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METODOLOGIAS ATIVAS
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CONTEXTUALIZANDO
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TEMA 1 – CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DAS METODOLOGIAS
ATIVAS
Araújo (2015) observa que metodologia é uma palavra que tem registro em
língua portuguesa somente em 1858. Em relação à sua etimologia, que advém do
grego, compõe-se de três termos: metá (atrás, em seguida, através); hodós
(caminho); e logos (ciência, arte, tratado, exposição cabal, tratamento sistemático
de um tema).
De acordo com Houaiss (2001)
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Segundo Ferrater Mora (1982, p. 39), “O vocábulo ‘ação’ é um bom exemplo desse
tipo de vocábulos com tantos e tão diversos sentidos que é pouco recomendável
usá-los fora do contexto ou sem especificar seu emprego”. O antônimo de
atividade, mais próximo do campo pedagógico e didático, pode ser referido à
passividade, à inatividade, à inação.
Segundo Abreu (2009), a essência das metodologias ativas não se constitui
em algo novo, pois, para esse autor, o primeiro indício dos métodos ativos
encontra-se na obra Emílio, de Jean Jacques Rousseau (1712-1778), tido como
o primeiro tratado sobre filosofia e educação do mundo ocidental e no qual a
experiência assume destaque em detrimento da teoria.
Entretanto, Abreu (2009) afirma que foi com Johann Friedrich Herbart
(1776-1841) que a pedagogia passou a ser reivindicada e estruturada como
ciência, a qual devia, a seu ver, tornar-se experimental, posto que “[...] de uma
experiência nada se aprende, tal como nada se aprende de observações
dispersas [...]” (Herbart, 2003, p. 12). Isto é, sustentava então que é pela repetição
de um mesmo ensaio, por muitas vezes, que se pode chegar a algum resultado.
Abreu (2009) entende que para o pensador do século XVIII, à pedagogia
cabia construir os seus próprios conceitos, o que promoveria sua autonomia, sua
orientação e sua cientificização; para isso, ela deveria se fundar em ciências afins.
A busca por constituí-la como ciência, “seria seguramente melhor se [...] se
concentrasse tão rigorosamente quanto possível nos seus próprios conceitos e
cultivasse mais um pensamento independente” (Abreu, 2009, p. 13).
Van Zanten (2011) afirma que é com esse princípio que a pedagogia advém
de cientificidade, ao admitir-se como ciência da educação, a partir do século XIX.
Para Abreu (2009, p. 48), em síntese, durante o século XIX,
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Abreu (2009) analisa que foi nesse momento histórico que se desenrolou a
metodologia ativa no campo do movimento da Escola Nova, a qual desencadeou
uma expressiva curvatura entre a teoria e a prática, baseadas na experiência sob
o domínio de Pedagogia Científica implantada por Herbart.
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magistrocêntrica. Numa narrativa filosófico-educacional, estabelecia-se “a querela
entre a pedagogia da essência [tradicional] e a pedagogia da existência [moderna]
iniciada durante o renascimento [...]” (Suchodolski, 1978, p. 29).
Para Alencar e Borges (2014), podemos entender Metodologias Ativas
como formas de desenvolver o processo do aprender que os professores utilizam
na busca de conduzir a formação crítica de futuros profissionais nas mais diversas
áreas. No entendimento desses autores, a utilização dessas metodologias pode
favorecer a autonomia do educando, despertando a curiosidade, estimulando
tomadas de decisões individuais e coletivas, advindos das atividades essenciais
da prática social e em contextos do estudante. Dentre umas das Metodologias
Ativas utilizadas, está a problematização, que tem como objetivo instigar o
estudante mediante problemas, pois assim ele tem a possibilidade de examinar,
refletir, posicionar-se de forma crítica.
Moran (2015) observa que a maior parte do tempo – na educação
presencial e a distância – ensinamos com materiais e comunicações escritos,
orais e audiovisuais, previamente selecionados ou elaborados. São extremamente
importantes, mas a melhor forma de aprender é combinando equilibradamente
atividades, desafios e informação contextualizada. Para aprender a dirigir um
carro, não basta ler muito sobre esse tema; tem que experimentar, rodar com ele
em diversas situações com supervisão, para depois poder assumir o comando do
veículo sem riscos.
Moran (2015) também salienta que as metodologias precisam acompanhar
os objetivos pretendidos. Se quisermos que os discentes sejam proativos,
precisamos adotar metodologias em que os estudantes se envolvam em
atividades cada vez mais complexas, em que tenham que tomar decisões e avaliar
os resultados, com apoio de materiais relevantes. Se quisermos que sejam
criativos, eles precisam experimentar inúmeras novas possibilidades de mostrar
sua iniciativa.
Dessa perspectiva, Baldez, Diesel e Martins (2017) entendem que é
possível inferir que os saberes necessários ao ensinar não se restringem ao
conhecimento dos conteúdos das disciplinas. Quem leciona sabe muito bem que,
para ensinar, dominar o conteúdo é fundamental, mas reconhece também que
este é apenas um dos aspectos desse processo.
A partir das inferências de Baldez, Diesel e Martins (2017), percebemos, a
partir do organograma anteriormente apresentado, que o eixo condutor das
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Metodologias Ativas é a possibilidade de ativar o aprendizado dos estudantes,
colocando-os no centro do processo, em contraponto à posição de expectador,
conforme descrito anteriormente.
