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Blucher
MARCO AURÉLIO (REMASCO
Blucher
Operações unitárias em
sistemas particulados e
fluidomecânicos
Marco Aurélio Cremasco
Operações unitárias em
sistemas particulados e
fluidomecânicos
i'
1
Blucher
Operações unicârlas em s/sremus partiw/atJos e
{luitJomecânicos
(O2012 Marco Aurélio Cremasco
Apresentação
Editora Edgard Blucher ltda.
abordados a partir do segundo capítulo, em que há uma revisão básica de mecâ- pode ser utilizada em cursos de graduação e de pós-graduação, sendo neste, em
rúca de fluidos, seguindo-se os capítulos relativos a bombas e compressores, até o especial, em tópicos relativos a sistemas particulados. Por via de consequência,
quinto capítulo, no qual se apresenta a operação de agitação de líquidos. Inclui-se a este livro pode ser utilizado como material de apoio na formação de profissionais,
agitação como um dispositivo fluidornecânico, na medida em que, para um sistema assim como pelos já profissionais de engenharia química, de alimentos, mecãrúca,
agitado, adiciona-se energia com o objetivo de promover mistura. agrícola, de alimentos, de produção, mecânica, química tecnológica, entre outras
Já nos sistemas particulados existe a preocupação relativa ao entendimento profissões.
fenomenológico da interação sólido-fluido e sólido-sólido, envolvendo ou não o
efeito de dispositivos fluidomecârúcos. Os sistemas particulados estão, portanto,
presentes na caracterização de particulados, na dinâmica da partícula isolada, na Marco Aurélio Cremasco
fluidodinâmica da mistura fluido-partícula, assim como na separação de particula-
dos, no escoamento de fluidos através de leitos fixos e móveis de partículas; flui-
dização, transporte pneumático e hidráulico de sólidos, sedimentação e filtração.
As operações urútárias referentes aos sistemas particulados são apresentadas
do Capitulo 6 ao 14, sendo que no sexto capitulo introduz-se a caracterização de
partículas, tais como porosidade, diâmetro, esfericidade e distribuição granulomé-
trica. No Capítulo 7 expõe-se a fluidodinâmica de uma partícula isolada, na qual se
apresentam conceitos sobre velocidade terminal, coeficientes de arraste e força re-
sistiva. No Capítulo 8 são apresentadas técrúcas de separação de particulados ten-
do como fundamento a trajetória da partícula. Tais técrúcas são baseadas na ação
gravitacional, corno é o caso de elutriação e câmara de poeira, e na ação centrífu-
ga, em que se aborda a separação mecânica utilizando-se equipamentos ciclônicos
(ciclones e hidrociclones). Estuda-se, no Capítulo 9, a fluidodinâmica de sistemas
particulados a partir da definição de concentração de partículas, bem como da
apresentação da teoria das misturas da mecânica do contínuo, visando à obtenção
das equações da continuidade e do movimento para as fases fluida e particulada em
uma dada mistura. São tais equações que possibilitarão a introdução da fluidodinã-
mica afeita às operações unitárias que seguirão nos capitulas subsequentes, como
o Capítulo 10, no qual se trata do escoamento de fluidos em leitos fixos e colunas
recheadas; no Capítulo 11, em que a fluidização , homogênea e heterogênea, é es-
tudada, incluindo o contato em leito de jorro; no Capítulo 12, em que se apresenta
o transporte de sólidos por arraste de fluidos, ou seja, os transportes pneumático
e hidráulico. Os dois últimos capítulos referem-se ao escoamento de sólidos em
meios deformáveis relativos à sedimentação e à filtração.
A proposta deste livro é a de apresentar, de forma simultânea, a formulação bá-
sica dos fenômenos que aparecem nas operações urútárias relativas ao transporte
de quantidade de movimento, como também a sua imediata aplicação tecnológica.
São fornecidos, ao longo dos capitules, exemplos resolvidos para que o leitor (em
particular o estudante) possa complementar o seu estudo. Apresenta-se, também,
no finai do livro, um conjunto de exercícios com os respectivos resultados.
Tendo em vista o formato apresentado neste livro, esta obra cobre boa parte
da ementa normalmente proposta para a disciplina Operações urútárias I (ou à
semelhança) a qual envolve o manuseio de particulados (sem transformação quí-
mica e sem os efeitos de fenômenos de transferência de calor e de massa e daque-
les processos que exigem o conhecimento de termodinâmica). A obra, portanto,
1
h
Para
Solange Bonilha Ribeiro Cremasco,
minha esposa
Conteúdo
1.1 Introdução
É fundamental para o(a) profissional de engenharia e de tecnologia com-
preender a natureza de um processo produtivo, desde aspectos microscóp'icos (pro-
priedades físico-químicas da matéria envolvida em etapas de produção; grandezas
termodinâmicas e fenomenológicas etc.), até aspectos macroscópicos (balanço de
maté ria e de energia, detalhamento de equipamentos e acessórios, instrumentação
etc.). Assim, um dos elementos-chave na formação e na atuação desse(a) profis-
sional é a compreensão do processamen to de uma determinada matéria-prima para
obter certo produto, conforme esquematizado na Figura 1.1.
Transformação · •Produto - •
Matéria-prima . ' ~
1.2 Processo
Ao se observar as Figuras 1.1 e 1.2, constata-se que existe um processo, ou
seja, uma atividade (Figura l. l ) ou um conjunto de atividades (Figura 1.2) em
que houve um input (matéria-prima) para o qual foi agregado determinado valor
(materiais e equipamentos utilizados no tratamento de água), de modo a gerar
um output (produto) a um cliente (consumidor). De modo mais formal, define-
-se processo como um conjunto de atividades realizadas em sequência lógica
com o objetivo de produzir um bem de consumo (ou de serviço) para atender as
necessidades dos stakeholders, os quais são eis vários públicos associados aos
processo produtivo e de consumo. Processo é um conceito fundamental no proje-
to dos meios de uma empresa que pretende produzir e entregar seus produtos e/
ou serviços aos stakeholders. A análise dos processos no locus de produção (in-
f) dústria, universidade, laboratório etc.) implica identificar as diversas dimensões
Filtração
envolvidas em tal produção: fluxo (volume por unidade de tempo) , sequência de
atividades, esperas e duração do ciclo, dados e informações, pessoas envolvidas,
relações e dependências entre as partes comprometidas no funcionamento do
processo.
Shereve e Brink (1977) mencionam que, dentro da indústria quúnica, o pro-
Rede de cessamento tem por base a conversão quúnica (ou reação), como na manufatura
~ .J'fL~=!I\ distribuição do ácido sulfúrico a partir do enxofre, bem como o processamento baseado tão so-
Adução de mente na modificação física, como é o caso da destilação para separar e purificar
água tratada
frações de petróleo. Seja qual for a natureza da transformação (química e/ou física)
Q da matéria-prima, pode-se entender o processamento químico segundo elementos
Tanque de industriais a ele relacionados. Torna-se, desta feita, fundamental o conhecimento
distribuição Tanque de
água tratada distribuição
e beneficiamento (físico e/ou químico) da matéria-prima bruta, para caracterizá-la
.___ __ ___1 água tratada com o objetivo de determinar propriedades físicas e/ou quúnicas utilizando-se en-
saios de desempenho. É importante conhecer o estado físico das matérias-primas
Figura 1.2 Processo simplificado de tratamento de água
(baseada em 02 Engenharia e Saneamento Ambiental, 2011 ). brutas e beneficiadas para verificar a necessidade de embalagem e mesmo de esto-
cagem desse material. Depois de se processarem as matérias-primas por meio de
1. rete~ção mac:oscópi~a de sólidos utilizando-se dispositivos de conten ão· equipamentos adequados de operação unitária e/ou reatores químicos, obtêm-se
2. sucçao (aduçao) da agua bruta ao reservatório de água bruta· ç ' os produtos desejáveis ao mercado e aqueles que podem retornar ao processo. Tal
3. b~m~eamento da água bruta a um reservatório de coagulaçã~ com agita- descrição está ilustrada nojf:uxograma presente na Figura 1.3. Aqui, pode-se re-
çao ~t_ensa, no qual adicionam-se agentes fioculantes como ~ sulfato d tomar a obra de Shereve e Brink ( 1977), na qual se encontra a definição defluxo-
alunuruo, AMS0 4) 3; e grama como: uma sequência coordenada de conversões químicas e de operações
4. transporte da água bruta a um floculador· unitárias, expondo, assim, aspectos básicos do processo químico. Indica os pontos
5. ~ocul!dores, qu: são tanques com agitação suave, nos quais existe a aglu- de entrada das matérias-primas e de energia necessárias às etapas de transforma-
tmaçao das part1culas para facilitar a posterior decantação· ção e também os pontos de remoção do produto e dos s·ubprodutos.
6. transporte da água ~oculada a um decantador (clarificado;, no caso) para
promover a separaçao de aglomerados de partículas·
7. t~~sporte da água clarificada a um filtro para reter ~articulas d 1.3 Operações unitárias
diametros; e menores
8. transporte ~e águ~ ~trada a um tanque agitado no qual existe adição de Ao se observar a Figura 1.1 nota-se uma etapa intermediária entre a matéria-
agen~es ant1patogerucos, como a cloração e a fiuoretação; -prima (água bruta) e o produto (água tratada). Essa etapa, por sua vez, é caracte-
9. aduçao de água tratada a um tanque de distribuição· rizada por diversas atividades ou etapas de tratamento, como pode ser notado por
10. bombeamento de água tratada à rede de distribuiçã~. inspeção da Figura 1.2. Tais etapas de tratamento, em acordo com o fluxograma
22 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecânicos 1 - Introdução às operações unitánas
23
aprese~tado na Figura 1.3, são de naturezas física e/ou química. Ao identificar-se Dessa maneira, propõe-se a seguinte defuúção para operações unitárias:
deterrrunado tratamento ou etapa de processo como sendo de natureza física
tem-se uma operação unitária. ' Operações unitárias constituem-se de etapas individuais, visando ao tratamento e/
ou separação e/ou transporte físico de matéria e/ou energia, presentes em um pro-
cesso (bio)químico. Este, por sua vez, diz respeito à transformação (bio)química e/
ou física, qualquer que seja a escala, de uma detenninada matéria-prima em um pro-
Matéria(s), duto de valor agregado. Classificadas como conhecimentos tecnológicos, as técnicas
prima(s) das operações unitárias são baseadas nas ciências da engenharia, principalmente em
bruta(s) fenômenos de transporte, o que permite que uma determinada operação unitária,
1 ainda que presente em distintos processos (bio)químicos, mantenha sua unicidade
t
/ Tratamento(s) ~ ~
1
e características, independentemente da natureza (bio)química dos componentes
envolvidos e do processo (bio)químico em si.
~ li
Benelici.lmento Anfües quimicas Processos
W Tratamento(s) Conformação
~
& preliminare(s) decormrsão posterior(es) - e/ou
Caracterizaçjo (bio)qulmica do(s) Embalagem
_0
Fisico p Químico tecnológica Purificador(esl Qualquer que seja o processo, este é constituído por passos, beneficiamento
extratiYo(s) físico ou etapas que são iguais em ou tros tipos de processos de transformação,
No recebimento
7.5
podendo ser analisados independentemente dos processos particulares em que es-
~
tejam inseridos, conforme ilustra o Quadro 1.1. Por exemplo, etapas ou operações
~~ica ffsic:m ' de evaporação, filtração, moagem e secagem poderiam ser estudadas independen-
~:m
~
~ IO(essol
J quimicos Física Qulmica temente do processo a que pertencem ou dos materiais a serem processados.
