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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

CAPÍTULO I

PENSAMENTO GEOGRÁFICO

O que é a geografia?

Não tem sido fácil a sua definição, apesar de existir há muito tempo.
Vamos assim apresentar algumas definições dadas por alguns geógrafos de
modo a permitir a entender o que é de facto a geografia.
RICHARD MORIL afirma que a “Geografia deve conter pelo menos três
objectivos distintos:
Compreender as características próprias de um lugar ou região;
Descobrir a relação entre o homem e o seu meio;
Explicar sistematicamente os padrões de localização e interacção especial. Dai
que a geografia é uma ciência com uma história muito antiga, com um método
próprio para estudar um objecto próprio”.

O objecto do estudo da geografia

De uma forma geral pode se afirmar que o objecto da geografia é o espaço; esta
ciência estuda a localização e as relações especiais dos fenómenos; analiza as
relações entre o homem e o meio ambiente; é uma ciência da organização do
espaço.
A geografia estuda os aspectos físicos e humanos que a paisagem nos oferece.
Há séculos atrás a geografia apenas se preocupava em localizar e descrever as
paisagens, hoje, para além disso, interpreta-as e relaciona entre si os elementos
que fazem parte dela. De uma forma geral pode-se afirmar que o objecto da
geografia é o espaço terrestre; esta ciência estuda a localização e as relações
especiais dos fenómenos; analisa as relações entre o homem e o meio
ambiente. (pp. 10, 11 – Manual da 11ª classe).

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OS MÉTODOS DE ESTUDO DA GEOGRAFIA

Método – entende-se por vias ou caminhos que nos permite alcançar um fim
desejado (objectivo, alvo, meta).

Metodologia – entende-se por um conjunto de procedimentos e técnicas de


trabalho com vista a aplicá-los durante o processo de vários factos, fenómenos
processos, etc.

Procedimento Metodológico – entende-se por um conjunto de atitudes, formas


modos de aplicação prática de método, com o objecto de salvaguardar a
máxima eficácia para situação de ensino.
Antes até iniciar o estudo sobre os métodos de estudo e de investigação em
geografia, importa tecer alguns considerandos sobre o conceito método,
metodologia e procedimento metodológico.

Em geografia – sistema de ciência essencialmente de observação – seria mais


aconselhável levar os estudantes ao local para verificarem “in loco” o fenómeno,
objecto, aspecto ou acidente geográfico e depois explicar as suas
particularidades e determinar as suas inter conexões recíprocas. Por exemplo:
Observar um rio, para determinar a nascente, a margem esquerda e direita, o
caudal, o trabalho desse rio, a forma da foz, características do seu leito e das
suas águas, etc.
O processo de ensino-aprendizagem requer a aplicação constante de métodos
que se revelem mais eficazes, desde que facilitem a aprendizagem e a
compreensão da matéria.
O processo de apreensão prática e teórica de qualquer aspecto material
(categoria, mundo real) exige utilizar recursos de qualquer forma, caminho ou
via, o qual constitui objecto de estudo da metodologia.

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Disto resulta que em cada situação se deve tomar em linha contra as


especificidades da situação dada, de modo a seleccionar aqueles que melhor se
adeqúem a essa situação.
Para todas as ciências, a filosofia constitui a base metodológica, pois ela é a
única que estuda os aspectos mais gerais. Bem assim as leis mais gerais do
desenvolvimento. A filosofia pelo seu método constitui a base teórica que
encoraja o homem a enfrentar decididamente a natureza, transformando-a em
seu próprio benefício.
A visão dos fenómenos nas suas múltiplas relações e na sua constante
transformação, deve ser a essência ou núcleo da metodologia da geografia.
Porém, para a geografia o método específico centra-se na observação dos
diferentes fenómenos, aspectos e acidentes geográficos. (pp. 12 – 13).

Observação directa – é o método ideal pois permite uma excelente


aprendizagem uma vez que estabelece um contacto directo entre o observador e
a realidade que se pretende aprender.
Assim, as visitas de estudo, as saídas de campo e as excursões geográficas
definem-se como os caminhos chaves deste método.

Observação indirecta – é aquela que usamos frequentemente nas nossas


aulas, através de modelos e imagens reproduzidas, os mapas, globos,
fotografias, projecções, cinematográficas, as gravuras, os slides e outros
materiais ilustrativos, que permitem localizar e identificar, embora de uma forma
indirecta, os fenómenos geográficos.
Para além destes, outros métodos importantes no estudo de fenómenos e
acidentes geográficos existem, tais como:

 Método descritivo – método que se presta fundamentalmente para


identificar as principais características de evolução, variação e
distribuição de vários fenómenos físicos ou económico – geográficos no
tempo e no espaço.

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Via de regra, antes de proceder à análise quantitativa e qualitativa dos


fenómenos e aspectos, surge primeiro a necessidade de analisar
descritiva, ou seja, a análise das particularidades dos Londschaften.
Como por exemplo, numa região onde surgem árvores, estas têm uma
determinada altura, possuem uma inclinação para um determinado rumo, como
resultado da acção aerodinâmica dos ventos dominantes, das estações do ano,
da brisa marítima, se estiverem próximo do mar, da precipitação e sua
periodicidade, etc.

 Método cartográfico – é a forma de representar os resultados da


investigação geográfica mediante mapas, esquemas, diagramas,
desenhos, etc. Sem representação gráfica, é impossível um estudo de
problemas que estão relacionados com espaço, com o território.

Na actualidade, não é possível realizar qualquer projecto sem cartografia do


empreendimento, até na defesa já não é possível utilizar qualquer arma sem
mapa.

 Método comparativo geográfico – é através do qual é possível


estabelecer as diferenças e semelhanças entre dois ou mais fenómenos e
acidentes afins ou dum mesmo fenómeno e acidentes no espaço e no
tempo. Para além disso, a comparação pressupõe a procura da
explicação das causas.

 Método Estatístico – Matemático – baseia-se na análise dos dados


sobre o desenvolvimento das diversas actividades económicas e dos
seus ramos. Caracteriza as transformações quantitativas no decorrer do
tempo, durante um longo prazo.
Está muito ligado com o cartográfico já que permite construir diagramas, gramas
e tabelas.

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Ainda, utiliza-se na resolução dos problemas de localização das empresas,


aplica-se também no estudo das ligações de produção das empresas de vários
ramos.

Geografia é uma ciência vasta e complexa. Por isso torna-se difícil dar uma
definição simples e correcta, convêm primeiro referir alguns aspectos.

A geografia estuda a superfície da terra. Esta tem 510m/km2, ocupando os


continentes 29% e os oceanos 71%. Não estuda o interior da terra, o fundo dos
oceanos, ou a alta atmosfera. Só por eles se interessa na medida em que o seu
conhecimento permite interpretar melhor o que se passa à superfície terrestre.

A geografia estuda os fenómenos físicos, biológicos e humanos que tem


expressão à superfície da terra. Constituem um conjunto extremamente
complexo, pelas múltiplas interacções que se verificam entre eles. Interessam
sobre tudo as relações entre o ambiente e o homem.

A geografia estuda a distribuição espacial dos diversos fenómenos. Este aspecto


é fundamental, pois distingue-a das outras ciências que se ocupam dos mesmos
fenómenos.

A geografia é a ciência que estuda a organização espacial dos fenómenos


físicos e humanos a superfície da terra. É uma definição simples.

A geografia possui os seus métodos próprios e os seus métodos estatística –


tornou-se absolutamente necessária na investigação geográfica. Permite um
tratamento rigoroso dos dados colhidos. A utilização do computador está-se
generalizando na resolução de certos problemas.

Geografia é um instrumento importante para a compreensão do mundo.

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Geografia

 Uma ciência que se dedica ao estudo das relações entre a sociedade e a


natureza. E as mudanças realizadas nas sociedades estabelecendo
novos valores sociais, criando novos espaços geográficos.

 É a ciência que estuda a distribuição do físico biológicos e humanos


terrestre; as causas desta distribuição e as relações locais desses
fenómenos.

 É a ciência a organização dos espaços: local, municipal, regional,


mundial. As diferenças especiais de um lugar para outro; explicar essas
como resultado das acções conjuntas de factores naturais e humanos. O
seu objecto é o espaço.

 É a ciência que trata da descrição da terra considerada em si mesmo ou


relação aos outros corpos celestes.

 É o estudo da distribuição à superfície do globo dos fenómenos físicos,


biológicos e humanos e interpretação das causas dessa descrição e
interpretação da génese e evolução das formas físicas e origem humana
da superfície terrestre.

A geografia na antiguidade

A geografia é considerada por muito como Ciência de história muito antiga, facto
este relacionado com a dispersão do homem muito cedo na superfície terrestre
(Objecto de estudo da Geografia).

É com esta mobilidade do homem na Pré-história que se deram os primeiros


passos para o conhecimento de regiões diferentes.

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Vários objectos provam a presença do homem em praticamente todas as zonas


da terra, o que significa que atravessou barreiras naturais como montanhas, rios,
lagos, mares. Estes conhecimentos são provados por esqueletos, pinturas
rupestres, objectos trabalhados, identificados em muitos lugares do nosso
planeta.

Pouco a pouco estas viagens levaram o homem à tendência para o registo e


transmissão de conhecimentos.

A representação da superfície terrestre ocorreu pela primeira vez na Idade


média, através dos gregos.
Este feito apenas exprimiu as premissas da geografia, pois só no século XX, a
geografia passou da mera descrição à compreensão dos factos localizados.

A Geografia ocupou-se durante muito tempo coma localização e descrição dos


diversos lugares da superfície terrestre. Portanto, a preocupação era “o porque
das distribuições espaciais”, o que implica a questão “onde” prioritária era a
produção de um Mapa-mundo. Só mais tarde é que tentaram explicar “o que
existia” e “porque” da localização deste ou daquele aspecto.

Época Grega

Os gregos de Alexandria, consideraram Homero como o primeiro geógrafo. Os


poemas de Homero tiveram a sua contribuição pela exactidão das suas pinturas,
da vida marítima e das condições geográficas das regiões longínquas do que
pela beleza literária propriamente dita.

Foram os primeiros a sistematizar os conhecimentos geográficos. Fizeram


investigações extremamente importantes, que tem impacto ainda hoje na vida da

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humanidade, embora os egípcios e caldeus primitivos traçam cedo informações


relativamente às áreas circunvizinhas.

Um factores mais importantes que contribuiu decisivamente na antiguidade para


que os gregos detivessem a hegemonia, exercendo um papel de grande peso na
geografia, é a sua situação geográfica bastante privilegiada, pois que:

A Grécia localiza-se a Sul do continente europeu, no seu entroncamento com a


Ásia e África, e entre o mar mediterrâneo e o mar negro.
É o lugar de cruzamento de várias civilizações, europeia, africana e asiática.
O mar Mediterrâneo na época era considerado o encontro do mundo e mais
importante via de comunicação marítima. A partir deste mar os gregos
expandiam-se, política, militar e comercialmente, “descobrindo” desta forma o
mar negro, Mesopotâmia, o Golfo Pérsico e os territórios que se prolongavam
até a Índia.

Os principais périplos referem-se as mais antigas expedições feitas por Hanon


nos quais se descrevia a costa até a Senegal e a de Hamilção que a expedição
compreendeu a costa ocidental da Europa.

Estes documentos descreviam com pormenor os itinerários das expedições


comerciais entre os principais mercados.

Os périplos nunca chegaram até nós, e se os conhecemos deve-se as citações


ou extractos de autores como PITEAS, HERÓDOTO, ERATÓSTENES,
ESTRABÃO e outros.

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Figuras que se notaram na época grega

1. Anaximandro

Viveu entre 622-545 a.C., foi filósofo e astrónomo grego, e segundo ele, a Terra
tinha o formato de um cilindro; inventou um instrumento chamado Gnoma 1
Ele descobriu a obliquidade da elíptica, é considerado fundador da cartografia
por ter elaborado o primeiro mapa, e pensa-se me ter sido ele o primeiro a fazer
um mapa da terra.

2. Heródoto

Viveu entre 485-425 a. C., é o pai da História, foi o primeiro a ser intitulado de
Geógrafo, também foi o primeiro historiado que alargou o campo das crónicas
locais. Fez viagens para o Egipto, Trácia, da Fenícia até Babilónia e
Mesopotâmia; colheu informações sobre o Sahara, conheceu os rios Don,
Deniepre e Danúbio.

Ele representa a tendência descritiva da geografia, a que chamamos de


geografia regional.
Foi o primeiro a comprovar que o mar Cáspio era um lago e não um golfo.
Inicia-se com ele o pensamento determinista, segundo ele “a terras risonhas
produzem homens efeminados, não podendo por isso produzir frutos saborosos
e guerreiros gloriosos/valorosos” dando a entender assim que o meio em que
esses homens viviam condicionavam a vida deles até ao ponto de não terem
forças suficientes para sua actividade que requer muita energia. Aparecia assim
a relação MEIO AMBIENTE=HOMEM.

1
Instrumento que permite medir a altura do sol durante o seu movimento anual aparente.

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3. Piteas

Era astrónomo e matemático; viajou pela costa da Jutilândia, percorreu o mar


Báltico. O relato destas viagens foi mais tarde feito por Eratóstenes. Este repetiu
a exploração do PÉRIPLO de HIMIlCÃO.

4. Alexandre (o Magno)

A expedição de Alexandre Magno decorreu entre a 334-32 a.C. Mandou fazer


um cadastro do seu império, incluindo as vias de comunicação, mandou explorar
as comunicações com o mar Vermelho e o mar Negro, a costa que do rio Indo
ao Golfo Pérsico.

Toda a documentação da expedição de Alexandre foi guardada na Biblioteca de


Alexandria, dirigida um Século mais tarde por Eratóstenes.

5. Eratóstenes

Viveu entre 276-194 a. C. Considerado o primeiro Geógrafo. Estudou em


Alexandria e em Atenas, dirigiu a célebre Biblioteca de Alexandria, lugar que se
conservou até a morte.

Passou a procurar saber “onde”, sendo este facto uma inovação. Baseando-se
nos documentos de Alexandria elaborou uma construção geométrica do globo e
uma descrição da terra habitada.

Duas das suas obras conhecidas:


Memórias geográficas “procurou elaborar a cartografia da terra, tendo
considerado as posições astronómicas, direcções das rotas, medições dos
itinerários, informações fornecidas das expedições de Alexandre, périplo de
Piteas.

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Mapa-mundo de Eratóstenes.

Ele imaginou um sistema de localização através de uma grelha, composta de


linhas perpendiculares (7), linhas horizontais (7), que possibilitam a localização
exacta dos diferentes lugares. O mapa continha dois eixos perpendiculares que
se intersectavam em Rodes.

Um dos eixos tinha a direcção Norte e Sul, que era o Meridiano de referência,
passando por Rodes, Alexandria e Sena e outro tinha um sentido Oeste – Este,
constituindo o paralelo de referência, passando pelas colunas de Hércules
(Estreito de Gibraltar) Atenas e Rodes.
Em “Medição da Terra” Eratóstenes acreditava que a terra fosse esférica,
medindo o seu Perímetro, tendo os seus cálculos feito do seguinte modo:

Considerou o dia de Solstício 2 de verão, 21 ou 22 de Junho, quando o Sol está


no Zénite, em Siena, ao meio-dia, os raios solares mergulhem totalmente num
poço existente neste local. A mesma pára em Alexandria, a inclinação dos raios
solares era de 7 graus isto é, um 1/50. Este facto significava em latitude havia
uma diferença de 7o entre os dois lugares, Siena e Alexandria.

Os 7o correspondem a quinquagésima parte do grande círculo terrestre, isto é,


cinco mil estádios3.

Assim, cinco mil estádio x cinquenta partes da circunferência = 250000 estádios.


Quero dizer, o perímetro da circunferência era de 250000 estádios. Se um
estádio = 168 metros, então o perímetro era de 250000 x 168 = 42000 km. Este
valor era quase exacto, pois na verdade o perímetro da terra é de 40000 km.

2
São os momentos em que a duração dos dias é diferente dos da duração das noites.
3
São cerca de 185 metros.

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6. Poseidonios

Viveu no século II a.C., foi geógrafo historiador e filósofo. Estudou o fenómeno


das marés e a influência dos sizigias, criou uma teoria dos tremores de terra e
do vulcanismo, determinou o perímetro da terra (18000 estádios), mas os seus
cálculos foram mais errados que os de Eratóstenes.

7. Estrabão

Viveu no século I a.C., foi historiador e grande viajante, a sua geografia era
descritiva e regional.
Afirmou sobre a futura França que foi uma correspondência na relação rio-mar,
do mar interior e oceano sugerindo-lhe a ideia de um organismo equilibrado.
Um aspecto negativo foi de tornar a sério os mitos e ter aceite as ideias de
Piteas.

Preocupou-se coma diferenciação entre lugar, através das variações culturais.


Julga-se que os conhecimentos sobre os seus antecessores se devem ao
“Geografia” produzido por ele.

8. Cláudio Ptolomeu

Viveu entre 85-160 d.C., fez várias obras cujos temas estavam ligados a
astronomia, Matemática pura e Geografia. Foi último dos grandes geógrafos da
antiguidade. Uma das suas grandes Obras foi Geographike Syntaxis, traduzida
em Árabe com o título “Almagesto, aceite no Mundo inteiro (os marinheiros
portugueses conheceram através dele dados da astronomia para a navegação).

Aperfeiçoou o sistema de projecção de Hiparco, em que a rede cartográfica é


formada por meridianos concorrentes e por paralelos constituindo a prefiguração
da projecção cónica do que resultou o primeiro Atlas universal.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 12
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Fez uso da latitude e longitude para a localização doa lugares. O mundo


conhecido de Ptolomeu abrangia 180 o de longitude desde as ilhas Canárias até
a China Meridional e as Ilhas Hetiand ao Norte até os lagos do Nilo a Sul. Fez 6
mapas com detalhes e um mapa Mundi, como austrónomo considerou a Terra
como o centro do Universo (Teoria Geocêntrica).

Com a decadência do império romano, a Geografia foi sendo negligenciada e


decaiu bastante, sendo de considerar até que houve um recuo , voltando a
atingir níveis antigos.

9. Aristóteles

Foi o primeiro a aprovar que a terra é redonda, comprovando através da


projecção da sombra da terra na lua, durante os eclipses lunares.

Esta prova só muito mais tarde foi confirmada através dos satélites.

Época Romana

As contradições da sociedade grega originaram o seu declínio e submissão aos


romanos, grandes conquistadoras, o mundo passou a ser melhor conhecido.

As terras conquistadas e as conquistas eram cuidadosamente cartografadas


com o máximo de pormenores, pois isso era muito útil na área militar, tendo
contribuído para o conhecimento do interior da Europa.

Os generais, ao regressar das conquistas davam informações das áreas


arrebatadas como também relatavam a vida dos povos dominados.

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Figuras que se notaram na época romana

Hiparco

Viveu no séc. II a.C., considerado o maior astrónomo da antiguidade que fez o


seguinte:
Descobriu a processão dos equinócios.
Estudou a geometria da esfera
Inventou a projecção estereográfica para as cartas substituindo os sistema
ortográfico
Com base das coordenadas marcou a posição das primeiras cidades a
superfície terrestre.

Geografia na época medieval

Nesta época, a Europa estava dividida em muitos reinos o que dificultava a


circulação das pessoas devido as barreiras dos reinos.

Esta imobilidade teve reflexos na geografia; e um outro aspecto importante


aparece também a influenciar negativamente o desenvolvimento científico da
geografia: a religião e as explicações teológicas estavam acima da ciência; as
informações bíblicas, cosmológicas e geográficas e geográficas originaram
resposta alternativa as perguntas “onde”.

Os reis e a aristocracia feudal estavam comprometidos como a igreja. As


informações científicas eram depositadas nos mosteiros e o acesso a dados de
carácter científico só era permitido ao cidadão comum caso estivesse em
sintonia com os textos sagrados.
Afirma-se que a Geografia retrocedeu, as noções como as de que a terra era
plana e o centro do universo.

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A cidade de Jerusalém passou a ser conhecida como o centro do mundo; o


mapa-múndi tinha aspecto de um disco com o nome de T no O (Orbis Terranum)
ou como mapa de roda.

A Ásia ocupava a metade superior do O, como a Europa e África a preencherem


a metade inferior. O retrocesso da geografia teve efeitos também na cartografia,
apesar disso, houve alguns avanços como: as expedições ao Atlântico Norte
(Século VII, XIX e X) feitos pelos normandos, explorando o Atlântico Norte nos
referidos século, tendo durante essas viagens descoberto a Gronelândia; as
viagens de Marcopolo e das Monges franciscanos Carpine e Rebruck (Séc. XIII).

Marcopolo também teve um papel muito importante nesta época, onde viajou
para a Mongólia com uma recepção calorosa ao ser atribuído o cargo de uma
das primeiras província; O chefe supremo da Mongólia encarregou-lhe de
missões importantes no Tibete, China e Índia, saiu da Ásia menor a China, da
Mongólia a Índia através do Iraque, Irão, Turquistão, Gobi, planalto do Tibet.

Estas viagens foram descritas por ele num livro cujo título é “Livro das
Maravilhas”.
Os monges Carpine e Rubruck viajaram para Ásia com fins religiosos e
comerciais, estabeleceu-se uma rota comercial entre europeus e asiáticos.

Durante este período destaca-se também as viagens dos Vickings, que


descobriram as terras a Norte da Europa, no ano 900 GUNNBJORN ULFSSON
chegou ao lugar desconhecido, que 10 anos mais tarde ERIC o Vermelho
chamou de GRONLAN=Terra verde (Groenlandia) como objectivo de atrair
colonos. O seu filho chegou a um continente onde havia trigo e vinha – era a
América.

Os árabes neste período também os seus conhecimentos geográficos foram


notáveis.

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Os árabes

A expansão dos árabes levou a necessidade de conhecer a localização absoluta


e relativa de certos lugares, de forma a facilitar o controle do seu império em
todas as áreas da Vida económica, social e militar.

Traduziram no século IX a Geografia de Ptolomeu e inventaram a bússola, cuja


geografia era fundamentalmente descritiva.

No século IX-X, Ibn Fadlan descreveu as terras do Leste europeu e os povos


eslavos que os habitavam; Al Idrisi construiu um globo celeste e um mapa mundi
de prata, assim como fez uma obra onde descreveu a Ásia, África e Europa.

Organizou uma obra contendo 71 mapas e esboçou a representação circular da


terra o seu livro de viagem teve como título “Rital Rujar” (O livro de Rogério),
certamente em homenagem a Rogério II da Cecília que recebera com muita
honra.

Ibn Batuta, foi o geógrafo árabe mais viajado que percorreu o Egipto, Arábia,
Palestina, Rússia, Iraque, Irão, Afeganistão, China e o Interior de África,
descrevendo o que viu. Na costa oriental de África a 10 o de latitude Sul,
apercebeu-se que as temperaturas não eram tão altas que a vida fosse
impossível, contrariando assim a ideia propalada por Aristóteles, quando
designou esta área de “ZONA TÓRRIDA”

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As viagens marítimas dos séculos XV-XVIII

Causas

De ordem comercial

A procura de novas rotas para comércios com o Oriente devido ao encerramento


da rota terrestre para Índia nos séculos XIII-XIV e, a fracasso das cruzadas,
entroncamento comerciais controlado pelos turcos e árabes na Ásia central,
formando assim uma barreira intransponível.

Os comerciantes Genoveses são considerados os primeiros navegadores a


explorarem a costa Ocidental de África, mas foram os portugueses que de uma
forma sistemática e metódica, utilizaram os antigos e importantes périplos da
antiguidade.

De ordem técnico-científico

A influencia da Geografia de Ptolomeu e da ciência grega; exploração das


possibilidades oferecidas pelo avanço da navegação e astronomia náutica; a
navegação marítima no mar alto teve êxito porque existiam condições
geográficas e técnicas. Com estas viagens, os europeus tomaram contacto com
a “ZONA TÓRRIDA”. Na zona Inter tropical os navios portugueses eram
ajudados pelos ventos alísios (sopravam constantemente para o Oeste) e em
seguida percorria a zona dos ventos do Sudeste/ alísios sendo obrigados a
navegar com o vento contrário, o que tornava a viagem longa, enervante e
aborrecida.

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De ordem Religiosa

A mística religiosa cristã originou a vontade de dominar os mouros do Norte de


África, de submeter as populações fáceis de converter a sua religião e de
explorar bem como de encontrar o reino cristão do Preste João (Abissínia).

Personagens que se destacaram

a) Cristóvão Colombo

Nasceu em Génova e foi considerado I navegador do século XV.


Financiado por Banqueiros de grande prestígio e pode financeiro, viajou pelo
mediterrâneo, atlântico e atingiu a Inglaterra.

Baseando-se na Obra de Ptolomeu e da esfericidade da Terra e conhecedor do


erro deste, imaginou muito menor a distância da Europa ocidental à Ásia, por
ocidente, resultando daí a razão de tentar chegar a Índia pelo Oeste.

Realizou várias viagens para o continente americano. Na primeira apenas


chegou até as Antilhas, pensando ter atingido a Índia. É por causa desse facto
que se deu índias ocidentais as Ilhas do Golfo do México.
América surgia assim como novo continente para os europeus.

b) Vasco da Gama

Descobriu o caminho marítimo para Índia, toda a África do Ocidente para o


Oriente, mas até a Sul da África já era conhecido por Bartolomeu Dias.
08/06/1497- Partiu de Prtugal
22/11/1497- Atingiu o cabo de Boa Esperança
25/12/1497- Aporta num lugar que de o nome de Natal, hoje Durban, cuja
Província conserva o mesmo nome.

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Repousou na em Moçambique nos seguintes locais:


Inhambane, Lugar que chamou de terra de boa gente,
Ilha de Moçambique.

Fez escala em Mombaça e Melinde, atravessou o mar de Oman com ajuda de


um piloto árabe antes de chegar a Índia.
Esta viagem durou cerca de 10 meses e foi graças a ela que se passou a
conhecer a configuração do continente africano que desde muito se pretendia
esclarecer.

c) Fernão Magalhães

Em 1511 acompanhou Afonso de Albuquerque na sua viagem até a Malásia.


Devido algumas contradições, propôs a Carlos V da Espanha uma expedição
para atingir a terra das especiarias contornando América do Sul porque, por
comparação com África, previa um estreitamento a Sul deste continente e a sua
finalização por um cabo. Em 1519 pariu da Espanha e Morre nas Filipinas no dia
16 de Março de 1521, e prossegui com a viagem o seu piloto Sebastião Delcano
que Mudou de Rota usando o cabo da Boa esperança e chegou a Espanha em
Setembro de 1522.

Evolução do pensamento geográfico na época moderna e contemporânea

A partir de 1800 constata-se uma grande preocupação por parte dos geógrafos
no que diz respeito aos aspectos geográficos. A terra já era conhecida e
possível era responder a pergunta: “Onde?”; portanto, declina a geografia,
matemática e das localizações.
A questão que preocupa os geógrafos é “O que existe em tal lugar”; assim, o
objecto de estudo da actual geografia é a diferenciação do espaço e as relações
homem – meio.

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A geografia do séc. XIX, vai desenvolver-se a par de outras ciências. Alexandre


Von Humboldt (1769-1859) e Karl Ritter (1779-1859) cientistas alemães vão dar
a geografia descritiva um carácter sistemático e uma metodologia própria, o que
permitiu a geografia passasse a ser considerada moderna.
Por isso, estes cientistas são considerados, os fundadores da geografia
moderna.
Humboldt (naturalista, durante as suas viagens procedeu a recolha de
numerosos dados científicos: mediu a latitude e longitude de vários lugares,
observou vales, colheu e classificou muitas plantas, estabeleceu a relação entre
a altitude e as variações das formações vegetais, colheu amostras geológicas,
observou vulcões e mediu a temperatura da corrente marítima, utilizou pela
primeira vez o traçado de isolinhas para o estudo da temperatura. Contribui
ainda com uma obra “O cosmo” em cinco volumes.
A sua preocupação atingir vários ramos do conhecimento, com objectivo
principal, de encontrar uma ciência integradora da qual se pudesse demonstrar a
harmonia da natureza, onde os fenómenos são independentes.
Humboldt é considerado um dos fundadores da geografia moderna, devido ao
grande interesse em explicar aquilo que diferencia as diversas áreas do globo,
tentando encontrar as relações que se estabelecem entre os fenómenos. Aliás,
interessou-se

Pela diferenciação espacial e considerou a paisagem resultado da inter –


relação dos fenómenos.
Determinou a geografia, uma ciência sistemática, com o método empírico e
indutivo, fez comparações de carácter universal. Introduziu, nos climas, a
terminologia “quente, temperado e frio”.

