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Mariana Garcia Delgado

Roteiro final

Roteiro para elaboração de trabalho escrito sobre o


pensamento pedagógico moderno, com base nos textos:
“Didática Magna” de COMENIUS; J.A., e “A Liturgia
Escolar na Idade Moderna” de BOTO; Carlota.

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”


Faculdade de Ciências e Letras
Campus de Araraquara
Curso de Pedagogia
2017
1. Identificar no texto Didáctica Magna, de J. A. Comenius (notadamente,
nos capítulos VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XXVIII, XXIX e XXX) as
ideias que caracterizam o pensamento filosófico moderno (retomando, portanto, o
quadro elaborado pela própria classe).
O pensador Comenius, assim como Francis Bacon e John Locke, propôs um
novo método em relação ao saber, criando a Pedagogia Moderna, a qual tem o principal
ideal de “ensinar tudo a todos”, isto é, uma educação universal que ensine todas as
coisas a respeito do mundo, da alma e especialmente, de Deus; vale mencionar que o
autor colocando-se como protestante, esforça-se para aproximar o ser do Criador
Divino, afirmando que a vida terrena é apenas uma preparação para a eternidade.
Quanto à figura humana, o escritor deixa-nos claro a ideia que ninguém
nasce homem, mas torna-se homem aquele que é educado, ou seja, sua obra Didática
Magna eleva a importância da educação no processo de formação do homem,
lembrando que esta educação deve ser aplicada na primeira idade, pois os conceitos do
indivíduo ainda não estão formados, portanto, sendo mais fáceis de moldá-los e de
semear coisas boas e úteis. As escolas propostas por Comenius rompem com a ideia de
que somente homens ricos e dotados já de inteligência possam aprender, em outras
palavras, o autor pretende que não haja exceção, mas sim que todos sejam educados,
seja rico ou pobre, homem ou mulher, mais desenvolvido ou menos desenvolvido.
Comenius, em relação aos pensadores modernos citados anteriormente,
aproxima-se dos ideais de Bacon, uma vez que acreditava que o saber inicia-se
primeiramente nos sentidos e nas experiências com a natureza, e somente depois, esses
se encontram no intelecto humano, sendo analisados pela razão, a qual deve guiar o
homem as coisas não aparentes, mas aquilo que é de grande utilidade a vida moral e
social, o autor faz menção ainda, que o ser racional deve ser ensinado pela razão, não
utilizando-se o professor de violência, gritos ou dureza.

De modo semelhante, também os súditos devem ser


esclarecidos, para que saibam obedecer prudentemente
àqueles que governam sabiamente: não coagidamente,
como uma sujeição asinina, mas voluntariamente, por
amor da ordem. Com efeito, a criatura racional não deve
ser conduzida por meio de gritos, de prisões e de
bastonadas, mas pela razão. (COMENIUS, 1621-1657,
p.109).

Evidentemente, estes resultados obtêm-se, da mesma


maneira, no homem cujo cérebro (que, como atrás
dissemos, é semelhante à cera, recebendo as imagens das
coisas que lhe são transmitidas pelos sentidos), na idade
infantil, é inteiramente húmido e mole e apto a receber
todas as figuras que se lhe apresentam; mas depois,
pouco a pouco, seca e endurece, de tal modo que nele
mais dificilmente se imprimem ou esculpem as coisas,
como a experiência demonstra. (COMENIUS, 1621-
1657, p.114).

Que todos se formem com uma instrução não aparente,


mas verdadeira, não superficial, mas sólida; ou seja, que
o homem, enquanto animal racional, se habitue a deixar-
se guiar, não pela razão dos outros, mas pela sua, e não
apenas a ler nos livros e a entender, ou ainda a reter e a
recitar de cor as opiniões dos outros, mas a penetrar por
si mesmo até ao âmago das próprias coisas e a tirar delas
conhecimentos genuínos e utilidade. Quanto à solidez da
moral e da piedade, deve dizer-se o mesmo.
(COMENIUS, 1621-1657, p.154).

Como dito a cima, que o verdadeiro saber dar-se pelos sentidos e experiências com
a natureza, É de grande importância lembrar que o autor fundamenta-se no criacionismo,
fato este comprovado uma vez que coloca a natureza como obra de Deus, a qual fora
criada para o homem cuidar, extrair as riquezas que nela estão e por fim, sendo um
caminho de aproximação dEle.

