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COACHING E

CARREIRA

Ana Clara Aparecida Alves de Souza


Coaching pessoal
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Distinguir coaching pessoal e coaching de carreira.


 Conceituar qualidade de vida e felicidade a partir da perspectiva da
psicologia positiva.
 Reconhecer as vantagens da aplicação do coaching de carreira para
a vida pessoal e profissional do indivíduo.

Introdução
O coaching pessoal tem se mostrado como alternativa para a gestão de
questões cotidianas que suscitam dúvidas nos indivíduos. Seu objetivo
é centrado no fundamento primordial do coaching, a saber, o alcance
do desenvolvimento reflexivo do coachee, no sentido de alcance dos
seus objetivos e metas. O foco na vida do coachee, como centralidade
do coaching pessoal, também promove efeitos positivos em diferentes
âmbitos da sua vida, como na atuação profissional. Dessa forma, a reflexi-
vidade pessoal engendrada pelo coaching pessoal poderá alcançar outros
âmbitos da vida do indivíduo, proporcionando uma atenção ampla às
questões gerais que regem as suas ações e decisões.
Neste capítulo, você vai distinguir elementos que caracterizam o
coaching pessoal e o coaching de carreira e vai compreender as interfaces
entre ambos. Você também vai verificar como a psicologia positiva aborda
as noções de qualidade de vida e felicidade. Por fim, você vai identificar
as vantagens da aplicação do coaching de carreira para a vida pessoal e
profissional do indivíduo.
2 Coaching pessoal

Coaching pessoal e coaching de carreira


Para Biswas-Diener (2009), o coaching pessoal consiste em um relacionamento
profissional no qual o coach trabalha com o coachee para facilitar o aprendizado
experimental e melhorar seu desempenho, sendo geralmente destinado a metas
específicas. A diferença fundamental entre o coaching pessoal e o coaching
de carreira está no fato que motiva a contratação do assessoramento. Se a
demanda for identificada pelo coach como pessoal, ele deverá estabelecer o
coaching pessoal como metodologia. Mas, se a demanda inicial consiste em
resolver uma questão relacionada à profissão ou à função desempenhada pelo
coachee, então, deve-se estabelecer a metodologia do coaching de carreira.
O fato é que ambas as abordagens acabarão por dialogar, conforme as questões
pessoais e de carreira do coachee se relacionam.
O coaching pessoal pode ser aplicado com um objetivo específico vinculado
à vida profissional do coachee. Por exemplo, o coachee poderá contratar o coach
para uma demanda pessoal, mas que afeta o seu desempenho profissional. Assim,
pode-se estabelecer um diálogo entre as abordagens do coaching pessoal e do
coaching de carreira. Em certos casos, trabalhando uma questão pessoal, o
coachee poderá apresentar melhor desempenho profissional. Ou seja, a atenção
a uma especificidade da vida poderá afetar positivamente outras áreas.

Nessa interface entre coaching pessoal e coaching de carreira, o coaching de executi-


vos, por exemplo, é considerado um atendimento pessoal, mas voltado a um melhor
desempenho do profissional, impactando, assim, na sua carreira. Dessa forma, os tipos
de coaching podem acabar dialogando, conforme a demanda apresentada pelo coachee.

Nunes (2017) destaca que o coaching pessoal vai trabalhar todos os âmbitos
da vida do coachee, buscando compreensão e adaptação para o alcance de
objetivos, voltando-se a diversas dimensões. Já o coaching de carreira se volta
para um melhor desempenho na carreira, a mudança de profissão, a inserção
ou o retorno ao mercado de trabalho, dentre outras demandas.
Segundo Jarosz (2016), o processo de coaching, de uma maneira geral,
é direcionado aos principais domínios e experiências da vida do coachee:
comportamento, pensamentos, sentimentos, ambiente, saúde, família, carreira,
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transições, equilíbrio de vida, financeiro, comunitário, espiritual, bem-estar.


Em uma perspectiva de coaching pessoal, tem-se a proposição do life coaching,
ou coaching de vida.
Conforme define Jarosz (2016), o coaching de vida consiste em um processo
focado na busca por soluções, por meio do estímulo ao coachee e da orienta-
ção a resultados de maneira sistemática, no sentido de levar o assessorado ao
aprimoramento da sua experiência de vida e ao alcance de metas. Reconhecido
como uma abordagem motivacional e comportamental, o coaching de vida
busca potencializar a autonomia do coachee, de maneira que ele mesmo
defina e atinja metas, chegando a um maior funcionamento pessoal e adquirindo
bem-estar. O Quadro 1 traz uma síntese da abordagem do coaching de vida.

