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Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração PUC-SP
Professor Dr. Luciano Antonio Prates Junqueira
O livro inicia-se com uma passagem de Roland Barthe, seguido pelo Sumário (p. 9-10) e aí sim temos
a Introdução (p. 11-12) elaborada pela própria autora, onde a mesma nos apresenta o seu desejo de
passar um pouco de sua prazerosa experiência vivenciada com seus alunos em sala de aula, além de
também nos mostrar “que a postura científica não é algo de apenas alguns eleitos, podendo ser
exercida em qualquer campo de estudo”. Outros pontos importantes, nesta mesma seção, lembrados pela
autora dizem respeito à Metodologia Científica:
“é muito mais do que algumas regras de como fazer uma pesquisa”;
“ela [a pesquisa] auxilia a refletir;
“[a pesquisa] propicia um “novo” olhar sobre o mundo”;
“um olhar científico, curioso, indagador e criativo”.
Então passamos para a primeira seção intitulada (Re)Aprendendo a Olhar (p. 13-15) e encontramos, já
no primeiro parágrafo, o(s) objetivo(s) principal(ais) da autora para este seu trabalho:
1. ensinar o “olhar científico”;
2. mostrar que a pesquisa científica não se reduz a certos procedimentos metodológicos.
Depois nos deparamos com algumas afirmativas da própria autora acerca de:
Pesquisa [científica]:
o “[...] exige criatividade, disciplina, organização e modéstia, baseando-se no confronto
permanente entre o possível e o impossível, entre o conhecimento e a ignorância”;
o “Nenhuma pesquisa é totalmente controlável, com início, meio e fim previsíveis”;
o “A pesquisa é um processo em que é impossível prever todas as etapas.
Pesquisador:
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o “O pesquisador está sempre em estado de tensão porque sabe que seu conhecimento é
parcial e limitado – o “possívesl” para ele”;
o “A socialização do pesquisador exige um exercício permanente de crítica e autocrítica.
Metodologia [científica] :
o “[...] quando falo de Metodologia estou falando de um caminho possível para a pesquisa
científica”.
Em seguida temos a segunda seção, Pesquisa Qualitativa em Ciências Sociais (p. 16-24), e nos
deparamos nas primeiras linhas com a elucidação dos autores sobre o debate entre a sociologia
positivista e a sociologia compreensiva, justamente para nos situar melhor sobre a questão da utilização
de técnicas e métodos qualitativos de pesquisa nas ciências sociais dentro de uma discussão filosófica
mais ampla. Inicialmente os autores nos lembram que os pesquisadores qualitativistas recusam o modelo
positivista aplicado ao estudo da vida social e, a seguir, nos apresentam um resumo cronológico das
idéias e respectivos autores do positivismo (sociologia positivista):
Notas dos autores: “Já na segunda metade do século passado, alguns pensadores,
influenciados pelo idealismo de Kant, reagiram criticamente ao modelo positivista de conhecimento
aplicado às ciências sociais, acreditando que o estudo da realidade social através de métodos de outras
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ciências poderia destruir a própria essência desta realidade, já que esquecia a dimensão de liberdade e
individualidade do ser humano”.
A seguir os autores nos recordam que a sociologia compreensiva - que tem suas raízes no historicismo
alemão, distinguindo “natureza” de “cultura” - prega a necessidade, quando do estudo dos fenômenos
sociais, de um procedimento metodológico diferente do utilizado nas ciências físicas e matemáticas.
Continuam, então, listando os respectivos representantes desta chamada sociologia compreensiva:
ii. considera que os fatos sociais não são suscetíveis de quantificação, uma vez que cada um
deles tem um sentido próprio, diferente dos demais, e tal fato torna necessário que cada
caso concreto seja compreendido em sua singularidade;
Nota dos autores: ”as ciências sociais devem se preocupar com a compreensão de casos
particulares e não com a formulação de leis generalizantes, com fazem as ciências
naturais”.
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iv. resultou de seus registros minuciosos e ordenados um conjunto de monografias reunidas
em Les ouvriers européens (1855).
