FORMAÇÃO DE PORTUGAL
burguesia, do capitalismo e da globalização.
 Guerra da Reconquista: expulsão dos muçulmanos
que invadiram a Península Ibérica
 O rei de Leão e Castela teve o apoio de nobres
franceses durante a guerra; com a vitória, esses
nobres foram recompensados com feudos e
tornaram-se vassalos.
 Henrique de Borgonha recebe o condado
Portucalense; rompe com o reino de Leão e declara
a independência de Portugal.
REVOLUÇÃO DE AVIS
 A dinastia Borgonha é extinta
 A nobreza e o clero queriam que o reino de Leão
anexasse Portugal e implantasse novamente o
feudalismo
 A população urbana e os burgueses defendiam o
início de uma nova dinastia com a coroação de um
bastardo Borgonha.
EXPANSÃO MARÍTIMA
PIONEIRISMO PORTUGUES
 Estudos náuticos na cidade de Sagres; ocorrem as
invenções e o aperfeiçoamento da bússola, da
caravela e de outras tecnologias.
 A burguesia se desenvolveu rapidamente devido ao
fim precoce do feudalismo
 A posição geográfica possibilitou o desenvolvimento
do comércio nos portos
CONSEQUÊNCIAS
 Valorização dos produtos orientais e decadência das
cidades italianas
 O comércio com o Oriente era feito através
de caravanas que iam até a Itália e vendiam
seus produtos para os italianos, que por sua
vez, revendiam para o resto da Europa; o
monopólio italiano elevou o preço dos
produtos.
 Pacto colonial; controle total da economia colonial.
 Estanco: apenas as metrópoles poderiam
explorar as riquezas da colônia.
 As relações de compra e venda da colônia
aconteciam unicamente com a metrópole.
 Fortalecimento e expansão do escravismo;
importação de mão de obra africana.
 Processo de europeização das áreas coloniais
 Fortalecimento dos estados nacionais e o absolutismo
monárquico
 Revolução comercial; desenvolvimento da
 As conquistas portuguesas provocaram a cobiça do
restante da Europa
TRATADO DE TORDESILHAS
 Cristóvão Colombo se lança ao mar em direção ao
ocidente fundamentado nas ideias iluministas que
afirmavam que a Terra possuía um formato esférico;
Colombo chega a América.
 Inicialmente, o tratado oferecia a costa da África para
os portugueses e a América para os espanhóis; os
portugueses, sem terem conhecimento da América,
negaram o tratado.
 O tratado de Tordesilhas ofereceu, além dos
territórios africanos, parte do continente americano
para os portugueses.
 Pedro Álvares Cabral partiu em direção as índias,
com o objetivo de dominar as relações comerciais;
encontrou o Brasil.
 A Coroa Portuguesa dedicava seu esforço no
comércio com as Índias e por isso abandonaram o
Brasil
 Aconteceram pequenas expedições para mapear o
território e procurar por riquezas; a primeira
atividade econômica portuguesa no Brasil foi a
exploração do pau-brasil.
 A mão de obra indígena cortava e transportava a
madeira em troca de utensílios sem valor; esse
processo ficou conhecido como escambo.
 A madeira era armazenada em armazéns fortificados
no litoral; feitorias.
 Os demais países europeus não aceitavam o tratado e
enviaram piratas para atacar o litoral e
contrabandear madeira
 O período pré-colonial durou 30 anos e se baseou
em investigações do território, exploração de
recursos naturais e combate a contrabandistas.
GRÉCIA ANTIGA
 Secularismo
 Também presente em Roma
 O estado está acima da religião
 O conhecimento está acima da fé
 Ideais de liberdade humana e antropocentrismo
 Fim do despotismo (estado governado por tiranos);
a religião não tinha poder de controlar a sociedade.
 Religião politeísta e antropomórfica (os deuses
teriam virtudes e defeitos comuns aos homens); não
aceitavam dogmas.
 Foram responsáveis pelo surgimento da filosofia
PERÍODOS HISTÓRICOS
 Pré-Homérico: ocupação do território pelas
civilizações que dariam origem ao povo grego
 Homérico: não havia propriedade privada, a
produção era coletiva e predominava a igualdade
social.
 Com o crescimento da população e a falta de
terras férteis para o cultivo, as propriedades
foram privatizadas e a sociedade começou a
ser dividida em classes.
 Eupátridas: grandes proprietários
 Georgói: pequenos proprietários
 Demiurgos: artesãos e comerciantes
 Metecos: estrangeiros
 Escravos: base da sociedade
 Arcaico: pleno desenvolvimento das cidades-estados
e hegemonia exercida por Atenas e Esparta
 Clássico: a disputa de Atenas e Esparta pela
supremacia.
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
 Os gregos eram navegantes e comerciantes, podiam
viajar grandes distâncias e estabelecer contato com
muitos povos.
 O crescimento da população na Península Balcânica
e a falta de terras férteis para a agricultura fizeram
com que o povo emigrasse
ATENAS
SOCIEDADE E POLÍTICA
 Os cidadãos continuaram divididos de acordo com a
pirâmide social original do período Homérico
 Iniciaram como uma monarquia governada por um
rei que era indicado e assessorado por uma
assembleia constituída unicamente de eupátridas
 No século VIII a.C os eupátridas destituíram o rei e
elegeram um grupo de aristocratas para governar
uma oligarquia (governo para poucos)
 No século VII a.C os oligarcas foram derrubados por
déspotas (governaram ilegalmente)
 A partir do século VI a.C foi estabelecida a
democracia; restrita e exclusiva aos homens livres
filhos de atenienses.
 Os reformadores da política de Atenas são:
 Drácon: criou o primeiro código de leis
escritas na Grécia (leis draconianas)
 Sólon: criou um conselho responsável pela
elaboração de leis e um supremo tribunal
aberto a todos os cidadãos; proibiu a
escravidão por dívidas.
 Psístrato: é considerado um déspota porque
governou de forma ilegal, porém, tinha o
apoio da população.
 Clístenes: criou a democracia e instituiu o
ostracismo (exílio).
 O auge da produção artística, filosófica e econômica
ocorreu no século de Péricles.
ESPARTA
SOCIEDADE E POLÍTICA
 A sociedade era dividida em:
 Cidadãos (esparciatas): aristocracia guerreira
 Periecos: artesãos e comerciantes; não
tinham direito a cidadania e serviam ao
exército como tropas auxiliares.
 Hilotas: escravos
 O solo montanhoso e seco dificultava o
abastecimento da cidade; os espartanos
conquistaram terras férteis através da guerra.
 Temiam que os povos conquistados se rebelassem,
temiam que os escravos se revoltassem; as viagens
comerciais foram proibidas para que as ideias
atenienses não chegassem a Esparta.
 O espartano era breve no modo de falar e escrever,
era militar e não desenvolvia o espírito crítico
(laconismo).
 Toda a formação do cidadão era voltada para o
preparo militar, serviam dos sete aos sessenta anos.
 Economia estática, autossuficiente, agrária e
escravista.
 Esparta vivia em uma diarquia oligárquica; o estado
objetivava manter a forma de vida tradicional e
combater qualquer tipo de inovação.
 Diarquia: dois reis representantes das
famílias aristocratas
 Gerúsia: conselho de anciãos com grande
importância nas decisões políticas, jurídicas e
administrativas.
 Éforos: eleitos pela apela para fiscalizar os
reis e conselheiros
 Apela: conselho formado pelos cidadãos
GRÉCIA DIVIDIDA
 Após a vitória sobre os persas (guerras médicas),
Atenas contava com uma marinha e um forte
exército; iniciou uma investida imperialista.
 A Grécia foi dividida em dois blocos.
 A Liga de Delos era chefiada por Atenas e reunia as
cidades sob sua influência.
 A Liga do Peloponeso foi liderada por Esparta e
reunia os opositores de Atenas.
 A supremacia ateniense provocou o conflito e a
partir daí a civilização grega entrou em decadência
 Todas as cidades-estados ficaram enfraquecidas com
a guerra e foram invadidas pelos macedônios sob o
comando de Alexandre O Grande.
ROMA ANTIGA
 Historicamente, a cidade de Roma foi fundada por
povos que viviam da agricultura e da pecuária ao
redor do Mediterrâneo.
 A lenda diz uma rainha se relacionou com um deus e
teve dois filhos, Rômulo e Remo; o rei, ao descobrir a
traição, lança os irmãos ao rio; ambos são resgatados
e amamentados por uma loba, quando eles crescem,
Rômulo mata Remo e funda a cidade de Roma.
MONARQUIA ROMANA
 As instituições políticas dessa época eram:
 Senado Romano: conselho de anciãos,
formado apenas pelas famílias mais
importantes da cidade.
 Assembleia Curiata: composta pelos
cidadãos; deveria fiscalizar o rei, aprovar
leis e declarar guerra ou paz.
 A sociedade romana na monarquia estava dividida
em quatro categorias
 Patrícios: grandes proprietários
 Plebeus: pequenos proprietários e cidadania romana aos povos dominados
comerciantes; eram livres, mas não
participavam da vida política; deveriam
servir ao exército e pagar impostos.
 Clientes: prestavam serviços aos patrícios e
em troca recebiam proteção e benefícios de
cunho econômico.
 Escravos: prisioneiros de guerra ou obtidos
através de dívidas.
 A economia durante a monarquia era agrícola e
autossuficiente, o comércio era reduzido.
 A monarquia é derrubada após uma revolta
orquestrada pelos patrícios.
REPÚBLICA ROMANA
 Durante a república o governo continuou controlado
pela aristocracia patrícia, mas com medidas para
evitar o governo absoluto.
 As instituições políticas dessa época foram:
 Consulado: composto por dois membros
eleitos pela Assembleia Centurial.
 Senado: composto por patrícios com
mandato vitalício; fiscalizavam os cônsules,
firmavam guerras ou acatavam a paz.
 Assembleia Centurial: composta por
militares (alguns eram plebeus); deveriam
resolver as apelações da sociedade e votar
as leis que vigoravam em Roma.
 Ditadura: na época da guerra os cônsules
eram substituídos por um ditador; possuía
plenos poderes em graves crises.
 Inicialmente, a sociedade romana na república seguiu
os padrões instituídos na monarquia.
PRIMEIRAS REVOLTAS PLEBEIAS
 Causadas pela opressão, altos impostos, convocação
para o serviço militar e abandono que os plebeus
sofriam; conquistaram direitos como:
 Fim da escravidão por dívidas
 Direito de vetar decisões do senado
prejudiciais para a plebe
 Igualdade civil (casar com patrícios) e
religiosa (ocupar cargos religiosos)
 Ampliação dos direitos políticos
EXPANSÃO TERRITORIAL
 As guerras travadas pelos romanos tinham como
objetivo defender seu território de saques,
conquistar terras para a agricultura e controlar as
rotas de comércio.
 Uma forma de manter o controle era conceder
 Os romanos conquistaram o norte da África através
das guerras púnicas; conquistaram ainda a
Macedônia, a Grécia e parte da Ásia.
 Os romanos se tornaram os senhores do
Mediterrâneo
 As conquistas trouxeram mudanças profundas na
vida dos romanos:
 Enriquecimento do Estado com impostos,
terras, metais preciosos e outros bens
obtidos nos territórios conquistados.
 Surgimento de um novo grupo social; os
cavaleiros percorriam os territórios para
cobrar os impostos.
 Concentração de terras conquistadas nas
mãos de poucas
 Com o pleno desenvolvimento de Roma
houve êxodo rural; as cidades ficaram
superpovoadas e isso gerou uma onda de
fome, epidemias e violência.
 O Estado iniciava a política do pão e circo;
distribuía comida e diversão para evitar
manifestações.
 O plebeu foi marginalizado
  Grande aumento no escravismo
 O soldado fiel ao estado foi substituído por
um exército comprado e fiel a um general.
 O modo de produção escravista tornou-se
predominante e o trabalho dos homens livres foi
desvalorizado de forma a impulsionar o conflito
entre plebeus e patrícios.
 Os cavaleiros eram oriundos da plebe a apesar de
enriquecidos, continuavam marginalizados
politicamente; pretendiam maior participação
política e ocupação de cargos, com o objetivo se
assegurar melhores condições para as práticas
comerciais; conquistaram o apoio da plebe e dos
militares.
 Os patrícios pretendiam manter os privilégios
tradicionais, eram os únicos com direitos políticos
plenos.
 No fim da república, a sociedade apresentava outra
forma de divisão social:
 Aristocracia
 Equestre (comerciantes)
 Clientes
 Plebeus
 Escravos
CAIO E TIBÉRIO GRACO
 Tentaram instituir uma reforma agrária
 O tamanho das propriedades rurais deveria ser
limitado e o excedente de terras, distribuído aos
plebeus pelo Estado.
 Esse projeto acabaria com o êxodo rural e ofereceria
trabalho para a massa de desocupados que habitava
a cidade, entretanto, a proposta foi rejeitada.
 Caio Graco conseguiu a aprovação da Lei Frumentária
que obrigava a distribuição de trigo à população por
baixos preços.
GENERAIS ROMANOS
 As vitórias militares, as crises políticas e a
instabilidade generalizada com os conflitos entre
patrícios e plebeus abrem caminho para os generais,
que enriquecidos com as conquistas, ambicionam a
tomada do poder.
 Júlio César assume o poder como ditador após o
fracasso do primeiro triunvirato; é assassinado por
um grupo de senadores.
 Otávio assume o poder durante o segundo triunvirato
e inicia a fase do império em Roma.
IMPÉRIO ROMANO
 Entre os principais feitos de Otávio estão:
 Aperfeiçoamento da arrecadação de
impostos
 Dividiu os cidadãos de acordo com a renda;
senatoriais (renda alta), equestres (renda
média) e plebeus (renda baixa).
 Fortaleceu as fronteiras (PAX Romana)
 Aperfeiçoou a política do pão e circo
 O alto império é marcado pela máxima extensão
territorial, grande poderio militar e prestígio da
figura dos imperadores.
 O baixo império é marcado pela crise gerada através
dos seguintes fatores:
 Crise do escravismo: com o fim do
expansionismo militar não existiam mais
prisioneiros de guerra.
 Invasões germânicas (fugiam de povos da
Europa oriental e de desastres naturais) e,
consequente ruralização da economia.
 Surge o cristianismo, inicialmente perseguido, passa a
ser tolerado e, então, torna-se a religião oficial do
império romano.
 Para facilitar a administração da crise, o Império
Romano é dividido em: Império Romano do
Ocidente, com capital em Roma, e Império Romano
do Oriente, com capital em Constantinopla.
 Enquanto Roma Ocidental entrava em decadência,
Roma Oriental manteve seu poder; o Império do
Oriente sobrevive durante toda a Idade Média até
ser tomado pelos turcos otomanos.
IDADE MÉDIA
IMPÉRIO BIZANTINO
 Império Romano do Oriente
 Foi um império expansionista e teocrático; o
imperador era considerado o representante de deus
na terra e era responsável pela escolha do papa.
 A religião estava submetida ao Império e este
fenômeno é chamado de cesaropapismo.
 A Igreja Católica sofreu uma divisão e gerou a Igreja
Católica Apostólica Romana (Ocidente) e a Igreja
Católica Ortodoxa (Oriente).
 A divisão da Igreja Católica ficou conhecida como “O
cisma do Oriente”.

 Os cristãos ortodoxos acreditavam que
apenas Jesus possuía natureza divina
(monofisismo) e julgavam as imagens sacras
como pecados.
SURGIMENTO DO ISLAMISMO
 Na região da atual Arábia Saudita nasceu Maomé;
ficou órfão na infância e foi adotado por um tio
comerciante.
 Maomé passou parte da vida viajando em caravanas
comerciais; conhecendo diversas culturas, incluindo o
cristianismo e o judaísmo (influenciadores do
islamismo).
 Casou-se com uma comerciante e tornou-se rico e
poderoso; recebeu a visita do anjo Gabriel que o
revelou o princípio do islamismo: “Só há um deus Alá,
e Maomé é seu único profeta”.
 Maomé conquistou muitos seguidores e muitos
inimigos; seus opositores tentaram assassiná-lo e ele
se vê obrigado a fugir, o episódio da fuga de Maomé
de Meca para Medina ficou conhecido como Hégira
(início do calendário islâmico).
 Maomé funda um exército e luta contra seus
opositores conquistando Meca; os árabes se
convertem ao islamismo e as tribos são unificadas; o
islã se expande para o Oriente Médio, para o norte
africano e domina o Mediterrâneo.
 O islamismo condena o consumo de álcool, carne de
porco e o uso de imagens sacras.
 Os fiéis devem orar cinco vezes ao dia, peregrinar
pelo menos uma vez na vida em direção a Meca
(desde que saúde e condição financeira permitam),
jejuar no período da Hégira, dar esmolas e professar
a todo custo a fé islâmica.
FEUDALISMO
 Economia rural e autossuficiente
 Não ocorria o comércio e não havia circulação
monetária (cada feudo tinha seus pesos e medidas);
haviam pequenas trocas realizadas com caravanas
árabes através do intermédio de cidades italianas.
 O direito era consuetudinário e oral
 Modo de produção feudal
 Rotação de culturas
 Durante as invasões germânicas, os plebeus se
refugiaram nas propriedades dos patrícios; em troca
de abrigo e proteção se submetiam a servidão.
 Os servos viviam em condições precárias e eram
superexplorados com impostos, tais como:
 Corveia: Trabalho gratuito nas terras do
senhor feudal, em torno de três dias na
semana.
 Banalidade: imposto para a utilização de
equipamentos do feudo, como o moinho e o
forno.
 Talha: o servo deveria entregar metade de
sua produção para o senhor feudal.
 Tostão de Pedro: o servo deveria entregar
10% de sua produção para a Igreja.
 Mão morta: imposto pago para que a terra
de um servo morto seja passada para seu
herdeiro.
 As relações verticais eram de dominação da nobreza
sobre os servos através de impostos e com o
domínio de todos que habitavam suas terras.
 As relações horizontais eram aquelas entre os
membros da própria nobreza, as chamadas relações
de suserania e vassalagem.
 Os nobres se aliavam a senhores mais
poderosos que poderiam premiá-los através
da concessão de um novo feudo; um senhor
poderia investir de poder outro nobre.
 Essa prática é uma herança germânica
denominada comitatus.
 Aquele que cede o feudo é o suserano e o
que recebe é o vassalo; o vassalo deve
fidelidade e proteção ao seu suserano.
 Apesar de todos os nobres serem vassalos
de um rei, o poder dele se limita ao próprio
feudo; trata-se de uma monarquia
descentralizada.
 Esse modo de produção entrará em decadência com
as cruzadas; com expedições militares ao Oriente
Médio ocorreu um grande aumento no fluxo de
mercadorias provenientes do mundo árabe.
CRUZADAS
 Investida cristã para expandir a fé e livrar Jerusalém
dos muçulmanos
 Alguns objetivos foram mascarados, tais como:
 Diminuir o excedente populacional europeu;
nas duas primeiras cruzadas foram enviados
os mendigos e as crianças abandonadas.
 Realizar trocas comerciais com as ricas
cidades orientais; saquearam muitas cidades
islâmicas e levaram os produtos para a
Europa.
 Sua principal consequência foi ter promovido um
“renascimento comercial” e a reabertura do
Mediterrâneo; as cidades italianas desenvolvem seu
monopólio.
 O comércio se intensifica, os comerciantes circulam
com caravanas e desenvolvem rotas comerciais;
quando duas ou mais caravanas se encontravam
eram formadas feiras, que cresceram até se
tornarem cidades (chamadas de burgos).
 Os burgos não possuíam saneamento básico, eram
sujos, não tinham circulação de ar e eram lotados de
roedores; esse ambiente foi propício para o
desenvolvimento de doenças (como a peste negra).
 As cidades começaram a crescer muito, pois o servo
que fugisse para um burgo estaria livre da servidão.
A CRISE DO SÉCULO XIV
 A peste negra atingiu a Europa e dizimou um terço
da população; não tinham conhecimentos para
tratar a doença e consideraram um castigo divino.
 A mortalidade da população fez as colheitas
declinarem; os senhores, além de aumentarem os
impostos, aumentam a superexploração dos servos,
isso estimulou o aumento da fuga para os burgos.
 A enorme quantidade de ouro e prata levados da
América provocou a desvalorização da moeda e o
consequente aumento dos preços
 O camponês que permaneceu no feudo revoltou-se
contra a exploração e passaram a ocorrer guerras
entre camponeses e senhores.
IDADE MODERNA
 O desenvolvimento da imprensa favoreceu a
circulação de ideias e conhecimentos; as ideias
revolucionárias vão “abalar os tronos e derrubar os
altares”; “saber é poder”.
 A burguesia empreendedora e dinâmica decide que
para remover os obstáculos do feudalismo e ampliar
seus negócios necessitava de um poder centralizado
 Os burgueses eram dominados pelos nobres
 Havia pluralidade de moedas, pesos e
barreiras alfandegárias.
 As leis eram diversas
 A burguesia faz uma aliança com as monarquias
nacionais e presta seu apoio e recursos para que os
reis tivessem o poder.
 A monarquia nacional centralizada apoiada em um
exército profissional, permanente e equipada com
os recursos da burguesia se impõe e elimina a
independência dos feudos, submete a nobreza,
promove a unificação territorial, impõe a obediência
à sua população e confere proteção a burguesia.
 O sistema feudal entra em declínio e o capitalismo é
instaurado.
ESTADO NACIONAL MODERNO
 Nasce na Europa Ocidental com as seguintes
características:
 Um só poder, que vai se fortalecendo até
chegar ao absolutismo.
 Um só exercito profissional, permanente,
equipado com armas de fogo e comandado
pelo rei.
 Uma só administração; uma única justiça.
 Uma ideologia de legitimação baseada no
direito divino dos reis
 Unificação de pesos e medidas; fim das
barreiras alfandegárias entre os feudos e
delimitação de fronteiras.
 Autoridade soberana sobre todo o território
 Os reis exerceram seu poder sobre a Igreja
 Durante o absolutismo, a figura do rei tinha o poder
de decretar leis, arrecadar impostos, manter um
exército permanente e nomear funcionários.
 Em sua pessoa estavam os poderes executivo,
legislativo e judiciário.
TEORIAS DE LEGITIMIDADE DO PODER REAL
TEORIA LEIGA
 Nicolau Maquiavel: a obrigação suprema do
governante é manter o poder e a segurança suprema
do país; não deve temer a adoção de meios que o
capacitem para tal.
 Thomas Hobbes: “o homem é o lobo do homem”; os
homens devem entregar a sua liberdade ao soberano
que deve administrar a nação com mãos de ferro e
organizá-la através de leis que obriguem os homens a
viverem em paz, ordem, justiça e fraternidade.
 Hugo Grotius: só uma autoridade ilimitada nas mãos
do monarca possibilitaria a manutenção da ordem.
TEORIA DO DIREITO DIVINO
 Le Bret e Jean Bodin: o rei recebeu seus poderes
diretamente de Deus e por isso devem ser sem
limites, e suas ordens devem ser acatadas, mesmo
quando injustas.
 Jacques Bossuet: não há poder público sem a vontade
de Deus; todo governo é sagrado e revoltar-se contra
ele é cometer um pecado.
MERCANTILISMO
 Conjunto de práticas econômicas executadas pelos
estados nacionais modernos e se caracterizava pela
intervenção estatal na economia com o objetivo de
proteger os mercados nacionais, promover a riqueza
do estado e o fortalecimento do poder real.
 Metalismo: abundância de ouro e prata é a
riqueza de um país; deve-se acumular o
máximo de metais através do
desenvolvimento do comércio.
 Balança comercial favorável: vender o
máximo e exportar o mínimo.
 Colonialismo: as colônias devem ser
mercados consumidores e fontes de
abastecimento de matérias primas e metais
preciosos; as colônias só podem abastecer as
metrópoles a que pertençam.
 Industrialismo: incentivo à produção de
mercadorias para atender ao mercado
interno e concorrer no mercado externo.
 A ampliação do mercado e a disponibilidade de
capitais abriram a possibilidade da ampliação da
produção transformando as oficinas artesanais em
grandes unidades manufatureiras.
 A necessidade de abastecimento das cidades que
cresciam provoca melhorias técnicas na agricultura;
introdução de novas culturas, correção do solo e
rodízios de cultura.
 A economia em expansão aumenta a arrecadação de
impostos e recursos para as monarquias nacionais
 O capital crescente nas mãos da burguesia favorece
a criação de uma ideologia que justifica o lucro, a
acumulação de riquezas e consolida o capitalismo.
REVOLUÇÃO COMERCIAL
 Deslocou as bases do comércio do plano local e
regional da Idade Média para a escala mundial com
as navegações.
 Alterou a ideologia dominante com a valorização do
comércio, do lucro, da acumulação de riquezas e
estabelece a concorrência como a base da produção
e do comércio.
 A Revolução Comercial produziu:
 Ascensão da burguesia ao poder econômico
 O início da europeização do mundo
 O reestabelecimento da escravidão
 As transformações na estrutura da sociedade
prepararam o caminho para a Revolução Industrial.
 A revolução criou uma classe de capitalistas
interessados em aplicar recursos em novos
empreendimentos, uma política mercantilista de
proteção das indústrias e a produção de
mercadorias para exportação.
REFORMAS RELIGIOSAS
 Série de contestações ao predomínio da Igreja
Católica Apostólica Romana e que resultou na
ruptura da unidade cristã do ocidente e no
surgimento de novas igrejas cristãs; quebra do
monopólio espiritual.
 As novas religiões ficaram conhecidas como religiões
protestantes e contestam as seguintes diretrizes:
 Dogmas, riqueza e luxo do clero; apego dos
bens materiais por parte da Igreja.
 Práticas abusivas de boa fé da população,
como a venda de indulgência (perdão para
os pecadores) e a simonia (venda de
relíquias sagradas e realização de favores
divinos).
 Desvirtuamento das regras da vida religiosa
entre os eclesiásticos
 Investidura de cargos eclesiásticos por
determinação de um leigo, como o rei.
 O movimento apresenta um novo conceito do
homem diferente do elaborado pela Igreja.