Karl Ritter (1779-1859), discípulo e amigo pessoal de Humboldt, foi um professor


da Universidade de Berlim e o seu conhecimento baseia-se nas leituras dos
trabalhos existentes.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 20
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Ritter, verificou que a geografia obtinha os seus dados a partir de fontes muito
diferentes, e que há fenómenos da geografia física que podem ser estudados
nas suas inter – relações. Desta feita, aparece a preocupação que existe em
Humboldt de estudar as leis que regem as relações entre os fenómenos, de
organizar e sistematizar o conhecimento geográfico.
Tal como Humboldt, Ritter escreveu uma obra bastante vasta, conhecida por
ERDKUNDE, que significa conhecimento da terra. Nesta obra, preocupa-se em
fazer da geografia uma disciplina que passasse a fazer parte do currículo da
Universidade.
Preocupou-se também em estudar as inter – relações e as relações dos
fenómenos com o homem, descreveu diversas áreas de ocupação humana,
tendo estabelecido o método de estudo: o relevo, clima, produção e população.
A partir de Humboldt e Ritter, ficou estabelecido a metodologia da geografia
descritiva. Enquanto Humboldt estudava aspectos como clima, vegetação,
relevo à várias escalas: comparando regiões e continentes, e dando a geografia
um carácter de ciência sistemática, Ritter complementou e organizou
pedagogicamente do trabalho de Humboldt, tendo dedicado especial atenção as
descrições e análises regionais, procurando explicar as inter – relações dos
fenómenos neles existentes.
No fim do séc. XVIII e início do séc. XIX surgem os primeiros censos que vão
substanciar a cartografia dos mesmos fenómenos; e assim, surgem os primeiros
mapas temáticos onde se apresentava a distribuição dos fenómenos, como
clima, vegetação, relevo e hidrografia.
Após a morte de Humboldt e Ritter a geografia sofre um certo declínio,
entretanto manteve-se como disciplina com um dinamismo; constituem
numerosas sociedades de geografia. A geografia permanece como disciplina
leccionada nos ensinos Universitário, secundário e primário.
As sociedades de geografia estavam ligadas as grandes explorações dos
continentes sob forma de expedições, exposições, mapas, estações
meteorológicas e revistas. Estas sociedades, surgem ligadas a expansão do
colonialismo europeu, onde os estados apoiavam-se financeiramente. As

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primeiras sociedades de geografia são as de Paris (1821), a de Berlim (1828), a


de Londres (1830).
A ligação existente entre as sociedades e as estruturas do poder levou a uma
expansão do ensino de geografia nas universidades, e ao reconhecimento oficial
da geografia como ciência.

As correntes da época

A geografia moderna e contemporânea desenvolveu-se na base de duas


correntes: O determinismo e o possibilismo geográficos.

O positivismo e o determinismo no fim do séc. XIX

Os ideais do positivismo surgem desde o séc. XVIII e desenvolveu-se sobretudo


a partir dos estudos de física de Isaac Newton, Este, defendia que o
conhecimento deve resultar da observação, do cálculo e da comparação dos
resultados – ideias filosóficas.
A física experimental, influenciou o desenvolvimento de outras ciências como a
geologia, a biologia natural e mais tarde a antropologia e a história.
Em meados do séc. XIX, surge com Augusto Comte a filosofia positivista, que
baseava-se em três regras fundamentais:

A observação é a única base do conhecimento;

O estudo dos fenómenos deve basear-se apenas no que é observável;


As leis positivistas, destinam-se a prever.
O positivismo não admite a separação entre o mundo físico e o mundo espírito;
entre as ciências naturais e as ciências do homem. Desta feita, influencia as
ideias do britânico Charles Darwin no estudo da evolução das espécies e na sua
selecção natural.

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Daí que, o positivismo e as ideias de Darwin influenciaram também muitos


geógrafos que q partir deles, construíram uma teoria: O Determinismo
geográfico, sobre a relação homem – meio.
Segundo esta teoria, o modo de vida humano é determinado pelo meio ambiente
onde ele vive. Desta feita, a geografia vai ter um carácter positivista, na medida
em que pode levantar hipóteses, fazer deduções e formular leis.
A corrente determinista, desenvolveu-se principalmente na Alemanha com
Friedrich Ratzel (1844-1904), professor de geografia na universidade de Lípsia.
Ratzel, examina as causas que levaram a concentração da população em
algumas áreas da superfície terrestre, a influência do ambiente físico nas
deslocações e distribuição da população. Conclui que o homem vive sujeito as
leis da natureza e que as diversas culturas resultam das condições do ambiente
humano.
Os seus conceitos encontram-se desenvolvidos na sua obra antropogeográfica.
Teve mérito de dar a geografia um método científico, e podendo ser considerado
o primeiro a estudar cientificamente a geografia humana.
Esta teoria, vai ser desenvolvida principalmente nos EUA por discípulos de
Ratzel como ELLEN SIMPLE que deu maior importância a relação homem –
meio. Para ela, considera que um organismo depende do meio, e tudo é
explicável pelo meio.
Para além da Ellen, outros geógrafos americanos consideram a geografia
humana o estudo da influência do meio sobre o homem; o destaque vai para
William

Morris Davis. Para Davis, a geografia estuda as características naturais da


superfície da terra, e considera o efeito dessas características sobre o homem e
as suas actividades.

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O historicismo e o possibilismo

Como reacção do positivismo surge no séc. XIX o historicismo, com objecto de


estudo: o papel do homem na sociedade. Segundo o historicismo as ciências
naturais humanas diferenciam-se das ciências naturais, e não podem usar os
seus métodos.
Daí, surge do historicismo, em geografia o possibilismo que se opõe ao
Determinismo.
Segundo o possibilismo com Vidal de la Blache, o homem é um agente que
actua no meio. Qualquer ser humano toma conhecimento do ambienta que lhe
rodeia, apercebe as formas como o pode utilizar (possibilidades ambientais), e
selecciona as que estão mais de acordo com as sua possibilidades, aptidões
culturais.
O meio natural oferece um conjunto de possibilidades em que o
desenvolvimento dependerá ao homem. Com o possibilismo, a geografia passa
a ser ciência – ponte que estabelece ligação entre as ciências naturais e as
humanas, e ao mesmo tendo define a região como o objecto de estudo.
Vidal, embora historiado, interessou-se em questões geográficas como a região,
daí a sua obra: TABLEU DE GEOGRAPHIE DE LA FRANCE, também elaborou
o primeiro atlas com mapas temáticos e fundou uma revista Annales de
géographie. Ainda com Vidal, surgem em geografia novos conceitos como:
região, modo de vida, circulação.
O objectivo de Vidal é observar as relações mútuas entre o homem e o meio
físico, nas quais não se pode estabelecer limites entre os fenómenos naturais e
culturais, porque eles interdependem-se.

O método de estudo de uma região passou a ter uma estrutura própria: primeiro
a análise do meio físico depois as formas de ocupação e actividades humanas e
por fim o processo de integração do homem com o ambiente.

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CAPITULO II

CLIMATOGEOGRAFIA

Climatogeografia: é a ciências que se dedica ao estudo dos climas, sua


distribuição, as razoes dessa distribuição na superfície terrestre e os fenómenos
relacionados a atmosfera.

a) Atmosfera

 É constituída pela camada de gases que envolvem o globo terrestre. O


limite inferior é definido pela superfície terrestre (os continentes e
oceanos).
O limite superior é desconhecido. A passagem da atmosfera para o
espaço inter planetário, onde reina quase o vácuo, faz-se por transição
gradual, de modo que se torna difícil marcar o limite superior (KNAPIC).
 É a camada gasosa que envolve a terra e ela é constituída por partículas
sólidas e gasosas.
 Compreende uma camada fina de gases e partículas sólidas numa
mistura mecânica e estável, sem cheiro, sem cor e sem gosto, presa à
terra pela força de gravidade.

Fig. 1. Atmosfera. In Enciclopédia do conhecimento ciência e tecnologia

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Evolução do conhecimento cientifico da atmosfera

A origem e composição da atmosfera não têm sido a mesma ao longo da história


da terra. O início da atmosfera seria provavelmente constituído por amoníaco
(NH3), metano (CH4) e vapor de água (H2O). Esta composição teria favorecido
o aparecimento da vida na terra.
Por tanto, muito cedo a atmosfera inicial foi se alterando. A acção intensa da
radiação solar teria provocado a decomposição do amoníaco em azoto (N2) e
hidrogénio a do metano em carbono e hidrogénio, mais leve, se teria para o
escapado para o espaço, o carbono ter-se-ia combinado com o oxigénio para
dar o dióxido de carbono (CO2). Por outro lado, a expansão progressiva das
plantas verdes teria enriquecido suficientemente a atmosfera do oxigénio por
intermédio da fotossíntese.
A composição actual da atmosfera terá resultado de uma lenta evolução a partir
de uma composição inicial totalmente diferente. A formação do dióxido de
carbono tornou possível a fotossíntese por parte das primeiras plantas verdes.
Estas foram enriquecendo a atmosfera do oxigénio ate esta atingir actualmente
21% do total.
De acordo com a formação e a composição química a atmosfera, alguns autores
distinguem três gerações da atmosfera:

Atmosfera da primeira geração: (4500 milhões de anos), os gases existentes


eram amoníaco, metano e vapor de água. Por efeito da radiação solar, os
componentes do vapor de água dissociaram-se originando o oxigénio e
hidrogénio. O amoníaco terá dado origem ao azoto e o metano o carbono.

Atmosfera da segunda geração: durante esta fase, após o aparecimento da


vegetação, o fenómeno da fotossíntese provoca novas alterações da
composição química, levando a uma maior acumulação do oxigénio

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Atmosfera da terceira geração: durante esta fase verifica-se uma redução


substancial da temperatura originando a condensação do vapor de água e a
consequente formação de nuvens.

Estrutura e composição da atmosfera

De acordo com observações feitas com instrumentos específicos, radiossondas,


foguete, satélites e outros. Foi possível verificar a redução dos valores da
pressão, e da temperatura com aumento da altitude. A temperatura sofre
diversas inversões térmicas a medida que se sobe em altitude o que surge, as
descontinuidades. Foi a partir destas características pressão e temperatura que
se dividiu a atmosfera em cinco estratos (camadas).
A atmosfera compreende varias zonas distintas. A divisão depende naturalmente
escolhidas para a base, que pode se temperatura, composição química,
ionização, o estado dinâmico.
Na divisão seguinte destacam-se cinco zonas principais:
 Troposfera – de 0 a 12 Km;
 Estratosfera – 12 a 50 km;
 Mesosfera – 50 a 80 km;
 Termoesfera – mais de 80 km e
 Exosfera sem limite preciso.

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Estrutura da Atmosfera. In Enciclopédia do conhecimento ciência e tecnologia

A composição da atmosfera é praticamente uniforme na troposfera,.dada a


turbulência do ar, que provoca uma mistura continua quando seco, o ar tem a
seguinte composição em volume:

Componentes do ar %
Azoto (N2) 78,08
Oxigénio (O2) 20,95
Árgon (Ar) 0,93
Dióxido de carbono (CO2) 0,03
Néon (Ne) 0,0018
Hélio (He) 0,0005
Crípton (Kr) Indícios
Xénon (Xe) Indícios
Ozono (O3) 0,00006
Metano (Me) Indícios
Hidrogénio (H) 0,00005
Vapor de agua (H2O) 0- 4%
Total 100

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 28
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

O azoto domina com cerca de 78,08% seguindo o oxigénio. Estes elementos


perfazem 99% da atmosfera. O azoto na alta atmosfera sob acção de neutrões
em de carbono radioactivo da combinação com o oxigénio.
O dióxido de carbono com cerca de 0,03% e dele que depende a existência de
toda vida na superfície da terra. É essencial a fotossíntese.
O ar sempre em vapor de agua em quantidades variáveis com o tempo e lugar.
Este pode atingir cerca de 4% de volume. Este, concentra-se nas camadas mais
baixas por que provem grandemente da evapotranspiração (transpiração de
plantas e animais e evaporação de superfícies aquáticas). Cerca de 50% de
vapor de agua esta abaixo de 2000 metros de altitude. É o elemento
extraordinário porque muda facilmente e frequentemente de estado (liquido,
gasoso e sólido).
A atmosfera contém também grande quantidade de impurezas (os aerossóis)
constituída por principalmente por poeira, cinzas, fuligens, partículas de sais, há
grande quantidade de microrganismos em suspensão: bactérias, fungos,
esporos, pólen e outros.
Estas partículas sólidas na atmosfera são de grande importância porque sem
elas não existiria a condensação do vapor de água para a formação de nuvens e
chuvas. Assim como o homem está introduzindo grandes quantidades de
partículas e gases altamente nocivos e estes provocam uma crescente poluição
atmosférica alterando assim o estado original da sua composição ou
consideravelmente natural.

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Composição química da atmosfera. In Enciclopédia do conhecimento ciência e


tecnologia

B) Troposfera

A troposfera corresponde a parte inferior da atmosfera desde a superfície ate


uma altitude media de 12 km. O limite superior é designado por tropopausa a
altitude da tropopausa vária com altitude, diminuindo da região equatorial onde
alcança 16 km para as regiões polares onde é apenas 8 km.
A troposfera corresponde a parte mais agitada da atmosfera. Nela têm lugar as
perturbações atmosféricas que definem os estados de tempo e por isso mas
afecta a vida a superfície terrestre.
A temperatura diminui com altitude ate a tropopausa onde é cerca de menos 60º
C em media, o decréscimo é de 0,06/ 100m.

De acordo com os mecanismos dominantes para a troca de energia, a troposfera


pode dividir-se:
 Camada laminar ou da superfície: que marca a interface entre o solo e
atmosfera. A transferência de energia dentro desta camada acontece por
meio de condução e as trocas verticais de calor e da humidade são
bastantes lentas.
 Camada de fricção ou atrito: tem cerca de 1000 m de espessura a
transferência vertical de calor nesta camada ocorre principalmente por
meio de turbulência ou por meio de movimentos de redemoinhos

Exercício de Aplicação

1. O que entendes por Climatogeografia?


2. Define com suas palavras o que é a atmosfera.
3. Mencione os principais componentes da atmosfera.

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

4. Quais são os principais elementos que diferenciam as camadas da


atmosfera?
5. Quais eram as características da atmosfera primitiva?
6. Porque é que se diz a troposfera é uma camada mais agitada da
atmosfera?
7. Relacione a preservação da atmosfera com a sua vida.
8. Descreva a importância da boa qualidade da atmosfera para a vida dos
seres vivos

Equilíbrio Térmico da Terra

O equilíbrio térmico da terra é uma sucessão de estados de tempo influenciados


por fenómenos atmosféricos que caracterizados pelos elementos do clima.
As radiações solares atravessam a atmosfera antes de atingirem a terra: uma
parte da energia é absorvida directamente pela atmosfera, outra parte é
reenviada para o espaço, outra atinge o solo.

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Visto que a temperatura media da terra se mantêm constante, é evidente que a


terra tem de restituir a quantidade de energia que absorveu, só assim é que se
mantém o equilíbrio térmico.

Radiação solar

O Sol é a principal e maior fonte de energia da terra onde erradica cerca de


6000ºc de energia e no seio dela a quantidade de energia é de 15.000.000ºc.
A energia solar é emitida sob forma de radiação electromagnéticas de pequeno
comprimento de onda com uma velocidade de 300.000km/h, dai que a radiação
solar leva 8 minutos luz para chegar á terra.
Da energia irradiada pelo sol cerca de 44% correspondem as radiações
compreendidas entre bandas de 0,4 a 0,7 ou seja é a luz visual e radiação que
tiver abaixo deste intervalo têm sido as radiações ultravioletas e as que estão
acima são as infravermelhas.
A radiação ultravioleta têm efeitos químicos enquanto que as radiações
infravermelhas têm efeitos caloríficos, assim, a energia solar é a principal fonte
de energia de toda os fenómenos atmosféricos e também da vida terra.
Radiação solar é a quantidade de energia da natureza e intensidade variável
emitida pelo sol e que só propaga por meio de ondas electromagnéticas onde a
terra recebe uma pequena quantidade.
A radiação solar que a terra recebe é feita por dispersão ou difusão na
atmosfera, através de nuvens e ar assim, a dispersão é feita dependendo do
tamanho das partículas da atmosfera e do comprimento de onda afectando
desta maneira a cor do céu.
Uma parte de energia irradia pela terra é devolvida a superfície terrestre pelas
nuvens, o que significa que a atmosfera deixa de passar a radiação solar mas,
não a radiação terrestre, este facto é conhecido por efeito de estufa, assim
pode-se dizer que a atmosfera é aquecida mais pela radiação terrestre do que
pela radiação solar directa.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 32
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

A energia absorvida pela superfície da terra é utilizada para o seu aquecimento,


contudo a quantidade de energia perdida é compensada com a energia recebida
de modo a manter-se o equilíbrio por toda aparte. Desta maneira o fenómeno de
compensação chama-se de equilíbrio térmico.

Variação da radiação solar

Com a Latitude

A distribuição da radiação solar é determinante na diferenciação geográfica e


climática no globo.
A radiação solar varia á superfície terrestre nos diferentes lugares do nosso
planeta dependendo da espessura da camada atmosférica dum lado e do ângulo
de incidência por outro lado.
O ângulo de incidência é o ângulo que os raios solares formam com a vertical de
um determinado lugar, a massa atmosférica é igual a uma humidade se os raios
insidiem perpendicularmente na superfície terrestre e serão maiores se insidie
inclinados, a radiação diminuirá rapidamente com a inclinação dos raios, dai que
o sol aquece menos quando se encontra perto do horizonte.
A 10º acima do horizonte os raios atravessam a atmosfera numa espessura de 5
a 6 vezes maior que nos casos em que os raios são verticais.
Uma maior inclinação dos raios corresponde a uma maior massa atmosférica.
Assim , a radiação diminui quando a latitude aumenta do equador paraos polos
porém, essa diminuição não é regular que as nuvens interferen na repartição da
radiação a nível do globo e é por isso que não é nas zonas equatoriais que se
atingem os valor mais elevados, mas sim nas regiões tropicais onde a
nebulosidade é baixa.

Durante o dia e ao longo do ano

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A radiação solar varia com o tempo de acordo com o movimento aparente do


sol. Varia durante o dia devido ao movimento diurno do sol.
Ao nascer e ao pôr do sol a radiação é nula e é máxima quando o sol passa pelo
meridiano desse lugar nesse dia onde a quantidade total da radiação solar
recebida depende da duração do dia e ela varia não só com a latitude como
também com a época do ano, sendo máxima no solstício de verão (21-22 de
Dezembro) e mínima no solstício de Inverno (21 de Junho) para o hemisférico
sul.
Quanto maior for a latitude maior será a diferença anual e para além dos
ciclos polares têm-se dias e noites de 24 horas.
Varia durante o ano devido ao movimento anual do sol. Pois que o sol
desloca do trópico de câncer para o trópico de Capricórnio e vice-versa
passando deste modo duas vezes pelo equador.
Como resultado disso o sol vai ficando a distância variáveis do lugar e a
inclinação dos raios solares vão variando dentro de certos limites mais ou menos
afastados.
Da combinação entre a duração do dia e da inclinação dos raios resulta a
variação anual da radiação solar de lugar para lugar.
A atmosfera é aquecida directamente pelos raios solares através da absorção e
reflexão das nuvens do vapor de H2O, do ar e das poeiras e indirectamente pela
radiação terrestre onde cada dia verificamos uma temperatura máxima (TM) e
uma temperatura mínima (tm) onde a diferença entre essas duas temperaturas
chama-se amplitude térmica diária (Atd)
As várias temperaturas observadas durante o dia obtêm-se a temperatura média
diária (Td);
Normalmente faz-se leitura três vezes ao dia nas seguintes horas 6,9 e 14
horas, depois desta medição diária calculam-se as medidas mensais de cada
mês (Tm) através da fórmula

Td1 + td2 + Td3 …td30


Tm = 30

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De diferença entre as temperaturas diárias externas (máxima e mínima) do dia


obtém-se a amplitude térmica diária (Atd).

De igual modo, com as temperaturas médias mensais calcula-se a temperatura


média anual

Tmj + Tmf + Tmh+.. . Tm D


Tma = 12 Mese

Com as médias mensais extremas determina-se a Amplitude Térmica anual


(Ata).
A temperatura máxima diária verifica-se após ao meio-dia solar (por volta das
14 horas) e a mínima ao nascer do sol e a temperatura média mensal mais alta
verifica-se em Janeiro e a mínima em Julho, para o Hemisfério sul sendo o
inverso do Hemisfério Norte.

Variação de temperatura

Na superfície a temperatura varia com a distribuição e variação da radiação


solar e também de outros factores tais como: a continentalidade, as correntes
marítimas, o relevo e sua exposição, a vegetação e altitude, assim a variação da
temperatura em relação a latitude é evidenciada pelas linhas isotérmicas que se
dividem em isotérmicas anuais, mensais de Junho e de Janeiro.
As isotérmicas anuais reduzidas ao nível do mar, dispõem-se segundo a
orientação Oeste – Este, diminuindo a temperatura do Equador para os pólos,
mas não conscidem com os paralelos.
As isotérmicas mensais dispõem-se igualmente segundo os paralelos, mas os
desvios são mais evidentes.
As isotérmicas de Julho seguem os paralelos de modo aproximado inflectindo
em direcção ao equador na costa Ocidental dos continentes e avança para o

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norte no interior da América do Norte, devido ao aquecimento estival das


grandes massas continentais do Hemisfério Norte.
As isotérmicas de Janeiro surgem também de modo geral os paralelos, mas com
enorme desvio resultante do contraste terra – mar no hemisfério Norte. Devido a
deriva do Atlântico Norte e do Pacífico Norte ao intenso aquecimento das
massas de ar continentais do Hemisfério Norte, as isotérmicas descem muito
para o sul.
Assim, as linhas isotérmicas deslocam-se durante o ano entre as posições
externas de Junho e de Janeiro acompanhado com ligeiro atraso o movimento
anual aparente do sol.

A temperatura vária com a exposição do relevo a vertente extratropicais recebe


insolação diferente
As vertentes do Hemisfério sul voltadas para o norte recebem mais insolação
(vertentes soalheiras) que as voltadas para o sul (vertentes umbrosas) mas para
o Hemisfério Norte e ao contrario.
A temperatura varia também com a altitude uma vez que a troposfera é aquecida
principalmente pela radiação terrestre.
A temperatura varia com o tempo devido a sua relação estreita com a variação
da radiação solar.
Varia durante o dia em relação com o movimento diurno do sol registando-se um
mínimo do nascer do sol e um mínimo por volta das 14 horas.
Varia durante o ano em estreia relação com o movimento anual do sol.

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Circulação geral da atmosfera

A circulação geral da atmosfera dos 0 aos 35km de altitude é determinada por


causas térmicas ou dinâmicas ou agindo em simultâneo. Os factores térmicos
tendem a estabelecer uma circulação de latitude e os dinâmicos tendem a
estabelecer uma circulação zonal. Assim, a circulação geral da atmosfera
intervêm muitos factores mas há que notar a variação solar em latitude e o
movimento de rotação da terra. No movimento de rotação, há desvios nas

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trajectórias dos fluxos de ar para a direita do observador no hemisfério Norte e


para esquerda, no hemisfério Sul.
A conservação do movimento angular há um aumento da velocidade dos fluxos
de ar quando a latitude diminui. Os movimentos atmosféricos ocorrem em
escalas temporais e especiais, interagem-se e afectam-se, afectam o tempo e o
clima apesar de o tempo e o clima sejam controlados, pela circulação geral da
atmosfera.

Situação normal de dispersão dos poluentes atmosféricos; b) Situação de


dispersão dos poluentes atmosféricos sob o efeito de inversão térmica

Região intertropical

A região intertropical é a região situada entre o Trópico de Câncer e o Trópico de


Capricórnio com limites situados aproximadamente às latitudes de 30˚ Norte e
30˚ Sul. Esta, é a zona de baixas pressões que migra com as estações, para o
Norte e Sul do equador e para a qual convergem as massas de ar tropical. É
relativamente fraca sobre os oceanos mas, sobre os continentes é mais
claramente definida. Contudo, as tempestades associadas a ela trazem chuvas
pesadas que marcam o início da estação das chuvas, marca a junção do ar
continental seco e quente do Sahara com o ar equatorial húmido e mais frio que
vem do Sul nesta zona de convergência é descontínua com a humidade
consecutivas separadas associada a formação de nuvens de chuvas
designando-se zona de confluência.
No seu movimento anual aparente, o sol passa pelo equador no equinócio da
primavera e atinge o Trópico de Câncer no solstício de verão, e passa de novo

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 38
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no equinócio de Outubro e atinge o Trópico de Capricórnio no solstício de


Inverno.
O sol encontra-se perto de zénite com inclinação menor dos raios solares daí um
forte aquecimento e temperaturas elevadas que diminuem do equador para os
trópicos e a variação anual aumenta do equador para os trópicos.
A precipitação e o regime anual é variável, no equador, atinge os valores mais
elevados e diminui em direcção aos trópicos.
A circulação geral da zona intertropical condiciona os regimes das chuvas e a
divisão climática.

NAS ZONAS SUBTROPICAIS

Os centros de altas pressões existem subsistência de ar. O ar é sujeito a uma


subsistência permanente com ar seco com inversão térmica cerca de 200m de
altitude nos continentes e sobre os oceanos originando climas desérticos com
chuvas raras. Nas zonas de subsistência, o céu é limpo com raras chuvas. Os
desertos característicos situam-se nas latitudes entre 20˚ e 30˚ Norte e Sul
respectivamente, é o caso do Sahara Ocidental Namibe, Atacama, etc.
Os alíseos tomam a direcção NE-SO no hemisfério Norte e SE-NO no
Hemisfério Sul – devido a influência da força de Corriolis com uma velocidade
média de 20km/h.

NAS ZONAS TROPICAIS

Os ventos alísios sopram com intensidade das altas pressões subtropicais


determinando a zona de divergência e o ar desloca das baixas pressões para
altas pressões equatoriais - na zona de convergência.

NA ZONA EQUATORIAL

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

O ar sobe convectivamente originando maior nebulosidade e precipitação


abundante. Há convergência de ventos alísios dos doía hemisférios (N e S)
originando uma faixa de descontinuidade chamada convergência intertropical
(CIT) onde os ventos são fracos e calmarias equatoriais.

CALMARIA

As calmarias na zona CIT

Durante o ano, com o movimento de altas pressões subtropicais, os ventos


alísios e baixas pressões equatoriais deslocam em altitude. A CIT invade as
mais afastadas do equador com época das chuvas e com o seu afastamento se
substitui com ventos alísios com época seca.
A circulação geral pode ser modificada pelo regime das monções.
As Monções são ventos periódicos que sopram durante o ano do mar para a
terra no verão e outra metade da terra para o mar no Inverno. Etimologicamente,
Monção, vem de Árabe “MAUSIN”, que significa estação.
As monções estão mais desenvolvidas na Ásia Meridional e Oriental, sobretudo
na Índia.
Desta feita, as regiões notam-se os ventos que sopram com violência chamados
Furacões (no Atlântico), no Pacífico por Tufões e no Índico por ciclones.
Os climas tropicais têm origem cobre oceanos onde há calor e humidade nas
latitudes de 5˚ N/S, movendo-se inicialmente para Oeste com ventos alísios e

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depois para o Norte rodeando a margem ocidental das altas pressões


subtropicais a velocidade média de 20Km/h (KNAPIC: 121). De salientar, os
ciclones tropicais recebem nome de mulheres por causarem estragos enormes
pois os ventos violentos destroem casas, culturas, e com ondas levantadas no
litoral, as chuvas intensas provocam inundações com perca de vidas, até infra-
estruturas.

