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EVOLUCIONISMO
Nina Rodrigues
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uma cerimônia dos Metodistas Uivadores nos EUA e a cabula, des_crita..110
�stado do Espírito Santo pelo bi_spo católico Q._João_C�rreia _Nery/ La_men-
tamos entret�1to que, tendo deixado sua obra 1nacabacl-a;-N111a odngues \
não tenha detalhado melhor a distinção que fez entre a adaptação interna ou
subjetiva que lhe parece ocorrer no candomblé da Bahia (1977, p.255) e a
adaptação externa ou cultuai, identificada por ele no que posteriormente
será chamado de macumba e mais tarde de umbanda (Silva, 1987, pp. 65-'
85). O sincretismo ou a ;'adaptação fetichista ao catolicismo", no dizer de
Nina Rodrigues, no candomblé e na umbanda, parece hoje mais claramente
distinto do que em fins do século passado, ao tempo de suas pesquisas_ : ----...
:
Para Nina Rodrigues, é a equivalência das divindades que dá a ilusão
da conversão católica, pois, "sem renunciar aos seus deuses ou orixás, o
negro baiano tem pelos santos católicos profunda devoção" (1935, p.182).
Cita casos comprovando esta dualidade do fervor religioso, demonstrando
REVISÃO DA LITERATURA SOBRE SINCRETISMO. ..
ser freqüente a prática dos dois cultos pela mesma pessoa (1935, p.184),
pois tanto na Bahia como na África, "todas as classes, mesmo a dita supe- .. � "�
rior, estão aptas a se tornarem negras" (1935, p.186). Afirma ser consi- L--
derável o número de brancos, mulatos e indivíduos de todas as cores que,
em caso de necessidade, vão consultar os negros feiticeiros, mesmo quando
,----
em público zombam deles, e por isso não será para muito cedo a extinção
dos cultos africanos n.a Bahia. Diz que não só o culto católico, como tam-
bém as práticas espíritas e a cartomancia receberam na Bahia influências
do fetichismo negro (1935, p. 194). Assinala (1977, p. 245) a extraordinária
resistência e a vitalidade das crenças da r�ça negra apesar dos preconceito�,
1 ct.;is perseguições e da repressão policial. Para ele, o cultojeje-nagô é uma
1 verdadeira religião, e por isso deve merecer as garantias de liberdade cons
titucional (1977, p. 246)."Também constata (1977, p. 230) que, na Bahia,
prevale�e esta mitoiogia, cuja fosão íntima acredita, segundo Ellis, ser de
vido a estes povos provirem de um tronco ancestral comum.
Aceita sem discutir a perspectiva evolucionista e racista da época,
empregando conceitos e pontos de vistas hoje superados, como o de inferio
ridade cultural e racial. Verificamos entretanto que Nina Rodrigues possuía
visão penetrante dos fenômenos que estudava. Embora evite usar a palavra
sincretismo, como muitos até hoje, e enfatize a idéia da ilusão da catequese,
constatamos que Nina Rodrigues foi de fato o pioneiro entre nós dos estu
dos sobre sincretismo. Fazia distinção entre negros mestiços e africanos e
seus descendentes, importante na época para caracterizar formas diferentes
ele conversão ao catolicismo. A distinção que fez entre a adaptação subie l ...
J ,:,\1--.Y) •'
iva ou 1�0 cato 1cismo, que localiza no candomblé, e a cultuai oJ
'externa, que exemplifica na cabula, infelizmente não foi mais elaborada por
ele, mas parece igualmente interessante na caracterização do fenômeno cuj�
, bservação_±:cta tão bc�m�1tou5
CULTURALISMO
Arthur Ramos
- --
pela maior ou menor percentagem de nccitaçâo, por um grupo rcl igioso, dos
-
traços culturais de outro grupo" (1942, p. 9).
----- - ,
------- - - ------
Prefere chamar de sincretismo o que Nina Rodrigues chnrnou de
-. � -
"i I usãÕ da catequese" e Fcniãnclo Ortiz de "a a rente cato] ização dos negros".
�..
