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DOCÊNCIA EM

SAÚDE
ARTETERAPIA
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Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167
Portal Educação

P842a Arteterapia / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012.

135p. : il.

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-123-0

1. Arteterapia. I. Portal Educação. II. Título.

CDD 616.8516
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................4

2 FUNDAMENTOS DA ARTE E DA TERAPIA .............................................................................6 2

2.1 O QUE É ARTE? ........................................................................................................................6

2.2 A ARTE E SUA INFLUÊNCIA NA SOCIEDADE E NA CULTURA.............................................13

2.3 A ARTE COMO FONTE DO CONHECIMENTO E DA EXPRESSÃO HUMANOS ....................16

2.4 A ARTE E A REALIDADE SOCIAL............................................................................................22

2.5 TERAPIA OU PSICOTERAPIA .................................................................................................26

2.6 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA PSICOTERAPIA ....................................................................................................27

2.7 IMPORTÂNCIA E UTILIZAÇÃO DA PSICOLOGIA E DA ARTETERAPIA................................................39

3 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ARTE .........................................................................................43

3.1 IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA ARTE .................................................................................43

3.2 A ARTE NO MUNDO .................................................................................................................45

3.3 ARTE NO BRASIL .....................................................................................................................56

4 UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS ARTÍSTICOS NO PROCESSO TERAPÊUTICO ..................72

4.1 ENCONTRO DA PSICOLOGIA COM A ARTE ..........................................................................72

4.2 PRINCIPAIS LINHAS DE ATUAÇÃO DO ARTETERAPEUTA ..................................................78

4.2.1 Psicologia Analítica ...................................................................................................................79

4.2.2 Gestalt .......................................................................................................................................81

4.2.3 Psicodrama................................................................................................................................86
4.3 MODELO DE ESTRUTURAÇÃO DAS SESSÕES DE ARTETERAPIA ....................................88

4.4 O CONSULTÓRIO ....................................................................................................................93

5 AS DIVERSAS FORMAS DE EXPRESSÃO .............................................................................98

5.1 DESENHO .................................................................................................................................99

5.2 MÚSICA....................................................................................................................................104 3

5.3 TEATRO ...................................................................................................................................105

5.4 DANÇA .....................................................................................................................................106

5.5 ESCULTURA ............................................................................................................................108

5.6 PINTURA ..................................................................................................................................110

6 OFICINAS DE ARTETERAPIA ................................................................................................114

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................130
4

1 INTRODUÇÃO

Ansiedade, fobia, estresse, anorexia, depressão, introversão, agressividade, transtorno


bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo, dificuldades de aprendizagem, hiperatividade. Esses e
outros problemas, de origem psicológica, são motivos de preocupação e o número de pessoas
que admite sofrer de algum mal estar psicológico cresce a cada dia.

Terapeutas estudam constantemente maneiras de lidar com os problemas humanos,


as dificuldades de relacionamento e as desordens psicossomáticas (sintomas orgânicos com
causas psicológicas).

No processo terapêutico, a arte pode aproximar terapeuta e paciente, pois no processo


de criação ambos estão mostrando, de forma indireta, sua individualidade e capacidade criativa.
Parece um bom começo para um tratamento que pretenda um autoconhecimento ou uma
melhora na expressão dos sentimentos e no convívio social. A arte, nesse sentido, pode até
tornar mais rápido o processo terapêutico, pois estaria ela mesma agindo como facilitadora.

A arte pode ser usada em um contexto terapêutico de duas formas:

- Uma no sentido de se perceber o significado da arte expressa pelo paciente de


determinada forma;
- Outra na exteriorização de inúmeros sentimentos (ansiedade, culpa, frustração,
tristeza) que fazem parte do cotidiano de todos e que usam a terapia para encontrar sua válvula
de escape.

Alguns objetivos do curso:

 Conhecer a história da arte;


 Conhecer a história da terapia (psicoterapia);
 Conhecer as bases da arteterapia, seus elementos principais; 5
 Dialogar sobre as diversas formas de expressão artística;
 Conhecer o campo de atuação da arteterapia em diferentes contextos;
 Exercitar a observação e a “degustação” de diversas formas de arte e de obras de
artistas de diferentes épocas e gêneros;
 Elaborar uma sessão de arteterapia;
 Visualizar modelos de intervenção arteterapêutica.
2 FUNDAMENTOS DA ARTE E DA TERAPIA

Inicialmente, vamos desmembrar a palavra objetivo de nosso estudo e aprofundar


nossos conhecimentos nas áreas específicas: ARTE e TERAPIA. Procurando dar bases
históricas, filosóficas e científicas para as palavras-chave deste curso.
6

2.1 O QUE É ARTE?

Muito se comenta sobre o fazer do artista, as obras de arte, mas, afinal de contas, o
que é arte?

Segundo o conceito do dicionário Michaelis, arte é a "execução prática de uma ideia


(...) complexo de regras para a produção de um efeito estético determinado”. Esse conceito
elucida que o trabalho artístico nasce de um pensamento do artista, o qual transmite uma
emoção e desperta sensações no observador.

Segundo o dicionário Houaiss, arte é a "produção consciente de obras, formas ou


objetos voltada para a concretização de um ideal de beleza e harmonia ou para a expressão da
subjetividade humana".

Vamos testar esse conceito? Será que realmente as imagens de uma obra de arte
podem despertar sentimentos, emoções?

Abaixo, seguem duas imagens de artistas consagrados mundialmente. Vamos ver se


você consegue perceber que tipo de reação a imagem desperta em você.
FIGURA 1 – “A PONTE JAPONESA DE GIVERNY” DE CLAUDE MONET

FONTE: Disponível em: <http://www.allposters.com/-sp/Le-Pont-Japonais-a-


giverny_i2548998_.htm?aid=999354> Acesso em: 23 jan. 2009.

Olhe com atenção as imagens, os detalhes, as cores, o cenário utilizado pelo artista.
Analisar uma obra de arte é sempre um exercício de conhecimento e sensibilidade que alarga
nossa compreensão do real. E tal fato, é prova mais do que suficiente do abismo que existe
entre o instinto e a razão humana.

O instinto, do latim instinctu, é algo inato ao ser vivo, um tipo de


inteligência no seu grau mais primitivo. Ele guia o homem e os animais
que possuem um grau mais elevado em sua trajetória pela vida, nas
suas ações, visando justamente à preservação do ser. (SANTANA,
2007).
Assim, instinto diz respeito a um comportamento dominado por reflexos e a estruturas
biológicas hereditárias. Isso faz com que o comportamento de um inseto seja praticamente igual
ao de outro de sua espécie, hoje e sempre.

Depois da breve observação, vamos passar para a próxima imagem, trabalhando no


sentido de aumentar nossa compreensão de arte, de mundo e de subjetividade.

FIGURA 2 – “O GRITO”, DE EDVARD MUNCH (1893) 8

FONTE: Disponível em: <www.pitoresco.com.br/espelho/destaques/grito/index.htm>

Acesso em: 17 jan. 2009.

E esse quadro, qual impressão ele lhe causa, em que o autor pensava ou o que ele
sentia ao pintar essa figura?

E então como foi a experiência? Foi possível perceber as relações entre observador e
imagem?
Ao fixarmos os olhos na imagem, por mais que não tenhamos consciência, diversos
sentimentos, ideias e pensamentos surgem quase que automaticamente.

A Figura 1, uma tela de Claude Monet (1840-1926), artista francês, faz parte da série
“Ninfeias”, fase em que o pintor dedicava-se à pintura de flores do jardim de sua própria casa.
Nesse momento da vida artística, Monet reflete em suas telas um ambiente de paz, natureza,
vida, luz. As obras de Monet permitem que se mergulhe no universo da pintura. Torna-se fácil,
portanto, transportar-se para a cena exposta e sentir a emoção de estar ali participando da
imagem. 9

As telas de Monet causam realmente uma “impressão”, não há como ficar indiferente,
pois o trabalho com as cores, as luzes, os reflexos e as sombras causam um impacto.

Na fase em que se dedicou à pintura de lírios (1914-1922), o artista revelou uma


enorme habilidade no trabalho com nuances e luzes. Algumas obras de Monet fazem uma ponte
entre o real e o abstrato, pois partem de uma beleza real que os olhos veem para uma beleza
que se consegue apenas com o treino na observação e na capacidade de deixar o pensamento
fluir para além da percepção visual, rumo ao imaginário criativo, e esse é mais um encanto nas
suas obras, as quais permitem serem visualizadas de várias formas, de acordo com as
particularidades do observador. A impressão é de visualizar a cena “ao vivo e em cores”. Quanta
singeleza e quanta perfeição.

As paisagens representadas são passagens para outro mundo, outra vida, uma vida
mais tranquila, menos estressante, com ar mais puro, flores, tempo para descansar, cheiro de
mato, som de água jorrando...

E quanto ao segundo quadro (Figura 2), uma obra de Edvard Munch (1863 – 1944),
pintor expressionista (estilo este que preserva mais a expressão das ideias e sentimentos do
artista do que a própria realidade). As cores são utilizadas no sentido de dar vida aos
sentimentos do artista. O sentimento de angústia e dor que se tem ao olhar para o quadro não é
mera coincidência. A tela parece retratar fielmente como Munch sentia-se na ocasião, retrato de
sua revolta e desespero frente aos infortuitos que a vivência terrena lhe proporcionava.
VOCÊ SABIA?

Munch recebeu do pai uma educação extremamente

rígida. Para seguir a carreira artística, acabou

rompendo laços com o patriarca da família e 10


seguindo para Oslo na Noruega. Desde muito cedo,

a imagem sinistra da morte deixou marcas em sua

vida. Ainda na sua infância, assistiu à morte da mãe

e mais tarde perdeu duas irmãs. A doença também

o assombrou, sua irmã mais nova teve uma patologia

psiquiátrica e ele próprio vivia muito doente.

A figura humana, aparentemente desestruturada, doente, retratada em “O Grito”,


mostra o desespero de ver o mundo desfazendo-se em uma grande fúria (note os tons de
vermelho no céu), a perenidade da vida e a incapacidade frente à morte. Certamente esse
cenário é capaz de retratar a impressão que se tem quando um ente querido vem a falecer. Nós,
ali, estagnados no caminho da vida, e a morte roubando, sem misericórdia alguma, alguém
importante em nossa vida.

A morte é uma imposição desleal ao ser humano, pois não oferece trégua ou recursos
adicionais para o combate. Não se pode fazer nada, apenas se conforma, ou se desespera. Por
ser assim tão carrasca e provocar diversos sentimentos de dor, esse tema é retratado
frequentemente por inúmeros artistas.

Munch conseguiu uma maneira de sublimar toda essa angústia por meio da pintura. O
que restava a ele senão pintar o seu grito, a sua dor? A ansiedade é demonstrada não apenas
no semblante do personagem, mas também no fundo, todo estremecido pelo grito, uma
percepção de mundo bastante distorcida pelos sentimentos de quem vive em grande sofrimento.

A arte, por seu aspecto subjetivo, permite diversas interpretações, e aqui


apresentamos uma delas, mas alguns estudiosos da obra de Munch acreditam que o que é
retratado no quadro é um episódio de Tsunami e uma erupção vulcânica (o vermelho
representaria a lava). Nesse caso, o desespero representado seria das pessoas da região da 11
tragédia.

Contudo, provavelmente todos concordam que a angústia, a doença e a morte são


temas muito presentes em sua obra.

Trabalhar com a morte cria um clima de melancolia e tristeza, entretanto o terapeuta


deve tomar contato com esses temas, pois, durante seu trabalho clínico, provavelmente vai
deparar-se com diversas psicopatologias que se iniciaram com a morte de uma pessoa querida.

Pausando nossa viagem pelas telas desses dois grandes pintores, voltemos ao
conceito de arte.

No seu original, a palavra “arte” vem do latim e equivale ao verbete grego “tékne”. A
arte no sentido amplo significa o meio de fazer ou produzir alguma coisa, sabendo que tékne
traduz-se em criação, fabricação ou produção de algo.

De certa forma, as obras de arte também são formas de compreender a realidade


dentro de uma dimensão histórica, social e cultural.
CONCLUINDO!

Por mais que tenhamos diferentes

reflexões sobre o que é arte, não

possuímos uma definição ou um conceito


12
completo, definitivo e acabado. As

conclusões são baseadas nos

conhecimentos e vivências acumuladas ao

longo da existência, determinadas em

grande parte pelas transformações

sociais.

O desenvolvimento da arte não está enraizado em seu tempo, na realidade, mas ele
ultrapassa a dimensão da história e do contexto social e dinamicamente acaba adquirindo
formas de acordo com a percepção do observador e pela sociedade à qual ele pertence.
Podemos afirmar que ela é feita duas vezes: uma pelo artista e outra pelo observador, e assim
se estabelece uma relação. Vejamos o diagrama abaixo:

CONTEXTO
ARTISTA
SOCIAL

PÚBLICO OBRA
Observando o diagrama, percebe-se que a relação é cíclica, pois a obra do artista é
recebida pelo público de acordo com o contexto social e cultural, mas a inspiração para a
execução da obra também surge das influências sócio-históricas de determinada época.

Esse é um conceito bastante amplo e significativo, pois permite que a arte seja
entendida, considerando, por um lado, as experiências emotivas e cognitivas de cada espectador
e, por outro, o contexto social, histórico, político e cultural, tanto de produções quanto de 13
análises processuais das diversas áreas da expansão artística: artes visuais, música, teatro ou
dança.

2.2 A ARTE E SUA INFLUÊNCIA NA SOCIEDADE E NA CULTURA

Pela arte, pensamentos tomam forma, e ideais de culturas e etnias têm a oportunidade
de serem apreciados pela sociedade no seu todo. Assim, o conceito de arte está ligado à história
do homem e do mundo, porém não está preso necessariamente a determinado contexto; é
essencialmente mutável.

Para exemplificar, voltemos algumas décadas no tempo e analisemos como a arte era
entendida antigamente. Como será que nossos bisavós definiriam a arte?

Possivelmente, na época, fosse difícil pensar em uma arte digital, ou no


desenvolvimento de uma ciberarte (manipulação das novas tecnologias e mídias atuais para a
construção de objetos artísticos), mas hoje esse fator é determinante para compreendermos a
arte num sentido mais amplo e completo.

Tudo passa pelas tecnologias e a humanidade está marcada pelos


desafios políticos, econômicos e sociais decorrentes de uma nova
configuração da realidade, em que campos da atividade humana,
estão utilizando intensamente as redes de comunicação e a
informação computadorizada (SANTOS, 2006).

VOCÊ SABIA?

14

O conceito de obra de arte é uma construção

social, não pode ser um trabalho isolado. A arte

possibilita um diálogo com quem a observa, cria

situações que se podem tornar desafiantes para o

apreciador, e, algumas vezes, os materiais

utilizados na própria composição propõem uma

reflexão sobre o significado da arte.

Um novo tipo de sociedade condiciona um novo tipo de arte. Porque a


função da arte varia de acordo com as exigências colocadas pela nova
sociedade; porque uma nova sociedade é governada por um novo
esquema de condições econômicas; e porque mudanças na
organização social e, portanto, mudanças nas necessidades objetivas
dessa sociedade, resultam em uma função diferente de arte
(KOELLREUTTER, 1997).

A arte está, portanto, ligada aos fatores históricos e sociais, mas dialoga ativamente
com nossa sociedade, criando os estilos de época e acompanhando a evolução do homem e da
tecnologia.
15

Quando se lida com as formas em artes visuais, convive-se


habitualmente com as relações entre superfície, espaço, volume,
linhas, cores e a luz. Cada um desses elementos tem suas próprias
possibilidades expressivas e são ricos em significados, tanto em si
mesmo como em relação aos demais. E todos eles são intermediados
pelos autores e observadores ao se utilizarem de métodos e técnicas
específicas para produzi-las e percebê-las (SANTOS, 2007).

Ressalta-se ainda o valor de uma educação da práxis artística, preocupada com o


aprofundamento de conceitos, critérios e processos, considerando o universo de visualidade do
mundo contemporâneo e a complexidade do discurso visual, e, nesse contexto, promovendo a
ampliação e enriquecimento dos repertórios sensível-cognitivos, aprofundando os modos de ver,
observar, expressar e comunicar por meio de imagens, sons ou movimentos corporais.

Muitas vezes, o primeiro contato que os indivíduos têm com a arte é na escola, nas
aulas de arte, obrigatórias no currículo do ensino fundamental. Espera-se que os estudantes,
nessas aulas, vivenciem intensamente o processo artístico, a fim de contribuir significativamente
em seus modos de fazer técnico, de representação imaginativa e de expressividade. Ao mesmo
tempo, espera-se também que aprendam sobre os artistas e obras de arte de diferentes
períodos, complementando assim seus conhecimentos na área.

Mas será possível que o professor de artes trabalhe com as funções terapêuticas do
fazer artístico?

O professor pode explorar, estudar e especializar-se em arteterapia e, na medida do


possível, conversar sobre as produções de seus alunos. Se algum caso chamar sua atenção e 16

ele não conseguir dar conta em sala, é aconselhável que ele faça o encaminhamento do aluno
para um atendimento psicológico.

A arte foi e é sinônimo de expressão de sentimentos, emoções, revoltas, traumas...


Nossa forma de ver a arte ou de fazê-la revela a compreensão que temos do mundo. Vejamos
isso mais detalhadamente no Módulo III.

2.3 A ARTE COMO FONTE DO CONHECIMENTO E DA EXPRESSÃO HUMANOS

Nosso mundo é essencialmente visual, visto que estamos cercados por imagens. Viver
nos espaços urbanos é deparar-se com múltiplos estímulos visuais. No entanto, os apelos
visuais não se limitam a espaços geográficos. Meios de comunicação como a televisão e a
internet fazem circular imagens em tempo real por qualquer lugar do mundo. Isso faz com que
um episódio do Japão possa ser visto no Brasil paralelamente ao fato. Por isso, mesmo em uma
pequena cidade, pode-se ter acesso ao mundo todo.

Os diversos apelos visuais interferem na compreensão que se tem sobre o dia a dia, a
vida, o trabalho, a política, os valores morais e contribuem para formular ideias sobre lugares,
culturas, fatos.
Nosso cotidiano está povoado de imagens da mídia, propagandas, folhetos, fotos,
imagens, reportagens, enfim, há muitas formas visuais. Todas essas formas correspondem a
maneiras de interpretar o mundo. São maneiras de se integrar ao tempo e ao espaço.

