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Instituto Federal do Rio de Janeiro

Campus Volta Redonda


Licenciatura em Física
Disciplina: Física Experimental I
Professora: Marco Aurélio
Aluno: Lucas Rodrigues Theodoro

RESENHA – ARTIGO “NOVOS RUMOS PARA O LABORATÓRIO


ESCOLAR DE CIÊNCIAS”
É de notório reconhecimento que desenvolver experimentos nas aulas de ciências é de extrema
importância, pois eles ajudam a demonstrar as leis e teorias a serem ensinadas, além de atrair bastante a
atenção dos estudantes. Entretanto, esses experimentos são realizados na maioria das vezes pelo professor
na frente da sala, ou pelos estudantes, com um roteiro fechado e bem estabelecidos, com os materiais já
todos separados. Dessa forma, não há quase nenhum espaço ou autonomia para os alunos pensarem no que
realmente estão fazendo ou refletirem sobre o que significa e o propósito do experimento que estão
realizando. Com isso, o artigo em questão discute o papel das atividades práticas no ensino de ciências e
revê como o laboratório escolar de ciências tem sido utilizado.

O artigo vai discutir sobre a qualidade do ensino de jovens, apontando que o ensino tradicional vem
se mostrando pouco eficaz, ou seja, relatando que as escolas não tem preparado adequadamente os
estudantes para a universidade e mercado de trabalho, disseminando um conhecimento limitado e
fragmentado. Nos retrata que a educação como prioridade nacional permanece apenas no plano retórico do
governo, que as mudanças de melhoria acontecem lentamente, e que precisamos de uma reforma dos
sistemas curriculares imediatamente, em especial do ensino de ciências.

O autor relata que o ensino é complexo, não existe uma tradição de práticas sociais suficientemente
estáveis que possam ser amplamente compartilhadas e que resistem às mudanças contínuas no contexto
físico, sociocultural e nos professores e estudantes.

Outro debate importante do artigo é em relação aos professores, particularmente os de ciências, que,
em geral, acreditam que a melhoria do ensino passa pela introdução de aulas práticas no currículo, com
ideias progressistas ou desenvolvimentistas do pensamento educacional, com métodos ativos que
mobilizem a atividade do estudante, e o incentive a se envolver com a busca por soluções ou respostas. No
entanto, os professores não fazem aulas práticas à falta de recursos ou laboratórios. Dessa forma, o artigo
nos mostra que as aulas práticas podem ocorrer em sala de aula, sem a necessidade de aparelhos e recursos
sofisticados, podem ser trabalhados atividades como: atividades de resolução de problemas, modelamento
e representação com colagem, pinturas, simulações computacionais, encenação, etc.

O artigo também ressalta que o uso de laboratórios na forma “tradicional” gera um impacto negativo
sobre a aprendizagem dos estudantes. Pois, as atividades não são efetivamente relacionadas com os
conceitos físicos e não são relevantes ao ponto de vista do estudante, já que o problema e o procedimento
(ideia equivocada de “método científico”) já estão previamente determinados e se perde muito tempo na
montagem de instrumento, coleta de dados e cálculo para obtenção de resultados. Ou seja, deve-se mudar
esse esquema tradicional das aulas no laboratório: deve-se dar liberdade aos estudantes para formularem
suas próprias hipóteses e buscarem as respostas a partir de diferentes métodos. O foco principal não é o uso
de instrumentos, mas sim a busca por respostas.

O laboratório pode e deve ter um papel mais relevante para a aprendizagem de ciências. Para isso,
devemos encontrar novas maneiras de usar as atividades prático-experimentais mais criativa e
eficientemente, com propósitos bem definidos. A ciência se apresenta como um sistema de natureza teórica,
mas precisamos criar oportunidades para que os ensinos experimentais e teórico se efetuem em
concordância.
Instituto Federal do Rio de Janeiro
Campus Volta Redonda
Licenciatura em Física
Disciplina: Física Experimental I
Professora: Marco Aurélio
Aluno: Lucas Rodrigues Theodoro

O artigo define que alguns objetivos que os estudantes e professores associam aos laboratórios, dentre
eles, estão:
• Comprovar/Verificar leis: O estudante exagera a importância de seus resultados experimentais,
além de originar um entendimento equivocado da relação entre teoria e prática. O estudante sabe
que sua experiência deve reproduzir o que é previsto pela teoria, logo, se ele não obtém a “resposta
correta”, logo ele “corrige” seu erro para que possa chegar no resultado esperado e ganhar a sua
nota. Dessa forma não há uma análise acerca dos erros e hipóteses dos estudantes. O resultado acaba
sendo mais importante que o próprio experimento.

• Ensinar o método científico: Tal concepção assume equivocadamente que existe apenas um
método científico, representado por uma sequência de etapas, um algoritmo. Deve-se incentivar os
estudantes a buscarem seus próprios métodos, testarem suas próprias hipóteses

• Facilitar a aprendizagem e compreensão de conceitos: Para isso, precisa-se de planejamento, ter


consciência dos conhecimentos prévios dos estudantes. Necessita-se de atividades pré e pós
laboratório, para que os estudantes explicitem suas ideias, expectativas e conclusões.

• Ensinar habilidades práticas: usar equipamentos específicos, medir grandezas físicas, aprimorar
as técnicas de investigação (maior número de dados para maior confiabilidade, diferentes formas de
representação dos dados, etc).

O autor também propõe algumas alternativas para o laboratório escolar, como, por exemplo:
estruturar as atividades de laboratório como investigações ou problemas práticos mais abertos, variando o
grau de abertura e liberdade no planejamento ao invés de um roteiro pré-definido; o problema, os
procedimentos e as conclusões não precisam ser dados, podem ser determinados pelos próprios estudantes;
explorar fenômenos ao invés de ter como objetivo principal a comprovação de leis; buscar propor um
desafio ou uma situação a ser solucionada, ao invés de propor um exercício; equipamentos alternativos
como softwares e sensores de baixo custo. Deve-se lembrar que o foco não é o manuseio ou uso dos
equipamentos, mas sim todo o processo de investigação e busca pelo resultado, além de reflexões acerca
dos resultados.

Nota-se, portanto, que o planejamento por parte do professor para as atividades prático-
experimentais é fundamental, mas se deve ter cuidado para que o roteiro da atividade não funcione como
uma “receita de bolo”. Ao invés de dizer ao aluno o que ele deve fazer e como fazer, acho mais eficiente
dar liberdade aos estudantes para que eles formulem suas próprias hipóteses e as corrijam (se eles
perceberem que elas estão erradas) e que, quando possível, escolham os seus procedimentos para obter
resultados. Esse “roteiro” deve ser tão flexível quanto possível (ou então, as atividades podem ser feitas
sem um roteiro pré-estabelecido, se possível). O professor, no contexto das atividades práticas, deve
funcionar como mediador entre os alunos e atividade. Ele deve funcionar como um guia e não como alguém
que ordena o que deve ser feito e como ser feito. Ele deve propiciar liberdade, auxiliando os alunos e não
fazendo o experimento por eles.

REFERÊNCIA

BORGES, Antônio Tarciso. Novos rumos para o laboratório escolar de ciências. Caderno Brasileiro de
Ensino de Física, v. 19, n. 3, p. 291-313, 2002.

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