Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Resumo:
A doutrina penal de trânsito, salvo com nomes isolados, está carente de construções críticas coe-
rentes e construtivas. Um exemplo é a tratativa descompromissada com os postulados de legitima-
ção da dogmática jurídico-penal no que tange ao delito do art. 308 do Código de Trânsito Brasileiro.
Neste contexto de impaciência com o caldo raso de muitas “lições”, propõe-se uma análise, ainda
que não exaustiva, ao menos bastante prudente, da infração criminal em aspectos relacionados à
eleição do bem jurídico protegido e a sua estrutura delitiva. A construção textual será ilustrada com
alguns julgados e abordará as recentes alterações legislativas, em especial as duas figuras preterdo-
losas decorrentes da Lei n. 13.546/2017.
Palavras-clave:
Trânsito, perigo, morte.
Keywords:
Traffic, danger, death.
Resumen:
La doctrina penal de tránsito, salvadas acepciones aisladas, carece de construcciones críticas cohe-
rentes y constructivas. Un ejemplo de ello es el intento no comprometido con los postulados de le-
gitimación de la dogmática jurídico-penal en lo concerniente al delito del Art. 308 del Código de
Tránsito Brasileño. En este contexto de impaciencia ante la superficialidad de la consistencia de mu-
chas “lecciones”, se propone un análisis, aunque no exhaustivo, por lo menos bastante prudente,
de la infracción criminal en aspectos relacionados con la elección del bien jurídico protegido y su es-
tructura delictiva. La construcción textual será ejemplificada con algunas decisiones judiciales y ver-
sará acerca de las recientes alteraciones legislativas, particularmente sobre las dos figuras
preterintencionales derivadas de la promulgación de la Ley n. 13.546/2017.
Palabras clave:
80 Tránsito, peligro, muerte.
Um setor da doutrina perfilha que a segurança viária é o bem jurídico tutelado pela infração
penal (POLASTRI, 2015, p. 149)1-2. Parece imprecisa a ideia de proteção genérica de um suposto bem
jurídico coletivo, até porque é bem clara a especificidade contida no tipo penal, isto é, referindo-se à
incolumidade pública ou privada, o legislador buscou tutelar a disponibilidade da vida e da integridade
física de terceiros ou de patrimônio alheio de considerável valor. A propósito, veja-se orientação
jurisprudencial:
A conduta imputada ao apelado é tão grave que o legislador a tipificou como crime, previsto
no art. 308 do CTB, com pena privativa de liberdade cominada de seis meses a três anos de
detenção, tendo a vista o bem jurídico salvaguardado, que é a incolumidade física e patrimo-
nial dos cidadãos, em razão da exigência de segurança na malha viária. (TJCE, 2ª C.DP, APL n.
01977700520138060001, rel. Des. Luiz Evaldo Gonçalves Leite, DJ 21/06/2017)
Desde Nélson Hungria (1958, p. 7), a doutrina define o sentido de incolumidade como o
estado de segurança ou tranquilidade (JESUS, 2000, p. 783). Posto isto, um número indefinido de
pessoas, ou mesmo um único particular, tem o direito de se sentir seguro naquilo que tange à
preservação de sua vida, sua integridade física ou de patrimônio próprio. Atente-se, com efeito, que
a proteção penal diz respeito a classes de bens jurídicos individuais (SCHÜNEMANN, 2007, p. 219),
ainda que possam estar ligados a várias pessoas.
Na verdade, a segurança viária seria uma referência, marco ou, como prefere Paolo veneziani
(2009, p. 587)3, um princípio claramente funcional, isto é, a serviço dos particulares. Quanto mais é
desrespeitado o princípio da segurança no trânsito, menos protegidos estão os bens jurídicos
pessoais. Com efeito, não há necessidade de apelar para a proteção de uma objetividade espirituali- 81
zada, em especial quando existem muitos e consistentes bens jurídicos pessoais ofendidos pela
conduta criminosa.
No direito comparado, em especial na Argentina, Jorge Eduardo Buompadre (2017, p. 103) reforça
que “o essencialmente tutelado, de forma imediata, não é a segurança viária, senão a vida e/ou a integri-
dade física das pessoas, ou seja, bens que são postos em perigo pelas condutas tipificadas no preceito
legal”. O autor ainda observa que caso estes bens individuais não sejam expostos a perigo, a conduta
será atípica4.
Desde quando a infração era disciplinada pela Lei das Contravenções Penais (art. 34 do Dec.
Lei n. 3.688/1941), fazia-se essencial comprovar o perigo à segurança alheia. A propósito, o professor
Waldyr de Abreu (1980, p. 175) afirmava que esta particularidade – o perigo efetivo – nem sempre era
observada pela repressão policial.
Com a promulgação da Lei n. 9.503/97, salvo raras exceções, como Pierpaolo Bottini (2011, p. 118)
e Nei Pires Mitidiero (2015, p. 1335), que classificavam a infração como crime de perigo abstrato-concreto,
1 Infelizmente, o ilustre Procurador de Justiça do Rio de Janeiro e renomado professor faleceu no mês de fevereiro do corrente
ano. Serve este ensaio como uma homenagem póstuma, pois, entre os autores do Direito Penal de Trânsito, Polastri certamente
era uma das maiores referências.