As imagens postas em jogo no cotidiano instauram a necessidade de interpretação,


isso porque são formas criadas a partir de certa cultura, dentro de uma ideologia, ou seja, não
são neutras. 17

Ao criar uma determinada obra, o artista se vale da matéria construída


socialmente. Como parte da cultura, a arte é a maneira de indicar os
caminhos poéticos trilhados por aquele grupo. Criar uma obra de arte
vai além da utilização da linguagem (desenho, pintura, escultura), vai
além do domínio técnico, porque criar uma forma demanda reflexão,
conhecimento sobre o objeto. Além disso, a obra de arte comunica
ideias (PEREIRA, 2007).

FIGURA 3 – GRAFITE DE RUA

FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/imagens/artes/grafite.jpg> Acesso em: 29


Dez. 2011.
A arte de rua, um muro grafitado, uma parede desenhada são transmissões de ideias,
concepções de mundo, formas de pensar.

Os elementos de visualidade apresentam-se sempre articulados


expressivamente e em situações compositivas indicadas por:
movimentos (reais ou aparentes), direções, ritmos, 18
simetrias/assimetrias, contrastes, tensões, proporção, etc. E são
percebidas por nós nessa totalidade, embora seja possível discriminá-
la quando aprendemos a fazer exercícios e análises visuais (SANTOS,
2007).

Para fins didáticos, o processo de leitura de imagens pode ser baseado na estrutura
abaixo:

 Elementos da visualidade: ponto, linha, forma, espaço, volume, textura, cor,


observando a relação entre eles e dando uma especial atenção à composição,
ritmo, variação, contrastes, harmonia, tensão;
 Estilo: figurativo, não figurativo, abstrato, naturalista;
 Técnica: desenho, pintura, escultura, gravura, grafite, instalação, fotografia;
 Artista: informações sobre suas principais obras, traços de personalidade,
curiosidades;
 Período: pré-histórico, antigo, medieval, moderno ou contemporâneo.
A arte é uma ponte que nos leva a conhecer e expressar os sentimentos e a forma de
nossa consciência; apreendê-los é por meio da experiência estética. Na arte, busca-se
concretizar os sentimentos numa forma, que a consciência capta de maneira mais global e
abrangente do que no pensamento rotineiro (DUARTE JR, 2000).

Concebe-se sentimento enquanto apreensão da situação em que nos


encontramos, que precede qualquer significação que os símbolos
expressam. O sentir é anterior ao pensar, e compreende aspectos
perceptivos e aspectos emocionais (LANGER, 1980).
É preciso que se verifique como a arte constitui-se em um elemento terapêutico; como
ela provê elementos para que o homem desenvolva sua atividade significadora, ampliando seu
conhecimento a regiões que a percepção e o simbolismo conceitual não alcançam.

Destaca-se a necessidade de traçar uma distinção entre os conceitos de comunicação


e expressão para melhor compreender a abrangência destes nas atividades artísticas. Quando
se faz referência à comunicação, comumente o termo traz à mente a ideia de transmissão de 19
significados explícitos por meio da linguagem. Por outro lado, a expressão tem uma conotação
de indicação, desvendamento de sentimentos.

A imaginação é o que diferencia o homem de qualquer outro ser vivo. Por meio dela, é
possível transcender ao imediatismo das coisas e projetar o que ainda não existe. Certamente
somos movidos pela possibilidade do “vir a ser”. É a dimensão da utopia, a capacidade de
projetar algo novo sobre as antigas estruturas tanto internas quanto externas.

Nesse sentido, a atividade artística resulta de uma organização de experiências


individuais, pois o desenho, a pintura ou a escultura, a música, a dança ou o teatro trazem
importantes aspectos de um conjunto de experiências pessoais (do autor), organizadas em um
todo significativo.

A arte é muito mais do que um simples passatempo. Busca-se por meio das diferentes
expressões artísticas desenvolver uma consciência estética, ou seja, uma atitude harmoniosa e
equilibrada perante o mundo em que os sentimentos, a razão e a imaginação integram-se.

A consciência estética é a busca de uma visão global do sentido da existência; um


sentido pessoal, criado a partir dos sentimentos e da compreensão da realidade circundante. É a
capacidade de decisão e escolha, o que exige atitudes de análise e crítica para que o homem
não se submeta à imposição de valores e sentidos, mas que possa selecioná-los e recriá-los
segundo sua própria realidade existencial.
FIGURA 4 – CONSCIÊNCIA

20

FONTE: Disponível em: < http://www.mamiferas.com/blog/wp-


content/uploads/2011/11/consciencia.jpg> Acesso em: 29 dez 2011.

“Os espelhos são usados para ver o rosto, a arte para ver a alma”.

George Bernard Shaw (escritor irlandês).

A arte é para o homem a possibilidade de manifestação de seus sentimentos mais


complexos, projetando por meio de formas, linhas, cores, sons, gestos e ritmos uma nova
realidade, um novo mundo.

Um mundo onde a harmonia se estabelece a partir da utilização de materiais cuja


natureza se opõe, como, por exemplo: água e fogo, tinta e terra, estabelecendo dessa forma
uma relação de dependência e continuidade entre as formas projetadas.
As relações que se estabelecem entre os diferentes materiais anunciam a possibilidade
do “vir a ser”. Algo novo surge de estruturas antigas, resultado do olhar criativo que, apesar de
contextos existenciais diversos, consegue sonhar.

Assim, todo fazer nasce de um sonho. O primeiro movimento do sonhar é a


idealização, ou seja, a possibilidade de imaginar, visualizar o novo, denunciar uma realidade,
tendo em vista a realidade vivenciada e a realidade sonhada. 21

CONCLUINDO!

A ação do arteterapeuta é de grande

responsabilidade, pois trata de conteúdos

subjetivos e carregados emocionalmente. A

função desses profissionais parece ser

duplamente desafiadora, já que também

precisam ser consideradas durante o processo,

pois “complexas questões da subjetividade de

cada homem e mulher, coparticipantes na árdua

tarefa de reconstruir os caminhos da própria

sensibilidade, emoção e intuição” .

(SANTOS, 2006).
2.4 A ARTE E A REALIDADE SOCIAL

Diferentemente de outros meios de comunicação e expressão, a arte torna a vida e o


cotidiano rico em significados, mesmo quando não há uma consciência clara disso. 22

Sujeito e objeto fundem-se em uma única composição, afirmando para o mundo que há
beleza nas diferenças, que esta emerge de diferentes formas e necessita do diferente para
estabelecer uma nova forma.

O que se busca nas atividades artísticas é promover ao homem maior liberdade para a
autoexpressão, libertando-se de amarras que o impedem de ser completo e viver plenamente
sua condição humana.

Mesmo que aparentemente existam animais mais livres da dependência dos instintos
ou reflexos automáticos, podemos dizer que existe um grande abismo entre o comportamento
dos animais e o dos seres humanos. Para dar um só exemplo, mesmo o chimpanzé mais
evoluído possui apenas rudimentos do que permitiria desenvolver a linguagem simbólica e tudo o
que dela resulta: aprender, reelaborar o conteúdo aprendido e promover o novo (invenção).

Isso quer dizer que a vida animal é, em grande medida, uma repetição do padrão
básico vivido por sua espécie. Já o ser humano tem, individualmente e como espécie, a
capacidade de romper com boa parte do seu passado, questionar o presente e criar a novidade
futura. E a arte é prova disso, ou melhor, a arte pode servir como instrumento de interpretação
desse universo cultural humano que o distingue dos outros seres vivos na face da terra.

Há estudiosos que veem na obra de arte uma manifestação pura e simples da


sensibilidade do artista. Outros a encaram como uma atividade plenamente lúdica, gratuita, livre
de quaisquer preocupações utilitárias ou condicionamentos exteriores à sua produção artística.

Não é preciso negar totalmente a validade de cada uma dessas concepções para
reconhecer na atividade artística outra característica importante: o fato de que a arte é um
fenômeno social. Isso significa que é praticamente impossível situar uma obra de arte sem
estabelecer um vínculo entre ela e determinada sociedade (MAGALHÃES, 2008).
A arte é um fenômeno social, pois o artista é um ser social. Sendo assim, o artista
reflete na obra de arte sua maneira própria de sentir o mundo em que vive, as alegrias e as
angústias, os problemas e as esperanças de seu momento histórico.

Tais mudanças na arte refletem as transformações que se processam na realidade


social. A arte evidencia sempre o momento histórico do homem, cada época, com suas
características, e, contando o seu momento de vida, faz um percurso próprio na representação 23
como questão de sobrevivência (SANTOS, 2006).

O pensador húngaro Georg Luckács (1885-1971) afirma o seguinte conceito: “Os


artistas vivem em sociedade e – queira ou não – existe uma influência recíproca entre ele e a
sociedade. O artista – queira ou não – apoia-se numa determinada concepção do mundo, que
ele exprime igualmente em seu estilo”.

A obra de arte é percebida socialmente pelo público – por mais íntima


e subjetiva que seja a experiência do artista deixada em sua obra, esta
será sempre percebida de alguma maneira pelas pessoas. A obra de
arte será, então, um elemento social de comunicação da mensagem
de seu criador. No que diz respeito ao artista, as relações de sua arte
com a sociedade podem ser de paz e harmonia, de fuga e ilusão, de
protestos e revolta. Quanto à sociedade – considerando principalmente
os órgãos do Estado, seu relacionamento com determinada arte pode
ser de ajuda e incentivo ou de censura e limitação à atividade criadora
(MAGALHÃES, 2008).

24
“Como fenômeno social, a arte possui, portanto, relações com a sociedade. Essas
relações não são estáticas e imutáveis, mas, ao contrário, são dinâmicas, modificando-se
conforme o contexto histórico” (MAGALHÃES, 2008.). E envolvem três elementos fundamentais:
a obra de arte, o seu autor e o público. Formam-se em torno desses três elementos os vínculos
entre arte e sociedade num vasto sistema solidário de influências recíprocas.

Entende-se que a arte é capaz de fazer flexibilizar pensamentos e relações em que o


criador é sempre capaz de conectar e mudar as interações produzidas no mundo da imagem
pré-concebida. Percebe as transformações e o transformador.

De certa forma, a estética migra para a vida do sujeito preparando-o para o


entendimento e para a resolução, tornando-o cidadão, consciente de si e espelho para o outro,
utilizando-se de sua iniciativa e poder de decisão.

FIGURA 5 - IMAGEM PAUL KLEE.

FONTE: Disponível em: <http://www.arscientia.com.br/materia/ver_materia.php?id_materia=471>


Acesso em: 18 fev. 2009.
O indivíduo criativo supera a capacidade de imitar, produzir fatos, conectar-se a outras
relações. As relações criadas estarão sempre se conectando e formando novas tensões que o
suprem para outras formações estéticas e/ou vivenciais.

Verifica-se um cruzamento entre estética e ética e/ou caráter, quando se descobre que
o belo pode despertar as virtudes positivas no indivíduo e, por isso, deve fazer parte de sua
educação. 25

Vamos para mais uma atividade prática?

Olhe para a pintura abaixo e observe atentamente seus detalhes, tais como:

 As cores que foram utilizadas;


 A disposição da figura no espaço;
 É uma obra figurativa ou abstrata?
 E você, qual é a sua maneira de perceber o mundo?
 Que sentimentos ela melhor representaria?

FIGURA 6 – O NASCIMENTO DE VÊNUS, DE SANDRO BOTTICELLI, SÉC. XV.

FONTE: Disponível em: <http://stelladauer.wordpress.com/2006/10/31/renascimento-e-outros-


movimentos-secularismo/> Acesso em: 18 fev. 2009.
A pintura de Botticelli foi feita por encomenda de Lorenzo Di Médici para servir de
afresco para sua residência. A tela retrata a deusa Vênus surgindo dentro de uma concha em
meio ao oceano, possivelmente inspirada na mitologia grega. A repercussão dessa obra não foi
muito positiva na época, pois a arte era repleta de temas católicos, além de não se ater
(necessariamente) a religiosidade, acreditava-se que a obra tinha influências pagãs.

E você, que influências pode perceber nessa obra? 26

2.5 TERAPIA OU PSICOTERAPIA

Nesta unidade, vamos abordar a terapia propriamente dita. E neste momento, é


importante explicar o porquê da escolha da psicologia como base neste estudo. Levando-se em
conta que o termo “terapia” permite inúmeras formas de abordagem e diversos profissionais
atuantes.

FIQUE LIGADO!

De acordo com a Associação Brasileira

de Arteterapia, “podem atuar como

arteterapeutas profissionais com

graduação na área de saúde como

medicina, psicologia, enfermagem,

fisioterapia etc. e que tenham curso de

extensão em arteterapia”.
Contudo, independente da graduação que o profissional tenha cursado, é de extrema
importância que estude ou atualize seus conhecimentos em psicologia para dar suporte à sua
atuação profissional, permitindo que o profissional esteja capacitado para fazer avaliações e
intervenções arteterapêuticas.

Para tanto, esse curso permite um estudo geral da origem da psicologia e da sua
evolução no decorrer da história do homem. É importante para o trabalho terapêutico que esses 27
conhecimentos sejam ampliados, com ajuda de cursos, livros, especializações. Lembrando
sempre que este curso não pretende formar arteterapeutas, mas sim atualizar sobre os
conhecimentos de arteterapia.

2.6 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA PSICOTERAPIA

FIGURA 7 – PSICOTERAPIA

FONTE: Disponível em: <


http://images.quebarato.com.br/T440x/psicologia+psicoterapia+sao+paulo+sp+brasil__3E3F90_1
.jpg> Acesso em: 29 dez 2011.
Um retrospecto e uma breve visão panorâmica da atual psicologia formam o conteúdo
das considerações iniciais dessa unidade, pois é de relevante importância a psicologia para o
desenvolvimento do trabalho do arteterapeuta.

O termo psico tem origem grega, vem de psique Ψ, cujo significado é alma. Já o termo
terapia, também de origem grega, tem o significado de tratamento ou cuidado com a saúde.
Dessa forma, psicoterapia significa tratamento da alma. Aqueles que tratam ou cuidam de almas 28
são os psicoterapeutas.

Falando de uma maneira mais científica, poderíamos dizer que: “a Psicologia é a


ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais, ou seja, estuda o que
motiva, sustenta o comportamento humano, os processos mentais, as sensação, a emoção, a
percepção, a aprendizagem, a inteligência...” (Disponível em:
<http://arthurcapivari.blogspot.com/> Acesso em: 18 fev. 2009)

Assim, qualquer disfunção comportamental ou “mental” é objeto de estudo e atuação


psicoterapêutica.

O homem, desde os primórdios da humanidade, vem desenvolvendo ações para com o


cuidado com as almas e/ou mentes. O homem dito primitivo, ou pré-histórico, de cerca de 5 a
10.000 anos, não conhecia a escrita e seus conhecimentos eram passados oralmente de
geração a geração. De modo geral, todas as sociedades primitivas viviam de forma totalmente
integrada à natureza.

A concepção adotada nessa época admitia que o ser humano era um ser integrado à
natureza e ao cosmos. Assim, o homem era parte integrante do todo, da natureza, e também
formado por elementos desse todo. Essa visão explicativa sobre a natureza humana deu origem
a um sistema de explicações para se compreender o mundo e o próprio homem.

Essas explicações ou princípios são chamados de pensamentos míticos, cuja


preocupação é dar uma explicação plausível para a existência de determinado fenômeno. Assim,
por exemplo, explica-se a origem do universo por mitos sobre Tupã. O pensamento mítico é
característico do ser humano, e mesmo hoje utilizamos essa forma de pensar quando
explicamos determinado fenômeno não tendo como base o pensamento lógico científico.
As dramatizações, os rituais, o uso de ervas, plantas e animais eram comuns nessa
época. Tudo para restabelecer o equilíbrio entre homem x natureza.

No xamanismo, uma filosofia de vida bastante antiga, que busca o encontro do homem
com a natureza e com seu próprio mundo interior, as práticas ritualísticas individuais ou
coletivas, as danças tribais, os sacrifícios, entre outras, eram as formas de tratamento das
almas, que adoeciam por perderem sua capacidade de integração com a natureza. Nesse 29
sentido, surge a arte como elemento de cura. A confecção de bonecos (vodus), o uso da pintura
corporal e ritualística, a confecção de objetos específicos para as curas ou para uso do doente,
as músicas e danças, entre outras, são elementos da arte que se associam ao tratamento da
alma.

FIGURA 8 – XAMANISMO E RITUAIS.

FONTE: Disponível em: <http://img.socioambiental.org/d/239479-1/yekuana_10.jpg>.

Acesso em: 18 fev. 2009.

Dessa forma, a arte passa a integrar um código ou uma linguagem a serviço das
necessidades humanas. A arte passa a ser uma forma de expressão do pensamento humano,
de suas visões de mundo, de seus pensamentos, de sua forma de viver o cotidiano. A pintura, o
desenho, a escultura (criação de objetos de barro, de madeira, de pedra etc.) passam a ter um
objetivo não só de expressão, mas também de ações de cura.

A partir do momento em que o homem domina a escrita, a transmissão dos


conhecimentos toma outra dimensão bem maior e mais abrangente. O mundo ocidental tem
como referência do início desse período, chamado de Idade Antiga, o ano 600 a.C., na Grécia. 30

“Os primeiros pensadores gregos começaram a questionar a forma de explicação da


natureza por princípios míticos. Não era mais plausível uma explicação que se baseasse apenas
em suposições” (Disponível em: <http://www.tesesims.uerj.br/lildbi/docsonline/4/9/294-
Denise_Scofano.pdf> Acesso em: 18 fev. 2009.)

A partir desse ponto, as coisas deveriam ser explicadas por elas mesmas, isto é, deve-
se explicar a natureza, compreendendo como ela é, a partir de seus próprios elementos. Assim,
as primeiras explicações sobre o universo versavam sobre sua estrutura e formação. Buscando
analisar do que as coisas são feitas e como funcionam é que o conhecimento é produzido. A
esse processo denominou-se pensamento lógico.

O pensamento lógico deve ser capaz não só de explicar os fenômenos do universo,


mas também os da própria natureza humana. Pensar, por exemplo, qual é a essência da
natureza humana. Como podemos nos conhecer? Quais são nossas capacidades? Quais são
nossas virtudes? Como posso entender a alma humana?

Para responder a essas questões, os filósofos gregos passam a desenvolver suas


teorias ou explicações. Platão pesquisou e pensou sobre a natureza transcendente do homem.
Sócrates questionou a própria essência do ser humano em sua famosa frase: “Conhece-te a ti
mesmo”, que revela a essência de seu pensamento. Esse período é chamado de
antropocêntrico.
FIGURA 9 – PLATÃO E SÓCRATES.

31

FONTE: Disponível em: <http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/platao/imagens/platao-


15.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2009.

