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O Rock ‘n’ roll e a sua dança surgem após a Segunda Guerra Mundial como
significado de rebeldia e contestação apresentadas pela juventude, isto é,
como manifestação cultural no contexto histórico dos anos 50. Desta
forma teremos, aqui uma abordagem de análise e fonte documental desta
forma de manifestação estética, cultural e artística. As interpretações
culturais desta década mereceram investigação histórica para perceber
que a maneira de abordar a relação entre o Rock ‘n’ roll nos anos 50 e a
História, é mais do que uma ilustração, ou seja, ocorre uma
transcendência da perspectiva lúdica. Implica em utilizar a dança
enquanto uma prática da juventude, como sujeitos inseridos no contexto
sócio-histórico da década de 50, ou seja, do Pós-Guerra. Com referencial
teórico denominado história social da cultura, será adequada como
instrumento de análise do contexto sócio-histórico do Rock ‘n’ roll e a
Dança.
O Rock ‘n’ roll surge como feito coletivo, atividade em cuja realização da
juventude se funde com a ação, emoção, desejo, rebeldia e contestação
de moldes predeterminados de valores conservadores, patriarcais e
religiosos. Reflete a impressão da época utilizando-o como matéria-prima,
como testemunha deste fenômeno nos anos 50 nos EUA e absorvido pelo
Brasil como produto cultural. Torna-se símbolo de ruptura, contestação e
irreverência que atinge a juventude na década de 50. Entretanto, a análise
da Indústria Cultural, percebe estes jovens apenas como consumidores,
público alvo de mudanças comportamentais e ideológicas, que afetam
também a sociedade conservadora com novos valores produzidos pelo
fenômeno do Rock ‘n’ roll. A partir da realização de um breve recorte
cronológico, se busca indicar um panorama histórico que permita uma
melhor compreensão desse fenômeno conhecido como Rock ‘n’ roll nos
anos 50, também utilizado como memória para documentar ao revivê-lo.
Entretanto o convite à dança do Rock ‘n’ roll se vale da representação dos
fatos ocorridos, onde a juventude rebelde de diversas classes sociais lhe
imprimem seu próprio caráter.
O Rock ‘n’ roll surgiu após a II Guerra Mundial ,e a sua proposta era
contestar os velhos costumes da época. É um ícone da contracultura,
mistura elementos da música negra como o Blues e o Rhythm´n´Blues com
a música da sociedade branca, o Country e o Folk. Gênero musical este, a
princípio, sempre ligado à transgressão, em um momento em que a
sociedade americana da década de 50, principalmente no sul dos Estados
Unidos, ocorria uma forte segregação racial. O Rock inspirado em ritmos
africanos estava destinado a ser marginalizado. Possivelmente ele serviu
para evidenciar as idéias contestatórias da juventude insatisfeita com o
sistema cultural, educacional e político dos Estados Unidos nos anos 50.
Assim, o Rock ‘n’ roll, usando a guitarra, a bateria, o contrabaixo e
convidando para a dança rompeu com outras formas musicais, sugerindo
ritmo, melodia e volume diferentes deflagrando a transgressão.
Identificou assim, as rupturas dos padrões sociais que se apresentavam na
sociedade da época: a moda se transformava em algo colorido,
extravagante, desafiando os padrões da época; a sexualidade
apresentava-se de modo quase obceno pelos artistas. Assim, vários
padrões foram formulados, contestados e rompidos. O movimento
musical denominado Rock ‘n’ roll surgiu nos Estados Unidos, nos anos 50
como um grito do negro, vindo da África como escravo. As origens desse
ritmo já haviam surgido há muito tempo, mas foi somente após a Segunda
Guerra Mundial que a musicalidade negra foi abraçada pela geração
americana. O Blues, significa triste, melancólico, advindo dos hematomas
que surgiam nos escravos devido à depressão que sentiam. Assim esta
música “doce-amarga” causou uma revolução sonora da década de 50 e
fundou as suas estruturas. (MUGGIATI,1973). O Blues surge do encontro
de tradições africanas e européias no sul do EUA. Ao final do século XIX
fundindo o seu grito com as canções de trabalho, os acordes dos hinos
religiosos e a estrutura das baladas, o negro chegou ao Blues. O grito era
uma espécie de reconhecimento do ambiente em meio às plantações de
algodão. Simbolizava a comunicação do escravo. A proibição do uso de
instrumentos explica parcialmente o fortalecimento da tradição oral. As
canções de trabalho (work songs) refletem uma concepção diferente de
música: para o negro da África Ocidental, “a música e a dança não são
manifestações isoladas de arte e sempre foram usadas como uma função
estritamente comunitária”. (CHACON,1992). Havia canções de jovens para
conquistar moças, de mães para acalmar filhos, de chefes para impor
ordem na comunidade, de guerreiros para criar coragem, de sacerdotes
para influenciar sobre a natureza, de trabalhadores para cadenciar e
suavizar suas tarefas. Destas tradições surgem work-songs nas plantations
de algodão do sul do EUA, algumas em forma de pergunta e resposta, o
que animaria mais tarde o Blues e o Rock. Em sua adaptação no
continente americano, os escravos se convertem ao cristianismo. Surgiram
as Gospel Songs, hinos costurados com trechos da Bíblia e work-songs,
reforçando a recriação musical negra que daria origem ao Blues, que
estabeleceu uma ponte entre as work-songs do século XIX e o Rock‘n’ roll
dos anos 50 do século XX, legando para a posteridade elementos da
cultura africana, remodelados pela convivência européia nos EUA, o que
se estenderia para todo o mundo ocidental, seja pela força das redes de
produção e comercialização, seja pela imediata identificação corporal e
das atitudes com a juventude.
Apaixonada pela Dança e pelo rock and roll veio a decisão, seria História e
Dança: perspectiva de produção historiográfica com base na manifestação
estética do Rock ‘n’ roll nos anos 50.
Conclusão
A investigação, apesar da escassez de registros documentais sobre a
Dança do Rock ‘n’ roll, permitiu a percepção de que o Rock ‘n’ roll se
tornou símbolo de ruptura e mudança. Novos padrões de comportamento
foram revelados pela juventude rebelde e contestatória da década de 50,
que se tornou público alvo das estratégias de consumo da Indústria
Cultural. Os valores conservadores e patriarcais no contexto sócio-
histórico do Pós-Guerra se tornaram sem sentido, e são substituídos pela
descontração, sensualidade e liberdade de se divertir. O cinema
estadunidense apresenta o Rock ‘n’ roll ao Brasil, que não permaneceu
estanque e evoluiu para o iê iê iê, absorvendo o Rock ‘n’ roll pela
influência sócio-histórica de cada década. Torna-se relevante sugerir
novas investigações ou suscitar novas discussões de estilos e décadas que
consagraram o Rock ‘n’ roll, onde cada década contribui para a construção
da outra. A comunicação próxima do Rock‘n’ roll, não elimina a história
anterior de nenhuma década, pois esta poderá servir de estímulo, suporte
ou princípio para investigar o Rock ‘n’ roll nasdécadas de 60, 70, 80, 90...
Bibliografia:
Florianópolis, 2006.
Summus, 1978.
Pergaminho, 1992.
Resumo feito por André Heavyman Morize, com base em textos de José
Revista Rock. Música do século XX, nº 3. 1978, Ed. Rio Gráfica Ltda.