Lembra ( 1942, p. 34) que o termo aculturação ja era empregado pelos ingle-
ses, americanos e alemães desde 1880, e somente cm 1936 pode ser definido
cm sua exata significação, embora os europeus prefiram a expressão con
tatos de culturas.
Estudando os processos de contatos sociais e culturais e constatando
que os conceitos de adaptação, acomodação, ajustamento e acuituração, etc.,
variam de acordo com os pontos de vista das várias e ·colas Ramos adota a
definição de aculturação apresentada cm 1936 por Linton, Rcdficld e
Hcrskovits.
Procurando conciliar métodos de estudo da aculturação com a psi
canálise, Ramos (1942, p. 41) inclui, entre os rcsultn lo· culturais da acul
turação, aceitação, sincretismo, reação. Diz preferir chamar ele sincretismo
o que os norte-americanos chamam de adaptação, expressão que possui sig
nificado biológico aceito nas ciências e cujo emprego com outro significado
pode acarretar confusões. Ampiiando o significado de sincretismo, diz:
IIEVJS,iO DA LITERATURA SOBRE S!NCRE71SM0...
--
Arthur Ramos infelizmente morreu cedo, com apenas 46 anos, co;,o (..
Nina Rodrigues. De fato não foi um grande !eórico, nem grande pesquisador·�
- .,,-
ç!_CJ;l)mp_o. A respeito de sincretismo e de aculturação, apresentou uma sín- �
..---- -'
ceitual, parece-nos que Ramos não conseguiu chegar a uma teorização mais
abrangente e objetiva sobre a real idade que estudava.
Gonçalves Fernandes
----
-
! de 1930, da macumba para se ganhar jogo de futebol e da macumba para
1 turistas.l�asos de curaüorcs e beatos que constroem tem.pi.os bizarros
� ----------
e organizam seitas estranhas. O trabalhó apresenta informações interes-.
santes,cl· umen a-dâsdefÕrn1a quase jornaiística, assemelhando-se aos
,
'
escritos de João do Rio, de inícios do século, incorrendo cm prcconceitos1
ainda comuns em trabalhos da época. • -
Waldemar Valente
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com possíveis vestígios esotéricos, teosóficos e maçônicos. E também com
-,�-- ----...____
ráticas de quiromancia e cartomancia". r-
Assim Valente amplia os quadros do sincretismo, acrescentando novos
,.
dados aos elementos coietados por Nina Rodrigues e Arthur Ramos. Adota,
porém, a mesma visão de Arthur Ramos que nos parece automática, mecânica
e pouco esclarecedora.rcJóvis Moura (1981l-;-p-:-39, criticando Valente, re
f�à "neccssidad�e se analisar a influência do conceito de sincretismo
criticamente, pois ele inclui um julgamento de valor entre as religiões infe
riores e superiores que, pelo menos no Brasil, reproduz a situação da estru
tura social de dominadores e dominados".
Vemos que Valente, embora incorrendo cm preconceitos, procura
ampliar a noção de sincretismo, distinguindo-a do conceito de acuíturação
e caracterizando suas ernpas. Apesar de deficiências, os trabalhos cic
Don alves Fernandes e Walde1�1ar. V:1-lcntc sobre sincretismo foram pio
neiros em sua época._'Posteriormeme não encontramos novas tentativas de
< análise do si ncretisl}10 com tais a111�ições general izadoras.1
Paulo em 1954. Como mencionam 13astide e outros, l lcrskovils parece que ao chegou a publicar
todo o material que coletou no 13rnsii.
REVISÃO DA LITERATURA SOBIIE SINCRETISMO ... 49
2. Fernando Ortiz ( 1983, p. 90 ) ass11n explica sua proposta: "'Entendemos que o vocábulo transcul-
:u:-açào expressa melhor as difcrcmcs fa ses ôo processo transi tivo de uma cu llura noutra, porque
nfi o consiste somente c m adqu irir uma cultura distinta, que é o que a rigor indica a palavra anglo-
amcricana aculluraçfio , mas que o processo implica necessa ri amente a perda ou o dcscnrniza·
mcnto de uma cultura precedente, o que poderia ser dito como sendo uma parcial tlesculturação.
e, além disso, si g nifica a conseqüente criação ue novos fenômenos cu lturai s , que pod eria ser
dcnom!t~ad ~ de ncocuiluíação':. '
50 REPENSANDO O SINCRETISMO
-
Ribeiro desenvolve até hoje estudos sobre o negro, religiões afro-brasil eiras
-
c outros assuntos, especialmente em Pernambuco.