A partir desse ponto, a alma é considerada como algo a ser desenvolvido, visto que a
condição natural do homem é desenvolver-se, e a condição patológica ou de doença seria a
incapacidade de desenvolvimento da alma. A cura para a alma seria a recuperação da
capacidade de seu desenvolvimento, e aí a filosofia teria um grande papel. A arte da cura está
mais para o intelectual do que para as ações materiais. A cura da alma passa a ser dissociada
da materialidade e da natureza. É preciso entender a alma por meio de sua expressão moral (as
paixões humanas) e por meio de seu pensamento. Daí surge a ideia de que Sócrates foi o
primeiro psicoterapeuta, pois começou a usar da indagação, do raciocínio como forma de
investigação e desenvolvimento da alma humana.

O conceito sobre alma começa a mudar a partir do domínio do pensamento cristão, já


a partir dos primeiros séculos até os anos 1200 d.C. aproximadamente. No chamado período
teocêntrico (Deus é o centro de tudo), todo o conhecimento deve estar sob a perspectiva da
bíblia. Desse modo, a alma humana é considerada como dissociada do corpo. O corpo é o lugar
do pecado, das imperfeições, do mal. A alma, ou espírito, deve prevalecer sobre o corpo,
salvando o homem do pecado.

FIGURA 10 – ESTUDO DA ALMA 32

FONTE: Disponível em:<


http://2.bp.blogspot.com/_kRAmOGCcIBs/TPHKOm7ZVLI/AAAAAAAAEds/ioBp5Zwu2Yc/s1600/
estudo.jpg>. Acesso em: 29 dez. 2011

O tratamento dado para as almas doentes são os exorcismos, privações (jejuns


alimentares), sacrifícios, sangrias e flagelações, eram as formas mais comuns de busca da cura
para a alma doente, sempre buscando o fortalecimento do espírito.
A partir do renascimento e o declínio do período de domínio religioso sobre a ciência e
a arte, aos poucos as ideias sobre alma começam a se desvincular da religião. O pensamento de
Descartes foi primordial nesse sentido. Sua frase máxima: “Penso, logo existo”, traduz o sentido
a ser dado à alma a partir de então. A alma passa a ser considerada como razão. O adoecer
psíquico passa a significar a perda da razão, e então se reforça o sentido de loucura como
irracionalidade.
33

FIGURA 11 – RENASCIMENTO

FONTE: Disponível em:< http://asletrasdo9d.files.wordpress.com/2009/01/homem.jpg>. Acesso


em: 29 dez. 2011.

À medida que as ciências eram retomadas, os estudos sobre a biologia, a medicina e


engenharia avançavam. Também as bases para uma nova maneira de se pensar o psiquismo
humano foram se estabelecendo.
VOCÊ SABIA?

O cérebro é reconhecidamente o órgão

responsável pela coordenação de várias

atividades corporais, como a visão, 34


audição e pensamento. Os novos

conhecimentos sobre o corpo humano

deram margem para se pensar em

fenômenos específicos, tal como a

memória e a percepção.

Com o objetivo de se estudar o fenômeno, de como se tem a consciência da


percepção dos sentidos vão surgir os primeiros psicólogos. Entre eles Wundt, considerado o pai
da psicologia moderna. Seus estudos em laboratórios específicos deram à psicologia o status de
ciência autônoma. Assim, aquilo que era considerado a alma, ou psiquismo, passa a ser objeto
de estudo, agora com o nome de consciência do homem.

FIGURA 12 – WILHELM WUNDT (1832 – 1920).

FONTE: Disponível em:< http://www.fidnet.com/~weid/wundt.gif>. Acesso em: 29 dez. 2011.


Os laboratórios de Wundt, implantados na Alemanha em meados do século XIX, foram
base para a divulgação da psicologia como uma ciência investigativa da consciência humana.

A emergência do capitalismo, do mecanicismo e do empirismo foram fatores


coadjuvantes para uma nova compreensão do ser humano.

A divulgação dos conhecimentos de Wundt começa a alçar a Europa e a América. Na


Inglaterra, unem-se as influências das descobertas de Darwin (a evolução das espécies), e os 35

estudos comparativos sobre as capacidades e habilidades humanas começam a desenvolver-se.


Cientistas como Galton elaboram estudos sobre a hereditariedade e as diferenças individuais.

Nos Estados Unidos, no início do século XX, influenciado pelo forte pragmatismo, os
cientistas buscaram aliar os estudos da natureza humana ao senso de utilidade. Surge então a
psicologia aplicada. Desse modo, a psicologia vai estabelecendo mais um ramo além da
investigação e passa a ser uma profissão. Os conhecimentos avançam, os testes psicológicos
começam a ser aplicados nas empresas, no exército, nas escolas e, por fim, chegam aos
consultórios.

Enquanto isso, na Europa, inicia-se a consolidação da psicoterapia por meio das


descobertas de Freud. Em seus estudos sobre histeria e sonhos, Freud descobre o inconsciente,
e com isso a comprovação de que nem todos os nossos comportamentos são conscientes e
racionais, independente de a pessoa ser ou não doente. Todo o ser humano tem um
inconsciente, sob o qual é construído seu eu ou ego.
FIGURA 13 – SIGMUND FREUD (1856 – 1939)

36

FONTE: Disponível em:<


http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/12/Sigmund_Freud_LIFE.jpg/200px-
Sigmund_Freud_LIFE.jpg>. Acesso em: 29 dez. 2011

Os estudos da psicologia relevam que alguns comportamentos são ditados pelo


inconsciente e que é possível se ter acesso a ele por meio do processo de análise dos sonhos,
dos atos falhos e das “piadas” ou chistes. A esse processo Freud denominou de psicanálise.

O seu seguidor mais brilhante, Carl Jung, começa a aplicar a psicanálise em pacientes
psicóticos. No entanto, os métodos de Freud não surtem os mesmos efeitos. Jung passa, então,
a utilizar outras formas de contato com seus pacientes. Ele propõe que eles pintem, desenhem,
façam esculturas e outros tipos de arte para expressar seus sentimentos.

Jung, psiquiatra e psicoterapeuta, um dos maiores estudiosos da vida interior e um dos


precursores da Psicologia Profunda, descobriu que o inconsciente e os conflitos e traumas
podem ser expressos pela arte. Entre 1907 e 1912, colaborou com Freud a ponto de ter sido
cogitado pelo mestre Sigmund como seu sucessor.
FIGURA 14 – CARL JUNG (1875 - 1961).

37

FONTE: Disponível em:< http://3.bp.blogspot.com/_wnK0saHx2JM/TGskT-


BaLDI/AAAAAAAAAHY/j0sNeZtfshA/s1600/karl_yung.jpg>. Acesso em: 29 dez. 2011.

Jung revela a função do simbolismo nas artes e nas expressões do inconsciente.


Identifica que há temas universais comuns a todos os homens, independente de origem, idade
ou cor. Os arquétipos seriam expressões desses temas, tal como os relacionados às funções de
mãe (o oceano, por exemplo) e de pai (o sol, por exemplo).

Jung também passa a investigar os mitos (lembram do pensamento mítico mencionado


no início do texto) e descobre que eles continuam sendo produzidos por nossas mentes, embora
recontextualizados.
FIGURA 16 – QUADRO SINTÉTICO DAS RAÍZES DA PSICOLOGIA (FREIRE,1998).

38

FONTE: FREIRE, 1998.


2.7 IMPORTÂNCIA E UTILIZAÇÃO DA PSICOLOGIA E DA ARTETERAPIA

No contexto atual, estamos permeados pela necessidade de agilidade, perfeição, tolerância,


autoestima, consumo, equilíbrio, sucesso, poder, beleza, bom relacionamento, família.

Mas será possível em nossa formação humana preencher todos esses requisitos? 39

Possivelmente não. Nesse contexto, surge a Psicologia, no sentido de melhorar nossa


capacidade para tolerar frustrações, melhorando nosso convívio social, nossa capacidade de trabalho e,
por consequência, nossa autoestima e qualidade de vida.

As três grandes áreas de atuação da psicologia são:

Atualmente, entende-se que essas áreas de atuação ramificam-se em atuações mais


específicas, mas também muito importantes dentro da ação do terapeuta, tais como: psicologia do
trânsito, psicologia hospitalar, psicologia forense, psicologia comunitária, psicologia do esporte, dentre
outras.

Apenas como destaque, pois faz parte da psicologia clínica, é relevante lembrar a psicologia
de grupo ou dinâmica de grupo, herança da Gestalt e que constitui uma ala de interesse e de grande
utilização no momento. É uma técnica que é usada para melhorar o relacionamento dos diversos
membros de um grupo. Serve, também, para facilitar a discussão de problemas nas empresas, nas
escolas, na família etc., o que, fora de uma dinâmica de grupo, seria difícil e complicado.
Hoje é comum, nas escolas, nas indústrias e em áreas do comércio, do desporto etc. contar com
um departamento de psicologia responsável pela aplicação de testes de
aptidão, pela orientação e ajustamento do grupo. A psicologia está
presente em todos os ramos da sociedade e tornou-se parte
integrante e imprescindível da vida moderna. A era do profissionalismo
trouxe a era da especialização, e os campos de atuação do psicólogo
são, hoje, mais concretos e específicos.

A psicologia de hoje se caracteriza pela abertura e 40

democratização do seu sistema global, o que gerou a enorme


diversidade de interesse, de pesquisa, a multiplicidade de correntes,
compondo um painel de minissistemas. O uso do método científico constitui parte integrante de suas
atividades, o que comprova sua identidade como ciência.

FIGURA 17 – PSICOTERAPIA EM GRUPO.

FONTE: Disponível em: <http://www.isn.org.br/imagens/terapia_de_grupo.jpg>

Acesso em: 18 fev. 2009.

FIQUE LIGADO!
41

Trabalhando com arteterapia, muitas descobertas são possíveis, desde a mistura de


cores até a composição de imagens que comunicam emoções reprimidas ou desconhecidas. A
alegria de tocar a argila, que materializa objetos e personagens.

Segundo Philippini (1994), ser arteterapeuta é partilhar do prazer:

Prazer de participar de pontes para aqueles que já não podem ou


querem falar, pontes frágeis ou sólidas, com fios, arames, madeira ou
às vezes apenas sonhos... Prazer de ver na metamorfose de velhas
caixas, o surgimento de cofres, casas, castelos, configurando proteção
e abrigo de lembranças e desejos. Prazer de ver o nascimento de
criaturas fantásticas aparecendo de repente, das dobras de um retalho
ou das muitas sobras do lixo doméstico. Prazer, enfim, de ver surgir o
novo, a possibilidade, a promessa. No dia a dia, sou observadora
participante e privilegiada da abertura de novos canais de
comunicação, que facilitam o acesso do inconsciente, através das
múltiplas formas de expressão, da experimentação, criação, destruição
e recriação de diferentes materiais expressivos. (PHILIPPINI, 1994).

Na vida não existem somente prazeres, é claro. Muitas vezes, há problemas,


42
desarranjos, frustrações, tristezas, resistências, mas as cores, as imagens disformes também
comunicam esses afetos. Assim, cabe ao arteterapeuta ajudar o paciente a equilibrar-se entre a
euforia da alegria e o sofrimento da dor, acreditando que o trabalho terapêutico produtivo resulta
de muita dedicação, desde a escolha adequada de materiais expressivos até o favorecimento de
estratégias que favoreçam transformações.

Philippini (1994) afirma que um processo arteterapêutico bem-sucedido depende da


harmonia de um complexo conjunto de variáveis que facilitam a descoberta de si mesmo. E para
isso é necessário não perder de vista que os processos de criação, apesar de singulares, são
regidos por princípios universais e arquetípicos, e que os materiais expressivos, como veículos
da criação, possuem propriedades terapêuticas que devem ser conhecidas e respeitadas.
Desta forma, os recursos de expressão em Arteterapia poderão permitir que
acontecimentos aprisionados no inconsciente sejam simbolizados e configurados em imagens,
que possam conduzir à consciência informações desse universo obscuro. A simbologia
configurada em materialidade leva à compreensão, transformação, estruturação e expansão de
toda a personalidade do indivíduo criador.
3 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ARTE

3.1 IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA ARTE

43

Pirâmides egípcias, escorregadores gigantes, cestos de vime, grafite, pintura abstrata,


esculturas gregas, urinol...?!?!? Tudo isso é arte? Quem diz o que é arte e o que não é? Arte
grega, arte contemporânea, artesanato, arte popular, arte moderna, arte abstrata... inúmeros
tipos de expressão que foram evoluindo durante os tempos e hoje fazem parte de nosso
cotidiano.

Quando se busca uma definição de “arte”, normalmente o que encontramos é um


conceito que trata a arte como uma criação humana com valores estéticos, tais como: beleza,
equilíbrio e harmonia. Entretanto, a arte também tem o poder de vir acrescida de emoções,
história, sentimentos e cultura.

Uma das principais características da arte é permitir que o objeto artístico fale por meio
da nossa imaginação. Assim, não existe arte original e arte falsificada. Não há mentira ou
verdade em arte, isso porque a arte não tem por objetivo mostrar a realidade como ela é, mas
como o artista deseja que seja. Portanto, desse conceito nascem os vários tipos de arte.

A produção artística faz parte de uma necessidade primária do ser humano. O homem
vê a arte como meio de viver melhor; usa-a para divulgar suas crenças ou explorar novas formas
de olhar e interpretar o mundo utilizando sua criatividade e imaginação.

De acordo com Chauí (2000), as transformações sofridas pelas artes (passando do


caráter religioso à autonomia da expressão da criatividade) foram de dois tipos. Em primeiro
lugar, mudanças nos estilos artísticos, passando desde o clássico até o surrealismo.
Destacando-se as descobertas de novos procedimentos, materiais e técnicas que levam a uma
concepção do objeto artístico. Em segundo, aparece a determinação social da atividade artística
(sua finalidade), para que ou para quem era desenvolvida.
Aprofundando um pouco mais a ideia, vemos que, no mundo atual, a função da arte e
o seu valor não estão em copiar a realidade, mas sim na representação simbólica que um artista
faz do mundo humano.

Portanto, a arte também é uma das maneiras pela qual o ser humano atribui sentido à
realidade que o cerca, e uma forma de orientação que transforma a experiência em objeto de
conhecimento, com valor simbólico.

O homem criou utensílios para facilitar o seu trabalho, como as ferramentas para cavar 44
a terra e os talheres para a cozinha, a roda para movimentar-se. E a arte aparece, nesse
sentido, para que o mundo saiba o que ele pensa, para divulgar as suas crenças e as dos outros,
para estimular e distrair a si mesmo e aos outros, para explorar novas formas de olhar e
perceber objetos e cenas.

VOCÊ SABIA?

A arte, principalmente a

contemporânea, busca a

desestabilização das verdades

originárias, a ruptura com os

princípios bem instalados,

destruindo as evidências imediatas

e atordoando as mentes com

questões como a da realidade e sua

representação.
É uma manifestação humana criada com a essência e inspiração de seu momento, isto
é, das circunstâncias e situações moldadas pelas referências simbólicas da cultura. A arte pode
ser entendida como um dos modos simbólicos de que o ser humano se utiliza para atribuir
significados ao mundo, mostrando por meio de um objeto as possibilidades do real. Fala à
imaginação e, por isso, sua compreensão exige sensibilidade treinada, disponibilidade e
conhecimento de história geral e de história da arte.

Para compreendermos as formas de manifestação artística ao longo da evolução


histórica, vamos percorrer o caminho da arte desde a pré-história até a arte contemporânea no 45

sentido de expandir nosso entendimento sobre o universo artístico. Apertem os cintos e BOA
VIAGEM!!!

3.2 A ARTE NO MUNDO

A Idade da Pedra Lascada (cerca de 400 mil anos atrás) é o tempo dos homens que
viviam em cavernas e que viviam da caça, da pesca e da colheita. Nessa época, o homem já
fazia uso da arte com representação de seu mundo, por meio de registros nas paredes das
cavernas, o que se denomina por pintura ca. Executadas em recantos escuros e profundos das
grutas que intrigam os pesquisadores por seu propósito mais complexo que a mera decoração e
relacionadas ao pensamento mítico. Acredita-se que esteja ligado a rituais realizados com o
intuito que ajudasse em uma boa caçada. Abaixo podemos observar uma pintura rupestre:
FIGURA 17 – PINTURA RUPESTRE LOCALIZADA NA ESPANHA.

46

FONTE: Disponível em: <http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/arte-na-antiguidade/pintura-


rupestre-1.php> Acesso em: 12 fev. 2009.

Certamente esses povos desconheciam o que hoje chamamos de arte. E para eles, a
gravação de imagens tais como bizões, cavalos ou touros tinham uma função mágica, ligada a
um pensamento mítico.

Um pouco mais além, no Período Paleolítico, destacam-se pequenas estátuas de osso,


pedra ou marfim em formatos femininos e arredondados, às quais se atribui o título de deusas da
fertilidade. Um exemplar dessas deusas é a Vênus de Willendorf, encontrada na Áustria; ela
possui cerca de doze centímetros de altura e deve ter sido produzida entre 25 e 20 mil anos a.C.
FIGURA 18 – VÊNUS DE WILLENDORF - 25 E 20 MIL ANOS a.C.

47

FONTE: Disponível em http: <//www.casaconhecimento.com.br/blog/2008/05/venus-de-


willendorf/> Acesso em: 12 fev. 2009.

Nos moldes das pinturas das Cavernas de Altamira e Lascaux situadas na Europa, no
Brasil também se encontram inúmeros sítios arqueológicos com pinturas rupestres carregadas
de significados. Um exemplo marcante é a Serra da Capivara (Piauí). A função dessas obras,
entretanto, mantém-se a mesma em todo o planeta: tratam de questões mágicas e ritualísticas
ligadas à preservação da espécie.

Na Idade Antiga, recebe destaque a arte grega. Dentre as cidades-Estado gregas,


Atenas tornou-se a mais famosa por sua produção artística. E é na escultura que percebemos
com mais clareza a evolução estilística do período. Inicialmente rígidas e estáticas, a
representação tridimensional das figuras humanas dava-se o nome de Kouroi e Kourai,
denominações que equivalem, respectivamente, às esculturas masculinas e femininas; eram
rígidas, geometrizadas e remetiam aos padrões da escultura egípcia. Com o transcorrer do
tempo, essas esculturas foram se tornando mais soltas até atingirem uma ideia de movimento.
FIGURA 20 – ESCULTURA GREGA

48

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/PRAXIT~1.JPG>.

Acesso em: 12 fev. 2009.

Na Idade Média, com a ascensão do cristianismo, as obras referiam-se principalmente


à religião. O que chamamos de período Paleocristão não constitui um estilo no sentido exato do
termo, mas qualquer obra que precedeu o cisma da Igreja Ortodoxa.

As primeiras obras de arte descritas desse momento são as pinturas encontradas nas
catacumbas, local de reunião dos cristãos, cuja principal característica foi registrar os episódios
do Antigo e do Novo Testamento. A produção de esculturas foi praticamente extinta nesse
período em razão das proibições (contidas nas escrituras) ao culto de imagens.