Factores que regulam o clima na zona intertropical

 Movimento anual aparente do sol entre os trópicos;


 A zona das baixas pressões equatoriais e os centros de altas pressões
subtropicais que se interagem entre si.
Os outros factores que influem nas alterações climáticas são: a deposição da
linha da costa, continentalidade, correntes marítimas e altitude.

 Climas da região intertropical

Distingue-se os climas quentes a que correspondem o clima equatorial, o clima


tropical e o clima desértico.

 Clima equatorial

Localiza-se ao longo do equador, na faixa ate 5˚C de altitude Norte e Sul, pode ir
ate 25˚C de latitude Norte-Sul nas margens origens orientais dos continentes
expostos aos ventos alísios. Abrange bacias do Amazonas e do Congo, Costa
Oriental da América Central, do Brasil e Madagáscar.
Possui temperaturas elevadas, precipitação abundante durante todo ano. O sol
encontra-se perto do zénite onde os dias e noites têm a mesma duração durante
o ano.

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Amplitude anual é reduzida com amplitude diurna superior e temperaturas


elevadas nas noites. Por isso, se diz que “a noite o Inverno dos Trópicos”
(KNAPIC: 114).
Precipitação, é abundante ao longo do ano, chuvas intensas acompanhadas por
trovoadas. O vento é fraco com calmaria dai a região é menos ventilada o que
torna insuportável as temperaturas e a forte humidade.

Clima equatorial, Yaunde-Camaroes 4˚N

P (mm) ˚C

400 60
300 30
200 0
100 -30
JFMAMJJASOND

No concernente ao ambiente biogeográfico, o clima equatorial corresponde a de


floresta equatorial constituída de espécies elevadas e diferentes com árvores
que podem as folhas durante o ano (higrófilas), floresta verde de folhas largas
que facilita a transpiração. As árvores possuem troncos delgados com raízes
curtas, as plantas trepadeiras que de entre outras se distinguem as Epifitas e
Lianas, Orquídeas, estranguladoras, etc.
A fauna, distingue-se repteis, serpentes, a piton (a maior de Africa) e anaconda
(maior da Africa do Sul), macacos, gorilas chimpanzés, giboias, orangotangos.

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 Clima desértico

O clima tropical desértico e semidesértico localiza-se entre 15º e 30º de latitude


Norte-Sul e coincide com a faixa de altas pressões subtropicais. A arigidez se
intensifica devido as correntes frias. Abrange Norte do México, Sudeste dos
EUA, África do Norte, Arábia, Irão, litoral do Peru e Chile.
Possui temperaturas elevadas e grande aridez, está afastado do equador não
sendo atingido pelas baixas pressões equatoriais e dos ventos do Oeste.
Apresenta grandes oscilações das temperaturas, céu sempre limpo e sem
nuvens, maior aquecimento de dia ultrapassando a 40ºC e arrefecimento a noite.
Precipitação inferior a 150mm ou nula.
Os ventos sopram com intensidade, poeira por vezes turvo devido ao calor e
redemoinhos.
O clima desértico e semidesértico corresponde a vegetação natural muito
escassa, do tipo xerófilo, árvores raras com solos cobertos de ervas curtas
(estepes) e o camelo como animal característico (no Sahara e Arábia).

 Clima tropical

Localiza-se ao Norte e Sul do clima equatorial entre 5º e 15º de latitude (Norte e


Sul), ao longo das margens Oriental dos continentes devido aos alísios e
correntes marítimas. Abrangem na Venezuela, Colômbia, interior do Brasil,
Sudão, África Oriental, parte da África do sul e Norte da Austrália. Na Índia e
Indochina, o clima tropical é dependente das monções.
Possui duas estações: Uma húmida onde dominam as baixas pressões
equatoriais ou a monção marítima; a seca com altas pressões equatoriais ou
monção terrestre. No afastamento do equador a estação húmida vai diminuindo
e a estação seca aumenta até passar para o clima desértico.
Este clima serve de transição entre o clima equatorial húmido e o clima desértico
seco. Assim, distingue-se o clima tropical húmido quando a estação húmida é
maior e clima tropical seco quando a estação seca é maior.

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A temperatura é elevada e situam-se antes das chuvas pois o sol nunca se


encontra muito longe do zénite e a duração dos dias e noites não varia muito
durante o ano.
A precipitação total é variável acompanhando o movimento anual aparente do
sol, a faixa das baixas pressões equatoriais deslocam-se em latitude e invade as
regiões marginais de clima tropical com chuvas convectivas acompanhada de
trovoadas violentas. As zonas montanhosas que oferecem a oposição aos
ventos de monção, as chuvas são origem orográfica.
Ao clima tropical corresponde a floresta tropical e a savana. A floresta tropical
apresenta vários tipos a floresta húmida que é aberta, a seca, a floresta
espinhosa. Na época seca, a savana árbore, a savana arbustiva, savana
herbácea (despida de árvores ou arbustos).

REGIÃO TEMPERADA

É a região que se situa entre latitudes de 30º N e 60º S caracterizada com


instabilidade climática. Das altas pressões directa no Hemisfério Sul e para a
esquerda no hemisfério Sul e originam os ventos do Oeste nas regiões
temperadas. São ventos muito irregulares, tanto na instabilidade como na
direcção e têm a tendência de formar turbilhões. No Hemisfério Sul, tendem a
ser mais regulares e intensos devido a extensão dos oceanos.
Em latitude, os ventos do Oeste alagam-se soprando sobre os alíseos. Assim,
onde sopram os ventos do Oeste é enorme a instabilidade da atmo9sfera,
formação de centros depressionários que se deslocam de Oeste para Este,
invadindo o lado Ocidental dos continentes originando tempo com céu mais ou
menos nublado anual aparente do sol.

Temperatura: é variável e diminui com altitude e para o interior dos continentes


devido o aumento da inclinação dos raios solares e afastamento do mar
respectivamente.
As amplitudes aumentam para o interior.

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Precipitação variável e diminui para o interior dos continentes devido o seu


afastamento do oceano e a tendência da formação dos anticiclones no interior.
No Ocidente, caem chuvas de origem ciclónica durante o ano mais ou menos
influenciados pelo relevo, reduzindo-se para o interior dos continentes e
concentram-se no verão.
Na zona temperada, o tempo é influenciado pelos centros depressionarios
associados a frente polar - as depressões frontais.
A frente polar desloca-se em latitude durante o ano com o movimento aparente
do sol de forma ondulatório em ligação com centros depressionários que com o
avanço do ar quente, transforma-se em frente quente e no avanço do ar frio,
torna-se frente fria que posteriormente ocorre a oclusão das frentes.
A frente quente desloca na superfície frontal pouco inclinada onde o ar sobe
lentamente para posteriormente expandir-se formam-se nuvens após a sua
passagem com mudanças atmosféricas e na direcção dos ventos.
A frente fria (a rápida do que a quente) desloca na superfície frontal com maior
inclinação e sobe com o avanço do ar frio. A passagem desta frente nota-se
mudanças e melhorias no tempo, descida da temperatura, redução da
humanidade e na direcção dos ventos.

 Climas das regiões temperadas

São: clima subtropical seco, clima subtropical húmido, clima marítimo e o clima
continental.

 Climas subtropical seco

O clima subtropical seco também designado mediterrâneo, localiza-se entre 30º


e 40º de latitude Norte-Sul no lado ocidental dos continentes. É de transição
entre regiões húmidas dos ventos de oeste com oscilação anual em latitude.
Abrange o mediterrâneo, Centro e Sul da Califórnia, o centro do Chile, sul da
África do sul e Sul da Austrália.

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Possui verão seco e quente, Inverno húmido e suave. No verão, as temperaturas


são elevadas de dia e baixas a noite com amplitudes diurnas elevadas devido a
secura do ar e fraca nebulosidade o que permite forte insolação de dia.
Precipitação, chove muito pouco com precipitação de origem frontal, dias cheios
de sol (KNAPIC: 130).
O clima subtropical ou mediterrâneo corresponde a floresta mediterrânica que se
constitui de árvores baixas cheiros de nódulos, sombreiros, oliveira, loureiro. A
vegetação xerófila, árvores e arbustos de folhas pequenas e espessas,
eucalipto.

 O clima tropical húmido

Localiza-se entre 25º e 35º de latitude Norte e Sul, ao lado do oriental dos
continentes, é o clima de transição e abrange o Sul dos EUA, Sul e Centro da
China, Norte de Argentina, Uruguai, Sul do Paraguai e do Brasil, Costa Oriental
da África do Sul e da Austrália.
Possui verão quente e húmido e Inverno suave, temperaturas elevadas no verão
devido a maior humidade insuportável a noite.
A precipitação é abundante ao longo do ano, com origem convectivas
acompanhada de trovoadas.
É o clima que corresponde a floresta subtropical húmida com hidrófilas de folha
larga próxima uma as outras, epifitas e lianas. Podemos encontrar fauna rica e
variadas aves, répteis, crocodilo, ébis, Jacaré, cobra.

 O clima marítimo

Localiza-se entre 40º e 60º de latitude Norte e Sul ao lado Ocidental dos
continentes. Abrange Europa Ocidental desde Norte da Espanha a Sul da
Escandinávia, Nordeste de Estados Unidos da América, Sudeste da Austrália, a
Tasmânia e Nova Zelândia.

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Possui verão suave e Inverno mais ou menos frio, precipitação abundante e a


nebulosidade.
O clima marítimo corresponde a floresta caducifolia, de folha caduca e árvores
mistas de folha resistente ou coníferas, pinheiros, abetos e uma forma
empobrecida pelo homem.

 O clima continental

Situa-se a Norte de climas subtropicais e a Este do clima marítimo ou do clima


desértico frio entre 35º e 45º de latitude Norte. Encontra-se no interior dos
continentes, margem Oriental ao mar com circulação de ventos de Oeste para
Este. Abrange Nordeste dos Estados Unidos da América, Centro Balcânico,
Norte da china, Coreia, Centro do Japão, Norte da Itália, bacia do rio Pó.
Possui verão quente e Inverno frio, chove nos meses quentes e frios. As
temperaturas são elevados no verão devido a maior humidade e baixas no
Inverno com vagas de frio. A precipitação não é abundante, contrasta-se nos
meses do verão acompanhada de trovoadas e são origem convectiva. A este
clima, corresponde a uma floresta mista de árvore de folha caduca e de folha
persistente.

REGIÃO FRIA

As regiões frias situam-se a latitude elevadas, o limite baixo até 60º nas regiões
litorais até 40º no interior dos continentes onde a secura permite forte irradiação.
Portanto, das altas pressões polares para as baixas pressões são subpolares
sopram os ventos de Este de direcção muito variável, designados de ventos de
Leste/Este. Estes ventos são nítidos no Inverno.

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Zona de pressão e ventos

 Os Climas Frios destacam-se o clima continental desértico e subártico e


o clima polar.

 Clima continental

Localiza-se ao Norte do clima continental temperado entre 45 e 65˚ de latitude


Norte. Abrange Europa Oriental na Polónia, Rússia, faixa estreita da Sibéria,
norte Manchúria e do Japão, EUA e Sul do Canadá.
Possui um Inverno muito frio com verão quente e curto. As temperaturas no
Inverno são baixas, inferior a 0˚ pois as massas de ar polar impedem a
precipitação e cai em forma de neve e é reduzida no verão com origem frontal.
E o clima que corresponde a floresta mista dominada pelas coníferas e outras
associações locais.

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 Clima desértico frio

O clima desértico frio localiza-se no interior dos grandes continentes, longe dos
oceanos entre 35˚ e 50˚ de latitude Norte. Não obstante, as montanhas do
interior dificultam por sua vez a entrada dos ventos marítimos, é o caso das
montanhas rochosas – na América do Norte, por outro lado, o clima desértico
quente estende-se até ao mar ao lado Ocidental.
Possui verão quente e Inverno frio, temperaturas elevadas devido o verão
quente, maior insolação de dia e rápida irradiação a noite. Precipitação é
escassa inferior a 150mm. No Inverno domina anticiclones que dificultam a
precipitação daí a chuva cai normalmente no verão.
O clima semidesértico frio ocupa a zona de transição para o clima húmidos com
precipitação inferior a 500mm com uma vegetação reduzida.

 Clima subártico

Situa-se a Norte do clima continental frio entre 55˚ e 65˚ de latitude Norte com
limite setentrional a isotérmica de 10˚C para o mês mais quente nas zonas de
floresta de tundra. Abrange a Suécia, Finlândia, Norte da Rússia e da Sibéria até
ao Pacífico Alasca e Canada. Possui Inverno longo e rigoroso com verão muito
curto e pouco quente. A temperatura é elevada no verão a mais de 20˚C com
dias longos devido a insolação dos raios solares. Domina Inverno com
temperatura muito baixas com a média de Janeiro de -50˚C.
A precipitação é reduzida inferior a 500mm com humidade mais elevada e cai
em forma de neve no Inverno.
A este clima, corresponde a grande floresta de coníferas que é a mais extensa
do mundo interrompida pelos continentes.

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 O clima polar

Localiza-se nas altas latitudes das regiões polares. Limita-se pela isotérmica de
10˚C para o mês mais quente com temperaturas inferiores a 10˚C. Abrange
Norte da Sibéria, Alasca, Canada, Groenlândia, Islândia e na Antártida no
Hemisfério Sul. Possui temperaturas constantemente baixas, Inverno
permanentemente, não há verão. Possui climas polares rigorosos (clima de
tundra e de regiões geladas). As temperaturas muito baixas não ultrapassam a
10˚ entre negativos.
A precipitação é muito inferior a 500mm e tende concentrar-se no verão devido a
maior evaporação e humidade elevada com Inverno suave.
As regiões geladas a fauna são dependentes do mar. No Árctico esta aí o urso
polar, lontra, foca, morsa, boi marinho enquanto no mar da Antártida as grandes
baleias.

CÍCLO HIDROLÓGICO

Ciclo hidrológico é o movimento da água entre continentes oceanos e atmosfera.


O movimento das águas é contínuo ao longo dessas três camadas principais
que constituem o círculo hidrológico ou fenómeno do ciclo hidrológico.
Os principais fenómenos que dinamizam o movimento das águas chama-se ciclo
hidrológico. A precipitação, condensação, transpiração, evaporação, infiltração,
escoamento superficial e evapotranspiração. O vapor de água existente na
atmosfera ao condensar-se, precipitam-se sob a forma de chuva, neve, granizo,
ou saraiva etc. uma parte desta precipitação infiltra-se no solo indo alimentar os
lençóis freáticos, outra escorre e vai engrossar os rios, os lagos, pântanos, os
mares e os oceanos e finalmente uma outra parte acaba por se evaporar
regressando a atmosfera.
Esta trajectória repete-se de uma forma cíclica: é o ciclo hidrológico. Visto que a
chuva e precipitação líquida com diâmetro superior a 0,5mm.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 50
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Neve – precipitação sólida sua forma de cristais hexagonais.


Granizo – precipitação sólida com diâmetro de 2.5mm.
Saraiva – precipitação sólida com diâmetro de 5.5mm + trovoada.

Nos tipos de precipitação nos mecanismos são os mesmos do processo de


formação da precipitação.
As condições para chegar a nuvem são abaixamento da temperatura, existência
de corpos (água) na atmosfera de núcleo de condensação, vapor de água.

Precipitação

É o fenómeno da queda de vapor de água condensado quer no estado líquido


ao estado sólido. Para que haja precipitação é necessário que haja nuvens.

Mecanismos do processo de formação da precipitação

Turbulência mecânica – deriva da ascensão das massas de ar como


consequência de atrito entre as várias.
Convecção – as massas quando são aquecidas por causa de altas temperaturas
portanto a tendência é de subir ou ascender com outras condições térmicas
existentes na atmosfera a tendência é de condensar-se entretanto a água
condensada supera a força de gravidade e haverá precipitação.
Ascenção orográfica das massas se ar - condiciona a formação das nuvens e
posteriormente ocorre a precipitação, como sabemos que a condensação é
aglutinação das partículas (gotas) de água na atmosfera e vapor de água que
ascendem portanto, resulta como consequência da radiação solar (temperaturas
altas), que por sua vez ascendem o vapor de água.

Infiltração

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 51
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É um dos fenómenos do ciclo hidrológico que consiste na movimentação da


água no sentido descendente para o solo.
A ocorrência da infiltração varia em função de determinados factores:
Disponibilidade de água;
A natureza do solo (textura quando há porosidade). Porosidade é o grau de
afastamento entre as partículas que constitui o solo;
Estado da superfície do solo;
Quantidade inicial da água do solo.
A descendência das águas depende da disponibilidade de água – cobertura
vegetal.
Num solo molhado a infiltração ser’a menor em relação ao solo seco, pois o grau
de infiltração varia em função do tipo de solo.

Capacidade de armazenamento

A descendência da água na superfície do solo nem sempre se verifica quando


há precipitação, pois no interior do solo temos também a descendência da água,
que pode ser horizontal ou vertical, dependendo da capacidade de
armazenamento. A capacidade de armazenamento depende do peso da força.
Os factores que fazem se sentir neste fenómeno de evaporação,
evapotranspiração são:
 Disponibilidade da água;
 Seres vivos (biomassa);
 Energia (temperatura).
 O último elemento do ciclo hidrológico é o escoamento da água que é um
fenómeno de movimentação das águas de um ponto para o outro que se
verifica depois de ocorrência dos outros fenómenos como: infiltração,
evaporação, evapotranspiração. Se cada um desses elementos for
demasiado, não ocorrerá.
Factor de escoamento superficial

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Precipitação, maior precipitação, maior escoamento (disponibilidade de água).


Infiltração, maior infiltração menor escoamento;
Evapotranspiração maior – maior escoamento;
Declividade maior – maior escoamento;
Área drenada sendo área que contribui para escoamento superficial maior –
maior escoamento.

Ascensão lenta de grandes dimensões de ar

Acontece quando temos duas massas de ar com características diferentes.


Portanto, o encontro dessas massas de ar com características diferentes
condiciona a precipitação, a maior parte da nebulosidade resulta de vapor de
água que provém da superfície líquida da superfície terrestre.

Temperatura da precipitação

Determinar o estudo do tempo, clima de um determinado lugar.

TEMPO E CLIMA

Clima – é a sucessão dos vários estados de tempo ocorridos num mesmo lugar
durante um período longo. Geralmente toma-se um período mínimo de 30 anos.
Tempo - é o estado diário da atmosfera ou melhor o estado em que atmosfera
se nos representa num momento e num determinado lugar.
Tempo – é caracterizado por alguns elementos meteorológicos, em especial a
temperatura a precipitação, a nebulosidade e o vento. Assim, fala-se em dias
quentes ou frios, secos ou chuvosos, calmos ou ventosos, do céu limpo ou
encoberto.

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O tempo depende em cada caso da situação meteorológica dominante,


resultantes dos sistemas de pressão e de pressão em acção e dos tipos de
massas de ar em presença.
Portanto, um lugar pode passar por um período de mau tempo e um período de
bom tempo num mesmo dia ou semana.

Mas afinal o que é o tempo?

A ciência que estuda a natureza do clima as suas características, bem como a


sua variação territorial em relação as actividades económicas do homem chama-
se climatologia.
A climatologia tem como objecto de estudo as particularidades geográficas do
clima e a sua distribuição. Sendo assim, a climatologia tem como objectivos:
Caracterizar as variações climáticas de um lugar para o outro;
Explicar as causas da variação climática no globo;
Estabelecer relações com outros aspectos e fenómenos naturais;
Proceder à avaliação climática em relações as actividades económicas.
Como já é sabido que o clima traduz o estado edio da atmosfera entretanto
resulta duma análise de sucessão de estados de tempo.
O clima é caracterizado por alguns elementos meteorológicos em especial a
temperatura e a precipitação. Assim, fala-se em climas quentes, temperados e
frios, húmidos e secos.

Elementos do clima

Os principais elementos do clima são: a temperatura, humidade, precipitação,


pressão e o vento. Variam com o tempo e o lugar.
Para se caracterizar o clima de uma região é preciso ter conhecimento dos
estados de tempo características, de cada uma das épocas do ano, isto é, é
conhecer os ritmos da temperatura e da precipitação.

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Importância do clima

É muito importante para a vida dos homens e as suas actividades económicas,


mesmo para o comércio. Isso se pode comprovar pelo facto de o calendário
geral de comercialização agrícola, obedecer as estações do ano.

O clima influência muito bastante na agricultura, pois que para a prática da


mesma é preciso os condicionalismos do clima, entretanto as plantas cultivadas
adequam a um determinado tipo de clima. Também o clima exerce no tipo de
vestuário, o tipo de espécie de animais (fauna e flora).
Ele também exerce no tipo de habitação, e para aqueles que fazem guerras é
preciso conhecer o tipo de clima

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PEDOGEOGRAFIA

Conceitos básicos

Pangea – super continente que se supõe ter existido a 200 milhões de anos e
de cuja fractura resultaram, segundo se supõe os actuais continentes.

Corrente de Convecção – é o movimento de subida de materiais sólidos e


quentes e moldáveis que ao subir, arrefecem e descem ao mesmo tempo e os
outros mais quentes sobem.

Cratão – é uma parte da crusta terrestre rígida e estável.


Migração de continentes – é o deslocamento de um bloco ou parte de continente
de um local para outro em detrimento das forças intrusiva e/ ou extrusiva.

Gondwana – é o nome do ‘velho mundo” que se caracterizava por uma


aglutinação de todos continentes anteposto da fragmentação continental de
placas tectónicas.

DERIVA DOS CONTINENTES

A deriva dos continentes defende que os continentes são fragmentados


resultantes da fractura e afastamento de um único continente inicial
(Gondwana).
Fig. 1- A terra no Paleozóico

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Historial

No Século XVII, vários cartógrafos “ Bacon” filosofo cientista (inglês) tinha


chamado atenção para o facto dos recortes das costas dos continentes parecem
(encaixar). No ano 1800 Von Humboldt, alertava para o mesmo facto. No caso
da parte sul do continente americano e do continente africano ser
particularmente evidente. A questão que se levantava era então, de saber se o
aparente “encaixe” dos recortes continentais seria puro acaso ou indicava um
historia passada da união dos continentes e que, se assim fosse, o que se teria
passado com os oceanos.
No século XX (mais exactamente em 1912) é que ALFRED WEGENER formulou
uma teoria explicativa da concordância dos recortes das costas dos continentes.

Antes da actual distribuição geográfica dos continentes existiu um imenso


continente, o continente (Gondowana). Este manteve-se estável toda a era
paleozóica. Havendo varias opiniões sobre o período geológico em que teria
fragmentado dando origem há vários blocos continentais. Parece restarem
duvidas de que essa divisão se terá processado durante a era mesozóica.
No entanto, há autores que defendem que essa separação se teria iniciado na
era paleozóica e que se teria concluído até meados do mesozóico.

Várias teorias tentaram explicar a formação dos continentes, mas tudo leva a
crer que a teoria mais de acordo com a realidade seja a da “Deriva dos
Continentes” completada com a da “tectónica de placas”.

A teoria da deriva dos continentes de Wagner, provocou na época, grandes


polémicas. Hoje é contudo, nos seus traços gerais aceite pela comunidade
científica. Esta teoria apoia-se em vários argumentos à favor da deriva dos
continentes: que são de natureza variada:
1. Argumento Geográficos – há uma certa semelhança entre os recortes da
costa oriental sul, americana e os recortes da costa ocidental da africa, e esta

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 57
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

prova pode ser vista (visível) nas cartas e mapas e, hoje com provável pelas
fotografias aéreas.

2.Argumentos Geológicos – é de referir, em primeiro lugar, a correspondência


de maciços rochosos, por exemplo, na africa e na América do sul, em segundo
lugar, pode falar-se a ocorrência de ambos os lados do oceano atlântico, do
mesmo tipo de cadeias montanhosas que terminam, bruscamente, nos bordos
continentais.

3. Argumentos Paleontológicos – dizem respeito a existência de grandes


semelhanças entre a fauna e a flora fosseis dos continentes, hoje separado. Por
exemplo, Mesossauro que se encontra tanto no continente africano e americano,
prova evidente da união dos continentes no passado. A semelhança de fósseis
dos vertebrados descobertos em africa, América do sul, na índia e mais
recentemente na Austrália vêm consubstanciar a deriva dos continentes.

A teoria da translação defendida por Wagner

A teoria de translação defendida por Wagner com base em estudo sobre o


magnetismo das rochas que se encontram no interior da terra, diz que as
massas continentais ocuparam diversas posições ao longo do tempo, como
mostra a figura, em que a sequencia de imagens comprova este facto.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 58
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Segundo as imagens da figura, conclui-se:

1ª Posição: há 200 milhões de anos, o planeta tinha apenas um continente


chamado Pangea, rodeado apenas por um oceano – Pantalassa. Entre a eurásia
(Europa e Ásia) e Africa havia um área preenchida por agua denominada por
mar te Tétis, hoje mar mediterrâneo.

2ª Posição – há cerca de 180 milhões de anos, o grande continente


desmembra-se: forma-se um bloco norte, a Laurasia constituída por actual
América do norte, Europa e Ásia, e o sul, chamado Gondowana, que abrangia
as actuais América do sul, Africa, Austrália, Índia e Antárctida. Com o tempo
gondwana também se divide em Africa, América no sul Índia e Antarctida –
Austrália. Começam a surgir entre os blocos os novos oceanos.

3ª Posição – há 135 milhões de anos começa a formar-se oceano atlântico sul


e, por tanto, América do sul, a Índia continua a deslocar-se para o norte. A

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 59
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

eurásia começa a fechar-se a sua extremidade este do mar de Tétis; inicia-se a


formação do mar mediterrâneo.

4ª Posição – há 65 milhões de anos, Madagáscar destaca-se de África; a Índia,


esta prestes a entrar em contacto com o Sudoeste da Eurásia; o Mar
Mediterrâneo já é um facto; o Atlântico alarga-se cada vez mais; apenas a
Austrália continua ligado à Antárctica.

5ª Posição – actualmente pode-se verificar que a Austrália separou-se da


Antárctica. A América do Norte desligou-se completamente da Eurásia, deixando
a Groenlândia no Meio; a América do Sul juntou-se a Ásia (o choque da junção
originou da cadeia dos Himalaias).

6ª Posição – de hoje a 50 milhões de anos, a disposição dos continentes não


será a mesma, uma parte da África oriental separar-se-á do continente, a
Península da Califórnia desligar-se-á da América do dirigindo-se para o Norte; o
Oceano Pacífico diminuirá de extensão como sequência da expansão do Índico
e Atlântico e o Mar Mediterrâneo tenderá a desaparecer.

Provas do Wagner

Um encaixe perfeito entre: as costas ocidentais da África e Oriental da América


do Sul e a costa Oriental de Moçambique e a costa Ocidental de Madagáscar;
Existências de Ulha em regiões frias, onde somente florestas teriam existido, o
que significa que havia um clima húmido.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 60
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Placas tectónicas

Teoria de Placas Tectónicas

Admite-se que a superfície terrestre seja formada por uma serie de placas
bastante rígida, mas relativamente delgadas, de cerca de 150 km de espessura,
embora de dimensão variáveis, a maior parte da superfície terrestre é ocupada
por sete (7) placas que são:
— Placa Africana
— Placa Norte Americana
— Placa euro-asiática
— Placa Sul-americana
— Antárctica
— Pacífica e
— Indo— Australiana.

Também existem Placas de menor dimensão que são:


— Placa das Caraíbas

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 61
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

— Placa de Cocos
— Placa de Nasca
— Placa de Scotia
— Placa das Filipinas
— Placa de Irão e
— Placa da Arábia.