Quadro 1. Categorias identificadas em revisão de literatura sobre life coaching (coaching


de vida)

Definição de Um relacionamento eficiente de longo prazo que


coaching de vida permite aos clientes maximizarem seu potencial.

 Os clientes vêm de populações comuns (ou seja, não


Suposições sobre clínicas).
os clientes  Os clientes são criativos, engenhosos e completos.
 Os clientes têm a capacidade de mudar e crescer.

 Consideração positiva incondicional, sem julgamento


Suposições e sem suposições.
sobre coaches  Escuta ativa — o foco está no cliente.
— habilidade  Desafiar, capacitar, reconhecer e responsabilizar o
de coaching cliente.
 Acompanhar o momento.

 A relação de coaching de vida promove o que está


certo no cliente.
 O relacionamento de coaching cria um ambiente
Componentes
seguro e aberto.
de um
 O coach e o cliente projetam igualmente o
relacionamento
relacionamento.
de coaching
 Abordagem individual centrada no cliente.
de sucesso
 O foco é toda a vida.
 O coaching é dinâmico, portanto, a mudança é
sempre parte do relacionamento.

(Continua)
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(Continuação)

Quadro 1. Categorias identificadas em revisão de literatura sobre life coaching (coaching


de vida)

 Tem um objetivo.
Características
 Direcionado para o objetivo.
do processo
 Centrado no cliente.
de coaching
 Enraizado no presente e no futuro.

 Sentido do eu.
Resultados do
 A vida dos sonhos.
treinamento
 Comportamento/mudança de personalidade.
de coaching
 Melhoria no bem-estar e na qualidade de vida.

Fonte: Adaptado de Jarosz (2016).

Embora o fundamento do coaching tenha premissas comuns a todas as suas


aplicações, há algumas singularidades do coaching de vida, como o fato de que
o seu foco reside na concentração no bem-estar e na saúde. Essa abordagem
permite que o relacionamento de coaching seja eficiente, no sentido de que
os clientes (coachees) atinjam os resultados mais altos possíveis, com base
em uma determinada contribuição durante cada sessão de coaching e entre
as sessões, conforme leciona Jarosz (2016).
Ecard et al. (2016) discorrem sobre o quão contributivo o processo de
coaching de vida pode ser para o desenvolvimento da carreira do coachee.
Os autores resgatam duas concepções de carreira: a tradicional e a proteana.
A carreira tradicional é construída a partir de três características marcantes:

 estabilidade e vinculação profissional a apenas uma organização durante


boa parte da vida laboral;
 entendimento de que o sucesso na carreira tradicional acontece a partir
da ascensão hierárquica na empresa;
 gestão da carreira do profissional pela empresa.

Já a carreira proetana se baseia nas seguintes noções:

 a trajetória de carreira não é entendida como uma estrada inflexí-


vel, no sentido de que ela se molda à sequência de experiências do
profissional;
Coaching pessoal 5

 a carreira acontece pela vivência em organizações diversas e pela con-


ciliação entre desenvolvimento pessoal e profissional;
 o indivíduo assume a direção da sua carreira.

Alinhando-se ao desafio de construção da carreira, o coaching de vida,


portanto, busca criar um ambiente reflexivo, que permita ao coachee uma
visão ampla e holística sobre os desafios pessoais e profissionais, conforme
lecionam Ecard et al. (2016). Dessa forma, apesar das distinções entre coa-
ching pessoal e coaching de carreira, há também uma forte interface entre
ambos, dado que a vida pessoal e a vida profissional se comunicam de maneira
integrada nos processos de realização do indivíduo.