Em vário s trabalhos René Ribeiro di scute aspectos do sincretismo.
Num deles ( 1955, pp. 473-491), anali sa o si ncretis mo na persp ect iva do
processo de reinteprctação, documenta ndo a inco rporação nos cultos afro-
brasileiros óe práticas do foiciore derivadas do rc isado, das congad as e dé
padrões de conduta sexual africana. Ribeiro, co mo ve remo s adiante, fa z
várias críticas aos tra balhos de Bastide.
Tullio Seppilli
----
sideram inferior
- a religião cios dominados.
Para Moura (1988, p. 45), o conceito de aculturação "tem limitações
científicas enormes". Tem como conseqüência a diluição da "dominação
estrutural - çconômico, social e político de uma das culturas sobre a outra.
[... ] O cultmalismo exclui a historicidade do contato" (1988, pp. 45-46). "A
aculturação não modifica as relações sociais e conseqüentemente as insti
tuições fundamentais de urna estrutura social. Não modifica as relações de
produção" ( 1988, p. 47). Parece-lhe que o processo aculturativo desemboca
no conceito de "democracia racial" e a aculturação não é um processo de
dinâmica social.
Analisando estudos sobre o negro no Brasil, Borges Pereira ( 1981, pp.
l 98-199), embora reconhecendo o padrão científico dos trabalhos dcsra es
cola entre nós, destaca com muita propriedade que, enfatizando a cultura e
fareligião,-a antropologia negligenciou os aspectos "normais" ou triviais da
�o, contribuindo para construir a imagem de ''o negro espetáculo"._
Como vimos, a reoria culturalista tem sido criticada por muitos, mas
foi aplicada a inúmeras áreas. No campo dos estudos sobre o negro e das
religiões afro-americanas, Hcrskovits foi s-:u principal autor. Foi nela que
se fizeram primeiro, e com maior ênfase, tentativas de abordagem mais teóri
cas do fenômeno do sincretismo.
O conceito de reinterpretação foi uma das principais noções dcscn
voi vidas por Hcrskovits na anú I i se do sincretismo. Para Bastidc ( 197 l,
p. 531), embora este conceito permaneça muito próximo do que ele própio
denomina de aculturação material, foi o mais importante desenvolvido pela
antropologia no estudo dos encontros de civilizações. Bastidc (1973, p. 147)
lembra que Hcrskovits foi criticado sobretudo por sociólogos negros como
Franklin Frazier, que o acusa de preconceito branco.
REV!S.10 DA LITERATURA SOJJRI:.' SINCRETISMO... 53
3. Para Bnstide (1974, pp. 193-194), o conceito de reinterpretação de Herskovits parece mais pró
ximo da aculturação material.
REVISÁ.O DA LITERATURA SOBRE SINCRETISMO... 55
-
Mário de Andrade assemelha-se às que eram comuns na imprensa brasileira
nas primeiras décadas do século, como as de João do Kio '{l 976), ou artigos
-•..)do surrealista! Benjamim Peret, ·dos anos 30 (in Ginway, 1983). Mário de
Andrade distingue-se, entretanto, por não acentuar uma visão negativista,
pejorativa e preconceituosa, como as que encontramos normalmente na
imprensa. Em vários trabalhos, constata-se seu interesse pela macumba,
p
_ ela pajelança, pelo catimbó e outras formas de religiosidade popular6 .
6. Artistas e intelectuais de vanguarda na década de 1920, que eram iambém nacionalistas, regis
tram visõe "surrealistas" da religião e da cultura popular, como comenta co111 acuidade Alcjo
Carpentier no prólogo da edição brasileira do livro "Écuc-Yamba-Ó". Entre outros temas do povo,
Carpenticr descreve rituais de iniciação i1 sociedade dos nanigos de Cuba, que qualifica de uma
espécie de ';mnconnria popuJar':.