Nota dos autores: ”No final do século XIX e início do século XX, os estudos dos antropólogos nas
sociedades “primitivas” foram determinantes para o desenvolvimento das técnicas de pesquisa que
permitem recolher diretamente observações e informações sobre a cultura nativa”.
.”Nos primeiros trinta anos do século XX, o trabalho de campo passou a orientar as pesquisas
antropológicas.
Franz Boas
i. foi geógrafo de formação, crítico radical dos antropólogos evolucionistas e grande mestre
da antropologia americana na primeira metade do século XX;
ii. ensinou que no campo tudo deveria ser anotado meticulosamente e que um costume só
tem significado se estiver relacionado ao seu contexto particular;
iii. ensinou também o “relativismo cultural”, onde o pesquisador deveria estudar as culturas
com um mínimo de preconceitos etnocêntricos;
iv. formou toda uma geração de antropólogos: Ralph Linton (1928), Ruth Benedict (1935)
e Margaret Mead (1945) - considerados representantes da antropologia cultural
americana, que utilizam métodos e técnicas de pesquisa qualitativa somados a modelos
conceituais próximos da psicologia e da psicanálise.
Bronislaw Malinowski
i. efetuou a primeira experiência de campo em 1914 entre os mailu na Melanésia;
ii. impedido de voltar à Inglaterra, no início da Primeira Guerra Mundial, começou sua
pesquisa nas ilhas Trobiand (1915-1916) e retornou em 1917 para uma estada de mais um
ano;
iii. esta longa convivência com os nativos teve uma influência decisiva na inovação do
método de pesquisa antropológica;
iv. publicou em 1922 o Argonauts of the Western, que se trata de um verdadeiro tratado
sobre o trabalho de campo e provocou uma verdadeira ruptura metodológica na
antropologia priorizando a observação direta e a experiência pessoal do pesquisador de
campo;
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v. colocou em prática a observação participante, criando um modelo do que deve ser o
trabalho de campo: o pesquisador, através de uma estada de longa duração, deve
mergulhar profundamente na cultura nativa, impregnando-se da mentalidade nativa –
deve viver, falar, pensar e sentir como os nativos;
vi. foi considerado o pai do funcionalismo e acreditava que cada cultura tem como função a
satisfação das necessidades básicas dos indivíduos que a compõem, criando instituições
capazes de responder a estas necessidades;
vii. influenciou (direta ou indiretamente), através dos seus métodos de pesquisa, grande parte
da renovação das ciências sociais;
viii. foi por meio do contato íntimo com a vida nativa, exaustivamente registrado no seu
diário de campo, que buscou as respostas das três questões sugeridas por ele mesmo para
o trabalho de campo - O que os nativos dizem sobre o que fazem? / O que realmente
fazem? / O que pensam a respeito do que fazem? - preocupando-se em compreender o
ponto de vista nativo;
ix. considerava a antropologia o estudo, segundo o qual, compreendendo o “primitivo”,
poderíamos chegar a compreender melhor a nós mesmos;
x. tanto sua rica experiência de campo, quanto suas propostas metodológicas, influenciaram
decisivamente a aplicação de técnicas e métodos de pesquisa qualitativa em ciências
sociais.
Nota dos autores: Na década de 1970, surge nos EUA, inspirada na idéia weberiana de que a
observação dos fatos sociais deve levar à compreensão (e não a um conjunto de leis), a antropologia
interpretativa.
Clifford Geertz
i. foi um dos principais representantes da abordagem interpretativa e propõe um modelo de
análise cultural hermenêutico: o antropólogo deve fazer uma descrição em profundidade
(“descrição densa”) das culturas como “textos” vividos, como “teias de significados” que
devem ser interpretados;
ii. dizia que os “textos” antropológicos são interpretações sobre as interpretações nativas,
uma vez que os nativos produzem interpretações de sua própria experiência e tais textos
são “ficções”, no sentido de que são “construídos” (não falsos ou inventados);
iii. inspirou a tendência atual da chamada antropologia reflexiva ou pós-interpretativa, que
propõe uma auto-reflexão a respeito do trabalho de campo nos seus aspectos morais e
epistemológicos.