Qualidade de vida e felicidade pelas lentes


da psicologia positiva
A psicologia positiva foca na qualidade de vida das pessoas, direcionando
o olhar para aquilo que as faz felizes e que pode potencializar ainda mais a
felicidade. Segundo Pacico e Bastianello (2014), a psicologia positiva propõe
que o foco da psicologia seja ajustado, para que aspectos saudáveis também
recebam atenção. Isso porque, desde a Segunda Guerra Mundial, o foco da
Psicologia tem sido curar e reparar danos. Conforme a reflexão engendrada
pela psicologia positiva, esse foco tradicional da psicologia fez com que se
olhasse pouco para aspectos positivos, que também são parte dos sujeitos e
das comunidades.
Na sua concepção e proposição da psicologia positiva, Seligman relembra
um fato que foi marcante, uma epifania, conforme destacado em Seligman
e Csikszentmihalyi (2000). Quando a sua filha tinha 5 anos, ela perguntou
se ele lembrava que, nos anos anteriores, ela era mais chorona. A menina
afirmou ao pai que, quando completou 5 anos, tomou como resolução que
deixaria de ser chorona e que, da mesma forma como ela havia decidido por
isso, ele também poderia parar de ser “resmungão”. Esse episódio fez o pai
pensar sobre o quanto estimular as boas qualidades em uma criança era fun-
damental, além de corrigi-la, que é um comportamento mais padrão dos pais.
No mesmo texto, Csikszentmihalyi relata que presenciou pessoas perderem
tudo na Segunda Guerra Mundial, mas o que mais o deixava curioso era a
resiliência que algumas delas mantinham, permanecendo firmes e solidárias
naquele cenário. O autor, então, reflete sobre o que as motivava a seguir e
quais eram as suas fontes de forças.
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Embora não haja um consenso sobre o momento em que surgiu a psicologia


positiva, o mais fundamental a se compreender sobre essa abordagem é o foco nas
questões positivas presentes na vida dos indivíduos e em como, a partir do estímulo
a essa positividade, pode-se chegar a uma melhor qualidade de vida e à configuração
de uma vida feliz. O coaching se utiliza de pressupostos da psicologia positiva
para despertar no coachee elementos dessa positividade que possam auxiliá-lo na
definição de objetivos e metas, bem como de ações necessárias para alcançá-los.
No fundamento da psicologia positiva está a busca pelo entendimento das
forças e vivências humanas, com foco na felicidade e nas intervenções que
possibilitem o alívio de dores e a incrementação do bem-estar subjetivo. Centra-
-se, portanto, nas emoções, nas características individuais e nas instituições
positivas, com vistas à prevenção e à promoção da saúde mental, conforme
apontam Pacico e Bastianello (2014). Assim, na perspectiva da psicologia
positiva, a qualidade de vida e a felicidade se associam ao fortalecimento do
foco naquilo que há de mais positivo na vida dos indivíduos, de maneira a
permitir-lhes mais resiliência diante das adversidades.
Lazarus (2003) questiona se o movimento da psicologia positiva teria
“pernas”. O argumento do autor se centra no fato de que a psicologia positiva
parece querer contrapor negativo e positivo; para esse autor, essa separação
não seria benéfica, pois a polaridade representa os efeitos da “molécula da
vida”. O autor ressalta que não há nada de errado em incentivar o estudo de
emoções positivas, entretanto, é necessário que se reconheça que qualquer
emoção pode ter uma valência negativa e positiva, dependendo do contexto
em que ocorre. Dessa forma, deve-se atentar para uma medição cuidadosa do
estado emocional da pessoa e do contexto no qual foi gerado.
Ainda buscando ponderações sobre as premissas da psicologia positiva, La-
zarus (2003) reforça que a proposição de foco no positivo não é algo novo. Além
disso, destaca a sua reticência sobre o entusiasmo de alguns adeptos que, com o
mote da positividade, podem levar a uma simplificação das questões e projetar
slogans simplistas e dogmáticos. Assim, Lazarus (2003) reforça a necessidade
de os adeptos e defensores da psicologia positiva pensarem sobre como essa
noção tem sido apresentada e trabalhar nos pontos de possíveis contradições.
Em defesa da psicologia positiva e em resposta a Lazarus, Csikszentmihalyi
(2003) publica Legs or Wings. O autor agradece o artigo provocador e acredita
que este contribui para o debate sobre o que, efetivamente, caracteriza a psico-
logia positiva. Csikszentmihalyi (2003) resgata que, no encontro com Seligman,
no ano de 1997, ambos se deram conta de que a psicologia havia se tornado
bastante chata e, de maneira míope, centrada na patologia, e entenderam que
a ciência da experiência e do comportamento poderia ser melhor.
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Dessa forma, Csikszentmihalyi (2003) argumenta que ele e Seligman