 Estabelece um espírito crítico baseado na razão e na
valorização do homem.
 O fortalecimento e centralização do poder entra em
choque com a Igreja; há o confisco de amplas posses
de terras eclesiásticas e a diminuição da
interferência de ordem religiosa na política.
 A doutrina da Igreja era contrária ao
desenvolvimento do comércio, condenava os
empréstimos a juros e o lucro; a burguesia, para
legitimar suas atividades, se engaja no movimento
reformista e adota a nova religião que considera
suas práticas dignificantes do homem, legítimas e
agradáveis aos olhos de Deus.
REFORMA LUTERANA
 Martinho Lutero fixou na porta da catedral de sua
cidade um documento intitulado “95 teses contra as
indulgências”.
 Criticava não somente a venda de indulgências
(denunciando que o dinheiro era usado para manter
o luxo do clero), mas também os dogmas.
 Para Lutero, as indulgências eram incorretas, pois o
fiel não seria salvo pelos seus atos e sim pela sua fé.
 Defendia que a bíblia deveria ser traduzida; deixando,
portanto, de ser exclusiva sua leitura àqueles que
dominavam o latim; possibilitando a relação direta
entre homem e Deus, mantendo a Igreja como uma
intermediária.
 Condenado como herege, Lutero foge da condenação
da Igreja e traduz a bíblia numa forma de difundir seu
conhecimento entre a população; a Alemanha é o
primeiro país a se declarar adepto do luteranismo.
REFORMA CALVINISTA
 A salvação só se alcança pela fé, todavia, ela poderia
ser concedida por Deus a alguns eleitos (teoria da
predestinação), uma vez que, o homem era pecador
por natureza e só Deus poderia livrá-lo dessa
condição.
 Como o luteranismo, dos sacramentos católicos
somente o batismo e a eucaristia (santa ceia) foram
conservados.
 As concepções de Calvino contribuíram com a
burguesia, por exaltar as qualidades do trabalho e o
sucesso econômico como práticas bem vistas aos
olhos de Deus.
 As ideias de Calvino se difundiram rapidamente, na
França os calvinistas foram chamados de huguenotes.
Na Inglaterra, pelo tipo de comportamento, marcado
pela austeridade, inclusive no vestir, eles foram
chamados de puritanos. Na Escócia, a igreja calvinista
foi organizada a partir de um conselho de
presbíteros, daí a designação de presbiterianos.
 Tanto no calvinismo quanto no luteranismo
predomina a ideia de que o livre arbítrio e a razão
foram concedidos aos homens por Deus, tornando
ilógica a premissa de que Deus fosse condená-lo por
agir racionalmente e livremente.
REFORMA ANGLICANA
 Rompimento da monarquia inglesa com a Igreja
 O rei gostaria que a Igreja Católica anulasse seu
casamento devido ao fato de sua rainha não
conceber um filho homem para sucedê-lo; ante a
recusa papal, o rei inglês anulou por conta própria
seu casamento, desposando, em seguida, outra
mulher.
 Excomungado, o rei Henrique VIII decretou o Ato de
Supremacia, por meio do qual ele criou uma igreja
nacional chamada Igreja Anglicana e tornara-se seu
único chefe; confiscou os bens do clero e distribuiu
entre a camada mais pobre da Inglaterra, o que lhe
assegurou uma ampla base de apoio.
 Adotou o calvinismo como conteúdo doutrinário, mas
manteve a forma católica, preservando a hierarquia e
a liturgia.
CONTRARREFORMA CATÓLICA
 Reação da Igreja Católica diante da expansão
desenfreada das religiões protestantes; impôs uma
reforma para moralizar o clero e intensificar o
combate às novas religiões; tem como
características:
 Rígida disciplina e hierarquia
 Intolerância e irracionalidade
 Absoluta autoridade papal
 Fanatismo e violência
 Controle da educação e da cultura
 Imposição do medo através da Inquisição
 Catequese em áreas coloniais
 O Concílio de Trento confirmou os dogmas católicos,
o princípio da salvação pelas boas obras, o culto à
virgem e aos santos, a infalibilidade papal, o celibato
clerical e a indissolubilidade do casamento.
 A Igreja buscou reconquistar, por meio da educação,
as áreas perdidas para o protestantismo; vários
colégios foram fundados na Europa.
 Houve difusão do catolicismo entre os povos pagãos,
por meio da catequese; as populações indígenas
foram convertidas.
 A Inquisição (Tribunal do Santo Ofício) utilizou
métodos violentos, como a tortura e a execução na
fogueira, para conter o avanço das religiões
protestantes.
 O Index Librorum Prohibitorum foi um catálogo que
descriminava obras de leitura proibidas aos católicos;
muitas obras de Platão e Aristóteles foram proibidas.
BRASIL: PERÍODO PRÉ-COLONIAL
 Entre 1500 e 1530 o território do Brasil não
despertava um grande interesse em Portugal; o
comércio de especiarias era mais lucrativo.
 O único produto de maior interesse europeu era o
pau-brasil, extraído na costa e levado até a Europa
para que dele fosse obtida uma tinta utilizada em
tecidos manufaturados.
 O Estado português concedia o monopólio de
exploração, denominado estanco.
 O primeiro contato com os indígenas foi pacífico; a
escravidão dos nativos era combatida pela Igreja
(tentavam converter os índios e impedir o avanço
das reformas protestantes); no entanto, os nativos
trabalharam na extração de madeira em troca de
utensílios sem valor (escambo).
 Eram estabelecidas as relações de “cunhadismo”, os
portugueses se casavam com índias e então
recebiam favores da tribo a qual pertenciam suas
esposas (as tribos eram poligâmicas e por isso os
europeus podiam ter várias esposas).
 Os portugueses tiveram contato com os Tupis-
guaranis que viviam na costa; os padres jesuítas
aprendiam o idioma para que pudessem catequizar
os nativos.
BRASIL COLÔNIA
 A decisão de povoar o Brasil foi tomada em 1530;
ocorreram expedições de reconhecimento e
mapeamento do território.
 Alguns fatores contribuíram para que Portugal
iniciasse o processo de ocupação do Brasil, entre eles:
 O comércio de especiarias estava em
declínio; ocorre o aumento da concorrência
internacional (muitos países negociam com
o Oriente) e, então, a diminuição do preço
dos produtos.
 O Brasil sofre com a ameaça dos países que
não reconhecem o Tratado de Tordesilhas e
ameaçam tomar o território.
 Os ideais mercantilistas responsáveis pelo
esforço de Portugal em manter o Estado
centralizado e poderoso.
 A opção por cultivar cana de açúcar ocorreu por
várias razões, entre elas:
 Havia uma alta demanda na Europa pelo
açúcar e seus preços eram altos.
 A cana (vegetal asiático, original da Índia) se
adaptou muito bem ao clima do litoral
nordestino e ao solo fértil da região.
 A produção era financiada pelos
holandeses, transportavam, refinavam e
distribuíam o produto na Europa.
 A relação com os holandeses era intensa e pacífica
até 1580, quando ocorre a União Ibérica (durante o
período da União Ibérica os holandeses foram
proibidos de participar da atividade açucareira no
Brasil por serem inimigos da Espanha; nesse
contexto, invadiram Salvador e depois Pernambuco);
nunca plantaram cana, apenas comercializavam.
 O modelo de produção adotado foi o Plantation,
cujas características são:
 Monocultura de cana
 Grandes extensões de terra (latifúndios)
  Exportação visando atender a metrópole
 Mão de obra escrava africana
ESCRAVIDÃO
 A escravidão africana foi uma opção devido a um
mercado lucrativo que era o comércio de africanos;
a demanda por mão de obra era tão grande quanto
a demando por açúcar (os europeus diziam estar
salvando os africanos que eram convertidos ao
catolicismo e trazidos até a América).
 A demanda por mão de obra era muito grande, ao
ponto de Portugal não conseguir atender a demanda;
isso gerou o comércio atlântico que fugia do controle
de Portugal: o tráfico negreiro.
 Os africanos escravizados eram transportados em
navios negreiros, cuja mortalidade era altíssima;
eram “descarregados” nos mercados do litoral, eram
vendidos e seguiam para as fazendas; para evitar a
comunicação e rebeliões, separavam as tribos.
 Durante todo o tempo que ocorreu a escravidão,
ocorreu também a resistência africana; resistiam
através de suicídios, abortos, levante contra seus
senhores, fugas e formação de quilombos
(comunidades de negros fugitivos).
AS MISSÕES JESUÍTICAS
 Os padres jesuítas fundaram no Brasil as Missões
Jesuíticas, incumbidas de catequizar e proteger os
nativos; essas missões tiveram um papel importante
na ocupação do território (romperam com o Tratado
de Tordesilhas e invadiram terras espanholas).
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
 As capitanias hereditárias foram a primeira forma de
divisão administrativa pela qual passou o Brasil;
Portugal concedia territórios para que fossem
governados com amplos poderes a quem os
recebesse (com isso Portugal cortava gastos e
“privatizava” o território brasileiro).
 As capitanias hereditárias não foram governadas por
nobres portugueses, o que mostra que o
empreendimento não era economicamente atraente
(era um negócio difícil, perigoso e com vantagens
duvidosas).
 Os donatários vinham com dois documentos
jurídicos emitidos pelo próprio rei: a carta de doação
(o rei declarava a doação e tudo o que ela implicava,
como por exemplo, os amplos poderes do
donatário) e o foral (estabelecia impostos e deveres
como o de conceder sesmarias – terras para
qualquer católico interessado em cultivar cana)
 Nos dois documentos, o rei praticamente abria mão
de sua soberania e conferia amplos poderes aos
donatários, que deveriam desenvolver a terra às
próprias custas; em razão da dimensão colossal da
tarefa, da escassez de recursos, da distância da
metrópole, da resistência indígena e da elevada
descentralização, a maioria das capitanias falhou
(apenas Pernambuco obteve êxito).
GOVERNO GERAL
 Diante do fracasso das capitanias, em 1548 foi
criado o Governo Geral cujo objetivo era a
centralização política e administrativa do território,
entretanto não aboliu o sistema de capitanias.
 A sede administrativa do Governo Geral foi Salvador
(primeira capital do Brasil); o Governo Geral tinha a
obrigação de centralizar a administração, estimular
o povoamento, proteger as capitanias e conter a
resistência indígena.
 As dificuldades de contato entre as diferentes
regiões e a capital Salvador criavam uma situação
em que o localismo político era estimulado; foram
criadas as Câmaras Municipais, localizadas nas vilas
mais importantes do território; os poderes locais
estavam nas mãos dos grandes proprietários.
OUTRAS ATIVIDADES ECONOMICAS
 No decorrer do XVII, o cultivo tradicional de cana de
açúcar no litoral dividiu espaço com a pecuária
(marcante pela mão de obra indígena assalariada –
recebia filhotes como pagamento) e com o comércio
das drogas do sertão; no século XVIII tem início o ciclo
da mineração em Minas Gerais e Mato Grosso, além
da produção de algodão no Maranhão; havia uma
importante produção de tabaco na Bahia, utilizado
como moeda de troca por escravos africanos que
eram conseguidos através do escambo.
OS BANDEIRANTES
 As bandeiras eram expedições com objetivos
comerciais e privados (as expedições ordenadas pela
coroa lusitana para o reconhecimento do território
brasileiro eram denominadas entradas); em São
Paulo, a produção da cana de açúcar entrou em
declínio (a distância de Portugal encarecia o frete) e
os paulistas foram obrigados a investir no
bandeirismo; haviam três tipos de expedições:
 Bandeirismo de contrato: grupos
contratados para capturar escravos
fugitivos e destruir quilombos.
 Bandeirismo de preação ou apresamento:
expedições cujo objetivo era capturar
indígenas e escravizá-los (sempre entravam
em conflito com os padres jesuítas).
 Bandeirismo de prospecção: expedições
para buscar jazidas pedras preciosas.
 Eram chamadas de monções as expedições
bandeirantes feitas pelo rio.
AS INVASÕES INGLESAS
 As invasões inglesas não são muitos destacáveis, pois
não passaram de atividades de piratas ou corsários
que saqueavam algumas feitorias; enquanto a
pirataria era uma atividade marginal e individual, e o
sujeito é um saqueador, o corsário era um “pirata
oficial” (se o navegador recebe um documento do
Estado chamado Carta de Corso, ele se transforma
em um corsário, podendo saquear e derrubar navios,
desde que inimigos da coroa).
AS INVASÕES FRANCESAS
 A França realizou duas invasões ao Brasil, a primeira
no Rio de Janeiro e a segunda no Maranhão;
exploraram ativamente a madeira do litoral e se
associaram aos nativos contra os portugueses; foram
expulsos nas duas ocasiões.
 Na primeira invasão francesa, um grupo de calvinistas
fugiu da perseguição religiosa da Europa, fundaram
um forte e uma colônia: a França Antártica; já a
segunda invasão ocorreu no Maranhão, onde
fundaram a cidade de São Luiz e criaram a França
Equinocial.
UNIÃO IBÉRICA
 Em 1578 Portugal atravessa uma profunda crise
sucessória que fará com que seja anexado por
Portugal; o rei de Portugal invade o Marrocos para
promover a fé cristã e expulsar os árabes e morre
sem herdeiros em batalha, seu tio avô assume o
trono com mais de 80 anos e morre pouco tempo
depois, pondo um fim na Dinastia de Avis; o rei da
Espanha suborna os nobres portugueses e ocupa
militarmente o território português, anexando-o.
 Portugal passou a ser controlado pela Espanha e
herda seus inimigos; os holandeses fizeram parte do
território espanhol, declararam independência
(ocorreram diversos conflitos religiosos, visto que a
Holanda era uma região composta
predominantemente por calvinistas, enquanto a
Espanha era fundamentada no catolicismo) e
fundaram a União Utrecht (Holanda); a Espanha
para punir economicamente os holandeses, os
afasta do comércio com o mundo colonial lusitano,
principalmente do açúcar no nordeste do Brasil;
todos os portos espanhóis, inclusive os brasileiros,
estavam proibidos de negociar com os holandeses.
INVASÕES HOLANDESAS
 A Holanda criou uma empresa comercial de
colonização, a Companhia das Índias Ocidentais.
 A companhia foi o mecanismo que garantiu à
Holanda quebrar o monopólio do comércio oriental
mantido pelos portugueses; invadiram os portos
portugueses na Índia, África e Brasil.
 A Holanda tinha fortes motivos para conquistar o
Brasil, já que era responsável pelo refino e transporte
do açúcar brasileiro comercializado na Europa.
 A primeira invasão ocorreu na Bahia; foi frustrada
pelos colonos que se associaram aos nativos e se
organizaram militarmente em guerrilhas para
expulsar os holandeses; na volta para a Europa,
assaltam um dos maiores carregamentos de prata
americana para a Espanha e esse capital é utilizado
para financiar a segunda invasão.
 A segunda invasão ocorreu em Pernambuco e os
holandeses, em grande número, tomaram Recife e
Olinda; com as vantagens oferecidas pelos
invasores, a resistência se enfraqueceu e muitos
homens passaram para o lado flamengo (oferecia
liberdade religiosa – os holandeses eram calvinistas
e os portugueses católicos – propriedades de terras
e engenhos, financiariam a produção e então
consumiriam o produto gerado).
 Maurício de Nassau foi o governador geral dos
domínios holandeses no Brasil; preocupou-se com a
reorganização da produção açucareira
(comprometida pela resistência dos colonos) e com a
segurança; procurou conciliar o colono que ficava sob
seu domínio e tratou de ampliar o território
holandês; devolveu as propriedades invadidas aos
seus donos, forneceu empréstimos a juros
relativamente baixos (houve dívidas), cobrou
impostos mais baratos e realizou importantes
melhoramentos urbanos.
 Com o fim da União Ibérica, Portugal tratou de
recuperar seus territórios coloniais e propôs uma
trégua de 10 anos para a desocupação holandesa;
Nassau foi demitido e o novo governo foi severo ao
extremo (foram mais rígidos em relação aos
empréstimos e às dívidas, muitas propriedades
foram confiscadas e a tolerância religiosa foi
reavaliada); as tensões aumentaram e começaram a
se manifestar na forma de rebeliões que se
expandiram, até que eclodiu um processo de
rebelião que vai expulsar os holandeses: A
Insurreição Pernambucana; Portugal paga uma
indenização para a Holanda, que por sua vez invade
as Antilhas e torna-se concorrente no comércio de
açúcar (o açúcar produzido no Caribe era de melhor
qualidade e a proximidade da Europa barateou o
frete – foi a decadência do açúcar brasileiro).
FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
 Com a União Ibérica, o Tratado de Tordesilhas torna-
se obsoleto, colonos brasileiros ultrapassam as
fronteiras e desenvolvem a pecuária no interior do
país (em 1750 foi assinado o Tratado de Madri que
estabelece as fronteiras atuais – exceto o Acre).
 As Missões Jesuíticas e o Bandeirantismo penetraram
profundamente no território espanhol.
REVOLTAS NO PERÍODO COLONIAL
 As primeiras revoltas não pretendiam conquistar a
independência de Portugal, mas alterações no pacto
colonial; entre as principais razões, estão:
  Monopólio português no comercio e
exploração colonial (pacto colonial).
 Preços elevados cobrados pelos produtos
comercializados pelos portugueses; medidas
da metrópole que favoreciam apenas os
comerciantes lusitanos; altos impostos.
 Conflitos culturais, políticos e comerciais
entre portugueses e colonos.
 Rígido controle, através de leis, imposto pela
metrópole sobre o Brasil.
 A Inconfidência Mineira foi uma conspiração
sufocada e objetivava a independência de Minas
Gerais; era um movimento republicano, com ideais
iluministas e inspirados na independência dos EUA;
os conspiradores eram grandes funcionários
públicos e intelectuais; o movimento foi denunciado
por Joaquim Silvério dos Reis; os rebeldes foram
presos e exilados (Tiradentes foi o único condenado
à morte, foi enforcado e esquartejado).
 A Conjuração Baiana foi também separatista e
republicana, guiada com grande apoio popular
(defendiam o fim da escravidão – questão que não
era vista como prioridade pelos inconfidentes
mineiros); foi mais radical que a Inconfidência
Mineira, chegou a sair às ruas e houve vários
combates armados com as tropas lusitanas; foi
também guiada pelos ideais iluministas e se inspirou
na fase mais radical da Revolução Francesa.
O CICLO DO OURO
 O ouro foi encontrado no início do século XVIII pelos
bandeirantes; este século é conhecido como a Idade
do Ouro, pois floresceu uma sociedade diferente
daquela existente no nordeste até então.
 Ocorre um grande fluxo migratório (espontâneo)
para a região sudeste e um consequente aumento
populacional; ocorre o primeiro ciclo de urbanização
espontânea do Brasil; a capital é transferida de
Salvador para o Rio de Janeiro (o eixo econômico
deixa o nordeste em direção ao sudeste).
 A coroa portuguesa para fiscalizar a mineração e
cobrar impostos criou as Casas de Fundição; o ouro
em pó deveria ser levado para lá, seria derretido e
transformado em barra; cobravam o quinto (20% do
ouro enviado para Portugal) e quando o Brasil deixou
de enviar seu ouro, foi decretada a Derrama
(cobrança forçada).
 A civilização do ouro era essencialmente urbana,
então o comércio era muito importante; as maiores
fortunas foram feitas antes por comerciantes.
 O preço do ouro caiu (lei da oferta e da procura),
então a prata passou a ser mais valiosa em alguns
momentos e o preço do alimento era altíssimo.
 A paisagem era desordenada, sem saneamento
adequado e com muitos mendigos; uma modalidade
diferente de escravidão surgiu: o escravo de ganho
pertencia a um comerciante e era vendedor (com o
tempo de trabalho comprava sua alforria).
O HOMEM AMERICANO
OS TUPIS
 Indígenas organizados em sociedades tribais, cujo
líder é o cacique e o líder religioso e curandeiro é o
pajé; as propriedades eram coletivas e ocorria a
poligamia (práticas condenadas pelo catolicismo).
 Eram caçadores e coletores; deles herdamos as
coivaras, queimadas para abrir espaço nas matas, a
cultura de mandioca e o hábito de banhos diários.
 Possuíam religiões animistas, cultuavam a natureza e
acreditavam que seus elementos possuem vida.
 Algumas tribos praticavam a antropofagia
(canibalismo); acreditavam que ao ingerir a carne do
inimigo iriam adquirir suas habilidades.
OS POVOS PRÉ-COLOMBIANOS
 Os Espanhóis se encontraram com grupos indígenas
que possuíam sociedades bastante organizadas e
que formavam impérios, com expansão e conquista
militar sobre outros povos locais, com grandes
cidades que eram de uma arquitetura
impressionante, e possuíam grandes pirâmides e
sistemas de dutos, barragens e saneamento básico.
 Incas, maias e astecas são chamados de povos pré-
colombianos (antes de Cristóvão Colombo); apesar
das particularidades de cada uma delas, podemos
estabelecer como características comuns:
 Sociedades teocráticas – o imperador é visto
como um deus e assim mantém o poder.
 Não há propriedade privada, tudo pertence
ao estado (centralizado no imperador).
 Sociedades agrícolas
 Construção de grandes obras hidráulicas,
como canais, dutos e barragens – a
população era submetida à servidão coletiva.
 Cálculos matemáticos avançados que
possibilitaram o desenvolvimento da
astronomia e de calendários.
 Uma arquitetura desenvolvida, com a
construção de grandes pirâmides.
 Alto grau de organização urbana (havia um
sistema de saneamento básico, coisa que
não existia ainda na Europa).
 Os maias e os astecas possuíam uma escrita.
 Os incas construíram Machu Pichu.
 Esses povos foram conquistados pela “cruz e a
espada”; sofreram com a violência e extermínio em
massa por parte dos espanhóis.
REVOLUÇÃO INGLESA
 Ocorre no século XVII a primeira revolução burguesa
– revoluções encabeçadas pela burguesia europeia,
 potência econômica que precisava alcançar
legitimidade política.
 A burguesia inglesa, por meio de uma guerra civil e da
atuação do Parlamento, conseguiu combater o
absolutismo e reformular a estrutura política.
 Durante o século XVI, a burguesia esteve ao lado de
nobres e reis pertencentes à dinastia Tudor, que
consolidaram a reforma anglicana; a reforma
religiosa de Henrique VIII proporcionou grandes
benefícios financeiros para nobres e burgueses.
 A burguesia da Inglaterra era de orientação religiosa
protestante e, por isso, apoiavam o controle exercido
pelo rei junto à Igreja Anglicana.
 Jaime I – dinastia Stuart – incentivou os cercamentos,
as terras destinadas ao uso do campesinato foram
confiscadas para a criação de ovelhas utilizadas na
produção de lã para a indústria têxtil, e as camadas
mais populares se colocaram contra o novo governo.
 Sucedendo o governo de Jaime I, Carlos I foi um
tirano, incentivou o catolicismo, criou impostos e
entrou em conflito o Parlamento (burguesia).
 A burguesia, descontente com o possível governo
católico que se instaurava na Inglaterra, e os
camponeses, insatisfeitos com o empobrecimento
causado pelos cercamentos, se uniram contra a
autoridade do rei e, liderados por Oliver Cromwell –
responsável pela distribuição de cargos militares de
acordo com o mérito e não por direito de
nascimento – iniciaram uma guerra civil.
 Conseguiram subjugar a nobreza e instaurar uma
república; o governo de Cromwell teve início no ano
de 1649 e uma das medidas que tomou em favor da
burguesia e camponeses foi o decreto dos Atos de
Navegação – estabeleciam medidas para o
desenvolvimento e incentivo aos negócios
burgueses.
 Durante a guerra surgiram dois grupos radicais; os
levellers defendiam a democracia e a igualdade
política e social, os diggers eram camponeses e
lutavam por uma reforma agrária; ambos foram
reprimidos por Cromwell.
 Oliver Cromwell faleceu dando lugar ao seu sucessor
no governo, seu filho Richard Cromwell; a nobreza
monárquica pressionou o novo governante de tal
forma que este não resistiu, abdicou e a dinastia
Stuart foi restaurada.
 A burguesia aliou-se a Guilherme de Orange, pois,
temia a restauração de um regime absolutista, pôs
abaixo o poder do rei e proclamou a Revolução
Gloriosa; Guilherme foi levado ao trono e assinou a
Declaração dos Direitos, documento que previa a
subordinação da realeza ao parlamento.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
 A Primeira Revolução Industrial ocorreu no século
XVIII e foi caracterizada pelo desenvolvimento da
indústria; a maquinofatura substitui a manufatura.
 A Inglaterra foi pioneira, devido:
 Posse de importantes fontes de recursos
naturais (carvão e ferro).
 Acúmulo de capital pela burguesia
 Excesso de mão de obra barata – os
cercamentos ocasionaram um elevado índice
de êxodo rural.
 A revolução trouxe profundas mudanças, como:
 Aumento da velocidade de produção
 Diminuição do preço dos produtos e
consequente expansão do consumo
 Exploração dos operários nas indústrias
 Disputa por mercados consumidores
 Urbanização
INDEPENDÊNCIA DOS EUA
 A Inglaterra, desde a reforma religiosa, passou por
profundos conflitos religiosos; os protestantes
sofreram perseguições e migraram para os
territórios ingleses na América do Norte.
 Os ibéricos (católicos), chegando à América, ficaram
encantados e extasiados com a descoberta e as
características do lugar, acreditavam ter encontrado
o paraíso bíblico e por isso deveriam explorá-lo; os
ingleses (protestantes) fugiram de perseguições com
o objetivo de criar o paraíso na América do Norte.
 A colonização inglesa se estabeleceu no litoral leste e
foram erguidas treze colônias; as colônias do Sul,
devido ao clima propício, desenvolveram uma
agricultura de exportação (principalmente algodão
para abastecer a indústria têxtil da Inglaterra)
baseada no trabalho escravo; no Norte prevaleceram
as colônias de povoamento, caracterizadas pela
pequena propriedade, pelo trabalho livre e pela
produção voltada para o mercado interno.