ViaµVia
úmida seca ~rocesm
químicos
foica Química
Ambiental Nan.al
Aqueooa Anidra
\__ Reciclagem
mtema
l1-....,_--1Iindustrializadofs)
RejeitQ!s)
Quadro 1.1 Operações unitárias presentes em alguns processos de produção
(CRE:MASCO, 2010)
Caracterização Re5friada Inerte
Criogenica l)rr,ija ~acessos que -envotv.em a prodição d~:
OperaçQes'-unitárias
~o~;~ica
naturais
(FJ (Q) Venda dÍ/eta
Anánses químicas
&
Caracterização
Evaporação Adesivos e selantes; Antibióticos; Fertilizantes; Fibras
artificiais; Verniz.
tecnológica
~
à reciclagem
externa Filtração Adesivos e selantes; Ácido sulfúrico; Antibióticos; Cerveja;
Na remessa Fibras artificiais; Resinas; Sabão; Tinta.
Ensaios de
desempenho
lFJ lQJ Moagem Adesivos e selantes; Adubos; Fertilizantes; Fibras artificiais;
para_vendad'irefà ,_
_ _ _ _ _ _ _ _! . __ _, Produto(s) Inseticidas; Perfumes; Resinas; Verniz.
Rejeito primáriQ 1
1 aoexterno
reddado( ' • ...........~c.:...1..t..)
w,n,:"'ª'WNUl>I
Secagem Adesivos e selantes; Adubos; Ácido sulfúrico; Antibióticos;
Conformação 1 Cerveja; Fármacos; Fertilizantes; Inseticidas; Papel; Resinas;
e/ou Sabão; Tinta.
Embalagem
' M{tériá(s),
~si As operações urútárias, geralmente, são vistas como aplicações tecnológicas
~S)r das ciências básicas (matemática, física, química e biologia) e ciências de enge-
fmbalagen\{sl.--: ~ nharia. No caso da engenharia química, por exemplo, as ciências que fundamen-
tam as operações unitárias são a termodinâmica e os fenômenos de transporte.
As ciências da engenharia quírcúca fornecem os suportes conceituais à aplicação
Figura 1.3 Fluxograma de um processo genérico (CREMASCO, 201 O).
técnica das operações unitárias, caracterizando-as como tecnologias da engenharia
química. A partir dessa relação entre ciência e tecn ologia, é possível classificar as
operações unitárias, tendo como base os principais fenômenos de transporte que
as fundamentam, con forme ilustra a Figura 1.4.
24 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomec3nicos 1 - Introdução às operações Unitárias 25
No Quadro 1.2 encontram-se as relações entre ciência e tecnologia, exemplifi- Quadro 1.2 Fenômenos de transporte e Operações unitárias (CREMASCO, 2010)
cadas por meio da vinculação entre algumas operações unitárias e os seus respecti- Encontrado na
vos fenômenos de transporte, assim como os produtos característicos da indústria falltlcaçã.O de:
química e correlatas nos quais estão presentes. Mecânica Sistemas Centrifugação Separação de líquidos utilizando- Fármacos.
dos fluidos fluidodinâmicos -se a força centrifuga, com a qual Resinas.
e particulados a fase mais pesada deste líquido
segue para a periferia do com-
Quantidade Transferência partimento, enquanto a fase mais
ele movimento de calor leve é concentrada no meio do
compartimento da centrífuga.
. é}:,.;(\~\ó·. ,
.,.
Princípi"os
de sistemas
fluidomecânicos
2.1 Introdução
A essência das operações unitárias associadas aos sistemas fluidomeçânicos é
a movimentação de matéria (fluido ou sólido e da mistura entre ambas). No caso
do transporte de fluidos, este normalmente ocorre no interior de tubulações, en-
tendendo-as como o conjunto formado por dutos (usualmente tubos), acessórios
(cotovelos, tês etc.) e dispositivos de controle de fluxo (válvulas). Esse tipo de
transporte é responsável pelo deslocamento de fluidos entre os tanques de estoca-
gem e as unidades de processamento nas plantas industriais e entre grandes dis-
tâncias, tais como minerodutos, oleodutos e gasodutos. O deslocamento de fluidos
é promovido por bombas, no caso de fluidos incompressíveis, e compressores (ou
ventiladores), no caso de fluidos compressíveis, os quais oferecem energia neces-
sária para que se promova tal escoamento. O dimensionamento desses equipamen-
tos depende do conhecimento das perdas de cargas ocasionadas nas seções retas e
nos acessórios que compõem o sistema de escoamento (tubulação) , bem corno da
própria natureza do fluido.
sendo -ro a tensão mínima de cisalhamento; k é o fndice de consistência; n, índice Fluidos não newtanianos e dependentes do tempo. Tais fluidos classificam-se
de comportamento do fluido. Os fluidos (líquidos) não newtonianos são classifica- em duas categorias: .fluidos tixotrópicos e reopécticos. Esses tipos de fluidos são co-
dos de acordo com a resposta, no tempo, que oferecem ao cisalhamento. muns, por exemplo, na indústria alimentícia. Osjluidos tia:otrópicos (ou afinantes)
apresentam estruturas que podem ser rompidas por ação cisalhante no tempo. Já os
Fluidos que não necessitam de tensão de cisalhamento inicial (,0) para
escoar. O modelo mais comum é aquele descrito pela lei da potência ou equação fluidos reopéctioos (ou espessantes) são capazes de desenvolver ou rearranjar tais
de Ostwald de Waele: estruturas enquanto são submetidos à tensão de cisalhamento constante.
(2.2)
2.3 Dinâmica do escoamento de fluidos
Na situação em que n = l na Eq. (2.2) têm-se osfluidos newtonianos, nos
O entendimento do escoamento de fluidos passa, necessariamente, por balan-
quais o índice de consistência k é identificado à viscosidade dinâmica µ,. Neste
ços de massa e momento aplicados ao desenvolvimento de equações apropriadas
caso, a Eq. (2.2) é posta segundo
para os fenômenos a serem analisados. Essa análise pode, em princípio, englobar
(2.3) regimes transientes ou permanentes, assim como geometrias complexas (bi e tri-
dimensionais) ou simples (unidimensionais). A descrição da fluidodinãmica, em
Os fluidos que apresentam -r0 = Oe n "' l são classificados em pseudoplásticos
termos de modelos matemáticos, dá-se por meio das equações de conservação da
ou di latantes de acordo com o valor de n. Quando o valor de n for menor do que
massa (continuidade) e as equações do movimento (momentum).
l têm-se osfluidos pseudoplásticos. Para n maior do que 1, são ditosflui dos di-
latantes. No comportamento pseudoplástico, a consistência do fluido (k) diminui
com o aumento da taxa de cisalhamento. Esse comportamento, como no caso de 2.3.1 Equação da continuidade para um fluido homogêneo
suspensões em que existem sólidos dispersos (suspensão de leveduras, por exem-
A partir de uma determinada propriedade volumétrica 1J!(x, t) associada a uma
plo), deve-se a fatores como: características físicas das partículas, área superficial,
mistura, o teorema do transporte de Reynolds pode ser escrito tal como'se segue
forma e dimensão das partículas, tipo de atração entre as partículas, concentração
(DAMASCENO, 2006; AROUCA, 2006):
de partículas, massa molar e conformação do Hquido em que as partículas estão
suspensas. Dentre esses fatores, o tipo de interação entre o liquido e a partícula
é o principal responsável pelo aparecimento da pseudoplasticidade. Já o compor- !!._ III 1/J[x (t),t ]dV = III éJ1/) l"< dV + II (-1/m ) · n dS (2.6)
Dt at
tamento da dilatância é marcado pelo aumento da consistência do fluido (k). O
comportamento é típico de suspensões com alta concentração de sólidos. Para em que t é o tempo, Vé o volume, x é o vetor posição, u é o vetor velocidade da fase
que exista o escoamento da suspensão, é necessário que o líquido escoe entre os fluida e n é o vetor normal-unitário à s uperfície S. O primeiro membro da Eq. (2.6)
espaços vazios entre as partículas, o que é relativamente fácil para baixas tensões apresenta as variações da grandeza 1µ segundo a concepção de Lagrange, cuja de-
de cisalhamento. Para altas taxas de cisalhamento, tal fluidez é dificultada pelo au- rivada substantiva (D!Dt) indica a variação da propriedade 1J1 com o tempo, toman-
mento do número de colisões entres as partículas, elevando, com isso, a consistên- do-se como base um referencial que acompanha as partículas de fluido; enquanto o
cia do fluido. Quanto mais próximas as partículas estiverem uma das outras, maior segundo membro da Eq. (2.6) apresenta as variações dessa mesma propriedade 'IJI
será o efeito da dilatância do fluido. com relação à coordenadas espaciais fixas (concepção de Euler) . Para o caso espe-
cífico do contato monofásico, na qual um fluido no interior de um volume material
Fluidos que necessitam de uma tensão inicial (-r0) para escoar. Os mode-
se move com velocidade u , admitindo-se que não ocorre reação química, bem como
los mais simples dessa categoria são os plásticos de Bingham, que apresentam
considerando-se a grandeza volumétrica como sendo aquela equivalente à massa
relação linear entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação, após vencer a
específica (ou densidade) , ou seja 1J1 = p, a Eq. (2.6) é posta na forma
tensão de cisalhamento inicial (-r0).
em que J-1,p é viscosidade dinâmica plástica. Admitindo-se sistema fechado (não ocorrem entradas ou saídas de material no
Os fluidos Herschel-Bulkley, por sua vez, apresentam o comportamento tipo volume material), tem-se a nulidade para o primeiro membro da Eq. (2.7), a qual
lei da potência com tensão de cisalhamento inicial, ou seja é retomada como
(2.5)
IJI apat ~ dV + Jf ( pu) · n dS = O (2.8)
32 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomec~nicos 2 - Princípios de sistemas flu,domecànicos 33
Aplicando-se o teorema da divergência de Gauss, em que se transformam inte- Forças de supeifície (F5 ) : são as forças de superfície que atuam sobre o fluido
grais de superfície em integrais de volume e vice-versa, II (pu) ' ndS = JIIv' pudV, presente no elemento de volume de controle considerado e que, normalmente, são
obtém-se identificadas por contato físico, por meio das fronteiras do elemento de volume.
