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A História que ilumina a origem dos Tantras de Tara e seu desenvolvimento subsequente sobre
seu culto na Índia conforme a narrativa de Lama Taranatha.
OM SVASTI!
Namo Gurube!
Homenagem ao Guru!
Homenagem ao Dharma, livre de elaborações desde o princípio!
Homenagem à Grande Compaixão onipresente!
Homenagem à Libertação de todos os seres!
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A Origem de Tara
Depois, na era chamada “Asanga”, vivia um monge chamado Vimalaprabhasa, que fora
iniciado com os raios da grande compaixão de todos os Tathagatas das dez direções de modo que
se tornou um completo Arya Avalokiteshvara, de modo que a grande luz da essência da sabedoria
onisciente foi conerida a ele pelos Buddhas e Bodhisattvas e ele foi iniciado pelos Tathagatas das
Cinco Famílias. Através do encontro dessas luzes de compaixão e sabedoria nos aspectos de Pai
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e Mãe, nasceu a Deusa Tara a partir do coração de Avalokiteshvara com a intenção de cumprir os
propósitos de todos os Buddhas, e, especialmente, de proteger os seres sencientes dos oito
grandes terrores maiores e dos dezesseis medos menores.
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A Revelação dos Tantras de Tara
Assim, na nossa era atual, sobre a montanha de Potala, em meio a inúmeros bodhisattvas,
deuses, nagas, yakshas e outras criaturas, o próprio Arya Avalokiteshvara revelou centenas de
milhares de mantras e tantras conectados a Tara. Na era dourada perfeita, o Krita Yuha, ele
beneficiou as seis classes de seres senciente através da revelação desses ensinamentos.
Na segunda era, o Treta Yuga, quando se deu um declínio no dharma, ele revelou apenas
600.000 daqueles ensinamentos. Na terceira era, o Dvapara Yuga, onde o declínio se aprofundou,
ele revelou novamente apenas 12.000 daqueles ensinamentos originais. Por fim, na era dos
conflitos, o Kali Yuga, surgiram apenas 1.000 versos das revelações de Tara.
Eu ouvi, da boca do meu próprio Guru, que: “Quanto aos volumes dos tantras, aqueles que
foram originalmente revelados no período do Krita Yuga já não estão disponíveis; entretanto, como
ainda são preservados cuidadosamente nos reinos dos deuses e dos vidyadharas, é verdade que
ainda serão de grande benefício aos seres extremamente afortunados”.
Tal afirmação não contradiz o fato de que foram revelados no tempo dos discípulos do
mantra, e é adequado afirmar que aquele é o tempo de seu surgimento. Por outro lado, tal
informação ainda parece inverificável. O que é certo é que esses tantras antigos foram
repetidamente mencionados por alguns de nossos mestres.
De acordo com o comentário desses tantras originais, chamado “A Gota Secreta da Dakini”:
“Sobre o topo da montanha de Potala, esses tantras foram ensinados pelo Leão dos Shakyas”.
Este texto expõe o Mestre como sendo o próprio Buddha. Com o propósito de ensinar os
seres, ele manifestou a essência da iluminação e penetrou as moradias dos Maras com luzes que
amadureceram os seres dos confins do universo. Naquele momento (da iluminação de Buddha), os
exércitos dos Maras se reuniram em protesto. Mas Tara gargalhou oito vezes, fazendo com que as
hordas demoníacas caíssem no solo e fossem derrotadas, de modo a permitir que o Mestre
pudesse manifestar-se no aspecto de Achala, o Rei dos Irados. Depois, com a concentração que
oprime todos os Maras, ele se manifestou no aspecto perfeito de um Buddha, na natureza do
Tathagata Akshobya. Tara então lhe fez oferendas e explicou vastamente seu tantra e mantra.
Além disso, após revelar o mandala dos Vitoriosos das Seis Famílias, com a finalidade de
impedir o eclipsar dessas explicações tântricas, ele decidiu compartilhá-las com os seres senciente
das seis classes. Assim, o Buddha, junto da assembleia de Bodhisattvas partiu para a montanha
de Potala, onde conferiu iniciação a uma quantidade inumerável de seres, entre deuses, nagas,
yakshas, gandharvas etc. Através da elucidação dos caminhos do mantrayana, ele os guiou ao
atingimento dos siddhis.
Por fim, ele entregou os tantras ao cuidado de Vajrapani, que os carregou à terra [puras]
dos vidyadharas, como Alakavati. Para que esses textos não desaparecessem do mundo humano,
Vajrapani manifestou-se como o rei Indrabhuti e reescreveu diversos volumes, que guardou no seu
repositório de ensinamentos na terra de Oddhiyana. É dito que tais tantras ainda são acessados e
praticados pelos Viras e Yoginis.
Quanto à revelação das seis exposições do mantrayana, atualmente, são lideradas
principalmente nas revelações de Heruka. Os dispositivos das seis exposições são listados no
próprio tantra.