 A França colonizou o litoral canadense; Inglaterra e
França entraram em conflito pela região, cobiçada
pela madeira de qualidade e pelo comércio de pele
de animais; Inglaterra (campeã) e França
enfrentaram-se na Guerra dos Sete Anos.
 Os altos gastos militares com a guerra motivaram a
Inglaterra a criar leis e impor condições que não
foram aceitas pelos colonos, tais como:
 Lei do Açúcar: somente poderiam consumir
o açúcar fornecido pela metrópole (seriam
proibidos de consumir o açúcar caribenho,
mais barato e de melhor qualidade).
 Lei do Selo: foram proibidas as manufaturas
e somente poderiam ser consumidos
produtos com o selo real inglês.
 Os colonos se revoltaram contra as medidas da
metrópole e passaram a atacar carregamentos de
 navios ingleses nos portos; atacaram um
carregamento de chá e lançaram toda carga ao mar.
 A Inglaterra reagiu severamente, criando as Leis
Intoleráveis – aumentavam impostos e taxas,
reduziam a autonomia da colônia e fecharam o porto
de Boston até que fosse paga uma indenização.
 Muitos seguidores dos princípios iluministas
organizaram-se contra o domínio da metrópole.
 No Primeiro Congresso da Filadélfia, os colonos
defenderam o fim das medidas restritivas da
metrópole; Foi convocado o Segundo Congresso
após a falha do anterior, os colonos defenderam a
independência e a Inglaterra declarou guerra.
 A guerra se estendeu por sete anos e em 1777 foi
redigida a primeira constituição dos Estados Unidos;
foi proclamada a república presidencialista e adotada
uma constituição democrática (voto censitário e
exclusivo para homens); a escravidão foi mantida.
EXPANSÃO TERRITORIAL
 O território dos EUA foi formado fundamentalmente
por diplomacia (territórios cedidos pela Inglaterra),
compra ou guerra (genocídio indígena).
 A colonização era estimulada e foi criada a Lei de
Terras (o colono que ocupasse a terra e tornasse-a
produtiva, seria legalmente o seu dono), grande
incentivo da “marcha para o oeste”; além disso, o
Destino Manifesto seria a missão dada por Deus
para que o estadunidense colonizasse aquela terra.
EXPANSÃO ECONÔMICA
 Durante o processo de independência, a maioria dos
países da América Latina passou por guerras violentas
que desestruturaram a economia desses países e os
tornaram frágeis; neste momento, os EUA começam
sua política de expansão diplomática pelo continente.
 Os Estados Unidos declaram-se a “polícia do
continente” e garantem a defesa dos latinos contra
as intervenções estrangeiras (política do Big Stick);
passam a interferir na política interna desses países.
 Diplomacia do Dólar: países empobrecidos pegam
impostos e cada vez mais se endividam; a dívida
externa torna-se um instrumento de dominação.
 Doutrina Monroe (América para os americanos): a
polícia do continente se prestava a defender todos
os territórios recém-independentes de possíveis
invasões europeias e tentativas de recolonização.
REVOLUÇÃO FRANCESA
 Até o século XVIII, a França era um estado em que
vigia o modelo do absolutismo monárquico; o rei,
Luís XVI, personificava o Estado, reunindo em sua
pessoa os poderes legislativo, executivo e judiciário.
 A sociedade era estamental e dividida em três
estados: clero, nobreza e plebe (burguesia).
 O primeiro e segundo estado possuíam privilégios,
como a isenção de impostos e o direito de ocupar
cargos públicos; o terceiro estado não possuía
privilégios e era superexplorado com altos impostos.
 O pensamento iluminista era muito forte na França e
o país passava por uma crise econômica muito
grande; Alguns fatores agravaram a crise, tais como:
 Guerra dos Sete Anos
 Apoio militar oferecido aos colonos ingleses
durante a independência dos EUA.
 Baixa produção agrícola
 Economistas defendiam mudanças radicais, como o
fim da isenção de impostos para a nobreza e o clero;
ameaçados em seus privilégios, esses segmentos
forçaram a convocação da Assembleia dos Notáveis e
o rei decide aumentar os impostos cobrados sobre o
povo para manter o luxo da nobreza.
 A população se revolta e então o rei convoca os
Estados Gerais; cada estado tinha direito a um único
voto e, por afinidade de interesses, os dois primeiros
votavam sempre juntos; com isso, clero e nobreza
pretendiam manter a isenção de impostos e
continuar recebendo os tributos pagos pelo povo.
 Os membros do terceiro estado, liderados pela
burguesia, passaram a exigir a contagem de votos
por indivíduo (cerca de 80% dos franceses
pertenciam ao terceiro estado); o povo declara a
separação dos demais estados e forma a Assembleia
Nacional, que tinha como objetivo elaborar uma
Constituição para a França; em seguida, forma-se a
Assembleia Nacional Constituinte, incluindo os
todos os três estados.
 O terceiro estado cria a Guarda Nacional, com
capitais da burguesia; o objetivo era armar a
população para resistir aos ataques da monarquia.
 A Bastilha, onde ficavam presos os opositores da
monarquia, foi invadida – o ato ficou conhecido como
Queda de Bastilha; no campo, onde os privilégios das
elites eram maiores e mais nítidos, ocorreram
revoltas camponesas (o período relativo a tais
episódios ficou conhecido como “Grande Medo”).
 Enquanto o movimento popular se alastrava, a
Assembleia proclamou a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão e aprovou a abolição de
inúmeras leis que marcavam o Antigo Regime; as
propriedades da Igreja foram confiscadas e os
padres foram transformados em funcionários do
governo, de acordo com a Constituição Civil do
Clero; em 1791, foi proclamada a primeira
Constituição francesa (estabelecia, entre outras
coisas, a divisão dos poderes e o voto censitário).
 Temendo as medidas, boa parte da nobreza emigrou
para reinos vizinhos em busca de apoio para
restaurar o Antigo Regime; os governos da Áustria e
da Prússia, por exemplo, assinaram a Declaração de
Pillnitz, em que consideravam a possibilidade de
intervir na França para eliminar focos revolucionários
e restabelecer a ordem.
 O rei é deposto e morto, acusado de colaborar com
os nobres e de negociar com reinos estrangeiros a
formação de exércitos para restabelecer o Antigo
 Regime; inicia-se a Convenção Nacional liderada
pelos jacobinos (sans-culottes radicais).
 Áustria, Prússia, Holanda, Espanha e Inglaterra
uniram-se, então, para formar a Primeira Coligação,
com o objetivo de enviar exércitos para lutar contra
os revolucionários franceses.
 O período em que os jacobinos assumiram o controle
é o mais radical da revolução e ficou conhecido como
“Período do Terror” – muitas pessoas foram
executadas acusadas de simpatizar com a monarquia.
 Os jacobinos impõem, entre outras coisas, o sufrágio
universal masculino (todos os homens teriam
participação política e não apenas aqueles que
atendem determinados critérios econômicos), a
fixação dos preços de bens de consumo básico, a
venda dos bens da nobreza e do clero e a abolição da
escravidão nas colônias francesas.
 Entre os jacobinos, porém, existiram divergências
quanto às formas de consolidar a revolução; os
radicais queriam ampliar o uso da violência e os
indulgentes desejavam amenizar a situação; os
conflitos internos possibilitaram a tomada de poder
pelos burgueses girondinos.
 Inicia-se o governo do Diretório, comandado pelos
girondinos (alta burguesia) e caracterizado pela
retomada do voto censitário.
 A partir de então, a situação política torna-se algo
delicado e instável; ocorrem sucessivas trocas de
grupos políticos no poder e, além disso, os franceses
foram obrigados a enfrentar a Segunda Coligação de
reinos europeus, formada por Espanha, Holanda,
Prússia e vários estados na Península Itálica.
ERA NAPOLEÔNICA
 Por toda a França sentia-se o efeito da revolução:
instabilidades políticas, problemas econômicos, crises
sociais; disputas intensas pelo poder deixavam no ar
uma ameaça constante de golpe de Estado.
 Diante da instabilidade interna e sob a ameaça de
ataque dos países inimigos, Napoleão resolve
retornar a França (estava no campo de batalha);
visto como defensor das conquistas obtidas na
revolução e com o apoio do exército, foi aclamado
nas ruas e ganhou o apoio político dos girondinos.
 Napoleão liderou o Golpe de 18 de Brumário, com o
qual tomou o poder juntamente com dois aliados; sua
principal promessa era reverter o conturbado quadro
vivido na França, promovendo estabilidade.
 Napoleão extinguiu o Diretório e instituiu o
Consulado, órgão formado por três cônsules; em
1802, com uma nova Constituição, neutralizou o
poder dos demais cônsules e tornou-se cônsul
vitalício; tornou-se o imperador da França.
 Napoleão procurou adotar várias medidas para
conquistar a estabilidade; venceu os austríacos e
assinou um tratado de paz com a Inglaterra,
neutralizando assim as ameaças estrangeiras.
 Firmou acordos com o clero, resolvendo questões
pendentes com a Igreja; conseguiu o apoio tanto do
camponês, ao lhe entregar terras tomadas do clero,
quanto dos nobres emigrados durante a revolução.
 Criou o Banco da França e lançou uma nova moeda;
os setores agrícolas e industriais receberam
financiamentos públicos para que se recuperassem
dos anos de guerra; além disso, foi restabelecida a
escravidão nas colônias.
 Organizou o Código Civil, também conhecido como
Código Napoleônico, que consolidava as conquistas
obtidas com a revolução e impedia que os
trabalhadores se organizassem em associações.
 O crescente poder de Napoleão era considerado uma
ameaça pelos governos absolutistas da Europa;
Áustria, Prússia e Rússia temiam que a revolução se
espalhasse pelo continente; Inglaterra e Holanda
viam a França como concorrente pela hegemonia
devido aos avanços promovidos por Napoleão.
 O acordo de paz com a Inglaterra é rompido e
diversas coligações foram formadas para combater o
governo francês; os exércitos de Napoleão
conquistaram sucessivas vitórias e ocuparam boa
parte da Europa continental; a Inglaterra é uma ilha
e possuía uma marinha poderosa, esses motivos
impediram a conquista da região pelos franceses.
 Em muitos dos territórios invadidos, foram impostos
soberanos fiéis ao governo francês, quando não
algum parente direto do imperador.
 Sem conseguir derrotar a Inglaterra, a França decide
decretar o Bloqueio Continental, com o objetivo de
enfraquecer a economia inglesa; toda a Europa
estava proibida de realizar negócios com os ingleses
ou de receber navios britânicos em seus portos, caso
contrário teriam seus territórios invadidos.
 Sentindo-se prejudicado, o governo russo rompe com
o acordo e volta a abrir seus portos para os ingleses;
o exército francês invade a Rússia e encontra a cidade
de Moscou destruída – estratégia russa para exaurir
os inimigos; sem suprimentos, durante um inverno
rigoroso e em um vasto território, os franceses foram
obrigados a recuar; Napoleão foi derrotado.
 Portugal procurava manter uma política de
neutralidade, sem desagradar nem aos franceses
nem aos tradicionais aliados ingleses; devido ao
constante adiamento português em cumprir os
termos do bloqueio, tropas francesas foram
enviadas para ocupar Portugal; toda a família real,
acompanhada da imensa corte, transferiu-se para a
América, protegidos pelos ingleses.
 Os exércitos franceses também seriam derrotas por
uma coligação formada por Prússia, Inglaterra,
Áustria e Rússia; Paris seria ocupada por estrangeiros.
 Napoleão foi exilado; a dinastia Bourbon,
comandada por Luís XVIII (irmão do rei Luís XVI), foi
restaurada no governo francês; o ato não foi bem
aceito pela população, o que provocou grande
instabilidade política; Napoleão abandona o exílio,
aclamado pela população e com o apoio do exército,
assume o poder no chamado Governo dos Cem Dias.
 Foi combatido por uma nova coligação; na Batalha de
Waterloo foi definitivamente derrotado; preso, foi
enviado para o exílio, onde morreu.
 Foi realizado o Congresso de Viena; decidiu-se  Dom João, entretanto, não mostrava interesse em
restauras as antigas dinastias absolutistas e retornar; a condição encontrada foi elevar o Brasil à
redesenhar o mapa europeu conforme os interesses condição de Reino Unido de Portugal, Brasil e
dos países vencedores; além disso, foi estabelecida a Algarves; Dom João governava em seu próprio reino.
Santa Aliança – aliança militar dos países
monarquistas para combater possíveis revoluções REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA
liberais e impedir tentativas de independência nas
colônias do continente americano.  O estabelecimento da família real no Rio de Janeiro
exigiu a criação de uma estrutura paga por meio de
BRASIL IMPÉRIO impostos cobrados dos colonos.
 Em Pernambuco, diante de uma forte crise
PERÍODO JOANINO
econômica provocada pela queda do preço do açúcar
e do algodão no mercado mundial, o clima de
 A vinda da família real portuguesa para a colônia foi
constrangimento ampliou-se a partir de 1816.
motivada pelo Bloqueio Continental, decretado por
 Inspirados pelos ideais iluministas, intelectuais,
Napoleão Bonaparte, em 1806.
militares e membros da Igreja lideraram um
 Em Lisboa, a fuga motivou a indignação popular e
movimento para pôr fim ao domínio português.
provocou enorme confusão: uma multidão, ansiosa
 Os revoltosos constituíram um governo provisório;
para escapar das tropas francesas, tentou embarcar à
além da independência, pretendiam proclamar a
força na frota de navios que partia para a colônia.
república, elaborar uma Constituição que garantisse
 Dom João (chamado príncipe regente, uma vez que
a liberdade de imprensa e de culto religioso e abolir
sua mãe estava viva e impossibilitada de governar)
vários impostos; não aboliram a escravidão – o
assina a abertura dos portos às nações amigas, ou
movimento era sustentado por grandes
seja, aos ingleses; o pacto colonial é extinto.
proprietários e comerciantes de escravos.
 No Rio de Janeiro, ocorrem esforços para dar às
 Sob o comando das elites, o movimento buscava
terras tropicais feições mais próximas às da Europa;
consolidar as aspirações desses grupos: eliminar as
surgem diversas instituições culturais e científicas,
limitações impostas aos negócios e fortalecer as
como a Biblioteca Real, a imprensa Régia, o Teatro
regras do livre comércio.
São João, o Jardim Botânico e inéditos cursos de
 O governo republicano resistiu por cerca de 70 dias; o
medicina; artistas foram trazidos da Europa para
movimento estendeu-se também a outros lugares da
desenvolver na população o gosto pelas artes.
atual Região Nordeste.
 Nas áreas política e econômica também foram
 O golpe final viria com a chegada de navios, armas e
promovidas intensas mudanças, necessárias para o
munições enviados por ordens de dom João; em 19
pleno funcionamento do governo; ministérios e
de maio de 1817, os revoltosos foram derrotados, e
tribunais, que antes existiam apenas em Lisboa,
vários líderes, condenados à morte.
passaram a funcionar no Rio de Janeiro; várias
restrições às atividades econômicas acabaram
removidas, incluindo a proibição à instalação de INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
manufaturas; foi criado ainda um banco.
 Em 1810, o governo português concedeu privilégios  Em 1816, com a morte da rainha, o príncipe regente
aos ingleses por meio do Tratado de Amizade e torna-se rei de Portugal, Brasil e Algarves.
Aliança; estabelecia taxas de apenas 15% aos  Enquanto isso, o descontentamento com o governo
produtos ingleses (produtos portugueses eram aumentava em Portugal, que passava por grave crise
taxados em 16%) e com isso ocorreu uma enxurrada econômica provocada pelos seguidos anos de guerra
de produtos ingleses no nosso mercado, o que e ocupações; o governo, de fato, era exercido pelo
atrasou a nossa industrialização por quase 100 anos. comandante das forças inglesas que atuaram na
expulsão dos franceses; o retorno do rei era visto
como o caminho para superar a crise.
REINO UNIDO
 Em 1820, a situação tornou-se ainda mais tensa com
o início da Revolução Liberal do Porto, movimento
 O Congresso de Viena marcou o fim das Guerras
de caráter antiabsolutista, inspirado nos princípios
Napoleônicas e a restauração das antigas condições
iluministas; os revolucionários exigiam o retorno da
existentes na Europa antes da Revolução Francesa.
família real, o afastamento dos ingleses do poder e
 A presença do príncipe regente português era
uma Constituição de caráter liberal.
cobrada na Europa pelos participantes do Congresso,
 Muito militares, comerciantes e burocratas insistiam
como forma de restabelecer a normalidade do
no retorno de vários vínculos coloniais, alegando
regime absolutista em Portugal; nada mais justificava
que Portugal havia assumido condição semelhante à
o exílio da corte lusitana na América, deixando o
de colônia, enquanto o Brasil se tornara a sede do
poder em Portugal aberto para possíveis
império; alguns grupos, entretanto, rejeitavam a
revolucionários movidos pelos ideais iluministas.
ideia, pois lucravam com seus negócios no Brasil.
 Dom João resistiu à ideia de voltar a Portugal, pois
temia a revolução; diante do aumento das tensões e
 de ameaças concretas de perder o trono, acabou
retornando com a elaboração de uma Constituição.
 Dom João deixou no Brasil seu filho como príncipe
regente, mantendo a condição de Reino Unido.
 A possibilidade de restabelecer antigos vínculos
coloniais provoca descontentamento nas elites do
Brasil; constantes tentativas de acabar com o livre
comércio e de transferir repartições públicas para
Lisboa ampliavam a insatisfação e davam fôlego aos
vários projetos de autonomia.
 Um grupo conhecido como Partido Brasileiro,
composto por grandes proprietários de escravos e
terras, via na figura de dom Pedro a garantia de
continuidade da estrutura socioeconômica vigente;
inicialmente defendiam a ideia de construir um
grande império luso-brasileiro, mas logo incentivaram
o processo de independência do Brasil.
 As Cortes de Lisboa exigiram o retorno de dom Pedro
a Portugal, mas o príncipe regente declarou que
permaneceria “para o bem de todos e felicidade geral
da nação”; a data ficou conhecida como o Dia do Fico
e fortaleceu a liderança de dom Pedro.
 Nos meses seguintes, só aumentaram as tensões
entre o governo instalado no Rio de Janeiro e as
Cortes; dom Pedro decretou que todas as ordens
vindas de Lisboa só teriam validade no Brasil após
sua autorização e, além disso, equiparou as forças
armados do Brasil às de Portugal.
 Em setembro de 1822, as Cortes exigem o retorno
imediato do príncipe, sob o risco de invasão militar;
dom Pedro, então, declara a independência.
PRIMEIRO REINADO
 O grito do Ipiranga não significou imediatamente a
independência do Brasil, pois em vários lugares do
imenso território houve resistência de pessoas e
tropas fiéis a Portugal.
 O governo de dom Pedro I precisou organizar forças
militares; para isso, faz uso de milícias, navios de
guerra e oficiais estrangeiros, pagos por meio do
aumento dos impostos e de doações feitas por
grupos da elite que apoiavam a independência.
 Em meio aos conflitos havia a necessidade de
estabelecer as estruturas da nova sociedade; uma
Assembleia Constituinte havia sido convocada em
julho de 1822, com 90 deputados, a maioria
pertencente aos grupos de elite; os parlamentares
entraram em conflito com o imperador.
 A Assembleia tinha a intenção de limitar o poder do
imperador e garantir vários direitos individuais,
além de não estender a cidadania brasileira aos
portugueses residentes no Brasil; defendiam a
divisão do poder em executivo, legislativo e
judiciário; o imperador ficaria impedido de dissolver
a Assembleia e não controlaria o exército.
 O projeto instituía também o voto indireto e
censitário; os eleitores – todos do sexo masculino –
deveriam comprovar renda mínima equivalente a
150 alqueires de mandioca; o projeto foi
denominado Constituição da Mandioca.
 Dom Pedro mostrou-se insatisfeito com todos esses
debates, assinou um decreto dissolvendo a
Assembleia e convocando um seleto grupo para
elaborar a nova Constituição.
 Em 25 de março de 1824, o texto constitucional foi
outorgado (aprovado sem consulta popular) e
remetido a algumas câmaras municipais para
avaliação e sugestões – uma tentativa do governo de
dar certa legitimidade ao processo.
 O Estado estava divido em quatro poderes: executivo
(exercido pelo imperador e seus ministros): deveriam
administras o país conforme as leis; legislativo
(senadores vitalícios e deputados eleitos):
elaboravam as leis; judiciário (juízes e tribunais):
cuidava do cumprimento da lei, julgava e punia;
moderador (imperador): regula os demais poderes.
 O poder moderador dava amplos poderes ao
imperador; dom Pedro I pôde conciliar seus
princípios absolutistas com um regime baseado em
uma Constituição, que pouco valia.
 Do antigo projeto, a nova Constituição herdou o voto
indireto e censitário; o eleitor deveria ser homem
com, no mínimo, 25 anos; sobre a escravidão,
nenhuma referência direta foi feita.
 Os portugueses residentes no Brasil ganharam
cidadania brasileira e o território foi dividido
administrativamente em províncias.
 O catolicismo permaneceu como religião oficial, com
a Igreja subordinada ao Estado; a instituição
controlava várias das atuais atribuições civis, como o
registro de nascimento, óbitos e casamentos;
instituiu-se a liberdade de culto para as demais
religiões, desde que em caráter doméstico.
 O processo de independência estaria ameaçado
enquanto o novo país não fosse reconhecido pela
comunidade internacional; o governo brasileiro
contraiu empréstimos com os ingleses para pagar ao
governo português uma espécie de indenização pela
independência; feito isso, vários outros países
reconheceram a autonomia do país.
 As características absolutistas do imperador
contribuíram para aumentar os focos de resistência.
CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR
 Em Pernambuco, o clima de oposição ao governo
podia ser sentido desde a Revolução Pernambucana.
 Os atos absolutistas do imperador aumentaram o
descontentamento, e poucos aceitavam os limites
que a Constituição impunha ao poder das províncias.
 O imperador nomeou novo governo para
Pernambuco, o que não foi aprovado pelas elites
locais, que se rebelaram.
 O movimento defendia um ideal republicano e
federalista, e apresentava caráter urbano, popular e
forte sentimento antilusitano.
 Começou no Recife e em Olinda, mas espalhou-se até
o Rio Grande do Norte e o Ceará; Pernambuco e seus
 aliados proclamaram a independência e criaram a
Confederação do Equador.
 Alguns líderes defendiam a igualdade de direitos para
a população e pretendiam extinguir o tráfico de
escravos – ideais que contrariavam os interesses e os
projetos da elite senhorial e, por isso, parte
significativa dos revoltosos se afastou do movimento.
 Para combater os rebelados, o governo contratou
mercenários; a ação militar custou aos cofres
brasileiros mais de 1 milhão de libras, emprestadas
pelo governo britânico.
 Diante de intensa repressão por terra e mar, os
confederados foram definitivamente derrotados.
GUERRA DA CISPLATINA
 A Colônia do Sacramento foi fundada pelos
portugueses; objeto de inúmeros tratados, ela
acabou, porém, sob domínio espanhol.
 Em 1816, tropas portuguesas a invadiram, em meio
ao processo de independência da região; com a
autonomia do Brasil, a região acabou incorporada ao
império, como província Cisplatina.
 Em comparação aos brasileiros, os habitantes da
Cisplatina mantinham inúmeras diferenças culturais,
como a língua e os costumes, além de um governo
relativamente autônomo; esses fatores contribuíram
para que os dois territórios nunca estivessem unidos.
 Em 1825, eclodiu na Cisplatina um movimento
separatista; contavam com o apoio do governo da
República das Províncias Unidas do Rio da Prata
(atual Argentina); imediatamente o governo brasileiro
declarou guerra.
 O conflito estendeu-se até 1828, sob o repúdio da
população brasileira, pois a guerra era realizada à
custa de muitos recursos e por um território com o
qual não havia identidade cultural.
 As partes assinaram um tratado de paz mediado pela
Inglaterra, pelo qual a Cisplatina foi declarada
independente, recebendo o nome de Uruguai.
DECADÊNCIA DO IMPÉRIO
 A crise econômica foi uma marca do governo,
contribuindo para minar a popularidade de dom
Pedro I; além das inúmeras guerras e da indenização
paga a Portugal pela independência, uma balança
comercial desfavorável complicava a situação – para
enfrentar a concorrência era necessário reduzir os
preços dos produtos brasileiros e, ao mesmo tempo,
as importações aumentaram, graças às facilidades
obtidas com os acordos feitos com a Inglaterra.
 As camadas pobres da população eram as mais
atingidas, arcando com constantes aumentos de
impostos; eram frequentes os aumentos de preço dos
produtos básicos, gerando uma insatisfação que se
voltava, principalmente, contra os portugueses.
 O retorno do Brasil à condição de colônia era uma
ameaça; com a morte de dom João, o imperador
brasileiro selou um acordo com o irmão e renunciou
à sucessão portuguesa em nome de sua filha.
 Em 1828, porém, dom Miguel (irmão de dom Pedro I)
rompeu o trato e assumiu o trono de Portugal; a
partir de então, o imperador dedicou-se a reaver o
trono para a filha, envolvendo-se cada vez mais nos
problemas internos de Portugal.
 Isso resultou em um enorme descontentamento
entre os brasileiros; os jornais faziam críticas severas
ao autoritarismo de dom Pedro e a seu envolvimento
em questões portuguesas – acusavam o imperador de
ser antibrasileiro desde a violenta repressão à
Confederação do Equador.
 Em São Paulo, forte oposição era feita pelo
jornalista Líbero Badaró, assassinado em 1830; por
todo o país corriam boatos de que o imperador
havia encomendado o crime; a morte de Líbero
tornou-se símbolo da luta contra o absolutismo.
 Dom Pedro I via-se cada vez mais afastado dos líderes
do partido brasileiro e mais próximo do portugueses.
 Ocorreu um violento confronto entre partidários e
adversários do imperador, na noite de 13 de março
de 1831, episódio que ficou conhecido como Noite
das Garrafadas; tudo começou com ataques às casas
dos membros do partido português, que
responderam jogando garrafas do alto das janelas.