REV/S,W DA LITERATURA SOBRE SINCRETISMO... 59
Este foi o início de uma atividade que ele continuou ao longo de toda a vida:
sumarizar a massiva literatura brasileira[ ... ] Além disso freqüentemente faz uso
destes resultados como suporte para sua próprias interpretações. Fazendo isso ini
ciou um novo e quase peculiar meio[... ) que posso chamar de "etnografia conge
lante": a falsa, embora atrativa suposição de que os dados apresentados nos livros
e artigos de escritores brasileiros representam a realidade da vida do culto, de tal
forma que podem ser aceitos como válidos inclusive na época atual, não importando
quão velhos eles sejam. Esta "'etnografia congelante" aceita a descrição do que acon~
teceu num grupo ele culto nos tempos ele Nina Rodrigues como sendo ainda um retrato
válido do que está acontecendo nos grupos de culto da Bahia na própri:.i época da
pesquisa de Rogcr Bastidc. Sem dúvida ele não foi o primeiro autor a adotar uma
"ctnogrnfia atemporal", mas a grande ênfase que sempre pôs nas referências biblio
)ti"aflC'âstÕriiâ este procedimento técnico muito aparente na maioria de seus livros,
pois ele não era somente um erudito, mas freqüentemente a utiliza cm muitas ocasiões
como fonte de dados.
Na década ele 1970 o est udo das reli giões afro-brasile iras vo ltou a
receber novo impulso, que parecia declinado nos anos 60, quando quase só
ocorreu a tradução de alguns traba lhos de Bastide. Sua obra principal, As
Religiões Afro-Brasileiras, de 196 1, somente cm 197 1 foi lançada no B rasil.
Nos anos 60, além de trabalhos de Bastidc c das publicações de Edison
Ca rn e iro, de stacam-se os estudos de Procópio Cama rg o ( 1961), sobre
espiritismo c um banda, tema ao qual foi dos prime iros a se dedicar com
exclusividade, conforme Carvalho ( 1978, p. 105). Pouco antes do fa leci -
mento de Bastide, em 1974, concluem-se teses de pesquisadores que foram
seus oricntandos .
Renato Ortiz ( 1978) estudou o cmbranquccimento das tradições afro-
brasileiras c o cmpretccimento do espiritismo kardecista, relacion ados com
transformações na soc iedade, pois "o cosmos rei igi oso umband ista repro-
duz as contradições da sociedade brasileira" ( 1978, p. 112). Para Ortiz, na
sociedade urbano-industrial , a umbanda é mais funcional elo que o can-
REVISA-O DA LITERATURA SOBRE SINCRETISMO... 63
pendência espiritual foi por longo tempo a única liberdade do negro. Neste
c c m outros traba lhos, Elbcin dos Santos enfatiza aspectos africanos da c ul-
tu ra negra nas Américas. Como inte lectua is c part icipantes do candomblé,
Juana c Dcoscorcdcs contribuem também para construir uma teologia do can-
domblé no B rasil, e nfati za ndo a importância das trad ições africanas.
Adiante afirma:
Agora não é mais perigoso entrar para o candomblé- é chique. O que parece
ter acontecido é que alguns dos mais conhecidos c tradicionais terreiros foram absor-
vidos, não apenas pelos produtores da "cultura de massa", mas pelos intelectuais,
f,6 REPENSANDO O SINCRETISMO
- ::: . ~ = or,bmos com 1\lcjandro !'ri geri o que, em correspondência de I 988. nos dizia ser o trabalho
. : ::>:~ rriz Damas ( I 988) '·um dos trabalhos mais importantes nos últ1mos tempos sobre o tema".
68 REPENSANDO O SINCRETISMO
A crítica- por vezes extremamente ácida- ao modelo "puro"[ ... ] não justi-
fica sua extensão à co mponen te de res istência presente na cultura negro-brasileira.