Tais forças são descritas tal como se segue
(2.9)
(2.16)
Tendo em vista dV"' O, a Eq. (2.9) é reescrita como
ap. - sendo T o tensor tensão exercido em um fluido e expresso por composição entre a
- +V·pu =O (2.10)
at pressão, p, exercida no fluido e a tensão extra ou dinâmica ou viscosa, -r, na forma
A Eq. (2.10) representa a equação conservativa da continuidade. Em se
tratando de fluido incompressível, p = cte, resulta-se da Eq. (2.10) T =-pi+-. (2.17)
v- u = o (2.11) I é o tensor identidade. No caso da tensão viscosa, -., para um fluido newtoniano,
tem-se
2.3.2 Equação do movimento para um fluido homogêneo
A equação do movimento para um sistema monofásico também pode ser obtida (2.18)
por intermédio do teorema do transporte de Reynolds, Eq. (2.6), bastando fazer
nesta 'tfl = pu , de onde resulta
lembrando queµ é a viscosidade dinâmica; vur
é o tensor gradiente transposto
de velocidade. Por via de consequência, o somatório das forças que atuam sobre o
i fff pudV = JJIª(:u)lx dV + IJ(puu)·ndS (2.12) fluido, já considerando a Eq. (2.17), será
o termo do lado esquerdo da Eq. (2.22) é retomado como O termo entre parêntesis na Eq. (2.30) é reconhecido como energia mecâni-
ca específica, e111, ou
a
-(pu)
at
-
+V·(puu)= (ªuat
- + u ·Vu +u -+u·'vpu - ) (ªPat - ) (2.2-3) (2.31)
-
p
= cte
e =
L
JC
!!:._ ___e_ ds
T 8 Area
(2.45)
(2.39)
p6 1
(2.49)
(2.43)
Uma informação importante em relação ao coeficiente de tensão viscosa ou de
dissipação viscosa, C-r, é que ele também é conhecido como coeficiente de dissi-
A Eq. (2.43) é o ponto de partida para a obtenção da equação característic a pação viscosa de Moody; e associa-se a outro coeficiente, de mesma interpretação
de compressore s (Capítulo 4), ou seja, está associada à energia transferida ao gás física, conhecido como fator de atrito de Fanning, segundo
para movimentá-lo de uma seção (1) à seção (2) de uma determinada tubulação na
CT
qual escoa esse gás. f • - (2.50)
4
Dessa maneira, as Eqs. (2.45) e (2.49) podem ser expressas em termos do
2.5 Atrito mecânico e perda de carga fator "f" por meio de, respectivame nte,
't'
No caso de se admitir que o fluido sujeito a um escoamento não é invíscido, é f • pu2 /2
fundamental o conheciment o do resultado da ação das forças cisalhantes, tendo (2.51)
em vista a presença da viscosidade do fluido. Os resulrados, usualmente, são ex-
pressos na forma do coeficiente de tensão viscosa, C-r, o qual é definido por 2L
el - 2Ju D (2.52)
e -pu2/2
~
T
(2.44) A equação de Darcy-Weisbach, em termos do fator de atrito de Fanning, ad-
vém diretamente da Eq. (2.52) ao dividi-la pela constante gravitacional,
Com esse coeficiente, obtém-se a força viscosa e a energia dissipada por unidade 2
de comprimento, que integrada fornece a energw mecânica perdida, de modo a hl = 2f gu DL (2.53)
2 - Princípios de sistemas fluidomecànicos
39
38 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecãnicos
Para os regimes de transição (2.100 < Re < 4.000) e turbulento (Re 2: 4.000) ,
Nota-se na Eq. (2.53) uma expressão para perda de carga, conforme anterior-
mente apresentada na Eq. (2.34). Por outro lado, para que se obtenham valores percebe-se uma dependência desse fato r tanto do número de Reynolds quanto
para a perda de carga, torna-se necessária a estimativa do fator de atrito de Fan- da rugosidade relativa. Essa dependência pode ser explicita na relação funcional
ning. A Figura 2.1 apresenta o diagrama de Moody modificado, o qual pemúte como
obter o valor def em função do número de Reynolds, o qual é definido por
(2.57)
Re = pu D (2.54)
µ,
O Quadro (2.1) apresenta algumas correlações para o fator de atrito de Fan-
Nota-se, na Figura 2.1, que, no regime turbulento (Re 2: 4.000), o valor do fator ning para os regimes turbulento e de transição.
de atrito de Fanning é influenciado pela rugosidade relativa da parede do conduto,
a qual é d efinida como:
E
k,. = - (2.55) Quadro 2.1 Correlações para o fator de atrito para fluidos newtonianos (LEAL, 2005)
D
Autor Correlação Rugosidade Obs.
em que e é a rugosidade média da parede da tubulação.
Turbulento
Observa-se na Figura 2. 1 a dependência d o fator de atrito de Fanning com o (2.58a) Liso 4,0 x 103 < Re < 1,0 xl05
Blasius
número de Reynolds. Para o regime lanúnar essa relação (Re s 2.100), para tubos,
é posta corno
f =~
von
Karrnan
g = 4,06 log(Re.Jl)- 0,60 (2.58b) Liso Turbulento
(2.56)
Re
l 1\trbulento
von ✓
f = 4,06 log (0,5/k., ) + 3,36
O,OJS
Karman
(2.58c) Rugoso
l(0,5/kr)/ !J)]> 0,005
n
O,OJO
0,025 e
o Nikuradse = 4 ,0 log ( Re✓
J)- 0,40 (2.58d) Liso Turbulento
0,020
...... i- 1' o.os
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1 1 1
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Ôl
e
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Nikuradse ✓
f = 4,o log (0,5/kr) + 3,48 (2 5SeJ Rugoso
l(0,5/kr)/ (Rei]) ]> 0,005
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0,004 Colebrook TI . 4,0 log (0,ólk,.) -4.0 log J +9,355ReT/ +3,48 (2.58f) Rugoso ( Rei]) ]> 0,005
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... ,.: '~ ,._1--
1 0,002
1
~
o
0,00S
-o 0,0045
0,004
li
'' '
s:~
0,0004
~ O,OOJS
0.00J
..::: '
:,,
-.:::::::: ...._ 1
0,0002
0,0001
0.00006
Em se tratando de escoamento de fluidos não newtonianos, existem correla-
ções válidas para o escoamento turbulento. No Quadro 2.2 estão contidas diversas
0,0025 ,-..,_~ correlações para o fator de atrito para aqueles fluidos que seguem o modelo de
-
-
i---
0,002 0,00001 Ostwald de Waele ou lei da potência (Eq. 2.2), nas quais o número de Reynolds
,-..._ 0,000006
modificado (Reynolds de Metzner e Reed) é definido como
0,0015 0,000001
(2.59)
0,001 2 3 4 S6789 2 l 4 56789 2 l 4 S 6789
2 l 4 S 6789 2 34S6789
1x 10' l x lO' lx l O' 1xl0' 1x10' 1x 10'
Re
Figura 2.1 Diagrama de Moody: fator de atrito de Fanning
para fluidos newtonianos (LEAL, 2005).
40 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecànicos 2 - Princípios de sistemas fluidomecànicos 41
Quadro 2.2 Correlações para o fator de atrito (fluido não newtoniano) (SANTANA, 1982)
de operações unitárias. Considere, portanto, o sistema hipotético no qual se deseja
Autor~s Coq;iação avaliar a carga (hL) em um tubo de aço de 3 rn de comprimento e diâmetro interno
Dodge e Metzner
(1959)
1
rr = - 02--
~f n·~
[
log Re -
'(l )0-n,
4
2
)] 0,2
-~
n·2 (2.60a)
igual 50 mm, rugosidade relativa de 0,0009, no qual escoa etanol líquido a 20 m3/h
e 27 ºC (p = 0,787 g/cm3). A viscosidade do etanol pode ser estimada por meio da
seguinte correlação
}J-- 2
Jog [Re'(~;i~:li2n ]+ 3,~l(~) (2.60d) Solução
Trata-se da utilização da equação de Darcy-Weisbach modificada, Eq. (2.53), posta
Szilas et al. (1981) com como
7 4 15
,B=l,5111n (0,:0 +2,12)- •~ - 1,057 u2 L
hL = 2f gD (1)
9
f;;;;sco e Santana
1
.JJ -2
= nº·35
[ 1 (e)(681)º·
log 3, 71 D + ~e'
] (2.60e) Ressalte-se que na Eq. (1), a velocidade do fluido, u, é calculada por
u = _5L (2)
e, rugosidade da tubulação. Área
em que a vazão volumétrica é conhecida e igual a Q = 20 m3/h, e a área da seção
transversal do fluido através da qual o fluido escoa
, itd
Area = - (3)
Exemplo 2.1 4
O Brasil, que sempre se destacou como produtor de aç11car, evidencia-se como o Tendo em vista que foi fornecido o valor do diâmetro interno do tubo
primeiro pafs a produzir e fazer uso de um biocombustível na sua frota automo- D = 50 mm = 0,05 m, tem-se na Eq. (3)
bilística. Esse advento é consequência da implantação de um programa conhecido
corno Proálcool (Programa Nacional do Álcool). A crise do petróleo nos anos 1970 Área= 1t(0,05)2 = 0,0019635 m2 (4)
motivou o governo brasileiro a desenvolver uma forma alternativa de combustível 4
para substituir a gasolina. Nasceu o bioetanol, um combustível advindo da fermen- Substituindo o resultado (5) e Q = 20 m31h na Eq. (2), obtém-se a velocidade média
tação do caldo da cana-de-aç11car, melaço ou amlios. Incentivos foram oferecidos
aos investidores do setor. Nos anos 1980, 85% dos carros nacionais eram movidos u - (0,0~~~~5) = 10.185,89 m/h - 282,94 cm/s (5)
exclusivamente a álcool. A produção de etanol daquela década chegou a superar a
produção de açúcar pelas usinas. As unidades instaladas atingiram, naquele perío- Sabendo que L = 3 m = 300 cm; D = 50 mm = 5,0 cm e g = 981 crn/s2, resta obter o
do, capacidade para produzir 18 bilhões de litros de bioetanol por safra, volume este valor do fator de atrito de Fanning,J, utilizando-se a Figura 2.1. Para tanto, deve-se
equivalente a 100 milhões de barris de gasolina. O programa, como estratégia de conhecer o valor da abscissa desse gráfico, o qual é obtido da Eq. (2.54), ou
abastecimento energético, fracassou no final dos anos 1980. Por-outro lado, o cres-
cente interesse mundial pelo bioetanol, fruto da elevação nos preços do petróleo na Re= puD . (6)
década de 2000 e da preocupação mundial em relação à redução da emissão de gases µ,
de efeito estufa, motivou a retornada de pesquisas para tornar a produção mais efici- Para o cálculo do valor do n11rnero de Reynolds, Re, conhecem-se u = 282,94 cm/s,
ente, minimizando o consumo de energia. Em virtude da possibilidade da utilização D= 5,0 cm e p = 0,787 g/cm3. O valor da viscosidade dinâmica do etanol advém de
do bioetanol como aditivo à gasolina e mesmo diretamente como combustível em
motores ouj!ex-:fue4 torna-se essencial o conhecimento científico do processamento 1 614
lnµ= -6 21 + • x l<r + 6 18 x 10-aT -1132 x 10-5T2 (7)
desse biocombustível, em ,particular de termodinâmica, fenômenos de transporte e ' T ' •
42 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecànicos 2 - Principies de sistemas fluidomecànicos 43
Sabendo que T = 27 ºC = 300,15 K, tem-se na Eq. (8) a utiliwção da Eq. (2.581). Dessa mane ira, restam as Eqs. (2.58c) e (2.58e) váli-
das para tubos rugosos e escoamento em regime turbulento. Ambas as correlações
1 614 5
lnµ. = - 6,21 + • x la3 + 6,18 x 10-3(300,15)- exigem que l (o,5/k,)/ (Re.[l)J> 0,005. Sabendo que k , = 0,0009; Re = 1,089 x 10 e
(300,15) f = 0,0055, verifica-se
-1,132 x 10-5(300,15)2 = 1,022 cP = 0,01022 P (8) 0,5/k,. = (0, 5 )/(0,0009) = O 069 > O005 (13)
Da Eq. (6) Re✓
f (1,098 x lff )../(0,0055) , '
Re = (0,787)(282,94) (5,0) = 1.089 x r:f' (9) ou seja, desaconselha-se o emprego das Eq. (2.58c) e (2.58e).
(0,01022) l
Como o valor da rugosidade relativa, k,, é igual a 0,0009 e com Re = 1,089 x 105 , entra-
-se na Figura 2.1 ( veja a Figura l deste exemplo) e obtém-se
f = 0,0055 (10) 2.6 Perdas de energia ou de carga em acidentes
Um fluido em um sistema de escoamento, como aquele ilustrado na Figura 2.2,
o.oli passa por tubos, válvulas, conexões, acessórios diversos e, também, podem ocorrer
o.o30 mudanças da área de escoamento. Haverá perda de carga, em consequência do re-
O,DI 5
~ sultado do atrito com a parede, da alteração na direção do escoamento, obstruções
0,020 o
;~ o.os na trajetória do fluido e mudanças abruptas ou graduais na área de escoamento. As
:\
;.. 1
0,1)4
'-, 0,01 ,.. 1 '----- 1 1 li li 0,03 perdas de carga, em virtude da presença de acessórios em uma tubulação, decorrem
e-+ .. ..
1 1
ÔI
e r,J::; 1 1 1 1 1
O,DI
0,0IS
da separação de uma camada do escoamento e da formação de correntes turbulen-
'ê 0,01 tas. Essas correntes transformam energia mecânica em energia cinética· e esta se
8:_ 0,009
<11 0,00!
\
' .,._
' 1 1 8·&\a
o'.006 converte em calor que se dissipa. As perdas de energia decorrentes desses fenôme-
g 0,007
·..:
- --t--
' ,., T
1 1
rr
1 1 111 li
li
1
0,004
nos denonúnam-se perdas localizadas ou singulares ou em acidentes. Pode-se
·e: 0,006 0,001
11 estimar o valor dessas perdas de carga por dois métodos: método do coeficiente de
~ 0,001
11 '
~ i--::t--
1
.' f:SU. perda de carga localizada (k1); método do comprimento equivalente (Leq ou L ec/D) .