Estas Placas estão continuamente em movimento em relação ao eixo de rotação


da Terra, e em relação uma `as outras. Os deslocamentos são apenas de alguns
centímetros (cm) por ano.
Admite-se que praticamente toda a actividade sísmica, vulcânica e Tectónica
que se localiza ao longo das margens das placas e que esta actividade está
associada com os deslocamentos relativos das placas.
O Manto da terra também contem corrente de Convecção, consideramos dois
ciclos.
Correntes Verticais Ascendentes – são compensadas por correntes verticais
descendentes. Entre ambas estabelecem-se correntes horizontais da superfície
e em profundidade, constituindo-se assim circuitos convectivos mais ou menos
regulares. O Manto tem temperaturas e pressões muito elevadas o que
condiciona a viscosidade do material rochoso. O material quente inferior sobe,
sofre uma redução de pressão e uma fraca diminuição de temperatura e a
viscosidade diminui.
O material rochoso inferior, à temperatura elevada, ao atingir as cristas
submarinas diverge em sentidos opostos, para originar correntes superficiais
horizontais: o gradiente térmico vertical é muito grande e é o principal factor
determinante da viscosidade.
A parte superior ate 100 km de profundidade tem temperaturas muito baixas,
pelo que se comporta como um corpo rígido e elástico. A parte inferior de 100 a
200 km de profundidade tem temperaturas elevadas.
Segundo (U.E.M 1982).

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 62
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

MIGRAÇÕES DOS CONTINENTES

Os continentes hoje, ocupam uma disposição que é explicada por duas (2)
hipóteses:

A Fixista e a Mobilista.

Corrente Fixista – os continentes e os oceanos sempre foram fixos, e que


nunca tiveram outras posições;

Corrente Mobilista – advoga a ideia de movimentação de grandes massas


continentais a partir de fragmentação de um único continente.
Esta fragmentação teria originado ao longo dos tempos geológicos o actual
quadro geográfico fruto da deslocação das grandes massas da terra,
provocadas pelas correntes de conveccão no interior da terra.

GRANDES DOMÍNIOS DA LITOSFERA

Litosfera – é a camada rígida superficial da terra formada pela crusta e parte


superficial da parte superficial do manto. Segundo (MÁRIO Freitas e outros
1997).
A Litosfera fragmentou-se em 7 grandes Placas que cada uma das quais pode
compreender porções de continente do oceano. Estas placas deslocam-se
devido as correntes de conveccão originadas por diferenças de densidade que
afectam a Astenosfera. Os movimentos da Astenosfera fazem com que as
Placas da Astenosfera se comportem como blocos rígidos colocados sobre um
tapete rolante. Foi através destes movimentos que as placas vieram ocupar as
posições actuais.

A Litosfera é constituída por 3 grandes áreas que se diferenciam entre si pelas


suas características de origem tectónica:

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 63
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Área Continental – corresponde a parte que designamos de superfície terrestre,


incluindo uma parte imersa no mar mas ate uma certa profundidade
relativamente pequena, a plataforma continental. No continente podemos
distinguir os Escudos ou Plataformas constituídas por rochas antigas e muito
duras deixando realçadas as montanhas, que pela sua composição (duras) são
eruditas lentamente. O escudo ou Plataforma tomam o nome de Cratónicas de
cadeias montanhosas de intra continentais ou intracratónicas; ex: Cratão
Rodesiano.

Área das Cinturas Orogénicas – referem as zonas de relevo recentes produzidos


pelos movimentos tectónicos iniciados no secundário e reactivados no terciário,
há 30 milhões de anos os sistema de arcos das Ilhas, as fossas marinhas
também fazem parte desta área.
As grandes cadeias montanhosas estão relacionadas com a orogenia Alpina que
se subdivide – se em dois grandes conjuntos:
— Cadeia Peripacifica que engloba na América as montanhas rochosas e os
Andes, a Este da Ásia, Arquipélago das Filipinas, do Japão, Austrália e Nova
Zelândia.
— O outro grupo compreende os Alpes, Cáucaso, Himalaias e Atlas.

Áreas Oceânicas – localizam-se na litosfera oceânica e não incluem a


Plataforma Continental.

Rochas sedimentares

As rochas sedimentares resultam da acumulação do material depositado pelas


águas os mares e rios, pelos gelos dos glaciares ou pelo vento, em regiões
favoráveis. Em geral, os detritos acumulados acabam com o tempo por se
ligarem entre si. Um cimento de natureza variável (silicioso, calcário) transforma
assim, as rochas móveis em rochas consolidadas:

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 64
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

As rochas sedimentares podem-se dividir em rochas detríticas, quando resultam


da acumulação de detritos provenientes de outras rochas, e rochas não
detríticas quando resultam de processos químicos ou biogénicos.
As areias são constituída por grãos com diâmetro de 0,05 mm a 2 mm, a sua
composição é variável, predominando em geral o quartzo que pode mesmo ser o
único constituinte. As areias, quando cimentadas formamos grés ou arenitos. A
capacidade destas rochas é muito variável constante a natureza do cimento.
Os aglomerados são constituídos por partículas minerais com diâmetro inferior a
0,00 mm. A composição pode ser muito variável, sendo característicos os
produtos de meteorização química como o caulino. As argilas são normalmente
plásticos e tem elada capacidade de retenção para água.
As argilas quando consolidadas constituem os argelitos. Se houver uma
folhação mais ou menos nítida paralela ou não os planos de estratificação, ter-
se-á xistos argilosos.

Os calcários são essencialmente formados por calcite (CACO). Na maior parte


dos casos são constituídos por grãos tão finos que não se distinguem a vista
desarmada. Os calcários constituem um grupo variadíssimo. A cor é
vulgarmente branca. As marcas são formações terrosas, constituídas
principalmente de calcário e argila em proporção variável. A sua cor mais usual
é o cinzento.

Estrutura de rochas sedimentares

As rochas sedimentarem apresenta-se em camadas ou estratos que podem ser


horizontais ou inclinados, direitos ou enrugados, de acordo com os esforços a
que foram sujeitas. As rochas podem ser pouco ou muito duras. No primeiro
caso, formam sem material rochoso brando que se enruga em dobras se for
sujeito a força de compressão.
No segundo caso formam um material rochoso rígido que se fracturam em
blocos quando sujeito a forças de compressão distensão de um modo geral o

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 65
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

material brando é formado por rochas recentes em especial sedimentares das


bacias mesocenozoica, ao passo que o material rígido é constituído por rochas
antigas em especial eruptivas e metamórficas, dos maciços cripto paleozóicos.

Rochas sedimentares e sua génese

Quando a força dos agentes de transporte se torna insuficiente, por diminuição


da velocidade ou encontra um obstáculo os sedimentos acabam por se
depositarem em locais imersos e emersos pela acção de gravidade e este
processo chama-se sedimentação.
Os sedimentos ou detritos são então resultantes de rochas precistentes e pode
depois experimentar um transporte mais ou menos longo em que a sua
transformação continua.
Os sedimentos transformam-se em rochas, a história da maior parte das rochas
sedimentares não termina com a sedimentação. Vão ainda sofrer um grande
número de transformação, à medida que os sedimentos se vão acumulando por
exemplo: no fundo de um lago os mais antigos vão sendo submetidos a pressão
(por acção de peso das camadas superiores) e temperatura cada vez mais
intensa (a temperatura aumenta com a profundidade), como resultado, ao fim de
muito tempo (milhares de anos), o sedimento não consolidado transforma-se
numa rocha compacta.

Este processo designa-se por diagénese, sendo as suas principais etapas


seguintes:
 Deposição: acumulação de detritos;
 Compactação: o peso dos materiais vai fazendo diminuir os espaços
entre os grãos dos sedimentos mais profundos;
 Dessecação: a água que preenche os espaços vai saindo devido a
pressão;

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 66
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

 Cimentação os grão e as partículas unem-se entre si devido ao


aparecimento de substâncias (cimentos) que preenchem os espaços
existentes.

Em jeito de síntese podemos dizer que a formação de maior parte de rochas


sedimentares compreende as seguintes fases:

 Meteorização e erosão – desgaste que sofrem as rochas como


consequência da acção dos agentes geológicas externas.
 Transporte – deslocação dos materiais resultantes da desagregação das
rochas.
 Sedimentação – acumulação de materiais em depressões da superfície
terrestre.
 Diagenes – conjunto de transformações que os sedimentos sofrem até a
formação da rocha sedimentar compacta.

Classificação das rochas sedimentares

As rochas sedimentares classificam-se em:

 Rochas detríticas ou claticas – constituídos por sedimentos detríticos


como por exemplo as areias, os arenitos, os conglomerados e as argilas;
Rochas químicas ou de precipitação – que se forma por precipitação das
substâncias dissolúveis na água como por exemplo os calcários;
Rochas orgânicas ou biogeneticas – originada pela transformação de restos de
animais e plantas ou que resultam da sua actividade como por ex: os carvões,
os petróleos e o calcário biogenético.

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Rochas metamórficas e sua gênese

As rochas metamórficas apresentam em geral uma filiação, mais ou menos


visível, se bem que muitas vezes tal não se verifica.

Os micaxistos em que é muito notável a xistosidade são essencialmente


formados por quartzo e emicaz. Os quartzitos compõem-se de grão finos de
quartzo também alimentado. São em geral de cor branca. Os quartzitos são das
rochas mais duras que se conhecem, oferecendo por isso grande resistência a
erosão extraída.

As rochas metamórficas constituem cerca de 15% do volume da crosta terrestre


e são consideradas rochas endógenas tal como rochas magmáticas, por se
formarem em profundidade, no interior da terra em ambientes de temperatura e
pressões relativamente elevadas. Nas rochas metamórficas no entanto, essas
temperaturas e pressões não são tão elevadas que as rochas chegam a fundir,
sendo esta diferença fundamental em relação as rochas magmáticas.
As rochas metamórficas resultam das transformações de rochas preexistentes
pela acção isolada ou conjugação de diferentes factores como:
 A temperatura;
 A pressão;

Os fluidos circulantes e o tempo – os agentes metamórficos.


A este conjunto de acções dá-se o nome de metamórfica. As rochas
metamórficas podem formar-se de diferentes modos:
O caso exclusivo a acção da temperatura é no caso de uma intrusão magmática
que ao atravessar um conjunto de rochas vai funcionar como uma fonte de calor
importante e duradoura;
Quando maior for a fonte de calor maior será os efeitos e maior será a aurécia
de rochas metamórficas que se formam no contacto entre intrusão magmática e

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

as rochas preexistentes. Neste caso esta se em presença de metamorfismo de


contactos.

Classificação das rochas metamórficas

As rochas metamórficas se classificam:

 Gneisses, é composta por quartzo, feldspatos e micas; estes são rochas


quase de cor clara;
 Micaxistos, são rochas essencialmente constituídas por quartzo e micas,
provém geralmente das rochas argilosas;
 Mármore (calcário critalino), são rochas essencialmente constituídas por
grão cristalinos de calcite, estas provém dos calcários por metamorfismo
de contactos.

Ardósia, se forma em geral por metamorfização de rochas argilosas sendo


geralmente da cor negra ou cinzenta escura.
Extraído: No livro Planeta Azul 7 ciências naturais.
Autor: Fialho, Isabel e outros

Resumo das rochas sedimentares e metamórficas

Rochas: é uma associação natural de dois ou mais minerais, a qual se


apresenta sob forma mais ou menos consolidadas. São as rochas que
agregando-se entre si edificam o planeta terra, isto definem as unidades
estruturais da terra.

Rochas sedimentares - são rochas cujos agentes são exógenos e forma-se em


locais que apresentam materiais depositados pelos agentes externos: água
pluvial, fluvial, marinha lacustre ou dos glaciares e ventos. Os depósitos podem
ter diversas origens; facto que leva a classificação da rochas sedimentares em:

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 69
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

 Detríticas;
 Químicas;
 Biogénicos ou orgânicas.

Rochas detríticas: são rochas que e forma de materiais minerais provenientes de


rochas pré – existentes. Segundo a estrutura e tamanho dos detritos podem ser:
-conglomerados, grés arenito e argelitos.

Rochas de origem química – são rochas que se formam dos depósitos


dissolvidos pela acção da água rica em g carbónico ou pela cristalização de sais
em determinadas áreas da crosta, trata-se do caso do sal-gema, gesso e de
rochas calcárias.
Rochas de origem biogénica ou orgânicas são rochas que se forma em
depósitos de materiais químicos soterrados cuja estrutura inicial e substituída
por substâncias minerais dissolvidas nas águas subterrâneas. Os materiais
inicialmente depositados podem vir da parte vegetal ou animais, exemplo o
carvão, ou recifes de corais.

Processo de formação das rochas sedimentares

Uma vez os materiais depositados num dado lugar ocorrem os processos de


ligação, compactação e cimentação dos detritos, seguidos pela recristalização
dos detritos. O conjunto de processo que se dão para a formação das rochas
sedimentares designa-se diagéneses e a esta dá-se a temperatura e pressões
mais ou menos idênticas às da superfície terrestre.

Características das rochas sedimentares

As rochas sedimentares são geralmente dispostas em estratos paralelos


primitivamente horizontais; os estratos mais antigos são os mais compactos ou
consolidados e situam-se nos horizontes inferiores.

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Rochas metamórficas

São rochas que se formam geralmente nas zonas de contacto entre uma rocha
pré-existentes e um afloramento igneio.
Estas rochas provém da transformação ou alteração tal alteração chama-se
metamorfismo, isto é, mudança de forma de rocha existente, quando sujeitas a
elevadas temperatruas e pressão. No metamorfismo ocorrem mudanças
químicas e recristalização do material.
As rochas que apresentam cristais e ao mesmo tempo são estratificadas
chamam-se cristlofilicas. As rochas metamórficas podem ser folidas gneisses,
micaxistos e ardosi e não foliados quarzito e marmore.

Processo de formação das rochas metamórficas

As rochas metamórficas resultam de acção do calor e de pressão no interior da


terra sobre rochas pré-existentes (ígneas ou sedimentares). Exemplo da origem
de algumas rochas metamórficas:
 O grés metamorfizado origina quartzitos;
 O calcário metamorfizado origina mármores; Xisto metamorfizado origina
ardósia;
Carvão metamorfizado origina grafite.

AGENTES DA GEODINÂMICA EXTERNO

Conceitos:

Acumulação – É dominante na secção baixa ou seja próximo da foz.

Agentes da Geodinâmica Externa – São considerados agentes da


geodinâmica externa os que actuam a superfície terrestre, provocando

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 71
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

alterações nas rochas, através da oscilação das temperaturas, acção da água e


do vento.

Corrosão – É uma das outras acções desenvolvidas pelo vento.

Caudal de um rio – É a quantidade de água que o rio transporta numa secção,


durante uma unidade de tempo.

Deflação – É acção desenvolvida pelo vento.

Desgaste – É dominante na secção alta do rio ou seja próximo da nascente.

Erosão - É o processo de transporte da superfície terrestre por acção dos


agentes erosivos ou acção de transformação do relevo pelos agentes externos.
Fluvial – É acção erosiva provocada pela acção das águas dos rios.

Glaciares – São massas de gelo que surgem através da acumulação de neve.

Meteorização – É o processo da alteração (desagregação e decomposição) das


rochas provocada pela acção dos agentes externos quer pela oscilação da
temperatura quer pela acção das águas.

Meandro – Por vezes nesta secção terminal os rios deslocam-se lentamente,


descrevendo curvas, isso, é denominado Meandro.

Planície de Aluvião – são formas de relevo plana que se desenvolvem próximo


das áreas onde os rios vão desaguar.

Termoclastia - É o processo da desagregação da rocha por acção da


temperatura.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 72
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Transporte – É dominante na secção média do rio.

Geodinâmica externa: é o conjunto de processos que conduzem a modificação


de um relevo original, processados a superfície da terra.
Como agentes geodinâmica externa, vamos considerar a actuação de
determinados fenómenos atmosféricos como: vento, chuva, gelo e temperatura,
e ainda, os resultantes deste fenómenos tais como água correntes, glaciares,
rios e oceanos.
As transformações do relevo, se devem as acções constates de agentes que
provocam alterações nas rochas: oscilações da temperatura, a acção da água e
do vento.
Estes agentes por que actuam na superfície da terra, designam-se agentes
externo ou geodinâmica externo.

Meteorização

É o conjunto de alterações (desagregação e composição) das rochas


provocadas por acção dos agentes externas: quer pela oscilação de temperatura
e quer pela acção do vento.
Uma das características da meteorização é que não há transporte de materiais
(o processo afecta as rochas).
A meteorização pode fazer-se em dois processos diferentes: desagregação
mecânica e decomposição química.
Os Geógrafos falam de meteorização, designando o conjunto de forças
mecânicas e químicas que actuam na alteração da superfície da terra, através
da ocorrência de vários fenómenos.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 73
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Meteorização Mecânica/ física

A meteorização mecânica consiste em que as forças de tensão actuam sobre as


rochas, causando a sua desagregação.
As variações da temperatura originam o aquecimento que provoca a dilatação
dos blocos rochosos e, o arrefecimento origina a contracção dos mesmos. Da
repetição deste processo, resulta o aparecimento de fendas, provocando a sua
rotura e posterior fragmentação da rocha em blocos de menores dimensões.
Este processo, acaba por transformar a rocha num amontoado de calhaus.
Este processo de desagregação da rocha por acção da temperatura denomina-
se termoclástica.
A desagregação das rochas por acção da temperatura é particularmente
importante nas regiões desérticas, onde as variações da temperatura
(amplitudes térmicas diurnas) são acentuadas. Ver figuras ( 80, 81 e 82 ).
Por outro lado, nas fendas e nos poros existentes nas rochas pode acumular-se
água. Se a temperatura baixar, a água solidifica-se (congela) aumentando-se de
volume.
Assim a água congelada pode exercer uma grande força de pressão contra as
paredes de fendas e poros provocando o seu alargamento. A repetição desse
processo vai contribuir para a desagregação da rocha fragmentando em bloco
de menor dimensão.
Quando a desagregação das rochas se dá pela congelação e descongelação da
água da se o nome de crioclastia.
Este processo é importante sobretudo nas regiões polares e regiões de grande
altitude. As raízes das plantas e certos animais que vivem nas rochas alargam
as fendas, contribuindo assim para a água da desagregação mecânica.

Este fenómeno é particularmente frequente nas regiões desérticas. Como vai


estudar no capítulo seguinte, umas das características do clima destas regiões é
variação diurna da temperatura.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 74
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Durante o dia atinge valores muito elevados e durante a noite desce bastante,
por esse fenómeno de desagregação das rochas é intenso, dado que ficam sub
metidas, num curto espaço de tempo, a grandes dilatações.
Quer dizer que quando o calor é muito intenso, os materiais que constituem as
rochas dilatam-se, e a sua capacidade de dilatação é ultrapassada, estala,
fragmentando-se.
Nas regiões onde a temperatura é bastante baixa a água existe entre fissuras
das rochas passa aos estados sólidos (gelo); em consequência disso aumenta o
volume, o que também leva à fragmentação das rochas.
A desagregação das rochas por acção da temperatura é particularmente
importante nas regiões desérticas, onde as variações das temperaturas são
bastante acentuadas
Por outro lado nas fendas e nos poros existentes nas rochas podem acumular-
se água. Se temperatura baixar, a água solidifica, aumentando, por isso de
volume.

A humidade e a chuva exercem igualdade uma grande influência, tanto maior


quanto mais elevadas forem as temperaturas. Dão-se reacções químicas
complexas, que acabam por alterar e desintegrar lentamente as rochas.

A figura abaixo ilustrada demonstra as alterações mecânicas que ocorreram


numa rocha; isso é rocha alterada pela meteorização e rocha meteorizada.

Meteorização Química

A alteração Química, resulta da acção das águas superficiais, que contém


oxigénio e dióxido de carbono fixado no contacto com o ar e acido orgânico
dissolvido ao longo do percurso através dos solos. Junta mais inexoravelmente
desenvolvem-se reacções químicas, que, associadas das acções mecânicas
conduzem a formação de um manto de alteração ou de meteorização sobre a
superfície rochosa.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 75
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

A meteorização não se desenvolve em todos locais da terra, com a mesma


intensidade e rapidez. A mesma rocha pode evoluir da maneira diferente
consoante as características do clima da área em que ocorre.
No entanto, todas as paisagens que se observam no revelam a actuação de
outros agentes, cuja acção se desenvolve fundamentalmente na parte superficial
da crosta: os agentes externos.
A acção destes agentes, também denominamos por agentes erosivos, chama-se
erosão.
A água e os ácidos, alguns dos quais produzido pelas plantas e animais podem
dissolver, separar ou transformar os minerais que constituem as rochas
provocando a sua decomposição química.
Estes reagem com os minerais constituintes das rochas, alternando-os a acção
química, é importante sobre as rochas calcárias.
Toda acção erosiva compreende três processos de actuação: desgaste,
transporte e acumulação.
De referir que muitas vezes a meteorização química e a mecânica actuam em
simultâneo; assim observe a figura abaixo:

Os principais agentes erosivos são


 Os Rios;
 O vento;
 Os mares;
 A temperatura;
 Os oceanos

Os rios

Quando as chuvas caem sobre o terreno forma-se uma película de água de


grande valor erosivo.
As correntes são cursos temporários, mas com um poder de erosão excepcional.
Há que distinguir uma bacia de recepção, onde as aguas selvagens se

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 76
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

concentram e a erosão é muito intenso um canal de escoamento, onde a


velocidade das águas é elevada e um cone de dejecção.
As correntes temporária vão se reunindo os poucos cursos permanente cada
vez mais bem definidos. São os rios alimentados não só pelas aguas
superficiais, mas também pelas aguas da infiltração, os rios dão origem as redes
hidrográficas que definem bacias hidrográficas.
Os rios exercem um trabalho de erosão, transporte e deposição ou acumulação.
Em consequência dessas acções, o vale do rio vai tomando configuração
diferente, conforme observamos próximo da nascente na secção média ou
próxima da foz.
Próximo da nascente o rio tem como acção dominante o escoamento, Por isso o
vale vai se aprofundando, isto é fica cada vez mais encaixado e as vertentes vão
apresentar-se com grande inclinação.
Na secção média, a acção de desgaste perde a sua importância e acção
dominante é como já sabemos o transporte. Assim, o vale vai apresentar-se
menos encaixados e as vertentes vão ter um declive menos acentuado.
Por último, na secção próxima, o rio deixa de transportar detritos, porque deixa
de ter força para exercer esta acção. As águas correm agora com menor
velocidade e por isso a acção dominante é a acumulação dos detritos que
arrancou ao fundo do vale próximo da nascente e que foi transportando ao longo
do percurso até próximo da foz. Em consequência da acção da acumulação nas
proximidades da foz, os rios tem de a construir nas regiões onde vão desaguar
formas de relevos muito característicos: As planícies aluvião.
Um geólogo Americano, chamado William Davinc, comparava um rio no seu
percurso desde a nascente até a foz, a vida deve ser viva. Próximo da nascente
pode ser comparada com um Jovem, tem muita fora e desloca-se com grande
velocidade diminui tal como acontece com os animais quando atinge a
maturidade, na foz, a força e a velocidade são ainda menores, tal como
acontece com os animais quando atinge a velhice.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 77
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

As chuvas

 A acção erosiva da água não se faz sentir apenas através dos rios, mas
também a água das chuvas tem um papel muito importante como agente
moderador da costa continental, sobre tudo nas regiões onde as chuvas
são mais concentradas, isto é em que chove bastante num intervalo de
tempo relativamente curto que a sua acção se torna mas evidente.
Como sabemos, a água pode reagir com minerais das rochas, quer por si
quer pelos gases atmosféricos que transporta em solução. Em termos
desagregados onde se encontram dispersos blocos rochosos, estes
protejam os materiais que se encontram sub eles, de modo que acabam
por se tornar salientes acima do solo e por constituir chaminés de fadas.

 Quando chove, as águas provenientes dessa chuva deslocam-se em


direcção definida. Águas selvagens.
Estas águas tem como primeiro efeito arrastar consigo os materiais mais
facilmente renováveis, origina-se assim, formações curiosas, vulgarmente
conhecidas por chaminés de fada. Ao mesmo tempo que provocam o
efeito atrás referido as águas de chuva reúnem-se e acabam por escorrer
pelas vertentes dos montes, formando assim as torrentes.
As torrentes têm forte poder erosivo, dado que não só a velocidade de
água como material exportado provoca modificações de substâncias no
relevo original.
Estas águas terminam seu percurso e reúnem-se finalmente nos rios.

Os mares

O Litoral é a zona de contacto entre a terra e o mar. Trata-se de uma faixa


estreita onde as formas de relevo se alteram com grande rapidez.
O mar realiza um trabalho de erosão de transporte e de deposição.
A acção erosiva da água do mar denomina-se por erosão marinha ou abrasão.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 78
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Os materiais arrancados pelo mar a arriba vão ser transportados pelo próprio
mar, que acaba por os depositar.
Acumulam-se no litoral formando as praias quando as águas não são muito
profundas ou quando a costa apresenta reentrâncias. Os depósitos mas finos
são arrastados pelas correntes marítimas e acabam por se depositar nos fundos
oceânicos que, deste modo, se encontram atapetados por espécies camadas de
atritos.

Acção da temperatura

A temperatura do ar varia diariamente, ao longo do ano, varia ainda mais, ao


longo das épocas geológicas, isto é, ao longo de milhões de anos .
O efeito da a variação da temperatura sobre os maciços rochosos, que são
corpos sólidos, provocando contracções e dilatações sucessivos que conduzem,
muita das vezes a fractura neste maciços rochosos.

Esquema representativo do efeito da variação da temperatura sobre os maciços


rochosos

Os ventos

O vento quando actua isoladamente, consegue arrancar das formações


rochosas. Os elementos que se encontram mais ou menos soltos a este efeito
chamam deflação.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 79
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Esquema representativo da acção do vento

Acção exercida pelo vento que transporta as partículas leves resultante da


fragmentação e decomposição das rochas.
Este por sua vez levanta e transporta partículas de areia soltas que
posteriormente as deposita em lugares onde encontra obstáculo ou barreira, ou
quando diminui de velocidade.

Até Que isso acontece, as areias vão embatendo sobretudo o que encontram ao
longo do seu trajecto. A esta acção modeladora de vento dá-se o nome de
erosão eólica, que se faz sentir particularmente, nos desertos e nas áreas junto
do litoral.
O vento no seu trabalho de modelação exerce uma acção tripla de: desgaste,
transporte e de acumulação.
As partículas das rochas são em seguidas transportados pelo vento para certas
distâncias em relação ao lugar de origem. O material mais fino é levado em
suspensão e o mais pesado é arrastado junto ao solo.
No processo de transporte, as partículas encontram-se animados de grande
energia que a leva a baterem de encontro ás rochas, desgastando-se. A este
processo de desgaste damos o nome de: corrosão – como a acção de desgaste
provocada pelos graus que o vento transporta.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 80
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Quando o vento actua sobre as regiões litorais, arrasta consigo as areias da


praia, as quais são depositados pouco depois desde que encontre um obstáculo.
Estas acumulações formam o seu conjunto as dunas litorais.

Dunas

São as formações mais notáveis que o vento cria em terra firme e formam-se em
todas as partes onde existe abundância de areia e ventos com direcções
dominantes, são abundantes no litoral e nas grandes extensões desérticas.

Os glaciares

Os glaciares são massas de gelo resultante da acumulação de neve, que se


desloca sob acção da gravidade. Formam-se nas regiões onde a neve chega a
desaparecer por completo durante o Verão, acumulando-se por isso, todos os
anos, em sucessivas camadas.
Atendendo à sua localização podemos considerar dois tipos de glaciares.
Glaciares continentais ou inlandis
Glaciares de montanhas.

 Os glaciares continentais – são constituídos por massas de gelo de


grande espessura e de enorme extensão. São também designados por
Inlandis.

Actualmente, existem apenas dois, autênticas relíquias do passado, a saber;


O glaciar da Antártida, com cerca de 13m de Km quadrados e, o glaciar da
Groenlândia com cerca de 1,7 m de Km quadrados.
De uma maneira geral, a espessura do gelo diminui do centro para a preferia,
podendo alcançar em alguns lugares valores superiores a 4 mil metros. Por isso,
só quando o relevo da região encobre é suficientemente vigoroso e que é visível
acima do gelo. As cristas das montanhas constituem, assim autentico olho na

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 81
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

vasta planura gelada. Os glaciares continentais ultrapassam por vezes o litoral


de modo a cobrirem extensões apreciáveis do oceano, como sucede na
Antártida. Das arribas que assim avançam pelo mar que podem ter dezenas de
metros, de altura, desprendem-se com fragor em formas de Icebergs.