Pretendemos apenas que se ensine a todos a conhecer os


fundamentos, as razões e os objetivos de todas as coisas
principais, das que existem na natureza como das que se
fabricam, pois somos colocados no mundo, não somente
para que façamos de espectadores, mas também de
atores. Deve, portanto, providenciar-se e fazer-se um
esforço para que a ninguém, enquanto está neste mundo,
surja qualquer coisa que lhe seja de tal modo
desconhecida que sobre ela não possa dar modestamente
o seu juízo e dela, se não possa servir prudentemente para
um determinado uso, sem cair em erros nocivos.
(COMENIUS, 1621-1657, p.135).

Comecemos, em nome de Deus, por sondar os


fundamentos sobre os quais, como sobre uma rocha
imóvel, possa edificar-se o método de ensinar e de
aprender. Os remédios contra os defeitos da natureza não
devem procurar-se senão na natureza; mas se este
princípio é verdadeiro, como efetivamente é, a arte nada
pode fazer, a não ser imitando a natureza. (COMENIUS,
1621-1657, p.182).

Em síntese, pode-se dizer que a natureza é um presente de Deus para a


humanidade, como o autor diz “a casa do homem”, e este último, deve cuidar de sua
casa, sem explorá-la. A relação do homem e da natureza pode ser vista especialmente no
capítulo XIV, denominado “A ordem aprimorada das escolas deve ir buscar-se à
natureza e ser tal que nenhuns obstáculos a possam entravar”, o qual mostra-nos que o
mundo tem uma ordem e que sem tal não haveria um meio “correto”, isto é, tudo seria
falho, pois é a ordem que garante uma sequencia gradual de funcionamento/evolução;
dessa maneira o educador nos suscita a alguns exemplos que comprovam que as ações
do homem, são nada menos do que imitações do mundo natural, essas realizadas
geralmente por intermédio dos instrumentos criados pelos homens ao longo da
humanidade, como a máquina de escrever, os canhões e outros.

Torne-se claro este assunto por meio de exemplos. Vê-se


um peixe nadar na água? Para o peixe, é uma coisa
natural. Se o homem o quiser imitar, terá necessariamente
que recorrer a instrumentos e a movimentos semelhantes,
ou seja, em vez das barbatanas deve estender os braços, e
em vez da cauda, os pés, e movê-los do mesmo modo que
o peixe move as suas barbatanas. Até mesmo os navios
não podem construir-se senão sobre este modelo: em vez
das barbatanas, estão os remos ou as velas, e em vez da
cauda, está o leme. Vê-se uma ave voar? Para ela, é uma
coisa natural. Mas, quando Dédalo quis imitá-la, teve de
munir-se de duas asas, capazes de sustentar um corpo tão
pesado como o seu. (COMENIUS, 1621-1657, p.182-
183,).

Apesar, de o autor apresentar uma receita de como deve ser a vida dos
homens, isto é, em sua obra deixa-nos claro a ideia de que o homem deve viver em
harmonia com o mundo e as pessoas que nele estão, agindo pela ética, moral e razão,
sendo educado ainda nos primeiros anos de vida, para Comenius, o ser pode estar
sujeito a erros; esses erros são a vontade de voltar ao passado, a fim conciliar coisas
findadas já, dessa maneira, seus escritos nos trazem a reflexão que tudo o que pudermos
fazer, façamos logo, pois o tempo passa e jamais volta.

Mas estes desejos são vãos, pois o dia que passa não
voltará mais. Nenhum de nós, que estamos já carregados
de anos, voltará a rejuvenescer de modo a poder dar à
vida uma nova direção e a preparar-se melhor para ela
com a instrução. Para nós, já não há remédio. Resta-nos
apenas uma coisa, uma só coisa é possível: que tudo
aquilo que pudermos fazer em proveito dos nossos
vindouros, o façamos, ou seja, demonstrado em que erros
nos lançaram os nossos professores, lhes mostremos o
caminho de evitar esses erros. E isto se fará no nome e
sob a direção daquele «que é o único que pode enumerar
os nossos defeitos e endireitar as nossas ideias tortas»
(Eclesiastes, I, 15p). (COMENIUS, 1621-1657, p.152,).
Posto isso, é importante apresentar como evitar o erro, este pode ser evitado
sob a direção da natureza, ou seja, o individuo deve ser guiado pela natureza, pois essa é
regida por uma ordem, a qual não falha, mas sim leva ao real.