'O0,004s
c50,004
~ 0,001s
0,00l
t---,--
'
f=:::: i--.-
1 ·=
0,0001
1 0,0001
0.002s ,... 0,00006
1--- 0,00001
0,001
i--,: 0,000006
!--.;..
1
0,001 s 0,000001
Válvula
de regulagem
1
0,001
1X10'
l J I S 67891
1X10'
1 J •S6789
lxlO'
1
Re
l I S 6789
lxlo'
1 l I S 67891
1x10'
1 l ' S 678~
lxlO' /
Figura 1 Obtenção de "f" por método gráfico.
Substituindo!= 0,0055; u = 282,94 cm/s, L:: 300 cm; D= 5,0 cm e g = 981 cm/s2 na
Eq.
2.6. 1 Coeficiente de perda de carga localizada vena contracta e a aceleração temporária do fluido. Esse fenômeno é mais intenso
Experimentalmente, observa-se que a perda de carga em acessórios (tJ.Plp) é nas conexões com bordas retas ou cantos vivos, e menos acentuado quanto mais
constante no regime turbulento e tem uma relação linear com o termo de energia suave for a saída, havendo diminuição de redemoinhos (zona de separação).
cinética, u 212. Isso permite estabelecer a seguinte relação para o cálculo do valor 1,0-.-.......: : - - - -- -- - - - - - - - -- - -- - - ,
da energia de atrito nesse regime
0,8
(2.61)
Na contração, em escoamento turbulento, existe o fenômeno de separação de Figura 2.4 Comprimento equivalente a uma válvu la g lobo totalmente aberta
uma porção de uma camada do fluido em virtude da inércia, com a formação de uma (BORDA LO, 2006).
46 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidornecànicos 2 - Princípios de sistemas fluidomecãnicos 47
Assim, a perda de energia, a partir d a Eq. (2.53), é expr essa por Tabela 2.2 Comprimen to equivalen te (metros) (continuação)
2
u
h1, = 2 1 - - q
4 (2.62) Conexão
Diâmetro nominal x equivalência em metros de canalizaÇfio
g D Material 3/4" l" 1V4" 11/2" 2" 21/2" 3• 4• 5•
-- --
PVC 0,2 0,3 0,4 0,7 0,8 0,9 0,9 1,0 1,1
A Tabela 2.2 apresenta valores para o comprime nto característico para diver-
sos tipos d e acessórios. É importante mencionar que o comprime n to total de uma
tubulação, considerando os acessórios nela con t idos, será
Registo de gaveta
ou esfera aberto
1 Metal 0, 1 0,2 0,2 0,3 0,4 0,4 0,5 0,7 0,9
n
L = Lrer.o + 2 Leq1
i -1
(2.63)
Registro de globo
aberto
6 Metal 6,7 8,2 11,3 13,4 17,4 21,0 26,0 34,0 43,0
PVC
3,6
9,5
4,6
13,3
5,6
15,3
6,7
18,3
8,5
23,7
10,0
25,0
13,0
26,8
17,0
28,8
21,0
37,4
Conexão
Diâmetro nominal x equivalência em metros de canalização
\
~~
Horiwntal ô Metal 1.6 2,1 2,7 3,2 4,2 5,2 6,3 6,4 10,4
3/4"
Material 1 1/4" , 1 1/2" 2" 2 ltl" 3" 4" 5" ~s
Curva 90º (?
PVC
Metal
0,5
0,4
0,6
0,5
0,7
0,6
1,2
0,7
1,3
0,9
1,4
1,0
1,5
1,3
1,6
1,6
1,9
2,1
~e Vertical
o Metal
Curva 45º
t PVC
Metal
PVC
0,3
0,2
1,2
0,4
0,2
1,5
0,5
0,3
2,0
0,6
0,3
3,2
0,7
0,4
3,4
0,8
0,5
3,7
0,9
0,6
3,9
1,0
0,7
4,3
1,1
0,9
4,9
L1
/
Vãlvula
de retenção
Joelho 90' tP Metal 0,7 0,8 1,l 1,3 1,7 2,0 2,5 3,4 4,2
PVC 0,5 0,7 1,0 1,3 1,5 1,7 1,8 1,9 2,5 Cotovelo
Joelho45'
rJ Metal 0,3 0,4 0,5 0,6 0,8 0,9 1,2 1,5 1,9 L4
de90'
Tê de pa.5$agem
direta
rr PVC
Metal
0,8
0,4
0,9
0,5
1.5
0,7
2,2
0,9
2,3
1,1
2,4
1,3
2,5
1,6
2,6
2,1
3,3
2,7
Cotovelo
de 90º
Tê de saída lateral
w PVC
Metal
PVC
2,4
1,4
2,4
3,1
1,7
3,1
4,6
2,3
4,6
7,3
2,8.
7,3
7,6
3,5
7,6
7,8
4,3
7,8
8,0
5,2
8,0
8,3
6,7
8,3
10,0
8,4
10,0
L =somados comprimentos dos
trechos retilíneos da tubulação +
Soma dos comprimentos equivalentes
Tê de saída correspondentes às peças especiais
bilateral
ffi=t Metal 1,4 1.7 2,3 2,8 3,5 4,3 5,2 6,7 8,4
União @ PVC
Metal
PVC
0,1
0,01
0,9
0,1
0,01
1,3
0,1
0,01
1,4
0,1
0,01
3,2
0,1
0,01
3,3
0,1
0,01
0, 15
0,02
0,2
0,03
0,25
0,04
L3 L4 Ls
a1Ú 1Íffll ~ ~
Saída de
canalização l! Metal 0,5 0,7 0,9 1,0 1,5
3,5
1,9
3,7
2,2
3,9
3,2
4,9
4,0
Luva de
redução(' ) n PVC
Metal
0,3
0,29
0,2
0,16
0,15
0,12
0,4
0,38
0,7
0,64
0,8
0,71
0,85
0,78
0,95
0,9
1,2
1,07
Figura 2.5 Ilustração sobre o comprimento total em uma linha fictícia
(baseada em lGNÁCIO, 2011 ).
2 - Pnncipios de sistemas flu1domecãnicos 49
48 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomec3nicos
aú
!6Am!
~
! 17,4m !
' '
~
!14,0m!
~
:~
!J,7 mi
~
~
!1,7 mj
l<---ii
GRANE Company. Flow offtuids through valves, fittings and pipe. Technical Pa-
per n. 410, 1976.
CREMASCO, M. A.; MELO, K. P. Rheologial characterization of recovery yeast (Sac-
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Figura 1 Valores dos comprimentos equivalentes relativos aos acessórios CREMAsco, M. A.; SANTANA, C. C. Escoamento turbulento e redução no arraste de
presentes na linha ilustrada na Figura 2.5. soluções de poliglicóis e carboxi-metil-celulose. Anais do XV Encontro sobre
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2 - Principios de sistemas flu1domec~nicos 51
50 Operações unitárias em sistemas part,culados e fluidomec~nicos
[GNAc10, R. F. Método de comprimento equivalente. Disporuvel em: <www.escolada- J fator de atrito de Fanning ................................................................ adime1}sional
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aceleração gravitacional; constante gravitacional ..................................... [L• T ]
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2002. índice de consistência .......................................................................... [M-L- · T ]
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viscosidade dinârrúca............................................................................ [M•L- •T'1]1
2 1
viscosidade cinemática ............................................................................... [L •T' ]
" massa específica ......................................................................................... [M-L-3]
p
52 Operações unitarias em sistemas particulados e iluidomecanicos
1 2
i- tensão de cisalhamento ........................................ ...... .......................... (M-L- .r- 1
1
i- tensor tensão exercido em um fluido ............. ...... ...... ......... ................ [M-L- .r-21
2
'P grandeza associada ao setor intensidade de campo .................................. [L• 7"" ]
1J1 propriedade volumétrica genérica
Subscritos
b força volumar que atua em um elemento de fluido
e energia cinética
eq. comprimento equivalente
G energia gravitacional
Bombas
j força qualquer que atua em um elemento de fluido
L trabalho da força viscosa
m energia mecânica específica
O mínima de cisalhamento
3.1 Introdução
p plástica; energia de pressão
reto comprimento reto Bombas são dispositivos fluidomecãnicos que fornecem energia mecânica a um
fluido incompressível (líquido) para transportá-lo de lugar a outro. Essas máquinas
s força de superfície que atua em um elemento de fluido
geratrizes recebem energia de uma fonte qualquer e cedem parte dessa energia
z, z ação do tensor cisalhante ao fluido na forma de energia de pressão, cinética ou ambas. São empregadas em
x local diversas situações, cabendo ressaltar: abastecimento de água; sistema de esgotos e
de tratamento de resíduos; sistemas de irrigação para fins agrícolas; nas indústrias
Números Adimensionais química, petroquímica, alcoolquímica, farmacêutica, de alimentos, de petróleo, en-
tre outras indústrias. A Figura 3.1 ilustra os componentes característicos de uma
Re número de Reynolds bomba (no caso, centrífuga).
Re' número de Reynolds modificado
1---- Bocal de descarga
Voluta
Bocal de sucção
3.2 Classificação de bombas A energia cinética, em se tratando de bombas centrífugas radiais, advém
somente de forças centrífugas que atuam no liquido e düerenciam-se da do tipo
As bombas podem ser classificadas a partir do modo que se obtém energia a Francis devido esta apresentar curvaturas nas palhetas do impelidor. Tais bom-
partir de trabalho mecânico, bem como do modo que essa energia é cedida ao fluido, bas desenvolvem altas pressões sendo, portanto, adequadas para baixas vazões.
no caso líquido. A Figura 3.2 ilustra a classificação dos principais tipos de bombas. Já nas bombas de fluxo axial a energia transferida para o liquido é por meio da
ação de forças de arraste. Esse tipo de bomba opera a altas vazões e, por conse-
Bombas centrifugas J Radiais ou puras quência, opera a baixas pressões. Existem, por outro lado, bombas centrífugas
\_Tipo Francis nas quais a energia cinética é transferida ao líquido tanto por meio de forças
Bombas de fluxo misto centrüugas quanto por forças de arraste, sendo conhecidas como bombas cen-
Dinâmicas trífugas mistas. O Quadro 3.1 apresenta algumas vantagens e desvantagens das
ou t urbobombas bombas centrífugas.
Bombas de fluxo axial
Válvula
Descarga Descarga de aspiração
Saída Entrada do
1......::==----rr-t+=-rf-,.,..-~c=-=c.., liquido
As bombas rotativas de parafusos (também conhecidas corno helicoidais), conteúdo de sólidos, desde que o líquido não seja muito viscoso (- 500 cP) . As
Figura 3.9, contêm parafusos que apresentam movimento sincronizado por ação de bombas de diafragma e as peristálticas são recomendadas, por sua vez, para líqui-
engrenagens. Alimenta-se o liquido é uma dada extremidade da bomba e, por meio dos corrosivos, soluções alcalinas, polpas, líquidos biológicos.
da rotação das engrenagens, o fluido é levado à zona central do equipamento por
onde é descarregado. Já as bombas rotativas de palhetas deslizantes, Figura 3.10,
são compostas por um cilindro cujo eixo de rotação é excêntrico ao eixo da carca-
ça. Nesse tipo de bomba o impelidor contém ranhuras radiais nas quais as palhetas
apresentam movimento nessa direção.
1
1
__ 1 ____ _ 1_ _ _ _ _
1o• - - a- 1~º-ntb2s_ -
ternat,vas
- -'- -
,
1
1 ' '
' 1
103
H(m)
10
Altura na descarga:
(3.4)
Altura na sucção:
(3.5)
Altura de projeto:
w
-=H
g
(3.6)
í
Descarga
(recalque) Identificando-se as Eqs. (3.4) a (3.6) na Eq. (3.3), esta é retornada, em termos
Sucção
de altura de projeto, H, segundo
(aspiração)
H=Hn-Hs (3.7)
É importante ressaltar que a altura de projeto é o trabalho que deve ser forne-
Figura 3.12 Diagrama de um sistema de escoamento impulsionado por uma bomba. cido ao fluido para a obtenção da vazão de projeto (ou capacidade). O Quadro 3.2
apresenta algumas relações entre a altura de projeto e a vazão operacional.
