018, quando desses objetos
restaram os registros em trabalhos acadêmicos e arquivos digitais não é uma
tarefa fácil, mas importante para pensar as possibilidades de pesquisa e trabalho
com acervos etnográficos.
6. Bibliografia
APPADURAI, Arjun (Org.). A Vida Social das Coisas: As mercadorias sob uma
perspectiva cultural. Niterói (RJ): EdUFF, 2008.
FRANÇA, Bianca Luiza Freire de Castro. “Mil peças”: coleções Ticuna do Museu
Nacional no contexto da Antropologia (séculos XX - XXI). 2018. Dissertação
(mestrado) – Curso de Preservação de Acervos de Ciência e Tecnologia, PPACT,
Museu de Astronomia e Ciências Afins, Rio de Janeiro, 2018.
___________________________________; SANTOS, Rita de Cassia Melo. C. Trajetórias de
um tururí Ticuna: de itens de comércio a dispositivos de memória e identidade
étnicas. Acervo: Revista do Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, v. 31, p. 64-76,
2018. Disponível em:< http://revista.arquivonacional.gov.br/index.php/revistaa-
cervo/article/view/869>. Acesso em: 12/07/2020
__________________________________. Do comércio a Patrimônio Nacional: forma-
ção de uma coleção Ticuna no contexto da Antropologia brasileira (1979 - 1981).
2015. Monografia de Licenciatura em História - Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
__________________________________. Relações de Alteridade e Identidade nas cole-
ções museológicas: conhecendo a coleção Curt Nimuendajú/ Ticuna do Museu
Nacional da Quinta da Boa Vista. Raízes e Rumos, Rio de Janeiro, v. 1, p. 10 -17,
2013.
NASCIMENTO, Fátima Regina. A formação da coleção de indústria humana no
Museu Nacional, século XIX. 2009. (Tese Doutorado em Antropologia) - UFRJ,
Rio de Janeiro. 2009.
OLIVEIRA, João Pacheco de; SANTOS, Rita de Cássia Melo (Orgs.). De acervos
coloniais aos museus indígenas: formas de protagonismo e de construção
da ilusão museal. João Pessoa: Editora da UFPB, 2019. Disponível:< http://www.
editora.ufpb.br/sistema/press5/index.php/UFPB/catalog/book/597>. Acesso em:
12/07/2020