Em específico, falarei neste texto sobre a revelação do tantra de Tara em Jambudvidpa
(Dzambuling – nesta terra): nos trezentos anos seguintes ao parinirvana do Buddha, os Shravakas
se reuniram em concílio por três vezes; e os sutras Vaipulya do mahayana, que haviam sido
guardados nas moradias dos deuses, nagas, yakshas, gandharvas e rakshasas, apareceram
separadamente em diversas regiões da Índia. Conforme tais tomos apareceram espontaneamente,
se tornaram bastante consagrados. Esses ensinamentos foram sendo revelados por praticantes
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que expunham o dharma e que tinham atingido o nível da tolerância, no qual os fenômenos já não
surgem mais. Cerca de quinhentos mestres que praticavam o ensinamento tiveram visões diretas
de Manjushri, Avalokiteshvara, Maitreya e outros grandes seres como Ashvabhawa. Foi durante
essa época que os tantras do kriya, charya e yoga, e os tantras anuttaras pai e mãe reapareceram
e foram propagados. Como tais textos foram ensinados aos indivíduos afortunados em visões
diretas de Vajrasattva e Vajrapani, é dito que, naquela época, dentre os praticantes, não havia
ninguém que não atingisse os siddhis de sabedoria.
No leste, em Bengala, o rei Harichandra, junto de seu séquito de mil praticantes, atingiu o
corpo da unificação. Em Odivisha, o rei Majna e mais mil atingiram o estado de vidyadhara. No
oeste, em Malawa, o rei Bhojadeva e mais mil súditos desapareceram. No sul, em Konkana, o rei
Haribhadra e muitos outros também se tornaram invisíveis. Durante esses cem ou duzentos anos,
mais de 100.000 pessoas atingiram siddhis diversos, como o siddhi da pílula etc.
Entretanto, com a finalidade de preservar o segredo, é dito que a prática do Preceptor
Tântrico não foi revelada àqueles que não tivessem siddhis. Nessa época, entretanto, Bhatcaraka
Arya Tara, por sua grande compaixão, revelava sua face mesmo àqueles que não praticavam a
sua sadhana específica.
Certa vez, quinhentos monges theravada meditavam numa floresta na terra de Mathura. Todos
eles se esforçavam em nutrir comportamentos virtuosos. Apesar disso, um mensageiro de Indra
surgiu entre eles. Para alguns, ele se manifestava sob o aspecto de brâmane; para outros, como
uma mulher; e, determinadas vezes, como um monge. Também havia ocasiões nas quais parecia
assumir diferentes faces, como as de um Yaksha, de um leão, elefante ou sarabha, o que levava
todos ao terror. Ele fazia de tudo para confundi-los, e aparecia algumas vezes para ameaçá-los e
outras com elogios. Alguns monges caíam no esquecimento, e outros ficaram completamente
loucos. Além disso, alguns mudaram de ideia e abandonaram suas meditações para distrair-se
com cantos e danças.
Entretanto, dentre eles, havia um monge que reconheceu que tais obstáculos eram provocados
pela possessão por espíritos, e ele clamou: “Ó Tara, proteja-nos de todos os medos!”. Ele tinha
convicção de que assim tudo se resolveria. Em uma placa, ele escreveu: “Esta floresta pertence à
Deusa Tara”. Nesse momento, todas as aparições cessaram, todos os monges desenvolveram
devoção por Tara e todos eles entraram no caminho do mahayana.
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12) Proteção contra o Medo da Pobreza
Certa vez, havia um brâmane muito pobre. Em um caminho estreito, ele encontrou uma estátua de
pedra de Tara e contou a ela a história de seus infortúnios. Conforme perguntou o que deveria
fazer, ela indicou que ele se aproximasse de determinada stupa: “Ali encontrarás um tesouro”, ela
disse. “Você encontrará muitos potes dourados repletos de pérolas e muitos potes de prata
repletos com pedras preciosas, que dissiparão os sofrimentos da pobreza por sete gerações”.
Já nas cercanias da stupa, esse pobre brâmane, que agora trabalhava como agricultor, rezou
fervorosamente e repetiu muitas vezes o nome da Mãe Venerável. Uma mulher trajada em folhas
se aproximou dele e profetizou: “Vá para o leste”. Ele seguiu nessa direção até que se repousou
sobre areia e adormeceu. Ele foi acordado de seu sono pelo som de sinos tilintantes e viu um
cavalo verde enfeitado com pequenos sinos, cavando a areia com seus cascos. Rapidamente, o
cavalo fugiu. O brâmane seguiu suas pegadas e encontrou primeiramente um portal de prata, e,
sucessivamente, sete portais feitos de substâncias preciosas, como ouro, cristal, lápis-lazúli etc.
Todas essas portas se abriram diante dele. Posteriormente, em uma das terras pertencentes a
Patala, ele se tornou príncipe entre muitos asuras e nagas e teve uma vida muito agradável.
Depois dessa experiência, ele cruzou um túnel subterrâneo e retornou à sua terra natal. É dito que
suas três gerações seguintes se mantiveram como reis.