Ps U~ W Pn u;
z + - + - - h +-=Z +-+-+h
Quadro 3.2 Relação entre altura de projeto e vazão operacional
S pg 2g L, g D pg 2g Lo
(3.2)
Repiesen.tação do sistema Figura H vs. Q
ponto 2 (de descarga ou recalque). Verifica-se na Eq. (3.2) que cada um dos ter- Sucç~o : Descarga ai
no qual há somente perdas por
mos que a compõem tem dimensão de comprimento ou altura. atrito.
Convencionam-se os termos (.J)!pg) como altura de pressão; u 21'2,g altura de H = hL = hls + hLo
velocidade: zé a altura de posição; (hi) é a altura de atrito, e (~Vlg) a altura total
a ser fornecida pela bomba. Por outro lado, considerando-se a Figura 3.12, pode-
-se assumir que os diâmetros das tubulações nas seções de sucção e de descarga Variação da altura de projeto com
a vazão para um sistema que tem
venham ser muito menores do que os raios dos tanques 1 e 2. Dessa maneira, a
acréscimo desfavorável de
energia cinética por unidade de massa na tubulação será muito superior à energia energia potencial.
cinética por unidade de massa à superfície do tanque, no que acarreta assumir que H = (zo - zs) + (hLo + h,Ls) 1
as velocidades nos pontos 1 e 2 possam ser consideradas desprezíveis. Por via de 1
Sucç~o : Descarga
consequência, a Eq. (3.2) é retomada, explicitando o trabalho agregado, tal como
Q
segue
(3.21)
zs
-Sucção Descarga
Entrada
da sucção Ui
NPSHD .. hl + - + <p_fi.
u2
• 2g 2g (3.22)
Figura 3.14 Diagrama representativo para o balanço energético relativo ao NPSH.
A energia em termos absolutos no fiange de sucção (ponto 2) é o qual é interpretado como a quantidade mínima de energia absoluta por unidade
de peso acima da pressão de vapor, que deve existir no fiange de sucção, para que
PA não haja cavitação. Os fabricantes fornecem o valor do NPSH requerido pela bomba
Hs ~ Hs + - (3.16)
... pg em função da vazão. Assim, a cavitação ocorre quando NPSH disponível no sis-
tema s NPSH requerido pela bomba. Portanto, deve-se operar o sistema a uma
em que P_4 é o valor da pressão atmosférica local. Se da energia expressa pela
altura de sucção disponível maior que a requerida pela bomba. NPSH disponível
Eq. (3.16) for subtraída a parcela de energia correspondente à perda de carga,
no sistema > NPSH requerido pela bomba, ou NPSH0 > NPSHR.
hLR• entre o flange de sucção, ponto 2, e o olho do impelidor, ponto 3, obtém-se a
energia em termos absolutos, neste último, como
PA
H5 = H5 +--hL (3.17)
- pg • Exemplo 3. 1
Na intenção de conhecer o valor da pressão mínima ou altura mínima no "olho Os compostos orgânicos voláteis (COVs) são aqueles, exceto CO e o C02 , presentes
do impelidor" para evitar a cavitação, deve-se subtrair da energia associada ao im- na atmosfera que apresentam, normalmente, pressão de vapor superior a 0,01 psia
(0,0007 atm) e ponto de ebulição de até 260 ºC. Boa parte dos compostos orgânicos
pelidor, uma parcela correspondente à perda de carga entre o flange de s ucção e
com menos de 12 átomos de carbono são considerados COVs. São de fácil evapo-
o olho do rotor, hLR; à energia cinética absoluta no mesmo (u~/2g), e uma parcela ração, tomando-os sérios poluentes a todo o tipo de atmosfera, inciumdo a resi-
relativa à perda de carga local, fruto da aceleração sofrida pelo fluido ao entrar no dencial. As ercússões de COVs acarretam efeitos tóxicos e/ou carcinogênicos, como
"olho do impelidor'' (cpU~2g), em que tp refere-se a um valor empírico, que depen- o benzeno. Na atmosfera, os COVs combinam com óxidos de nitrogênio CNOx) na
de do projeto de sucção da bomba. Essa altura mínima fica, portanto, presença da luz solar, produzindo, entre outros compostos químicos, o ácido rútrico,
H
P
=H +...!l..-h - - - <p-1i
Ui u2
(3. 18)
responsável pela chuva ácida. Os COVs são divididos em duas classes: a de compos-
tos orgânicos não metano (CONM.s), em que estão aqueles orgânicos oxigenados,
s,,..,_ s pg 'L, 2g 2g halogenados e os hidrocarbonetos; e a segunda classe na qual o metano faz parte. o
metano é estudado separadamente, pois se trata do hidrocarboneto mais abundante
O início do fenômeno da cavitação pode ser estipulado quando a altura mínima na atmosfera. Os CONMs são ercútidos tanto por fontes aptropogênicas, quanto por
de sucção venha a ser igual à altura relativa à pressão de vapor, p VAI', ou biogênicas, estas caracterizadas por plantas, as quais ercútem, por exemplo, terpenos
à atmosfera. As principais fontes antropogênicas são oriundas de processos de com- •
(3.1 9) bustão (emissão veiculares e de combustíveis fósseis), armazenamento e transporte
de combustíveis, uso de solventes, emissões industriais e domésticas (produtos de
limpeza, desodorizantes, corretivos, adesivos, plásticos, colas etc.). Tendo em vista
Igualando-se as Eqs. (3.19) e (3.20), resulta a importância da conscientização sobre a ercússão de COVs, considere o enunciado:
uma indústria petroquímica foi instalada em uma região agrfcola, rica na produção
(p PVAP) u2 u2 de cítricos. Após o irúcio da sua operação, um pequeno agricultor apresentou pro-
H + A - = hl +-ª- + cp.....E. (3.20)
S pg R 2g 2g
66 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecanicos 3 - Bombas 67
blemas respiratórios. Técnicos, ao analisarem a qualidade do ar nas imediações da Por inspeção da Figura 1, verifica-se na linha de recalque: P 0 = 350 kPa = 3,5 x 105 Pa;
casa do agricultor, verificaram alta concentração de COVs na atmosfera, principal- zs = 3,0 m e hi5 = 0,80 m. Sabendo que g = 9,81 rn/s 2 e p = 865 kg/m3, resulta na
mente de benzeno. Depois de inspecionarem a planta, detectou-se vazamento na Eq. (2),
linha do benzeno (Figura 1). Após os reparos, os técnicos resolveram refazer os cál-
culos relativos ao desempenho da bomba. Para tanto, constataram que o benzeno 35
H - • x 1()5 + 3 0-0 80 = 45 05 m (4)
estava sendo bombeado a 37,8 ºC (p = 865 kg/m3 ; pvAP = 26,2 kPa) através de uma D (865)(9,81) ' ' '
tubulação de aço de 100 mm de diãmetro interno na sucção e 80 mm de diâmetro
na descarga, a capacidade de 40 m3/h. A pressão manométrica do tanque 1 acusava De igual forma, verifica-se na linha de sucção: Ps = 200 kPa = 2,0 x 105 Pa; zs = 1,0 m
200 kPa, enquanto do tanque 2, mostrava 350 kPa. O ponto 1 na sucção estava a 1,0 m e h ls = 0,07 m. Sabendo que g =9,81 m/s 2 e p =865 kg/m3 , resulta na Eq. (3),
do nível da bomba, enquanto o ponto 2 na linha de recalque, a 3,0 m acima desse 2,0 X lif
nível. O ganho de carga por atrito na linha de sucção era de 0,07 :11• enquant~ a sua H5 = - -- - + 1,0 - 0,07 = 24,50 m (5)
(865)(9,81)
perda, na linha de recalque, igual a 0,80 m. Sabendo que a pressao atmosfénca_era
O 93 atm e o rendimento da bomba de 50%, estime: (a) o valor da altura de proJeto
Levando os resultados (4) e (5) na Eq. (1), obtém-se o valor da altura total de pro-
d~ bomba; (b) a potência consumida por essa bomba; (c) o NPSH disporúvel pelo
jeto,
sistema.
H = 45,05 - 24,50 = 20,55 m (6)
Solução: b) o valor da potência consumida pela bomba advém da utilização da Eq. (3.9), re-
tomada como
a) O valor da altura de projeto da bomba, H, é obtido da Eq. (3.7), ou
.
wconswnida -
w
__!L
H = HD-Hs (1) 7) (7)
em que as alturas de recalque e de sucção são, respectivamente, em que o valor da potência útil é obtido por meio da Eq.(3.8), ou
Po
HD = -+ZD +
hl, (2) Wu = pgQH (8)
pg o
Como p = 865 kg/m3; g = 9,81 m/s2; Q = 40 m31h = 0,0111 m3!s; H = 20,55 m, pode-se
(3) substituir tais valores na Eq. (8)
Wu = (865)(9,81)(0,0111)(20,55) = 1.935,62 W = 2,60 HP (9)
Tendo em vista que o rendimento da bomba é igual a 50% (0,5), o valor da potência
Pv =350 kPa consumida por esse dispositivo será obtido substituindo o resultado (9) em conjunto
com o valor conhecido do rendimento na Eq. (7),
2
Wconsumida = O•61 -- 5, 22 HP (10)
,5
Ps = 200 kPa z0 =3,0 m c) O valor do saldo positivo de carga de sucção (NPSH) é obtido da Eq. (3.21), ou
100 Di~metrodo 35
rotor 10 1.
90
30 As curvas do conjunto bomba/sistema indicam a viabilidade de utilização da
80 b?mb~ e o ponto _de operação. A Figura 3.17a apresenta uma situação inviável.
70
9 pol. 25 Ja a Figura 3.17b ilustra um conjunto viável, no qual existem pontos de operação
§ Ê que podem ser modificados, por exemplo, por uma troca de válvula O que acarreta
~ 60 8 pol. 20 ~ alteração no hl e, portanto, no valor da altura de projeto H.
§ §
"';.CI 50
7 pol. 15 "'
e'
u 40 u"'
1 HP H
30 6 pol. 10
7½HP
20
5
10
o o
300 350 400 450 gal/mín Bomba
o 50 100 150 200 250
R,gllod<!
o 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 m 3/ h fundonanwnto
Capaddade (vazão volumétrica)
a) b) Q
Figura 3.15 Exemplo de uma curva característica de uma bomba centrifuga
- (Ds =4 "; D0 =3 "; Carcaça com 1O"; N = 1.750 rpm) - (baseada em FOUST et ai., 1982). Figura 3.17 a) Conjunto inviável; b) Conjunto viável
(baseadas em TANNOUS e ROCHA, 2011).
em série são obtidas pela adição das alturas de cada bomba para uma determinada
Solução: vazão de processo, conforme ilustra a Figura 3.18b. Tal disposição é indicada para
vencer pressões na linha do sistema.
Tendo em vista que foi fornecida a curva da bomba (Figura 3.15), assim como são
conhecidos os valores da capacidade de operação, Q = 40 m3/h, e altura total de
projeto, H = 20,55 m, tais valores são levados, enquanto abscissa e ordenada, respec-
H
tivamente, na Figura 3.15 (veja a Figura 1). Nota-se que o ponto de operação situa-se
pouco acima da reta de 5 HP e entre os valores de diâmetro do irnpelidor de 8" e 9". Bomba
Ressalte-se que não se pode escolher um valor igual a 5,1 HP (ou o valor encontrado
no exemplo anterior, 5,22 HP) e diâmetro de irnpelidor igual a 8,3".