 Os glaciares de Montanhas – este ocupam, em relação aos anteriores


extensões muitíssimo menores. Formados pela acumulação de neve nas
altas montanhas, descem ao longo dos vales até as regiões
suficientemente baixas, onde a fusão total de gelo põe termo ao seu
avanço.

A neve acumulada em depressões com forma de anfiteatro, e por isso


chamadas circos, transforma-se pela pressão crescente em gelo. Este desce
pelo vale origina uma língua glaciária que pode ter algumas dezenas de
quilómetros de comprimento.
A sua superfície está cortada por numerosas fracturas, em consequência das
irregularidades do fundo e das vertentes do vale. São as crevassas, que podem
atingir dezenas de metros de profundidades e constituir um perigo para quem
atravesse o glaciar.
Se bem que seja imperceptível à vista, o gelo dos glaciares deslocam-se de
montante para jusante. Com velocidades muito variáveis. Uns avançam apenas
20 metros por ano e outros avançam 24 quilómetros por ano.
Os glaciares exercem trabalho de erosão, transporte e de deposição. À medida
em a língua glaciária progride para altitudes cada vez mais baixa, as
temperaturas aumentam e, em consequência dá-se a fusão. Deste fato resulta à
acumulação de materiais, que contrariamente ao que acontece com os rios não
apresentam qualquer calibragem.
Além das rochas extraídas existem ainda outros testemunhos de presença dos
glaciares, que são os lagos.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 82
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Consequências do deslocamento dos glaciares

Origina-se o escavamento de um vale, que em perfile transversal tem uma forma


de U uma vez que os materiais transportados (moreias) viaja em posição fixa.
As rochas que constituem o fundo dos vales dos glaciares ficam estriadas e
polidas tomando aspectos curiosos e as que chamamos das rochas ob-rogados.
O material que é transportado – as moreias fica também esfriado devido ao atrito
das rochas do vale.
Quando acontece o degelo, as moreias ficam constituídos de depósitos
glaciários e as águas constituem formando torrentes.
Nas regiões onde outrora existiam glaciares, as paisagens mantêm as marcas
típicas de erosão glaciária, como vales em U, moreias, rochas estriadas, lagos
resultantes da fusão dos glaciares.

Os agentes construtores do relevo

Estrutura interna da terra

Uma observação directa da paisagem geográfica pode ser vista diversas


características que na sua compostura formam aquilo que chamamos por relevo
terrestre. Verdade é afirmar que cada um de nós tem estado equivocado sobre
a origem de tanta “engenharia”. Tal dúvida só se pode esclarecer a razão ou
origem de tamanhos fenómenos, através de estudos geológicos no que diz
respeito aos processos decorrentes no interior da crusta terrestre, porém sem
querer menosprezar a forte influência dos fenómenos exteriores (atmosféricos)
que interagem na alteração das características do relevo terrestre. No comando
dos estudos geológicos, entre muitas ciências, está a Geotectónica.

A Geotectónica, define-se como sendo ciência da estrutura, movimentos,


deformações e desenvolvimento da crusta terrestre e a parte superior do manto
e a ligação do desenvolvimento da terra no geral.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 83
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Este conceito da geotectónica sugere-nos a ideia de que são os fenómenos da


geodinâmica interna, responsáveis pela formação do relevo da superfície
terrestre com todas suas especificidades e para o desenvolvimento da terra no
geral.
Nesta perspectiva, sabendo que são os fenómenos internos responsáveis pela
formação e deformação da superfície da terra, nos importa saber os tipos de
movimentos, suas naturezas, origem, as principais manifestações e formas
actuantes na superfície terrestre.

Para melhor compreender os fenómenos internos, nesta abordagem farei


menção a estrutura interna da terra, os seus componentes e características
físicas, químicas e comportamentais.

Estrutura interna da terra

Os estudos levados a cabo por certos cientistas, baseando-se nos métodos de


observação directa e indirecta, permitiram o homem obter conhecimentos sobre
o interior da terra. “ De acordo com o comportamento das ondas sismas no
interior da terra considera-se a existência de três grandes camadas: a crusta, o
manto e o núcleo”. É de salientar que o conhecimento da estrutura interna é
hipotético visto que ninguém pode lá chegar para observar directamente os
fenómenos que lá decorrem, mas sim a partir de investigações indirectas através
de materiais ejaculados do interior da terra.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 84
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Estrutura interna da terra

Cada uma destas camadas apresenta características diferentes da outra


conforme a posição que ocupa em profundidade.

A crusta é a camada mais superficial que entra em contacto directo com o


homem. A sua espessura é variável de acordo se trata de zona continental ou
oceânica. Nos continentes, a espessura da crusta varia de 20-90km e nas zonas
oceânicas de 5-11km, esta variação de espessura deve-se a variação do relevo
do fundo do oceanos. No geral, esta camada é constituída por material rígido
com resistência variável de acordo com a natureza das rochas, por isso,
quebradiça sempre se estiver sujeita à elevadas pressões ou enrugamento
dependendo do tipo de força que for exercida.

O manto camada a seguir da crusta, a mais espessa, estendendo-se desde a


crusta até uma profundidade de 2900km a camada com duas sub camadas,
manto superior e manto inferior entre as quais, uma camada de transição (do
manto superior e manto inferior). Esta região que tem sido responsável por
certos fenómenos que atingem a superfície da terra. Na atmosfera os

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 85
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

componentes mineralógicos encontram-se no stado fluido devido às altas


temperaturas e pressões que se verificam nesta zona.

O núcleo camada mais interno da terra que vai desde os 2900-6370 km,
também esta camada, na semelhança do manto, apresenta uma subdivisão,
existente o núcleo externo e o núcleo central ou interno. A sua constituição é
pouco conhecida.
Sumarizando as camadas internas, a terra possui um raio de 6370 km.

Acção dos agentes internos na construção do relevo

Como anteriormente foi referida da estrutura da terra fazem parte camadas cujos
materiais se encontram no estado de fusão ou parcialmente fundidos por acção
combinada das elevadas pressões e temperaturas a que estão sujeitas. Devida
essa presença permanente de altas temperaturas e “pressão com valores
aproximados a 260 atmosferas”. A. Casal Moura (1992: 33), essas massas
liquefeitas podem ascender através das crustas ou quebrando a camada
litosferica da crusta terrestre, à superfície da terra, constituindo assim vulcões.
O conjunto dos movimentos internos responsáveis pela construção do relevo
terrestres pode ser classificados em movimentos rápidos (vulcões e sismos) e
movimentos lentos (movimentos tectónicos).

Vulcões – emissão de produtos líquidos, sólidos, e/ou gasosos através de


aberturas existentes à superfície dos continentes ou no fundo dos oceanos.

Vulcões montanha ou cobertura (cratera) na montanha, de onde saem gases,


turbilhões de fogo; rochas no estado sólido e substâncias em fusão (lavas)
Dicionário Universal Língua Portuguesa.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 86
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Origens dos vulcões

O material expelido pelo vulcão em erupção é proveniente do interior da terra de


forma fluida e com temperaturas elevadíssimas. Isto mostra que o interior da
terra as temperaturas e as pressões são elevadas ao ponto de fluir o material
sólido que constitui as camadas internas.
As placas de litosfera estendem-se em profundidade até uns 70-80 km sob os
continentes, por baixo delas encontra-se a zona do manto superior denominada
Astenosfera em que as rochas se encontram fundidas ou em estado pastoso
(parcialmente fundidos) em virtude das elevadas pressões e temperaturas aí
reinantes. Sendo assim, as placas de litosfera “flutuam” na Astenosfera. Durante
milhões de anos essas placas litosfericas, chocaram entre si, deslizaram ou
afastaram-se umas das outras dando lugar, por ascensão e derrame do magma
– o fenómeno vulcanico.

Constituição de um vulcão

Os vulcões podem apresentar aspectos diferentes contudo apresentando no


geral uma estrutura típica constituída por: câmara magmática, cratera e
chaminé:
 Camada magmática – local de alojamento do magma;
 Cratera – zona extrema da chaminé vulcânica onde são expelidos os
materiais do vulcão;
 Chaminé vulcânica – fenda através da qual o magma ascende desde a
câmara magmática, ou seja, a abertura ou cavidade através da qual o
magma vai se expelir.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 87
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Constituição de um vulcão

Tipos de actividades vulcânicas

Para determinar os tipos de actividades vulcânicas é necessário tomar em conta


dois aspectos essenciais: a composição química do material e quantidades de
H2O.
Os tipos de erupção vulcânica... bem como as características dos aparelhos
vulcânicos e dos produtos expelidos pelos vulcões são sobretudo condicionados
pela composição química do magma e pela participação da água no fenómeno.

Este autor, segundo as características e critérios de classificação, distingue dois


tipos de actividades vulcânicas; vulcanismo efusivo (com intervenção da água) e
vulcanismo explosivo (com intervenção da água).

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 88
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

 Vulcanismo efusivo

É quando o magma ascende em direcção a superfície, a diminuição da pressão


a que estava sujeita dentro da câmara magmática faz com que os gases que
continha se libertam por vezes com força e com explosão de escórias. A
solidificação dessas lavas pode tomar aspectos morfológicos característicos
surgindo lavas onduladas ou plissadas. Cria um arrefecimento mais rápido da
lava.

Vulcão efusivo

 Vulcanismo explosivo

A intervenção da água nas chaminés de um vulcão em actividade, trás


consequências imediatas como: obstrução da chaminé por um bloco sólido que
está sujeito a diferença de pressão e de temperatura notáveis entre a parte
superior e inferior.
Um outro autor, apresenta outra tipologia vulcânica tomando como critério de
classificação as características do magma e a sua nomenclatura está

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 89
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

relacionada com as regiões onde ocorre as actividades vulcanicas, como mostra


o quadro abaixo.

Vulcanismo explosivo

Tipo de erupção Viscosidade do Magma Natureza de erupção


Havaiana Muito fluida Efusiva
Estromboliana Fluida Mista
Vulcaniana Viscosa Explosiva
Peleana Muito viscosa Catastrófica

Distribuição geográfica dos vulcões

Os vulcões ocorrem um pouco por toda a parte, estudos revelam que em tempo
bem remoto datando da era precâmbica ao terciário a terra estava em grande
actividade em que eram frequentes as explosões vulcânicas em toda a parte
deixando grandes alterações da superfície. Apesar de se tratar de um fenómeno
global, na actualidade existem regiões mais propensas à actividade vulcânica
apresentando uma estrutura geomorfológico específica. São essas as regiões:

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 90
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

“Anel Circulo do Pacífico: costa da China, Japão e das Américas do norte e sul.
Ao longo da cinturas passando pelo Mediterrânico e pelas Ilhas de Sonda, no
Pacífico.
Crista média Atlântica: estendendo-se desde a Islândia aos Açores, das
Caraíbas até a Ilha de Stª Helena.

Distribuição geográfica dos vulcões

Os sismos

“É o movimento brusco da Crusta como resultado da libertação de energia


aquando da fractura de materiais rochosos no interior da crusta terrestre” Mário
Freitas/97 pp38.
Um sismo, portanto, pode ser considerado como uma vibração da crusta
terrestre, produzida por uma rápida libertação de energia.
“Sismo é um movimento brusco, geralmente de curta duração, muitas vezes com
efeitos catastróficos na superfície da terra, designados por terramotos.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 91
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Para perceber o fenómeno sísmico precisa de lembrar 1º lugar que a terra, toda
ela, não possui uma estrutura rígida, as placas superficiais que constituem a
litosfera são independentes entre si encontrando-se a flutuar numa espécie de
massa pastosa pertencentes ao manto.

Os movimentos relativos dessas placas ainda que pequenos aparentemente


podem causarem enormes pressões por baixo da terra e nos bordos das placas.
A súbita libertação de energia acumulada ocasiona abalos cujas vibrações se
propagam rapidamente e chega a superfície da terra em poucos minutos,
acompanhadas de ruínas mais ou menos intensos. A energia libertada propaga-
se sob forma de ondas sísmicas, através das formações geológicas que
constituem o globo terrestre.

Estrutura de um sismo

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 92
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Os sismos podem ser mensurados em graus através de um aparelho chamado


sismógrafo para determinar a intensidade do sismo; usam-se várias escalas mas
a mais aceite é a escala de Mercalli com valores que variam de 10-XII graus.

Magnitud Efeitos
e
I Abalos registados só por sismógrafos.
II Sentido por algumas pessoas em repouso e nos andares
superiores.
III Sentido por algumas pessoas, e em geral, de noite.
IV Sentido no interior da casa. O chão e as portas rangem.
V Sentido por todos. Os móveis deslocam-se; os candeeiros
balançam; os líquidos entornam-se; as portas e janelas batem.
VI Muitas pessoas entram em pânico. A loiça parte-se, os sinos
tocam.
VII Muitas pessoas fogem. Abrem-se fendas em casas, partem-se
vidros e janelas, saltam telhas, formam-se ondas nos rios e lagos.
VIII Pânico generalizado. Abrem-se grandes fendas nas paredes.
Moveis pesados deslocam-se, as estátuas caem, as árvores
oscilam fortemente. Nas vertentes montanhosas depreendem-se
blocos e pedras.
IX Destruição parcial ou total dos edifícios, abrem-se fendas nos
terrenos.
X As condutas de água e gás rompem-se, os caris são torcidos,
grande desprendimento de terras, a água dos rios e lagos é atirada
sobre as margens.
XI Todos os edifícios são afectados, nenhum fica em pé, as pontes
são destruídas, abrem-se largas fendas nos solos, dão-se
abatimentos e levantamentos de terreno.
XI Destruição total de todas as obras humanas, o relevo é alterado,
aparecem grandes falhas, os rios mudam de curso.

Escala sísmica
Efeitos dos sismos sobre a superfície da terra

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 93
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Observando o quadro acima verifica-se que a partir de uma curta intensidade,


cerca de 5º para diante podem provocar alterações na superfície terrestre.

“Quando ocorre um terramoto pode acontecer que, em alguns lugares, os


terrenos abram fendas ou fracturas ou abatam nuns e levantam noutros são as
folhas. Em outros casos, cedem às pressões verticais ou horizontais sem que se
dê a sua rotura – assim surgem deformações chamadas dobras, rugas ou
pregas.
Os movimentos sísmicos constituem um dos fortes fenómenos da modificação
do relevo, os sismos trazem efeitos catastróficos na vida humana como mostra a
figura.

Efeitos dos sismos


A gravidade de um sismo também tem haver com a estabilidade litológica da
região onde actua o sismo sendo assim pode ser ou não graus.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 94
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Regiões Sísmicas do Golfo

Tal como os vulcões, os sismos apresentam zonas mais propensas em relação


às outras, essas zonas sísmicas coincidem com as zonas vulcânicas, isto por
serem essas zonas as geologicamente activas e perturbadas 4. As principais
zonas sísmicas são:
“A- zona do círculo circum – Pacifico - é a região mais extensa estendendo-se
desde a costa oriental asiática, Austrália até toda costa ocidental das Américas.
Esta é a região mais propensa da ocorrência dos terramotos ou maremotos
conforme ocorrem nos continentes e oceanos respectivamente;
B - zona de ondulação alpina da Europa e Ásia;
C - Zona da crista média Atlântica
D - Zona compreendida entre a costa meridional da Arábia e a Ilha de Bopuvet,
no Oceano Antárctico.
E - Zona do Rift africano (marcado pela cadeia dos grandes lagos e regiões de
fractura vizinhas do mar Vermelho) ” A. Casal Moura

4
Uma das razões da coincidência entre as zonas vulcanicas e sismicas, é pelo simples facto de que a
ruptura da crusta e o escape do material vulcânico (gases e lavas) sacodem violentamente a terra, fazendo
com que alguns dos sismos seja de origem vulcânica.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 95
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Zonas sísmicas do planeta

O nosso país, Moçambique, por se encontra no alinhamento do Rift Valey sofreu


efeitos nefastos de um sismo apesar de ter sido de menor magnitude. Esses
movimentos fizeram-se sentir na cidade do Maputo, Beira e Manica onde foi
identificado o seu epicentro tendo causado abertura de crateras na terra e
destruição de habitações....

Movimentos Tectónicos

No interior da terra sobre o material constituinte das causadas subsequentes,


exercem-se forças com diferentes intensidades e direcções. Sendo movimentos
rápidos e movimentos lentos e movimentos verticais e movimentos horizontais
respectivamente.
Anteriormente referimos que as placas litosfericas encontram-se a flutuar sobre
a atmosfera sob a influência das forças de conveccão. Estes movimentos das
placas continentais, com influência das forças horizontais e verticais, que

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 96
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

caracterizam os movimentos tectónicos originam diferentes formas de relevo à


superfície da terra.
Os movimentos orogénicos, providenciados pelas forças horizontais, quando
actuam sobre uma camada cujo material apresenta certa plasticidade pode
originar dobras ou enrugamento da superfície da terra ou simplesmente
estruturas enrugadas.

Movimentos orogénicos

Os movimentos epirogénicos ou verticais originam o deslocamento de grandes


massas rochosas criando assim as chamadas falhas ou estruturas falhadas.

Estruturas enrugadas

Os movimentos orogénicos originam dobras, este tipo de estrutura é vulgar em


rochas sedimentares estratificadas.
As rochas leves, quando comprimidas lateralmente, o relevo torna forma
ondulada. É neste contexto que surgiram as grandfes cadeias montanhosas,
como os Himalaias, os Apalaches.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 97
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Um facto curioso é que as primeiras cadeias montanhosas ocorrem junto dos


bordos das placas continentais, o que mostra que esses enrugamentos resultam
de pressão sofrida pelas placas no âmbito dos movimentos de translação
dessas placas.

Tipos de Dobras

De acordo com o tipo de rocha, sua plasticidade e o grau de intensidade das


forças orogénicas as dobras podem se apresentar de diferentes formas:
Dobra direita, dobra inclinada e deitada.

Tipos de dobras

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 98
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Estrutura de relevos falhados

Quando as rochas forem sujeitas a forças superiores a sua resistência, elas


quebra-se originando o que chamamos por fracturas; fig.1. se forem
acompanhadas de deslocação das respectivas placas litosfericas originada
pelas forças horizontais ou verticais, com maior evidência esta última, provocará
um abaixamento ou levantamento de uma das partes (lábios da folha) o que se
chamará por falha. Podem ocorrer em todos os tipos de rochas.
Os movimentos epirogénicos – são movimentos causados por forças
ascendentes e descendentes que actuam em áreas muito grandes mas não
deformam as rochas. Estes movimentos originam o levantamento e abaixamento
de grandes blocos.
É importante caracterizar a folha na sua composição.
Plano de folha – superfície da fractura onde se deu o deslocamento.
Lábios – são os blocos rochosos deslocados sendo lábio superior aquele que
está levantado e superior aquele abaixado.
Linha da falha – é a linha de intersecção do plano de falha que sofrem um
polimento vulcânico devido ao deslocamento. O espelho da falha corresponde à
superfície do lábio superior.

Tipos de falhas

As falhas podem ser classificadas quanto ao ângulo formado pelo plano da falha
com o plano horizontal. Assim elas podem ser: verticais ou inclinadas. Por sua
vez as folhas inclinadas pode ser cavalada – quando o plano da falha está
inclinado para o lábio superior ou levantado.
Inversa – quando o plano da falha estiver inclinado para o lábio descaído ou
lábio inferior. Observe as figuras abaixo.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 99
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

A COSTA E O MODELADO LITORAL

Ao longo do litoral dos continentes e ilhas, a costa apresenta formas diferentes –


devido a erosão marinha.

Tipos de Costa

Ao longo de milhões de anos tem-se verificado uma alternância de subida e


abaixamento do nível do mar.
Assim sendo temos:
 Costa de imersão – o mar invade as áreas continentais;
 Costas de fiordes – costas relacionadas com os períodos glaciares
(fiordes da Noruega);
 Costas de Emersão – costas que surgem quando um levantamento da
plataforma continental ou quando uma descida do nível do mar;
 Costas de planícies – áreas junto ás margens dos continentes, ao longo
dos tempos foram sofrendo deposição de sedimentos erodidas na costa
espalhados pelas correntes marítimas;
 Costas de vertentes escarpadas – costas com vertentes escarpadas
resultam da emersão de uma área submersa;
 Costa de falha – esta costa resulta de uma falha, portanto surge ou
quando há um afundamento do bloco virado para o mar ou se houver ema
elevação do bloco levantado.

Ciclo geológico da litosfera

A litosfera é uma das camadas da Terra formada por rochas compostas por
minerais. Cada um destes minerais é por sua vez constituído por um ou vários
elementos químicos.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 100
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

O relevo, ao longo dos anos, tem sofrido transformações no seu modelado de


forma repetitiva (cíclica). Como consequência disso, o relevo passa por três
fases principais: Juventude, maturidade e velhice.

1o Fase da Juventude

É a fase inicial do ciclo, o relevo ainda se encontra vigoroso, jovem. A rede


hidrográfica está encaixada neste relevo ainda primitivo. A erosão é vertical,
retirando grandes materiais e transportando-os.

2o Fase de Maturidade

É o momento em que o declive diminui devido à acção do rio; a redução da


velocidade do mesmo. O trabalho de erosão é mais forte nas margens. É a fase
que se caracteriza pelo transporte dos detritos erodidos.

3o Fase de Velhice

 O relevo está mais ou menos plano;


 O trabalho de transporte já não se faz sentir;
 A deposição dos sedimentos é a característica marcante desta fase;
 A planície de aluvião é muito larga;
 Os agentes erosivos aplanaram as áreas altas;
 Há um ponto de equilíbrio.

Relevo

O relevo é um conjunto de acidentes que a superfície do globo terrestre


apresenta. É o produto de fenómenos e movimentos tectónicos e outros que
operam no interior da Terra.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 101
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Importância do Relevo:

 Estudo das diferentes configurações da terra;


 Técnicas de pesquisas dos Jazigos;
 Exploração dos recursos minerais;
 Composição e a estrutura dos minerais;
 Construção de complexos hidroeléctricos;
 Actividades agro-pecuárias e pesqueiras;
 Transportes marítimo, fluvial e lacustre;
 Construção civil;
 Elaboração dos mapas cartográficos;
 Mapeamento territorial, etc.

Formas de relevo originadas por movimentos da crusta

Os movimentos da crusta podem classificar-se de acordo com a direcção das


forças que os originam em movimentos verticais ou tangenciais.
Os movimentos criados por forças de direcção vertical, geralmente designados
de epirogênicos, consistem em levantamentos e afundamentos
extraordinariamente lentos de extensas áreas da superfície terrestre.
Os movimentos criados por forças de direcção lateral, isto é, movimentos que
actuam segundo uma direcção tangente à superficie da terra, são movimentos
querem de expansão ou de compressão e designam-se por movimentos
orogénicos.
Os efeitos que os movimentos verticais ou tangenciais exercem sobre as rochas,
dependem quer da direcção do movimento, quer da própria natureza da rocha.
Movimentos de levantamento e de tensão podem causar quer enrugamentos,
quer falhas ou fracturas.
Os movimentos depressivos e de compressão podem originar falhas e fracturas
nas rochas.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 102
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Evolução dos relevos de falhas

As falhas são muito importantes na evolução do relevo.


Os vulcões que estão associados às fossas tectónicas, aproveitam as zonas de
fraqueza criadas pelas falhas para encaminhara lava até à superfície terrestre.

Os movimentos sísmicos aceleram as transformações morfológicas do globo


através de abertura de novas fendas, deslocamento de blocos causando falhas;
e atenuam a tensão do inferior da terra.

“As falhas têm também grande interesse económico, dado que a maior parte dos
filões metalíferos se originaram a este tipo de fracturas.Os rios aproveitam
muitas vezes as falhas para instalar os seus percursos” 5.

Os relevos de falhas também muitas vezes estão sujeitos aos agentes erosivos.
Do processo erosivo podem resultar as seguintes situações:
Os materiais erodidos do bloco levantado caem sobre o bloco deprimido. Os
detritos vão se acumulando de tal forma que chegam a atingir o plano do bloco
elevado; onde a nossa visão não consegue distinguir facilmente o bloco elevado
ou deprimido, mas sim, apenas o risco da ruptura, isto é, uma falha.

Quando as falhas não são tapadas, os cursos de água dispostos


perpendicularmente à escarpa das falhas cria um alinhamento de garganta
trapezóide.

A escarpa da falha pode ser erodida pelos torrentes fazendo a recuar a atingir
muitas vezes o nivelamento da escarpa da falha. Se os materiais forem
diferentes e haver nova facilidade, originando uma nova escarpa abrupta sobre a
linha da falha.

5
(evolução da estrutura de falhas)

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 103
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

O escarpamento pode acontecer sob duas formas:


Uma erosão do bloco elevado, onde o novo abrupto estará no sentido contrário
da rejeição da falha, mas se a rocha mais facilmente erudível se encontrar no
bloco deprimido, o novo abrupto estará no sentido contrário da rejeição da falha.

Falhas de relevos falhados

Quando sujeitas a forças superiores a sua resistência, as rochas quebram-se


segundo fracturas que, se forem acompanhadas de deslocamento chamam-se
de falhas.
As falhas encontram-se em todos os tipos de rochas; no entanto reconhecem-se
mais facilmente nas rochas sedimentares, dado que o deslocamento de uma das
partes em relação à outra fazem com que as camadas sedimentares não se
correspondam de um lado e do outro da superfície de fractura.
As falhas classificam-se de acordo com o ângulo formado pelo plano falha:
podem distinguir-se falhas verticais, quando se dispõem verticalmente ou falhas
inclinadas.
As falhas inclinadas podem ser normais; quando o plano de falha se inclina para
lábio descaído, e falhas inversas, quando o plano de falha se inclina para o lábio
levantado.
As falhas reconhecem-se no terreno pelo aparecimento brusco de desnível, mas
a falha pode, no entanto, reconhecer-se pela descontinuidade das camadas
sedimentares, devido à variação brusca de litologia de um lado e do outro da
fractura.
Raramente as falhas se apresentam isoladas; antes apresentam em conjuntos,
que podem ser ocasionadas quer por levantamento ou fundimento de regiões
mais ou menos extensas da crusta.
As estruturas falhadas variam desde pequenos ocidentes de pequeno as
dimensões até grandes escarpas de falhas que se podem encontrar cortando a
frente de cadeia de montanhas.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 104
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Alguns dos resultados mais espectaculares da tectónica de falhas são as


grandes fossas tectónicas (Rift Valley) do mundo. Assim o conjunto de falhas da
África Oriental, sem dúvida o mais notável do mundo, marca profundamente
todo o relevo de uma vastíssima região, entre o Zambeze a sul e o Mar Morto a
norte.
Os vulcões que estão associados às fossas tectónicas, aproveitam as zonas de
fraqueza criadas pelas falhas. As falhas abrem a caminho por onde a lava pode
subir até a superfície.
O estudo e reconhecimento das falhas é muito importante para o conhecimento
da evolução do relevo, e tem também um grande interesse económico, dado que
a maior parte dos filões metalíferos se originam com este tipo de fractura.

Estruturas de enrugamento

Os estreitos sedimentares, quando possuem suficiente plasticidade, adaptam-se


às forças de compressão, enrugando-se e formando as dobras ou rugas.
As estruturas enrugadas possuem grande variedades e existem todos os tipos
de transição desde as andulação ligeiras até as estruturas onde as dobras são
muito apertados e até por vezes comprimidos umas sobre as outras.
Nas dobras mais simples podem distinguir-se os anticlinais ou dobras em que as
camadas se inclinam em direcção aposta de um e do outro lado da parte média,
e os ciclinais ou a zona em que as camadas convergem de cada lado para a
parte média.
Geralmente, estas dobras são simétricas, mas, muitas vezes, um lado da dobra
é mais inclinado do que outro, reflectindo pressões desiguais.
As estruturas de enrugamento adquirem grande complexidade nas grandes
cadeias de montanhas como os Himalaias, Alpes e Andes, onde dobras
gigantescas se desenvolvem.
As dobras indicam compressão lateral dos estratos, e inicialmente devem ter
criado novo relevo, os anticlinais surgindo como montes, e os siclinais como
vales. Tais relevos estruturais originais, são muito raros. Hoje, depois de milhões

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 105
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de anos, a erosão modificou muito as estruturas enrugadas, pelo que em muitas


regiões não é possível traçar uma relação simples e directa entre as estruturas e
o relevo original.
Existe uma concentração do ataque da erosão nas regiões mais elevadas, no
que resulta que os anticlinais se destroem mais rapidamente que os sinclinais,
dando origem a relevo de inversão, enquanto os sinclinais formam as pontes
mais elevadas do relevo e os anticlinais, as pontes mais baixas, formando vales.