Logo depois nos deparamos com a terceira seção - A Escola de Chicago e a Pesquisa Qualitativa (p.
25-32) onde encontramos a definição do termo Escola de Chicago - designa-se um conjunto de
pesquisas realizadas, a partir da perspectiva interacionista, particularmente depois de 1915 na cidade de
Chigado - que em 1930 foi utilizado foi utilizado pela primeira vez por Luther Bernard, em “Schools of
sociology”.
Dando continuidade, temos agora a quarta seção Estudos de Caso (p. 33-35) que já começa explicando
o termo estudo de caso e complementa dizendo que este método supõe que se pode adquirir
conhecimento do fenômeno estudado a partir da exploração intensa de um único caso.
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Passamos então à quinta seção – O Método Biográfico em Ciências Sociais (p.36-43) – onde a autora
nos diz que “a utilização do método biográfico em ciências sociais vem, necessariamente,
acompanhada de uma discussão mais ampla sobre a questão da singularidade de um indivíduo versus o
contexto social e histórico em que está inserido”.
A seguir a autora nos apresenta a sexta seção denominada Objetividade, Representatividade e Controle
de Bias na Pesquisa Qualitativa (p. 44-52).
Continuando, chegamos agora à sétima seção chamada Pesquisa Qualitativa: Problemas Teórico-
Metodológicos (p. 53-60).
A seguinte oitava seção denomina-se Integração entre Análises Quantitativa e Qualitativa (p. 61-67).
Alcançamos então a nova seção intitulada Faça a Pergunta Certa! (p. 68-70)
Agora chegamos á décima seção - Formulando o Problema de Pesquisa (p. 71-73) - onde a autora nos
exemplifica que o primeiro passo é tornar o problema concreto e explícito através:
• da imersão sistemática no assunto;
• do estudo da literatura existente;
• da discussão com pessoas que acumularam experiência prática no campo de estudo.
Nesta décima primeira seção, chamada de Construindo o Projeto de Pesquisa (p. 74-77), a autora nos
lembra não só quão importante e delicada esta etapa – construção do projeto de pesquisa – é para a
pesquisa científica, uma vez que se parte deste dito projeto para delimitarmos o problema que será
estudado – e que se chama de recorte do objeto -, mas também quão objetivo e rigoroso nós
pesquisadores devemos ser ao transformarmos nossas boas idéias em um projeto real de pesquisa.
Encerrando esta seção a autora nos apresenta nas duas (2) últimas páginas 76 e 77 uma sugestão bem
interessante de um projeto de pesquisa.
A seguir temos a décima terceira seção denominada Fichamento da Teoria (p. 81-84).
Dando continuidade nos deparamos com a décima quinta seção chamada de Pensando como um
Cientista (p. 92-93).
A seguinte e penúltima décima sexta seção Análise e Relatório Final (p. 94-99).
Em seguida chegamos à décima sétima e última seção intitulada Algumas Palavras Finais (p. 100-101)
onde a autora ressalta que nunca pretendeu elaborar “um tratado exaustivo de Metodologia Científica”,
mas tão somente transmitir algumas “dicas” seguidas por ela mesma em suas próprias pesquisas, e, por
final, espera que cada leitor tenha:
=> achado este livro de alguma forma útil/utilidade;
=> adquirido uma maior confiança e autonomia na “arte de pesquisar”;
=> tornado-se “capaz de exercitar um novo olhar e uma nova postura dentro de sua profissão”.
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Antes de finalizar definitivamente o livro, a autora ainda nos contempla com um suscinto, mas
extremamente prático Glossário (p. 103-107), onde a mesma nos apresenta “alguns conceitos básicos
(Ciência, Método, Metodologia, Pesquisa e Teoria) que devem fazer parte de um dicionário de
pesquisa” – uma vez que “o problema central da Metodologia de Pesquisa é a definição do que é e do
que não é ciência”.