2 Limitando a tutela penal à incolumidade pública: Delmanto (2014, p. 483). De forma ampla, primeiro invocando a tutela da se-
gurança viária, como direito de todos; depois, afirmando a proteção secundária da vida e/ou da integridade corporal das pes-
soas; por último, referindo-se à tutela da incolumidade pública e privada: Noronha (2019, p. 191).
3
Um caráter instrumental da “seguridad vial” também é destacado por parte da doutrina espanhola, por exemplo: Gómez
Pavón (2015, p. 94).
4
O legislador argentino, de maneira taxativa, previu no tipo penal (art. 193-bis, com redação pela Lei n. 27.347/2017) que o con-
dutor deverá criar uma situação de perigo à vida ou à integridade física das pessoas por meio de participação em uma prova
de velocidade ou de destreza com um veículo automotor. Nestes termos, a tutela da segurança viária apenas se realizaria em
um segundo plano.
Uma nova redação foi dada pela Lei n. 12.971/2014. Substitui-se a expressão “desde que resulte
dano potencial à incolumidade pública ou privada” pela locução “gerando situação de risco à incolu-
midade pública ou privada”. A partir disso, de um lado, há quem defenda continuar se tratando de
crime de resultado, especialmente de um resultado de perigo concreto (BITENCOURT, 2015, p. 403),
e de outro, quem cogita ser crime de resultado de risco ou de perigo abstrato, como expressões
equivalentes (MITIDIERO, 2015, p. 1325).
A alteração promovida em 2014, ao menos em uma análise já realizada (DE BEM, 2015, p. 435),
não acarretou uma mudança na estrutura delitiva da infração. O novo elemento normativo, se com-
parado com a previsão da versão originária já revogada, continuou exigindo a probabilidade de dano
(POLASTRI, 2015, p. 149-150) (TJMG, 4ª C.Crim., APL n. 10394170008848002, rel. Des. Fernando Brant,
DJ 14/11/2018). In verbis:
Recurso em sentido estrito. Crime de trânsito. Art. 308 do Código de Trânsito (racha). Decisão
que concedeu a liberdade provisória aos recorrentes, contudo impôs a Medida cautelar de
suspensão da Permissão ou da Habilitação para dirigir veículo automotor. Possibilidade.
Garantia da ordem pública. Recorrentes que participavam de rachas habitualmente, inclusive
mantendo grupo virtual no WhatsApp para marcar os encontros. Envolvimento em outros
delitos de trânsito. Possibilidade de reiteração. Perigo concreto à incolumidade pública. Des-
respeito evidente às normas de trânsito. Recurso não provido. (TJPR, 2ª C.Crim., RC n. 1495474-
82 6, rel. Des. José Maurício Pinto, DJ 05/05/2016)
5
Art. 173. Disputar corrida:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de dirigir e apreensão do veículo;
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e remoção do veículo.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de 12 (doze) meses da in-
fração anterior.
Art. 174. Promover, na via, competição, eventos organizados, exibição e demonstração de perícia em manobra de veículo, ou
deles participar, como condutor, sem permissão da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de dirigir e apreensão do veículo;
Uma vez estabelecido que o perigo deve ter existência real, cabe definir como analisá-lo. A
propósito, todos os crimes de perigo concreto requerem três requisitos, a começar pelo ingresso do
bem jurídico no âmbito de influência de uma fonte de perigo. Por evidente, havendo movimentação
de veículos ou pessoas pelo local no qual se concretiza uma competição não autorizada, o objeto de
ação entrará no raio de interferência da conduta dos agentes competidores. Depois, exige-se que
esta conduta represente um perigo próximo de lesão ao bem jurídico. A probabilidade de lesão, ana-
lisada sob uma perspectiva ex post, verifica-se quando os veículos em competição passam bastante
próximos a outros veículos ou ao passeio no qual os pedestres circulam. Em síntese, trata-se de um
juízo realizado por observador que conclui que a produção do dano foi muito próxima. A avaliação
desta proximidade de lesão, porém, não é deixada ao juízo subjetivo do julgador, senão deve ser
aferida normativamente. Assim, o terceiro requisito se refere à não produção de lesão em razão da
casualidade6. No caso do racha, por exemplo, haveria o delito ainda que os condutores que trafegas-
sem em direção contrária fossem dotados de especiais habilidades e não tivessem maiores dificulda-
des de evitar a colisão7.
O fundamental é que se dispensam as efetivas lesões aos bens jurídico-penais primários para
a imputação penal dos comportamentos praticados (ÁLvAREZ, 2012, p. 294).