Montanhas de enrugamento

Um dos aspectos mais impressionantes das grandes cadeias de montanhas da


terra, é grande espessura das rochas sedimentares que as constituem.
Os sedimentos podem ultrapassar 12000m de espessura e ter-se-ão depositado
no fundo dos mares e em grandes áreas continentais, que iam sendo erodidas e
iam fornecendo sedimentos para estas bacias, chamados geossinclinais.
Movimentos de compressão obrigam o fundo da bacia a mergulhar no cimo
quente, onde se fractura e metamorfiza, e as rochas ígneas são buxadas para
cima através das camadas sedimentares e podem chegar à superfície, como
vulcões. As rochas metamorfizado da base da bacia derretem-se e
provavelmente transformam-se em rochas graníticas. As rochas sedimentares
em contacto com os granitos mais quentes, fracturam-se e enrugam-se em
grandes dobras. As margens do geossiclinal aproximam-se uma da outra o que
obriga as dobras apertarem-se e comprimirem-se. Depois do enrugamento toda
a massa sofre levantamento indo tornar as cadeias de montanhas.
Não devemos pensar que a orogenia se desenvolveu em períodos de tempo
curtos; em geral a orogenia pode durar durante centenas de milhares de anos,
porém em comparação com os períodos do tempo geológico, as épocas de
formação de montanhas podem ser consideradas relativamente curtas em
relação à história da terra.
O relevo tectónico é criado rapidamente, ficando sujeito posteriormente à acção
da erosão.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 106
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

As montanhas mais elevadas do globo resultam de orogenias relativamente


recentes. Formam-se desde o Jurássico e podem agrupar-se em dois sistemas
principais:
- O Himalaio – Alpino;
- O Americano – Andino.

Estrutura de falhas

Falha é um desnivelamento de dois blocos de rochas provocados pelo


movimento da crosta resultando a quebra das rochas e seus respectivos
estratos.

As falhas aparecem em todos os tipos de rochas, mas reconhecem-se


facilmente nas rochas sedimentares, dado que o deslocamento de uma parte em
relação a outra faz com que as camadas não se correspondam devido à
superfície fraturada.

As falhas reconhecem-se no terreno pelo aparecimento brusco de desníveis e


de grandes escarpas, por vezes a erosão destrói completamente o desnível,
mas a falha pode se reconhecer pela descontinuidade das camadas
sedimentares e pela variação brusca da litologia nas duas partes da fratura.

Características das Falhas

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 107
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Raramente as falhas aparecem isoladas muitas vezes apresenta-se em


conjunto, sejam elas ocasionadas por levantamento ou afundamento em regiões
mais ou menos extensas da crosta terrestre.
A superfície da falha ao longo da qual se deu a ruptura chama-se plano de
falha.
A intersecção deste plano com a superfície do terreno designa-se linha de
falha.
As duas partes deslocadas, uma da outra, chamam-se lábios.
O que fica ao nível superior designa-se lábio levantado e o que fica no nível
inferior chama-se lábio descaído.

A superfície elevada no plano da falha, que sofreu um polimento mecânico


devido ao deslocamento chama-se escarpa da falha.

Elementos de uma falha

As falhas raramente aparecem isoladas em geral surgem agrupadas numa ou


várias dimensões formando e relevos salientes ou relevos de falhas.

Alguns blocos rochosos afundam-se entre as linhas de falhas originando


enormes falhas que se designam graben. Noutras áreas os grandes blocos
rochosos matem-se erguidos formando horst.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 108
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Graden ou fossa tectónica é um compartimento da crosta rebaixado em


consequência de falhas mais ou menos paralelas.

Horst é um compartimento elevado em consequência de um levantamento


originado por falhas mais ou menos paralelas.

Estruturas falhadas

O aparecimento de falhas não é normalmente fenómenos isolados pelo que é


frequente aparecer uma família de falha que pode originar a estrutura falhada.

As estruturas falhadas variam desde pequenos acidentes de pequenas


dimensões até grandes escarpas de falha que podem serem localizados nas
encostes das montanhas.

Algumas estruturas espectaculares falhadas do mundo são as grandes fossas


tectónicas do vale do Rift.

Estas constituem um grande conjunto de falhas da África Oriental os quais são


as mais notáveis do mundo; eles vão desde o sul do rio Zambeze até ao Mar
Morto a Norte.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 109
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Estrutura falhada da África Oriental tem como origem a parte central do arco
geológico, que se abateu, aquando da formação do Lago Vitória, onde os
flancos do arco foram falhados para originarem a fossa tectónica.

Fig.4

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 110
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

HIDROGEOGRAFIA

Conceito

Hidrogeografia – é um ramo da Geografia física que tem como objecto de


estudo os processos hidrológicos, propriedades das águas, importância e
necessidade da conservação das massas aquáticas, sua distribuição espacial ao
longo da superfície da terra.

Principais ramos da Hidrogeografia

Oceanografia – que estuda os oceanos e mares;


Potamogeografia – estuda as águas superficiais e subterrâneas;
Limonogeografia – cujas áreas são os lagos e pântanos.

O vapor de água existente na atmosfera ao condensar-se, precipita-se sub a


forma de chuva, neve, granizo ou saraiva, etc. Uma parte desta precipitação
infiltra-se no solo indo alimentar os lençóis freáticos, outra escorre e vai
engrossar os rios, os lagos, os pântanos, os oceanos e os mares e finalmente
uma outra acaba por se evaporar regressando a atmosfera. Esta trajectória
repete-se de uma forma cíclica: é o ciclo hidrológico.

A água é utilizada como fonte de energia, meio de comunicação, extracção de


recursos importantes da nossa vida, como são os casos de peixe, sal, etc.

RIOS

Rio – é um recurso de água permanente que corre num leito próprio.


Esses recursos de água são alimentados pela queda das águas das chuvas,
pelas águas subterrâneas, pelos lagos ou pelo resultado da fusão das neves e
glaciares.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 111
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Os rios definem-se por algumas caractrísticas que lhes são peculiares, tais
como: declive do terreno, velocidade e caudal.
O caudal de um rio depende das chuvas, neve, gelo, extensão da bacia
hidrográfica e afluente.
Durante o escoamento do caudal do rio, destacam-se os seguintes movimentos:

Carga - é a quantidade de material arrancando ao leito ou incorporado pelas


vertentes e transportado pelo mesmo.
Capacidade é a carga máxima do rio.
Competência é o tamanho máximo das partículas que o rio é capaz de
transportar.
Débito é o volume de águas transportadas por unidades de tempo.

Os grandes rios do planeta

NOMES CAUDAL CONTINENTE


(M³)
Amazonas 168 000 América do Sul
Congo 39 000 África
Yang-Tsé-Kiang 31 000 Ásia
Ianissei 19 000 Ásia
Mississipi 19 000 Ásia
Lena 16 400 Ásia
Zambeze 16 000 África
Mackenzie 15 000 África do Norte
La plata 148 000 América do Sul

Em anexo está representado o mapa que ilustra as bacias hidrográficas de


Moçambique.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 112
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Regime dos rios

Chama-se regime de um rio a variação do seu caudal ao longo do ano devido


fundamentalmente ao clima. Segundo a regularidade do seu caudal classificam-
se em :
Rios de regime constante – quando mantem uma característica parmanente ou
variações desprezíveis, devido a regularidade das fontes de alimentação ao
longo do ano. São rios que se localizam na faixa equatorial como o caso dos rios
Amazonas (América do Sul) e Congo (África).

Rios de regime períodico – devido a fonte de alimentação cíclica ou períodico


(chuvas e degelo), os rios apresentam variação do seu caudal ao longo do ano.
Correspondem aos da zona tropical e das monções, como são o caso dos rios
Zambeze, Nilo, Limpopo (África), Indo, Ganges (Ásia).

Rios de regime intermitentes – é um regime típico das regiões desérticas onde o


rio só possui caudal quando chove. São os Uedes (Sahara) e Creks (Austrália).

Rio de regime sazonal – também se considera rio de regime sazonal ao caudal


dos rios das zonas subtropicais ou temperadas, onde estes dependem das
chuvas e quando se produzem neves , a sua fusão origina cheias que chegam a
ultrapassar as margens dos rios.

O regime de um pode ser representado graficamente através do hidrograma,


onde se colocam, em ordenadas os caudais mensais (obtem-se dividindo os
caudais mensais pelo cauidal médio anual ou modúlo do rio) e em abcissas, os
meses.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 113
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Varição do Caudal do Rio Zambeze

7
6
M3/SEG (X1000)

5
4
3
2
1
0
O N D J F M A M J J A S
Meses

Dinâmica dos rios

Os rios desgastam, entulham com resíduos, dissolvem rochas; isto é, criam


erosão, transporte e deposição.

Erosão: é o desgaste das rochas pela água que corre durante muito tempo,
principalmente nas margens. Esta tem as seguintes fases:
a) Abrasão – o material transportado é, as vezes, influenciado pelo vento forte
fazendo redemoinhos e escavando as margens e o fundo do leito. Por exemplo:
marmitas de gigante.

b) Levantamento – as águas desprendem parte das rochas do fundo do leito,


levando-as até a superfície.

c) Dissolução – as águas dissolvem certo material rochoso que vão encontrando


enquanto correm. Isto depende da natureza da rocha e sua composição
química.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 114
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Transporte: todos os dias, os rios arrastam toneladas de materiais que


encontram nas margens, levando-os para sítios muito distantes. Este tem as
seguintes fases:
a) Em solução – o material transportado é enorme, cerca de 3000 milhões de
toneladas por ano.

b) Em suspensão – o material fino não vai no fundo do leito, ficando acumulado


na superfície das águas e, conforme o peso, vai sendo arrastado para longas
distâncias.

c) Tracção – o material rola ou salta quando é influenciado pelos fortes ventos


(saltação). Isto depende muito do peso do material.

Estrutura dos rios

Os rios apresentam-se com vales, pérfis, meandros e captura.


a) Vales de acordo com a estrutura o rio na sua evolução é influenciado pelo
relevo, natureza das rochas e tipos de clima apresentam configurações
diferentes, os vales. Geralmente são muito fértis.

b) Perfil é a forma da sua estrutura, que pode ser longitudinal e transversal.


Perfil longitudinal é o resultado da união dos vários pontos do fundo leito, desde
a nascente até a foz do rio.
O Perfil transversal é o resultado da ligação de todos os pontos de uma secção
(parte) do vale perpendicular ao curso de água.

c) Meandros – nos sítios de planície os rios são sinuosos descrevendo curvas do


leito do rio.

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d) Captura – é o aumento do volume das águas de um rio devido ao afluxo das


águas dos rios afluentes, isto deve-se principalmente a secção erosiva
regressiva.

LAGOS

Dinâmica dos lagos e os maiores lagos a nível do globo

Dentro do sistema das ciências geográfico – físicas, inclui-se a hidrografia que


tem como objecto de estudo os fenómenos que têm lugar na hidrosfera (parte
líquida da geoesfera).
O desenvolvimento do estudo hidrogeográfico constitui um sistema de ciências
hidrogeográficas cujo objecto de estudo, em cada uma delas corresponde ao
estudo analítico de cada uma das componentes e tipos dos mesmos da
hidrosfera; as relações que se estabelecem entre eles e os restantes elementos
componentes da geografia.
As ciências hidrográficas, de acordo com o seu objecto de estudo, podem
classificar-se em:
 Oceanografia, que estuda os oceanos e mares;
 Potamogeografia – que estuda as águas superficiais e subterrâneas;
 Limonogeografia, que tem como objecto de estudo os lagos e pântanos.

Importa salientar que o nosso estudo centrar-se-á sobre o estudo da dinâmica


dos lagos (Limonogeografia).
Os lagos são extensões de uma massa permanente de água, relativamente
ampla, e mais ou menos profundo, depositada numa depressão de terreno e
sem comunicação imediata com o mar.
Todavia, estas grandes extensões de água não são estáticas, têm aumentado
de nível das águas, no momento de degelo ou como consequência das chuvas.
Podem transbordar e provocar inundações.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 116
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

A partir do lago, origina-se um curso de água, o emissário, que evacua


regularmente as águas em excesso. Durante a estação seca, o nível baixa. Nos
países situados em regiões de climas secos, estas variações de nível são muito
consideráveis. Por exemplo; a superfície do lago Tchad, em África, reduz-se a
metade da estação seca.
Estas variações do nível das águas dos lagos, dependem, em larga medida da
fonte de alimentação, da relação que estabelecem com os rios, e das
actividades humanas.

Bacias lacustres

Da mesma forma que os rios, os lagos desempenham, muitas vezes, papel


importante nas actividades humanas ( e económicas). A sua utilidade pode
variar desde o transporte de produtos diversos e a prática da pesca com fins
comerciais até as actividades desportivas, recreativas e turísticas.

Origem dos lagos

De acordo com a origem, existem diversos tipos de lagos:


 Tectónicos;
 Vulcânicos;
 Residuais;
 De erosão;
 De barragens e
 Mistos

 Lagos tectónicos

Que ocupam depressões originadas por fracturas do terreno, e inflexões da


crusta terrestre, e desabamento de cavidades subterrâneas. Tomam uma forma
estreita e alongada, com vertentes íngremes.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 117
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São tectónicos os lagos da África Oriental (ex.: Lago Niassa) e os lagos da


Sibéria.

 Lagos vulcânicos

São localizados em crateras de antigos vulcões ou nos afundamentos


provocados por explosões vulcânicas.
Têm a forma circular. Como exemplo temos os Crater Lage nos EUA e os lagos
das Ilhas dos Açores.

 Lagos de erosão

São lagos cujas depressões resultam de um processo de erosão, formando uma


cavidade na qual, mais tarde, se acumula a água. As depressões podem ser
escavadas por glaciares, pelo vento, pelas águas das chuvas, etc.

 Lagos de barragem ou antropogénicos

Resultam da retenção das águas através de obstáculos. Exemplo: Albufeira de


Cahora Bassa.
Os lagos apresentam dimensões variadas. Daí que alguns são denominados de
lagoas, outros de lagos e ainda outros de mares.
Muitos lagos têm a sua vida ligada aos rios. Alguns rios nascem em lagos. Os
lagos emissores, estes servem de nascente.
Exemplo: Lago Vitória em relação ao rio Nilo

Outros são reguladores do caudal dos rios, são os transmissores.


Exemplo: Constança, atravessado pelo Reno – Europa).

E ainda outros têm aí a sua foz, os receptores.


Exemplo: Chire em relação ao Lago Niassa.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 118
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Quando os lagos não têm saída para o mar, a evaporação faz com que eles se
tornem salgados.
Os lagos e os rios são utilizados pelo homem como vias de comunicação, para
irrigação, para produção de electricidade e para a pesca. Os lagos são também
utilizados para a obtenção do sal, quando as suas águas são salgadas.

Relação entre os Rios e os Lagos

Os lagos estabelecem relações com os rios, mantêm diferença com eles. Assim,
têm-se lagos emissores, transmissores e receptores.
Os lagos emissores são alimentados por chuvas, pela fusão de gelo ou pela
escorrência das vertentes e que dão origem a rios. Exemplos: Lago Vitória (Rio
Nilo); Lago Tana (Nilo Azul, afluente do Nilo).
Os lagos transmissores são reguladores do caudal dos rios. Exemplos destes
lagos são: Lago Constança e Gebra, atravessado respectivamente pelos rios
Reno e Ródano.
Os lagos receptores são alimentados por rios; não têm escoamento e a sua
massa de água estabelece-se por um equilíbrio regulado pela evaporação (mar
morto).

Factores de extinção dos lagos

A duração das águas do mar pode variar de acordo com os vários factores
naturais:
Factores artificiais a extracção contínua das águas pelo homem;
O avanço contínuo da vegetação pode acumular sedimentos do fundo do lago,
diminuindo assim a profundidade do lago. Pode arrastar consigo sedimentos que
mais tarde acumulam-se no fundo do lago.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 119
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Principais lagos e regiões lacustres

Cáspio6

Situa-se na Rússia e no Irão e com área de 440000 km 2 ( tamanho de São Paulo


e Panamá juntos). O Cáspio é o maior lago do mundo em extensão.

O mar Cáspio é um mar interior da Ásia. Banha a Rússia, o Paquistão, o


Azerbaijão, o Turquemenistão, o Cazaquistão e o Irão, com as estepes da Ásia
Central ao Norte e a Leste.
Na antiguidade, era conhecido como oceano Hircaniano ou ainda mar Khazar e
mar Khvalissian.

O mar Cáspio é dos menores mares do mundo. Segundo os cientistas, ele tem
características tanto de um lago como de um mar. No entanto, com uma
superfície de 400 000 km2, tendo 1200 km de cumprimento e 450 km de largura,
representa o mais importante mar interior do mundo. Apesar disso, não o
estatuto jurídico de um mar. Sua profundidade média é de 180 metros, com cota
máxima de 1025 metros, e sua extensão costeira é de quase 7 000 metros.

Os rios Volga e Ural desaguam no mar Cáspio, que é conectado ao mar de Azou
pelo canal Manycli. O Volga é responsável pela maior parte do fluxo de água
que chega ao mar.

O mar Cáspio não recebe somente a água da bacia do Volga. A poluição


resultante de quase metade da população russa e de um terço da produção
industrial e agrícola de áreas do rio explica os elevados níveis de poluição em
quase toda a bacia hidrográfica. A falta de preocupação ambiental no período
soviético foi um dos factores para a degradação do mar Cáspio.

6
Internet http://pt.wikipedia.org/wiki/Mar-Cáspio

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 120
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Morfologicamente o mar Cáspio se divide em três partes principais: a primeira é


porção do sul, onde se encontram as maiores profundidades, com média de 325
metros, a segunda parte é parte central do mar, com profundidade média de 170
metros. A terceira é a porção norte, que integra a depressão Aralo – Caspiana
(depressão absoluta, cuja altitude média é de -28 m). É a parte mais rasa do
mar, onde a profundidade não passa dos 10 metros. Esta parte do mar também
é mais vulnerável aos impactos sócio - ambientais, por se situar junto de áreas
continentais baixas e planas, além de possuir menor volume de profundidade.

O nível do mar Cáspio subiu e desceu ao longo dos séculos. Alguns


historiadores apoiam a teoria segundo a qual, durante a idade média, um
aumento do nível das águas teria provocado a inundação de cidades litorâneas
da região de Khazaria, como a Cidade de Atil. No século XX ocorreram pelos
três grandes períodos de mudanças no nível geral da superfície do Cáspio entre
os anos de 1900 e 1929. Praticamente não ocorreram variações significativas
entre 1930 e 1978, apresentou a diminuição do nível das águas.

A causa principal desse fenómeno foi a alimentação do fluxo de água vinda dos
rios que ali têm a sua voz.

A partir de 1978, o nível médio do Cáspio subiu cerca de 2,5 metros. As


oscilações de nível, típicas em lagos ou mares fechados, causam impactos tanto
do ponto de vista ambiental como na economia das áreas ribeirinhas.

As principais cidades à beira do mar Cáspio são:


 Baku, Azerbaijão;
 Turknenbahi, Turquemenistâo;
 Babol, Província de Mazandaran, Irão;
 Atyrau, Cazaquistão;
 Akatan, Cazaquistão.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 121
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

As cidades históricas à beira do mar Cáspio:


 Atil;
 Khazaran.

Os Grandes Lagos

Abrangendo uma área de 250 000 km 2 e situados na fronteira dos Estados


Unidos com o Canáda, os Grandes Lagos da Ámérica do Norte formam a maior
e mais importante bacia lacustre do mundo. Esta bacia está formada por cinco
lagos de cuja área total 157 000 km 2 estão nos Estados Unidos e o restante no
Canadá.

Lago Superior

Com uma área de 82470 km 2 é o mais extenso lago de água doce do mundo.
Este lago encontra-se a 184 metros acima do nível médio das águas do mar.

Lago Michigan

Com uma área de 58 000 km2, o lago Michigan encontra-se a 177 metros acima
do mar e a 7 metros do Lago Superior. Nas suas margens, encontram-se
importantes cidades norte-americanas como Chicago e Milwankue.

Lago Huron

Possui uma área de 59 600 km 2 e encontra-se a mesma altitude do lago


Michigan.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 122
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Lago Erite

Possui uma área de 25 700 km2 e encontra-se a 174 metros acima do nível do
mar, 3 metros abaixo dos lagos Michigan e Huron.
Detroit, Toledo, Cleveland e Buffalo são algumas das muitas cidades norte-
americanas situadas às suas margens.

Lago Ontário

Com uma área de 19500 km 2 e situado a 75 metros acima do nível do mar, o


lago Ontário liga-se directamente ao Atlântico através do rio São Lourenço.
Entre os lagos Erie e Ontário encontram-se as famosas cataratas de Niágano

Os Grandes Lagos estão ligados entre si por meio de canais e, com o Atlântico,
através do rio São Lourenço, que é o escoadouro natural desses lagos.
A região dos grandes Lagos é uma das mais desenvolvidas e de maior
concentração populacional da Ámérica do Norte. É consideravelmente grande o
volume da mercadoria e a intensidade dos transportes nesta região.

Tabela dos maiores lagos do mundo


Maiores lagos do Àrea em km2 Maior profundidade Continentes
mundo (m)
Cáspio 440.000 945 Europa/Ásia
Superior 82.500 394 América do
Norte
Victória 67.000 82 África Oriental
Aral 60.000 67 Ásia
Huron 59.525 281 América do
Norte
Michigan 58.000 228 América do
Norte
Baical 33.500 1555 Ásia
Tanganhica 32.500 1440 África Oriental
Grande Urso 30.000 80 África do Norte

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 123
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Grande lago dos 29.000 614 América do


escravos Norte
Fonte: Livro da 8ª classe pág 68.

Exercícios:

1. O que entendes por um lago?


2. Refira-se da origem dos lagos dando alguns exemplos.
3. Dos maiores lagos a nível do globo.
a) Destaca um deles
4. Indica a importância dos lagos para o homem.
5. Diferencia lago Cáspio do de Victória.

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

É sabido que parte da água das chuvas que infiltra nas rochas e vai contribuir o
principal reservatório das águas subterrâneas. Todavia, as águas da escorrência
e dos rios também têm a sua parte na massa da água subterrânea.
A infiltração efectua-se nas superfícies permeáveis ou nas rochas fissuradas e a
água detém-se desde que encontre camadas impermeáveis, que em geral se
encontram mais ou menos a grandes profundidades a este subsolo empapado
de água dá-se o nome de toalha subterrânea.

Circulação subterrânea

Sabe-se que a permeabilidade das rochas não é igual em todas elas. A água
infiltra-se pelas diaclasses que as rochas apresentam. Uma vez atingida uma
camada impermeável, a água concentra-se em forma de toalha de água.
Toalhas subterrâneas

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 124
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

As águas infiltram-se em pequenas escalas nos interstíscos das rochas, onde


uma vez atingida a camada impermeável, a água embebe praticamente toda a
camada permeável.
Além disso, as águas que se infiltram estão sujeitas ao princípio dos vasos
comunicantes, ora podem construir uma circulação interna.
Um outro impacto dos lençois freáticos, é o nível que as mesmas podem
alcançar. Este depende de uma série de factores dos quais se salientam:
 Intensidade de precipitação;
 Estação do ano;
 Grande humidade da região;
 Percurso dos cursos de água;
 Proximidade relativa do mar.

Quanto maior for o grau de humidade e pluviosidade, a proximidade do mar e a


existência de rios, tanto maior será o nível da toalha. Pelo contrário, será menor
nas regiões de escassa humidade e durante a estação seca. Nos terrenos secos
a água circula pelas diaclasses das rochas e concentra-se em camadas de
maior amplitudes, podendo originar verdadeiros rios e lagos subterrâneos.
Toalha de água (aquíferos) ‘e um depósito de água cuja origem principal de
deve a infiltração das águas das chuvas.
Toalhas cársicas (aquíferos) – As águas infiltram-se por diaclasses em grandes
proporções, sào típicas dos calcários.
Lençol freático – é uma linha superior se separa do nível hidroscópio.
Zona de saturação – é a zona onde encontramos as águas sem mais a
possibilidade de se infiltrarem devido a impermeabilidade das rochas e, é lá
onde se formam os aquíferos.
Os aquíferos (toalha de água) de acordo com a pressão podem se dividir em:
 Livres ou freáticos;
 Artesianos cativos ou confinados;
 Semi-confinados.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 125
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Os aquíferos de acordo com a natureza da geologia podem se dividir em:


Porosos (em rochas sedimentares);
Fracturados (em rochas ígneas e metamórficas);
Cársicos (de natureza calcária).

Segundo os dados o maior aquífero do mundo encontra-se na América do sul, o


Guarani cobrindo parte do território do Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e da
Argentina.

As águas subterrâneas formam-se principalmente da precipitação e a infiltração


depende do grau da precipitação. Quanto maior a consolidação da rocha, menor
é a infiltração das águas.
As águas subterrâneas – são aquelas resultantes da infiltração das águas das
chuvas, de escorrência dos rios e que são conduzidas para o subsolo formando
aquíferos.

Trabalho das águas subterrâneas

Nos terrenos calcários, muito fissurados, a água infiltra-se até várias centenas
de metros de profundidade. A água tem a possibilidade de dissolver o calcário,
graças o ácido carbónico que contém.
Ao infiltrar-se, dissolve e mostra as partes friáveis da rocha calcária, formando
pouco a pouco, bacias e grutas, então passa a deslizar como rios subterrâneos.
No interior da massa calcária, as águas criam toda uma rede de casernas unidas
à superfície por poços verticais ou sinuosos. A maior caverna conhecida
encontra-se nos EUA na depressão de MAMUT, que tem mais de 10019 m de
gruta.
As águas carregadas de calcário dissolvido, sujeitas a pressões e temperaturas
determinadas, edificam nessas grutas, formas típicas: AS ESTALACTITES e as
ESTALAGMITES.

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Cada gota de água deposita uma ínfima quantidade de calcário e contribui para
essa formação. Estas águas subterrâneas reaparecem na base da camada
calcária, no contacto com uma camada impermeável, em forma da nascente,
chamada ressurgência.

Balanço Hídrico

O balanço hídrico mensal determina-se pela diferença entre a pluviosidade


média mensal e a evapotranspiração potencial mensal de uma determinada
cultura. Para o caso de Moçambique a maioria dos meses apresentam défice
hídrico.
A evapotranspiração potencial (ETP) e a pluviosidade (Pr) são as características
do clima que mais influencia na adaptação das culturas ao meio. Damos
também algumas indicações quanto a altitude.

SOLO

Formação do solo

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 127
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Na formação de um solo a partir de uma rocha-mãe quer esta de origem


magmática (basalto e grafite) metamórfica (gneiss, xisto) ou sedimentar
(calcário, arenito, areia) intervém dois processos de natureza diferente.
Alteração da rocha;
O fornecimento da matéria orgânica pelos seres vivos.
Alteração da rocha – mãe a rocha sofre uma alteração que difere segundo a sua
natureza (composição química estrutura) em que a água da atmosfera, a
temperatura e os seres vivos são os agentes principais.
É necessário distinguir entre a desagregação que resulta de fenómenos físicos
(descamação ou fissuração) da rocha sob efeito da variação da temperatura,
alargamento de fissura pela penetração de raízes e a decomposição química por
dissolução das rochas calcárias por acção das águas carregadas de anidrito
carbónico e hidrolise etc.
O conjunto desses fenómenos conduz a uma fragmentação da rocha e a
transformação dos seus componentes iniciais em minerais simples. Assim, a
alteração da rocha mãe gramitica dá origem a areia, formação da textura
arenosa.