As representações da imagem do rosto de Cristo mostram uma figura com feições


fortes. Este tipo de representação religiosa é denominado Cristo Pantocrator, ou seja, criador de
todas as coisas.
FIGURA 19 – DETALHE DE UM MOSAICO DA IGREJA DE SANTA SOFIA. SÉCULO XIII.

49

FONTE: Disponível em: <http://www.starnews2001.com.br/bizantino/byzance.html>.

Acesso em: 13 fev. 2009.

Na época do Renascimento (Idade Moderna), os pintores e escultores foram finalmente


elevados à categoria de artistas, espaço antes ocupado basicamente por arquitetos, poetas e
escritores. Agora, não eram mais considerados artesãos e sendo nomeados pintores e
escultores podiam opinar sobre questões mais importantes para a sociedade. A Igreja Católica
continuou seu domínio, mas houve uma ascensão gradativa da nobreza.

Brotaram de Florença (século XV), berço do Renascimento italiano, muitos artistas


geniais como: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Dante Alighieri, Filippo Brunelleschi, Sandro
Botticelli, Rafael Sanzio e Nicolau Maquiavel são desse período. Entre as obras mais famosas
está o “Nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli (1446 – 1510), tela que exibe a Vênus
(Deusa) em pé sobre uma imensa concha, com seus longos cabelos envolvendo o corpo.
Encomendada por Lourenço de Médici, um mecena (burguês rico que patrocinava o trabalho de
artistas e escritores) serviu de decoração para sua casa.
O mesmo mecena foi também o patrocinador de Américo Vespucio. Havia um clima
inovador e uma mudança de espírito (aliada ao dinheiro que vinha da burguesia) que permeava
o período e permitia que os artistas não reproduzissem apenas os temas bíblicos.

O valor da obra de Leonardo é indiscutível. Obras como “A Virgem do Rochedo”,


“Santa Ceia” e, é claro, a “Monalisa” até hoje despertam curiosidade e novas interpretações.
Sem dúvida, fazem parte de nossa riqueza cultural. Além da utilização da perspectiva
geométrica, Da Vinci criou uma técnica conhecida como esfumato, onde o claro e o escuro da
imagem final é o resultado da sobreposição de inúmeras camadas de tinta bem diluída. À 50

geometria das linhas soma-se uma ambientação ímpar, que potencializa a sensação ilusionista
de profundidade e realidade.

FIGURA 20 – MONALISA.

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/1monalisa.jpg>.

Acesso em: 13 fev. 2009.


Na Idade Contemporânea, muitos foram os movimentos artísticos, dentre eles:
Neoclássico (caracterizado pelo retorno ao passado, pela imitação dos modelos antigos greco-
latinos), Realismo (cientificismo, a expressão da realidade e dos aspectos descritivos),
Impressionismo (destaque para a arte abstrata que tende a suprimir toda a relação entre a
realidade e o quadro, entre as linhas e os planos, as cores e a significação que esses elementos
podem sugerir ao espírito), Cubismo (geometrização das formas e volumes, renúncia à
perspectiva, o claro-escuro perde sua função, representação do volume colorido sobre
superfícies planas). 51

Algumas obras deste período merecem destaque:

FIGURA 21 – NEOCLÁSSICO: A GRANDE ODALISCA DE JEAN-AUGUSTE-DOMINIQUE


INGRES (1814).

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/linhadotempo.html>

Acesso em: 25 fev. 2009.


FIGURA 22 – OBRA DO REALISMO.

52

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/linhadotempo.html>.

Acesso em: 14 fev. 2009.

FIGURA 23 – OBRA DO IMPRESSIONISMO.

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/MONET1.jpg>

Acesso em: 14 fev. 2009.


FIGURA 24 – OBRA CUBISTA.

53

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/beijo_picasso.jpg>

Acesso em: 13 fev. 2009.

A evolução artística, cultural e social permitiu que a arte trilhasse muitos caminhos,
dando um pulo gigantesco para a nossa contemporaneidade. Percebemos o quanto a arte,
atualmente, assume a preocupação de assumir uma expressão crítica do artista com a
sociedade e com a própria arte.

Marcel Duchamp, artista bastante polêmico da contemporaneidade, revelou sua


posição crítica com relação aos grandes salões de arte, com obras um tanto “ousadas”, mas que
mostram o quanto a arte desligou-se da obrigatoriedade de retratar a realidade externa. O artista
tenta buscar uma linguagem pessoal, a expressão de seu pensamento.
FIGURA 25 – A FONTE - MARCEL DUCHAMP.

54

FONTE: Disponível em: <http/digitalphilosophy.wordpress.com/2008/06/08/>

Acesso em: 24 jan. 2009.

FIGURA 26 – RODA DE BICICLETA - MARCEL DUCHAMP.

FONTE: Disponível em: <http://www.niteroiartes.com.br/cursos/la_e_ca/modulos2.html>

Acesso em: 24 jan. 2009.


A obra de Marcel Duchamp é considerada uma “ready-made”, ou seja, uma
manifestação da intenção em romper com o processo artesanal da produção artística de seu
tempo, apropriando-se de algo que já está feito, industrializado e que tem finalidade prática e
não artística (o urinol de louça, a roda de bicicleta, a banqueta) passando esses artigos para a
categoria de arte.

Os temas e interesses, formas e conteúdos vão modificando-se ao longo do tempo.


Cada época de uma civilização cria uma arte que lhe é própria e que jamais se irá renascer.
55
A arte contemporânea, no início do século XX, sai dos museus e galerias e deixa de
ser privilégio das elites para ajudar a humanizar o nosso mundo materialista. É o momento do
efêmero, que suscita uma atitude de aceitação.

Nossa sociedade vive uma crise de valores, proveniente da ruptura com os paradigmas
da modernidade agravada pela globalização econômica e cultural. Uma sociedade que deixa
bem claro que não existe diferença entre honesto ou traidor, ignorante ou sábio, enganador ou
generoso.

A arte, atualmente, propõe um novo olhar sobre a realidade por meio das intervenções
urbanas. Nesse contexto, recria-se um clima de incertezas, dificuldades e resoluções em que o
espectador interage com a obra que não finda, mas está em constante renovação.

Convém lembrar que chamamos de intervenção toda e qualquer atividade artística que
rompe com o padrão ou a rotina de um determinado ambiente.

Na contemporaneidade, podemos citar como intervenção urbana o trabalho de


performance, muito comum em agências de publicidades por ocasião do lançamento de um novo
produto no mercado, as estátuas vivas, presentes em praças e shoppings, e o grafite, dentre
outros. Neste último caso, a pintura sai da tela para ocupar espaços alternativos como muros ou
paredes, prédios, veículos, calçadas, postes, árvores, corpos humanos etc.

O que vale ressaltar é que a arte contemporânea, produto do homem, procura


soluções para os nossos problemas mais imediatos. Por isso, afasta-se das questões da
contemplação e busca uma interação mais efetiva com o observador.
Os movimentos encontrados dentro da arte contemporânea beiram ao infinito, pois a
cada dia um artista pode criar seu próprio movimento. As transformações parecem dar indício de
que não estão nem próximas de uma estabilidade. Equilibrar-se nesse mundo é vital, e ter
critérios de discernimento é fundamental para não cairmos nos perigos do excesso de
subjetividade do gosto pessoal. Já que as fontes de informação são inesgotáveis, se tivermos
alguns pontos cardeais poderemos nos situar com menor dificuldade no labirinto da pós-
modernidade.

Segundo Tavares (2006), ao desenhar nas paredes ou fabricar cestarias e cerâmicas, 56

o homem primitivo era impulsionado pelas mesmas questões de sobrevivência que motivaram o
homem do Renascimento e o do século XX. A arte, então, aparece no mundo humano como
forma de organização, como modo de transformar a experiência vivida em objeto de
conhecimento que se desvela por meio de sentimentos, percepções e imaginação. Assim, ela
abarca um tipo de conhecimento a partir de universos sensíveis e ideais da apreensão humana
da realidade.

3.3 ARTE NO BRASIL

A arte das inúmeras tribos indígenas destaca-se na cerâmica, trançados, a arte


plumária e a pintura corporal. Esta é uma arte diferente, pois não está necessariamente
associada a algum fim utilitário, mas apenas à pura busca da beleza.

Sabemos que com a chegada dos colonizadores europeus, mais especificamente dos
portugueses, muitas tribos foram dizimadas. Grande parte da história dos povos indígenas
perdeu-se. A busca por riquezas na terra de Santa Cruz, com características extrativistas, não
via com bons olhos os selvagens nativos. O processo de catequização tentava amenizar o
suicídio cometido em massa pelos índios que preferiam a morte à escravidão. Não apenas uma,
mas diversas culturas desapareceram.
FIGURA 27 – CESTOS E ÍNDIOS.

57

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/xavantes.jpgres>

Acesso em: 12 fev. 2009.

A arte é influenciada pelo desenvolvimento da sociedade, e a prova disso é que se


examinarmos o contexto histórico de um país ou de uma época, este é permeado pelas
descrições e informações trazidas pela arte e pelos artistas. Grande parte da história é escrita
baseada nos elementos artísticos. Como exemplo, pode-se citar o artista francês Jean Baptiste
Debret, o qual retratou em suas obras as aclamações a Dom Pedro I, a vida indígena no Brasil e
os vários momentos históricos do império. Vejamos a seguir uma de suas obras, que retrata a
escravidão pela qual foram vítimas os indígenas que aqui habitavam na chegada dos
colonizadores.
FIGURA 28 – “O CAÇADOR DE ESCRAVOS” - JEAN BAPTISTE.

58

FONTE: Disponível em: <Debrethttp://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jean_baptiste_debret_-


_ca%C3%A7ador_escravos.jpg> Acesso em: 23 jan. 2009.

Manuel da Costa Ataíde foi o maior vulto da pintura colonial brasileira. Foi autor de
uma extensa obra, mas o teto da Igreja de São Francisco de Assis é seu trabalho mais
reconhecido. Mulato, como a maior parte dos artistas brasileiros do período, volta-se com mais
atenção para a execução do que para a criação. Inova, entretanto, nos modelos compositivos e
na fisionomia das personagens.
FIGURA 29 – TETO DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS PINTADO POR MANUEL DA
COSTA ATAÍDE.

59

FONTE: Disponível em: <http://www.literaturabrasileira.net/site/content/view/19/35/>

Acesso em: 13 fev. 2009.

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, foi o artista brasileiro que despertou o maior
interesse por estudiosos internacionais, e é o único brasileiro a integrar o panorama da história
internacional das artes do período.

Seu reconhecimento hoje é indiscutível e suas obras determinam o circuito turístico


cultural de Minas Gerais. A singularidade de sua extensa produção abrange a relação entre a
arquitetura e a escultura, num consciente desenvolvimento de uma arte expressiva. Tanto na
pedra-sabão, como na madeira policromada, a sensibilidade de seu gesto é, ao mesmo tempo,
delicada e dramática. O prazer estético advindo da observação de suas peças sobrepõe-se às
questões temáticas e narrativas das esculturas. Os detalhes do portal da Igreja de São Francisco
de Assis na cidade de São João del Rei são dignos de uma atenta observação. Sua afirmação
como escultor, entretanto, está no extraordinário conjunto de Congonhas do Campo (1796 a
1805), onde as cenas dos Passos e dos Profetas estruturam um espaço que contextualiza a
religiosidade tradicional e as questões políticas da época.
FIGURA 30 – ESCULTURA DE ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA, O ALEIJADINHO.

60

FONTE: Disponível em http: <//www.literaturabrasileira.net/site/content/view/19/35/>

Acesso em: 13 fev. 2009.

Dentro do movimento modernista, Tarsila, chama a atenção para os elementos da


natureza, principalmente os ligados ao sertanejo, à região Nordeste do País, valorizando assim a
cultura nordestina. A religião também é um tema bastante apreciado pela artista. A obra
“Procissão” chama a atenção pela magnitude (sete metros de comprimento) e traz, de forma
caprichosa e autêntica, inúmeros detalhes da fé nacional. A artista traduz com perfeição a arte
aprendida em Paris para a nação brasileira e traz novas tendências para a arte nacional.
FIGURA 31 – ABAPURU (1928) – ÓLEO/TELA DE TARSILA DO AMARAL.

61

FONTE: Disponível em: <http//www.tarsiladoamaral.com.br/obras2> Acesso em: 13 fev. 2009.

Essa obra foi realizada para presentear Oswald de Andrade (marido de Tarsila nessa época). O
quadro acabou virando marco do movimento Antropófago no Brasil, pois a figura estranha fez Tarsila
lembrar de um verbete Tupi-Guarani “Abapuru”, ou, na sua tradução, “Homem que come”. Esse
episódio marcou o início da determinação artística de digerir a cultura europeia e transformá-la
em algo originalmente brasileiro.

Outros artistas modernistas brasileiros significaram muito para a evolução da arte


brasileira. Algumas de suas obras são abaixo ilustradas:
FIGURA 32 – CAIPIRA PICANDO FUMO DE ALMEIDA JÚNIOR.

62

FONTE: Disponível em: <http://www.overmundo.com.br/overblog/saudade-almeida-junior>

Acesso em: 14 fev. 2009.

FIGURA 33 – O MORRO DE HEITOR DOS PRAZERES.

FONTE: Disponível em: <http://www.pitoresco.com.br/brasil/brasil.htm>. Acesso em: 14 fev.


2009.
FIGURA 34 – BANDEIRINHAS DE ALFREDO VOLPI

63

FONTE: Disponível em: <http://www.bolsadearte.com/cotacoes/volpi.htm>. Acesso em: 14 fev.


2009.

FIGURA 35 – JOGO DE CARRETÉIS II DE IBERÊ CAMARGO.

FONTE: Disponível em: <http://www.pitoresco.com.br/brasil/ibere/ibere.htm>

Acesso em: 14 fev. 2009.


FIGURA 36 – RETIRANTES, DE CÂNDIDO PORTINARI.

64

FONTE: Disponível em: <http://www.pitoresco.com.br/brasil/portinari/portinari.htm>.

Acesso em: 14 fev. 2009.

FIGURA 37 – MURAL, DE DI CAVALCANTI, PROJETADO EM 1954.

FONTE: Disponível em: <http://www.pitoresco.com.br/brasil/cavalcanti/cavalcanti.htm>.

Acesso em: 14 fev. 2009.


FIGURA 38 – A BOBA, DE ANITA MALFATI.

65

FONTE: Disponível em: <http://www.sampa.art.br/biografias/anitamalfatti/galeria/.

Acesso em: 14 fev. 2009.

FIGURA 39 – MONUMENTO ÀS BANDEIRAS DO ESCULTOR VICTOR BRECHERET


INSTALADO NA PRAÇA ARMANDO SALLES DE OLIVEIRA,

NO IBIRAPUERA.

FONTE: Disponível em: <http://www.sampa.art.br/historia/monumentoasbandeiras/>.

Acesso em: 14 fev. 2009.


FIGURA 40– PAINEL DE POTY LAZZAROTTO NO CENTRO DE CURITIBA.

66

FONTE: Disponível em: <http://www.overmundo.com.br/guia/a-arte-ao-ar-livre>

Acesso em: 16 fev. 2009.

Uma síntese da arte contemporânea brasileira pode deixar alguns leitores perplexos
com aquilo que chama hoje de arte. Permeada de inquietude e desconcerto (proveniente muitas
vezes da incompreensão), o telespectador pode achar que está sendo enganado ou mesmo
insultado por essa arte.
Na verdade, como sustenta Farias (2002), a arte contemporânea nasce como resposta
ao esgotamento desse ensimesmamento da arte com as modalidades canônicas – pintura e
escultura – explorando-se, investigando suas naturezas até o avesso. Entre os índices – e são
tantos! – desse esgotamento, figuram desde o retorno de questões e fórmulas antes vistas como
ultrapassadas – a pintura e a escultura figurativas, de conteúdo político, mitológico etc. – até o
florescimento de expressões híbridas, quando não inteiramente novas, como as obras que
oscilavam entre a pintura e a escultura, os happenings e as performances, as obras que exigiam
a participação do público, as instalações, a arte ambiental etc.
Alguns artistas brasileiros e contemporâneos:

FIGURA 41 – ZERO DOLLAR, DE CILDO MEIRELES.

67

FONTE: Disponível em: <http://www.escritoriodearte.com/listarQuadros.asp?artista=245>

Acesso em: 16 fev. 2009.

FIGURA 42 – SEM TÍTULO (1986), DE NUNO RAMOS.

FONTE: Disponível em:


<http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=artistas_critic
as&cd_verbete=2916&cd_item=15&cd_idioma=28555>. Acesso em: 14 fev. 2009.
FIGURA 43 – DANIEL SENISE.

68

FONTE: Disponível em: <http://www.tecepe.com.br/bienal/>. Acesso em: 14 fev. 2009.

FIGURA 44 – RETRATO 2002, DE LEDA CATUNDA.

FONTE: Disponível em: <http://fortesvilaca.com.br/exposicoes/2002/12-leda-catunda/foto-


1.html>. Acesso em: 14 fev. 2009.
Ainda sobre a arte contemporânea, a 28ª Bienal de São Paulo (dezembro/2008) é um
modelo do que a arte sugere para a atualidade. Na foto abaixo, você pode perceber a magnitude
da obra, a qual pretende que o visitante possa interagir com a produção artística.

FIGURA 45 – ESCORREGADOR, DO ARTISTA CARSTEN HÖLLER.

69

FONTE: Disponível em: <http://www.abril.com.br/fotos/bienal-de-arte-2008/?ft=bienal-de-arte-


carsten-holler>. Acesso em: 14 fev. 2009.

Farias (2002) faz um retrospecto do que seria a passagem da arte moderna para a arte
contemporânea:

Primeiro foi o futurismo, e hoje o senso-comum identifica "moderno"


como sinônimo do que há de mais novo, o mais atual ou mais
contemporâneo. Mas, no que se refere à arte, moderno é uma coisa, e
contemporâneo, outra. Moderno é o nome de um movimento com
características particulares que nasceu na Europa, com variados
desdobramentos por quase todos os países do Ocidente, e que entrou
em crise a partir da década de 1950. A partir daí, foi sendo substituído
por um conjunto de manifestações que, cada qual dotada de
peculiaridades, foi, na falta de um nome melhor, reunido sob a etiqueta
simples e genérica de arte contemporânea. (FARIAS, 2002).

70

Agora é a sua vez!!!

Vamos refletir um pouco sobre a arte contemporânea!

Leia as perguntas e tente responder mentalmente. Procure dentro de você os


significados de cada obra, as qualidades de cada artista.

 O que você pensa sobre a arte contemporânea?