83
ADEQUAÇÃO TÍPICA OBJETIVA E SUBJETIVA
Art. 308. Corrida. Disputa. Competição. Concurso necessário. Recurso provido. À caracteriza-
ção do crime tipificado no art. 308 do CTB, o agente deve associar-se com outras pessoas –
no mínimo mais uma – compartilhando da mesma intenção de disputa ou competição. A pró-
pria essência de tais palavras envolve a rivalidade a qualquer desafio, o que jamais existirá
com a presença de uma única pessoa. (TJES, 2ª C.Crim., APL n. 00144521020058080012, rel.
Des. Carlos Henrique Rios do Amaral, DJ 08/02/2011)
Por último, em qualquer contexto, é crime de mão própria. Logo, a execução da conduta
não é transferível a outrem, de maneira que é impossível se concretizar hipótese de coautoria, mas
apenas participação, como a de eventuais organizadores de uma competição automobilística irre-
gular9. O copiloto, o carona ou o passageiro poderão ser responsáveis desde que participem de cor-
rida, disputa ou competição automobilística não autorizada, ou forneçam instruções ao motorista
(BITENCOURT, 2015, p. 405).
A coletividade ou, no caso concreto, um único titular, pode ser vítima delitiva. Alejandro Tazza
(2010), comentando dispositivo semelhante do Código Penal argentino, exclui os espectadores como
vítimas da infração, porquanto intervém diretamente no evento. Esta posição é criticada por Eduardo
Buompadre, pois os espectadores não participariam efetivamente da “prova de velocidade ou de
destreza”, senão somente a observam de um determinado local e, precisamente por esta razão, são
os sujeitos mais expostos à situação de perigo decorrente da conduta.
Sob o ponto de vista da teoria da imputação objetiva, a tese de Tazza recebe guarida. Cons-
cientes dos riscos que correm, aqueles que se dirigem voluntariamente aos locais de disputa, corrida
ou competição ilegal, postando-se como espectadores, deixam-se pôr em perigo por ação dos
competidores. é o que se traduz pela figura da heterocolocação em perigo consentida que, na esteira
de Claus Roxin (2014, p. 130), “é o caso em que alguém coloca um terceiro em perigo, mas este se
expõe ao perigo criado consciente do risco”. Nestes termos, quem conscientemente observa a
84 competição não autorizada não seria considerado potencial vítima. Sendo correta tal orientação,
restariam como potenciais vítimas as pessoas ou outros condutores que transitassem pela via pública,
local da corrida não autorizada, e que tenham a vida, a integridade física e/ou o patrimônio exposto
à situação de perigo efetivo.
Em relação aos próprios participantes, em sentido oposto à Renato Marcão (2009, p. 188),
entende-se impreciso elencá-los no rol de vítimas. Quem participa de competição não autorizada, por
exemplo, sabe suficientemente os riscos a que voluntariamente se submete. O alcance do tipo penal
não alberga quem se autocoloca em situação de perigo dolosa. Há um abandono da proteção penal
em razão da própria conduta do competidor. A disposição de sua vida, sua integridade física e/ou seu
patrimônio é realizada de forma consciente. Por conseguinte, ao menos no delito de racha, não há
falar-se em reciprocidade de ofensas entre os participantes.
O verbo nuclear típico é participar e indica que um agente concorre ou toma parte efetiva,
junto de outra pessoa, ao menos, de corrida (proposição expressa), de disputa (tácito desafio) ou
uma competição automobilística (prévio acordo). Trata-se do popular racha, ainda que o tipo não re-
queira expressamente que se supere os limites regulares de velocidade. é crime de forma vinculada
que se perfectibiliza em contextos próximos (ou muito semelhantes). In verbis:
O núcleo do art. 308 do CTB refere a participar o agente de corrida, disputa ou competição
automobilística não autorizada, o que dá a ideia de desafio ou confronto em que os partici-
pantes se empenham em vencer. Para efeito penal, disputar, correr e competir significam a
mesma coisa, isto é, ato de disputar, competir ou correr ou, em outras palavras, uma compe-
tição em velocidade. (TJRJ, 3ª C. Crim., APL n. 345/06, rel. Des. Ricardo Bustamante, DJ
22/11/2006)
9
Na Argentina, inclusive, trata-se de previsão expressa no art. 193-bis do Código Penal.
Ainda nos novos contextos, sabe-se que há condutores que circulam nas vias públicas reali-
zando manobras bruscas ou arriscadas. Indiferente do motivo, valem-se do veículo automotor para
exibição ou demonstração de habilidades incompatíveis à segurança viária, como, por exemplo, equi-
librando-se em apenas uma roda (motos) ou flutuando em seu assento com corpo e pernas soltas no
ar no que se denomina (convencionalmente) de prancha (em motos de porte reduzido, mas alteradas
para ganhar velocidade não compatível com a máxima atestada pelo fabricante).
Nos centros urbanos, ademais, são comuns os cavalos de pau, consistentes numa freada 85
brusca com giro simultâneo de direção do veículo automotor, fazendo-o derrapar e dar meia volta
até parar em posição invertida. Há, ainda, quem realize a manobra girando em torno do eixo dianteiro
(sobre uma das rodas), em voltas de 360 graus, formando riscos circulares na pista.