 Dom Pedro I tentou amenizar a situação nomeando
um ministério composto apenas de brasileiros; eles
foram demitidos, porém, sob o pretexto de não
acatar as ordens do soberano; foram substituídos por
um ministério alinhado aos portugueses.
 Em praça pública, mais de 2 mil pessoas reuniram-se
em protesto; dom Pedro I tentou reprimir os
manifestantes, mas os militares não acataram.
 Sem apoio político, popular e militar, o imperador
abdicou do trono, em favor de seu filho Pedro de
Alcântara, na época com 5 anos de idade.
 Dom Pedro I embarcou para a Europa, aonde iria se
dedicar à reconquista do trono português para sua
filha; faleceu em 1834, após vencer o irmão e ser
coroado rei de Portugal.
PERÍODO REGENCIAL
 A abdicação de dom Pedro I aumentou a crise vivida
no país; seu sucessor, o filho Pedro de Alcântara, era
ainda uma criança e, conforme a Constituição, não
poderia governar.
 Nesse caso estava prevista a instituição de uma
regência formada por três pessoas, que deveriam
exercer o poder até a maioridade do soberano.
 A escolha dos regentes caberia à Assembleia Geral,
mas o órgão estava em recesso quando ocorreu a
abdicação; alguns parlamentares escolheram em
caráter provisório os novos governantes.
 Os escolhidos reempossaram o ministério de
brasileiros destituído por dom Pedro I e
suspenderam, temporariamente, o poder moderador.
 Com o retorno da Assembleia Geral foram escolhidos
os novos regentes (1831 – 1835).
 No início do período regencial, o cenário político
estava organizado em três grupos:
  Restauradores: eram comerciantes ligados
ao antigo comercio colonial, militares
conservadores e altos funcionários do
governo; defendiam o retorno de dom Pedro
I ao trono do país.
 Liberais exaltados: eram pequenos
comerciantes, profissionais liberais,
funcionários do governo, militares de nível
intermediário e padres; defendiam maior
autonomia das províncias, a descentralização
do poder e a implantação do federalismo
(alguns defendiam a república).
 Liberais moderados: eram grandes
proprietários de terras e escravos;
defendiam uma monarquia constitucional,
com limites ao poder do governante;
lutavam pela preservação da ordem social
vigente, incluindo a escravidão.
 A morte de dom Pedro I modificou esse quadro
político: os restauradores perderam sua principal
razão de existência; nos anos seguintes, os grupos de
mesclaram, formando duas alas distintas: os
conservadores e os liberais.
 A primeira regência foi marcada pela criação da
Guarda Nacional (o exército, dada à composição
popular dos soldados, não inspirava confiança nas
elites); a Guarda Nacional deveria ser formada em
todas as províncias, e seu comando cabia aos civis
com renda elevada, os senhores locais, que
recebiam o título de coronéis; a Guarda foi um forte
instrumento para coibir as aspirações populares e
perpetuar as elites agrárias no poder.
 A primeira regência foi dominada pelos liberais
moderados, que objetivavam reformular a
Constituição, descentralizando o poder e dando
maior autonomia às províncias.
 Em 1834, aprovaram o Ato Adicional que alterava as
atribuições dos três poderes, criando, por exemplo,
assembleias provinciais com poderes para elaborar
leis de aplicação local; com o Ato Adicional, a
regência deixou de ser trina para ser exercida por
um único regente, com mandato de quatro anos e
escolhido por meio de eleição – tratava-se de uma
breve experiência da democracia.
REVOLTAS REGENCIAIS
CABANOS DE PERNAMBUCO
 A Guerra dos Cabanos recebeu esse nome em razão
do tipo de habitação dos seus participantes.
 Contou com a participação de diversos grupos sociais;
a maioria, entretanto, era de pessoas escravizadas,
libertos, pequenos proprietários de terras e até
mesmo indígenas.
 Teve início em 1831 num levante planejado pelos
restauradores, com o objetivo de desestabilizar o
governo regencial e forçar a volta de dom Pedro I.
 Usando tática de guerrilha, os revoltosos obtiveram
várias vitórias, diante de uma tropa mal preparada e
que desconhecia o agreste e o sertão nordestinos.
 Ganharam, ainda, o apoio de grupos indígenas,
desalojados de suas terras e forçados a trabalhar em
condições semelhantes às de escravos.
 Com a morte de dom Pedro I, o movimento perdeu o
apoio dos restauradores; manteve-se por vários
meses, em pequenos grupos espalhados pela região,
até ser definitivamente derrotado em 1835.
MALÊS EM SALVADOR
 Em Salvador, a maioria da população era de origem
africana, e cerca de 20% compunha-se dos chamados
malês: africanos de várias etnias que receberam forte
influência do islamismo.
 Diferenciavam-se dos demais pela união do grupo e
por serem alfabetizados em árabe.
 Desde o início do século XIX, as constantes revoltas
escravas já eram tradição na cidade.
 Durante as reuniões dos malês, nas quais praticavam
sua religião, formou-se a ideia de um levante; estava
marcado para o dia 25 de janeiro de 1835, mas
acabou denunciado por dois ex-escravos fiéis aos
seus antigos donos.
 A polícia foi acionada e, ao fazer uma busca pelas
moradias africanas, deparou com uma reunião
preparatória para a revolta; a chegada da polícia fez
os insurretos anteciparem seus planos.
 Acredita-se que entre 400 e 500 africanos foram para
as ruas; o movimento, duramente reprimido pela
polícia, durou apenas algumas horas; cerca de 70
revoltosos foram mortos, muitos outros presos.
 Os malês pretendiam tomar o poder em Salvador e
construir uma sociedade africana regida pelos
preceitos do islamismo; os integrantes dos grupos
de elite seriam mortos, assim como as pessoas de
origem africana que não aderissem ao novo Estado.
 Apesar de ser controlado rapidamente, o movimento
aumentou o temor dos senhores; vários africanos
escravizados, considerados perigosos, foram presos e
enviados de volta à África.
CABANOS DO GRÃO-PARÁ
 Parte significativa da população era pobre, de origem
indígena ou africana, concentravam-se em moradias
precárias às margens do rio Amazônia.
 Viviam sob severa dominação por parte de seus
patrões e autoridades do governo; em 1835, essa
população se rebelou.
 No princípio, os revoltosos receberam o apoio dos
fazendeiros locais, descontentes com a política
centralizadora do governo regencial.
 O avanço da revolta, entretanto, mostrou que os
cabanos tinham objetivos claros, como extinguir a
escravidão e promover a reforma agrária; os grupos
de elite, então, afastaram-se do movimento.
 Os cabanos ocuparam Belém e mataram autoridades,
incluindo o presidente da província; o governo central
enviou reforços militares.
 Expulsos da capital, os cabanos espalharam-se pela
província e resistiram até 1840, quando foram
derrotados definitivamente.
FARRAPOS NO RIO GRANDE DO SUL
 Os grupos de elite do Rio Grande do Sul estavam
descontentes com o governo imperial devido,
principalmente, a falta de apoio contra os países
vizinhos, concorrentes do charque gaúcho vendido
no nordeste do país.
 Afastados do poder, os liberais exaltados rebelaram-
se e conseguiram conquistar Porto Alegre; a
Farroupilha tinha como principal objetivo a luta pela
liberdade administrativa local.
 O governo regencial enviou tropas para o Sul do país.
 Resistindo à repressão do governo, os revoltosos
fundaram, em 1836, a República Rio-Grandense; três
anos depois, o movimento expandiu-se para Santa
Catarina, onde foi fundada a República Juliana.
 Sem conseguir vencer o movimento, o governo
firmou um acordo com os farroupilhas em 1845,
chamado Paz do Poncho Verde.
 O acordo previa a anistia aos participantes, a
integração dos oficiais farroupilhas às tropas
imperiais com o mesmo cargo que ocupavam na
revolta e a homologação da liberdade dada às
pessoas escravizadas que lutaram na revolta.
SABINOS NA BAHIA
 Os rebeldes pretendiam instalar na província uma
república provisória, até que o príncipe dom Pedro
assumisse o trono.
 Entre suas propostas, entretanto, não estava prevista
nenhuma mudança de ordem social.
 Os grupos conservadores e as tropas imperiais não
tiveram grande dificuldade em reprimir a revolta,
encerrada em março de 1838.
BALAIOS NO MARANHÃO
 A Balaiada teve início em 1838, com os conflitos
entre grupos da elite por diferentes ideais políticos:
os profissionais liberais, conhecidos como bem-te-
vis, se revoltaram contra senhores rurais de posição
política mais conservadora; o movimento cresceu e
envolveu diferentes grupos sociais.
 As elites se retiraram do movimento assim que a
participação popular cresceu.
 As tropas enviadas pelo governo central conseguiram
derrotas os revoltosos em 1841.
O FIM DA REGÊNCIA
 Em 1840, o cenário político não era animador,
principalmente para os liberais, fora do poder desde
a renúncia do padre Feijó ao cargo de regente; além
disso, os conservadores impunham várias medidas
que reviam os atos liberais, concentrando o poder e
diminuindo a autonomia das províncias.
 Diante da situação, os liberais propuseram a
antecipação da maioridade do jovem príncipe, para
que pudesse assumir o trono.
 A proposta rapidamente ganhou apoio popular;
acreditava-se que o imperador seria capaz de unir o
país (ao contrário do pai, era brasileiro) e por fim a
instabilidade política frequente durante a regência.
 A Assembleia Geral aprovou a maioridade e, aos 14
anos de idade, dom Pedro II assumiu o poder.
SEGUNDO REINADO
POLÍTICA
 Em 1840, Pedro de Alcântara foi aclamado imperador
do Brasil, aos 14 anos de idade.
 No Segundo Império, a política foi dominada por dois
grupos: o Partido Liberal e o Partido Conservador.
 Os liberais defendiam a descentralização política e a
menor participação do imperador nos negócios do
Estado; os conservadores, por sua vez, desejavam a
centralização e a intervenção de dom Pedro II por
meio do Poder Moderador.
 A estabilidade política no período foi garantida pela
alternância dos dois partidos no poder; dom Pedro II
criou o parlamentarismo “às avessas”.
 Uma vez realizadas as eleições para o
legislativo, dom Pedro II escolhia um
membro do grupo vencedor para organizar e
presidir o Conselho dos Ministros, órgão que
de fato exercia o Poder Executivo.
 O processo eleitoral era baseado no voto
censitário, havia fraudes e repressão;
elegiam-se somente aqueles que estivessem
de acordo com a política imperial.
 Quando surgiam divergências entre os
partidos e as instituições, dom Pedro II
exercia o Poder Moderador para escolher
um novo ministro ou dissolver a Assembleia.
 Os membros dos dois partidos conquistaram espaço
político, obtendo cargos e verbas públicas,
satisfazendo ambições de poder.
 Nesse cenário, não raro as eleições eram
transformadas em momentos de violência, como
ocorreu em 1840, no contexto da antecipação da
maioridade de dom Pedro.
 Essas eleições vencidas pelos liberais à custa de
fraudes e da ação de bandos contratados para
intimidar adversários e eleitores, ficaram conhecidas
como eleições do cacete.
AS ÚLTIMAS REVOLTAS LIBERAIS
 O governo imperial teve de se dedicar à repressão de
novos movimentos, como a Reforma Liberal de 1842.
 Fora do poder, os liberais revoltaram-se em Minas e
em São Paulo contra o governo dos conservadores e
as medidas voltadas para a centralização política.
 Apesar de derrotados, os liberais retornaram ao
poder em 1844, após a anistia do imperador.
A REVOLUÇÃO PRAIEIRA EM PERNAMBUCO
 A Revolução Praieira de 1848 pode ser considerada o
último dos grandes movimentos provinciais.
 Diversos setores da sociedade mostravam-se
insatisfeitos com o cenário político encabeçado por
liberais e conservadores, sobretudo grupos
enriquecidos nas últimas décadas com o comércio.
 Coube a esses segmentos fundar o Partido Nacional
de Pernambuco, que publicava o jornal de oposição
Diário Novo, localizado na Rua da Praia, em Recife.
 Grupos populares se revoltaram contra os elevados
preços dos alimentos, vendidos por comerciantes
europeus que monopolizavam o comércio.
 Em 1848, teve início o movimento armado, sob a
liderança dos praieiros e com a participação popular.
 Entre os principais objetivos do movimento,
estavam: liberdade de imprensa, ampliação do
direito de voto, maior autonomia para a província e
extinção do Poder Moderador.
 Em 1850, os praieiros acabaram derrotados pelas
tropas do governo imperial.
O CAFÉ DOMINA O CAMPO
 Desde o século XVII, o café era considerado artigo de
luxo; os fazendeiros brasileiros começaram, então, a
investir na plantação do café.
 O segundo produto mais exportado pelo Brasil era o
açúcar; os produtores enfrentaram, porém, uma
concorrência externa crescente, sobretudo do Caribe
e do açúcar de beterraba produzido na Europa.
 Diante desse cenário, algumas áreas ocupadas pela
cana de açúcar cederam lugar aos cafezais; muitos
escravos foram transferidos das áreas canavieiras do
nordeste para o sudeste cafeicultor.
 O tabaco costumava ser trocado na África por
pessoas escravizadas; com a extinção desse comércio,
a cultura de tabaco declinou e só se recuperou mais
tarde, graças à fabricação de charuto na Europa.
 Os couros e as peles de animais eram importantes no
sul do país, embora sofressem forte concorrência dos
exportadores platinos que vendiam produtos
semelhantes a preços mais baixos.
 O algodão teve um momento de forte crescimento
durante a Guerra de Secessão nos Estados Unidos;
uma vez encerrado o conflito estadunidense, a
produção maranhense não conseguiu enfrentar a
concorrência e perdeu o mercado conquistado.
O MUNDO URBANO
 No começo do Segundo Império, vários aspectos
inibiam a produção industrial, como a falta de
tradição manufatureira, coibida durante o período
colonial, e os acordos comerciais assinados com a
Inglaterra, que facilitavam a entrada de produtos
ingleses no Brasil a preços baixos.
 Esse cenário começou a mudar em 1844, quando o
governo decretou novas tarifas alfandegárias.
 Conhecidas como tarifas Alves Branco, elas
impunham taxação de 60% sobre os produtos
importados que tivessem similares nacionais e de
30% para aqueles inexistentes no país.
 Essas medidas visavam aumentar a arrecadação do
governo, mas acabaram promovendo um grande
efeito estimulante na economia como um todo;
contribuíram para reduzir os gastos com produtos
vindos do exterior e fizeram que o reduzido setor
industrial brasileiro ganhasse certo dinamismo.
 A atividade industrial beneficiava-se também da
existência de uma força de trabalho barata (as poucas
fábricas que surgiram nos centros urbanos
empregavam – ao lado de trabalhadores livres –
muitas pessoas escravizadas de origem africana) e
das abundantes matérias primas, como o algodão,
base da indústria têxtil.
 Outro fator que contribuiu para o desenvolvimento
industrial foi a proibição do tráfico de escravos; parte
do capital outrora investido na compra de navios e na
aquisição de produtos de troca usados na África foi
destinada ao setor industrial.
 As ferrovias começavam a provocar mudanças
significativas no setor de transportes, especialmente
de mercadorias; facilitavam também a ocupação e a
exploração de vastas áreas no interior do país.
O FIM DA ESCRAVIDÃO
 No Brasil, os ingleses faziam pressão pelo fim do
tráfico negreiro desde antes da independência.
 Em 1826, o governo brasileiro assinou um acordo
pelo qual se comprometia a acabar com o comércio
de escravos até 1830; o acordo, porém, só se tornou
lei em 1831 – mesmo assim, muitos africanos
continuaram trazidos por meio de contrabando.
 Os ingleses intensificaram a pressão contra o governo
brasileiro, e na falta de uma providência concreta, os
britânicos decretaram, em 1845, o Bill Aberdeen.
 Essa lei dava à Marinha inglesa o direito de vistoriar
e apreender qualquer navio suspeito de transportar
escravos; era também uma forma de retaliar o
governo brasileiro pelas tarifas Alves Branco.
 Após intensos debates na Assembleia Geral, foi
editada a Lei Eusébio de Queiroz; nos anos
seguintes, o contrabando diminuiu, até ser extinto.
 As relações externas, porém, não explicam todo o
processo que levou ao fim do tráfico; internamente, a
resistência constante dos escravos no cativeiro e o
fortalecimento dos grupos sociais favoráveis à
abolição pressionaram o governo imperial.
 Depois de promulgada a Lei Eusébio de Queiroz, o
debate sobre o fim da escravidão perdeu força; em
 nome do direito à propriedade, muitas pessoas
defendiam a não intervenção do governo nessa
questão – a liberdade dos cativos deveria ser
concedida pelo próprio senhor quando possível.
 Em 1865 discutia-se na Assembleia Geral a
possibilidade de acabar com a escravidão para os
novos filhos nascidos de pessoas escravizadas; o
projeto aprovado em 28 de setembro de 1871 ficou
conhecido como Lei do Ventre Livre.
 A lei foi aprovada no fim da guerra contra o Paraguai;
durante o conflito, vários pelotões brasileiros foram
formados por ex-escravos; existia entre os diferentes
setores sociais um clima de reconhecimento das
pessoas de origem africana.
 A Lei do Ventre Livre, porém, estipulava que as
crianças libertadas prestassem serviços aos senhores
até os 21 anos de idade.
 Às pessoas escravizadas ainda era reconhecida a
possibilidade de entrar com uma ação na Justiça e,
mediante, a decisão dos juízes, conquistar sua
liberdade pagando aos senhores uma indenização,
determinada por um avaliador.
 Em 1885, aprovou-se a Lei dos Sexagenários; com
ela, libertavam-se os escravos com mais de 60 anos.
 Feita para frear o ânimo das agitações abolicionistas
que ocorriam nas principais cidades do império,
acabou tendo um efeito contrário; provocou
escândalo ao libertar uma ínfima parcela de pessoas
escravizadas, já que poucos chegavam a essa idade –
quando a atingiam, a maioria estava inválida para
exercer uma profissão que garantisse o seu sustento.
 Em alguns momentos, a mobilização alcançou
grandes proporções, como no caso dos caifazes –
grupos que se infiltravam nas senzalas do interior de
São Paulo para ajudar a planejar e promover a fuga.
 A pressão popular foi, assim, a principal responsável
pelo fim da escravidão, levando a princesa Isabel –
filha de dom Pedro II e regente durante sua ausência
– a assinar a chamada Lei Áurea, em 13 de maio de
1888, quando o imperador havia viajado.
 A lei selou o destino da monarquia, pois não previa
nenhum tipo de indenização aos donos de escravos;
estes, ao perderem aquilo que consideravam suas
propriedades, aderiam à oposição da monarquia.
A LEI DE TERRA E OS IMIGRANTES
 A Lei de Terras foi aprovada prevendo-se a abolição
gradual da escravidão; o império buscava uma forma
de manter intacta a relação com os latifundiários.
 A terra do Brasil passava a ser entendida como uma
mercadoria, objeto de venda e compra por elevados
valores, o que impossibilitava sua aquisição por
milhares de ex-escravos e imigrantes pobres; a lei
ainda expulsava das terras os pequenos agricultores
que não possuíam títulos de propriedade.
 Entre 1847 e 1857, ocorreram as primeiras
experiências de uso de imigrantes europeus como
trabalhadores livres nos grandes latifúndios.
 Contratados pelo sistema de parceria, os
trabalhadores dividiam a colheita com o proprietário
da terra – além do café, deveriam cultivar gêneros de
subsistência; os latifundiários arcavam com parte dos
custos da viagem para o Brasil e o valor era
descontado dos ganhos com o trabalho agrícola.
 Acrescidas de juras, as dívidas transformaram-se em
quantias exorbitantes, sobretudo porque a elas se
somavam valores gastos com comida e ferramentas.
 Os imigrantes se encontravam presos nas fazendas
através da dívida e eram tratados como escravos.
 A crise econômica, as guerras e a falta de terras
disponíveis na Europa fizeram com que a imigração
não diminuísse, apesar das terríveis condições vividas
pelos imigrantes nas grandes fazendas.
 A partir de 1870, então, o Brasil passa a subsidiar a
imigração; pagava os custos da contratação e do
transporte dos trabalhadores europeus, além de
interferir na regulamentação das relações entre
fazendeiros e imigrantes, a fim de coibir os abusos.
 Com dificuldades para se tornar pequenos
proprietários, muitos acabaram deixando o campo
em direção às cidades; esses trabalhadores, além de
muitos ex-escravos, formaram a massa urbana que
desempenhou importante papel na industrialização e
no crescimento das cidades brasileiras.
 Chegaram ao sul do país alguns estrangeiros com a
missão de consolidar a ocupação daquela região e
proteger as fronteiras; desenvolveram a agropecuária
e o cultivo de frutas e verduras até então inexistentes
no país, além de formarem pequenas oficinas e
indústrias, como a de laticínios e a de cerveja.
CONFLITO COM OS INGLESES
 Desde antes da independência, o governo e os
comerciantes ingleses exerciam forte influência sobre
o que acontecia nas mais diversas esferas da
sociedade brasileira.
 Durante o Segundo Império, porém, com o aumento
das exportações de café e a redução das importações
de produtos industrializados, o governo brasileiro
diminuiu sua dependência em relação aos ingleses.
 Além disso, com a industrialização de outros países, o
Brasil poderia estabelecer novas parcerias comerciais.
 Entre a promulgação do Bill Aberdeen e a aprovação
da Lei Eusébio de Queiroz, vários navios brasileiros
foram aprisionados; essas medidas, consideradas
ofensivas à soberania brasileira, prejudicavam o
transporte de mercadorias no país.
 As relações entre Brasil e Inglaterra só se tornaram
menos tensas quando o tráfico negreiro foi proibido.
 Outro problema diplomático, porém, voltaria a abalar
as relações entre os dois países: a chamada Questão
Christie, em 1861.
 Uma embarcação inglesa naufragou no litoral do Rio
Grande do Sul e suas mercadorias foram roubadas; o
embaixador inglês, William Dougal Christie, exigiu
que as investigações fossem acompanhadas por um
oficial inglês, além de requisitar uma indenização.
 Com as investigações em andamento, ocorreu um
novo incidente com marinheiros ingleses.
 Embriagados e vestidos de trajes civis, eles se
envolveram em brigas e acabaram presos; foram
soltos quando se descobriu serem militares ingleses.
 O embaixador Christie exigiu um pedido oficial de
desculpas por parte do governo brasileiro e a
demissão dos responsáveis pela prisão.
 As exigências não foram atendidas; o embaixador
reagiu ordenando que navios britânicos bloqueassem
o porto do Rio de Janeiro e apreendessem cinco
embarcações brasileiras.
 Indignada, a população da cidade promoveu
intensas manifestações e, então, o Brasil rompeu as
relações diplomáticas com a Inglaterra.
A BACIA DO RIO PRATA EM GUERRA
 Os conflitos na área vinham desde o período colonial,
com a intensa disputa entre Portugal e Espanha pelo
domínio da região, considerada estratégica para a
exploração do interior do continente.
 Com uma política intervencionista, o governo
alegava a necessidade de manter a integridade do
território nacional; afinal, a bacia do Rio Prata –
disputada pelos países vizinhos – era a principal via
de comunicação com a província de Mato Grosso.
CONFLITOS COM A ARGENTINA
 Mesmo independente, o Uruguai continuou sofrendo
a interferência de seus vizinhos, Brasil e Argentina.
 Dois partidos dominavam o cenário político no
Uruguai: o Blanco e o Colorado.
 O Blanco recebia o apoio do governo argentino e
reunia os grandes proprietários, tinha como objetivo
recriar o antigo vice-reino do Rio da Prata, unindo
Argentina, Uruguai e Paraguai.
 Os colorados representavam os comerciantes e
contavam com o apoio do império brasileiro e de
algumas províncias argentinas que se opunham ao
governo central daquele país.
 As rivalidades entre as duas partes levaram os
países da região à guerra; a vitória dos blancos nas
eleições uruguaias foi a razão imediata do conflito.
 O governo brasileiro sentiu-se ameaçado em seus
interesses e ordenou a ocupação de Montevidéu,
capital do Uruguai, e de Buenos Aires, capital da
Argentina; com os antigos governantes depostos,
foram empossados aliados dos brasileiros.
A GUERRA DO PARAGUAI
 A situação do Uruguai manteve-se instável, beirando
a guerra civil; o governo brasileiro resolveu intervir
militarmente na região alegando reclamações de
pecuaristas gaúchos contra o governo uruguaio; na
verdade, procurava manter sua influência na região e
neutralizar a ascendência da Argentina.
 O governo paraguaio, porém, sentiu-se afetado pela
ação; sem dispor de uma saída direta para o mar, o
Paraguai dependia da navegação pelos rios para
chegar ao oceano Atlântico; a intervenção do Brasil
no Uruguai punha em risco toda essa prática.
 Em resposta à intervenção militar, o governo
paraguaio rompeu relações diplomáticas com o Brasil
e apreendeu um navio brasileiro que levava a bordo o
presidente da província do Mato Grosso.
 Nos meses seguintes, tropas paraguaias invadiram a
província de Mato Grosso – o Paraguai tentou anexar
a província – e o norte da Argentina.
 Ao assumir o poder no Paraguai, Solano López deu
prioridade ao desenvolvimento militar: criou um
Exército numeroso e qualificado; tratava-se de uma
força superior à dos países vizinhos.
 Isso despertou a desconfiança de uma política
expansionista na região do Rio da Prata, situação que
contrariava os interesses dos demais países.
 Em resposta à ação do governo paraguaio, Brasil,
Uruguai e Argentina formaram uma força militar
conjunta: a Tríplice Aliança; o acordo previa que a
guerra só chegaria ao fim com a deposição de
Solano López, o desmantelamento das forças
paraguaias na região do Rio da Prata e a definição
das fronteiras entre Paraguai, Brasil e Argentina.