Os valores a serem eleitos serão aqueles fornecidos pelo fabricante. Dessa forma, a Sistemas
configuração adequada para a bomba centrífuga, com base na informação do fabri-
cante (Figura 1) é: diâmetro do irnpelidor = 9"; potência: 7,5 HP; rendimento: 57%.
No que se refere a possibilidade de haver cavitação, verifica-se por meio da inspeção
da Figura 1 que NPSHR: 3,5' = 1,04 m. Tendo em vista que no exemplo anterior
obteve-se NPSH0 = 32,52 m, constata-se que NPSH0 » NPSHR, descartando a pos- a) b) Q
sibilidade de haver cavitação na bomba.
Figura 3.18 a) Sistema de bombas em série; b) Curva característica de um sistema de bom-
bas centrifugas em série (baseada em TANNOUS e ROCHA, 201 1).
110
100 Ot.lmeuooo
l'OtOt )O 1.
JS Para uma determinada vazão de trabalho tem-se
90
30
80 (3.23)
9pol.
70
§ O rendimento do sistema em série advém de
;; 60
Spol.
§
50
[ 7 pol. pgQHsérie
V 40 17 = . . (3.24)
30 6 pol. 10 ~ÍlCo 1 + ~Lxo 1
20
10 em que WeÍJCo I e ~VeÍJCo I são as potências no eixo gastas nas bombas l e 2 respec-
o-+-~~,-,-,--•-~~~~~~~~~~~o tivamente.
O 50 100 150 200 250 300 350 400 450 gal/mín.
O 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 m1/h
Capacidade {vaz3o volumétrica)
3.8.2 Sistema em paralelo
Figura 1 Solução do Exemplo 3.2.
A adição de duas ou mais bombas em paralelo, Figura 3.19a, é útil nos sistemas
em que se requer vazões variáveis. As bombas ajustam suas vazões de tal manei-
ra que mantêm constantes as d.üerenças de pressão entre os pontos l e 2. Essas
bombas devem fornecer a_lturas praticamente iguais. As curvas características de
3.8 Acoplamento de bombas a sistemas em série e em um sistema em paralelo são obtidas adicionando as vazões das bombas para cada
altura, Figura 3.19b.
paralelo
No sistema 1, representado na Figura 3.1 9b, verifica-se que, utilizando-se 3 bombas
3.8.1 Sistema em série em paralelo, aumenta-se bastante a vazão Q; já no sistema 2, não se altera signifi-
Várias bombas podem ser operadas em série, Figura 3.18a, conectadas sucessi- cativamente o valor da vazão volumétrica. Para uma mesma altura H desenvolvida
vamente em linha, com a finalidade de fornecer alturas maiores do que forneceriam pela bomba, tem-se:
individualmente. Operam à mesma vazão, sendo a altura fornecida igual à soma
das alturas desenvolvidas por cada bomba. As curvas características da instalação (3.25)
72 Operações unttánas em sistemas part1culados e flu1domec.,nicos 3- Bombas 73
3.1 O Nomenclatura
g aceleração gravitacional; constante gravitacional; .................................... [L. r-2 ]
H altura ................................................................................................................ .. [LI
hL perda de carga ................................................................................................... [L]
Q m vazão mássica ............................................................................................... [M3. T]
I'
1 p pressão exercida no fluido ................................................................... [M-L- 1.r-2]
1 bornba: P.4 pressão atmosférica............................................................................... [M,L- 1.1 2]
1 1
4.1 Introdução
Compressores, sopradores e ventiladores fazem parte da família das máquinas
operatrizes de fluxo compressível, utilizadas para converter energia mecânica em
movimento de fluidos gasosos. A diferença entre tais equipamentos está na capaci-
dade de compressão. Os ventiladores provocam aumento insignificante de pressão
(até 0,03 atm); os sopradores ocasionam aumento de pressão até 0,3 atm; já os
compressores podem causar aumento de pressão em até milhares de atmosferas.
Os níveis de compressibilidade tanto nos ventiladores quanto nos sopradores pode
ser considerada desprezível, possibilitando a análise de desempenho desses equi-
pamentos de igual maneira ao efetuado para bombas.
Os ventiladore s são utilizados em sistemas de ventilação em condiciona-
mento de ar em ambientes residenciais, comerciais e industriais. Os sopradores
são encontrados na manipulação de inúmeros gases de processos nas indústrias
química, farmacêutica, alimentícia, bem como em instalações em que se encon-
tram biogases.
Os compressores, por seu turno, são encontrados em serviços mais comuns
como, por exemplo, nos serviços de pintura e acionamento de pequenas máquinas
pneumáticas. Existem, também, os compressores de grande porte que são utiliza-
dos em unidades industriais. Os compressores de gás ou de processo são requisi-
tados para as mais diversas aplicações, sendo direcionados para um tipo específico
de operação. Incluem-se nessa categoria o inflador de ar do forno de craqueamento
catalítico das refinarias de petróleo (FERRAZ, 2010). Ainda na indústria do pe-
tróleo e processamento petroqu!mico esses compressore s também podem ser es-
pecificados para, por exemplo, na conversão de energia mecânica em energia de
escoamento (sistemas pneumáticos, fluidização etc).
77
76 Operações unitãrias em sistemas part1culados e fluidomecânicos 4 - Compressores e sopradores
Centrífugos
Dinàmicos
ou Axiais
turbocompressores
Figura 4.2 Ilustração de um compressor centrífugo (baseada em SAHDEV, 2009).
{
Mistos
Compressores Tais tipos de compressores são adequados para alta pressão. Para pressõe_s
intermediárias, pode-se, como no caso de bombas, utilizar-se de compressores di-
Alternativos {:~~~lo nâmicos mistos.
Deslocamento Diafragma
Os compressores volumétricos ou de deslocamento positivo operam à se~elhan-
positivo ou
volumétrico
ça das bombas de deslocamento positivo. No caso ~e compressores, a energia forne-
{ Palhetas
cida ao gás decorre da variação do seu volume. Tais compressores podem fornecer
Rotativos Parafusos
{ lóbulos (Roors) gás com pressão de algumas frações de atm até pressões na ordem de 2.000 atm.
Figura 4.1 Classificação dos principais tipos de compressores. Na Figura 4.3 estão apresentados alguns elementos bási_cos de um compl"essor
alternativo do tipo pistão: o virabrequim transforma o movunento. rotativo. de um
eixo de um motor elétrico em um movimento linear; a cruzeta gwa o movunento
Os compressores dinâmicos ou turbocompressores, semelhantes às turbo- do pistão; 0 pistão propriamente dito; um cilindro reservatóri~ o~de ocorre a com-
bombas, apresentam impelidores, os quais recebem energia de um acionador (mo- pressão do gás; urna ou mais válvulas de sucção e uma ou ~~1s vatvulas de descar-
tor) e à transfere, nas formas cinética e entálpica, ao gás, para, em seguida propor- ga, as quais regulam o fluxo de gás que entra e abandona o cilindro (NEBRA, 2008).
cionar ganho de pressão.
Os compressores centrifugas, Figura 4.2, caracterizam-se por apresentar a
Válvulas
alimentação do gás em paralelo ao eixo e abandona a carcaça do equipamento per-
pendicularmente a tal eixo. O gás escoa através do olho do impelidor, sendo ace- ~
lerado radialmente, saindo com um aumento da velocidade da periferia ao difusor
(variação da energia cinética para energia de pressão). Esse tipo de compressor é
mais adequado para baixas pressões (NEBRA, 2008).
Conhecidos também como do tipo defluxo radial, tais compressores operam
com os mesmos princípios das bombas centrífugas. Comprimem enormes volumes
de gases (140 m3!s) até pressão de saída de 2 atm e, com capacidades volumétricas
menores, podem descarregar altas pressões (centenas de atm).
Os compressores defluxo axial são aqueles em que o escoamento ocorre na
direção do eixo do impelidor e apresentam rendimento mais elevado do que os ra-
diais, todavia apresentam custos mais elevados quando, também, comparados aos
radiais (NEBRA, 2008). Cilindro+ pistão
Virabrequim Cruzeta
No compressor alternativo do tipo diafragma, Figura 4.4, há um fluido de 4.3 Faixas operacionais de compressores
trabalho (usualmente óleo) o qual é comprimido por um pistão que, por sua vez,
A escolha de um compressor, além da característica do gás, recai nas suas con-
comprime o diafragma, provocando o seu deslocamento. Esse tipo de compressor
dições operacionais de vazão e de pressão. A Figura 4.6 ilustra a faixa de trabalho
é indicado para trabalhar com gases perigosos e corrosivos.
para diversos tipos de compressores.
t,.p(mmCA) t,.p(kPa)
107 1 1 1
--, ----- 10 5
1
óleo Comp~essor alt~rnativo : 1
1
105 103
103
Figura 4.4 Compressor alternativo do tipo diafragma (baseada em NEBRA, 2008).
Os compressores rotativos são caracterizados pelo gás ser impelido por dispo-
sitivos que provocam rotação, comprimem e impulsionam o fluido para a linha de
10
descarga. O funcionamento desses equipamentos é semelhante às bombas rotati-
vas, como é o caso dos compressores de parafusos. 1 L__....lá..=s"--!!a::cL-...,_._::......::~__._ _.L__ _L_...
1 10 102 103 104
No caso do compressor de palhetas, Figura 4.5, este possui um impelidor (ou Q (m3/h)
um tambor central) que, ao girar, faz com que as palhetas direcionam-se radial- Figura 4.6 Campo de aplicação de ventiladores e compressores,
mente, aproximando-se da carcaça. O gás penetra pela abertura de sucção e ocupa (baseada em LEVINGSTON, 1973).
os espaços definidos entre as palhetas. Devido à excentricidade do impelidor e às
posições das aberturas de sucção e de descarga, os espaços constituídos entre as
palhetas vão se reduzindo de modo a provocar a compressão progressiva do gás
(ARCINCO, 2010). 4.4 Trabalho de compressão
Fluxo de gás
Ao se considerar que as seções de entrada e de saída de um compressor, con-
forme ilustra a Figura 4.8, possam ser representadas pelos subscritos S e D, a
energia especifica transferida ao gás advirá da Eq. (2.43), considerando, nesta, o
trabalho do compressor, segundo
(4.1)
Figura 4.5 Rotativo de palhetas.
80 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecanicos 4 - Compressores e sopradores 81
Para expressar o balanço energético em termos de carga ou altura, divide-se a O valor da potência do motor de um compressor de um único estágio advém
Eq. ( 4.1) pela constante gravitacional g, para reescrevê-la tal como se segue
u2 W u2
(z + -2g) s + -g : (z + -2g) O
RTs
+ -(-) (
gM
ô
ô- l [
Po)
Ps
6 6-1 l
- 1 + h1, (4.2)
das definições apresentadas no capítulo anterior, para bombas, por intermédio das
definições de potência útil, Eq. (3.8), apenas que nessa equação, para compres-
sores, deve-se utilizar a Eq. (4.5) para a carga teórica; bem como da definição de
rendimento, Eq. (3.9). Dessa maneira, a potência útil do motor será
(4.6)
explicitando a carga devida ao compressor, tem-se
W
He-=(zn-zs)+
u us +--
2
D
RT
- ô 2
Pn 6 l
s (--) (-) - 1 +h1.,
/J-1
(4.3) Convém ressaltar que, para uma dada carga e um certo gás que alimenta um
g 2g gM ô-1 1 Ps compressor em condições operacionais conhecidas, a variação máxima possível
de densidade do fluido será obtida a partir da Eq. (4.5). Essa equação, todavia,
pode ser avaliada em uma situação hipotética na qual se considera que variação de
em que us e u 0 são, respectivamente, as velocidades do escoamento nas bocas pressão que ocorre em um sistema de compressão sem a transferência de energia
de sucção e de descarga do compressor, respectivamente. A diferença da altura mecânica ao escoamento (ou seja, não se considera a ação de compressão). Assim,
piezométrica, 6z = z 0 -z5 assim como a perda de carga, hi, são desprezíveis frente a Eq. (4.1) é reescrita como
aos outros termos. A Eq. (4.3) reduz-se, portanto, a
l (4.4) - ( ~8 =(zn-zs)+-(-)
un2 -u 2 )
2g
8 0
(-)
RT ô
gM ô-l
l lp
Ps
66-1
-1 (4.7)
U~,..