Em qualquer dos casos, importante destacar, a participação dos agentes em racha ou exibi-
cionismo deverá ocorrer necessariamente em via pública. Não houve uma expressa definição da
expressão na Lei de Trânsito, razão pela qual se entende considerar, alternativamente, a abertura à
circulação viária em ruas, avenidas ou rodovias, por exemplo, ou a utilização comum das vias de trân-
sito e áreas privadas de uso coletivo, como o estacionamento de um supermercado ou shopping.
Nestes termos, não sendo praticado na via terrestre de uso público, a conduta de racha ou de exibi-
cionismo, ainda que produza o perigo real ao bem jurídico tutelado, deixa de perfazer o crime do art.
308 do CTB. Como também não será considerado crime, muito embora se realize em via pública, sem-
pre que verificar-se de forma solitária, isto é, sem gerar perigo concreto para os demais intervenientes.
Excepcionando as competições desportivas (CTB, art. 67), a participação dos agentes ocorre
na clandestinidade, sem a autorização da autoridade competente, aqui entendida, conforme Mitie-
dero, como “a autoridade titular da entidade executiva de trânsito, em cuja circunscrição se contém
a via pública na qual se verifica o aludido embate”. Trata-se de um elemento normativo cuja existência
o elimina (MITIEDERO, 2015, p. 1328) .
Por evidente, como condição sem a qual o delito não se configurará, o agente deve dirigir
veículo automotor. Uma competição de ciclismo, por exemplo, embora não autorizada e apta a gerar
potencial dano, não configurará o ilícito. A conduta típica consiste, reforce-se com Bitencourt,
“somente na participação em competições e disputas que impliquem na efetiva direção de veículo
automotor, o que ademais de incluir a corrida propriamente dita, abrange a realização de manobras,
acrobacias e performances com o veículo automotor em movimento”(BITENCOURT, 2015, p. 406).
Mitidiero (2015, p. 1328), isoladamente, entende ser crime culposo, pois, “se o racha pode se
constituir em um elemento objetivo-normativo jurídico-penal do crime culposo de lesões corporais –
CTB, art. 291, § 1º, II – tipificado no art. 303 do CTB, culposo ele, racha, também o é”. O equívoco desta
construção é confundir uma forma vinculada de prática do crime culposo de lesão corporal com o
próprio crime culposo. Ademais, a equiparação desconsidera regra patente que exige a punição pelo
crime culposo, expressa previsão legal (CP, art. 18, parágrafo único).
Mitidiero (2015, p. 1362), por sua vez, soluciona este eventual conflito de normas por meio
do princípio da alternatividade e, como tal, alcança conclusão diametralmente oposta, com punição
única pelo caput do art. 308 do CTB, pois, a partir da Lei n. 12.971/14, o quantum de pena privativa de
liberdade cominada ao delito é maior do que aquele previsto no preceito secundário do art. 303, caput
da Lei n. 9.503/1997.
Acaso ocorra um resultado qualificador de lesão corporal culposa de natureza grave, o agente
responderá apenas pelo crime do § 1º do art. 308 do CTB, ficando absorvida sua modalidade simples
(art. 308, caput). O mesmo ocorrerá, quando da prática do racha ou do exibicionismo resultar morte,
e as circunstâncias atestarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo
(art. 308, § 2º). Estes aparentes conflitos, aliás, poderiam ser resolvidos aplicando-se o princípio da
especialidade e não o princípio da consunção10. O último, porém, também é utilizado (com frequência)
se a participação em competição automobilística não autorizada constituir conduta delituosa
componente de crime doloso de homicídio, é dizer, não se revestir de autonomia. Neste sentido,
aliás, decidiu a Corte catarinense:
10
Bitencourt (2016, p. 410), aduz que a intenção do legislador foi indicar que, em tais hipóteses (art. 308, §§ 1º e 2º), não haveria
absorção do crime de racha pelos crimes de dano previstos nos arts. 302 e 303 do Código de Trânsito.
Entre os crimes de racha e embriaguez ao volante (art. 306), o primeiro deve vingar, porque
uma infração de perigo concreto é principal (ou absorve, como é a preferência nominal) outra de
perigo abstrato de potencial perigo11. Esta conclusão é válida ainda que se defina aquela infração como
crime de perigo abstrato-concreto, pois a intensidade de afetação ao bem jurídico também é maior.
Atente que não há razão de se recorrer ao princípio da alternatividade, visto que a pena cominada ao
delito de racha ou exibicionismo – com a Lei n. 12.791/2014 – é a mesma prevista ao delito de embria-
guez ao volante (detenção, de seis meses a três anos).
A prática jurisprudencial, porém, reserva soluções opostas, seja reconhecendo que o delito
de embriaguez ao volante absorve o delito de racha, seja proclamando um concurso real, é dizer,
excluindo o aparente conflito normativo. veja-se:
Não há concurso aparente de normas incriminadoras, mas um concurso real, entre os crimes
dos arts. 307, caput e 308, ambos do CTB. Neste contexto, dá-se o concurso formal próprio. Já não é
o mesmo com o crime do parágrafo único do art. 307 do CTB, quando o concurso será material
(MITIDIERO, 2015, p. 1363).