[ ... ]Também não justifica o não - reconhecimento de passos fundamenta is dados
por esta vertente da pesquisa, como, por cxcmpio, o da constatação de que os ter-
reiros constitue hisroricamcntc a mais imponante fo rma de organização social para-
lela à da sociedade abrangente; de que o terrei ro implica[ ... ] um impulso de
resistência à ideologia dom inante [... ]
--
re iros. Muitas casas incluem intelectuais em sua estrutura como ogans ou
cm outros cargos, o que também é um costume consagrado. Embora não se
neg ue esta influência, sua função é limitada e condicionada pela atuação
dos líderes, que mantêm c renovam as tradições dos terreiros, manipul a n-
do-as e m função de seus interesses.
Beatriz Dantas (1988, p. 147) consta ra que a ''decantada pureza nagô"
tem contornos diferentes na Bahia, cm Sergipe c cm Pernambuco. As seme-
lhanças c diferenças entre as religiões afro-brasileiras ela Bahia, Pernambuco,
Sergipe, Rio Grande do Sul, Pará, Maranhão, etc., não se devem a "repre-
se ntações de africani smos construídas nos meios acadêmicos". Há de fato
diferenças incontestáveis entre as práticas religiosas nestas c em outras
regiões. Dantas (1988, p. 147) descarta rápido demais a hipótese de que se
devam "a diferenças étnicas nos grupos negros originários, c ujas tradições
8. Segundo I lobsbawm (llobsbawm & Ranger, 1984, p. 9), ''muitas vezes 'tradições' que parecem
ou s5o consideradas antigas são bastante recentes, quando não são inve ntadas". llobsbawm ana-
lisa a invenção de tradições como processo de rituali zação. Estudando casos na Inglaterra do
século XVIII ao XX, mostra que tradições que são consideradas como tendo vários séculos fo ram
invenções relativamente recentes fei tas por intelectuais, como o saiote irlandês, estabelecido cm
inícios do século XIX.
70 REPENSANDO O SINCRETISMO
Seja qual for o ânguio que se anal ise a questão do sincretismo rciigioso, é
importante re ssaltar que o negro não permaneceu passivo ante este processo, ape-
sar da imposição, da obri gatoriedade c do papel desempenhado pela reiigião catól ica
como sustcntácui o do projeto colonia l. Tudo leva a crer que a partir da rea lidade
v ivida naquela época, considerando as dificuidadcs. o negro recriou c reinterpretou
a c ultura dominante, adequando-a à sua maneira de ser.
5
Constatamos que os auto res mais preocupados em estudar o catoli -
cismo popula r ou as religiões populares, cm geral, dedicam pouca atenção
•
ao fenômeno do sincretismo religioso, considerado tema vi nculado aos estu- I
dos afro-brasil eiros. Surpreendem-nos as tentativas de inclusão ele elementos
destes c ulto s cm celebrações litúrgicas católicas, num tipo de sincretismo
do dom inado para o dominante, qu e pode ser precursor de mudanças.
Em decorrência de pesquisas recentes, as rel igiões afro-brasileiras
tornaram-se mais conhecidas cm sua diversidad e. Ampliam-se hoje as obser-
•
(
vações do fenômeno do sincreti smo, que no passado foi visto ele modo mais
restrito. Vejamos os resultados destes est udos no Norte do país, onde reali-
zamos nossas pesquisas de campo.
d
9. An~ Valclllc ( 1989, p. 253) refere· se ao fato oe que a 1mprensa de Siio Pau i o praticamente tam-
bém 1gnorou o Congresso lmernacional do Cemenário da Abolição, promovido pela USP cm maio
de !988. Es:c desinteresse é comu m cm todo o pais. Em junho de 1985 a UNESCO organizou no
Maranhiio um colóqu 1o internacional para discutir Sobrevivência das Tradições Religiosas Africanas
d
na América Latina c Co1ribc. reunindo mais de quarenta especialistas de diversos países. Os meios
de comunicaçflo nadonais não t1 veram interesse cmnoticinr o evento. apesar do empenho dos ri
Organizadores. Tal ntitudc reflete preconceitos raciais contra o negro e as religiões afro· brasilciras.
!.!UC se constnta na imprensa c em outros sctorcs da sociedade cm várias regiões do pa ís.