2g
RTs(_ô )[(Pn)/J~l
gM ô - l Ps
-ll (4.8)
H s (-º)[(Po)/J~t -1]
RTs
gM ô-1 Ps
(4.5)
A partir das Eqs. (4.5) e (4.8) é possível quantificar a variação máxima de den-
sidade do gás no compressor quando a carga máxima H é transferida ou quando
um escoamento é desacelerado de u 5 até a estagnação. No Quadro 4.1, conside-
4 - Compressores e sopradores 83
82 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecánicos
rando-se escoamento de ar à pressão e temperatura de referência (p =101,33 kPa, sendo ~ a taxa de compressão em um único estágio. O valor da potência consumi-
T= 20 ºC), mostra que a variação relativa de densidade do gás atinge o valor de da por um compressor de múltiplos estágios advém da Eq. (4.6); considerando-se
4,2% quando ela é de 500 mmH20. O valor de 500 mmH2 0 estabelece um marco nesta a Eq. (4.9). No caso de compressores de ar, pode-se utilizar a seguinte cor-
para a classificação de compressores, bem como para a distinção de o gás ser ou relação
não compressível.
(4.12)
Quadro 4.2 Limites de variação de densidade do fluido ou taxa de compressão
H ou (uj/2g) Us (!:;.p/p)máx. sendo a constante empírica 1,69 resultante da consideração de haver diferença
[mrnH20J [m/s] ~961 entre o processo real de compressão do gás e um processo isotérmico.
50 28,6 0,40
H = n x RTs(_ô
gM ô - 1
)[(PD)~; -1]
Ps
(4.9) Pressão dinâmica (ou de velocidade) do soprador
da qual resulta
Pressão estática do soprador
(4.11)
(4. 16)
84 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecanico$ 4 - Compressores e sopradores 85
saída do mesmo. 80
- - - - - ~ Pressão estática
Já a potência, Ws, necessária para a instalação de um soprador é definida por 70 Potencia
( 4.17)
[
o
60
-~"'
e., so ~.,
em que Q é a vazão do soprador (ou capacidade); !!;p, aumento de pressão devido à
E
'õ
.,
e:
40 ·o~
~
Q.
a:: 30
ação do soprador; 71, rendimento global da instalação do soprador. Já a potência no
el·xo , W.e.L'(01
. refere-se àquela necessária ao eixo do soprador para impor as pressões 20
total e estática, bem como a vazão ao escoamento do gás,
10
. QPr
w. eLXO
=-
l'Jr (4.18) o
Vazão
Figura 4 .9 Curva característica de um compressor.
ou
. '-ol'J)E
(4.19) A pressão dinâmica na saída do ventilador deve ser fornecida ou determinada
~Lxo = 7IE
pelo usuário para que se calcule o valor da pressão total em cada ponto operacional
correspondente. Assim, a pressão total é facilmente obtida, somando-se 11 pressão
sendo nas Eqs. (4.18) e ( 4.19), os valores Pr e PE obtidos das Eqs. (4.14) e ( 4. 16), estática a pressão dinâmica correspondente, salientando que a velocidade é obtida
respectivamente; 71T e 71E referem-se aos rendimentos total e estático, respectiva- da vazão e da área da boca de descarga do soprador).
mente, do soprador.
Dessa forma, a curva característica de um soprador expressa o seu desem-
penho para uma dada condição de referência (em termos de peso específico do
gás). Para um dado número de rotações (N) são efetuadas determinações de Exemplo 4. 1
potência (~V). rendimento ( 71) e vazão (Q). Os resultados são apresentados em
O biogás trata-se de urna mistura gasosa combustível produzida por meio da digestão
gráficos, conforme aquele ilustrado pela Figura 4.9. É importante mencionar que
anaeróbia, ou seja, por biodegradação de matéria orgânica por ação de bactérias, na
as condições de referência aplicam-se ao fluido de trabalho e à instalação do com- ausência de oxigênio. O processo ocorre naturalmente em pântanos, lagos e rios, sen-
pressor. O fluido padrão é o ar à pressão de 101,33 kPa, à temperatura de 20 ºC do parte importante do ciclo bio/geoquimico do carbono. O biogás pode ser produzido
(p = 1,2 kg/m 3). a partir de diversos resíduos orgânicos, como estercos e chorumes de animais (Figura
1), lodo de esgoto1 lixo doméstico, resíduos agrícolas, efluentes industriais e plantas
A condição de instalação impõe que a energia cinética na entrada no ventilador aquáticas. O biogás, obtido em biodigestores, pode ser usado como combustível, com
seja nula, isto é, u 5 = O. Nesse caso, ao se estabelecer tal critério, a pressão total elevado poder calorífico, não produzindo gases tóxicos durante a queima. É impor-
define a máxima energia possível que o compressor transfere ao gás,· de modo ser tante ressaltar que a utilização do biogás, enquanto combustível, é possível devido a
a pressão total, Eq. (4.14), reescrita na forma presença do gás metano em sua composição, que representa entre 30% a 60% (em
volwne), enquanto o restante da mistura gasosa é composta de dióxido de carbono, hi-
drogênio, oxigênio, além de traços de amônia, gás sul.fídrico, monóxido de carbono,
entre outras moléculas, sendo que o teor de metano é aquele que define o conteúdo
energético do biogás. Dentre os desafios tecnológicos relativos ao processamento do
biogás está a sua purificação, no sentido de aumentar a concentração do gás metano
Apesar de ser dominante a apresentação gráfica da relação funcional CPr vs Q) na mistura, assim como o condicionamento do gás, pois o descarte do CH4 contribui
como a curva característica de um compressor1 há fabricantes que fornecem o grá- com o efeito estufa, que é cerca de 20 vezes mais nocivo que o C02, além da sua alta
fico da relação funcional CPs vs. Q).
86 Operações unit~nas em sistemas particulados e llu1domec:lnicos 4 - Compressores e sopradores
87
inflamabilidade. Desse modo, considere o seguinte probl~m~: ~e~eja-se inflar) o gás Solução
metano coletado em um biodigestor até uma central de distríbwçao (Figura l .
Neste exemplo, basta construir a curva Pr = 1,2 x 10-6Q2 na Figura 2. O resultado ob-
tido é apresentado na linha contmua apresentada na Figura 3. Na intersecção entre
a linha da curva da bomba e aquela fornecida pelo fabricante para o soprador de 800
rpm, indicado na Figura 3, Verifica-se o ponto de operação como sendo
Pr = 57 mmH20 (!)
1. e.w~entosdeanlma ~s
e restos de alifflffltos sao (2)
misturados com Agua no Q = 6.900 m3!h
alimentador do blodigettor
11 = 0,56 (3)
/)
220T""-- ------- - - - - - - - - -~ -,
"º
200
3. As sobras servem 190
como fertilizante 110 - - - -,,1.._.- - ..
- 170 --,, - - , .......
0
rE 160
:
Tanque de
ISO
140 ,, :
2. O.ntro do biodlgestor E 110
1 ado d6s bactirias
decompõe o hm,
distribuição ~ 120
,Õ 110
.......
transformando-o em Õ 100 ,
96s metano e adubo ~ 90 ,
•~ IO
ã.i 70 ,'
10
Para tanto dispõe-se de um soprador de ar que foi pro!etado para ~perari3 PFig= l at; o+--,--,r--, -,--,--,..-J,--,-,--,--,. -,---,--,-j
2o ~C (p _ 1 2 kg/m3) cuja curva característica é fornecida pe a ura • s a , 11 12 11
~=
J • 6 1 10 ,. 1S
eT = - •
Antes de operar_c~~ 0
' rifi
0
a
a curva do sistema pode ser ex-
!á~ ~~:~;~:J
:em% e O resultado da pressão em C:~:; Q X
Figura 3
1.000 (m3/h)
r
ou, escrevendo aEq. (4.27) em termos da pressão total, para rconstante (vide Eq. 4.20),
(4.22)
(Pr )u = (Pr ), ( ~ (4.28)
(4.24)
~!!...e.....=.._.::.._....::a...~~:.......J Log(Q)
Sabe-se, da Eq. (4.22), que Figura 4.1 O Representação gráfica da primeira lei dos sopradores.
H0 = Hi ( ~: f (4.25)
4.6.2 Segunda lei dos sopradores
Usando a definição da pressão total, Eq. ( 4.20), é possível estabelecer a defi- A segunda lei dos sopradores objetiva a obtenção de nova curva característica
nição de altura ou carga total de um soprador, ao dividir essa equação pelo peso quando se mantém a mesma vazão (Q1 = Q11), entretanto o peso especifico do fluido de
específico do gás trabalho é diferente do padrão estabelecido Cri -+ r11) ou se trata de outro fluido
de trabalho. A relação de similaridade para a vazão estabelece que o número de
rotações também é constante (veja a Eq. 4.24) na forma
(4.26)
(4.30)
Lembrando que y1 = ru = y, substitui-se a Eq. (4.26) na Eq. (4.25), resultando
r
[(Pv; Ps) +~!] ln= (~ [(Pv; Ps) + ;! ]1 1 ( 4 _2 7)
No caso de o número de rotações ser constante, também o será a carga. Nesse
caso, basta substituir a igualdade ( 4.30) na Eq. ( 4.22), ou
(4.31)
Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecánicos 4 - Compressores e sopradores 91
90
no que resulta, a partir da Eq. (4.26), 4.6.3 Terceira lei dos sopradores
A terceira lei dos sopradores visa construir nova curva característica quando
(4.32) se mantém a mesma pressão total (pr1 = Pm), entretanto o peso específico do
fluido de trabalho é diferente do padrão estabelecido (y1 -+ y11) ou se trata de um
outro gás. Da Eq. ( 4.20)
Evidenciando-se os pesos específicos de cada membro da Eq. (4.32)
(4.36)
(4.34)
e multiplicando e dividindo a Eq. ( 4.37) pela constante gravitacional, g, tem-se
como resultado
Para conhecer o novo valor da potência, basta substituir a igualdade (4.30) na
Eq. (4.23), resultando
. (4.38)
(4.35)
bem como identificando as cargas totais, Eq. (4.26), em cada membro entre col-
chetes da Eq. ( 4.38)
A representação gráfica da segunda lei dos sopradores está ilustrada na Figu-
ra 4.1 1. A determinação dos novos pontos de operação (y11 > yI) ou (Ym< Y1) ocorre
como se a curva característica se deslocasse sobre o eixo vertical (vazão constan-
te). O rendimento, consequentemente, não se manterá no mesmo valor: ( T/2-+ 711) ou
ou ( T/2-+ 713) ·
(4.39)
e4.40)
(4.42) tendo em vista que o peso específico é definido por y = pg e sabendo que a aceleração
gravitacional mantém-se constante, a Eq. (1) é retornada como
A representação gráfica da terceira lei dos sopradores está ilustrada na Figu-
ra 4.12. A determinação dos novos pontos operacionais (y11 > ri) ou (rm < ra ocorre
como se a curva característica se deslocasse sobre o eixo horizontal CPr constan-
Q/1 • Ql = ( :J 112
(2)
te). O valor do rendimento não será o mesmo, ( 112 - 17 1) ou (112 - 173), bem como Sabe-se que p1 = 1,2 kg/m3, Pu = 0,72 kg/m3, bem como, do Exemplo 4.1 ,
Q 1 = 6.900 m3/h; resulta em (2)
o número de rotações e a potência serão alteradas.
112
Q/1 = (6.900) = (g)
0,72
= 8.907,86 m3/h (3)
Log(Pr)
}12 b) para a nova carga (altura), utiliza-se a Eq. (4.39) sabendo, todavia, que a acelera-
J/ 1 ção gravitacional é constante, ou
Hu = H1 = (J!.L) (4)
Pu
,, Qualquer que seja o fluido, a carga é definida como
,'
H~'Pr='Pr (5)
y pg
L--_ _ _ _ _ _ Ni_or_ _~ Log(Q)
Levando (5) (para o ar) na Eq. (4)
Figura 4.12 Representação gráfica da terceira lei dos sopradores.