O fornecimento da matéria orgânica – a vegetação coloniza a pouco e pouco a


rocha mãe em via de desagregação e produz através dos seus detritos quer
aéreos (folhas, ramos, caules e frutos) que subterrâneos (raízes mortos) uma
quantidade crescente de matéria orgânica.
Em cada ano em média, a matéria orgânica fornecida pela vegetação pode
atingir 15 toneladas por hectare nas florestas equatoriais e 4 toneladas por
hectare nas florestas das zonas temperadas.
O desenvolvimento da fauna que se segue directamente a implantação da
vegetação conduz em menor escala a um fornecimento da matéria orgânica de
origem animal (cardáveis) e restos metabolismo.
O solo surge assim como uma combinação em proporções variáveis de uma
fracção mineral e de uma fracção orgânica.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 128
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

A fracção mineral é constituída por:


1. Fragmentos da rocha mãe;
2. Elementos coloidais, isto é, partículas muito finos de diâmetro inferior a 2
microm provenientes da decomposição de silicatos da rocha mãe (micas
feldspatos, etc.) que são na maior parte argilas. As argilas têm um papel
fundamental no solo pelas suas propriedades de absorção de água e fixação de
iões minerais.
3. Iões minerais – partículas móveis, apresentam uma carga negativa (aniões ou
positiva (catiões) que se encontram quer em solução na água do solo quer
fixados em elementos coloidais. Os iões retirados do solo pelas raízes dos
vegetais são a base da sua alimentação mineral.

A Fracção química a matéria orgânica fornecida ao solo pelos vegetais e


animais sofre uma série de transformações sob acção da fauna e da micro flora
que se desenvolvem no solo.

Mineralização e humificação a micro fauna intervém sobretudo na fragmentação


da liteira (artrópodes) e na mistura com a matéria mineral (vermes) os
microrganismo do solo realizam um trabalho duplo de decomposição progressiva
nos diferentes constituintes das células animais e vegetais conduzindo a
libertação dos elementos minerais, solúveis e gasosos anidrito carbónico
amoníaco nitratos fosfatos, elaboram a partir dos produtos da mineralização
corpos quimicamente complexos que se agrupam sob a designação de
compostos húmidos.

Como se formou o solo?

Tudo começa quando as rochas surgem a superfície da terra. Em alguns casos


isto sucedeu há milhões de anos. Os gentes erosivos – vento, água temperatura

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 129
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

desgastam a rocha que se desagrega em fragmentos de maiores ou menores


dimensões, desde grandes blocos e areias.
Seguidamente, instalam-se pequenos organismos – fungos líquenes, musgos
insectos e outros animais – que se alimentam dos minerais resultantes da
erosão da rocha e da água que existe a sua superfície. Os restos destes seres
vivos, misturados cm as partículas minerais formados a partir da rocha, originam
um solo pouco espesso.
Por fim, plantas e animais maiores começam a desenvolver-se sobre este solo
primitivo. Os restos destes organismos e os materiais resultantes da sua
decomposição vão enriquecendo o solo, que acaba por ficar constituído por
diferentes camadas. (Galopim de Carvalho)
As rochas sofrem os feitos da erosão. Quando uma rocha fica exposta à acção
da chuva, do vento, dos gelos, de mudanças de temperatura, dos animais...
agentes erosivos vai se desgrudando e originando pequenos fragmentos. Estes
fragmentos de rocha vão-se acumulando e a eles via-se juntando água e ar,
inicia-se assim a formação do solo.

Factores da formação do solo

O desgaste da rocha mãe, o clima, a vegetação e a inclinação da superfície são


os principais factores que influenciam os processos determinantes do tipo de
solo.

 A matéria mãe

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 130
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Todos os solos formam um lençol sobre a rocha subjacente. Na maior parte das
situações essa rocha foi quebrada por processos de desgaste, por erosão
meteorologia, física e química, produzindo o componente mineral de solo.

 Clima

O clima é um factor importante na formação do solo e é muitas vezes a base


para a sua classificação. Influência o solo pelo facto de ditar os processos
dominantes de erosão atmosférica que afectam a rocha mãe. A medida que se
acumula o fracção mineral do solo a temperatura influência o grau de actividade
biológica que ocorre e também a quantidade de água do solo,. A precipitação
desempenha um papel importante. A água em excesso infiltra-se no solo e pode
remover os minerais solúveis e os sólidos finos, ao passo que a falta de água
pode diminuir o ritmo de fragmentação dos minerais que são a fonte dos
nutrientes químicos.

 A vegetação e a inclinação do terreno

Os solos jovens possuem pequenas quantidades de nutrientes e por isso podem


sustentar poucas plantas com excepção de musgos e líquenes. Estas plantas
auxiliam a libertação dos nutrientes dos minerais resultantes da erosão e
decompõe-se no solo. A matéria vegetal em decomposição transforma-se em
húmo que é a mais rica fonte de nutrientes.
A medida que o solo amadurece torna-se mais rico.

 Tempo

Dos factores da formação do solo, o tempo é mais passivo não adiciona, não
exporta material nem gera energia que possa acelerar os fenómenos de
meteorização mecânica e química, necessários a formação do solo. Contudo o

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 131
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

estado do “sistema solo” não é estático vária no decorrer das transformações,


transportes, adições e perdas que tem lugar na sua formação e evolução.
A história da maioria dos solos tem início num passado mais ou menos remoto,
a partir de um imaginário tempo zero. Os materiais que lhe deram origem
começaram a sofrer um série contínua transformação.
As quais são tanto intensas e rápidas quanto mais agressivas forem as acções
pedogenéticas.
É difícil reconhecer o período do inicio da formação do solo. A geomorfolofia
ensina que na África e na América do sul é possível encontrar desde materiais
de origem recente até aqueles que se situam entre os mais velhos de que se
tem noticia na terra.
Nas planícies aluviais que ainda recebem através das inundações, adições
periódicas de material a cronologia da formação do solo é recente.
A factor de formação solo, tempo é tido, como uma combinação do período atrás
do qual o solo se formou e a velocidade e intensidade das actividades químicas
físicas e biológicas responsáveis pela transformação do material de origem bruto
em um solo. O conhecimento de tempo da formação em termos cronológicos
reais só é possível em casos raros em que a natureza propícia condição
favorável ou a acção humana faculta a datação cronológica de eventos
realizados que ocasionaram a sua formação.

RESUMO

Factores de formação do solo

A natureza de solo é influenciada por cinco factores principais:


1. O clima, principalmente pela temperatura, e precipitação que exercem uma
influência preponderante sobre a rapidez e modo de decomposição das rochas,
assim como sobre a intensidade dos fenómenos de migração. A decomposição
é tão intensa quanto mais elevada for a temperatura e a lixiviação e mais
acentuada desde que a precipitação seja abundante.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 132
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

2. A topografia do solo porque actua sobre a drenagem.


3. A rocha mãe pela sua composição química e estrutura.
4. As condições biológicas – a vegetação e organismo do solo.
A vegetação tem um papel importante na pedogenese, pois fornece a maior
parte da fracção orgânica do solo.
5. O tempo – a duração do tempo que decorre desde que o solo se começou a
formar.

Evolução de um solo

A evolução de um solo passa necessariamente da experiência prática do


agricultor, mediante acertos, erros adquiridos ao longo dos anos que lhe permite
diferenciar o solo mais pobre do fértil; que lhe permite saber os solos mais
produtivos e as culturas adequadas assim como as principais práticas que
promovem uma maior produção.
Nos primórdios da civilização romana vários princípios básicos que ainda se
utilizam já eram postos em prática por agricultores como por exemplo usos de
estrume com objectivo de fertilizar o solo.
As pesquisas científicas do século XVII visavam obter dados para aumentar a
produtividade das culturas.
A cobertura vegetal do globo está em estreita dependência do clima e do solo.
Assim, o estudo do solo ou de pedologia é de grande importância para os
geógrafos, pois é impossível explicar uma paisagem agrária, vegetal ou
geomorfológica, sem conhecer-se o solo.
O geógrafo estuda o solo procurando obter dados para poder explicar a
organização do espaço, ou seja, a paisagem geográfica.
Por definição o solo considera-se como um ambiente natural extremamente
complexo, resultado da alteração das rochas pela acção conjunta de um número
limitado de factores de génese.
As variações dos factores de formação do solo são responsáveis pelo
aparecimento de diferentes tipos de solo.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 133
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Composição textura e estrutura de um solo

Composição do Solo

Os solos apresentam quatro componentes fundamentais:


- Elementos e partículas minerais;
- Matéria-prima;
- Água;
- Ar.

Elementos e Partículas Minerais – compreendem os minerais propriamente


ditos como é o caso do potássio, fósforo entre outros, para além das partículas
de argila e areia. Os elementos minerais são os verdadeiros nutrientes das
plantas cujas estas (plantas) se alimentam directamente dos nutrientes e o
homem alimenta-se indirectamente deles através das plantas.

Matéria Orgânica – Constitui-se um factor muito importante para o solo e sua


fertilidade. É responsável pela vida dos microrganismos, os quais além de fixar o
nitrogénio do ar no solo, restituem o nitrogénio, o fósforo e o enxofre para o solo
quando os microrganismos se decompõem.

Água – um componente essencial para as plantas. Por meio dela são


absorvidos os alimentos responsáveis pela distribuição das substâncias
elaboradas através dos órgãos da planta (raiz, caule entre outros). Cerca de 80
à 97% do peso dos vegetais é representado pela água. A sua falta ou excesso
podem ser solucionados através de irrigação e da drenagem, respectivamente.
Ar – tem grande importância para o solo e para plantas em virtude das trocas
gasosas que ocorrem entre eles. O oxigénio contido no ar atmosférico é
fundamental para a respiração das raízes dos vegetais.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 134
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Tabela sobre qualidades médias de nutrientes retidos do solo por diferentes


culturas
CULTURA PRODUÇÃO (kg/ha) QUALIDADE DE NUTRIENTES
RETIDAS (kg/ha)
Algodão 2.000 Nitrogénio (N) Fósforo (P) Potássio (K)
50 20 50
Arroz 1.500 60 15 80
Cana-de-açúcar 60.000 75 15 50
Café 2.000 30 05 48
Fonte: Enciclopédia Mirador V.19 P. 10.564

Textura do solo

O solo apresenta uma parte mineral com partículas de várias medidas que
formam os separados do solo – areia, limo e argila. Partículas acima de 2
milímetros formam o “esqueleto” do solo. Os demais separados apresentam as
seguintes dimensões: areia grossa 2-0.2 mm; areia fina 0.2-0.02mm; limo
0.02mm; argila inferior a 0.002mm segundo a classificação internacional.
A proporção de participação dos separados no corpo do solo origina 12 classes
textuais fundamentais conforme a tabela a seguir.

(Percentagens médias) areia limo argila


1-areia 90% 5% 5%
2-areia barrenta 80% 15% 5%
3- barro arenoso 65% 40% 10%
4- barro 40% 40% 20%
5-barro-limoso 20% 65% 15%
6-Limo 60% 15% 25%
7-Barro-argilo-arenoso 60% 15% 25%
8-Barro-argiloso 35% 35% 30%
9-Barro-argiloso-limoso 10% 55% 35%
10-Argila-arenosa 55% 10% 35%
11- Argila-limosa 10% 45% 45%
11- Argila 15% 20% 65%

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 135
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As partículas finais de argila, chamadas de fracção coloidal, são biológica e


quimicamente activas. Os colóides constituído de grupos de moléculas minerais
e orgânicos, apresentam cargas eléctricas que explicam a evolução do solo.
A textura é uma das propriedades mais importantes do solo uma vez que se
reflectirá em todas as demais propriedades.

Estrutura de um Solo

É a reunião dos separados do solo em e agregados que se separam um outro


por superfície de enfraquecimento. De acordo com o aspecto temos classes
estruturais tais como: laminar, prismática, colunar e esférica.
Nos agregados as partículas podem ser reunidas com maior ou menor
intensidade que constituirá o grau de estrutura que será maior quanto for a
percentagem de argila de argila.

Importância da estrutura

A estrutura condiciona as principais propriedades do solo:


A ventilação (macro porosidade), a retenção de água (micro porosidade), a
permeabilidade;
A facilidade de trabalho do solo: quanto mais a estrutura for compacta, mais
trabalho é difícil;
A facilidade de aquecimento, na medida em que actua na ventilação e na
circulação de água;
A actividade biológica como as plantas, as bactérias do solo têm necessidade de
ar e de água, por consequência, actua sobre a evolução das matérias orgânicas.
A estrutura actua, portanto, sobre a planta tendo uma acção na ventilação, na
água e no aquecimento, permite a germinação e a vida das raízes. Por outro
lado, os intervalos são indispensáveis para permitir o desenvolvimento das
raízes que são detidas pelos obstáculos.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 136
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

A evolução da estrutura de um solo

A estrutura de um dado solo não é a mesma antes de uma sementeira e após a


colheita. Numerosas causas, naturais e provocadas, podem originar a evolução
da estrutura.
— A chuva é o principal agente. Ao cair num solo nu, as gotas de água destroem
os agregados e tendem a formar uma crosta à superfície. A água, ao infiltrar-se
num solo seco, comprime o ar que ocupava todos os intervalos. Para escapar,
este ar destrói os agregados. Finalmente, a água arrasta o cálcio em
profundidade, favoreci assim a dispersão do complexo argiloso – húmido, logo a
degradação da estrutura.
— O Gelo, numa lavoura de grandes torrões bem seca, provoca um
rebentamento destes torrões e melhora a estrutura, num solo demasiado
húmido, esta acção não existe.
— As alternâncias de humedecimentos e de dissecações do solo favorecem
igualmente a divisão do solo em consequência da expansão e da contracção da
argila.
— O agricultor pode provocar a degradação da estrutura: as repetidas
passagens de engenhos pesados num solo húmido, o pisoteio pelos animais em
pastagem num solo excessivamente húmido, o fornecimento do adubo contendo
o sódio, que dispersa os agregados, são outras tantas causas de degradação. O
trabalho do agricultor, enquanto é bem conduzido, permite manter ou melhorar a
estrutura.
Portanto, estes são poucos exemplos que mostram realmente que a estrutura do
solo evolui. No entanto, as mesmas acções, exercidas em solos diferentes,
podem provocar variações de estrutura maiores ou menores surgindo uma nova
noção: a da estabilidade estrutural.
A estabilidade estrutural é a aptidão das terras para resistirem à acção dos
agentes de degradação. Os factores que aumentam a estabilidade estrutural são
aquelas que mantêm o complexo argilo – húmico no estado flucolado.
Presença de uma quantidade suficiente de calcário no solo;

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 137
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Presença de uma quantidade suficiente de matéria orgânica e de húmus;


Bom equilíbrio da textura, em especial, quantidade suficiente de argila em
relação à quantidade de limo e de areia muito fina que têm demasiada tendência
para se amontoar se não houver um bom complexo argilo – húmido.

Acção do agricultor sobre a estrutura

Tendo em conta as funções da estrutura, o agricultor deve procurar mantê-la ou


melhorá-la:
Evitando as causas de degradação:
Suprimindo os excessos de água prolongados, por saneamento efectivamente,
favorecem a dispersão dos agregados;
Evitando o pisoteio pelos animais ou pelas passagens de máquinas pesadas em
solo demasiado húmido.
Não deixando o solo nu por tempo a mais principalmente no tempo chuvoso,
tendo as gotas de água uma acção destruidora de superfície.
Actuando sobre a estabilidade estrutural
Por adições de matérias orgânicas, estrume, resíduos de colheitas, palhas,
adubos verdes;
Pelas incorporações de cálcio (melhoramento: cal ou calcário, moídos: adubos
contendo calcário).
Regenerando uma estrutura degradada
Pelo trabalho do solo bem conduzido, as lavouras criam grandes torrões, que
poderão beneficiar de acção favorável dos agentes atmosféricos.
Introduzindo na rotação de culturas melhoradas.
Conclui-se que o agricultor pode adaptar as culturas à estrutura do solo. Certas
plantas toleram bastante bem uma estrutura degradada; o azevém anual é o
exemplo característico.

Perfil do Solo

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 138
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Os solos, dispõem-se verticalmente em camadas designadas horizontes os


quais separam-se por camadas horizontais que variam quanto à nitidez, forma e
largura. Assim o limite de um horizonte chama-se abrupto quando fôr menor que
2.5 cm, evidente entre 2.5 cm a 6.5 cm, gradual entre 6.5 e 13 cm e difuso, se
fôr, maior que 13 cm (Joaquim Botelho da Costa).
Para João Antunes um solo maduro apresenta 3 horizontes principais: A, B e C
cada um com subdivisões,

(Couraça terralítica) (Destruído por erosão)

Solo vermelho ferralítico das regiões tropicais húmidas (à esquerda) e couraça


terralítica (à direita)

A diferenciação dos horizontes num solo, ocorre durante o processo de


evolução, no qual, o clima através da precipitação desempenha um papel
preponderante. A água no processo de hidrólise decompõe-se (H 2O = H – OH) e
os elementos básicos de cálcio, magnésio, potássio e sódio contidos nos
sedimentos transformam-se em hidróxidos, carbonatos e bicarbonatos,
tornando-se solúveis, possibilitando que sejam carregados do solo para os
horizontes mais profundos, permanecendo no horizonte A somente materiais
insolúveis, formados por silicatos originários da própria rocha-mãe e ainda
silicatos de ferro e de alumínio que se formaram durante a meteorização. Este
processo designa-se por lixiviação.

Caracterização dos Horizontes

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 139
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Horizonte A

É o horizonte superficial onde se encontra o material vegetal e animal (raízes,


folhas, troncos, dejectos e restos mortais de animais), rico em material vegetal e
animal decomposto e misturado com material mineral formando húmus.
É designado ainda horizonte lixiviado ou eluvial porque sofre perdas de minerais
solúveis que são arrastados pelas águas durante o processo de lixiviação para
os horizontes inferiores ou abaixo.

Horizonte B

É mais rico em húmus proveniente do horizonte A, através da lixiviação. É um


horizonte rico em matéria mineral como argila e óxido de ferro hidratado.

Horizonte C

Designa-se também horizonte de transição do verdadeiro solo para a rocha-mãe


onde esta (rocha-mãe) está em constante alteração.

Tipos de solos e sua caracterização

Os solos diferem de um lugar para o outro em função do ambiente de formação,


da matéria incorporado durante o processo de formação e do processo que
ocorreu para a sua formação. Assim, se for tomado em consideração o aspecto
anteriormente referenciado ter-se-á os seguintes grupos de solos: zonais,
intrazonais e azonais.

 Solos Zonais

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 140
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

São os que a sua origem e evolução estão ligados principalmente ao clima e de


grosso modo a sua distribuição espacial faz-se de acordo com os paralelos e os
cinturões climáticos, como se pode observar na figura que se segue.
Solos do mundo

Solos da zona Árctica

Compreendem solos desérticos e de tundra – localizam-se nas regiões polares


do hemisfério norte, onde a temperatura está abaixo de 0 oc com excepção dos
únicos dois meses do verão. São solos que passam quase maior parte do tempo
cobertos de neve e gelo e a pouca profundidade permanecem continuamente
congelados formando uma camada impermeável “permafrost” que devido à sua
impermeabilidade vai provocar encharcamento destes solos no verão, dificultar a
circulação da água e a penetração das raízes das plantas. Daí que são solos
menos evoluídos.
Nas regiões glaciares continentais o gelo e degelo nas fissuras do solo leva à
sua fragmentação o que faz com que apresente na parte superficial a forma de
polígonos.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 141
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Solos podzólicos

Registam-se nas regiões boreais da América do Norte, Europa e Ásia, onde


predomina o clima frio continental e sub-ártico, cobertas de floresta conífora.
São solos húmosos, muito ácidos, altamente lixiviados, pouco férteis por isso
impróprios para agricultura.
A intensa lixiviação nestes solos justifica-se pelo facto de os Invernos serem
longos e intensamente frios, fazendo com que maior parte do tempo passem
cobertos de gelo e neve e os verões embora sejam curtos são muito pluviosos.
Por esta razão a superfície do solo fica permanentemente húmida, levando a
uma lenta e contínua infiltração da água, que arrasta consigo o húmus e os
compostos minerais.
Embora a taiga ofereça ao solo matéria vegetal em quantidades suficientes, esta
apresenta-se pouco decomposta, porque as folhas são duras, os ramos são
resistentes à decomposição e a temperatura destrói os organismos
decompositores ou então torna lenta a sua decomposição, tornando-se lenta a
sua acção ou acontecendo pela acção dos fungos.
Solos Chernozémicos ou Chernozem

Desenvolve-se nas regiões de clima temperado continental, com vegetação


herbácea e densa. São solos de cor negra, muito férteis e por isso propícios
para agricultura, principalmente para as culturas cerealíferas e com maior
destaque para o trigo. Cobrem várias áreas da Europa Ocidental, da Sibéria
Ocidental e Central, planícies centrais dos E.U.A (Atlas Geográfico pág. 50).
A lixiviação é menos intensa, porque, neste clima o verão, estação em que, se
regista intensa precipitação é curto e não é demasiado quente e por isso os
movimentos ascendentes não são suficientes para fazer acumulação de matéria
mineral à superfície.
São solos ricos em matéria orgânica humificada, fornecida pela pradaria neles
predominante.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 142
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Solos pardos e cinzentos de desertos e semi-desertos

São ainda designados solos das regiões desérticas, localizam-se em regiões de


clima desértico. Devido à carência da precipitação verifica-se uma lenta
desagregação e decomposição química da rocha-mãe, tornando os solos
extremamente pobres. Contudo nas imediações dos desertos onde regista-se
algumas quantidades de precipitação, desenvolve-se a estepe e a vegetação
arbustiva dispersa, o que permite o desenvolvimento de solos de fraca matéria
orgânica e de grande concentração de sais minerais (cloreto de sódio) o que
lhes confere a designação de solos salinos.

Caracterizam-se ainda pela ascensão da água existente no interior do solo,


devido ao intenso calor que se faz sentir nestas regiões. Com a evaporação da
água, os sais ascendem e acumulam-se à superfície (João Antunes, pág. 209).
Estes solos encontram-se na parte ocidental da América do Sul nas
proximidades da grande Cordilheira dos Andes, na Ásia Central, América do
Norte.
Solos tropicais vermelhos – oxisolos

Desenvolvem-se em climas tropicais húmidos com estação seca inferior a 5


meses. Caracterizam-se pela intensa acção química na desagregação das
rochas e pela intensa lixiviação que empobrece os solos em bases. São solos
profundos, 3 metros aproximadamente, de difícil distinção dos horizontes através
da cor, fazendo-se pela maior ou menor densidade da argila, possuem baixa
percentagem da matéria orgânica. Predominam os óxidos de ferro e alumínio
que dão origem à cor vermelha aos solos.
Estes solos apresentam variações, podendo ser mais argilosos noutras áreas,
avermelhadas noutras, devido à maior presença do óxido de ferro.
São solos avermelhados e lixiviados devido à presença em grandes quantidades
do óxido de ferro e a intensa circulação de água no seu interior lhes provoca a

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 143
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

lixiviação. Nestes solos as reacções químicas são muito activas, o que provoca
uma rápida e profunda decomposição dos minerais e desagregação da rocha-
mãe, libertando elevadas quantidades de óxidos metálicos com maior destaque
para o ferro e alumínio.
As activas reacções químicas, resultam das elevadas temperaturas, abundância
das precipitações nestas regiões. Entretanto trata-se de solos bem
desenvolvidos, mas pobres, porque a matéria orgânica resultante da morte das
plantas ou parte delas, quando transformada em matéria mineral solúvel pelos
microrganismos serve novamente de alimentação para as plantas. Este ciclo
quando rompido devido à destruição das florestas por queimadas e outras
actividades, provoca o desaparecimento da vegetação e consequentemente as
fracas reservas nutritivas do solo, desaparecem e a rocha-mãe por se situar a
profundidades elevadas não se encontra em condições de renová-la. Além
disso, a forte insolação queima o húmus, e destrói os microrganismos. Devido à
ausência da protecção pela vegetação, a água das chuvas arrasta o húmus e o
material mineral solúvel o que torna o solo propenso à erosão provocada pelas
novas chuvas. Estes solos apresentam variações podendo ser argilosos e
vermelhos noutras.
Resumidamente apresentam as seguintes características:
 Solos profundos, podendo ultrapassar os 10 metros;
 É difícil a distinção dos horizontes pela cor, fazendo-se pela maior ou
menor densidade da argila;
 Baixa percentagem da matéria orgânica;
 Predomínio dos óxidos de ferro e de alumínio;
 Pequena quantidade de minerais solúveis.
 Estes solos apresentam variações.

 Solos Intrazonais

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 144
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

São os que a sua génese não é dependente dos factores climáticos mas sim da
composição mineralógica da rocha ou da existência excessiva da água no perfil,
podendo se destacar nelas os solos hidromórficos e solos negros.

Solos Hidromórficos

Formam-se em locais húmidos e alargados e dividem-se em vários subgrupos:


solos de turfa, calcários, solonchak.
São de cor cinza – negra, quase negros. É difícil distinguir os horizontes por se
situarem em zonas baixas e inundadas numa parte do ano, recebem anualmente
novos elementos químicos. Nestes solos pelo facto de a permeabilidade ser
fraca e por isso ficar permanentemente com água estagnada permitem a
redução do ferro e ocorrência de uma fraca lixiviação. São solos aproveitáveis
para a cultura do arroz e hortaliça por possuírem elevadas quantidades de água.

Solos negros

Desenvolvem-se em regiões de savana seca e húmida com predomínio do clima


subtropical, ocupando áreas planas ou depressões. São de cor escuras com
textura argilosa. São solos sujeitos à contracção no período seco e expansão no
período chuvoso.

 Solos Azonais

Encontram-se em qualquer parte do globo onde hajam deslizamentos, dunas ou


deposição de material recente. São solos mal desenvolvidos.

Solos de montanha ou Lithosols

Encontram-se em áreas de relevo muito inclinado, de cor variável. São solos


caracterizados pela presença de grandes quantidades de fragmentos de rocha.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 145
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Sofrem grandemente a influência da exposição e da declividade que pela acção


da gravidade sofre constantemente a retirada e deslizamento de material, dando
origem a solos muito finos designados litosolos, porém férteis, contudo
enfrentam dificuldades relacionadas com sua utilização devido a falta de água e
à declividade.

Solos aluviais

Resultam da sedimentação fluvial nas margens dos rios. Dependendo do local


de sedimentação pode predominar areia, limo, argila e cascalho. Não serem
solos mal desenvolvidos, não apresentar horizontes mas são as vezes ricos em
matéria orgânica o que lhes propicia a agricultura.

Exercícios de aplicação

1. Indica os factores que intervêm na formação do solo.


2. Explica como se forma um solo até se tornar evoluído
3. Acerca do perfil do solo realiza as seguintes actividades:
4. Elabora um esquema representativo dos horizontes num solo evoluído
a) Caracteriza os horizontes A e B

Importância e defesa dos solos

Os solos jogam um papel de destaque na existência da humanidade, isto


porque, são eles que fornecem/abastecem muitos produtos, sejam alimentares,
de rendimento e uso.
Os solos são usados, tanto para a agricultura como para a construção,
transporte e na indústria.
Como consequência da actividade agrícola, os solos são modificados em
grande medida, como no desmatamento das florestas, no cultivo das plantas,
durante a drenagem, irrigação, plantio de árvores, adubação e tantos outros.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 146
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Assim, para actividade dos homens no campo agrícola importa antes de mais,
possuir-se uma série de informações a seu respeito, como:
- O tipo de solos
- A fertilidade dos solos
- A relação entre o tipo de solo e as plantas a cultivar.

Portanto, a tarefa mais importante não só é o aproveitamento quantitativo dos


solos em diferentes condições, mais também a protecção dos mesmos. É
pertinente realiza-se o beneficiamento/ melhoramento dos solos, conhecendo as
particularidades dos diversos tipos de solos, é possível realizarem-se muitas
acções no campo da actividade económica dos homens.
Dos solos podemos obter muitos e diferentes produtos alimentares
indispensáveis à nossa existência.
É solo que o homem obtém 99% dos alimentos que consome, bem como os
materiais para vestuário e habitação.
No último quarto do século XX, muitos países do mundo, a agricultura
continuava a depender bastante das condições do meio e sob influência das
condições naturais, algumas das quais não podem ser controladas.