 A Marinha da Tríplice Aliança era superior à
paraguaia, e muitas das batalhas seriam travadas nos
rios da região; os combates iniciais fizeram as tropas
paraguaias retrocederem para seu território; os
navios paraguaios foram destruídos e a passagem
fluvial do Paraguai para o Atlântico foi tomada.
 Os Voluntários da Pátria lutaram na guerra movidos
pelo patriotismo; com a extensão do conflito,
entretanto, os voluntários desapareceram.
 Os soldados passaram, então, a ser recrutados à
força, pelas ruas das cidades brasileiras; o fato
causava pânico na população.
 O governo imperial promulgou uma lei concedendo
liberdade aos escravos que se apresentassem
voluntariamente para lutar no Paraguai; muitos
homens escravizados acabaram obrigados a se
alistar – alguns no lugar dos filhos de seus senhores,
que assim escapavam do recrutamento.
 As tropas brasileiras passaram ao comando de Luís
Alves de Lime e Silva, experiente na repressão às
revoltas provinciais; nos anos seguintes, outras
vitórias abriram o caminho para a tomada da cidade
de Assunção, capital do Paraguai.
 A guerra poderia ter chegado ao fim, mas, seguindo o
acordo inicial entre os aliados, o imperador brasileiro
decidiu estender o confronto até a deposição
completa de Solano López.
 A essa altura, a opinião pública, que antes apoiava a
guerra, dava claros sinais de descontentamento.
 Com a morte de Solano López, em 1870, a maior
guerra entre países da América do Sul chegava ao
fim; parte do território paraguaio foi incorporado por
Brasil e Argentina.
O MOVIMENTO REPUBLICANO
 Em 1870, políticos do Partido Liberal formaram um
grupo divergente; a ideia era transformar o Brasil em
uma república.
 O novo partido reuniu cafeicultores descontentes
com a política do governo imperial; na avaliação
desses fazendeiros, o poder era centralizado demais,
sendo necessário realizar mudanças institucionais
para conquistar maior autonomia para as províncias.
 Esse projeto ganhou fôlego definitivo com a aliança
entre cafeicultores e militares insatisfeitos com o
papel secundário a eles delegado pela monarquia;
com a Guerra do Paraguai, afinal, muitos líderes
acabaram alçados à condição de heróis nacionais sem
que isso resultasse em poder político.
A ASCENSÃO DOS MILITARES
 O Exército era uma das principais vias de ascensão
social para jovens de poucos recursos.
 A carreira militar permitia educação formal dentro
das escolas militares; tratava-se quase de um
privilégio, em um país em que a maioria das pessoas
não tinha acesso às instituições de ensino.
 O Exército compunha-se de dois grupos distintos: a
maioria do efetivo era de jovens vindos de famílias
pobres, enquanto a maioria dos oficiais provinha dos
grupos mais privilegiados da sociedade.
 O império mantinha uma política de baixos salários
para os militares, o que gerava descontentamento;
assim, os militares aderiram aos movimentos
republicanos e abolicionistas; militares foram presos
após manifestarem nos jornais suas opiniões a favor
da república e do fim da escravidão.
 Em vários pontos do país surgiram manifestações de
apoio aos militares punidos; a relação entre a
monarquia e as Forças Armadas era rompida de vez.
CONFLITOS COM A IGREJA CATÓLICA
 Desde 1824, quando entrou em vigor a primeira
Constituição, a Igreja Católica estava vinculada ao
Estado, de acordo com o regime do padroado,
existente desde os tempos coloniais.
 Em 1864, o papa promulgou uma bula na qual
reafirmava a supremacia da Igreja em todos os
âmbitos da sociedade e responsabilizava a maçonaria
por práticas que enfraqueciam a fé católica.
 O objetivo era eliminar o poder que a maçonaria
possuía dentro da Igreja em todo o mundo; muitos
clérigos e o próprio imperador eram maçons.
 Um bispo de Olinda proibiu a participação de clérigos
na maçonaria, ameaçando-os de expulsão da Igreja.
 Para tentar conter a crise, o imperador ordenou ao
bispo que voltasse atrás em sua proibição; o religioso,
assim como outros bispos, recusou-se a cumprir a
ordem e foi condenado à pena de trabalhos forçados.
 O episódio causou comoção popular; manifestações
de apoio aos bispos foram realizadas.
 Os religiosos foram anistiados pelo imperador, mas,
o episódio serviu para abalar as relações até então
intactas entre o governo e a Igreja.
O GOLPE REPUBLICANO
 No fim da década de 1880, diante das inúmeras crises
políticas, era grande a possibilidade de a república ser
implantada no país.
 Com o imperador idoso, discutia-se abertamente sua
sucessão; muitos viam com antipatia a possibilidade
de a princesa Isabel governar o Império, sobretudo
com a influência do marido francês.
 O imperador elabora um projeto para incorporar
alguns dos anseios republicanos e, assim, esvaziar o
movimento que crescia dia a dia; os parlamentares,
porém, não desejavam perder seus privilégios e as
reformas propostas acabaram recusadas.
 Os republicanos espalharam o boato de que o
governo, alegando insubordinação, iria ordenar a
prisão dos oficiais do Exército.
 Na noite de 14 de novembro de 1889, militares
rebelados no Rio de Janeiro iniciaram um
movimento que culminou na marcha, na manhã
seguinte, em direção ao Paço Imperial.
 O marechal Deodoro da Fonseca, monarquista
convicto e admirador de dom Pedro II, ia à frente da
marcha – fora convencido a participar do movimento
na véspera, ao perceber que a monarquia não
conseguia dar resposta aos anseios militares.
 A república foi, então, proclamada; pouco depois, a
família imperial foi comunicada de que deveria deixar
o país, o que ocorreu dois dias depois.
 Começava, dessa forma, o novo regime, para muitos
estudiosos, quase que um golpe de Estado, pela
ausência da participação popular.
BRASIL REPÚBLICA
 A República foi proclamada pelo exército sem a
participação popular; “o povo assistiu bestializado a
proclamação da república”.
 Os dois primeiros presidentes do Brasil foram
militares: Deodoro da Fonseca e seu vice, Floriano
Peixoto; esta fase é chamada República da Espada e
teve fortes tendências autoritárias.
 Deodoro governou de forma autoritária, perseguiu
inimigos políticos, censurou jornais e fechou o
congresso; foi substituído por seu vice.
 Em várias regiões ocorreram resistências; no governo
Floriano, a marinha se rebela e ameaça bombardear a
capital (Rio de Janeiro).
 Ao final da República da Espada, Prudente de Morais
vence as eleições pelo Partido Republicano Paulista.
 É um momento de diminuição da popularidade do
exército e fortalecimento dos cafeicultores.
 A primeira constituição foi promulgada em 1891
 O Brasil é uma república presidencialista
 O Estado rompe com a Igreja (Estado Laico)
 Criação do cartório de registro civil
 Federalismo (autonomia dos estados)
 Voto proibido para mulheres, analfabetos,
padres, soldados e menores de 21 anos.

 A produção intelectual e as artes voltaram-se à
produção de novos símbolos nacionais: hino,
bandeira e história; a bandeira do Brasil traz o lema
positivista “ordem e progresso” e suas estrelas
representam o céu no dia da proclamação da
república; teve início o culto dos “heróis
republicanos”, como Tiradentes e Frei Caneca.
 A consolidação da república ocorreu sob o poder dos
grandes proprietários rurais, por isso o período que
corresponde à República Velha até a Revolução de
30 é conhecido como República Oligárquica.
 Nesta época o coronelismo é intensificado; os
grandes proprietários impunham seu poder através
de seus exércitos particulares.
 O voto era aberto e os eleitores que moravam nas
grandes fazendas eram forçados a votar no
candidato do coronel; isso era chamado “voto de
cabresto” e as regiões de influência do coronel eram
denominadas “curral eleitoral”.
 As eleições eram manipuladas e nitidamente
corruptas; o poder presidencial era marcado pela
alternância entre MG e SP, esse momento ficou
conhecido como República do Café com Leite.
 A República do Café com Leite era fundamentada
em um Pacto Oligárquico; é uma política de troca de
favores; os demais estados garantiam as eleições de
MG e SP em troca de favores.
 No governo de Hermes da Fonseca foi instituída a
política da salvação: militares eram indicados para
ocupar cargos no governo.
 A política do encilhamento foi realizada com o
objetivo de acelerar a indústria no país; foram
criados bancos para distribuir empréstimos;
emprestaram dinheiro sem o Estado possuir lastro,
isso gerou inflação e desvalorização da moeda.
GUERRA DE CANUDOS
 A estrutura econômica do Brasil funcionava com base
no latifúndio, predominava a monocultura e a
exploração de trabalhadores que viviam na miséria.
 No nordeste do país, milhares de sertanejos
formaram grupos de cangaceiros e jagunços ou se
juntavam em torno de líderes religiosos (beatos).
 Os jagunços estavam a serviço do coronel para
defender a propriedade, matar adversários políticos e
garantir a vitória dos seus candidatos nas eleições.
 Os cangaceiros atacavam as fazendas dos grandes
proprietários; o cangaço era a forma de o sertanejo
combater a miséria e extravasar sua revolta.
 Os beatos caminhavam pelo sertão pregando uma
religião salvadora; eram seguidos por muitos fiéis.
 Em 1893, reuniu-se na Bahia um grupo de fiéis
seguidores de Antônio Conselheiro, um beato que
pregava a salvação da alma para quem o seguisse.
 Depois de longa peregrinação pelos sertões de
Pernambuco e Sergipe, penetraram pelo interior da
Bahia e instalaram-se em Canudos.
 Ali os fiéis ergueram a “cidade santa” de Belo
Monte, que se transformou em um refúgio para
desprotegidos e perseguidos.
 Canudos era uma comunidade onde inexistiam
diferenças sociais e onde os rebanhos e as lavouras
pertenciam a todos; esse modelo socioeconômico
era uma atração para milhões de sertanejos.
 Para os sertanejos, o arraial era a “terra prometida”;
para os padres que perdiam seus fiéis, e para os
latifundiários que perdiam seus trabalhadores, era
um “reduto de fanáticos” que devia ser destruído.
 Padres e coronéis pressionaram o governo, que
enviou expedições militares e derrotou os canudos –
após muitas tentativas fracassadas – em 1897.
GUERRA DO CONTESTADO
 A Guerra do Contestado ocorreu na Região Sul do
Brasil, entre as fronteiras do Paraná e Santa Catarina.
 Com o objetivo de construir uma estrada de ferro que
ligaria São Paulo ao Rio Grande do Sul, uma empresa
americana precisava de mão de obra, levando, assim,
muitas pessoas para a região.
 O governo cedeu uma grande extensão de terra para
a obra, mas aproveitou o pretexto e desapropriou as
terras dos camponeses porque descobriu que poderia
lucrar com a erva mate e a madeira da região.
 Quando a linha férrea ficou pronta, a empresa não
garantiu o regresso das pessoas que tinham se
deslocado para a região, permanecendo ali sem
qualquer apoio; acresce ainda o fato de os
camponeses terem ficado sem as suas terras para
trabalhar, situações que provocaram o
empobrecimento da população dessa região.
 Num momento de grandes dificuldades para a
população, surge José Maria de Santo Agostinho, um
monge peregrino que se sensibilizou com a situação
dos camponeses e ganhou muitos adeptos; fundou
uma comunidade a fim de receber os oprimidos.
 Preocupado com o desenrolar dos acontecimentos,
alegando que o monge era um desordeiro e inimigo
do governo, este envia soldados para a região a fim
de perseguir o monge e seus fiéis, com o objetivo de
desmanchar a comunidade e retirar os camponeses.
 Depois de conflitos intensos, com muitas mortes,
após quatro anos de guerra, é assinado o Acordo de
Limites Paraná - Santa Catarina, no Rio de Janeiro.
REVOLTA DA VACINA
 O Rio de Janeiro, no início do século XX, era uma
capital portuária cheia de problemas urbanos; ruas
desorganizadas e sem saneamento básico.
 Havia uma grande população miserável, inclusive
negros alforriados e abandonados à própria sorte, o
que levou ao surgimento de vários cortiços.
 Epidemias de cólera, febre amarela e varíola eram
recorrentes; o médico Oswaldo Cruz criou uma
vacina contra a febre amarela e, junto do prefeito da
 capital, planejou uma vacinação obrigatória em toda
a população, sobretudo nos cortiços.
 A violência empregada na aplicação da vacina
revoltou a população que entrou em conflito com os
militares; por mais de três dias ocorreram confrontos
e uma imensa violência policial.
 Após o fim da revolta, os cortiços foram destruídos e
a população expulsa do centro para os morros;
enquanto isso o centro era urbanizado tendo como
inspiração os prédios neoclássicos franceses.
REVOLTA DA CHIBATA
 O marinheiro João Cândido se revoltou contra o
tratamento dado aos marinheiros; além dos baixos
salários, ainda eram aplicados castigos físicos.
 Os marinheiros tomaram o poder de um poderoso
navio de guerra e ameaçaram bombardear a capital
caso suas exigências não fossem atendidas.
 Foi o início da revolta da Chibata; os pedidos foram
atendidos: aumentou o soldo e os castigos físicos
foram abolidos.
TENENTISMO
 O tenentismo foi um movimento formado por
jovens militares do exército, que eram contrários às
práticas corruptas da República Oligárquica; pediam
a moralização política do país e o voto secreto.
 Os 18 do forte de Copacabana foi um levante militar
contra a posse do presidente Rodrigues Alves;
entraram em choque 17 soldados e um civil contra as
tropas do governo; foram quase todos dizimados.
 A Coluna Prestes foi uma marcha liderada por Luís
Carlos Prestes, que percorreu aproximadamente 25
mil km em cidades do interior pregando as causas
tenentistas; o movimento reuniu milhares de homens
que iam a cada cidade fazer discursos políticos.
A REVOLUÇÃO DE 30
 Em 1929 ocorre a maior crise da história do
capitalismo: a quebra da bolsa de valores de NY; a
crise afetou diretamente o Brasil, que era o maior
exportador mundial de café.
 O então presidente era o paulista Washington Luiz;
naquele ano ocorreriam eleições presidenciais.
 Preocupado com a crise, com São Paulo e com as
exportações de café, Washington Luiz rompe o pacto
oligárquico e indica o paulista: Júlio Prestes.
 MG reage fundando um novo partido; busca apoio
do Rio Grande do Sul e da Paraíba (Aliança Liberal),
e lança a candidatura do gaúcho Getúlio Vargas e do
Pernambucano João Pessoa para vice.
 A campanha e as eleições ocorreram normalmente e
a candidatura de Vargas fez muito sucesso, mas a
eleição corrupta garantiu a vitória de Júlio Prestes.
 Os estados da Aliança Liberal não aceitaram o
resultado das eleições; os exércitos estaduais
marcharam até o Rio de Janeiro, capital do Brasil
naquela época, depuseram Washington Luiz e
impediram a posse de Júlio Prestes.
 Getúlio Vargas foi empossado presidente.
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
PRINCIPAIS CAUSAS
 No início do século XX, imperava o otimismo com o
mundo industrial, marcado por descobertas,
tecnologias e mercadorias que modificavam o
cotidiano da população europeia, ampliando o
conforto e multiplicando as atividades humanas.
 Grande parte dos países europeus passou por
profundas transformações, com o fim do absolutismo
e a implantação de governos liberais.
 Nem todos os povos da Europa, porém, formaram
seu próprio Estado, permanecendo subjugados; era
o caso, por exemplo, dos macedônios e dos
albaneses, que viviam sob o domínio do Império
Turco-Otomano; existiam muitos movimentos
nacionalistas que buscavam autonomia.
 A busca por mercados consumidores e fontes de
matérias primas colocava em choque as nações.
 A Alemanha apresentava grande desenvolvimento
(nível econômico inferior apenas aos ingleses), mas
não possuía colônias; para ampliar e sustentar esse
crescimento buscaram investimentos e territórios,
movimento que incomodava a Inglaterra.
 Os franceses possuíam um sentimento de revanche
pela derrota imposta pelas tropas prussianas
durante a unificação alemã; os franceses perderam
territórios, como as ricas regiões da Alsácia-Lorena.
 Nesse cenário de rivalidades, os exércitos das
nações europeias desenvolviam uma política de
constante ampliação de efetivos e armamentos –
período conhecido como Paz Armada.
CONFLITOS
 As rivalidades entre os países europeus deram origem
a uma série de acordos militares, cujo objetivo era se
fortalecer diante do opositor.
 Alemanha, Áustria-Hungria e Itália formaram a
Tríplice Aliança; os alemães buscavam se proteger
do revanchismo francês e, os italianos buscavam
novas colônias e mercados consumidores.
 França, Rússia e Inglaterra formam a Tríplice
Entente; o objetivo dos ingleses era neutralizar o
desenvolvimento alemão.
 A Áustria-Hungria dominava territórios desejados
pela Itália; os franceses assinaram um pacto de não
agressão com a França e a Rússia; os italianos
passaram para o lado da Tríplice Entente, mediante a
promessa de terem satisfeitas suas ambições.
 Alemanha e França disputaram a região do Marrocos.
 Outra área de intenso conflito era a Península
Balcânica; durante mais de cinco séculos, a região
esteve sob o domínio do Império Turco-Otomano.
 Ao longo do século XIX, porém, inúmeros povos
subjugados conquistaram autonomia, dando início a
um processo de desagregação do império.
 A região, então, passou a ser intensamente cobiçada
pelas potências imperialistas, sobretudo por sua
posição estratégica: próxima ao Mediterrâneo e ao
Oriente Médio, importantes rotas comerciais.
 A Áustria-Hungria anexou a Bósnia-Herzegovina e
entrou em conflito com a Sérvia, que mantinha
interesses na região; os eslavos que habitavam a
Bósnia iniciaram um movimento de independência,
com o apoio dos sérvios.
 Os alemães iniciaram a construção de uma ferrovia
entre as cidades de Berlim e Bagdá, passando pelos
domínios do Império Otomano.
 Havia, ainda, vários projetos nacionalistas na região;
os russos sonhavam em formar ali uma grande nação,
reunindo os países da Europa Oriental.
 O herdeiro do trono da Áustria-Hungria, Francisco
Ferdinando, visitava a capital da Bósnia quando foi
assassinado por um estudante sérvio que lutava
pela união dos povos eslavos; o governo austro-
húngaro declarou guerra à Sérvia.
 Em defesa de seus interesses, os russos
posicionaram-se ao lado dos sérvios, colocando suas
tropas em marcha contra a Áustria-Hungria e a
Alemanha, que se lançara em defesa de seu aliado.
 Os alemães declararam guerra à Rússia e à França;
dias depois a Inglaterra declarou guerra à Alemanha.
 Aviões, submarinos, tanques e metralhadoras eram
empregados pela primeira vez.
 As primeiras iniciativas couberam aos alemães, que
pretendiam uma guerra rápida, com velozes e
arrasadores deslocamentos em duas frentes:
ocidental e oriental (guerra de movimento).
 Os planos alemães eram vencer rapidamente os
franceses e então concentrar forças contra o outro
opositor; a vitória francesa fez o plano ruir e, a partir
de então, as batalhas na frente ocidental entraram
num imobilismo, cada lado manteve as mesmas
posições (guerra de trincheiras).
 Os alemães conseguiram vitórias mais expressivas,
sobretudo contra a Rússia; as contínuas derrotas
ampliaram a crise no país, que saiu da guerra.
 No mesmo ano (1917), as tropas italianas foram
derrotadas e neutralizadas pelos austríacos.
 Com grandes recursos navais, uma das principais
estratégias da Tríplice Aliança era impedir o
abastecimento de armas e alimentos aos inimigos.
 Começaram então a atacar qualquer embarcação
envolvida no abastecimento; até mesmo navios
brasileiros foram bombardeados.
 Foi nesse contexto que os americanos mobilizaram
suas forças em favor da Tríplice Entente; tradicional
aliado desses países, os EUA temiam a derrota, o que
provocaria um desequilíbrio econômico prejudicial
aos interesses americanos.
 A população alemã liderou um movimento que
obrigou a kaiser Guilherme II a abdicar do trono e a
pedir asilo na Holanda; era instituída assim a
República de Weimar, que negociou o fim da guerra.
CONSEQUÊNCIAS
 O Tratado de Versalhes responsabilizou a Alemanha
pelo conflito; o país perdeu territórios para a
Polônia e a região de Alsácia-Lorena para a França;
além disso, foi obrigado a pagar uma enorme
indenização aos países ocupados durante a guerra e
precisou se desmilitarizar; os territórios coloniais
alemães foram partilhados entre os vencedores.
 Foi criada a Liga das Nações, cuja função era mediar
as divergências entre os países para evitar guerras.
 Os países vencedores mantiveram suas fronteiras e
muitos povos conquistaram o direito de formar seus
próprios estados – acabaram os grandes impérios.
REVOLUÇÃO RUSSA
O MUNDO DOS CZARES
 A Rússia foi governada pela dinastia Romanov; vários
czares (imperadores) se sucederam no trono,
exercendo o poder nos moldes do absolutismo.
 Diante da onda revolucionária que varria a Europa, os
czares introduziram mudanças para aproximar o
império do liberalismo; promoveram modificações na
educação e abriram a economia aos investimentos
dos capitalistas estrangeiros.
 O império russo tinha dimensões continentais e
abrigava uma grande diversidade de povos, muitos
deles rivais e com pretensões nacionalistas; no
entanto, professava a mesma religião.
 Os clérigos, a nobreza agrária e os militares
compunham a elite do império; 85% da população
era camponesa, que vivia em condição análoga à
escravidão, sem acesso à terra e à liberdade.
 Nas cidades, graças ao incentivo à industrialização,
formavam-se novos grupos sociais; empresários
descontentes com a falta de poder político e
operários que enfrentavam péssimas condições de
vida, com longas jornadas de trabalho e baixos
salários; fortaleciam-se os ideais comunistas.
CENÁRIO SANGRENTO
 O império exercia forte influência entre os povos ao
redor, sobretudo com a intensificação de uma política
neocolonialista.
 A situação gerou intensos conflitos, principalmente
com os japoneses pelo controle da Manchúria.
 O conflito com o Japão ampliou a grave situação
social do país; antes da guerra já ocorriam várias
manifestações, incluindo a realização de greves por
parte dos operários, que reivindicavam a diminuição
da jornada de trabalho e o aumento salarial.
 Com a guerra em andamento, as manifestações se
multiplicaram; o governo reagiu com violência.
 Em janeiro de 1905, o governo mandou dispersar
pela força manifestantes que se concentravam diante
do palácio para pedir uma audiência com o czar.
 A violência da polícia resultou na morte de centenas
de pessoas; o episódio, que ficou conhecido como
Domingo Sangrento, ampliou a onda de protestos.
 Diante da mobilização, o governo russo assinou a
paz com os japoneses; pouco tempo depois, com o
Manifesto de Outubro, o czar abriu mão de parte de
seus poderes absolutos e permitiu a formação de
uma monarquia constitucional.
 Em 1906, foi instalada a Duma, o Parlamento Russo; o
czar, porém, criou obstáculos ao seu funcionamento
e à implantação de suas propostas, boicotando, por
exemplo, projetos de reforma agrária.
 Os conflitos entre o governo e o Parlamento
provocaram a dissolução da Duma e a convocação de
novas eleições, realizadas através do voto censitários
(o que excluía grande parte da população).
 Em 1911, o ministro que impôs o novo sistema
eleitoral foi assassinado; a reação do governo foi
dura, reprimindo as organizações de oposição.
BOLCHEVIQUES E MENCHEVIQUES
 Havia na Rússia diversos partidos e organizações
ligadas ao comunismo, todos na clandestinidade.
 As ideias de Karl Marx provocaram intenso debate;
alguns militantes defendiam uma revolução baseada
na força dos camponeses, enquanto outros
consideravam necessário constituir primeiro uma
ordem burguesa capaz de criar operários, que no
futuro seriam a liderança da revolução.
 Em 1895, foi criada a União da Luta pela Liberdade da
Classe Operária, liderada por Georgi Plekhanov; entre
seus integrantes estava Lênin.
 O partido acabou, porém, dividindo-se em dois: o
menchevique (minoria) liderado por Plekhanov e o
bolchevique (maioria) liderado por Lênin.
A REVOLUÇÃO BURGUESA
 Ao eclodir a Primeira Guerra Mundial, a situação
política e social na Rússia estava longe do equilíbrio;
mas, ao contrário de muitos prognósticos, a
população, sobretudo os camponeses, aderiu ao
esforço da guerra.
 Os movimentos de oposição também arrefeceram
com a diminuição das greves; até mesmo as
diferenças étnicas pareciam menos acentuadas.
 Ao longo do conflito, porém, a situação se modificou,
ainda mais diante das sucessivas derrotas russas.
 Os conflitos provocaram enorme desgaste para toda
a sociedade: estima-se que cerca de 1,5 milhão de
soldados russos morreram; o abastecimento e a
produção permaneceram quase paralisados; a
inflação teve uma alta significativa.
 Não demorou para que uma nova onde de protestos
eclodisse, dessa vez contra a permanência do país na
guerra; ao mesmo tempo, os operários passaram a
realizar cada vez mais greves; surgiram também sinais
de insubordinação no exército e nas forças policiais.
 No dia 27 de fevereiro de 1917, toda a capital russa
estava sob o controle dos revoltosos; um governo
provisório foi instituído, com a participação de
liberais e mencheviques.
 O czar foi deposto e vigorou a República da Duma.
A VITÓRIA DO SOCIALISMO
 Uma aliança entre operários e soldados deu origem a
uma poderosa instituição que exercia grande parte
do poder controlando as forças armadas, os meios de
transporte e de comunicação; tratava-se dos sovietes.
 Entraram em conflito constante com a Duma; uma
das principais questões a opor as duas instituições
era a permanência da Rússia na guerra.
 O soviete de Petrogrado organizou uma grande
manifestação, na qual os bolcheviques divulgaram
um programa baseado no lema “paz, pão e terra”.
 Pediam a retirada da Rússia da guerra, terra para os
camponeses e comida para a população; os
bolcheviques logo ganharam o apoio da população.
 O Exército Vermelho tomou os principais pontos de
Petrogrado e os revolucionários tomaram o poder,
instituindo um governo socialista.