De tudo isto, é evidente que a ordem, que desejamos seja


a regra universal perfeita na arte de tudo ensinar e de tudo
aprender, não deve ser procurada e não pode ser
encontrada senão na escola da natureza. Com base sólida
neste princípio, as coisas artificiais procederão tão
facilmente e tão espontaneamente como facilmente e
espontaneamente fluem as coisas naturais. Com efeito,
Cicero escreveu: «Se seguirmos a natureza por guia,
nunca erraremos». E acrescenta: «Sob a direção da
natureza, de modo algum pode errar-se» [2]. Temos
precisamente essa esperança, e, por isso, pondo em ação
os mesmos processos que a natureza põe em ação, ao
realizar esta ou aquela tarefa, prosseguiremos de modo
igual a ela. (COMENIUS, 1621-1657, p.186,).

O método educativo elaborado por Comenius vai além das práticas


educacionais dos séculos medievais que o antecede, seu projeto educacional pode-se
dizer que é uma generalização, uma vez que consiste em uma educação universal,
isto é, uma educação generalizada, que abranja todas as pessoas sem exceção; essa
generalização é contemplada no capítulo VI, no subtítulo “Têm necessidade de
ensino” (os estúpidos e os inteligentes, os ricos e os pobres, aqueles que deverão ser
postos à cabeça dos outros e aqueles que deverão ser súditos).

Fique, portanto, assente que a todos aqueles que


nasceram homens é necessária à educação, porque é
necessário que sejam homens, não animais ferozes, nem
animais brutos, nem troncos inertes. Daí se segue
também que, quanto mais alguém é educado, mais se
eleva acima dos outros. (COMENIUS, 1621-1657, p.108-
109).

Seu método pedagógico enfatiza que a aprendizagem seja iniciada nos


sentidos e percepções do contato do ser com os fenômenos naturais, os quais
funcionam por deterem uma ordem. Seu projeto ainda apresenta uma educação
generalizada, isto é, universal, que deve ensinar tudo a todos, instruindo os homens
por intermédio da ciência, religião e razão, sendo esses três os principais instrumentos
para a aquisição de o verdadeiro saber.

Vale notar que essa escola por ele proposta, tem que ser um ambiente
harmonioso, ou seja, que não haja agrupamentos por níveis de inteligência, já que
menciona seis tipos de inteligências, as mais penetrantes e as mais obtusas, mas que
todos possam ser estimulados de forma igual, apresentando assim, um desenvolvimento
conjunto. O método exibe também a ideia de que a educação deve começar logo na
primeira idade, pois é mais fácil moldar o indivíduo, semeando-o de qualidades boas e
morais. Por fim, e não menos relevante, a escola, deve ser um meio agradável, e não
árduo e violento, como se mostra.

Fique, portanto, assente que a todos aqueles que


nasceram homens é necessária à educação, porque é
necessário que sejam homens, não animais ferozes, nem
animais brutos, nem troncos inertes. (COMENIUS, 1621-
1657, p.109).

Do que foi dito, é evidente que é semelhante a condição


do homem e a da árvore. Efetivamente, da mesma
maneira que uma árvore de fruto (uma macieira, uma
pereira, uma figueira, uma videira) pode crescer por si e
por sua própria virtude, mas, sendo brava, produz frutos
bravos, e para dar frutos bons e doces tem
necessariamente que ser plantada, regada e podada por
um agricultor perito, assim também o homem, por virtude
própria, cresce com feições humanas (como também
qualquer animal bruto cresce com as suas feições
próprias), mas não pode crescer animal racional, sábio,
honesto e piedoso, se primeiramente nele se não plantam
os gérmens da sabedoria, da honestidade e da piedade.
Agora importa demonstrar que esta plantação deve ser
feita enquanto as plantas são novas. (COMENIUS, 1621-
1657, p.111).