 O que cada artista procurou mostrar com as obras abaixo ilustradas?
 Qual a ligação com o tema abordado "em vivo contato" (pretendia refletir sobre a
função da exposição)?
 Você compraria uma obra dessas? Até quanto pagaria?
FIGURA 46 – ÁLBUM DE FOTOS DA 28ª BIENAL DE SÃO PAULO.

71

FONTE: Disponível em: <http://www.abril.com.br/fotos/bienal-de-arte-2008/?ft=bienal-de-arte-


carsten-holler>.

Acesso em: 16 fev. 2009.


4 UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS ARTÍSTICOS NO PROCESSO TERAPÊUTICO

4.1 ENCONTRO DA PSICOLOGIA COM A ARTE

72

Como já estudado, as expressões de estados internos são presentes no percurso da


história do homem. A arteterapia surgiu distinguindo-se como alternativa terapêutica a partir de
1930, quando alguns psiquiatras tiveram sua atenção voltada para os trabalhos desenvolvidos
por alguns pacientes e procuraram, então, uma ligação entre suas produções artísticas e a
psicopatologia que os acometia.

Nessa crescente e contínua evolução, a arte passou a ser utilizada em psicoterapia,


com valor terapêutico, no sentido de propiciar os elementos de criação e as possíveis análises e
elaborações posteriores, ou mesmo “insights” do paciente sobre a natureza de sua criação.

Seguindo o ciclo de desenvolvimento da psicologia, no período contemporâneo,


nasceram algumas linhas de tratamento psicológico, são elas: Gestalt (ênfase nos processos de
percepção e na psicologia da forma), Psicanálise (Freud, seu maior representante, fala dos
mecanismos inconscientes), Análise de Jung (Jung, seu maior defensor e primeiro
psicoterapeuta a utilizar a arte como forma de expressão do inconsciente, interpreta os rituais
como recursos de defesa para minimizar a ansiedade diante do conteúdo inconsciente).
Posteriormente, outras linhas de abordagem psicoterapêutica foram surgindo e determinaram
toda a evolução que a psicoterapia tem atualmente, algumas delas: behaviorismo (valorização
do meio, das contingências ambientais e as relações de causa e efeito, reforços e punições),
Fenomenologia (o fenômeno é analisado da maneira como se manifesta a nossa consciência),
Psicodrama (vivência da realidade pelo reconhecimento das diferenças e dos conflitos e
facilitação na busca de alternativas para a resolução do que é revelado, uso de técnicas de
dramatização).
Segundo Pain e Jarreau (1994), a arteterapia é uma atividade de estimulação à
execução de imagens pela expressão artística, buscando respostas em pacientes/clientes para
que possam se auto-observar, promovendo reflexões sobre desenvolvimento pessoal,
habilidades, interesses, preocupações e conflitos.

Os pesquisadores em arte e educação

descobriram que a expressão por meio da 73


arte era um facilitador na aquisição de

aprendizagens significativas, na expressão

simbólica e emocional, na expressão não

verbal e na aquisição de novas habilidades.

A American Art Therapy Association (1991) postula que a arteterapia e sua prática são
baseadas no conhecimento sobre o desenvolvimento humano e nas teorias psicológicas que,
aliados ao desenvolvimento histórico da arte, possibilitam, em amplo espectro, modelos para o
acesso e os tratamentos educacionais, terapêuticos, cognitivos, na resolução de problemas, na
redução da ansiedade, na estimulação de uma autoimagem positiva etc.

Segundo Monteiro (2007), o autorreforço, ou seja, a satisfação na emissão dos


comportamentos livres da expressão artística possibilita a modelagem de diversos
comportamentos e também a autoexpressão e o relaxamento.

Uma vez instalado o comportamento de representar com recursos artísticos, emoções,


sensações e pensamentos, os comportamentos disfuncionais são passíveis de ser modificados
diante de representações e possibilitam novas discriminações, além de uma clareza do
transcurso habitual entre ambiente (estímulo) – pensamento – sentimento para o indivíduo,
promovendo, assim, o autocontrole (CARVALHO, 2001).

A validade da vivência da atividade artística é tida no poder de experienciar, ter


curiosidade; e, ao final, quando o trabalho é concluído, observar as consequências,
desenvolvendo criatividade, espontaneidade, o que pode tornar a pessoa mais consciente,
enquanto as regras tornam as pessoas mais alienadas, rígidas e ansiosas, dificultando a
resolução de problemas.
74
Philippini (1994) escreveu sobre o desenvolvimento da arteterapia no Brasil,
fundamentando que a arte é usada como ferramenta terapêutica, entretanto é vista por
segmentos mais conservadores com reservas. Contudo, dentro do universo junguiano, ela
sempre esteve presente entre as estratégias terapêuticas dos que trabalham com essa
abordagem. Parte-se da premissa de que os indivíduos, em seu processo de autoconhecimento
e transformação, são orientados por símbolos. Estes emanam do self, centro de saúde, equilíbrio
e harmonia, representando o pleno potencial da psique e a sua essência. Na vida, o self, por
meio de seus símbolos, precisa ser reconhecido, compreendido e respeitado.

O objetivo da arteterapia, na visão junguiana, é o de apoiar e o de gerar instrumentos


apropriados para que a energia psíquica forme símbolos em variadas produções, o que ativa a
comunicação entre o inconsciente e o consciente (PHILIPPINI, 2000).

A arteterapia preserva esse processo na medida em que oferece inúmeros materiais


para que o indivíduo sinta-se livre na escolha daquele que mais lhe for apropriado. Isso tende a
facilitar o despertar da criatividade e desbloquear as defesas inconscientes. As informações que
aparecem na produção podem ser reprimidas, ignoradas e encobertas na mente humana, e
essas informações colaboram para o desenvolvimento de toda a dinâmica intrapsíquica ao
serem transportadas à consciência por meio do processo arteterapêutico.

De acordo com Valladares e Novato (2001), esse processo é facilitado pelas


modalidades e materiais expressivos diversos, tais como tintas, papéis, colagens, modelagem,
construção, confecção de máscaras, criação de personagens e outras infinitas possibilidades
criativas. Todos propiciam o surgimento de símbolos indispensáveis para que cada indivíduo
entre em contato com aspectos a serem entendidos, assimilados e alterados.
As modalidades expressivas devem ser criativas e variadas para o alcance da
compreensão simbólica, e também da função organizadora específica de cada símbolo. Por isso,
é muito importante que o setting terapêutico seja munido de instrumentos indispensáveis à
viabilização desse processo, uma vez que o símbolo contém por meio da linguagem metafórica o
sentido de todos os enigmas psíquicos (PHILIPPINI, 2000).

Pela arte, o paciente transmite o seu sentimento, sua maneira de pensar e o modo
como vivencia e compreende o mundo, fazendo-o de acordo com a sua evolução mental,
emocional, psíquica e biossocial. 75

A produção constitui a reprodução do conhecimento e a estruturação, constituição e


reconstituição do nosso universo interior, pois todo processo criativo, após o momento de se
deixar levar, experimentar e explorar materiais surge como uma necessidade de organizar, de
colocar junto, de arranjar e elaborar o trabalho final.

FIQUE LIGADO!

Com a ansiedade crescente do

mundo globalizado, da informação,

da rapidez, cresce a ansiedade, a

contradição e o questionamento.

Esses aspectos devem ser

favorecidos por modalidades

expressivas que permitam analisar,

inventar e compreender.
Na análise dos trabalhos em arteterapia, é necessário que o terapeuta observe todo o
processo (como começou, se precisou de ajuda, refez alguma etapa do processo, não aceitou o
erro, não gostou do trabalho...). O arteterapeuta deve avaliar as possibilidades de intervenção
que venha ao encontro do objetivo da terapia.

A arteterapia permite infinitas opções de descoberta e reflexão, o que favorece o


equilíbrio emocional do paciente. Ele desenvolve sua criatividade e imaginação, anulando suas
tensões e trazendo à tona suas emoções, temores e fantasias.
76
As propostas trabalham com o equilíbrio psicológico e colaboram no desenvolvimento
motor, intelectual e social, auxiliando no crescimento afetivo, psicomotor e cognitivo, pois permite
a criação, a experimentação, o que gera o prazer de novas descobertas e uma forma mais
satisfatória de se expressar e de se comunicar, uma vez que muitos pacientes têm dificuldades
na sua oralidade. As técnicas construtivas promovem uma melhor consciência e harmonia
corporal.

Segundo postulam Valladares e Novato (2001), podemos considerar que, a partir do


trabalho arteterapêutico, pode-se trazer benefícios seja no aspecto simbólico (pelas imagens)
como comportamental. No atendimento de crianças, a arteterapia ajuda a passar pelos diversos
estágios de desenvolvimento. A linguagem não verbal da arteterapia tem acesso a esse mundo
infantil, ajudando a criança a desenvolver seu universo sensorial, sua consciência corporal, sua
capacidade de representação e construção. Dessa forma, a criança materializa seus conteúdos
emocionais, confrontando-os e fazendo-os interagir para, finalmente, internalizá-los, elaborando
seus mundos interno e externo. Vejamos abaixo o diagrama de benefícios que a arteterapia
pode produzir:
77

A meta inicial da arte na terapia é propiciar uma liberdade expressiva para que o
paciente possa se auto-observar e sentir a si mesmo.

O objetivo, em longo prazo, é que o indivíduo discrimine um maior número de


respostas de reação ao ambiente, podendo promover em seus comportamentos a chave para
seu restabelecimento e manutenção de sua qualidade de vida.

“A arte alimenta-se de ingenuidades, de imaginações


infantis que ultrapassam os limites do conhecimento;
é aí que se encontra o seu reino. Toda a ciência do
mundo não seria capaz de penetrá-lo.”
4.2 PRINCIPAIS LINHAS DE ATUAÇÃO DO ARTETERAPEUTA

Para Selma Ciornai (2004), há três vertentes possíveis em arteterapia:

I. A arte em terapia: utilização de trabalhos de arte no tratamento psicoterápico e


psiquiátrico, focalizando a atenção no material expresso no trabalho da arte 78
(material inconsciente) e do processo de compreensão do significado simbólico
das imagens, buscando insights sobre os conteúdos ali projetados;
II. A arte como terapia: centrado no valor terapêutico do processo criativo e do
fazer artístico em si. É um meio de a arte contribuir para o desenvolvimento de
uma organização psíquica da pessoa, seu senso de identidade e seu
amadurecimento de forma geral. Complementa e apoia a psicoterapia, mas não
a substitui;
III. A arte como terapia: o valor terapêutico da atividade artística está tanto no
processo de criação quanto nas possíveis análises e elaborações posteriores
sobre o processo de criação e os trabalhos realizados.
A arte na terapia valoriza a criatividade e o fazer artístico em si, contribui para a
organização psíquica, reforçando a identidade do paciente e seu desenvolvimento global,
abrindo as portas para o processo de cura.

A arteterapia recebeu notável adesão dos psicoterapeutas por seu uso não restringir
nenhum tipo de paciente, mesmo em seus aspectos mais elementares e nas diversas
dificuldades apresentadas, pois poderia ser utilizada por pacientes que revelassem dificuldades
em falar sobre as questões inerentes ao problema apresentado.

Segundo reportagem publicada (on-line) pela revista de psicologia Catharsis, a


arteterapia é utilizada em instituições de reabilitação física, como AACD, e/ou Deficiência Mental,
como APAE e outras, Hospitais Psiquiátricos, como Juqueri, Hospital das Clínicas, Pinel e
outros, Hospitais de Clínica Geral com clínica de queimados e mutilados, setores das doenças
degenerativas como Câncer, AIDS, Esclerose Múltipla, Alzeimer etc. O centro de referência de
São Paulo (AIDS) possui psicólogos trabalhando com artes com múltiplas funções (SIC). Na
clínica privada, em consultórios, a arte tem sido excelente instrumental nas terapias sexuais,
familiares e nos problemas do dia a dia, principalmente nos casos de dificuldade de
comunicação verbal oral. A arteterapia nos hospitais tem várias vantagens como o atendimento
do paciente no leito ou nas salas de espera. São usuais salas de atendimento coletivo a
crianças. O Centro Odontológico de Araçatuba aplica arteterapia aos pacientes deficientes
mentais. A arte também é utilizada como veículo nos treinamentos empresariais. Entre os
próprios artistas, o valor terapêutico das atividades tornou-se significativa na autocorreção e na
profilaxia. O apoio da Semiótica, principalmente nos aspectos sociais amplos da Psicologia da 79
Arte e da Arteterapia, permitiu que os métodos fossem mais facilmente transmitidos no país,
derivando daí pesquisas interculturais.

As principais linhas de psicoterapia, que atuam e fundamentam-se dentro das


vertentes acima citadas, que consolidaram o uso da arte no processo de tratamento foram: a
Análise de Jung, a Gestalt e o Psicodrama. Vejamos agora cada uma delas em particular.

4.2.1 Psicologia Analítica

Carl Jung foi o primeiro psicoterapeuta a utilizar a arte (pintura, escultura, bricolagem)
como forma de expressão do inconsciente no tratamento com pacientes psicóticos (em razão de
suas dificuldades de fala). Sua Psicologia Analítica baseava-se no conhecimento dos “mitos”, ou
seja, dos discursos explicativos que não são “racionais e lógicos”, com uma lógica própria, que é
contraditória, ambígua, paradoxal, lacunar, simbólica, figurativa, imaginativa, alegórica,
arquetípica e estética.

A primeira leitura de mundo que formulamos está carregada de uma consciência


mítica, ou seja, das características do discurso mítico. Portanto, os mitos continuam a fazer parte
de nossa vida, como uma das formas de pensar ou de imaginar o existir humano.
Os mitos procuram equacionar e responder aos desejos de nosso inconsciente, que
são neles projetados pelo discurso ambíguo e paradoxal, por isso sua importância para a
arteterapia.

Para Jung, as funções psicológicas fundamentais eram: pensamento, sentimento,


sensação e intuição.

O pensamento está relacionado com a verdade, com julgamentos derivados de


critérios impessoais, lógicos e objetivos com a missão de analisar as alternativas e de elaborar 80
julgamentos e tomar decisões.

Os indivíduos em que predomina a função do pensamento são chamados de


reflexivos, ou seja, são grandes planejadores, estabelecem metas e são fiéis às suas teorias,
acima de qualquer suspeita.

Já aqueles dominados pelo sentimento, são orientados para o aspecto emocional da


vida, preferem emoções fortes e intensas (mesmo que negativas) a experiências apáticas e
tranquilas. A pessoa sentimental valoriza muito a consistência e princípios abstratos, toma
decisões de acordo com julgamentos de valores éticos (certo x errado) em detrimento da lógica
do reflexivo.

Os indivíduos sensitivos tendem a responder à situação vivenciada imediatamente e


lidam de forma eficiente com todos os tipos de emergências; estão prontos para qualquer
infortuito.

Para os intuitivos, as supostas consequências da experiência (o que poderia


acontecer, o que é possível) são mais importantes do que a experiência real por si mesma.
Pacientes muito intuitivos dão significado às suas percepções com tamanha rapidez que,
dificilmente, conseguem separar suas interpretações conscientes dos dados sensoriais.

“Uma obra de arte é um ângulo visto através


de um temperamento”. (Emile Zola)
4.2.2 Gestalt

Sendo desenvolvida por Frederick S. Perls, a Gestalt-Terapia teve colaboração de três


fontes distintas: psicanálise (essencialmente na versão modificada de Wilhelm Reich), a
fenomenologia – existencialismo europeu, e a psicologia da Gestalt.
81
Sob a ótica gestaltista, o organismo saudável é aquele que está constantemente
encarregando-se de matérias (transações organismo-meio) de importância para a sua
manutenção e sobrevivência. A maioria do comportamento dirigido tem lugar nas fronteiras
variáveis do organismo e do meio, em que aquilo que é novo e alheio no meio ambiente é
contatado e converte-se em parte do organismo (por exemplo, as palavras que são ouvidas e
compreendidas).

Dentro da Gestalt, faz-se muito importante a chamada conscientização, a qual se


desenvolve quando a novidade e complexidade da transação são maiores e existe um grande
número de possibilidades. A tomada de consciência facilita a eficiência, concentrando todas as
qualidades do organismo nas situações mais complexas e carregadas de possibilidades.

A conscientização é, assim, um estado de consciência que se desenvolve


espontaneamente quando a atenção se concentra em uma região da fronteira de contato
organismo-meio, inclui pensamento e sentimento, mas baseia-se na percepção atual da situação
corrente. Por exemplo, a conscientização de comer incluiria a aparência, aroma, e paladar do
alimento; o sentido cinestésico da destruição do alimento pela mastigação e deglutição; e os
afetos associados de prazer ou de repugnância. De fato a maioria das pessoas entrega-se a
devaneios enquanto come, qualquer coisa menos a atividade organísmica em curso. Como não
acarreta uma satisfação substancial nem resolve com êxito qualquer negócio inacabado, as suas
consequências são tornar o comportamento real em curso menos satisfatório e criar mais
negócios inacabados.

Nesse momento, pode-se estabelecer pontes com a nossa realidade. As pessoas


vagando em suas lembranças ou fantasias, vivendo vários momentos sem se dar conta do que
está fazendo e como está fazendo, quantas pessoas comem sem ao menos perceber qual
alimento estão degustando. Inúmeras vezes, a pessoa deixa de viver o momento presente,
pensando no anterior ou no que virá adiante, deixando de viver grande parte de sua vida por
culpa de suas lembranças e expectativas, deixando de completar o que foi começado e, assim,
interrompendo muitos ciclos. Essa é uma das maiores qualidades da Gestalt-Terapia: fazer com
que o indivíduo viva mais o momento presente, deixando de lado os seus pensamentos
passados e suas expectativas futuras.

A intervenção baseia-se num comportamento atual e concreto; uma preocupação


presente está envolvida. Pergunta-se o que está acontecendo ou o que é que está fazendo, 82

operando continuadamente para estimular e ampliar o senso de responsabilidade do paciente de


seu próprio comportamento. A Gestalt não nega a influência do passado importante, realmente
presente de alguma forma na atualidade. O passado pertinente está presente no aqui-agora, se
não em palavras, em tensão e atenção corporal que se espera poder levar à conscientização.

Para a Terapia Gestáltica, a relação que se estabelece com o meio é o que


determinará o nível de saúde mental. No caso de um mal funcionamento psíquico, a
conscientização não se desenvolve nessa região de interação e a terapia buscaria uma
reintegração da atenção e da conscientização (eu todo, cônscio daquilo que o organismo se
aplica), superando as barreiras e bloqueios e ajudando a restabelecer as condições que o
paciente poderá usar a sua própria capacidade de resolução de problemas.