O NOVO GOVERNO
 Os primeiros atos desse governo foram a retirada da
Rússia da Primeira Guerra e o início de um projeto
de reforma agrária, fixando o tamanho máximo das
propriedades e garantindo terra aos camponeses.
 Decretou ainda a estatização do sistema financeiro e
das indústrias, outrora em poder de investidores.
 As medidas provocaram a reação de diversos grupos
sociais, entre eles nobres, clérigos e liberais; com o
apoio de tropas estrangeiras enviadas por França,
Inglaterra, Japão e EUA (temerosos do sucesso
socialista), esses grupos se organizaram e passaram a
combater os comunistas.
 As forças contrarrevolucionárias ficaram conhecidas
como Brancos, em oposição ao Exército Vermelho;
teve início, assim, em 1918, uma intensa guerra civil.
 Calcula-se que cerca de 15 milhões de pessoas
morreram vítimas de combates, da fome e de
doenças; em um cenário de devastação, muitas etnias
se rebelaram em busca de autonomia.
 Para controlar a situação, os revolucionários
decretaram o chamado Comunismo de Guerra – um
conjunto de medidas emergenciais e temporárias
para enfrentar a guerra civil, que incluía a
centralização pelo Estado de grande parte dos bens
produzidos no país, posteriormente distribuídos à
população; ocorre a coletivização da sociedade.
 Com essa estratégia, o conflito chega ao fim em 1921,
com a vitória dos revolucionários.
UM PASSO ATRÁS, DOIS À FRENTE
 Acabada a guerra civil, o governo socialista coloca em
prática a Nova Política Econômica (NEP).
 As medidas traziam de volta alguns elementos típicos
do capitalismo: estimulavam a instalação de oficinas
particulares, o comércio, a venda de excedentes
agrícolas e a obtenção de empréstimos no exterior.
 O objetivo era fortalecer a produção, gerando
recursos para sustentar o novo governo.
 Com sucesso, a NEP vigorou até 1928, provocando o
crescimento da indústria, agricultura e comércio.
 Em 1922, foi implantada a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS), uma tentativa de
contornar os problemas gerados pelas diferenças
étnicas que ameaçavam desagregar o império.
 As potencias capitalistas procuraram isolar o novo
país para impedir a propagação da revolução.
STALINISMO
 Com a morte de Lênin, o poder passou a ser
disputado por diversos comunistas, entre eles Stalin.
 Stalin defendia que era necessário consolidar o
socialismo na União Soviética para depois expandi-
lo para as demais regiões do mundo.
 Stalin combateu toda forma de oposição; entre seus
principais oponentes estava Trotsky, que defendia
que a revolução deveria se expandir imediatamente.
 Trotsky acabou afastado de suas funções; perseguido,
deixou a URSS em 1929 e Stalin assumiu, assim, o
papel de líder principal do novo regime.
 A NEP foi substituída pelos Planos Quinquenais, cujo
objetivo era transformar o país em uma potência
industrializada; o processo foi incentivado por meio
da implantação de uma indústria de base, com a
instalação, por exemplo, de siderúrgicas.
 No campo, um processo de coletivização criou as
fazendas estatais, colocando fim às pequenas e
médias propriedades rurais.
 Intensificou-se a exploração de várias fontes de
energia, como o petróleo, carvão e ferro.
 O Segundo Plano Quinquenal entrou em vigor em
1933 e previa a realização de grandes obras públicas;
o Terceiro Plano, iniciado em 1938, estimulou a
indústria especializada, como a química.
 O desenvolvimento econômico transformou o país
em uma das principais potências do mundo;
entretanto, o regime fechava-se cada vez mais.
 A intensa repressão aos opositores transformava o
projeto inaugurado pelos democráticos sovietes
numa ditadura totalitária, cada vez mais centralizada.
 Inúmeros processos, punições e expulsões
eliminaram desde líderes de destaque até cidadãos
comuns, vários deles mortos ou enviados a campos
de trabalho forçado em lugares distantes; estima-se
que mais de 5 milhões de pessoas tenham morrido.
PERÍODO ENTRE DUAS GUERRAS
A ASCENSÃO DOS ESTADOS UNIDOS
 Apesar da grande destruição provocada pela Primeira
Guerra, alguns países acabaram por se beneficiar do
conflito, em especial os Estados Unidos.
 Entre os séculos XIX e XX, o país havia crescido em
território, população e riquezas; na década de 1920
tornou-se grande credor, sobretudo de países
europeus, que, no esforço de reconstrução,
contraíram bilhões de dólares em dívidas.
 A década de 1920 foi um período de crescimento
econômico e de aumento da produção e do
consumo; existia grande euforia com a possibilidade
de comprar e usar bens até então inacessíveis –
consolidava-se o American Way of Life.
 O país dispunha de petróleo, carvão e eletricidade
para impulsionar a industrialização; possuía ainda
farta força de trabalho, garantida pela intensa
imigração, e novas tecnologias e conhecimentos que,
aplicados às indústrias, impulsionavam a produção.
 As ideias de Taylor e Henry Ford contribuíram para o
desenvolvimento de um novo modo de produção
industrial: as linhas de montagem.
 A produção em massa de mercadorias ampliou-se de
forma significativa, montava-se um veículo em
apenas 93 minutos, diante do ritmo alucinante de
trabalho imposto aos operários.
 As indústrias conseguiram ampliar sua capacidade de
produção e colocar à disposição do consumidor uma
quantidade enorme de produtos.
 O Ford T – automóvel mais popular e barato –
tornou-se símbolo desse novo mundo de consumo.
 O clima de otimismo econômico influenciava o
mercado financeiro e o movimento de compra e
venda de ações se multiplicava; os investidores,
atraídos pelas inúmeras possibilidades de ganho,
aplicavam suas reservas nesse tipo de investimento.
A CRISE DE 1929
 Desde o início da Primeira Guerra, a maior parte da
produção dos EUA era exportada para a Europa,
sustentado o grande crescimento econômico do país.
 A situação, então, começa a mudar a partir de 1925;
com a economia recuperada, a Europa começa a
retomar o nível de produção anterior à guerra; os
países passaram a adotar medidas protecionistas,
limitando a entrada de produtos estrangeiros.
 A combinação entre excesso de produção, consumo
interno limitado pela má distribuição de renda e
dificuldade de exportação acabou formando uma
espécie de crise de superprodução.
 As indústrias tiveram de diminuir o ritmo de
produção e milhões de trabalhadores foram
demitidos – menos pessoas podiam consumir.
 A situação provocou uma onda de falências,
desemprego, pobreza e desespero; arrastou pelo
mesmo caminho economias do mundo todo.
 No dia 24 de outubro de 1929 ocorre a quebra da
Bolsa de Nova York; não havia compradores para o
grande volume de ações e os preços despencaram.
 Cerca de 4 mil bancos faliram, mais de 80 mil
empresas fecharam as portas e 12 milhões de
trabalhadores perderam o emprego.
 As economias dos países que mantinham relações
comerciais com os Estados Unidos também foram
abaladas, como a do Brasil; os americanos eram um
dos principais compradores de café e, com a crise,
diminuíram as importações, afetando toda a
produção e economia brasileira.
 Na Europa, a situação de dependência era
semelhante, com os países do continente
mergulhando em crise, como foi o caso da Alemanha.
O NEW DEAL
 Visando resolver a situação, o Estado adotou um
conjunto de medidas baseadas nas teorias de John
Maynard Keynes: o New Deal.
 Abandonando os princípios do liberalismo, o Estado
passava a intervir diretamente na economia, com
iniciativas capazes de gerar empregos, ampliar o
consumo e estimular as atividades econômicas.
 A indústria e a agricultura passaram a receber
financiamentos com juros subsidiados pelo governo,
que também passou a executar um programa de
obras públicas que empregava grandes contingentes
de trabalhadores.
 Foram adotadas também medidas para criar uma
rede de proteção às pessoas empobrecidas,
sobretudo com relação à seguridade social; tais
medidas visavam ampliar os níveis de emprego e os
ganhos dos trabalhadores, com a fixação, por
exemplo, de salários mínimos e de um seguro em
caso de desemprego; o governo assumiu ainda
algumas responsabilidades em relação à previdência,
como proteção à pessoa inválida.
A ASCENSÃO DO FASCISMO
 Os acordos assinados após o término da guerra
criaram dificuldades para a recuperação dos países
derrotados; as obrigações impostas à Alemanha
provocaram crises e impedia a estabilidade interna;
a crise de 1929 só agravou a situação.
 Esse cenário favoreceu a ascensão de diversos
regimes totalitários, com perfil conservador, em
países como Alemanha, Itália, Espanha e Portugal.
 Por onde se instauravam esses governos não foram
completamente impostos: contaram, ao contrário,
com amplo apoio popular; aos grupos de elite
acenavam com a possibilidade de recuperação
econômica; aos trabalhadores, prometiam dignidade,
melhores salários, acesso à educação e à saúde.
 Não obstante, a violência marcou a consolidação do
fascismo, com o fim das regras democráticas, dos
direitos individuais e a instauração da perseguição,
prisão, tortura e morte dos opositores.
 A ascensão dos regimes fascistas pode ser
compreendida ainda como resposta ao crescimento
das ideologias ligadas aos princípios do comunismo,
principalmente após a Revolução Russa; o fascismo
era apresentado como o caminho para a manutenção
das principais bases do capitalismo.
 O governo fascista se caracterizava pelo mais rígido
controle das diferentes esferas da sociedade: social,
econômica, política, cultural; nada deveria estar
acima do Estado, fora dele ou contra ele.
 Essa estrutura totalitária, em geral, estava
representada em um partido único; cabia a ele
mobilizar as massas, sobretudo em função da
obediência e do culto a um líder supremo, além de
exaltar valores ligados ao nacionalismo.
 Toda essa ideologia previa também uma política de
expansão imperialista, justificada por diversos
aspectos, como a formação de grandes nações e o
combate a grupos considerados inferiores.
O FASCISMO ITALIANO
 O fascismo italiano teve início no começo da década
de 20, resultado da insatisfação com a Primeira
Guerra – a Itália foi considerada perdedora.
 Vestiam-se de preto, daí o nome como ficaram
conhecidos, “camisas negras de Milão”; formavam
grupos que combatiam as greves e os comunistas.
 Em 1922 estava marcada uma grande greve geral em
Roma, liderada pelos comunistas; os fascistas
impediram violentamente essa greve e realizaram
uma grande passeata, a “Marcha Sobre Roma”.
 Diante da popularidade do fascismo, o imperador
indica Mussolini para o cargo de primeiro ministro.
 Mussolini foi responsável por uma grande manobra
diplomática com a Igreja Católica; através do
Tratado de Latrão foi criado o Vaticano e, então, o
Estado italiano é reconhecido pela Igreja.
O NAZISMO ALEMÃO
 O Nazismo era a sigla em alemão para “Partido
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães”.
 Em 1923 tentam um golpe de Estado que ficou
conhecido como Putch de Munique; o golpe foi
frustrado e os nazistas foram presos.
 Na cadeia Hitler escreve seu livro com os princípios
fundamentais do nazismo o “Mein Kampf”
 Após serem anistiados começaram um intenso
trabalho de divulgação de suas ideias, recebendo o
apoio dos grupos de elite da Alemanha.
 Após a vitória parlamentar do Partido Nazista, Hitler
é nomeado chanceler da Alemanha; aí tem início a
implantação da ditadura totalitária nazista.
 O parlamento é incendiado (os nazistas eliminaram
seus oponentes políticos e culparam os comunistas),
greves e partidos comunistas foram proibidos, e teve
início a perseguição aos Judeus (antissemitismo).
 Adolf Hitler desobedece ao tratado de Versalhes e
inicia a remilitarização do país; a partir daí prega a
necessidade do “espaço vital” alemão e a conquista
de territórios ocupados pelos germânicos.
SALAZARISMO E FRANQUISMO
 Além de Itália e Alemanha este modelo de governo
foi também praticado em Portugal (Salazarismo) e
Espanha (Franquismo).
 Em Portugal, assim como na Alemanha, a crise de
1929 colocou a extrema direita no poder, o que
possibilitou a ascensão de Antônio Oliveira Salazar,
que em 1930 instaura a ditadura do “Estado Novo” e
outorga uma constituição autoritária, nacionalista,
com uni partidarismo e a proibição de greves.
 Permanece no poder até sua morte em 1970; a
ditadura permaneceu até 1974 quando foi derrubada
pelo movimento democrático que ficou conhecido
como a “Revolução dos Cravos”.
 Também neste contexto Portugal acabara de perder
suas colônias na África.
 Na Espanha a polarização política entre a extrema
direita fascista e a extrema esquerda comunista
levou o país a uma guerra civil em 1936.
 Enfrentaram-se os Nacionalistas, grupo formado por
fascistas e monarquistas, e os Republicanos, grupo
formado por liberais, comunistas e anarquistas.
 A Guerra Civil Espanhola teve apoio das tropas
portuguesas da ditadura salazarista e também o
apoio da Alemanha nazista – o conflito serviu de teste
para a nova tática de guerra nazista: Blitzkrieg.
 Com o desequilíbrio das forças militares os
nacionalistas venceram a guerra e subiu ao poder o
General Francisco Franco; governou até 1975, ano
de sua morte; seu governo era fundamentado no
militarismo, anticomunismo e no catolicismo.
ERA VARGAS
 O golpe de 1930 trouxe uma reorganização na ordem
política do país, com a perda da hegemonia das
oligarquias agrárias no controle do poder.
 O movimento, em outras palavras, abriu o poder para
diferentes grupos sociais, como as oligarquias
agrárias, os militares, os industriais e a classe média;
Getúlio Vargas se consolidou no poder intermediando
os interesses dessas forças opostas.
 O governo provisório foi montado, sobretudo, com
representantes do Rio Grande do Sul e de Minas
Gerais; pessoas ligadas à elite agrária também foram
contempladas, assim como os militares – o objetivo
de Vargas era manter o equilíbrio e o poder.
 Os homens de confiança de Vargas tornaram-se
interventores do governo nos estados, substituindo
os antigos presidentes estaduais; os interventores
representavam o fortalecimento do poder central,
acabando com grande parte da autonomia existente
nos estados – o Brasil abandonava o federalismo.
 Diante da necessidade de desmontar o aparato
institucional que sustentava a República Oligárquica,
o governo provisório determinou o fechamento de
todos os órgãos de representação: Congresso
Nacional, assembleia legislativa, câmaras municipais.
 A Constituição de 1891 foi suspensa e os partido
políticos extintos; amplos setores da população
passaram a se mobilizar pela convocação de eleições
e de uma nova assembleia constituinte.
 Na área econômica, a partir de 1931, o governo
retomou a política de valorização do café, com a
compra e a formação de estoques reguladores;
quando necessário, era feita a queima do produto.
 As medidas favoreceram a estabilização do setor e,
com o cenário nacional dependente do café,
trouxeram relativa estabilidade econômica.
 As dificuldades para a importação favoreceram o
setor industrial: a produção interna assumiu parte da
demanda, antes abastecida pelas importações.
 Em pouco tempo, já foi possível perceber as
divergências entre os diferentes grupos sociais; o
principal conflito dizia respeito ao modelo de Estado:
enquanto alguns defendiam a centralização do poder,
outros pediam a rápida constitucionalização do país.
 Em São Paulo, por exemplo, surgiu a Frente Única,
que reunia membros do antigo Partido Republicano
Paulista (PRP) e do Partido Democrático (PD); ambos
viam com descontentamento a nomeação de um
interventor de fora do estado, exigiam uma
assembleia constituinte e eleições gerais, inclusive
para presidente; com o apoio da população, o
movimento se expandiu rapidamente.
 Em uma manifestação na cidade, ocorreu confronto
com a polícia, que resultou na morte de quatro
estudantes; foi o estopim para que eclodisse a
chamada Revolução Constitucionalista – fora do
poder, eram as elites agrárias de São Paulo que
lutavam por medidas democráticas.
 As forças constitucionalistas, entretanto, não
dispunham de organização nem de equipamentos
para fazer frente às tropas legalistas e, em apenas
três meses, acabaram derrotadas; porém, Vargas
convocou eleições para a formação de uma nova
assembleia constituinte – tratava-se de uma
manobra para controlar a população.
 As eleições convocadas pelo governo provisório
apresentavam mudanças significativas: o voto
passava a ser secreto e estendido às mulheres; além
disso, foi criada a Justiça Eleitoral para evitar
fraudes e o apoio ao governo se ampliou.
 Em 1934, foi promulgada a nova Constituição; o país
continuava a ser uma República Federalista e os
trabalhadores adquiriram direitos, como o salário
mínimo, jornada máxima de oito horas diárias de
trabalho, férias remuneradas e indenização por
demissão sem justa causa; além disso, foi proibido o
trabalho de jovens com menos de 14 anos.
 Na área econômica, percebia-se uma tendência
nacionalista, com a possibilidade de incorporação de
empresas estrangeiras pelo poder público e a criação
de monopólios estatais.
 O poder permanecia organizado em três esferas:
Executivo, Legislativo e Judiciário; os membros dos
dois primeiros eram eleitos diretamente, pelas regras
já estabelecidas – com exceção do próximo
presidente, que seria escolhido pelos próprios
parlamentares; essa escolha recaiu sobre Vargas.
CONFLITO IDEOLÓGICO
 Como em outras regiões do mundo, os anos 30 no
Brasil se caracterizaram pelo forte embate ideológico
entre adeptos do comunismo e do fascismo; o
governo procurou neutralizar ambas as forças, de
forma a se fortalecer no poder.
 Nesse contexto, duas organizações opostas ganharam
destaque: a Ação Integralista Brasileira (AIB), de
orientação fascista, e a Aliança Nacional Libertadora
(ANL), agregando as tendências comunistas.
 A AIB inspirava-se nos ideais difundidos por Benito
Mussolini, na Itália, e Adolf Hitler, na Alemanha; a
organização propunha o combate aos comunistas e
a diversos grupos considerados minoritários; com
forte ideal nacionalista e militarista, defendia um
Estado forte e centralizado, com um partido único,
capaz de controlar as mais diversas esferas da
sociedade; defendia valores ligados a Deus, à pátria
e à família, tornou-se popular entre a classe média.
 No lado oposto ao dos integralistas estava a ANL; a
associação reunia desde intelectuais e membros da
classe média até militantes do Partido Comunista
Brasileiro e das associações trabalhistas; Luís Carlos
Prestes era o líder da Aliança; com propostas
progressistas, defendia um governo popular, o não
pagamento da dívida externa, o combate ao
imperialismo e a reforma agrária.
 Pelas ruas das cidades, tornou-se comum o embate
violento entre os militantes dos dois grupos.
 Temeroso com o rápido crescimento da ANL, o
governo determina sua ilegalidade, passando a
perseguir os seus integrantes.
 Nesse cenário, o Partido Comunista Brasileiro – com
o apoio da URSS e a liderança de Carlos Prestes –
resolveu colocar em prática um plano para tomar o
poder por meio de uma revolução.
 Prestes retornou clandestinamente ao país e passou
a liderar um grupo de revolucionários; no dia 23 de
novembro de 1935, em quartéis do Recife e de
Natal, eclodiu a revolta; quatro dias depois, ela se
expandiu para o Rio de Janeiro.
 O apoio popular, entretanto, não veio; em pouco
tempo a tentativa foi sufocada pelo governo.
 O governo decretou, então, estado de sítio e iniciou
uma violenta onda de repressão, com prisões
arbitrárias e ilegais; várias das liberdades individuais
previstas na Constituição foram suspensas.
GOLPE DE ESTADO
 As eleições presidenciais estavam marcadas para
1937; a situação mudou de rumo quando veio à tona
um suposto plano conspiratório, elaborado pelos
comunistas, para a tomada do poder: o Plano Cohen.
 Vargas determinou o fechamento do Congresso,
extinguiu os partidos políticos, suspendeu a
Constituição e encerrou a campanha eleitoral.
 Começava, assim, uma nova fase do governo Vargas:
o Estado Novo – período ditatorial.
 Não demorou muito para descobrir que o Plano
Cohen havia sido escrito por líderes do AIB, para
demonstrar como seria um governo comunista;
serviu para Vargas incentivar o pânico de uma
revolução social no país e criar as condições
necessárias para manter-se no poder.
O ESTADO NOVO
 Em diversos pontos, o Estado Novo caracterizou-se
por uma estrutura inspirada nos regimes fascistas.
 Uma nova Constituição foi apresentada à população,
mas sem ser debatida e aprovada por uma
assembleia, não chegou a entrar em vigor; ela ficou
conhecida como Polaca, por sua semelhança com a
Constituição polonesa, de caráter autoritário.
 O Estado foi todo reorganizado; as liberdades
individuais foram restringidas; foram proibidas as
greves e a livre associação dos trabalhadores.
 Para dirigir as atividades econômicas, foi criado o
Conselho de Economia Nacional; baseado em
princípios nacionalistas e prevendo forte intervenção
do Estado, o governo acalentava um projeto
desenvolvimentista.
 Com a agricultura ressentindo-se ainda da crise de
1929, o setor industrial concentrou os maiores
incentivos, principalmente na área de infraestrutura e
na chamada indústria de base: foram criadas a
Companhia Siderúrgica Nacional e a Companhia Vale
do Rio Doce; a primeira destinava-se à produção de
aço, vital para impulsionar a industrialização e, a
segunda, dedicava-se à extração de minérios de ferro,
matéria prima utilizada na fabricação de aço.
 Esse minério ainda seria exportado, alimentando a
indústria bélica mundial durante a Segunda Guerra.
 Durante o Estado Novo foram instaladas também a
Fábrica Nacional de Motores, voltada à indústria
mecânica, e a Companhia Hidrelétrica do Vale do São
Francisco, para produzir energia elétrica.
 A política industrial do Estado Novo e a eclosão da
Segunda Guerra contribuíram para a consolidação
do processo de industrialização brasileiro.
 Durante o Estado Novo surgiu a Voz do Brasil,
programa de rádio transmitido para todo o território
nacional, com o objetivo de divulgar as propostas e
iniciativas do governo.
 Era mais um produto criado pelo Departamento de
Imprensa e Propaganda (DIP), responsável ainda por
censurar os meios de comunicação e promover uma
intensa produção cultural identificada com a
ideologia do governo.
 O regime implementado por Vargas demonstrava
saber da importância dos meios de comunicação.
 Bombardeada pela propaganda, grande parte da
população pareceu indiferente ao Estado Novo e,
em muitos casos, até aliviada, por ver afastado o
perigo comunista; aqueles que se opunham ao
regime não tinham como expressar suas opiniões,
diante da intensa repressão.
 Em 1943, Getúlio Vargas anuncia a Consolidação das
Leis Trabalhistas (CLT), reunindo as mais variadas
 regulamentações sobre relações de trabalho feitas
ao longo da ditadura Vargas; com isso, mantinha sob
controle grande parte do operariado.
 O sistema repressor, apesar das torturas e mortes,
não chegou a ser tão cruel como nos países
europeus; na Segunda Guerra, o governo optou por
se alinhar ao bloco que combatia o fascismo – a
Alemanha havia atacado alguns navios brasileiros que
transportavam café e os EUA, com a política da boa
vizinhança, investiu na indústria brasileira; no Brasil
nunca foi instituído um partido único.
 A AIB foi extinta logo após o golpe de 37; sentindo-se
enganados, os integralistas tentaram tomar o poder
em 1938; a ação do governo foi implacável: muitos
foram presos e mortos; o castigo, porém, foi muito
mais brando do que o reservado aos comunistas.
O RETORNO DA DEMOCRACIA
 Ao fim da Segunda Guerra, uma onda democrática
tomou conta do país; para o governo, era difícil
justificar a ditadura construída em moldes
semelhantes àqueles que os soldados brasileiros
combatiam na Europa.
 A sociedade se organizava em prol da democracia.
 Sob pressão, em fevereiro de 1945, o governo
permitiu a formação de novos partidos e convocou
eleições para o fim do ano; pretendia, assim,
controlar o processo de abertura do regime.
 Vargas articulou a formação do Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB) e do Partido Social Democrata (PSD);
as duas agremiações deveriam sustentar a
candidatura de Vargas; a oposição organizou-se na
União Democrática Nacional (UDN).
 Simultaneamente, surgia em diversas regiões um
movimento popular denominado Queremismo, que,
sob o lema “Queremos Getúlio!”, pedia uma nova
Constituição para o país, sob o comando do ditador.
 Em outubro de 1945, porém, membros
conservadores do governo lideraram um golpe ao
Estado para depor Getúlio Vargas, alegando que sua
presença no governo colocava em risco as eleições.
 Nas eleições seguintes, sem a candidatura de Getúlio
Vargas, saiu vitorioso Eurico Gaspar Dutra; o primeiro
presidente brasileiro após a ditadura Vargas.
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
 Nazismo na Alemanha, nacionalismo no Japão e
fascismo na Itália; ao longo da década de 1930, os
governos desses países colocaram em prática uma
política destinada a aumentar seus poderes no
cenário internacional, pois consideravam ocupar um
papel secundário entre as potências mundiais.
 O Japão invadiu a Manchúria em 1931, aproveitando
o conturbado cenário social na China, marcado por
uma guerra civil; os exércitos japoneses cometeram
diversas atrocidades, como massacres e estupros em
massa; a Liga das Nações, apesar de condenar o ato,
negou-se a mediar os conflitos.
 Na Itália, por sua vez, existia um profundo
descontentamento com os acordos de paz que
selaram a Primeira Guerra, pois julgavam que o país
não fora compensado por sua participação; isso se
traduzia no interesse de anexar novos territórios,
aplacando antigos sonhos imperialistas.
 O governo de Hitler deu início a uma agressiva
política de recuperação do país, nos planos interno e
externo; deixou de pagar as dívidas de guerra
impostas à Alemanha e consideradas humilhantes
pela população do país; o Tratado de Versalhes foi
enterrado em definitivo quando Hitler anunciou a
remilitarização do país e anexou territórios perdidos
para a França, ao mesmo tempo em que promulgava
duras leis antissemitas; a comunidade internacional,
no entanto, reagiu de forma branda.