Para Abreu (2009), ao contrário do método tradicional, que primeiro
apresenta a teoria e dela parte, o método ativo busca a prática e dela parte para
a teoria. Nesse percurso, há uma “migração do ‘ensinar’ para o ‘aprender’, o
desvio do foco do docente para o aluno, que assume a corresponsabilidade pelo
seu aprendizado” (Souza; Iglesias; Pazin-Filho, 2014, p. 285).
Nesse sentido, Souza, Iglesias e Pazin-Filho (2014, p. 286) afirmam que
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O interacionismo, não concebe o estudante como um ser passivo e ao
educador compete a tarefa de propiciar aos estudantes o ambiente e os
meios necessários para que eles construam seus conhecimentos,
facilitando sua aprendizagem. Para tanto, segundo oliveira (2010),
precisa ter ciência uma série de atos complexos, como oferecer um
ambiente afetivo na sala de aula que seja favorável ao aprendizado, e
dar espaço para que a voz do estudante seja ouvida. (p. 269)
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substantiva e não arbitrária a um aspecto relevante da estrutura cognitiva, ao
passo que, na aprendizagem mecânica, a nova informação não interage com
aquela já existente na estrutura cognitiva. Nesse sentido, para Baldez, Diesel e
Martins (2017), um estudante que, para realizar uma prova avaliativa, decora
fórmulas, macetes, leis e, ao término da avaliação, esquece tudo, está submetido
à aprendizagem mecânica.
Baldez, Diesel e Martins (2017) afirmam que Paulo Freire foi um dos
pioneiros a problematizar os desafios concretos que impulsionaram a articulação
de movimentos populares em direção à transformação das realidades sociais.
Para o educador, um dos grandes problemas da educação paira no fato de os
estudantes serem estimulados a pensarem autonomamente.
Baldez, Diesel e Martins (2017) entendem que a abordagem de Freire
acontece dentro de um enfoque construtivista, sendo do professor o papel de
assegurar um ambiente dentro do qual os alunos possam reconhecer e refletir
sobre suas próprias ideias; aceitar que outras pessoas expressem pontos de vista
diferentes dos seus, mas igualmente válidos, e possam avaliar a utilidade dessas
ideias em comparação com as teorias apresentadas pelo professor. (Jófili, 2002, p.
196).
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Figura 1 – Princípios que constituem as metodologias ativas de ensino
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4.2 Autonomia
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abordagem pela qual o estudante assume a responsabilidade pelo estudo teórico
e a aula presencial serve como aplicação prática dos conceitos estudados (Jaime;
Koller; Graeml, 2015).
Segundo conteúdo da Flipped Learning (FLN, 2014), aprendizagem
invertida é entendida como uma abordagem pedagógica na qual a aula expositiva
passa da dimensão da aprendizagem grupal para a dimensão da aprendizagem
individual, transformando-se o espaço em sala de aula restante em um ambiente
de aprendizagem dinâmico e interativo, no qual o facilitador guia os estudantes na
aplicação dos conceitos.
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fundamentais em sua prática, que são sintetizados na sigla ͞F-L-I-P, conforme
imagem anterior (FLN, 2014).
Bergmann e Sams (2012; 2016) demonstram que a sala de aula invertida
prevê o acesso ao conteúdo antes da aula pelos alunos e o uso dos primeiros
minutos em sala para esclarecimento de dúvidas, de modo a sanar equívocos
antes dos conceitos serem aplicados nas atividades práticas mais extensas no
tempo de classe. Para esses autores, em classe, as atividades se concentram nas
formas mais elevadas do trabalho cognitivo: aplicar, analisar, avaliar, criar,
contando com o apoio de seus pares e professores.
Lage, Platt e Treglia (2000, p. 40), ressaltam que
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FINALIZANDO
Que toda e qualquer ação proposta com a intenção de ensinar deve ser
pensada na perspectiva daqueles que dela participarão que via de regra,
deverão apreciá-la. Desse modo, conforme esse autor, o planejamento
e a organização de situações de aprendizagem deverão ser focados nas
atividades dos estudantes, posto que seja a aprendizagem destes, o
objetivo principal da ação educativa.
LEITURA COMPLEMENTAR
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Nessa entrevista são abordados os principais elementos que influenciaram
a construção das metodologias ativas.
Saiba mais
OCDE. Understanding the brain: Towards a new learning science. Paris: OCDE,
2002.
Na obra, são elencadas as principais referências que direcionam o debate
sobre as metodologias invertidas.
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REFERÊNCIAS
BERGMANN, J.; SAMS, A. Flip your classroom: Reach every student in every
class every day. USA: ISTE, 2012.
FLIPPED LEARNING NETWORK (FLN). The four pillars of F-L-I-P. South Bend,
IN: Flipped Learning, 2014. Disponível em:
<http://www.flippedlearning.org/domain/46>. Acesso em: 20 ago. 2018.
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FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa.
51. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
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SOUZA, C. da S.; IGLESIAS, A. G.; PAZIN-FILHO, A. Estratégias inovadoras para
métodos de ensino tradicionais – aspectos gerais. Medicina, v. 47, n. 3, p. 284-
292, 2014.
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