O terapeuta observa as divisões na atenção e conscientização em busca de provas de


que a atenção focalizada está desenvolvendo-se fora da conscientização. Além do conteúdo
intencional do discurso do paciente, há também metáforas e imagens, como a seleção da voz,
modo e tempo do verbo, todo um fundo linguístico que modifica e enriquece o significado de
suas palavras. Tudo isso se relaciona com as dificuldades do paciente em viver uma vida
organismicamente satisfatória.

Por esse e outros detalhes, o paciente revela até que ponto evita o contato com a
atualidade corrente, e o quanto as atividades tidas “inconscientes” principiam destacando-se na
Gestalt total e competem com o conteúdo verbal. O paciente é encorajado pelo terapeuta a
dedicar alguma atenção a essas outras atividades, descrevendo o que está fazendo, vendo,
sentindo, e assim compreendendo o que se passa e ganhando uma conscientização do que está
fazendo.
Por exemplo, uma mulher paranoide em terapia enumera suas queixas delirantes,
como a de que o marido quer envenená-la, mas também menciona uma dor muito forte na nuca,
como se tivesse sido atingida por um golpe de judô e também diz que seu marido pratica o judô.
Não tarda em contar que o marido a despreza e ignora, flertando com outras mulheres.
Temporariamente a solução paranoide é abandonada por ela.

À medida que o indivíduo recorre a um meio para o bloqueio transitório ou crônico da


conscientização, deixa várias áreas do eu alienadas e inacessíveis, dificultando mais do que
facilitando o fluir da vida. O indivíduo, nesse estado, sente-se fraco e dividido, atraído e repelido 83

por forças estranhas a si próprio, tornando-se desgracioso e inepto, acumulando “negócios


inacabados” (ciclos necessários que não podem ser completados, a tensão aumenta, mas não
há expressão do afeto) e consequentemente há frustrações.

O pressuposto básico da Gestalt é que os pacientes tratarão adequadamente dos


problemas se souberem quais são e puderem mobilizar todas as suas capacidades para resolvê-
los. Assim, a pessoa mentalmente saudável é aquela em quem a conscientização pode se
desenvolver sem bloqueios, sempre que a atenção organísmica é provocada. Mesmo com
conflitos, é capaz de encontrar soluções rápidas e adequadas e não amplia os seus problemas
reais com elaborações fantasiosas.

Outra característica central da Gestalt-Terapia é que o paciente, sempre que possível,


realiza a sua própria terapia, as suas interpretações, suas declarações diretas e sua
conscientização, estabelecendo um contato mais íntimo com o mundo real e com os seus
próprios sentidos.

Na Gestalt, uma imagem é capaz de ter a mesma eloquência que um discurso falado
ou mesmo que um livro. Tudo depende da ordem e da intensidade em que são organizados: a
sua configuração ou forma.

De acordo com os princípios da Gestalt-Terapia e do humanismo, é importante durante


o desenvolvimento do processo de arteterapia:

 Dar ênfase ao que o participante/paciente vê ou descreve: o que você vê?


 Acompanhar o processo de realização do trabalho (ver como o paciente está
realizando o trabalho – como conseguiu chegar ao resultado final);
 Adotar uma conduta dialógica com o paciente (colocar-se no lugar dele, aceitá-lo,
vê-lo com seus próprios olhos);
 O que acontece entre o terapeuta e seu cliente; essa relação deve ser levada em
conta.
Exemplos de trabalhos realizados nessa abordagem:

 Pintura (a dedo, acrílica, óleo, em telas, em tecidos, em porcelanas etc.);


 Desenho (grafite, lápis, aquarela etc.);
 Escultura (madeira, argila, gesso etc.); 84

 Artesanato (conforme a especificidade da região);


 Dança (associados aos costumes locais e interesse do paciente);
 Teatro;
 Música.
Veja, a seguir, alguns trabalhos de pacientes em arteterapia:

FIGURA 47 – TRABALHO DE ADOLESCENTE EM TRATAMENTO COM SINTOMAS


DEPRESSIVOS.

FONTE: ARQUIVO PESSOAL


FIGURA 48 – CAIXA DE MADEIRA PINTADA POR PACIENTE EM TRATAMENTO DE
TRANSTORNO BIPOLAR.

85
FONTE: ARQUIVO PESSOAL

FIGURA 49 – PRODUÇÃO REALIZADA POR PACIENTE EM TRATAMENTO, COM


DIFICULDADES DE EXPRESSÃO, INTROVERSÃO E TIMIDEZ.

FONTE: ARQUIVO PESSOAL


FIGURA 50 – CAIXA DE MADEIRA PINTADA POR UM PACIENTE COM NECESSIDADES
ESPECIAIS.

86

FONTE: ARQUIVO PESSOAL

“Todas as artes contribuem para a maior de


todas as artes, a arte de viver.”

(Bertold Brecht)

4.2.3 Psicodrama

Psicodrama pode ser definido como uma via de investigação da alma humana
mediante a ação. É um método de pesquisa e intervenção nas relações interpessoais, nos
grupos, entre grupos ou de uma pessoa consigo mesma. Mobiliza para vivenciar a realidade a
partir do reconhecimento das diferenças e dos conflitos e facilita a busca de alternativas para a
resolução do que é revelado nas dramatizações, expandindo os recursos disponíveis da pessoa
participante.
FIGURA 51 – TEATRO ESPONTÂNEO.

87

FONTE: Disponível em: <www.saskiapsicodrama.com.br>. Acesso em: 18 fev. 2009.

O uso do Psicodrama no consultório pode ser realizado individualmente ou em grupo,


atuando de forma psicoterapêutica, interpretando, durante uma dramatização, um ou mais
papéis relacionados a seus problemas existenciais, sejam eles atuais, antigos, reais ou apenas
fantasias.

Etapas do Psicodrama:

 Aquecimento: processo de preparação para uma ação. Pode utilizar-se de


arranques (estímulos) físicos ou mentais;
 Dramatização: ação ou atividade decorrente do aquecimento;
 Compartilhamento e elaboração: após a etapa da ação, a pessoa deve
estabelecer uma análise sobre seus sentimentos e pensamentos evocados
durante o processo resultando numa compreensão mais profunda de si mesmo e
da situação.

Os principais objetivos do Psicodrama são:

 Restabelecer os potenciais de espontaneidade/criatividade das pessoas;

 Desenvolver a percepção sobre si mesmo, o outro e o mundo;


 Promover o desempenho adequado dos papéis;
 Tornar a pessoa diretor, autor e ator de seu próprio drama, de sua própria vida.

“A arte tem uma maneira oblíqua de dizer as


coisas, buscando zonas obscuras, a dos
naufrágios. A realidade é importante, mas o
filtro da arte é muito mais.” 88

Antonio Tabucchi

4.3 MODELO DE ESTRUTURAÇÃO DAS SESSÕES DE ARTETERAPIA

A arteterapia é capaz de estimular a expressão, a espontaneidade, a comunicação e


principalmente o trabalho com a criatividade. Esse trabalho tem potencial curativo, assim a força
psíquica transforma-se em uma imagem, que por meio da simbologia vai formando-se e surgindo
conteúdos internalizados. A principal meta é o autoconhecimento.

Monteiro (2007) denota que por intermédio da compreensão profunda de si somada a


uma abordagem criativa da vida e por meio da combinação de várias atividades, a arte
promoverá mudanças internas e a superação de problemas, podendo levar ainda a um estado
de equilíbrio natural, no qual você olha para si e para o mundo, construindo símbolos que
libertam emoções e ideias. A arteterapia também se apresenta como uma possibilidade de
organização emocional, intelectual e espiritual da personalidade do homem.

Ser terapeuta significa cuidar, servir, mediar a relação entre os homens e os deuses.
Podemos dizer que existe um ponto de encontro nessa junção, em que uma potencializa a outra
e que o objetivo primordial da utilização da atividade artística e o favorecimento do processo
terapêutico.
A arteterapia recebeu notável adesão dos psicoterapeutas por seu uso não restringir
nenhum tipo de paciente, mesmo em seus aspectos mais elementares e nas diversas
dificuldades apresentadas, pois poderia ser utilizada por pacientes que revelassem dificuldades
em falar sobre as questões inerentes ao problema apresentado.

A arte na terapia valoriza a criatividade e o fazer artístico em si, contribui para a


organização psíquica, reforçando a identidade do paciente e seu desenvolvimento global,
abrindo as portas para o processo de cura.
89

A. O PRIMEIRO CONTATO

As pessoas que buscam terapia provavelmente já realizaram muitas tentativas de


solucionar seus problemas sozinhos ou com a ajuda habitual. No entanto, não obtiveram êxito. A
alternativa de busca de um processo psicoterapêutico vem carregada de um sentimento de
frustração (de não ter conseguido solução por si mesmo) e de ansiedade para que se encontre a
resolução o mais rápido possível. Nem sempre essa situação é clara para o paciente; às vezes,
isso está de certa forma no inconsciente da própria pessoa, ou se ela for criança, sua forma de
pedir ajuda será por seus sintomas.

Muitas vezes, para o psicoterapeuta, e no caso daqueles que trabalham com


arteterapia, essa situação não é suficientemente clara, mas deve ser explorada nas primeiras
entrevistas.

Há casos em que não é um indivíduo isolado que vem buscar a psicoterapia, mas
trata-se de um grupo. É comum que essa busca grupal venha por meio do pedido de terceiros.
Por exemplo, a “escola” pede para se trabalhar uma determinada “turma-problema”. De qualquer
forma, há sempre situações em que não se está obtendo as respostas necessárias ou
adequadas, isto é, há um comportamento ou sintoma que não deveria estar ocorrendo. Por
exemplo, o caso de uma turma “agitada”, “bagunceira” que não respeita ordens ou disciplina.

É muito importante para o profissional que vai fazer o trabalho identificar essa
necessidade do indivíduo ou do grupo, ou seja, aquilo denominado de demanda. Para isso, o
profissional, ao ser contatado pela pessoa interessada, deverá explorar essa situação com
precisão.

B. CONTRATO

O contrato para a realização do trabalho de terapia deverá ser claro e delimitar bem as
atribuições dos papéis do terapeuta e dos pacientes. Algumas questões devem ser estipuladas,
tais como:
90
– Local;

– Horário;

– Duração das sessões;

– Material a ser utilizado (telas, argila, pincéis etc.);

– Recursos disponíveis (projetor, palco, mesas etc.);

– Forma de pagamento;

– Funcionamento das sessões;

– Condição primordial: sigilo.

C. ENTREVISTA INICIAL

É o momento de buscar identificar as necessidades do paciente (demanda) e obter


dados sobre a sua história. Esses são elementos que ajudarão a estabelecer um diagnóstico da
situação do sujeito. Segue abaixo um roteiro de anamnese, sugerido por Rosa Cukier (1996):

a) Constelação familiar – dados sobre os pais e avós (idade, profissão, saúde...),


ordem dos dados sobre sua família de origem:

 Nascimento dos irmãos – genetograma;


 Seus pais se casaram por amor?
 Como resolveram ter filhos? Os filhos foram programados?
 Sua gestação foi “curtida”?

 Que expectativas seus pais tinham em relação a você? (menino x menina).


b) Nascimento:

 O que você sabe sobre seu parto?


 Você foi amamentado?
 Teve algum problema como recém-nascido?

c) Primeira infância:
91
 O quê você se lembra de sua primeira infância (até os sete anos
aproximadamente)?
 Como era a relação de seus pais?
 Quem era mais bravo? Mais carinhoso?
 Como seus pais davam “bronca” ou lhe cobravam?
 Quem gostava de ficar com você?
 Você se lembra de seus irmãos nessa época?
 Com quem você se dava melhor?
 Você tinha amigos? Como eram? Do que brincavam?
d) Escola:

 Quando foi para a escola? Como foi?


 Como você era como aluno?
 Tinha facilidade para aprender?
 Como eram seus amigos na escola?
e) Adolescência:

 Como foi tornar-se mocinha(o)? Como foi a primeira menstruação?


 Você tinha amigos? Turma?
 Você se considerava bonita(o)?
 Você tinha namorada(o)?
 Como era na escola?
f) Sexualidade:

 Com que idade iniciou as relações sexuais?

 Foi bom ou ruim?


 Quais foram os namorados(as) mais importantes? Quanto tempo durou o namoro
e por que terminou?
g) Vida profissional:

 Quando começou a trabalhar?


 Trabalha com o que gosta? Gostaria de mudar?
 O que espera de seu futuro profissional?
h) Vida adulta:
92
 O que pensa sobre o casamento? Deseja ter filhos?
 O que espera para o futuro?
 Como você avalia sua vida?
i) Vida madura:

 Se fizesse um balanço de sua vida até agora, o que valeu a pena e o que quer
mudar?
 Como você encarou as mudanças em sua vida?
 O que espera hoje para sua vida que você possa obter?

D. PROCESSO TERAPÊUTICO

Baseado na identificação da demanda do paciente e seus dados de anamnese, é


possível estabelecer um diagnóstico e um plano de trabalho terapêutico conforme o referencial
teórico metodológico de cada profissional terapeuta.

E. DESENVOLVIMENTO

A partir de seu referencial teórico, é possível desenvolver as sessões de psicoterapia.


De acordo com Joya Eliezer, o desenvolvimento da Arteterapia tem alguns benefícios, como:

 Melhora a comunicação consigo mesmo e com o outro;


 O cliente torna-se mais independente do terapeuta, pois é ativo, cria nas sessões;
 O tempo do tratamento é menor, pois a transferência é reduzida, a atividade
diminui o valor desta;
 Favorece a busca da harmonia e do equilíbrio da vida;
 Facilita o diagnóstico, propiciando leitura de material pré e inconsciente por meio
de imagens sonoras, táteis e cinestésicas;
 Aumenta a espontaneidade e a criatividade positivamente orientadas.

F. AVALIAÇÃO 93

Na avaliação, deve-se estabelecer o período em que vocês irão conversar


sistematicamente sobre a evolução do processo. Para critério de comparação e para não se
perder, o foco das sessões deve-se ter sempre como referencial o diagnóstico inicial e os
resultados esperados e obtidos.

4.4 O CONSULTÓRIO

A aparência e a organização do consultório do arteterapeuta é fundamental para a


criação de um ambiente espontâneo de trabalho, despertando a imaginação e a criatividade.
Não é um consultório médico ou uma sala de aula. É um lugar agradável, que possibilita trilhar,
de forma prazerosa, diferentes caminhos da arte.

As qualidades objetivas e subjetivas do consultório possibilitarão a construção dos


vínculos interno e externo do paciente com ele. O que será esse consultório internalizado? É
aquele que existe no mundo interno do paciente como um lugar em que se sente estimulado
a criar, onde poderá falar e viver suas esperanças, medos e dificuldades. Os aspectos
inconscientes poderão revelar-se e, assim, possibilitar a descoberta dos verdadeiros
entraves existentes no processo simbólico e cognitivo.
As vivências nesse novo espaço definido formalmente, com características específicas,
auxiliam o paciente na total liberdade de agir, dramatizando situações que o constrangem e
experimentando a liberdade de expressão.

Seguem-se alguns aspectos materiais e da sala que considero desejáveis no


consultório de arteterapia:

 Uma mesa de tamanho regular com os dois lados vazados para proporcionar 94

maior comodidade;
 Se houver intenção de atendimento em grupo, é preciso planejar o mobiliário
visando ao número de pacientes previsto;
 Claridade, simplicidade, conforto, aconchego, beleza;
 Papéis de vários tipos, cores e texturas;
 Tintas para diversos usos (tecido, guache, acrílica para madeira ou gesso, óleo
para tela, acrílica para tela etc.);
 Lápis de cor, giz pastel e aquarela;
 Telas para pintura;
 Sucata de todo tipo para trabalhos com recicláveis;
 Tecidos para limpeza de pincéis;
 Potes para lavagem dos pincéis;
 Jornal para forrar a mesa e facilitar a limpeza;
 Possibilidade de boa arrumação para o material de uso;
 Funcionalidade;
 Possibilidade de manter o sigilo quanto aos produtos feitos e aos aspectos da
individualidade de cada um;
 Armários para preservação do sigilo do material de cada paciente;
 Armários ou estantes para guardar o material de uso nas sessões. O acesso a esse
local deve possibilitar duas abordagens diferentes da questão:
a) O terapeuta faz uma seleção prévia do material e o deixa sobre a mesa, e
assim o paciente não tem acesso a esse local;
b) O paciente tem fácil acesso ao armário do material, sendo-lhe permitida a
livre escolha.
FIGURA 52 – MODELO DE MATERIAIS PARA ARTETERAPIA.

95

FONTE: ARQUIVO PESSOAL

As duas situações deverão ser definidas em função das características de cada


tratamento, que, por sua vez, tem base no diagnóstico individual.

 Computador com todos os recursos da atualidade, como: multimídia, microfone,


acesso à internet. O seu uso deve ser complementado com o scaner e a
impressora colorida. É importante instalar algum tipo de editor de texto e editor
gráfico, assim como uma variedade de softwares;
 Livros para realizar pesquisas e buscar ilustrações;
 É desejável que o chão da sala seja forrado com material lavável que não acumule
poeira, seja de fácil limpeza para o caso de queda de tinta, cola e agradável para os
pacientes que gostam de trabalhar no chão;
 Acho interessante que a sala possua dois ambientes: um para trabalho de arte com
os pacientes e outro "cantinho" com sofá, almofadas ou poltronas confortáveis para
promover atividades de relaxamento ou para trabalhar com conteúdos verbais ou
expressos nas atividades;
 É de grande utilidade ter-se na própria sala do consultório um lavatório com água
corrente. Tal peça permitirá aprontar tintas e outros materiais, lavar as mãos sem
sair da sala, mexer com água, o que é ao mesmo tempo uma experiência do
mundo físico e de valor emocional;
 O consultório, considerado como uma das constantes do tratamento, deve
permanecer o mais imutável possível. Deve-se evitar a troca de sala, mudança de
mobiliário e demais objetos. A constância do espaço terapêutico é estruturante para
o paciente, principalmente para aquele que já passou por sucessivas trocas de
casa, de escola ou de profissionais. É preciso proporcionar-lhe algo estável; 96
 Os referenciais tempo e espaço, constantes no enquadramento terapêutico, são
referenciais para todo ser humano. Por isso, é necessário que o paciente saiba de
antemão as mudanças que serão feitas no consultório, bem como a troca de sala.

FIGURA 53 – SALA DE ARTETERAPIA.