O fato de dirigir sem habilitação não constitui fase normal para a execução do delito de
participação em racha ou exibicionismo, de sorte que não se pode falar do princípio da absorção na
resolução do conflito entre os crimes dos arts. 308 e 309 do CTB. No entanto, sendo ambos delitos
de perigo concreto e com idêntico objeto de tutela, deve-se recorrer ao princípio da subsidiariedade,
de forma que a normativa primária (art. 308) prevalece sobre a norma subsidiária (art. 309). No
presente caso, aplicar-se-á a agravante genérica do inc. III do art. 298 da Lei n. 9.503/1997.
11
A respeito das distintas classes dos crimes de perigo abstrato, veja-se: De Bem (2015, p. 334-351).
Por último, como a participação em racha (corrida, disputa ou competição não autorizada)
pressupõe que os agentes trafeguem em velocidade excessiva, o crime do art. 311 do CTB, desde que
a conduta se realize nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque ou de desembar-
que, logradouros estreitos, ou onde haja um grande movimento ou concentração de pessoas, deverá
ser absorvido pelo delito do art. 308 do mesmo Codex.
O crime de participação em racha perdeu o rótulo de infração penal de menor potencial ofen-
sivo com a promulgação da Lei n. 12.971/2014, quando a pena máxima cominada foi elevada para três
anos. Com efeito, já não é mais possível a oferta de transação penal pelo representante ministerial
(art. 76 da Lei n. 9.099/1995), porém, satisfeitos os requisitos, admite-se a suspensão condicional do
processo (art. 89).
Cumulativamente se impõe a sanção de multa (CP, art. 49) e a pena acessória consistente na
suspensão ou proibição de se obter a Permissão ou a Habilitação para dirigir um veículo automotor, cujo
prazo poderá variar entre dois e cinco anos (CTB, art. 293). A última sanção, como reiteradamente já se
destacou (DE BEM, 2015, p. 41-43), não pode ser aplicada aos motoristas que já possuam a CNH definitiva.
88 Também com a promulgação da Lei n. 12.971/2014, foram tipificadas formas distintas de qua-
lificação do delito ou, se preferirem, duas espécies preterdolosas12. Em outros termos, na seara espacial
da participação em racha, o resultado concreto poderá ir além do que os agentes pretendiam inicial-
mente, é dizer, a implicação final da conduta pode extrapolar o intento inicial dos agentes de unica-
mente participarem de competição automobilística não autorizada. Significa dizer, em termos
precisos, que poderá ocorrer um evento concreto lesivo ou fatal (art. 308, § 1º e § 2º).
Quando a lesão corporal será de natureza grave? Não é possível saber com segurança o que
o tipo qualificado pretende castigar e, dado que o próprio legislador afastou que o consequente
resultado da participação em racha ou exibicionismo seja doloso, ou seja, que o desvalor do resultado
lesivo não poderá ter sido querido pelo agente e tampouco a ele ter anuído, talvez não seja prudente
– ou mesmo, seja totalmente equivocado – a importação automática das hipóteses de lesão corporal
grave previstas no Código Penal (art. 129, §§ 1º e 2º). Quiçá o silêncio na doutrina, mesmo daqueles
com maior popularidade, decorra de o fato da indeterminação legal implicar possível declaração
incidental de inconstitucionalidade.
12
Nega se tratar de crime preterdoloso: Mitidiero (2015, p. 1376). Para o autor, no § 1º do art. 308, há tipificação do crime de
lesão corporal culposa grave qualificado pela conduta consistente participação em racha, e no § 2º do mesmo dispositivo, o
crime de homicídio culposo qualificado pela dita conduta de racha. O autor ressalva, porém, que ambos foram equivocadamente
alocados em local impróprio.
De outra banda, embora seja quase impossível realizar-se uma interpretação coerente dos
dispositivos do CTB, pois a legislação, diante de tantas revisões, está totalmente retalhada, é dever
debruçar atenção ao proposto por Nei Pires Mitidiero, no sentido da previsão constante do § 1º do
art. 308 do CTB não constituir um tipo preterdoloso, senão crime de lesão corporal culposo qualificado
pela participação do agente em disputa, corrida ou competição automobilística não autorizada13.
Há uma grave consequência que não foi observada pelo autor e, imagina-se, tampouco foi
pretendida pelo legislador, relacionada ao fato de, tratando-se de crime de lesão corporal culposa
qualificada, a atuação do Ministério Público dependerá de manifestação do ofendido pela represen-
tação (art. 88 da Lei n. 9.099/1995). Logo, se o ofendido não mostrar interesse na provocação da
jurisdição, o representante do Parquet, único titular da ação penal, ficará com as mãos atadas, sem
poder agir. Sem a representação, não haverá autorização para proposição da ação penal.