Para maior fidelidade do método do educador, pode-se fazer um recorte da


proposta por ele criada, a qual se resume basicamente em seis pontos:

I- Toda a juventude (exceto a quem Deus negou a


inteligência) seja formada.
II-Em todas aquelas coisas que podem tornar o homem
sábio, probo e santo.
III-Que essa formação, enquanto preparação para a vida,
esteja terminada antes da idade adulta.
IV-Que essa mesma formação se faça sem pancadas, sem
violências e sem qualquer constrangimento, com a
máxima delicadeza, com a máxima doçura e como que
espontaneamente.
V-Que todos se formem com uma instrução não aparente,
mas verdadeira, não superficial mas sólida; ou seja, que o
homem, enquanto animal racional, se habitue a deixar-se
guiar, não pela razão dos outros, mas pela sua, e não
apenas a ler nos livros e a entender, ou ainda a reter e a
recitar de cor as opiniões dos outros, mas a penetrar por
si mesmo até ao âmago das próprias coisas e a tirar delas
conhecimentos genuínos e utilidade.
VI-Que essa formação não seja penosa, mas facílima, isto
é, não consagrando senão quatro horas por dia aos
exercícios públicos e de tal maneira que um só professor
seja suficiente para instruir, ao mesmo tempo, centenas
de alunos, com um esforço dez vezes menor que aquele
que atualmente costuma dispender-se para ensinar cada
um dos alunos. (COMENIUS, 1621-1657, p.153-154-
155,).

Em resumo, seu método pretende construir uma nova realidade pedagógica,


não somente em relação aos professores, mas também a respeito do ensino e da escola
em geral, portanto Comenius acreditava que somente a educação poderia acabar com a
crueldade do mundo, uma vez que presenciou o contexto da Guerra dos Trinta Anos.

Por sua vez, a observação para Comenius deve ser o primeiro passo para
chegar ao conhecimento, contudo, essa observação não se prende somente a análise dos
fenômenos naturais recebidos pelos sentidos, que são levados até o intelecto, sendo
interpretados pela razão, a qual deve “colher” somente as informações boas; mas
também a observação de nós mesmos, isto é, o homem deve conhecer-se a si mesmo,
compreender seu papel no universo a partir de sua alma, tornando-se racional e
semelhante a Deus.

Na verdade: algumas são apenas objeto de observação,


como o céu e a terra e as coisas que neles existem; outras
são objeto de imitação, como a ordem admirável
espalhada por toda a parte, a qual o homem tem
obrigação de exprimir também nas suas obras; outras,
enfim, são objeto de fruição, como o favor da divindade e
a sua multíplice benção, neste mundo e para sempre. Se o
homem deve ser semelhante a estas coisas, importa
necessariamente que se prepare, tanto para conhecer as
coisas, que, neste maravilhoso anfiteatro, se oferecem à
sua observação, como para fazer aquelas coisas que se
lhe ordena que faça, como, finalmente, para gozar
daquelas que, com mão liberal, o benigníssimo Criador
lhe oferece (como a um hóspede que esteja em sua casa)
para sua fruição. (COMENIUS, 1621-1657, p.136-137,).

Feito tudo isso, torna-se claro que o homem fora posto no mundo se não
para servir a Deus, que detém o saber de tudo, servir ao próximo e a nós mesmos, isto é,
deve o ser dotar-se de qualidades, como a honestidade para com o outro e em relação a
nós mesmos, deve-se haver ciência, ou melhor, a razão para distinguir o que é real e o
que é ilusório, por último e não irrelevante, o homem fora posto no mundo, sua casa de
delícias, para usufruir dos bens que nela há, em outras palavras, Deus fez a natureza
para que nós gozemos por meio dela, enaltecendo seu nome por tudo que fez, sendo
assim a Terra, o maior exemplo de bem-estar.

Se nos observarmos a nós mesmos, depreendemos


igualmente que a todos, por igual, convém a instrução, a
moralidade e a piedade, quer observemos a essência da
nossa alma, quer a finalidade para que fomos criados e
postos no mundo. (COMENIUS, 1621-1657, p. 137).
2. Elabore uma síntese da proposta educacional e pedagógica apresentada
pelo autor.

A maior característica do método de Comenius, sem dúvidas é o ensino


universal, isto é, todos devem ser educados, sem distinção de classe social, cultural,
política e etc, devendo ser uma educação harmoniosa, dócil, que ensine todos os
saberes a todos, instruindo os homens por intermédio da ciência, religião e razão,
sendo esses três os principais instrumentos para a aquisição de o verdadeiro saber.

Seu método pedagógico enfatiza também que a aprendizagem seja iniciada


nos sentidos e percepções do contato do ser com os fenômenos naturais, os quais
funcionam por deterem uma ordem, retomando que este contato e respectivamente esta
educação deve iniciar-se nos primeiros anos de vida, pois é o período mais fácil de
moldar e semear coisas úteis e agradáveis no indivíduo, preparando-o para à vida futura
em sociedade.