FONTE: ARQUIVO PESSOAL

A decoração fica a critério do terapeuta, porém é bom lembrar que cada aspecto do
consultório entre nos processos de elaboração dos pacientes. Portanto, cuidado com
excessos!
“Na arte, a inspiração tem um toque de magia, porque é uma coisa absoluta,
inexplicável. Não creio que venha de fora pra dentro, de forças sobrenaturais.
Suponho que emerge do mais profundo "eu" da pessoa, do inconsciente
individual, coletivo e cósmico.’ (Clarice Lispector)

97
5 AS DIVERSAS FORMAS DE EXPRESSÃO

FIGURA 54 – A ARTE

98

FONTE:Disponível em:< http://1.bp.blogspot.com/-


Z_tHit0Ovfg/TZCPca8tYNI/AAAAAAAABfg/2kp8AdzPAR4/s400/IMG_8020.JPG>. Acesso em: 29
dez. 2011

Chama-se linguagem artística o veículo que possibilita dar forma a determinada ideia.
As linguagens são constituídas de vocabulário próprio. Assim, o desenho tem a linha como
vocábulo, e o conjunto de linhas utilizadas em direções diferentes, com intensidades variáveis,
será o vocabulário dessa linguagem.

Pintura, desenho, colagem, escultura, modelagern, sucata, dramatização, canto,


música, dança e expressão são recursos utilizados com a finalidade de estimular o indivíduo a
expressar-se livremente, dando asas à sua imaginação e à sua criatividade, pois será por
intermédio dessas atividades que o cliente manifestará seus sentimentos, pensamentos,
desejos, fantasias e emoções, descobrindo aspectos de sua personalidade que antes eram
desconhecidas (MONTEIRO, 2007). Destarte, a arteterapia pode ser utilizada em escolas,
consultórios, hospitais, educação especial e empresas.

O uso de técnicas de relaxamento, visualização criativa e trabalhos de corpo permitem 99


uma maior capacidade de expressão criativa. Vejamos algumas atividades que buscam inserir a
arte no contexto terapêutico.

5.1 DESENHO

O desenho é das mais antigas e mais acessíveis manifestações da arte. O desenhista


passa para o papel imagens e criações da sua imaginação, fruto da criatividade. É constituído
por linhas, pontos e formas. Há várias maneiras de fazer desenhos com os mais diversificados
materiais.

Ao longo da história da arte, o desenho foi utilizado com diferentes funções. Até o
Renascimento, o desenho era considerado um esboço. Após esse período, ganhou o status de
obra pronta.

Albrecht Durer foi um grande desenhista e o primeiro a criar o autorretrato. Seu


desenho é composto de linhas limpas com a direção do traço sugerindo volume e
proporcionalidade, uma obra bastante realista.
FIGURA 55 – ALBRECHT DURER – AUTORRETRATO (1491).

100

FONTE: Disponível em: <http://literaturaearte.blogspot.com/2007/11/desenhos-de-durer.html>.


Acesso em: 19 fev. 2009.

É comum ouvir comentários sobre os retratos de Dürer, pois parecem fotografias. O


artista enfatiza o rosto, mas não negligencia o restante do corpo, tronco, representa de alguma
forma seu estado corporal. Cria passagens brandas do escuro para o claro e dá a impressão de
volume com a direção da linha que se altera e com regiões de sombra em oposição às regiões
de luz.

No Renascimento, os artistas partiam de certa concepção de beleza, a valorização das


concepções estilísticas da antiga Grécia (estilo neoclássico). O retrato do músico Paganini,
realizado por Jean-Auguste Dominique Ingres, é um exemplo do desenho neoclássico. Há uma
linha que percorre todo o contorno da figura. A forma, para Ingres, estava submetida à linha.
Para ter uma linha contínua, a anatomia poderia ser sacrificada. Seu traço é preciso, estudado,
calculado. O rosto do artista destaca-se, criando uma aura de poder. O olhar é soberbo e
atravessa o observador. O casaco desenhado apresenta seus volumes pela direção das linhas e
por algumas texturas que Ingres insere, como, por exemplo, na manga direita. As pernas da
calça são sugeridas por uma linha fina que alonga a figura.

Pintor modernista brasileiro, Flávio de Carvalho utilizou-se, na Série Trágica, da função


dramática da linha. Um de seus desenhos mostra a mãe do artista, doente, na cama. O uso de
várias linhas sobrepostas cria uma texturização e mostra uma forma muito construída com uma
linha quase nervosa, que não para em um único traço, mas une-se para criar uma ideia sobre a
cena. A função da linha aqui se altera para a expressão da emoção que emana da cena.

O artista se detém no perfil da mãe que agoniza e cria uma moldura com os braços.
Isso nos dá uma ideia do desespero e da dor que parecem impregnar a cena narrativa. A obra
expressionista atribuiu um sentido dramático à cena. Diferentemente do neoclassicismo de 101
Ingres, a preocupação de Flávio de Carvalho não era lidar com uma forma bela, mas transmitir a
atmosfera de sofrimento que cercava a situação da qual ele fazia parte (PEREIRA, 2007).

FIGURA 56 – PAGANINI, REALIZADO POR JEAN-AUGUSTE DOMINIQUE INGRES.

FONTE: Disponível em: PEREIRA, K. H. Como usar artes visuais na sala de aula.

São Paulo: Contexto, 2007.


FIGURA 57 – FLÁVIO DE CARVALHO - SÉRIE TRÁGICA.

102

FONTE: Disponível em: PEREIRA, K. H. Como usar artes visuais na sala de aula.

São Paulo: Contexto, 2007.

A artista brasileira, Tarsila do Amaral, tinha uma ligação interessante com o desenho,
pois guardava rascunhos de suas obras, tal como a tradição das mulheres de guardar seus
riscos de bordados ou mesmo de pinturas em tecido. Supostamente, Tarsila primeiro rascunhava
o desenho em papel e mesmo depois de passá-lo para a tela preservava o rascunho original.
Veja as figuras abaixo:
FIGURA 58 – ABAPURU ESTUDO - NANQUIM SOBRE PAPEL DE

TARSILA DO AMARAL.

103

FONTE: Disponível em: <http://www.companhiadasartes.com.br/Leiloes/Catalogo/001.htm>.

Acesso em: 19 fev. 2009.

FIGURA 59 – ABAPURU (1928) – ÓLEO/TELA DE TARSILA DO AMARAL.

FONTE: Disponível em: <http//www.tarsiladoamaral.com.br/obras2> Acesso em: 13 fev. 2009.


5.2 MÚSICA

A música na Grécia era a expressão de um homem livre, fonte de sabedoria e


consequentemente indispensável para a educação. Vale citar que “educar” para os gregos era
mais do que a simples transmissão de conhecimentos, pois o objetivo maior era a formação do
caráter da pessoa (SANTOS, 2006).

104

A música é definida como a

sucessão de sons e silêncio

organizada ao longo do tempo. A

música é usada de variadas

formas, como artística, militar,

educacional, terapêutica e

religiosa.

A música é dividida em três elementos: melodia (organização simples de uma série de


sons musicais), harmonia (é o agrupamento agradável de sons ouvidos simultaneamente) e o
ritmo (combinações infinitas de diferentes durações e ou combinações variadas em diferentes
formas de movimento, alternando-se com inúmeras formas de repouso).

Os sons que formam as músicas são chamados de notas musicais, são elas: dó, ré,
mi, fá, sol, lá e si (divididas em alturas diferentes, sendo graves ou agudas). A combinação
diversificada dos elementos melodia, ritmo e harmonia dão origem ao que chamamos de
gêneros musicais. Entre alguns exemplos, podemos citar o rock, pop, rap, funk, tecno, samba,
country, jazz e blues. Contudo, os estilos são tão variados que novas combinações surgem a
todo tempo.
A música facilita a expressão e comunicação de emoções, sensações, percepções e
pensamentos que refletem o modo de sentir, perceber e pensar de cada um.

5.3 TEATRO

Teatro ou arte cênica é uma forma de arte apresentada em um palco ou lugar 105
destinado a espectadores. São gêneros de representações teatrais: Trágico, drama, cômico,
musical e dança.

Dentro da arteterapia, faz-se importante o estudo e uso do teatro enquanto mecanismo


de conscientização psíquica e reorganização e ampliando o repertório de comportamentos para
lidar com situações conflituosas. Jacob Levy Moreno criou o teatro da improvisação ou da
espontaneidade. Nesse sentido, fala-se de Psicodrama, no qual os pacientes (atores amadores)
recriam as situações do seu cotidiano, facilitando a comunicação e melhorando a socialização
dos pacientes.

Diariamente temos a necessidade de sermos "bons" e "aceitos" pela sociedade, com


isso temos de reprimir nossa intuição, nossa espontaneidade, criatividade e até mesmo nossa
agressividade. As regras sociais tendem a reprimir essas tendências para evitar situações de
desordem.

Esses conteúdos não expressos permanecem dentro de nós, interiorizados. Se o ser


humano quiser gozar de saúde (física e mental), precisa confrontar-se com esses recursos
internos.

Por meio do autoconhecimento, enfrentamos nossas "sombras" e tentamos aproximar-


nos da compreensão, dissolvendo esses conteúdos complexos, permitindo uma harmonia entre
as diferenças que nos habitam.
FIGURA 60 - SOMBRAS

106

FONTE: Disponível em:<


http://www.oartesanato.com/sites/www.oartesanato.com/files/imagecache/normal/M%C3%A1sca
ras-de-Halloween-para-imprimir1.JPG>. Acesso em: 29 dez. 2011.

5.4 DANÇA

A dança é a arte de movimentar o corpo em determinado ritmo, ou seja, é a arte de


mover o corpo de forma harmônica, coordenada. Dançando você pode expressar todos os seus
sentimentos, emoções, alegrias e outros por meio dos movimentos.

Algumas danças são muito conhecidas:

 Ballet;

 Tango;
 Samba;
 Sapateado;
 Bolero.

Para Guedes (2008), a dança é considerada uma das mais antigas formas de
expressão corporal e artística do homem. Historicamente, os movimentos corporais sempre
estiveram presentes na evolução humana, sendo uma necessidade cultural e social do homem.
A dança representa, ainda, uma forma instintiva de comunicar-se usando o corpo por meio de 107
padrões próprios de movimento.

FIGURA 61-DANÇA

FONTE: Disponível em:< http://1.bp.blogspot.com/-


HojfVj5R0yo/Tkp1iG8oawI/AAAAAAAAAZU/MYVFc83fvi4/s1600/danca.jpg>. Acesso em: 29 dez.
2011.

A dança ajuda a aumentar a resistência imunológica, a energia vital, a nossa


disposição, a confiança e a alegria de viver, sendo fundamental como arte e como terapia. Várias
modalidades de dança são hoje divulgadas e apreciadas por todos que querem trabalhar o corpo
e a mente e ainda relaxar e sentir prazer. Assim, o movimento, uma expressão natural e que por
meio dele podemos manifestar nossos sentimentos, emoções e assim construir nossa
autoestima. A dança é uma das raras atividades humanas em que o homem encontra-se
totalmente engajado: corpo, espírito e coração. A dança é um esporte completo. Também é
meditação, um meio de conhecimento, a um só tempo introspectivo e do mundo exterior.

5.5 ESCULTURA
108

A escultura representa objetos e seres por meio das imagens em relevo. Para tanto,
utiliza-se de materiais, tais como: bronze, mármore, argila, cera, madeira, gesso.

A escultura surgiu no Oriente Médio com a pretensão de copiar a realidade de forma


artística. Inicialmente as esculturas tinham a intenção de representar, principalmente, o corpo
humano. No final do século VII a.C, os gregos foram grandes escultores, usaram mármores em
suas representações de homens muito apreciados pela sociedade.

FIQUE LIGADO!

O material mais popularmente

utilizado em arteterapia para a

produção de esculturas é a argila. De

acordo com Saraiva (2008), a argila é

um material maleável e proporciona a

oportunidade de fluidez entre

material e manipulador como nenhum

outro.
FIGURA 62 – ARGILA

109

FONTE: Disponível em:<


http://thumbs.dreamstime.com/thumblarge_114/11693216623jQn0F.jpg>. Acesso em: 29 dez.
2011

O trabalho com a argila mobiliza nosso inconsciente profundo e traz ao consciente


nosso ser interior. A sua plasticidade permite trabalhar os movimentos internos em toda sua
complexidade. Transformando a argila, você forma o objeto, cria em cada gesto, durante todo o
processo e, dessa forma, dá vida ao seu interior, renovando o significado dos conteúdos internos
e expandindo a sua consciência. Outros objetivos são observados nessa relação, tais como: dar
forma às imagens, sentimentos e emoções; possibilitar o encontro consigo mesmo; despertar o
potencial criativo; possibilitar a transformação de energias bloqueadas; ajudar o paciente a
colocar ênfase no processo e não no produto; ajudá-lo a descobrir quem é e para onde quer ir; e
desenvolver atividades com argila para serem usadas no ambiente terapêutico.
5.6 PINTURA

A pintura é uma linguagem que tem como fundamento a utilização de massas de cores
para construir a imagem. Em alguns períodos da História da Arte, a pintura requeria um
acabamento absolutamente perfeito. As marcas das pinceladas do artista, a percepção do gesto,
da marca do pincel era algo indesejável. Artistas acadêmicos, ou seja, aqueles que seguiam as
regras da academia (regras clássicas) deveriam criar uma pintura perfeitamente lisa. Em 110
contraposição, os artistas modernos criaram uma pintura mais fluida, em que se notava o gesto
na obra acabada, ou seja, a pincelada era perceptível como marca da gestualidade. Essa ruptura
trazida pelo impressionismo não foi bem-recebida inicialmente, gerando grande polêmica.

A prática da pintura tem um papel importante dentro da arteterapia, pois permite a


expressão pelas cores, desenvolve o gosto artístico, a sensibilidade, a observação, a destreza
motora e a autoconfiança.

Segundo artigo publicado pela arteterapeuta Lígia Diniz, as cores têm significados e
são elementos provocadores de emoções, vejamos:

Vermelho, laranja e amarelo - cores quentes: despertam mais ações, mais


extroversão, são consideradas cores “yang”.

Verde, azul, lilás - cores frias: despertam mais calma, introversão e transcendência.
Essas cores podem ser associadas aos sete chacras de energia do corpo humano. Os chacras
são centros de força vital a diferentes níveis de experiência no sistema humano.

O verde é uma cor tranquilizadora, refrescante. É a cor do reino vegetal, da natureza,


com seu odor revigorante. Essa cor simboliza o princípio do crescimento natural e saudável e a
capacidade de nutrir os seres vivos. Evoca passividade e imobilidade. É a cor da esperança e da
longevidade, das águas dos lagos, do mar, é a cor das plantas medicinais.

Segundo Pereira (2007), artistas como Francisco de Goya y Lucyentes utilizaram as


cores como ênfase no caráter dramático da cena. Seus estilos dialogavam com as correntes
estilísticas, mas avançavam nas concepções: Almeida Júnior, com a transformação da temática
acadêmica, incorporando personagens populares; e Goya, com a criação de um universo
próprio, construindo uma poética peculiar, revelando a percepção irônica da sociedade em que
viveu. O pintor explorou elementos de misticismo, sendo possível perceber a força da poética
popular - dos contos tradicionais, dos personagens macabros - em suas pinturas.

Goya criou uma série de gravuras negras, nas quais se utiliza das narrativas
tradicionais para criar uma atmosfera soturna e revelar sua visão aguda da realidade espanhola.
A pintura desse artista dialoga com o romantismo, mas percorre outras poéticas, tornando-o um
pintor com características muito particulares. Da mesma maneira que artistas como
Michelangelo, Leonardo, Aleijadinho, Van Gogh, Gauguin, Goya criou sua própria arte: transpôs 111

as fronteiras das definições estilísticas. Vejamos alguns exemplos:

FIGURA 63

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/linha_do_tempo.htm>

Acesso em: 19 fev. 2009.


FIGURA 64 http://www.historiadaarte.com.br/imagens/romantmulherleque.jpg

112

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/romantsombrinhai.jpg>


Acesso em: 19 fev. 2009.

FIGURA 65 – JEAN-AUGUSTE-DOMINIQUE INGRES (1780-1867).

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/linha_do_tempo.htm>

Acesso em: 19 fev. 2009.


FIGURA 66

113

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/linha_do_tempo.htm>

Acesso em: 19 fev. 2009.


6 OFICINAS DE ARTETERAPIA

Os potenciais trabalhados em artes são muito diversos, dentre eles:

Autoestima;
Livre expressão; 114
Respeito;
Sensibilização;
Aprendizagem;
Compromisso;
Cidadania;
Interesse;
Senso crítico;
Criatividade;
Envolvimento;
Comunicação;
Relacionamento interpessoal;
Autonomia;
Cooperação.

Como descrito, as atividades voltadas para a arteterapia desenvolvem a capacidade


criativa e de expressão, fortalecem o vínculo entre terapeuta e paciente. E quando realizadas em
grupo, promovem maior socialização.

As artes exercem a função de entretenimento – os desenhos, as pinturas, o canto, as


rodas de dança permitem que os indivíduos encontrem um recurso para a higiene mental.

As atividades que trabalham música e dança, que funcionam como elementos


socializadores na medida em que ajudam a combater a agressividade (canalizando o excesso de
energia), criam meios para enfrentar o isolamento, desenvolvem o espírito de iniciativa e a
autoexpressão, além de propiciar iguais oportunidades a todos, integrando o indivíduo ao seu
meio ambiente.

As atividades que trabalham a música são bem-vindas para o aquecimento nas


atividades de grupo. Quando existe a necessidade de sensibilização, a música torna a sessão
mais agradável e seus objetivos terapêuticos são mais facilmente alcançados.

As atividades musicais contemplam objetivos, tais como:

Elevar a autoestima; 115

Possibilitar a autoexpressão por meio de uma forma de comunicação não verbal;


Desenvolver aspectos cognitivos, afetivos e psicomotores;
Melhorar a atenção e orientação;
Estimular a integração do grupo;
Estimular a criatividade;
Estimular a tolerância pelas várias manifestações que podem surgir no decorrer
das sessões em grupo;
Estimular a solidariedade e a cooperação;
Desenvolver a escuta da expressão do outro;
Contribuir para o desenvolvimento global dos pacientes;
Desenvolver o senso rítmico e acuidade auditiva;
Despertar ou ampliar o gosto pela música;
Desenvolver a coordenação motora;
Promover um relaxamento;
Melhorar a capacidade da expressão corporal e emocional;
Melhorar o ritmo das crianças, promover a socialização, aumentar a motivação e
a autoestima;
Estimular a criatividade;
Descobrir formas próprias de expressão.

A dança favorece, tanto quanto a música, a promoção da autoestima, a autoexpressão,


os aspectos cognitivos, afetivos, psicomotores e a percepção corporal.
Em muitos casos, o paciente sofre de baixa autoestima, sentindo-se inferiorizado e
desvalorizado. O elogio é uma das recompensas de um trabalho de artes visuais, e esse
reforçador promove uma maior motivação e a melhora na autoestima, além de também ajudar a
controlar a impulsividade e a diminuir a ansiedade.