Não haveria coerência na tratativa do crime do art. 308, caput do CTB, como de ação penal
pública incondicionada e, outro delito, neste caso, de lesão corporal culposa, quando decorrente da
realização do racha e, portanto, sua qualificadora, depender de condição específica à propositura da
ação penal, mesmo com penas cominadas muito maiores. A pergunta é retórica: qual sentido endu-
recer as margens penais e, simultaneamente, exigir-se uma representação pelo ofendido? 89
No contexto indicado, verificando-se o resultado qualificador, o participante do racha será
punido com reclusão, de três a seis anos. Nota-se, assim, mudança não só quantitativa, senão igual-
mente qualitativa na sanção cominada. Estas alterações poderão ensejar, respeitados alguns requisi-
tos, possível início de cumprimento da privação de liberdade no regime fechado.
A incidência do art. 308, § 2º, do CTB, na redação da Lei 12.971/2014, que se refere ao crime de
disputa automobilística não autorizada, só é possível se comprovado que as circunstâncias
demonstram que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo. Havendo,
em princípio, dolo eventual, a questão somente poderá ser aferida pelo órgão competente,
isto é, o Tribunal do Júri, considerando a fase em que se encontra o referido processo, em
que vige o princípio in dubio pro societate15. (STJ, 5ª Turma, AgRg no REsp n. 1320344/DF, rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe 01/08/2017)
13
Mitidiero (2015, p. 1378) aduz literalmente que “na realidade, um tipo penal que se contém noutro não pode ser tachado de
qualificado por este. Isso ressai juridicamente inconcebível. é o contrário que se dá. O contido é que qualifica o que o contém”.
14
Antes da promulgação da Lei n. 13.281/2016, o conteúdo desta circunstância estava previsto de forma quase idêntica no § 2º
do art. 302 do CTB, por ela revogado, e que fora introduzido pela Lei n. 12.971/2014.
15
Seria realmente possível falar do (princípio) in dubio pro societate? é questão essencial, mormente quando a doutrina mais
tradicional ainda o sustenta (na fase de pronúncia), mesmo sem fundamento legal e/ou base constitucional. é justamente na
seara do trânsito que esta questão se apresenta mais presente, pela sutil diferença entre as figuras do dolo eventual e da culpa
consciente. A propósito, vale registrar recente decisão do Supremo Tribunal Federal, com revisão de entendimento (ARE n.
1.067.392/CE, 2ª Turma, rel. Gilmar Mendes), inadmitindo-o.
Não existe dúvida de que quem dirige de forma irresponsável, imprimindo velocidade exces-
90 siva a seu veículo, em plena rodovia, prevê como possível a ocorrência de um abalroamento,
mas aceita esse resultado, preferindo realizar a conduta e causar o possível dano, a dela
desistir. (TJMG, 4ª C.Crim., APL n. 10394170008848002, rel. Des. Fernando Caldeira Brant, DJ
14/11/2018)
No julgado da Suprema Corte, traçou-se a diferença entre o dolo eventual e a culpa consciente
a partir de um elemento volitivo (DE BEM; MARTINELLI, 2018, p. 107). Porém, diante da impossibilidade
de se penetrar na psique dos agentes, constatou-se a indiferença dos condutores à preservação das
vidas alheias considerando as circunstâncias objetivas do caso concreto, motivo pelo qual a ordem
não foi concedida para fins de alteração da capitulação da exordial para o crime de homicídio
culposo16.
Já se destacou que a dicotomia entre dolo eventual e culpa consciente é uma questão
tormentosa em Direito penal. E muito disso se deve, repita-se, pela adoção de teoria volitiva, por-
quanto, ainda que não se outorgue aos agentes a competência de definição da questão – se agiu com
dolo eventual ou culpa consciente –, o recurso à valoração das circunstâncias do caso concreto para
afirmar se houve uma aprovação interna pelos mesmos no resultado fatal – o que afastaria o atual
16
Quando do julgamento no STF, destaque-se, não havia a forma qualificada do § 2º do art. 308 do CTB, inserida apenas com a
promulgação da Lei n. 12.971/2014, de 9 de maio.
Na temática do racha, fator que colabora com a aplicação dos postulados da teoria volitiva e,
com efeito, da afirmação do dolo eventual em situações com morte, refere-se à chamada juridicização
da opinião pública. A enorme influência midiática alcança o Poder Judiciário. Esta pressão, salvo raras
exceções, promove uma ruptura com a boa técnica jurídica que deveria ser empregada pelos juízes.
Com fidúcia, afirmava José Henrique Pierangeli (2006, p. 393), que “bem se disse que quando a emoção
está no seu máximo, o direito está no seu mínimo”. A demagogia televisiva diária não pode ganhar
espaço nos tribunas, pois, na esteira de Bitencourt (1995, p. 118), “o Direito penal não serve como pa-
naceia de todos os males”.
À margem da utilização deste recurso não jurídico, neste contexto, a distinção entre ambas
as categorias deve priorizar um plano cognitivo, pois, como menciona Rolf Herzberg (apud PUPPE,
2004, p. 79), “não interessa se o autor levou a sério um perigo conhecido, o que interessa é se ele
conhece um perigo que deveria ser levado a sério”.