A teoria educacional por sua vez, parte da ideia que o conhecimento se dá


por etapas, em outras palavras, Comenius acredita que a aquisição do conhecimento dar-
se de forma gradual, isto é, um conhecimento já completo, serve para a ampliação e
criação de um novo saber, este sendo mediado pela figura do professor que deve ser
dotado de razão e de “suavidade”, uma vez que a educação deve ser prazerosa e em
poucas horas, para não tornar-se cansativa.

Neste processo o professor deve ensinar uma grande quantidade de alunos


ao mesmo tempo, corrigindo-os moralmente e não fisicamente, com uso de violências.
Em resumo, seu método pretende construir uma nova realidade pedagógica, não
somente em relação aos professores, mas também a respeito do ensino e da escola em
geral.
3. Destaque pelo menos dois argumentos apresentados por Carlota Boto e
comente-os.

Com a obra de Comenius e com os trabalhos de Vives e


de Ratke, percebemos momentos distintos de uma Europa
que, na longa duração, pretendeu conferir precisão à vida
escolar. Entendia-se ser possível traçar mecanismos
passíveis de aferir resultados, à luz de uma metodologia
estrita, que demarcasse o campo do movimento do
ensino. Esse movimento do ensino, que envolveria a
estrutura de uma liturgia, era organizado à luz de uma
relação entre quem ensina e quem é ensinado, pela
mediação do livro, do caderno de notas e do método.
Nesse sentido, acreditava-se que, caso o ensino trilhas se
as etapas contidas no ritual, melhor seria o desempenho e
o sucesso na arte de aprender. (BOTO, 2017, p.204).

A partir da citação a cima, pode-se compreender que durante momentos de


glória e pequenez da Europa, autores conhecidos fundamentaram-se na vida escolar.
Comenius por sua vez, não fora diferente, por te vivido em um contexto de guerra, a
Guerra dos Trinta Anos, via a educação como caminho para o fim das crueldades do
mundo, dessa maneira elaborou um método pedagógico, que consistia em um saber
universal, isto é, que abrangesse todas as pessoas sem distinção, sendo que a essas
deveriam ser ensinados todas as coisas, todos os saberes, inclusive morais e éticos, a fim
que a sociedade vivesse de modo harmonioso e agradável. Essa educação possuía uma
grande e importante relação entre o professor e o aluno, isto é, o professor devia ser
dócil, envolvendo os alunos nas atividades, pela mediação de livros, cadernos, notas e
outras, e quando necessário poderia sim corrigir o aluno, sendo esta correção sem
dureza. Seguindo esses passos, a educação, a arte de aprender, seria alcançada.

Vale lembrar que esta educação e o caminho para o conhecimento, dava-se


de modo gradual, com o contato do indivíduo com a natureza e seus respectivos
fenômenos, segundo Comenius, a natureza era um paraíso criado por Deus, sendo a
mais bela criação, pois esta é regida por uma ordem, sendo o maior “ideal regulador”,
em outras palavras, para o autor, a natureza e suas leias, quando compreendidas pelos
homens, servia também de compreensão de si mesmo e do mundo.

A natureza para Comenius é ideal regulador. Porém, em


Comenius, essa mesma natureza é situada como artefato
de construção discursiva. Tratava-se de reinventar o
próprio conceito de natureza, conferindo novo significado
a ele, com finalidade exclusivamente didática. O
postulado dos escritos de Comenius é o de que “as
mesmas leias finalísticas que regem a natureza física
regem também o homem e as suas obras. Na medida em
que entendemos a linguagem do mundo, que descobrimos
na natureza o plano divino encontramo-nos a nós
mesmo”. (Barros 1971ª, p. 117). Desse modo, a natureza,
cultura e educação seriam teologicamente orientadas por
um caminho prefigurado e predeterminado que era a elas
externo, posto em um território metafísico. (BOTO,
2017, p.183).

Referências Bibliográficas

COMENIUS, J.A. A Didática Magna. 1621-1657. (Obra Digital)

BOTO, Carlota. Rumos da tradição: o pensamento pedagógico do século XVII. In: A liturgia
escolar na Idade Moderna. Campinas/ SP: Papirus, 2017.

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