VEGETAÇÃO

À medida que o grau de secura aumenta, a vegetação vai rareando. Nestas


condições a pradaria é substituída pela estepe que anuncia o deserto frio sendo
assim a vegetação é muito pobre.

 Zonas frias ou regiões polares

Ambas as regiões polares têm algumas características em comum: oceanos


bastante frios, com baixo teor de precipitação; baixas temperaturas de verão
(10o c), neve branca que afecta a coloração da fauna (a coruja branca de
diversas lebres, a raposa do Árctico. A banquisa, que é uma solitária massa de

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 147
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

gelo que aumenta de tamanho parte do oceano Árctico. Por outro lado, a
Antártida é um continente recoberto por uma velha geleira tão espessa mais de
90% de todo o gelo do mundo.
Tanto no norte como no sul, a cadeia alimentar começa com o flutuante plâncton
vegetal. O plâncton é um ser urge e reproduz muito rapidamente durante o
verão, quando os dias têm vinte horas de claridade. Dos plânctones alimento de
pequenos animais: larvas, crustáceos e moluscos e peixes jovens. Estes
animais, por sua vez, são alimentos de ceáceos (como a baleia), para mitos
peixes (o arenque, o bacalhau jovem) e para alguns pássaros marinhos como:
andorinha do Árctico, que migra de um círculo polar para o outro.
Acima do círculo árctico (65o de latitude norte) ficam a maior parte do Alasca, o
extremo norte do Canadá três regiões Gronelândia, a fronteira setentrional da
Escandinávia e u terço da Sibéria. A flora e a fauna distribuem-se por banquisa
gelada é o habitat das focas verdadeiras e dos ursos polares. Nos arquipélagos
circumpolares (pequenas rochas e desérticas) são encontradas focas e morsas
na primavera; durante o verão há muitas aves marinhas, as gaivotas.

A tundra é uma rede de charcos e rochedos, levemente cobertos de líquenes; ali


são encontrados os bois almiscarado da Groenlândia. Nas florestas de pinheiro
e bétulas da taiga do norte vivem a zibelina, o carcaju, o alce e o lemingo.
Na primavera (Setembro e Outubro), pequenas colónias de elefantes marinhos
surgem nas praias da Antártida e permanentes e são, por’em as colónias de
pinguins, frequentemente importunados pelo ataque das focas.

O árctico

O círculo árctico contém as zonas mais setentrionais da América do norte,


Europa e Ásia, e ainda a sua maior parte da Gronelândia.
As temperaturas no árctico é tão baixa que a maior parte do oceano árctico está
permanentemente gelada. Dentro dos limites do circulo árctico, há dias de
Inverno em que o sol nunca nasce, e dias de verão em que nunca se põe.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 148
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

O Árctico, a Gronelândia encontram-se sob uma camada de gelo de


dimensões sub continentais com mais de 1800.000 Km² de extensão e com uma
espessura máxima de 3300 metros.

População

A maioria dos habitantes humanos é os Inuits (Esquimós) e os Sami (Lapões).


Os inuits vivem na Gronelândia desde cerca de 2500 a.C. A ppulação total na
Gronelândia é de 55000 habitantes vivendo numa área de 2175600 km².
Os primeiros europeus a estabelecerem-se lá foram os Vikings, por volta do ano
986 d. C. Hoje em dia a Gronelândia é uma província da Dinamarca.

Relevo

O ponto mais elevado é o monte Gunnbjon (Gronelândia) com 3700 metros de


altitude. Por baixo do pólo norte não há terra firme. Isto foi provado em 1950
quando um submarino americano, os Nautilus viajou sobre o gelo.

Os corredores aéreos sobre o ártico permitem as mais curtas ligações aéreas


entre a Europa e a América do norte.

Vegetação

Apesar do clima rigoroso, vive no árctico uma grande variedade de animais e


plantas. Na ilha da Gronelândia é tudo menos verde a sua maior parte está
permanentemente coberta de gelo.

O Antárctico

Clima

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 149
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

O Antárctico tem um clima mais rigoroso e mais frio do mundo. Quase todo o
seu território está coberto de gelo, com uma espessura média de 2000 metros. A
extensão do lençol de gelo “icebergs”. No Inverno, o mar na orla do lençol de
gelo volta a solidificar-se recebendo o nome de massa de gelo. Tem um clima
frio, seco e ventoso.

População

Na Antártida não existe população definitiva apenas só cientistas e engenheiros.


Embora nenhum país seja dono da Antártida, um certo número de países
reclamam o território e muitos têm lá bases para a investigação científica.
Mesmo a limitada população de cientistas diminui durante o duro Inverno
antárctico quando as tempestades de neve duram dias.
A temperatura mais baixa do mundo de 89,2 o C foi registada na estação de
Vostok em Julho de 1983.
O mar que rodeia que o antárctico está coberto por uma massa de gelo à deriva
durante a maior parte do mundo.
A Antártida contém 90% de todo o gelo do mundo, se derretesse o nível das
águas do mar em todo o mundo subiria 60 metros e submergiria todas as
cidades do litoral.

Vegetação

Existem muito poucas plantas.

Fauna

Os animais que vivem no antártico, tais como focas e pinguins, dependem do


mar para se alimentarem.

Extensão

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 150
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

A extensão e a disposição dos gelos nos mares polares são variáveis. O núcleo
central do mar glacial está coberto por uma crosta de gelo superficial, a
banquisa que anda lentamente a deriva no interior da bacia.
A Antártida igualmente circundada por um campo de gelo que se desagrega na
primavera, formando uma ampla faixa de parck permanente.
A Antártida está coberta por uma calote de gelo que se estende por mais de
14.000.000 Km², com espessuras que chegam a atingir os 4000 metros.

Área

A Antártida ocupa uma superfície total de 14.000.000 Km².

 Regiões temperadas

É a zona situada entre os círculos polares e os trópicos. Entre o círculo polar


árctico e o trópico de câncer temos a zona temperada do norte e entre o círculo
polar antárctico e o trópico de Capricórnio (zona temperada do sul).

Climas e ambientes das regiões temperadas

Os climas temperados são aqueles que fazem a transição entre os climas da


zona intertropical e os climas frios de entre estes climas distinguimos:

 Climas temperados marítimos - com chuvas durante todo o ano, isto é,


não tem período seco, a amplitude da variação térmica anual é fraca e o
máximo da precipitação coincide com o período mais frio do ano;

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 151
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

 Climas temperados continentais – as chuvas são relativamente escassos


e coincide com a época mais quente do ano. As amplitudes de variação
térmica são elevadas. Durante o Inverno que é muito rigoroso, a
precipitação é de Neve;

 Climas temperados Mediterrâneo – o período mais chuvoso corresponde


à época mais fria do ano, têm uma estação seca marcada (verão) e a
amplitude de variação térmica é moderada.

Actividades

1 – Menciona a ilha mais extensa no oceano glacial árctico.


2 – Indica os habitantes das regiões polares.
3 – Caracterize o ambiente de vida das regiões polares
3 – Descreve a vegetação da região polar.

 Formação vegetal de altitude

Clima de altitude

Vegetação de montanha

A chuva influencia decisivamente o desenvolvimento e distribuição da


vegetação.
A altitude e um factor climático de primeira ordem quer se trate de baixas ou
altas latitudes, de regiões litorais ou interiores. O relevo altera sempre
profundamente as características climáticas da respectiva zona.

 Nas regiões quentes

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 152
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Nas grandes montanhas, como os casos de Kilimanjaro, Kenia, Futajalon,


Andes, as características da vegetação de altitude variam em função da altitude,
isto e a partir da base e dependendo basicamente do clima. (manual da 11ª pg
267)

Na transformação do clima com a altitude tem como consequência a


modificação da vegetação ao longo das vertentes das montanhas tropicais de
modo a poderem-se definir varias zonas ou andares muito características.
1º- De base ate a uma altitude de 1800 encontra-se a floresta densa. Arvores
menos altas com dois estratos, o número de espécies e menor, abundam as
Lianas e Epifitas.

2º-Dos 180 a 2800m de altitude, predomina a floresta húmida constituída por


árvores de folha persistente e caduca, com um estrato. O solo e coberto por
musgos e líquenes.

3º-Entre 2800 a 3800m de altitude aparece ou domina um matagal. Os arbustos


atingem os 10m de altura. O solo e coberto por musgos.

4º-Dos 3800 aos 5000m de altitude, predominam as pradarias. As ervas


pertencem a varias espécies de gramíneas. São frequentes as Lobélias e os
senecios.

5º-Para alem dos 5000m de altitude, domina a rocha nua sem cobertura vegetal
e neves que nunca mais acabam.

Nas grandes montanhas, as características da vegetação variam em função da


altitude a partir da base. De forma geral temos: floresta densa, floresta aberta,
matagal, pradarias e finalmente rochas.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 153
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

 Nas regiões temperadas

As regiões temperadas possuem grande número de montanhas que pela sua


altitude introduzem apreciáveis modificações no clima, caso e dos Pirinéus,
Alpes, Pamir, Planalto de Tibete, montanhas rochosas, Himalaias, etc. A
vegetação reflecte a variação climática com a altitude, definindo-se vários
andares característicos (Manual de geografia 10ª classe antigo sistema).
1º-Dos 1300 metros de altitude, predomina a floresta de folha caduca, entre os
quais sobressai a faia.

2º-Dos 1300 a 1600 metros, localiza-se a floresta de coníferas de folha,


persistente, onde sobressaem os abetos e pinheiros,

3º-Ate 2300 metros, a floresta conífera substituída por denso matagal constituído
por arbustos com características Xerofitas,

4º-Dos 2300 a 2900 metros de altitude, predominam as pradarias constituídas


por um estrato herbáceo de gramíneas rasteiras.

5º-Depois dos 2900 metros apenas se observa a rocha completamente nua,


coberta de neve perpétua.

Floresta Mesófila Semidecídua.

 As Florestas Mesófilas Semidecíduas constituem a maior parte das matas do


Japi. Algumas de suas árvores perdem, parcial ou totalmente suas folhas no
período mais seco e mais frio do ano (abril a setembro). Trata-se de uma floresta
caracteristicamente alta, com indivíduos emergentes de 20 a 25 metros. Ocorre,
também, no norte do Paraná, Goiás, Minas Gerais, sul da Bahia, Argentina e sul
do Paraguai. No Japi apresenta-se em estágios sucessionais variados.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 154
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Floresta Mesófila Semidecídua de Altitude.

         
Nas regiões mais altas, principalmente em altitudes superiores a 1.000
metros, surge a Floresta Mesófila Semidecídua de Altitude, ocorrendo também
na Serra da Mantiqueira (SP e MG) e Serra dos Órgãos (SP e RJ), com árvores
variando entre 10 e 15 metros de altura, muito próximas umas das outras, com
suas copas sobrepostas (garantindo um sombreamento denso no solo), caules
relativamente finos e o extracto herbáceo e arbustivo mais pobre.
Em afloramentos rochosos de dimensões variadas e não muito grandes,
desenvolve-se um tipo de vegetação bem característica, com plantas herbáceas
e eventual presença de arbustos e árvores de pequeno porte, com troncos finos
e às vezes retorcidos. Esta formação, bastante diferenciada das demais e
denominada de Lajedo Rochoso, propicia uma cena rara nas formações
florestais do planeta onde aparecem, muito próximas, plantas características de

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 155
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

clima áridos, como cactos, e árvores de florestas tropicais 7[1].


Estas florestas abrigam inúmeras espécies de árvores nativas como aroeiras,
araticuns, perobas, guatambus, jacarandás, ipês, paineira, pata-de-vaca,
cassias, copaiba, jatobás, guapuruvu, embaúbas, capinxiguis, cambará, andiras,
canelas, quaresmeiras, manacá-da-serra, canjerana, cedro, ingás, angicos, pau-
jacaré, chico-pires, pitanga, uvaia, araçás, sete-capotes, goiabeira, jerivá,
palmito, açoita-cavalo, candeia e inúmeras outras. São mais de trezentas
espécies observadas até hoje, existindo também um grande número de
arbustos, plantas herbáceas, samambaias e musgos.
Outro processo interessante é a reciclagem de nutrientes no solo, muito
importante para as matas do Japi cujos solos são pouco férteis. Este processo
consiste na decomposição e mineralização da matéria orgânica (folhas, galhos,
restos de flores, frutos e sementes, animais mortos, excrementos, etc.)
depositados naturalmente sobre o solo - que vão sendo “quebrados” até serem
transformados em nutrientes que novamente serão assimilados pelas plantas -
ou formando agregados orgânicos com a melhoria sensível das condições
físicas do solo. Isto é realizado por alguns animais, fungos e bactérias. A
reciclagem de nutrientes mantém a fertilidade do solo num nível suficiente para
que as plantas formadoras das florestas sobrevivam e se desenvolvam.
A Serra do Japi é considerada uma região ecotonal, isto é, uma área de
transição ou junção entre duas ou mais formações florestais, no caso a Mata
Atlântica da Serra do Mar e as florestas do interior paulista. Uma das
características mais relevantes das áreas ecotonais é a alta diversidade de
formas de vida. Com esta relevante biodiversidade, o Japi contribui para a
preservação de uma grande quantidade de espécies, sendo um enorme e
maravilhoso laboratório natural para estudos e pesquisas, que além do
desenvolvimento da ciência, pode e deve propiciar importantes frutos para
humanidade com possíveis descobertas e desenvolvimentos na áreas de
farmacologia, de controles de pragas e práticas agrícolas, utilização das
potencialidades genéticas para agricultura, silvicultura, paisagismo e

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 156
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

recuperação de áreas degradadas. Contribui, ainda, na formação de


profissionais das ciências naturais e na educação ambiental da população. Em
síntese, o Japi pode propiciar um desenvolvimento econômico, cultural e
ambiental de importante impacto social, dependendo do manejo adotado.

TIPOS DE VEGETAÇÃO

 Mata Atlântica

Formação vegetal com grande riqueza de espécies, geralmente apresentando


três estratos: superior com espécies arbóreas de altura entre 15 e 40 metros;
intermediário com alta densidade de espécies, constituído por arbustos,
arboretos e árvores de pequeno porte, entre 3 e 10 metros; e um terceiro,
composto por grande variedade de ervas rasteiras, cipós, trepadeiras, além de
palmeiras e samambaias. A Mata Atlântica abriga grande variedade de espécies
da fauna brasileira, como: onça, sagüi de tufo preto, paca, cotia, tucano de bico
verde, caxinguelê, mono – carvoeiro, entre outras.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 157
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Mata atlântica

Essa vegetação actualmente recobre principalmente o litoral e Serra do Mar,


estendendo-se para o interior do Estado, onde adquire características típicas de
clima mais seco com perda de folhas, floração e frutificação em períodos bem
determinados. Entre a formação vegetal da Mata Atlântica encontra-se o pau-
jacaré, bromélia, palmeira, guapuruvú e a embaúba

Campo

Unidade de vegetação caracterizada pela predominância da cobertura


graminóide e herbácea. Pode ser classificada em dois sub-tipos: campos de
altitude ou serranos encontrados na Serra da Mantiqueira com sua vegetação
assentada sobre solos rochosos e campos propriamente ditos, também
denominados campos limpos, caracterizados por grandes extensões planas com
árvores ou arbustos esparsos, condicionados às características climáticas ou do
solo.

Cerrado

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 158
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Formação vegetal constituída por dois estratos: superior, com arbustos e árvores
que raramente ultrapassam 6 metros de altura, recobertos de espessas cascas,
com folhas coriaceas e apresentando caules tortuosos; e inferior, com vegetação
rasteira (herbácea arbustiva). Os cerrados abrigam grande variedade de
espécies da fauna brasileira, inclusive algumas ameaçadas de extinção, como:
lobo-guará, tamanduá-bandeira, tatu-canastra, inhambu-carapé, entre outras.

Campo Cerrado

Vegetação campestre, com predomínio de gramíneas, pequenas árvores e


arbustos bastante esparsos entre si. Pode tratar-se de transição entre campo e
demais tipos de vegetação ou, às vezes, resultante da degradação do cerrado.
Esse tipo de formação se ressente com a estação seca e acaba sendo alvo de
incêndios anuais, até mesmo espontâneos.

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Cerradão

Formação vegetal constituída de três estratos: superior, com árvores esparsas,


de altura entre 6 e 12 metros; intermediário, com árvores e arbustos de troncos e
galhos retorcidos; e inferior, com vegetação arbustiva. Formação florestal que
ocorre no Centro-Oeste do Estado, onde o relevo é plano, com solos de baixa
fertilidade e as estações climáticas bem definidas. São típicos do cerradão:
lixeira, pequi, pau-terra, pau-santo, copaíba, angico, capotão, faveiro e aroeira.

Campos de Várzea

São constituídos de vegetação de porte baixo, estrutura bastante variável, cuja


característica é suportar inundações periódicas por estarem situados nas
baixadas que margeiam os rios. Essas inundações, provocadas pelas estações

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 160
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

chuvosas, depositam grande quantidade de material orgânico nas margens dos


rios, aumentando a fertilidade de seus solos, que aliados à topografia plana,
tornam estas áreas muito procuradas pela agricultura intensiva. As várzeas
menos alteradas podem possuir vegetação arbórea, neste caso, podendo ser
chamada de Floresta de Várzea. A vegetação característica de campo de várzea
é a taboa

Vegetação de Restinga

Vegetação que recebe influência marinha, presente ao longo do litoral brasileiro,


que depende mais da natureza do solo, do que do clima. Ocorre em mosaico e
encontra-se em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando,
de acordo com o estágio de desenvolvimento, estrato herbáceo, arbustivo e
arbóreo, este último mais interiorizado.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 161
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Reflorestamento

São formações disciplinadas e homogéneas quanto às espécies, plantadas em


maciços para suprimento industrial, comercial e para consumo local tais como
lenha, madeira e outros usos. Normalmente apresentam limites regulares e
corredores definidos, sendo as espécies principais, eucaliptos e pinus.

MANGUE

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 162
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Formação típica de litoral, sob acção directa das marés, com solos limosos de
regiões estuarinas. Constituí-se de um único estrato de porte arbóreo e de
diversidade muito restrita. Neste ambiente salobro, desenvolvem-se espécies
adaptadas a essas condições, ora gramíneas que lhe conferem uma fisionomia
herbácea; ora denominadas espécies da fauna brasileira, como o tapicuru, o
guará, a garça, crustáceos, sapos, insectos , entre outros.

O mangue, em razão da acumulação de material orgânico, característica


importante
desse ambiente, garante alimento e protecção para a reprodução de inúmeras
espécies marinhas e terrestres.

A BIODIVERSIDADE

Nas regiões onde ainda existe, a Mata Atlântica caracteriza-se pela vegetação
exuberante, com acentuado higrofitismo. Entre as espécies mais comuns
encontram-se algumas briófitas, cipós, e orquídeas.

Foto tirada na Estrada da Graciosa, Panamá.

A fauna endémica é formada principalmente por anfíbios (grande variedade de


anuros), mamíferos e aves das mais diversas espécies. É uma das áreas mais

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Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

sujeitas a precipitação no Brasil. As chuvas são orográficas, em função das


elevações do planalto e das serras.
A biodiversidade da Mata Atlântica é maior mesmo que a da Amazónia. Há
subdivisões da mata, devidas a variações de latitude e altitude. Há ainda
formações pioneiras, seja por condições climáticas, seja por recuperação, zonas
de campos de altitude e enclaves de tensão por contanto. A interface com estas
áreas cria condições particulares de fauna e flora.

A exuberância da biodiversidade.

A vida é mais intensa no estrato alto, nas copas das árvores, que se tocam,
formando uma camada contínua. Algumas podem chegar a 60 m de altura. Esta
cobertura forma uma região de sombra que cria o microclima típico da mata,
sempre húmido e sombreado. Desta forma, há uma estratificação da vegetação,
criando diferentes habitats nos quais a diversificada fauna vive. Conforme a
abordagem, encontram-se de seis a onze estratos na Mata Atlântica, em
camadas sobrepostas.
Da flora, 55% das espécies arbóreas e 40% das não-arbóreas são endémicas
(ocorrem apenas na Mata Atlântica). Das bromélias, 70% são endémicas dessa
formação vegetal, palmeiras, 64%. Estima-se que 8 mil espécies vegetais sejam
endémicas da Mata Atlântica.
Observa-se também que 39% dos mamíferos dessa floresta são endémicos,
inclusive mais de 15% dos primatas, como o mico-leão-dourado. Das aves 160
espécies, e dos anfíbios 183, são endémicas da Mata Atlântica.

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Espécies endémicas ameaçadas de extinção.

Mico-Leão litoral do Paraná foto rara tirada a 500 metros de distância


aproximadamente.

É possível que muitas espécies tenham sido extintas sem mesmo terem sido
catalogadas. Estima-se que 171 espécies de animais, sendo 88 de aves,
endémicas da Mata Atlântica, estão ameaçadas de extinção. Segundo o relatório
mais recente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - Ibama, entre essas espécies estão o muriqui, mico-leão-dourado,
bugio, tatú, tamanduá, entre outros.

A preservação

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Região remanescente de Mata Atlântica em Pernambuco

Actualmente existem menos de 10% da mata nativa. Existem diversos projectos


de recuperação da Mata Atlântica, que esbarram sempre na urbanização e o
não planeamento do espaço, principalmente na região Sudeste. Existem
algumas áreas de preservação em alguns trechos em cidades como São
Sebastião (litoral norte de São Paulo).

No Paraná, graças à reacção cultural da população, à criação de APAs (Áreas


de Preservação Ambiental), apoiadas por uma legislação rígida e fiscalização
intensiva dos cidadãos, aparentemente a derrubada da floresta foi freada e o
pequeno remanescente dessa vegetação preserva um alto nível de
biodiversidade, das quais estão o mico-leão-dourado, as orquídeas e as
bromélias.

Um trabalho coordenado por pesquisadores do Instituto Florestal de São Paulo


mostrou que, neste início de século, a área com vegetação natural em São
Paulo aumentou 3,8% (1,2 quilómetro quadrado) em relação à existente há dez
anos. O crescimento, ainda tímido, concentrou-se na faixa de Mata Atlântica, o
ecossistema mais extenso do estado./A Constituição Federal de 1988 coloca a
Mata Atlântica como património nacional, junto com a Floresta Amazónica
brasileira, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a [[Zona Costeira]]. A
derrubada da mata secundária é regulamentada por leis posteriores, já a
derrubada da mata primária é proibida.

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A Política da Mata Atlântica (Directrizes para a politica de conservação e


desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica), de 1998, contempla a
preservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável dos recursos
naturais e a recuperação das áreas degradadas.
Há milhares de ONGs, órgãos governamentais e grupos de cidadãos
espalhados pelo país que se empenham na preservação e revegetação da Mata
Atlântica. A Rede de ONGs Mata Atlântica tem um projeto de monitoramento
participativo, e desenvolveu com o Instituto Socio-Ambiental um dossiê da Mata,
por municípios do domínio original.

Importância da protecção; da preservação e conservação dos recurso


biológicos

Os recursos naturais são limitados, pelo que a sua preservação se impõe na


diminuição do impacto ambiental de todo tipo de actividades desenvolvidas pela
sociedade, nomeadamente a nível doméstico, industrial, agrícola, na pecuária e
na exploração de recursos geológicos e energéticos.

Aparentemente, parece existir um conflito entre acções que visam a protecção


do ambiente e actividade económica em geral e a industrial em particular.

Desde há muitos milhares de anos que a pratica das queimadas e muitíssimo


frequente nas savanas, os caçadores servem-se do fogo para afugentar das
focas as suas presa, os agricultores para limpar terrenos destinados ao cultivo e
os criadores para eliminar as ervas secas, a fim de favorecer o crescimento da
nova forragem. Os incêndios são particularmente intensos no fim do estacão
seca (In grande enciclopédia Portuguesa).

Com o desenvolvimento das indústrias, a agricultura itinerante e de plantação, o


aumento das áreas urbanas também cresceu a necessidade de se destruírem

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 167
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

mais áreas cobertas por florestas. A desflorestação irracional tem


consequências negativas:
 Facilita a erosão,
 As queimadas originam aumento da temperatura da atmosfera, devido ao
efeito de estufa,
 Reduz a produção do oxigénio assim como da precipitação,
 As florestas são fonte de energia e de matéria-prima para vários tipos de
indústrias, estarem-se delas medicamentos.
 Intervêm no equilíbrio ambiental,
 Fornecem o oxigénio e dificultam o avanço da erosão,
 Diminuem o impacto dos ventos,
 Constituem lugares de atracção turística e recreativa,
 Alimentam os animais,
 A caça furtiva, a expansão da agricultura e da pastorícia esta entre as
causas que levam muitos dos animais a beira da extinção.

A conservação das florestas tem importância para o equilíbrio ecológico na terra.


Os parques e reservas de animais são lugares que permitem a obtenção de
divisas para muitos Países em vias de desenvolvimento (Nanjolo:273)

CONSERVAÇÃO E PROTECÇÃO

Compete ao Estado definir as acções adequadas a protecção das florestas


contra agentes bióticos e abióticos, a conservação dos recursos genéticos e a
protecção dos ecossistemas frágeis ou ameaçados e promover a sua divulgação
e concretização.
Para a prossecução das acções definidas importa:
Promover e apoiar as iniciativas tendentes a observação dos espaços florestais
através de intervenções que garantam a sustentabilidade dos seus recursos,
Manter informação actualizada sobre o estado sanitário e a vitalidade dos
povoamentos florestais,

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 168
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

Instituir uma estrutura nacional regional e sub-regional com funções de


planeamento e coordenação das acções de prevenção, detecção e de
colaboração no combate aos incêndios florestais,
Incentivar a participação activa das comunidades rurais, das associações
representativas dos produtores e das acções de prevenção, detecção e combate
aos incêndios florestais.

Protecção da fauna e flora: medidas gerais de protecção.

Fauna

Toda a fauna será protegida através de legislação especial, que promova e


salvaguarde a conservação e a exploração das espécies sobre os quais recaíam
interesses científicos, económicos ou social garantindo o seu potencial genético
e os habitantes indispensáveis a sua sobrevivência.

A protecção da fauna autóctone de uma forma mais ampla e a necessidade de


proteger a saúde publica implicam a adopção de medidas de controle efectivo,
severamente restritivas, quando não mesmo de proibição, a desenvolver pelos
organismos competentes e autoridades sanitárias, no âmbito de:
 Manutenção ou activação dos processos biológicos de auto –
regeneração;
 Comercialização da fauna silvestre aquática ou terrestre;
 Introdução de qualquer espécie animal selvagem, aquática ou terrestre no
Pais com relevo para as áreas naturais;
 Regulamentação e controle da importação das espécies exóticas;

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 169
Texto de apoio para conteúdos da 11ª Classe

 Destruição de animais tidos por prejudiciais, sem qualquer excepção


através do recurso a métodos não autorizados e sempre sob controle das
autoridades competentes.

Os animais doentes, feridos ou em perigo devem na medida do possível ser


socorridos.

Flora

São proibidos os processos que impeçam o desenvolvimento normal ou a


recuperação da flora e da vegetação espontânea que apresentam interesses
científicos, económicos ou passageiros, designadamente da flora silvestre, que e
essencial para a manutenção da fertilidade do espaço rural, do equilíbrio
biológico das paisagens e a diversidade dos recu8rsos genéticos.

As espécies vegetais ameaçadas de extinção ou os exemplares botânicos


isolados ou em grupo que pelo seu potencial genético, porte, idade, raridade ou
outra razão o exijam serão objecto de protecção a regulamentar em legislação
especial.

O controle de colheita, o abate, a utilização e a comercialização de certas


espécies vegetais e seus derivados bem como a importação ou a introdução de
exemplares exóticos serão objecto da legislação adequada.

Para as áreas degradadas ou nas atingidas por incêndios florestais ou afectadas


por uma exploração desordenada será concebida e executada uma politica de
gestão que garanta uma racional recuperação dos recursos através de
beneficiação agrícola e florestal de uso múltiplo, fomento e posição dos recursos
cinegéticos.

Elaborado pelo Dr. Jorge Martinó e estudantes do 3° Ano Geografia. U.P. Nampula, 2006 170

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