 A diplomacia alemã se esforçava para estabelecer
uma situação favorável à nova política internacional
do país, neutralizando possíveis inimigos e firmando
alianças; isso levou à assinatura de um acordo de
combate ao comunismo firmado com a Itália e o
Japão; foi criado o Eixo.
 Em 1938, as ações do governo alemão tornaram-se
mais agressivas, com a anexação da Áustria, sob o
argumento de unir os povos germânicos em uma
grande nação; as tropas nazistas ocuparam o país,
com Hitler à frente, ovacionado pela população.
 Além de não intervir, países como a Inglaterra e a
França legitimaram as ações nazistas e, com essa
frágil oposição, o governo de Hitler anexou parte do
território da Tchecoslováquia (os Sudetos, de maioria
germânica), sob o argumento de que o governo
tcheco oprimia a população germânica.
 O acordo final previa a anexação dos Sudetos pela
Alemanha, diante do compromisso nazista de
estancar suas pretensões expansionistas; os líderes
da Inglaterra e da França foram ovacionados, diante
do discurso de que a paz estava garantida.
 Entretanto, os nazistas anexaram novas regiões da
Tchecoslováquia; o próximo passo seria rumar para
a Polônia e abrir caminho para a União Soviética; o
governo da Polônia recorreu aos ingleses, assinando
um acordo de proteção.
 O fato obrigou Hitler a mudar sua estratégia, antes de
continuar sua expansão, precisava enfrentar a
Inglaterra e a França; essa situação criou condições
para um acordo de não agressão com os soviéticos;
Hitler e Stalin assinaram um acordo que previa a
divisão da Polônia.
 Com esse acordo, Hitler deu início aos planos para
ocupar a Polônia; ingleses e franceses reagiram,
declarando guerra aos alemães.
 Temendo a união de seus opositores e com menos
recursos, os alemães iniciaram guerras-relâmpago
(Blitzkrieg), com rápidos e intensos ataques
efetuados por tanques blindados e pela força aérea; o
domínio efetivo nos territórios arrasados era
consolidado pelas tropas de ocupação.
 Com facilidade, os alemães conquistaram, assim,
Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica e França.
 O território francês foi dividido em duas áreas: ao
norte se estabeleceu uma administração nazista,
enquanto no sul se instaurou um governo francês
fantoche, submetido aos alemães; nem toda a
população, porém, se submeteu aos invasores, surgiu
um forte e importante movimento de resistência.
 O governo italiano decidiu sair da posição neutra e
declarou guerra à França e à Inglaterra.
 Os ingleses, isolados em sua ilha, pareciam incapazes
de desembarcar no continente e vencer os
oponentes; ofereciam heroica resistência aos ataques
aéreos nazistas; a Península Balcânica, onde o
império britânico tinha forte presença, fora
conquistado por Hitler e as forças inglesas sediadas
no Egito pareciam ceder ao inimigo.
 Os rumos da guerra mudaram quando o governo
nazista deu início à invasão da URSS; Hitler avaliava
que o país se encontrava em condições de ser
rapidamente dominado; com a vitória, a Alemanha
controlaria enormes recursos, desde fontes de
petróleo até alimentos.
 A determinação do exército soviético, o patriotismo
da população e a imensidão do território foram
fatores fundamentais para reverter o quadro.
 As tropas nazistas foram detidas em Stalingrado e, a
partir de então, começaram a recuar.
 Desde o início do conflito, os EUA assinalavam sua
preferência por ingleses e franceses; mas, apesar do
auxílio financeiro e bélico, apenas em 1941 o país
entrou em definitivo na guerra, com o crescimento
das ofensivas japonesas no Pacífico.
 Os japoneses ampliaram seus domínios por grande
parte do Sudeste Asiático, região de interesse dos
Estados Unidos; o exército japonês atacou a base
estadunidense de Pearl Harbour; além dos prejuízos
materiais, o ataque provocou inúmeras mortes e
verdadeira comoção do país.
 URSS, EUA, Inglaterra e França lideraram as forças
que se uniram (Aliados) para enfrentar os
integrantes do Eixo: Alemanha, Itália e Japão.
 Na União Soviética, mais de 250 mil soldados alemães
já haviam morrido, enquanto outros 100 mil caíam
como prisioneiros, apenas em Stalingrado.
 Os soviéticos passaram a recuperar os territórios
ocupados pelo exército alemão.
 Ao mesmo tempo, os japoneses foram derrotados no
Pacífico e, um exército composto principalmente por
ingleses, estadunidenses e canadenses derrotaram
italianos e alemães no norte da África.
 A vitória trouxe aos aliados o controle do Mar
Mediterrâneo; a Itália foi invadida e derrotada,
Mussolini foi demitido do cargo de primeiro ministro.
 Em 6 de junho de 1944, dia que ficou conhecido
como Dia D, três milhões de soldados aliados
desembarcaram na região da Normandia, na França;
somados aos membros da Resistência Francesa,
deram início a retomada da França.
 Diante da derrota consolidada, Hitler e sua esposa
cometeram suicídio; dias depois, Mussolini e sua
esposa foram presos pela Resistência Italiana, foram
fuzilados e seus corpos expostos em praça pública.
 Os japoneses resistiram; o conflito na região seria
encerrado com o mais brutal ataque militar da
história; diante de um inimigo aniquilado, o governo
dos EUA lançou bombas atômicas sobre duas cidades
japonesas: Hiroshima e Nagasaki.
 Os EUA demonstraram força e saíram como
vencedores da guerra; os impérios desapareceram e
duas novas potências – EUA e URSS – despontaram.
A REPÚBLICA LIBERAL POPULISTA
 Denominamos de República Liberal, pois foi um
período democrático entre duas ditaduras.
 Utilizamos o termo populista, pois foi um traço
marcante na política nacional e latino-americana.
 O populismo é um fenômeno político que se
manifestou em todas as esferas da política de um
país; políticos conservadores e extremamente
carismáticos utilizavam os meios de comunicação
para manipular as massas trabalhadoras; suas
imagens eram cultuadas e associadas aos pobres.
 O caso mais emblemático no Brasil é o do
presidente Getúlio Vargas e sua política
“trabalhista”, em que manipulava as massas
e tinha sua imagem associada aos pobres.
 Jânio Quadros em suas campanhas eleitorais
chegava a vestir chinelo e jogar farinha no
cabelo para parecer caspa.
 Haviam algumas diferenças quanto ao funcionamento
político do país, entre elas: o mandato político de 5
anos, não havia segundo turno, analfabetos não
votavam e o presidente e vice eram escolhidos em
votações distintas.
 Tivemos como presidentes eleitos nesse período o
General Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Vargas,
Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart.
O GOVERNO DUTRA
 Dutra consolidou a aproximação política e econômica
com os Estados Unidos em plena Guerra Fria.
 O Brasil se alinhou aos EUA no combate ao
comunismo; Dutra proibiu os partidos comunistas, o
direito de greve e cortou relações diplomáticas e
econômicas com a União Soviética.
 A aproximação política com os EUA se mostrou mais
evidente com a fundação da Escola Superior de
Guerra (ESG), instituto de inteligência militar,
inspirado no “War College” dos EUA.
 Da ESG surgiram as teorias anticomunistas e a elite
intelectual do exército, que planejou o golpe militar
e aplicou a ditadura no ano de 1964.
 Durante o governo Dutra foi promulgada uma nova
constituição, aprovada em 1946; suas principais
características eram: federalismo, democracia,
 liberdade de expressão, anticomunismo e
instauração do voto secreto e feminino.
 O governo apresentou o plano SALTE (com grande
investimento em saúde, alimentação, transporte e
energia) que não foi bem sucedido.
 Em razão da “abertura de capital” ocorreu uma
grande enxurrada de produtos norte-americanos,
que representavam um grande salto na qualidade
do consumo; se popularizaram os eletrodomésticos.
O GOVERNO VARGAS
 Getúlio Vargas ao abandonar o palácio do Catete
(sede do governo), sob forte pressão política em
1945, prometeu voltar pelos braços do povo; venceu
democraticamente a eleição 1950; foi levado ao
Catete com a maior votação presidencial da história.
 Seu governo neste momento foi muito conturbado,
pois tinha uma grande oposição; entre os opositores
de Getúlio, tínhamos o jornalista e radialista carioca
Carlos Lacerda, político conservador, contra o
nacionalismo econômico de Vargas e líder da União
Democrática Nacional (UDN).
 Durante o governo Dutra, o Brasil se alinhou
politicamente e economicamente com os EUA – foi
um momento de grande entrada de capital
estrangeiro, vantagens oferecidas às grandes
corporações e empréstimos tomados pelo Brasil.
 Quando Vargas ganhou a eleição, os EUA
diminuíram sua aproximação e seus investimentos
por aqui; esse cenário devia-se à desconfiança que
eles tinham de um governo nacionalista.
 Getúlio teve dificuldades para implantar seus
projetos nacionalistas; haviam duas fortes correntes
de pensamento: uma defendia a política econômica
varguista de nacionalismo econômico – com o
estímulo e desenvolvimento das indústrias de base,
estatais, fundadas com capital público – e outra era
adepta da “abertura de mercado” para o capital
estrangeiro – queriam que o governo oferecesse
vantagens para que as multinacionais montassem
aqui as suas indústrias.
 Após uma série de campanhas nacionalistas como
“O Petróleo é Nosso”, a Petrobrás foi fundada;
monopólio estatal de extração e refino.
 Os dois movimentos entraram em conflito e as greves
operárias começaram a se proliferar.
 O salário mínimo não recebia aumento há anos e
havia se desvalorizado diante da inflação; Vargas
havia nomeado João Goulart como ministro do
trabalho, que para contornar a situação, concedeu
um aumento de 100% no salário mínimo.
 Vargas e Goulart tentaram aprovar no congresso a
Lei dos Lucros Extraordinários, que obrigava
multinacionais reinvestirem parte do lucro no país.
 A oposição de Vargas se tornou feroz; Carlos Lacerda
atacava a política econômica do governo e a figura de
Vargas; o exército se pronunciou, através do
Manifesto dos Coronéis, contra a política econômica
e social do país – criticavam o aumento dado ao
salário mínimo, alegando que faria com que um
soldado ganhasse quase como um tenente, e para
eles isso significaria desordem e rompimento da
estrutura hierárquica do exército.
 O exército também dizia que o governo se mostrava
incapaz contra a desordem instalada no país devido
ao aumento das greves e das manifestações.
 O segurança pessoal de Vargas, Gregório Fortunato,
por iniciativa própria, resolveu cometer um
atentado contra a vida do maior opositor do
governo; realizou uma emboscada, onde atirou
contra Carlos Lacerda.
 Gregório Fortunato erra o tiro, que pegou de raspão
de Lacerda; esse episódio repercutiu de forma
estrondosa contra Getúlio Vargas.
 Vargas recolhe-se em seus aposentos, escreve uma
carta de suicídio e dispara um tiro contra o peito.
 O suicídio de Getúlio repercutiu de forma bombástica
na população brasileira; todos os opositores de
Vargas tiveram que se calar, pois o país passava por
um período de comoção devido a morte daquele que
fora cultuado como o “pai dos pobres”.
 Muitos historiadores acreditam que Vargas sofreria
um golpe do exército apoiado pela UDN, mas com o
seu suicídio, Getúlio atrasou o golpe em 10 anos.
 O vice Café Filho assumiria a presidência até o fim do
mandato, mas se afastou por problemas de saúde e o
presidente do congresso assumiu o comando do país.
 As eleições para presidente de 1955 são vencidas por
Juscelino Kubitschek, com 36% dos votos (não havia
segundo turno); A UDN não aceitou a vitória eleitoral
de JK, alegando que ele não possuía 50% dos votos.
 A UDN passou a pregar o impedimento da posse do
presidente eleito e rumores de golpe pairavam pelo
ar; nesse contexto, o ministro da guerra, Marechal
Teixeira Lott, tomou uma atitude para garantir o
cumprimento da constituição e a posse de JK.
 Lott deu um “golpe preventivo”; depôs o presidente
do congresso e assumiu o poder para, então,
garantir a posse de Juscelino Kubitschek.
O GOVERNO JK
 O Governo Juscelino Kubitscheck é caracterizado pelo
esforço para a industrialização do país; o objetivo na
época era desenvolver o Brasil; Industrialização e
desenvolvimento eram vistos como sinônimos.
 Este período foi marcado pelas teorias que ficaram
conhecidas como “nacional desenvolvimentismo”:
Para o país desenvolver era preciso industrializar.
 O nacional desenvolvimentismo pregava, então, que
deveríamos abrir os mercados brasileiros e conceder
incentivos às grandes corporações para que
pudéssemos gerar empregos na indústria e
usufruirmos do desenvolvimento dos países ricos.
 Na busca de industrializar a qualquer custo, JK lançou
o “Plano de Metas”, que prometia desenvolver o país
“50 anos em 5”; as cinco principais metas eram:
indústria, energia, transportes, educação e saúde.
 Fundamentalmente, realizou uma abertura de
capital, retirando barreiras alfandegárias e
 protecionistas, e investiu em infraestrutura,
construindo rodovias que integravam o Brasil e
também usinas hidrelétricas.
 Construiu a cidade de Brasília para abrigar o distrito
federal no centro do território – para integrar o país,
industrializar o interior, defender a capital de
conflitos externos e distanciar-se das crises cariocas;
a cidade tem a forma de um avião para representar a
decolagem do governo Juscelino Kubitschek.
 O governo JK foi, em parte, fundamentado na
propaganda e na associação da imagem de Juscelino
Kubitschek com o desenvolvimento do país.
 As principais multinacionais que se instalaram no
país foram as indústrias automobilísticas; o fusca
virou o carro símbolo do governo e frequentemente
o presidente era fotografado em um.
 Tentou combater a desigualdade – a riqueza já era
concentrada no sudeste e com a industrialização que
se concentrou nesta região, principalmente em razão
da proximidade com o mercado consumidor, o
desequilíbrio econômico aumentou; criou a SUDENE
(superintendência para o desenvolvimento do
nordeste), mas não obteve sucesso.
 Numa época de ameaças golpistas frequentes, o
governo JK foi estável e democrático; mas os
aspectos econômicos não foram somente vitórias: o
governo contraiu uma enorme dívida externa e
rompeu com o FMI.
O GOVERNO JÂNIO QUADROS
 Jânio Quadros (presidente) e João Goulart (vice)
foram eleitos para suceder Juscelino Kubitschek
(eram de partidos opostos).
 Jânio Quadros disputou a presidência da República
com a “campanha da vassourinha”; dizia que iria
varrer a corrupção do Brasil e ia a seus comícios
segurando uma vassoura, que era o tema de sua
música de campanha.
 Tomava sempre o cuidado de usar os cabelos
desgrenhados, disfarçando caspa no paletó usando
farinha, e comia sanduíches de pão com mortadela.
 Ao assumir a presidência tomou várias medidas
moralistas e propagandísticas: proibiu a briga de
galo, cassinos e uso de biquíni nas praias.
 Na política econômica interna enfrentou uma forte
crise econômica, em parte devido ao esgotamento
do modelo desenvolvimentista de JK; A inflação
desvalorizou muito o salário dos trabalhadores e as
greves se multiplicaram.
 A crise se agravou quando tirou o subsídio do trigo,
o que aumentou o preço do produto e de seus
derivados, como o pão, e isso gerou mais inflação.
 Tentou manter uma política externa independente:
manteve o rompimento com o FMI, restabeleceu
relações diplomáticas e econômicas com a URSS e
condecorou “Che Guevara”, um dos líderes da
Revolução Cubana, com a “Medalha Cruzeira do Sul”,
a maior honraria da república – Jânio era
anticomunista e conservador, mas era uma forma de
manter a independência com relação à dominação e
influência dos EUA.
 Jânio Quadros renuncia a presidência alegando que
“forças ocultas o impedem de governar”; foi
instaurado um quadro de instabilidade política,
desencadeando assim, o golpe militar de 1964.
O GOVERNO JOÃO GOULART
 João Goulart assumiu o poder em meio a uma forte
instabilidade; tinha a fama de comunista entre a elite
conservadora da época, sobretudo para a UDN.
 O exército e a UDN não queriam que João Goulart
assumisse a presidência, pois alegavam que ele iria
instalar o comunismo no país.
 Para impedi-lo de governar o congresso nacional, de
maioria conservadora, mudou o regime de governo
de presidencialismo para parlamentarismo.
 A República pode ser presidencialista ou
parlamentarista; numa república presidencialista, o
presidente é ao mesmo tempo chefe de governo e
chefe de estado; no parlamentarismo o presidente é
chefe de Estado e o chefe de governo é o primeiro
ministro – o presidente no parlamentarismo não
governa, seu poder fica reduzido a funções
administrativas e representação diplomática.
 João Goulart assume o cargo, porém sem poder
governar; estes são os antecedentes do golpe.
GUERRA FRIA
 Chamamos de Guerra Fria o período que vai de 1945
até 1991, quando ocorre a decadência da URSS.
 Foi um período bastante conflituoso e ocorreram
várias guerras, como a Guerra da Coréia e a Guerra
do Vietnã, mas chamamos de Guerra Fria, pois nunca
ocorreu um conflito direto entre EUA e URSS.
 Para muitos historiadores, a Guerra Fria começou em
1947, pois foi neste ano que foi lançada a Doutrina
Truman: o conjunto de políticas externas dos EUA
cujo objetivo era combater o avanço do socialismo.
 Até mesmo a ditadura militar no Brasil e em outros
países da América Latina tiveram o apoio norte-
americano, pois foram instauradas sob o pretexto
de impedir o avanço do comunismo.
 Também é importante destacar o Macarthismo, que
era a política dos EUA de combate ao comunismo em
seu próprio território.
CARACTERÍSTICAS
 Bipolaridade: havia duas grandes potências, dois
polos de poder, EUA (capitalista) e URSS (socialista),
que disputavam o poder e a influência pelo mundo.
 Corrida armamentista: os países procuravam se
armar para se protegerem de ataques dos países já
armados; quando os EUA criaram a bomba atômica,
iniciou-se uma corrida armamentista que gerou uma
grande proliferação de armas nucleares.
 Corrida aeroespacial: EUA e URSS desenvolveram
programas espaciais cujo objetivo era chegar à lua;
seria uma tarefa difícil, logo o vencedor mostraria a
sua superioridade tecnológica; a corrida deu um
grande impulso na Terceira Revolução Industrial.
 Cada lado criou um bloco militar; a OTAN
(Organização do Tratado Atlântico Norte) foi criada
para combater os avanços do socialismo e o Pacto de
Varsóvia foi criado para combater o capitalismo.
 EUA e URSS tentavam constantemente aumentar as
suas áreas de influência, normalmente apoiando
conflitos na África e na Ásia – aproveitando-se do
contexto de enfraquecimento das metrópoles após a
Segunda Guerra, os países africanos e asiáticos
deram início aos processos de independência.
A DIVISÃO DA ALEMANHA
 Berlim foi tomada inicialmente pelos soviéticos; mais
tarde, os aliados ocuparam o lado ocidental do país.
 A Alemanha oriental foi ocupada pelas tropas
soviéticas, enquanto a região oeste foi dominada
pelas tropas aliadas; Berlim ficava totalmente no
território oriental, ou seja, do lado soviético, mas
seu território seguia a mesma divisão territorial do
país: leste soviético e oeste capitalista.
 Então, para levar suprimentos e estabelecer contato
do mundo capitalista com a Berlim ocidental, eram
estabelecidas pontes aéreas, pois a fronteira
terrestre era fechada pelos soviéticos.
 Os países do leste europeu ficaram conhecidos como
países da “cortina de ferro”, uma referência ao fato
dos países socialistas serem totalmente fechados ao
contato econômico e cultural com o ocidente.
 O maior desenvolvimento de Berlim ocidental fez
com que as fugas de alemães do lado socialista para
o lado capitalista aumentassem, gerando a reação
soviética de construção do muro de Berlim.
 O muro de Berlim ficou em pé até 1989, quando foi
derrubado pela própria população do oriente.
ONU E CONFERÊNCIA DE BRETTON WOODS
 A criação da ONU ocorreu logo ao fim da Segunda
Guerra; o objetivo da organização é “manter a paz
mundial e estimular a cooperação entre as nações”.
 O atual sistema financeiro foi criado na década de 40
com os acordos de Bretton Woods; surgiram o FMI,
Banco Mundial e BIRD; também ocorreu a dolarização
da economia mundial – a moeda internacional era a
Libra esterlina, da Inglaterra.
O PLANO MARSHAL
 Com a destruição provocada pela Segunda Guerra,
seria necessário reconstruir o capitalismo mundial
através da reconstrução dos antigos centros; era uma
forma de combater a proliferação do socialismo.
 Foi criado o Plano Marshal, cujo objetivo era
reconstruir a economia e a infraestrutura europeia;
o BIRD realizou uma série de empréstimos.
 Os EUA também construíram uma série de bases
militares no continente europeu.
 Dos países que receberam financiamentos, tem
destaque a Alemanha ocidental, principalmente
Berlim ocidental que passou a ser a vitrine do
capitalismo – como recebeu muitos investimentos,
seu desenvolvimento e modernização foram muito
maiores que em Berlim oriental, sendo uma vitrine
do desenvolvimento capitalista, pois poderia ser
visualmente comparada ao mundo socialista.
 A grande fuga de alemães do lado socialista que
motivou a construção do Muro de Berlim.
GUERRA DA CORÉIA
 Ao final da Segunda Guerra os japoneses foram
derrotados pelas tropas coreanas socialistas que
deram início à uma ocupação militar na península.
 Os EUA destacaram imediatamente suas forças
armadas para ocuparem o sul da península,
evitando que forças coreanas socialistas, aliados dos
soviéticos, dominassem toda a península.
 E foi em 1945, na Conferência do Cairo, que o destino
do país foi decidido; a Coréia foi dividida – Norte
socialista e Sul capitalista.
 Em 1950 a Coréia do Norte invadiu a Coréia do Sul
na tentativa de reunificar o país; teve início a Guerra
que dura até hoje.
 O conflito armado durou três anos e em 1950 as
Coreias assinaram um armistício (cessar fogo), mas
nunca assinaram um tratado de paz.
 Naquele contexto, a Segunda Guerra havia acabado
somente há 5 anos e as potências não queriam outro
conflito de grandes proporções, pois o apoio direto
poderia descambar noutra guerra maior.
GUERRA DO VIETNÃ
 O Vietnã está localizado na península da Indochina;
era uma colônia francesa e na Segunda Guerra foi
invadido pelos japoneses.
 Os vietnamitas expulsaram os japoneses, e teve
início o processo de independência do país; ao
norte, as tropas que expulsaram os franceses eram
lideradas por grandes figuras socialistas.
 Em 1954, na Convenção de Genebra, foi reconhecida
a independência dos países da península da
Indochina; o Vietnã foi dividido em Vietnã do Norte
(socialista) e Vietnã do Sul (capitalista).
 Os Estados Unidos articularam a independência da
Indochina e a separação do Vietnã; apoiou o Vietnã
do Sul, para tentar impedir outra revolução
socialista, e invadiu o Vietnã do Norte.
 A Guerra se estendeu por vinte anos; os EUA
desrespeitaram os direitos humanos com uso de
armas químicas, mas falharam em seus objetivos.
 O Vietnã foi unificado como um país socialista.
FUNDAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL
 Os judeus desde o ano 50 d.C até 1947 eram uma
nação em diáspora (dispersos através da perseguição
por causas políticas, étnicas ou religiosas).
 No século XIX surgiu na Inglaterra um movimento
pela criação de um Estado Nacional para os Judeus.
 Durante a Segunda Guerra, muitos judeus foram
mortos em campos de concentração nazistas; este
triste episódio do século XX fez com que surgissem
os Direitos Humanos, em um contexto internacional
favorável à fundação do Estado de Israel.
 A Inglaterra tinha a posse do território palestino
desde a Primeira Guerra Mundial; a ONU tinha como
plano dividir o território e criar dois Estados para dois
povos, um Estado Israelense e Um Estado Judeu.
 Foi criado o de Israel e até hoje não foi criado o
palestino; isso gera um grande conflito, que já
terminou em várias guerras, ocupações militares e
hostilidades de ambos os lados.
 Os palestinos foram expulsos de suas terras, que
foram ocupadas pelos judeus; os palestinos ficaram
divididos em dois territórios, um a leste e outra a
oeste de Israel; a faixa de Gaza e a Cisjordânia.
 A população palestina não aceitou o ocorrido e desde
então não reconhecem a existência do Estado de
Israel; os palestinos se organizaram e receberam
apoio de outros países árabes e islâmicos como eles.
REVOLUÇÃO CUBANA
 Desde a independência de Cuba, a presença dos EUA
era fortemente sentida na ilha.
 Foi assinada a Emenda Platt – criava uma base militar
em Cuba e estipulava que os EUA invadissem a ilha
caso seus interesses fossem contrariados.
 Até a década de 1950 era um país de grandes
contrastes e governado através de ditaduras como a
de Fulgêncio Batista.
 Em 1953, o partido socialista cubano tenta tomar o
poder através de um golpe que ficou conhecido como
assalto ao quartel Moncada; o ataque foi frustrado e
os revolucionários foram presos.
 Fidel foi anistiado pouco tempo depois e buscou
asilo no México, onde se encontrou com Ernesto
Guevara (Che Guevara); em 1956 iniciaram uma
guerrilha contra as forças militares de Fulgêncio, que
em 1959 são derrotadas pela guerrilha socialista.
 Os EUA, em apoio às forças capitalistas, invadiram
Cuba e foram expulsos pelos guerrilheiros em 1961;
no auge da Guerra Fria os cubanos alinham-se
definitivamente à URSS, que pretendiam construir
mísseis nucleares na ilha.
 O serviço secreto dos EUA descobriu o plano dos
soviéticos e intervieram, ameaçando o início de um
conflito nuclear; este episódio ficou conhecido como
Crise dos Mísseis; foi o momento em que o mundo
mais esteve perto de uma Guerra Nuclear.