Assim, as atividades artísticas contribuem, e muito, para o desenvolvimento


biopsicossocial dos pacientes em terapia.

116

ATIVIDADE 1 - DESENHO

 QUEM SOU EU?

PARTICIPANTES: Pode ser realizada individualmente com um único paciente ou em


psicoterapia de grupo (o grupo deve ser dividido em duplas para que cada integrante desenhe o
colega e todos tenham desenhado e sido desenhados).

OBJETIVOS:

Avaliar qual a percepção corporal do paciente;


Trabalhar a autoestima;
Trabalhar negativismo e características depressivas;
Visualizar as relações mente – corpo.
MATERIAIS:

Papel tigre, sucata, canetinha e giz de cera.

PROCEDIMENTOS:

1) Solicitar ao paciente que deite sobre o papel tigre;


2) O arteterapeuta ou o colega da dupla deve fazer o contorno do corpo do
paciente com canetinha;
3) Pedir para o paciente levantar e observar o desenho;
4) Estimular o paciente a montar o seu próprio corpo com sucata, da maneira que
quiser;
5) É importante também durante essa atividade conversar sobre as diversas partes
do corpo, quais as mais importantes, de qual ele gosta, de qual não gosta, qual
mudaria, por que mudaria, sentimentos que apareceram durante a atividade.

ATIVIDADE 2 – DESENHO

 DESENHANDO O OUTRO

PARTICIPANTES: dupla ou em grupo de até 10 integrantes. 117

OBJETIVOS:

Promover imaginação e criatividade;


Autoconhecimento;
Autoexpressão.
MATERIAIS:

Lápis grafite ou de cor (aquarelável ou simples), caneta hidrocor ou esferográfica, giz,


borracha macia.

PROCEDIMENTOS:

1) Desenhar uma figura humana, observando um modelo ( u m outro participante).


Para esse momento da atividade, organizam-se duplas. Uma pessoa da dupla
desenha e a outra;
2) Depois, invertem-se os papéis. É necessário estabelecer um tempo máximo para
esse exercício;
3) Avaliar a produção. Observar os dois desenhos realizados e analisar as
diferenças e semelhanças. Qual a percepção que o outro tem de mim, qual a
minha percepção.

ATIVIDADE 3 – DESENHO

 DESENHO AO AR LIVRE

PARTICIPANTES: individual ou em grupo de até 10 integrantes.


OBJETIVOS:

Relaxamento;
Promover imaginação e criatividade;
Valorização da individualidade;
Diminuição da ansiedade;
Autoexpressão;
Autoestima.
118

MATERIAIS:

Lápis grafite ou de cor (aquarelável ou simples), caneta hidrocor ou esferográfica, giz,


borracha macia.

PROCEDIMENTOS:

1) Escolher um lugar para realizar os desenhos (o lugar precisa ter vários elementos
visuais);
2) Conversar sobre o tipo de desenho a ser realizado e a escolha do recorte. Nos
desenhos ao ar livre, é necessário selecionar algumas áreas para registrar. Assim
como na fotografia, esse tipo de desenho requer a necessidade de escolhas das áreas
de interesse;
3) Iniciar o desenho, procurando incorporar o máximo de elementos da paisagem
(estabelecer um tempo máximo para o trabalho em grupo);
4) Analisar os resultados obtidos e as semelhanças e diferenças entre os
desenhos e entre os desenhos e os lugares.
ATIVIDADE 4 – PINTURA

 VIAGEM IMAGINÁRIA AO JARDIM DE MONET

PARTICIPANTES: Individual ou em grupo de no máximo 10 pessoas.

OBJETIVO:

Trabalhar a expressividade;
Desenvolver a linguagem do desenho; 119
Melhora da autoestima;
Avaliar o conteúdo subjetivo expresso pelo desenho;
Trabalhar o relaxamento por meio da estimulação visual;
Promoção da livre expressão, da imaginação e da criatividade;
Trabalhar os sentimentos apresentados durante a atividade.

MATERIAIS:

Músicas instrumentais, tela para pintura, lápis preto, tintas acrílicas para tela (diversas
cores), pincéis.

PROCEDIMENTOS:

1) Mostrar diversos quadros de Monet e um resumo de sua biografia (pesquisar


sua história e suas obras em livros de arte ou em sites);
2) Após visualizar as obras e conhecer a história do artista, o arteterapeuta deve
estimular uma viagem imaginária ao jardim de Monet;
3) Essa viagem deve ser ilustrada pela pintura nas telas. O paciente vai desenhar e
pintar como visualizou esse jardim. A livre expressão deve ser respeitada, as
obras ilustradas funcionam para facilitar a imaginação e liberar a criatividade,
porém todos os trabalhos, independente da forma que assumam, devem ser
valorizados;
4) Após as obras concluídas, o arteterapeuta deve promover a explanação sobre
os motivos desenhados e pintados, os sentimentos que surgiram durante a
atividade.
5) Se a atividade for realizada em grupo, possivelmente serão necessárias outras
sessões para que todos os integrantes tenham chance de falar sobre sua pintura
e o significado da viagem imaginária.

120

ATIVIDADE 5 – PINTURA

 ARTE EM CAMISETAS

PARTICIPANTES: individual ou em grupo de até cinco integrantes.

OBJETIVOS:

Relaxamento;
Controle da impulsividade;
Controle da ansiedade;
Autoexpressão.

MATERIAIS:

Uma camiseta branca;


Retângulos de cartolina (30 x 40 cm);
Moldes vazados (no caso de desenhos dirigidos);
Caneta preta própria para desenho em tecido;
Pincéis variados;
Recipientes com água para limpeza dos pincéis;
Retalhos de tecidos para secagem dos pincéis;
Fita adesiva;
Tintas para tecidos de cores variadas.
PROCEDIMENTOS:

1) Fixar a camiseta em uma superfície para facilitar a pintura;


2) Desenhar livremente na camiseta ou usar um molde de um desenho preestabelecido;
3) Pintar o desenho usando as tintas de tecido;
4) Deixar secar por 12 horas.

ATIVIDADE 6 – DANÇA 121

 BALÃO MAGNÉTICO

PARTICIPANTES: grupo de 10-16 integrantes, divididos em duplas.

OBJETIVOS:

Estabelecer contato;
Estimular a criatividade;
Promover a expressão corporal;
Socializar e integrar o grupo.

MATERIAIS:

Um balão e uma caneta para cada participante, música.

PROCEDIMENTOS:

1) Cada participante recebe um balão e uma caneta. Pedir aos participantes que
encham o balão, escrevam seu nome nele e andem pela sala, tocando o balão
ao mesmo tempo em que movimentam o corpo todo;
2) Cada participante deve então equilibrar o balão na caneta, nas mãos, nos
ombros, na cabeça etc. Deve deixar a caneta de lado e passar a tocar o balão
para o alto, ao mesmo tempo em que vai trocando o balão com os colegas. Aos
poucos, pedir que vá suavizando os toques de forma que os balões não voem
tão alto quanto antes, até que apenas um balão permaneça nas mãos de cada
participante;
3) Cada um deve segurar firmemente o balão como se a mão fosse um Ímã, ler o
nome que está escrito no balão e ir até a pessoa;
4) A seguir, pedir para encostar o balão em uma parte do corpo da pessoa e em
uma parte do próprio corpo também, mas lembrando-se de que essa pessoa
também tem um balão com o nome de alguém que deve buscar para tocar o
balão imantado; 122
5) Portanto, cada participante precisa ser criativo. Quem não conseguir grudar o
balão imantado em quem deveria grudar, tem de dançar para o grupo, que por
sua vez, deve imitar os movimentos dessa pessoa;
6) Após a atividade, trabalhar: Quais as sensações, emoções e pensamentos que
ocorreram durante a atividade? Foi fácil liberar o corpo? E quem dançou, o que
sentiu?

ATIVIDADE 7 – DANÇA

 DANÇA DO BALÃO

PARTICIPANTES: grupo de 10- 16 integrantes, divididos em duplas.

OBJETIVO:

Estabelecer contato;
Estimular a criatividade;
Promover a expressão corporal;
Socializar e integrar o grupo.

MATERIAIS:

Um balão para cada participante, música.

PROCEDIMENTOS:
1) Cada participante recebe um balão e deve enchê-lo;
2) Andar pela sala tocando o balão ao mesmo tempo em que movimenta o corpo
todo ao som de uma música suave;
3) Equilibrar o balão nas mãos, nos ombros, na cabeça etc. Brincar com o balão,
trocar o balão com os colegas etc.;
4) Escolher um colega para fazer dupla. Parar frente a frente. Cada participante da
dupla coloca o seu balão na testa e o encosta no balão do colega. Ao som da
música suave, a dupla deverá dançar pela sala com os balões na testa, sem 123
deixá-los cair;
5) Em seguida, cada um coloca o balão no peito e o encosta no balão do colega e
a dupla continua dançando pela sala. Coloca-se os balões nas costas, e em
várias outras partes do corpo;
6) Procure explorar as diversas partes do corpo em que os balões podem ser
colocados. A mesma atividade pode ser feita com os dois balões colocados lado
a lado entre os participantes ou apenas com um balão por dupla;
7) Comentar: quais as sensações, emoções e pensamentos que ocorreram durante
a atividade? Como foi encontrar a sua dupla?

ATIVIDADE 8 – TEATRO

 BALÃO ANIMAL

PARTICIPANTES: grupo de 10- 16 integrantes.

OBJETIVO:

Estimular a espontaneidade;
Promover relaxamento;
Trabalhar a capacidade de expressão não verbal;
Promover o contato e a interação do grupo.

MATERIAIS:

Papéis com o nome de vários animais, balões, música.


PROCEDIMENTOS:

1) Cada participante recebe um balão, dentro do qual há um pequeno papel com o


nome de um animal. Procure repetir o nome do mesmo animal várias vezes de
forma a organizar pequenos subgrupos;
2) Encher o balão e andar pela sala tocando-o ao som de uma música suave, ao
mesmo tempo em que movimenta o corpo todo. Equilibrar o balão nas mãos,
nos ombros, na cabeça etc. Brincar com o balão, trocar o balão com os colegas
etc.; 124

3) Levar a imaginação dos participantes até uma floresta onde eles podem agora
tocar os balões nas árvores, nas plantas e flores, ouvir o som dos diversos
animais etc.;
4) Quando o grupo já estiver aquecido mentalmente e corporalmente, cada um
deverá apanhar um balão e estourá-lo, ao mesmo tempo em que apanha o
papel contido dentro dele;
5) Ainda na floresta, irá ler no papel o nome de um animal. Portanto, a partir desse
momento, cada um deverá incorporar mentalmente e corporalmente o "seu
animal", ao mesmo tempo em que anda pela floresta emitindo o som
característico. Fazer com que os animais identifiquem uns aos outros e interajam
entre si quando forem da mesma espécie. Com isso, os subgrupos vão se
formando;
6) Ao final da atividade, os animais caem num sono profundo e desaparecem,
permanecendo apenas a pessoa, deitada no chão da floresta, sentindo o vento
em seu corpo, o cheiro de mato, os variados tipos de sons etc. Aos poucos, vai
deixando a floresta para trás e retornando à sala de trabalho;
7) Comentar: como foi incorporar o "seu animal"? Com quais características desse
animal você se identifica? Quais as sensações, as emoções e os pensamentos
que ocorreram durante a atividade?
8) Explorar as diversas características do animal e da pessoa que o representou.
ATIVIDADE 9 – MÚSICA

 RELAXAMENTO: “A LAGOA AZUL”

PARTICIPANTES: individual ou em grupo de 15 a 20 integrantes.

OBJETIVOS:

Relaxamento;
Promover imaginação e criatividade; 125
Diminuição da ansiedade;
Autoconhecimento
Diminuir o ritmo e a tensão da vida moderna;
Percepção corporal;
Trabalhar com os cinco sentidos;
Autoestima;
Propiciar um ambiente agradável para trabalhar um tema.

MATERIAIS:

Colchonetes, rádio com música ambiente ou sons de natureza, uma sala ampla.

PROCEDIMENTOS:

1) Inicia-se com um relaxamento simples para depois fazer a passagem para as


imagens sensoriais.
RELAXAMENTO SIMPLES: Retirado de Virgolim (2000).

Deitado, procure uma posição confortável para seu corpo.

Feche os olhos e passeie pelo seu corpo com sua mente. Observe cada parte do seu
corpo com muita atenção.

Tente identificar se há alguma parte do seu corpo que esteja incomodada, tensa ou
dolorida. Se houver, preste atenção nesta parte e converse mentalmente com ela, pedindo-lhe
que relaxe, que se solte completamente. Sinta que seu corpo lhe obedece mansamente e que a
tensão começa a sumir. Você sente o corpo cada vez mais pesado, como se fosse afundar no
chão. Quando sentir que seu corpo aquietou-se, esqueça-o.

Observe agora sua respiração. Como ela se apresenta? Lenta ou apressada? Com
que parte do seu corpo você respira? Em que local você percebe sua respiração? Ponha sua
mão direita no local do seu corpo onde você expira. Fique assim por uns instantes.

Agora, ponha sua mão direita na sua barriga, um pouquinho abaixo do umbigo. Traga 126

sua respiração para esse local. Sinta o ar empurrando sua barriga para cima quando você
inspira e para baixo quando expira. Respire 10 vezes via barriga, imaginando cada número à
medida que inspira e expira: um, dois, três, quatro... Quando completar a contagem, esqueça
sua respiração que permanece na barriga.

Com o corpo e a respiração bem calmos e suaves, fique quieto por um tempinho. Se
surgirem pensamentos na sua mente, deixe que eles entrem e saiam. Apenas observe.

2) Início do relaxamento com imagens sensoriais. Retirado de Virgolim (2000).


Agora nós vamos iniciar uma viagem. Ouça as minhas palavras e passeie livremente
com sua mente.

Visualize um ambiente ao ar livre. Um espaço com muitas árvores, flores, pedras,


grama e pequenos animais. Observe ao seu redor existe uma cachoeira muito bonita, jorrando
água pura e cristalina que, ao cair, forma uma linda lagoa, muito azul. Você está descalço (a),
caminhando nesse ambiente maravilhoso. Sinta seus pés pisando no chão, na terra seca, na
terra molhada, nos pedregulhos, na grama... Aproxime-se da lagoa e da cachoeira. Escute o
barulho da água jorrando. Sinta os respingos no seu rosto e corpo. Molhe suas mãos na água da
lagoa. Agora, sente-se na grama e olhe o ambiente ao seu redor. Que cheiros você sente?
Cheiro de flores? De terra molhada? Concentre-se nos odores que existem nesse ambiente.
Procure senti-los de forma bem nítida.

Olhe a sua direita. Existe um arbusto com frutinhas vermelhas e redondinhas. Pegue
uma fruta e prove. Qual é o seu gosto? Saboreie a fruta se quiser. Levante-se e caminhe bem
devagar até a lagoa. Dê um belo mergulho e sinta como é fresca a água, tão reconfortante...
Nade se quiser... Brinque...
Pertinho de você estão passando peixinhos coloridos. Preste atenção no barulhinho
que eles fazem ao nadar. Acompanhe os peixinhos, mergulhe com eles: você pode respirar e
enxergar muito bem dentro d'água. Olhe bem para o fundo da lagoa. Como é a vida no fundo de
uma lagoa? Quais as cores que existem dentro d'água, bem no fundo? Observe tudo com muita
atenção. Procure sentir o cheiro das coisas que você vê, o barulho que elas fazem, a textura de
cada objeto ou ser que você toca.
127
Bem devagar, volte para a superfície da Iagoa. Prepare-se para sair dela, sempre
devagar e em silêncio. Aos poucos você vai deixando esse lindo lugar. Despeça-se e agradeça à
natureza por esse belo momento. Aos poucos abra os olhos, mexa seu corpo e retome para o
lugar onde você está agora.

3) Reflexão e feedback: Após a atividade pode-se fazer um desenho sobre o local


que se imaginou e a partir daí trabalhar as diferentes emoções e correlações
adequadas com a vivência experimentada.

ATIVIDADE 10 – MÚSICA

 EXPRESSÃO, RITMO E EMOÇÃO

PARTICIPANTES: individual ou em grupo de até cinco integrantes.

OBJETIVOS:

Relaxamento;
Diminuição da ansiedade;
Autoconhecimento;
Harmonia e consciência corporal.

MATERIAIS: papel texturizado e/ou liso, lápis preto, canetas hidrocor, lápis de cor, músicas
instrumentais (Mozart, Chopin, Jazz, Maracatu, Tchaikovsky, Ravel, entre outros).
PROCEDIMENTOS:

1) Explorar a linha a ser desenhada a partir da audição de uma música


instrumental. Usar o papel para demonstar qual a expressão que a música é capaz
de despertar, qual o timbre, qual o ritmo que a música parece para o ouvinte;
2) Ao som da música, o participante deve traçar linhas sobre o papel, seguindo o
ritmo da música. As músicas podem ser apresentadas até uma sequência de 128
três, com pequenos intervalos para a mudança de folha. Cada folha deve ser
marcada com o número da composição;
3) As cores podem ser trocadas, por isso todo o material deve ficar sobre a mesa.
A linha deve representar as diferenças de timbres, as passagem de som, o
ritmo;
4) Em outra folha, traçar linhas, a partir das sensações que a música causa. Ao
final, pintar os espaços entre as linhas, procurando explorar a função dramática
da cor e o sentimento que determinado som suscita;
5) Ao final, o cordenador deve analisar o desenho junto com os participantes,
procurando significados para determinados riscos e desenhos. Observar a
ocupação do espaço e os cruzamentos das linhas. A música instrumental
permite uma liberdade maior para a descoberta de sentido na sonoridade, já a
música cantada sugestiona pelas palavras que a compõem.

ATIVIDADE 11 – ESCULTURA

 ESCULTURAS EM ARGILA

PARTICIPANTES: individual ou em grupo de até 10 integrantes.

OBJETIVOS:

Relaxamento;
Promover imaginação e criatividade;
Diminuição da ansiedade;
Autoexpressão.
MATERIAIS: argila, estecos ou palitos de churrasco, colher, garfos.

PROCEDIMENTOS:

1) Modelagem. Com uma boa quantidade de argila em mãos, o paciente pode


modelar a peça, retirando ou acrescentando material até chegar à forma 129
desejada. Para isso, as ferramentas (estecos, palitos, garfos, colheres) são
fundamentais. Com elas, retira-se argila para fazer uma cavidade ou faz-se um
veio para um detalhe, ou alisa-se com as costas da colher;
2) Depois de pronta, a peça deve secar ao natural ou poderá ser queimada em formo
apropriado;
3) Após a secagem, a peça está pronta para ser finalizada com a tinta escolhida.
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