pretendiam fazer o possível para legitimar o estudo de aspectos positivos da
experiência humana em si mesmo, e não apenas como ferramenta de preven-
ção, enfretamento, saúde ou outro resultado desejável. Conforme o autor, eles
compreenderam que, enquanto aspectos como esperança, coragem, otimismo
e alegria fossem vistos apenas como úteis na redução da patologia, nunca se
avançaria além do repouso homeostático. Fundamentalmente, a ideia consiste
em entender as qualidades que tornam a vida digna de ser vivida, antes de tudo.
Pacico e Bastianello (2014) corroboram com a defesa da psicologia positiva,
destacando que o movimento não ignora o sofrimento humano e os problemas
que as pessoas experienciam, muito menos desvaloriza ou afirma que o estudo
das patologias mentais e compor tamentais deva ser descartado ou substituído.
O objetivo da psicologia positiva é, portanto, complementar e ampliar o foco
da psicologia para além do patológico.
A aplicação da psicologia positiva se relaciona com os temas da qualidade
de vida e da felicidade, por buscar auxiliar o indivíduo na construção de uma
vida prazerosa, engajada e com sentido, promovendo o bem-estar e o potencial
humano, conforme lecionam Pacico e Bastianello (2014). Em uma revisão
de literatura sobre publicações relacionadas à psicologia positiva no Brasil,
Pureza et al. (2012) verificaram que o elemento mais presente nas discussões
era o bem-estar, conforme mostra a Figura 1.

Emoções
positivas Autoestima
7% 8%
Felicidade
8%

Satisfação com
áreas da vida Bem-estar
15% 31%
Habilidades
sociais
8%

Flow Saúde geral


15% 8%

Figura 1. Construtos teóricos identificados em revisão de lite-


ratura sobre psicologia positiva no Brasil.
Fonte: Adaptada de Pureza et al. (2012, documento on-line).
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No vídeo disponível no link a seguir, Martin Seligman, um dos proponentes do conceito


de psicologia positiva, explica do que se trata o movimento. Embora seja narrado em
inglês, o vídeo tem legendas em português, o que permite a clara compreensão da
exposição do autor.

https://qrgo.page.link/riidG

Vantagens do coaching de carreira


para a vida pessoal e profissional
Stachiu e Tagliamento (2016) destacam o coaching de carreira como uma
estratégia para maior conscientização, autopercepção e desenvolvimento
de um plano de vida profissional, conectando, dessa forma, tanto aspectos
pessoais quanto profissionais. O coaching na perspectiva da organização
pode se configurar como coaching executivo, ou de carreira empresarial,
focando nos indivíduos em relação às organizações, conforme definem Jesus
e Matteu (2014).
Ressalta-se que, além das vantagens oriundas propriamente do coaching
de carreira para a vida pessoal e profissional do indivíduo, o coaching de vida
pode também trazer vantagens para a carreira. Ecard et al. (2016) identificaram
como ponto positivo do coaching de vida o desenvolvimento das seguintes
habilidades relacionadas à carreira:

 habilidade para planejar as metas profissionais;


 habilidade para focar nas metas e objetivos profissionais;
 habilidade para visualizar amplamente o cenário profissional;
 habilidade de expandir o autoconhecimento e ter clareza nos propósitos
pessoais e profissionais;
 habilidade para ser disciplinado com as tarefas rotineiras e agir com
objetividade;
 habilidade para desenvolver autoconfiança e segurança na tomada de
decisões profissionais;
 habilidade para dar e receber feedback no ambiente profissional;
 habilidade para agir com postura proativa no ambiente profissional.
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A partir das ideias centrais encontradas nos discursos dos coachees pesqui-
sados, Ecard et al. (2016) puderam sistematizar quatro categorias de habilida-
des: de caráter estratégico, de autogestão, de relacionamento interpessoal e
de relacionamento intrapessoal. Os autores consideram que as identificações
feitas demonstram significativamente como o processo de coaching de vida
contribui para a carreira dos coachees.
Stachiu e Tagliamento (2016) destacam que o coaching de carreira é uma
abordagem que se caracteriza pela aplicação de distintas ferramentas, no
sentido de auxiliar os participantes no desenvolvimento de sua carreira. Por
meio da metodologia, segue-se um planejamento de carreira que propicia e
facilita maior reflexão, promovendo o conhecimento e o autoconhecimento,
fundamentais para o desenvolvimento de atividades em qualquer ramo do
conhecimento humano. Dessa forma, o coaching de carreira afeta outras
esferas da vida do indivíduo e não se restringe apenas à atuação ou projeção
profissional.
A carreira segue um ciclo de vida, tem uma dinâmica específica e deve
ser entendida para ser mais bem dominada, conforme apontam Stachiu e
Tagliamento (2016). Cada fase da carreira tem características distintas e
desperta emoções próprias. Os autores destacam, dessa forma, que o coaching
de carreira permite uma caminhada de análise, reflexão, desafios e opera-
cionalização e, nessa potencialização, acentua a mudança. O ciclo de vida da
carreira se associa ao ciclo de vida do indivíduo, devendo ser tratados como
mutuamente influenciáveis.
O coaching de carreira facilita o entendimento de conceitos e procedimentos
para os assessorados, esclarecendo aspectos de mercado e carreira e sobre eles
mesmos, conforme apontam Stachiu e Tagliamento (2016). Para Whitmore
(2012), qualquer pessoa que compreenda os princípios do coaching poderá
se orientar sobre qualquer tema, desde escolhas de carreira até posições no
esporte, chegando a questões muito pessoais que relutaria, inclusive, em
compartilhar com outros.
Whitmore (2012) destaca que o estímulo do coaching em levar o coachee a
pensar por si e encontrar os caminhos pelas informações que já detém resulta
em aspectos positivos, como:

 aprender a pensar por si;


 ter maior consciência sobre as coisas que melhoram o desempenho, a
aprendizagem e o prazer;
 realizar mais escolhas;
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 apresentar maior senso de responsabilidade e maior autoconfiança;


 ter maiores possibilidades de promoção;
 aprender a praticar um “autocoach” e treinar os estímulos com outros,
dentro e fora do local de trabalho.

O coaching de carreira pode ser apoiado pelo uso das teorias sobre carreira,
que ajudam as pessoas a buscarem sentido para as suas experiências. Nesse
processo, pode-se destacar aspectos objetivos e subjetivos da carreira para
o indivíduo. O coaching de carreira pode ser utilizado para momentos de
transição, nos quais muitos desafios são enfrentados pelos indivíduos. Nesse
caso, ele auxilia a ter clareza sobre o encaminhamento do processo e permite
uma melhor acomodação das emoções envolvidas.
Considerando as questões apresentadas, pode-se compreender que o co-
aching pessoal é destinado a questões particulares do indivíduo, embora
a sua aplicação possa influenciar no bom desenvolvimento do coachee no
desempenho de outras questões. A premissa fundamental do coaching no
que diz respeito aos estímulos reflexivos será utilizada nessa especificidade,
para que o coachee se perceba melhor, alcançando maior autoconsciência
e responsabilidade, elementos fundamentais para uma boa autopercepção,
conforme aponta Whitmore (2012).
Dialogando com essa perspectiva de autopercepção e foco nas próprias
potencialidades, tem-se ainda a proposição da psicologia positiva como forte
aliada nas premissas fundamentais do coaching. Essa abordagem possibilita ao
coachee perceber o seu presente e pensar no futuro, centrando-se em aspectos
bons e positivos que ele possa mobilizar a seu favor. Dessa maneira, alinhando a
potencialidade estimuladora do coaching e as premissas da psicologia positiva,
pode-se obter a melhoria da qualidade de vida e o aumento da felicidade na
vida dos indivíduos que recorrem a esse processo.
O coaching pessoal e o coaching de carreira, embora possam se diferenciar
em suas motivações primeiras, acabam por se complementar pelos resultados
alcançados, dado que a vida pessoal e a vida profissional dos indivíduos não
se dissociam e se influenciam mutuamente. Assim, a atenção do coaching
tanto para aspectos de carreira quanto para aspectos pessoais vai refletir em
ambos os setores.
Coaching pessoal 11

Na matéria do Portal Universia disponível no link a seguir, discute-se o suporte que


o coaching pessoal pode representar quando se buscam respostas no sentido de
melhorar o desempenho e alcançar mais inteligência emocional. A mudança de
hábitos cotidianos é destacada no processo. Alerta-se, ainda, para a busca de bons
profissionais para a aplicação da metodologia.

https://qrgo.page.link/3Zwnz

BISWAS-DIENER, R. Personal coaching as a positive intervention. Journal of Clinical


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Leitura recomendada
BACHKIROVA, T.; SPENCE, G.; DRAKE, D. The Sage handbook of coaching. 1st ed. Thousand
Oaks: Sage Publications, 2016.

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