O Supremo Tribunal Federal, embora em tempo mais pretérito, enfatizou que “as inúmeras
campanhas realizadas, demonstrando o perigo da direção perigosa e manifestamente ousada, são
suficientes para esclarecer os motoristas da vedação legal de certas condutas, como o racha. Se,
apesar disto, continua o condutor do veículo a agir desta forma nitidamente arriscada, estará
demonstrando o seu desapego à incolumidade pública, podendo responder por delito doloso” (1ª
Turma, HC n. 71.800-1/RS, rel. Min. Celso de Mello, DJ 20/06/1995).
Os agentes conhecem que a participação em uma corrida contra outro veículo gera intenso e
direto contexto de perigo, pois o automotor vira uma arma letal em suas mãos. é uma competição em
17
Ninno (1997, p. 211), informa que “o racha automobilístico é conduta extremamente perigosa como violenta, tanto para os
que dele participam como para terceiros que se encontram em seu trajeto. Pressupondo antagonismo, competição, seus au-
tores abusam da velocidade e de manobras arriscadas em detrimento da incolumidade própria e de transeuntes”.
Também é possível defender que a reprovação subjetiva seja dolosa, porque, mesmo cons-
cientes do perigo, os agentes, durante a competição, corrida ou disputa não autorizada, potencializam
os riscos, acelerando os veículos para atingir uma velocidade ainda maior que apenas é rompida com
o trágico desfecho. A velocidade inadequada é intrínseca à competição. O perigo é intenso, perten-
cente ao âmbito do dolo, pois, aliado a outras circunstâncias (carros emparelhados, obstáculos na
pista etc.), a superação do limite de velocidade não é pequena. Existe um perigo doloso manifesto
em razão da exorbitante velocidade empreendida pelos agentes.
Um setor da doutrina penal, porém, afasta o dolo eventual, pois, do contrário, implicaria
admitir que os agentes seriam indiferentes à própria morte. Para Nélson Hungria (1958, p. 544), por
exemplo, “se estes (os denunciados) houvessem previamente anuído a tal evento, teriam, necessa-
riamente, consentido de antemão na eventual eliminação de suas próprias vidas, o que é inadmissível.
Admita-se que tivessem previsto a possibilidade do acidente, contudo, evidentemente, confiariam
em sua boa fortuna, afastando de todo a hipótese de que ocorresse efetivamente. De outro modo,
estariam competindo, in mente, estupidamente, para o próprio suicídio”18.
O equívoco desta tese doutrinária, a nosso juízo, radica justamente na outorga do poder de
decidir se agiu dolosa ou culposamente ao agente. Mesmo conduzindo em velocidade exorbitante,
como participante do racha, destacaria que confiava em um final feliz. A solução ainda é passível de
crítica sob outro aspecto, de sorte que desconsidera que os “pilotos” estão dispondo de suas vidas
conscientes do que lhes pode suceder. Há contexto de autocolocação em perigo. Finalmente, esta
vertente acentua com maior relevo as consequências prejudiciais à vida dos condutores do que à vida
das vítimas, inocentes, tragicamente mortas em um não acidente.
Diante do exposto, não parece ocorrer uma transmudação automática de dolo de perigo
coletivo para dolo de dano individual, pois, este, na modalidade eventual, pode ser demonstrado já
antes de iniciada a competição automobilística (racha) não autorizada, pois, primeiro, há deliberado
intento de competir e, a partir deste acordo, de antemão sabem que apenas um sairá vencedor e, para
tanto, será aquele que imprimir maior velocidade ao veículo; previamente sabem que lado a lado po-
derão colidir os veículos automotores; e, antecipadamente, têm consciência de que mero imprevisto
poderá levar a um resultado fatal. Porém, por egoísmo, não renunciam à conduta. Por emulação, des-
consideram as consequências negativas desta conduta. O perigo comum deve ser considerado, com
efeito, como qualificadora do crime de homicídio doloso tipificado no Código Penal (art. 121, § 2º, Iv).
18
Roxin (1997, p. 426), adota o mesmo raciocínio, mas para o contexto de desrespeito à preferencial. Wunderlich (1999, p. 32),
aduz: “acreditamos, sinceramente, que, ao colocar a sua própria vida em jogo, o agente que colide seu veículo contra o de ou-
trem, não poderia, num raciocínio óbvio, consentir ou anuir com o resultado. Impossível haver consentimento, anuência, pelo
simples fato de que se o agente concordasse com o resultado morte da vítima, estaria ao mesmo tempo consentindo com a
sua (possível e também provável) morte”. Ainda contrário à tese do dolo eventual, inclusive aventando a necessidade de pro-
posição em lei de figura típica específica: Almeida (2012, p. 94-96).