 Após a crise foi instituído o Embargo Econômico.
MOVIMENTOS POPULARES NOS EUA
 Até 1968 existiam as leis de segregação racial; desde
a abolição de escravidão após a Guerra Civil dos EUA
em 1865, várias leis de segregação foram aprovadas;
eram escolas, banheiros, assentos em ônibus,
destinados aos negros, separados dos brancos.
 A década de 60 foi marcada por grandes agitações
políticas e sociais; na Índia, Gandhi, após a Segunda
Guerra, levou o país à independência, através das
lutas pela desobediência civil e a resistência pacifica.
 Os métodos de manifestação política de Gandhi
influenciaram Martin Luther King.
 O cenário da Guerra do Vietnã levou milhares de
jovens ao protesto nos EUA e na Europa; os protestos
estudantis de 1968 ficaram eternizados, com o
movimento da contracultura, que nos EUA ficou
conhecido como movimento Hippie.
O FIM DA GUERRA FRIA
 O socialismo soviético tornou-se uma ditadura
totalitária durante a era de Stálin; seus sucessores,
apesar de algumas flexibilizações no regime,
mantinham-no uma ditadura.
 Em 1985 subiu ao poder o ultimo líder soviético,
Mikhail Gorbachev; a economia soviética passava por
crises de abastecimento, uma profunda defasagem
tecnológica e problemas produtivos.
 Mikhail lançou dois planos (Perestróica e Glasnost)
com o objetivo de reerguer a URSS; o primeiro
baseava-se em uma série de medidas que visavam a
modernização da economia soviética e, incluía a
abertura para investimentos estrangeiros e
privatizações de empresas públicas.
 A Glasnost se baseou na diminuição profunda da
censura e concessão da liberdade de expressão e
organização política.
 A URSS não resistiu às reformas; a economia não
respondeu às tentativas de recuperação e a
população revoltava-se cada vez mais com as crises
de abastecimento; começaram a surgir sindicatos
por todas as repúblicas soviéticas.
 O auge das manifestações foi em 1989 quando a
população do lado oriental socialista derrubou o
Muro de Berlim.
 O Socialismo soviético não resistiu e em 1991 várias
repúblicas soviéticas tornaram-se independentes,
fracionando a URSS em 15 países.
DITADURA MILITAR
ANTECEDENTES
 De acordo com a Constituição, com a renúncia de
Jânio o governo deveria ser assumido pelo vice João
Goulart; mas ele estava na China, em missão oficial.
 Grupos militares, então, resolveram vetar sua posse,
com o argumento de que representava uma ameaça
comunista; parte das Forças Armadas, porém, se
colocou em defesa da legalidade.
 A solução para o impasse veio por meio do Congresso
Nacional: os parlamentares votaram uma emenda
constitucional que instituía o parlamentarismo.
 João Goulart assumiu a presidência com poderes
reduzidos, já que um primeiro ministro passava a
deter a maior parte das atribuições do Executivo.
 Surgiu então um movimento entre políticos próximos
ao presidente para organizar um plebiscito, em que a
população deveria referendar o parlamentarismo ou
optar pela volta do presidencialismo; os defensores
da segunda opção alegavam que as estruturas
parlamentaristas dificultavam as ações do governo.
 O referendo popular encerrou a breve experiência
parlamentarista no Brasil.
 Ao recuperar os poderes executivos, João Goulart
iniciou a execução do chamado Plano Trienal, que
previa o combate à inflação, a retomada do
crescimento econômico e as reformas de base, como
a reforma agrária e mudanças no sistema tributário,
financeiro e administrativo.
 No campo, ganharam destaque as Ligas Camponesas;
com mudanças econômicas ocorridas naqueles
últimos anos, a terra valorizou-se e a propriedade
rural concentrou-se ainda mais, ocasionando a
expulsão de seus tradicionais ocupantes; sem a posse
da terra, essas pessoas passaram a reivindicar direitos
e uma reforma agrária.
 Nas cidades, por sua vez, aumentava a participação
política dos estudantes, reivindicando mudanças
sociais; os operários, bem organizados, tinham um
canal direto com o governo.
 O movimento trabalhista apoiava, além da reforma
agrária, uma reforma urbana capaz de garantir aos
moradores das cidades o acesso à casa própria.
 Na Igreja, parte do Clero e dos fiéis voltava sua
preocupação para os setores menos favorecidos da
população, incentivando, entre outras coisas, a
sindicalização dos trabalhadores rurais; ao mesmo
tempo, outra parte assumia posições conservadoras,
com um discurso em defesa da propriedade privada e
contra os avanços do comunismo.
 Entre os militares, ganhava destaque o grupo
alinhado aos Estados Unidos, que alardeava o perigo
comunista como ameaça à segurança nacional.
 Em meio a esse cenário, cresceu a oposição ao
governo de João Goulart; no Congresso formou-se a
Ação Democrática Parlamentar, com o objetivo de
combater as reformas de base.
 Ocorriam então vários movimentos grevistas por
aumentos salariais e protestos contra a carestia;
sem conseguir atender a essas reivindicações, o
governo começou a receber críticas desses setores.
 Os tradicionais opositores aumentaram também o
tom do discurso, com os mais radicais defendendo
uma intervenção decisiva no governo.
 O governo lançou uma série de decretos e, nos
moldes do populismo, foi buscar apoio na população,
incentivando uma série de manifestações.
 João Goulart reafirmou a promessa de uma reforma
agrária e urbana, acenou com o aumento na
tributação das maiores riquezas e a extensão do
direito do voto aos analfabetos.
 Os opositores responderam com a Marcha da
Família com Deus pela Liberdade; mostravam assim
que também contavam com apoio popular.
 A gota d’água veio com um protesto de marinheiros,
tolerado pelo governo e interpretado pela cúpula
militar como um incentivo à quebra da hierarquia.
DITADURA, OUTRA VEZ
 Coube a Castelo Branco liderar a conspiração para
derrubar João Goulart, com o apoio do governo
estadunidense; o golpe começou na noite de 31 de
março de 1964, em um quartel de Juiz de Fora e, em
menos de dois dias, a maior parte das guarnições
militares do país aderiu ao golpe.
 À espera do apoio, Jango deixou Brasília, rumando
para o Rio Grande do Sul; os golpistas, então, se
articularam para declarar a presidência vaga, com o
cargo sendo ocupado pelo presidente da Câmara.
 Sem reação (temendo a intervenção dos EUA), João
Goulart partiu para o exílio do Uruguai.
 Os militares assumiram o poder, alegando ser uma
situação transitória, necessária para purificar a
democracia no país.
 Para consolidar o novo regime, foram tomadas
várias iniciativas; por meio de um decreto, chamado
de Ato Institucional (AI-1), a cúpula militar
introduziu mudanças na Constituição: a escolha do
próximo presidente seria por eleições indiretas;
vários direitos foram anulados, como a estabilidade
dos funcionários públicos; e várias medidas
fortaleceram o poder Executivo.
 O primeiro presidente militar escolhido foi Castelo
Branco; apesar de manter algumas liberdades, como
a de imprensa, seu governo iniciou a prometida
limpeza política; inúmeras pessoas foram afastadas
da vida pública ou de suas funções profissionais,
como líderes de movimentos populares e estudantis,
jornalistas e professores universitários.
 A repressão voltava-se contra aqueles que
pudessem, segundo os militares, conturbar a ordem;
isso resultou na prisão de milhares de pessoas e na
cassação dos direitos políticos de outras centenas;
muitos parlamentares de oposição também
perderam seus mandatos.
 Nas eleições para governador, em 1965, o governo
acabou derrotado nos principais estados; com isso, os
militares chamados linha-dura ganharam força e nos
atos institucionais foram decretados.
 O AI-2 instaurou, definitivamente, as eleições
indiretas para presidente; os partidos políticos
foram extintos e criadas duas agremiações: a Aliança
Renovadora Nacional (Arena), que reunia a base de
apoio ao regime militar (partido do sim, senhor); e o
Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que
agregava a “oposição” consentida (partido do sim).
 O AI-3 determinou eleições indiretas para
governadores e prefeitos; muitos parlamentares
eleitos anteriormente acabaram cassados; o
 Congresso foi fechado e reaberto apenas no ano
seguinte, por convocação do AI-4, para aprovar uma
nova Constituição, que dava formato ao novo
regime, concentrando o poder no Executivo.
 O general Costa e Silva, da linha dura, foi escolhido
para suceder Castelo Branco na presidência.
 Em dezembro de 1968, diante do aumento da
oposição, os militares lançaram o AI-5 – ao contrário
dos anteriores, esse não tinha uma data limite; o
presidente adquiria o poder de fechar o Congresso,
intervir nos estados e municípios, cassar direitos e
mandatos políticos; o habeas corpus foi suspenso.
 Com essa legislação, o regime militar lançou uma
nova e pesada onda de repressão, com a cassação
de mandatos, a prisão de opositores e a demissão
de funcionários públicos; a tortura acabou
institucionalizada e a censura vigorou rigidamente.
 Após a divulgação do AI-5, Costa e Silva teve um
derrame e ficou incapacitado; o poder foi assumido
por uma ajunta militar, que abriu caminho para a
escolha de um novo general presidente: Médici.
 A junta elaborou uma nova Constituição, que
incorporava todo o aparato repressivo do AI-5;
começava o mais duro período da ditadura.
O MILAGRE ECONÔMICO
 Além da força e da repressão, colaborou para os
militares se manterem no poder o bom desempenho
na economia; era o chamado Milagre Econômico.
 A atuação dos militares na economia começou com o
Plano de Ação Econômica do Governo (Paeg), que
previa diminuir o déficit público, controlar o crédito
para o setor privado e arrochar os salários.
 Para controlar os gastos públicos foram cortados
subsídios concedidos às importações de produtos
como o trigo e o petróleo, houve um aumento das
tarifas de serviços prestados pelo governo e da
arrecadação de impostos.
 O resultado inicial dessa política econômica foi o
aumento significativo da miséria.
 O arrocho salarial teve início com reajustes inferiores
aos índices de inflação; os trabalhadores foram
também prejudicados pela proibição de greves e o
fim da estabilidade no emprego.
 A economia recebia grande fluxo de capital
estrangeiro (empréstimos e investimentos diretos),
bancos e multinacionais instalavam-se no país; o
governo fomentava a economia investindo em
grandes empresas estatais, concentradas em áreas
como energia, siderurgia e telecomunicações – cabia
a elas a realização de grandes obras públicas.
 Para incentivar o consumo, foi adotada uma política
de ampliação do crédito.
 Os resultados dessa política econômica alteraram o
cenário nacional; os militares conseguiram, por
exemplo, ampliar ainda mais a má distribuição de
renda no país, ao incentivar o crescimento por meio
do controle dos ganhos salariais.
 Como principal beneficiada, a classe média ampliou o
consumo; foi uma época de ouro para esses setores
da população, que adquiriram casa própria,
automóveis e eletrodomésticos; a classe média se
transformou na principal base de apoio ao regime
militar, seduzida por intensa propaganda, que
mostrava um grandioso país retratado nas grandes
obras governamentais.
 Ao mesmo tempo, a propaganda incentivava a
repulsa aos movimentos de oposição, como slogans
como “Brasil: ame-o ou deixe-o”.
 Todos esses projetos ocasionaram um aumento da
dívida externa; a partir de 1973, com a crise de
petróleo, os fluxos de capitais estrangeiros
diminuíram e as taxas de juro subiram; o país
mergulhou em uma intensa crise econômica.
 Com o fim do milagre econômico, desmoronou a
imagem de que o país caminhava para se transformar
em uma grande potência mundial.
 O apoio à ditadura começou a diminuir; ficava mais
difícil manter a população privada de liberdade.
 A situação se refletiu nas eleições de 1974, quando o
governo sofreu uma estrondosa derrota, com a
vitória do MDB em 79 das 90 principais cidades do
país; em 1978, os militares foram constrangidos com
uma nova derrota eleitoral.
O MOVIMENTO DE OPOSIÇÃO
 No Congresso, parlamentares perderam o mandato;
nos sindicatos e demais movimentos sociais,
ocorreram intervenções – seus integrantes foram
perseguidos, presos, torturados e mortos; todas as
instâncias da sociedade, como a imprensa e os
setores artísticos, foram mantidas sob estrita
vigilância; mesmo assim a oposição não se calou.
 A juventude tornou-se um dos principais grupos de
oposição ao regime; a insatisfação explodiu nas ruas
e praças públicas em inúmeras manifestações, nas
quais os jovens enfrentavam os policiais e as demais
forças repressivas.
 Um dos momentos mais tensos do enfrentamento
ocorreu em março de 1968, quando a polícia
reprimiu uma manifestação estudantil no Rio de
Janeiro, matando o aluno Edson Luís de Lima Souto,
de apenas 16 anos; ao seu enterro compareceram
milhares de pessoas, que entraram em confronto
com a polícia; os protestos multiplicaram-se pelo
país, com o apoio de diversos setores da sociedade.
 Em julho de 1968, uma grande manifestação, a
Passeata dos 100 mil, tomou conta do Rio de Janeiro;
além das manifestações estudantis, ocorreram
inúmeros movimentos trabalhistas, como greves de
metalúrgicos em SP e MG, todas reprimidas.
 Diante do aumento da repressão, vários setores da
oposição decidiram pela luta armada; estavam
organizados em partidos clandestinos e adotaram
como estratégia, em geral, a guerrilha.
 Nas cidades, as ações dirigiam-se contra diplomatas,
sobretudo dos EUA e de países europeus; esperavam
alcançar repercussão mundial, forçando os governos
estrangeiros a pressionar os militares.
 Com esse objetivo, uma bomba foi colocada no
consulado norte-americano, em São Paulo, em 1968;
foram realizados também sequestros de diplomatas,
trocados depois por presos políticos; ocorreram ainda
assaltos a bancos, com o objetivo de levantar fundos
para sustentar os movimentos.
 No campo também ocorreram ações armadas;
durante a ditadura militar, três focos de guerrilha
espalharam-se pelo interior do Brasil: na região do
Araguaia (Pará), no Vale do Ribeira (São Paulo) e na
Serra do Caparaó (Minas Gerais).
 O movimento mais duradouro ocorreu no Araguaia,
em razão da dificuldade de acesso das forças de
repressão e do apoio da população; a luta dos
guerrilheiros, porém, se manteve desconhecida da
maior parte dos brasileiros, por causa da censura
imposta aos meios de comunicação.
 A repressão à Guerrilha do Araguaia foi brutal: o
Exército promoveu a maior operação realizada no
interior do país desde a Guerra do Paraguai e acabou
com o foco revoltoso em 1975, não deixando
praticamente nenhum sobrevivente.
ABERTURA LENTA E GRADUAL
 Entre a aprovação do AI-5, em 1968, e a derrota da
Guerrilha do Araguaia, em 1975, o regime militar
empreendeu uma verdadeira guerra contra os
opositores; assim, quando o general Geisel assumiu o
poder, todos os movimentos contrários ao regime
estavam desmantelados, e seus integrantes, presos,
mortos ou exilados; diante da crise internacional, o
milagre chegava ao fim; era hora de começar o
desmonte do regime repressivo.
 Foi um processo longo, que se estendeu por 11 anos
e terminou com uma das maiores mobilizações da
história: as Diretas Já.
 Em 1974, mesmo com os movimentos de oposição
derrotados, os militares acabaram vencidos nas
eleições; o governo Geisel, então, diminuiu a
intensidade da repressão; mas parte dos integrantes
da chamada linha dura reagiu à medida, criando
várias tensões.
 O jornalista Wladimir Herzog foi assassinado em São
Paulo, para onde se dirigiu a fim de prestar
depoimento; barbaramente torturado, o governo
anunciou que ele tinha cometido suicídio.
 Não era a primeira vez que isso acontecia; agora,
porém, com a sociedade no limite, explodiam
inúmeras manifestações.
 Para complicar a situação, três meses depois, o
operário Manoel Fiel Filho foi morto no mesmo local
e em circunstâncias semelhantes; pressionado, o
governo demitiu o comandante responsável.
 Em 1976, o governo lançou uma série de medidas
para impedir novas vitórias eleitorais da oposição;
proibiu, por exemplo, o debate político na televisão,
com a chamada Lei Falcão; determinou ainda que a
escolha de parte dos senadores seria indireta.
 A oposição ao governo fortalecia-se cada vez mais,
ocorreram paralisações em diversas cidades de
diversas categorias, como professores, bancários,
servidores públicos e operários da construção civil;
em meio à intensa crise econômica, reivindicavam
melhores salários, mas também liberdade.
 Diante do aumento da repressão, os últimos meses
do governo Geisel foram marcados por uma série de
medidas que buscavam a abertura lenta e gradual
do regime; em 1979, enquanto a censura diminuía, o
Congresso aprovava – pressionado pela mobilização
social – a anistia aos presos e exilados políticos;
começaram a retornar ao país, assim, lideranças
importantes; o AI-5 foi revogado.
 Teve início, por fim, uma reforma partidária, que
extinguiu a Arena e o MDB; começavam a se formar
vários dos partidos políticos atuais.
 Em 1979, o general João Baptista Figueiredo assumiu
a presidência do país; a crise econômica criava um
quadro insustentável, minguava a entrada de capitais
estrangeiros, ao mesmo tempo em que a dívida
externa se tornava incontrolável.
 A situação fazia a inflação disparar e o desemprego
batia recorde; movimentos sociais se multiplicavam
e, em 1983, uma onda de saques promovida por
desempregados tomou conta do centro de São Paulo;
em vários setores ocorriam greves.
 Em 1982, com os novos partidos, o governo militar
sofreu uma estrondosa derrota nas urnas, sobretudo
nos lugares mais populosos do país; um ano depois
começou o movimento “Diretas Já”.
NOVA REPÚBLICA
GOVERNO SARNEY
 Há mais de três décadas, a ditadura militar chegou
ao fim no Brasil; para sua derrocada foi
determinante a eclosão de um dos maiores
movimentos populares da história brasileira, as
Diretas Já, cujo marco inicial foi o envio ao
Congresso de uma emenda constitucional que
propunha o restabelecimento das eleições diretas
para presidente.
 A Emenda Dante de Oliveira, como ficou conhecida
em razão do nome de seu autor, foi recebendo apoio
de um número cada vez maior de partidos e
agremiações e, em pouco tempo, desdobrou-se num
expressivo movimento popular.
 Com a derrota da Emenda Dante de Oliveira, as
eleições seguintes ocorreriam mais uma vez de
maneira indireta, cabendo ao Congresso a escolha do
próximo presidente; porém, embalados pelos
movimentos das Diretas Já, amplos setores do
cenário político se uniram para derrotar Paulo Maluf
– candidato apoiado pelo governo.
 Formou-se, então, a Ação Democrática; seu
candidato à presidência era o mineiro Tancredo
Neves, e o vice, José Sarney; nas eleições de 1985,
Tancredo venceu as eleições.
 Tancredo Neves, porém, não chegou a assumir o
poder; com problemas de saúde, foi internado na
véspera da posse, vindo a morrer dias depois, diante
de uma população comovida e atônita.
 José Sarney assumiu a presidência, lançando por terra
as expectativas de mudanças; afinal, caberia a um ex
membro da Arena, o antigo partido governista,
comandar a transição para a democracia.
 O primeiro governo civil após 21 anos de ditadura
precisou enfrentar uma situação desconfortável;
Sarney tinha o desafio de recuperar uma economia
destroçada, com taxa de inflação anual projetada
em mais de 300%.
 O governo Sarney decidiu colocar em prática um
ousado plano econômico; o Plano Cruzado, como
ficou conhecido, apoiava-se em três medidas básicas:
a mudança da moeda vigente, o congelamento dos
preços e a concessão de abono salarial aos operários.
 Os resultados imediatos pareciam positivos; a
inflação dava sinais de recuo e os cidadãos assumiam
a função de “fiscais”, denunciando os comerciantes
que burlavam a política do congelamento dos preços.
 Contudo, com a queda da inflação e a concessão de
abono salarial, o consumo cresceu; não tardou para
que o país vivesse uma crise de abastecimento,
agravada pela prática adotada por muitos produtores
e comerciantes de tirar os produtos do mercado para
forçar o aumento dos preços.
 A situação saiu do controle e a inflação voltou a subir;
o governo Sarney comunicou, em 1987, a suspensão
do pagamento dos juros da dívida externa brasileira;
novos planos econômicos seriam instituídos, nenhum
obteve sucesso.
GOVERNO COLLOR
 Com a extinção do governo militar, era necessário
elaborar novas leis para o país, que acabassem com a
estrutura repressiva construída por anos.
 Assim, em fevereiro de 1987, o Congresso Nacional
assumiu as funções de preparar um novo texto
constitucional; promulgada em 5 de outubro de 1988,
a Magna Carta brasileira restabeleceu a
independência dos três poderes, as liberdades
individuais e as eleições diretas para presidente;
concedeu também o direito de voto aos analfabetos e
o direito à greve aos trabalhadores, entre outras
medidas importantes para assegurar a implantação
da democracia no Brasil.
 Em 1989, no meio da crise econômica e da inflação,
realizaram-se as primeiras eleições presidenciais após
um período de quase 30 anos; concorreram 15
candidatos no primeiro turno; disputaram o segundo
o líder sindicalista Luiz Inácio da Silva, o “Lula” e o ex
governador alagoano Fernando Collor de Mello.
 Os debates eleitorais tornaram-se polarizados; Lula
passou a ser associado à ideologia socialista, que
então desmoronava no Leste Europeu; contando com
o apoio das elites e dos principais meios de
comunicação, Collor aparecia como o jovem arrojado
e destemido, capaz de conduzir a sociedade brasileira
pelos novos caminhos da economia mundial.
 Militantes políticos tomavam as ruas, acirrando ainda
mais a campanha; Collor foi o vencedor e, pouco
tempo depois de tomar posse, anunciou um polêmico
programa econômico de combate à inflação.
 O Plano Collor pressupunha o controle da inflação,
impondo o congelamento de preços e salários, uma
nova mudança da moeda (que voltava a ser o
cruzeiro), o aumento dos impostos e das tarifas,
cortes em subsídios e – seu ponto mais polêmico – o
confisco das contas de poupança superiores a US$
1.250,00; além disso, previa um programa de
privatizações de empresas estatais.
 O plano surgiu poucos resultados e contribuiu para
alimentar uma firme oposição ao presidente; o
governo tentou driblar a situação com um segundo
plano, mas as novas medidas se mostraram também
ineficientes para combater as dificuldades
econômicas que se alastravam pelo país.
 Em meados de 1990, começaram a crescer as
suspeitas de que o governo estivesse envolvido de
maneira comprometedora em casos de corrupção;
as denúncias de corrupção ganharam força com as
declarações feitas pelo próprio irmão de Fernando
Collor e se desdobraram na formação de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
 As investigações ampliaram as suspeitas; Collor,
eleito sob a bandeira de combate a corrupção,
parecia agora envolvido em atos de fraudes,
enriquecimento ilícito e favorecimento político.
 Diante das denúncias, amplamente veiculadas pela
imprensa, milhares de pessoas passaram a pedir o
impeachment do presidente.
 Nas ruas ganharam destaque os caras pintadas,
grupos de jovens que lotavam passeatas e comícios
com rostos pintados com as cores da bandeira
nacional; a pressão popular serviu para que, ao
término da CPI, o Congresso iniciasse o processo de
afastamento do presidente, que decidiu renunciar
antes que o impeachment fosse votado.
 O cargo foi então ocupado pelo vice, o ex governador
mineiro, Itamar Franco.
DE ITAMAR A FHC
 A principal medida do governo Itamar constituiu no
lançamento do Plano Real; tratava-se de mais um
programa com o objetivo de estancar a inflação,
estabilizar a economia e retomar o crescimento
econômico do país; o plano previa a adoção de um
indexador estável, a Unidade Real de Valor, que
permitisse a substituição progressiva do cruzeiro,
desvalorizado.
 O Plano Real redundou em pesadas perdas salariais
para os trabalhadores, mas freou a inflação; uma das
consequências políticas foi alavancar a candidatura à
presidência de Fernando Henrique Cardoso.
 Com a economia estabilizada, o governo FHC foi
inaugurado com a promessa de investir no combate
as injustiças sociais; entretanto, a crise mexicana e a
 asiática ameaçaram a recém conquistada estabilidade
da economia brasileira, levando o presidente a mudar
as suas prioridades.
 Elevou os juros, reduziu os impostos sobre as
aplicações estrangeiras e aumentou as alíquotas para
as importações de automóveis; criou o Programa de
Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do
Sistema Financeiro Nacional (Proer), para socorrer
bancos em dificuldades e evitar uma crise em cadeia
no setor financeiro; além disso, cortou gastos
públicos e aplicou extensa política de privatizações.
 Ao mesmo tempo, o governo se esforçava para
conseguir que o Congresso aprovasse uma emenda
constitucional que permitiria a reeleição do
presidente; por meio da tradicional política de troca
de favores, a emenda foi aprovada em 1997. FHC foi
reeleito para um novo governo em 1998.
 O segundo mandato de FHC foi marcado por uma
série de dificuldades; a primeira, de natureza
econômica, esteve relacionada à fuga dos
investimentos estrangeiros do país, levando a equipe
econômica a se decidir pela desvalorização do real e,
pouco depois, pela adoção da livre flutuação do
cambo, o que fez o valor do dólar disparar.
 A segunda dificuldade, de natureza política, envolveu
a disputa pela presidência da Câmara e do Senado, e
colocou em risco o sistema de alianças que dava
sustentação ao governo; ao mesmo tempo, a
ampliação da política de ocupação de terras lideradas
pelo MST foi acompanhada de uma escalada de
violência no campo, o que levou o governo a editar
uma medida provisória excluindo os ocupantes de
terras do programa de reforma agrária.
 A crise energética, o chamado apagão, foi outro
episódio que marcou o segundo governo FHC; com
baixos investimentos no setor – considerado crucial
para o desenvolvimento do país – passou a haver
grande risco de falha no abastecimento, levando o
governo a tomar medidas para racionar energia.