Apenas deve-se considerar manifestamente contrária à prova dos autos a decisão dos jurados
que se dissocia, integralmente, de todos os seguimentos probatórios aceitáveis dentro do
processo, nos termos da Súmula 28 do Grupo de Câmaras Criminais do TJMG. A conduta social
desajustada daquele que, agindo com intensa reprovabilidade ético-jurídica, participa, com
seu veículo automotor, de inaceitável disputa automobilística realizada em plena via pública,
desenvolvendo velocidade exagerada, enseja a possibilidade de reconhecimento do dolo
eventual inerente a esse comportamento. (TJMG, 4ª C.Crim., APL n. 10394170008848002, rel.
Des. Fernando Caldeira Brant, DJ 14/11/2018)
93
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, embora de forma sintética, algumas notas conclusivas são relevantes. A
tutela penal do art. 308 do CTB recai sobre a disponibilidade da vida e da integridade física de terceiros
ou do patrimônio alheio de considerável valor. é um crime pluriofensivo, de perigo concreto, podendo
ser praticado por qualquer pessoa imputável, sempre em autoria plúrima. Com efeito, é dever com-
provar que a conduta de dois ou mais agentes gerou, efetivamente, perigo aos bens tutelados.
As formas qualificadas da infração, inseridas por meio da Lei n. 12.971/2014, trazem algumas
dificuldades dogmáticas. No que tange ao § 1º do art. 308 do CTB, a celeuma se refere aos contextos
de lesão corporal de natureza grave não descritos pelo legislador, ensejando, assim, violação ao prin-
cípio da legalidade no aspecto da determinação ou certeza. Em relação à modalidade do § 2º do art.
308, por sua vez, não se deve primar pelo afastamento automático do dolo eventual.
ABREU, Waldyr de. Direito penal do trânsito. Rio de Janeiro: Forense, 1980.
ALMEIDA, Fernando. Acidente de trânsito com morte: culpa consciente ou dolo eventual? Revista
Magister de Direito Penal e Processual Penal, Porto Alegre, v. 8, 2012.
ARAúJO, Marcelo Cunha; CALHAU, Lélio Braga. Crimes de trânsito. 2. ed. Niterói: Impetus, 2011.
BOTTINI, Pierpaolo Cruz. Crimes de perigo abstrato. 2. ed. São Paulo: RT, 2011.
BUOMPADRE, Jorge Eduardo. Seguridad vial y Derecho penal: los nuevos delitos vinculados al tránsito
automotor (Ley 27.347/2017). Buenos Aires: Revista Pensamiento Penal, 2017.
DE BEM, Leonardo Schmitt. Direito penal de trânsito. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
DE BEM, Leonardo Schmitt; MARTINELLI, João Paulo Orsini. Considerações críticas sobre a Lei n.
94 13.546/2017. Revista do Ministério Público do Estado de Goiás, Goiânia, n. 35, p. 95-116, 2018.
DELMANTO, Roberto et al. Leis penais especiais comentadas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
GÓMEZ PAvÓN, Pilar. El delito de conducción bajo la influencia de bebidas alcohólicas, drogas tóxicas o
estupefacientes. 5. ed. Barcelona: Bosch, 2015.
JESUS, Damásio de. Código penal anotado. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
JOFFILY, Tiago. O resultado como fundamento do injusto penal. Florianópolis: Empório do Direito, 2016.
MITIDIERO, Nei Pires. Crimes de trânsito e de circulação extratrânsito: comentários à parte penal do
CTB. São Paulo: Saraiva, 2015.
NINNO, Wilson. Racha, dolo eventual. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, v. 5, n. 19, p.
211-214, 1997.
PIERANGELI, José Henrique. A morte no trânsito: culpa consciente ou dolo eventual? Escritos jurídico-
penais. São Paulo: RT, 2006.
PUPPE, Ingeborg. Dolo eventual e culpa consciente. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo,
n. 58, 2006.
ROXIN, Claus. Derecho penal: parte general. 2. ed. Madrid: Civitas, 1997.
ROXIN, Claus. Novos estudos de Direito penal. São Paulo: Marcial Pons, 2014.
SCHÜNEMANN, Bernd. El principio de protección de bienes jurídicos como punto de fuga de los límites
constitucionales de los tipos penales y de su interpretación. In: HEFENDEHL, Roland (coord.). La teoria
del bien jurídico: ¿Fundamento de legitimación del Derecho penal o juego de abalorios dogmático?
Madrid: Marcial Pons, 2007. p. 197-226.
TAZZA, Alejandro. Picadas ilegales: creación de un delito contra la seguridad del tránsito vehicular.
Penal II MDQ, Buenos Aires, 30 set. 2010. Disponível em: http://penaldosmdq.blogspot.com/2010/09/el-
delito-de-picadas-ilegales-art-193.html. Acesso em: 29 ago. 2019.
vENEZIANI, Paolo. Trattado di Diritto penale: I delliti culposi. Milano: Antonio Milani, 2009.
WUNDERLICH, Alexandre. O dolo eventual nos homicídios de trânsito: uma tentativa frustrada. In:
BITENCOURT, Cezar Roberto (org.). Crime & Sociedade. Curitiba: Juruá, 1999. p. 15.
95