H
/(
JPrli
pg,1
(6)
Tendo em vista, do exemplo anterior, (pr) 1 = 57 mmH20 = 562,02 Pa, bem como
Exemplo 4.2 g = 9,81 m/s2 e Pll = 0,72 kg/m3, tem-se na Eq. (6)
Adnútindo o enunciado do Exemplo 4.1 bem como considerando a mesma pressão H (562,02) r.
total de operação, verifique qual é a nova capacidáde, carga e o número de rotações II ~ (9,81)(0,72) -
9 57
f ' m ( 7)
do soprador quando utilizado para inflar metano a 1 atm e 20 ºC (p = 0,72 kg/m3).
c) para o novo número de rotações do motor (em rpm), utiliza-se aEq. (4.40) saben-
do, por sua vez, que a aceleração gravitacional é constante, ou
Solução 1/2
É importante ressaltar que no enunciado do Exemplo 4.1 mencionou-se que a curva N0 = H, = (!!.L)
Pu
(8)
característica, Figura 2 de tal exemplo, referia-se à condição-padrão, ou seja ar (que
será identificado pelo subscrito[) sujeito à pressão de 101,33 kPa e temperatura_ Sabendo que o valor do número de rotações do motor apresentado no exemplo an-
de 20 ºC (p = 1,2 kg/m3) . No exemplo atual, mantém-se as mesmas condições de terior é igual a 800 rprn, bem como se conhecem p1 = 1,2 kg/rn3 e Pu = 0,72 kg/m3 ,
temperatura e de pressão, entretando se modifica o gás a ser inflado, o qual se trata tem-se na Eq. (8)
do metano (que será identificado pelo subscrito l[). É importante ressaltar que, no 12
presente exercício, mantém-se a mesma pressão total, ou seja aplica-se a terceira lei
72
o,'
Nu = (800) ( l 2 ) ' - 1.032,80 rprn (9)
dos sopradores.
e flu1domecànicos 4 - Compressores e sopradores 95
94 Operações unitárias em sistemas part1Culados
..................................... (M-L2.r3 1
pot~nc'.a ~~ instalação do soprador ................ ( ,,,. L2 ,,__,•
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so em: 14 mar. 2009.
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4.8 Nomenclatura
nal ........................ ............. [L· r-- )
2
--
Agitação
e
mistura
5.1 Introdução
A operação de agitação refere-se à movimentação de líquidos e de pastas em
tanques por meio de dispositivos, cujo objetivo reside, entre outros, no incremento
das taxas de transferência de calor e de massa, bem como na facilitação da realiza-
ção de reações quírcúcas. Enquanto a agitação pode envolver o movimento de uma
única fase, a mistura está associada à presença mais de uma fase para diminuir a
heterogeneidade entre fases e/ou características físico-quírcúcas. Dessa maneira,
pode ocorrer agitação sem mistura, desde que o liquido a ser processado venha
ser uma substância pura. Já a mistura envolve, no mínimo, duas fases (ou dois
liquidos). A agitação, por si só, refere-se à movimentação de uma determinada
fase, usualmente, líquida. As técnicas de agitação e mistura são encontradas em
diversos processos dentro de indústrias de transformação, principalmente como
equipamentos destinados à promoção de reações químicas, trocadores de calor
e de massa, podendo-se citar: reatores CSTR; tanques de floculação; tanques de
dissolução de ácidos, base; tanques de dispersão de gases; tanques de extração;
tanques de retenção de produto em processamento.
lmpelidor
Camisa tipo serpentina ~-----l.fü
N
Sustentação
a.l ) pás retas 90º. Este tipo de impelidor provoca fluxo predominante-
(c) Tangencial
mente radial, podendo ser de 4 pás ou mais (Figuras 5.5a e 5.5b) e são
adequados para agitação de fluidos viscosos. Existem também aqueles
Vista inferior Vista inferior em um disco contendo pás (4 e 6, usualmente 6 pás), conhecidas como
.r \ turbina de Rushton e que está ilustrada na Figura 5.5c. Tais i.mpelidores
_j'·. ~..:~ t l l t
r\ ~ __)
(b) Axial (d) Misto
(a) Radial
Figura 5.3 Padrõ es de escoamento (b aseada em CHEREMISINOFF, 2000).
b)
b) Hélice. Conhecido também como hélice naval, este tipo de impelidor é ca-
racterizado por apresentar padrão de fluxo predominantemente axial. A
hélice naval (Figura 5.7) transforma o movimento de rotação do motor em
movimento linear (axial), promovendo bombeamento no interior do tanque,
ocasionando menor tempo de mistura quando comparado ao impelidor tipo
turbina e pás. As desvantagens em relação às pás e às turbinas são o custo, a
sensibilidade da operação em relação à geometria do recipiente e a sua loca-
lização dentro do tanque. O impelidor tipo hélice também se caracteriza por
Figura 5.8a lmpelidor tipo espiral dupla (baseada em BARBOSA, 2004).
apresentar três parâmetros de projeto: o diâmetro, o passo e a rotação.
c.2) !mpelidor tipo âncora (Figura 5.8b). Este tipo de impelidor provoca
o flmc~ ta~encial e normalmente utiliza raspadores. De igual forma ao
unpelidor tipo espiral dupla, é indicado quando se opera com fluidos que
apresentam consistência elevada.
Este tipo de impelidor é indicado para a operação com emulsões que apre-
sentam baixa viscosidade, em solubilizações e para reações químicas; sendo
por outro lado, inadequadas para suspensões que sedimentam rapidamente
e em tanques destinados à absorção de gases.
c) Pás. Misturadores do tipo pás constituem-se de duas ou mais lâminas na
vertical. Suas principais vantagens são a simplicidade de construção e o
baixo custo. A principal desvantagem é qt:e há baixo fluxo axial. Alta taxa
de mistura é alcançada apenas nas vizinhanças das pás. Dentre os diversos
Figura 5.8b lmpelidor tipo âncora.
tipos encontrados nessa classificação, estão:
c.l) Impelidor tipo espiral dupla ou helical ribon (Figura 5.8a). Este tipo
de impelidor provoca o padrão de escoamento misto devido ao movimento A_ Ta?ela 5._l apresenta informações úteis para o emprego dos irnpelidores em decor-
das pás, sendo que a interna impulsiona o fluido para baixo e a externa renc1a da viscosidade do fluido a ser agitado.
para cima. É utilizado para fluidos newtonianos de viscosidade elevada
104 Operações unitárias em sistemas part,culados e fluidomecãnicos 5 - Agitação e mistura 105
Tabela 5.1 Emprego de impelidores quanto à faixa de Supondo, para efeito de análise, que a perda de carga - devido à movimentação
viscosidade do fluido a ser agitado do fluido em um tanque agitado - possa ser expressa aos moldes da Eq. (2.59),
Tipo de impelidor Faixa-de viscosidade (cP) tem-se na Eq. (5.2)
Pás 102 - 3,0 X 104
(5.3)
'Turbina 10° - 3,0 X !04
Hélice 10°- 104 Ao escrever a Eq. (5.3) em termos de potência útil, Wu, pode-se multiplicá-la
Âncora J02 - 2,0 X 103 pela vazão mássica de fluido,
Espiral dupla 104 - 2,0 X 10
6 . u2
W = k--fYUi\ (5.4)
J 2
7..
Piufw
+-+-+-=Z +-+-+h P.iU: (5.1) tem-se na Eq. (5.5)
·-1 pg 2 g 2 pg 2 l
(5.7)
(5.8)
(5.9)
6
'
- 11 11 (e)
(bl senta as seguintes características, D = 60 cm; T = 180 cm; h = 60 cm; H = 180 cm;
--·-
1
2
1
mindo que o tanque apresenta turbina de seis pás retas e: (a) quatro chicanas; (b)
~r-~ 11 (e) sem chicanas.
1 1 1
1
1
(g)
0,6 1
1
1
(a) Solução
0,4
O,2
Verifica-se que foram fornecidas as dimensões do sistema de agitação, bem como o
1
número de rotações do impelidor. Dessa maneira, em an1bos os itens, a solução ad-
1
o, t 10 10 • vém da utilização da Eq. (5.9) , ou
2 4
Re ( 1)
Figura 5.10 Número de potência para diversos impelidores do tipo turbina em função
do
Foram fornecidos p = 0,88 g/cm , N = 30 rpm = 0,5 rps; e D = 60 cm, os quais, subs-
3
número de Reynolds do impel idor para fluidos newtonian os: (a) hélice nava l; (b) pá~ r~ta~; tituídos na Eq. (l) resultam em
(c) pás retas e disco (turbina de Rushton), W/0=0,2; (d) pás encurvadas, W/0 = 1/8; (e) pas incli-
nadas com passo de 45º e W/D= 1/8; (f) shoured; (g) pás retas sem chicanas 3 5 7
W., = (0,88) x (0,5) x (60) x NPo = 8,554 x 10 xNp0 (erg/s) (2)
(baseada em TREY8AL, 1980).
Há de se notar que a obtenção do valor da potência depende do valor do número de
Reynolds. Este valor, por s ua vez, depende das caracterfs ticas do sistema de agitação
e pode ser obtido por intermédio da u tilização da Figura 5.10. Independe ntemente
de o tanque conter ou não chicanas, para se utilizar tal figura, torna-se necessário
conhecer o valor do número de Reynolds do impelidor, Eq. (5.10), aqui retomado
como
Nd
Re = -- (3)
Re < 10 Re > 10' v
A partir do resultado (4), tem-se: Levando o resultado (7) na Eq. (2), resulta
a) tanque de agitação com quatro chicanas e impelidor tipo turbina de seis pás retas.
Wu = (8,554 x 107) (0,9) = 7,699 x 107 erg/s = 7,699 W (8)
Neste caso, utiliza-se a Figura (5.10), considerando nesta a curva (b). Com o valor de
Re = 5,143 x 104 na abscissa dessa figura, obtém-se o valor do número de potência, Observe que o uso de chicanas aumenta pouco mais de quatro vezes o valor da potên-
na oràenada, conforme ilustra a Figura l deste exemplo, igual a cia utilizada para o sistema de agitação.
(5)
.~.
'---"'
,--
•
1
"""
'- 1'
...... 1 '"
1
1 1
N,,
BIii
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'"'
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l 11t,--- 1 1 ' '
,..P.t
1 11 1,.j
'''
'' '
.,
5.6 Níveis de agitação
O nível de agitação de um fluido, NA, é definido pela relação potência/volume
de agitação, cuja escala, em termos de (HP/m3) é de Oa 4, conforme ilustra a Tabe-
1 '
1 1 f :. 1
1
' + 1 ~- ' 1•I la 5.1. Define-se, portanto, o nível de agitação como
.. ' 111
l•I w,,
1 N=-
..•
A V (5.11)
', 1
'
1
.. .. (
Ili'
qJ
3,0-4,0 Muito intensa
,,.. H,. t,, . 1 1 ~J
~
~}~
..
1
·~ ll'llt ttl O volume de líquido a ser agitado, na situação apresentada, está associado à
--.. ,, ld vazão volumétrica de bombeamento, Qp, e ao tempo de mistura, -r, segundo
N,, uili, ~J
r---1
ia
ldl
1
·~ 1 - 1
1
1 ~
'
'
1
;
'
l•I
lqJ
(5.12)
1,1 em que o tempo de mistura, ·r, está afeito à medida de tempo requerido para mistu-
1 111111
. ..
tJ
rar líquidos misciveis no volume do tanque agitado. O tempo de mistura é obtido a
'' 1
1 1 1 1
.. JJlilll .. partir do conhecimento do número de mistura, N,, este definido como
Figura 2 Solução do item (b) do Exemplo 5.1.
(5.13)
110 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecãnicos 5 - Agitação e mistura 111
O valor do número de mistura, assim como o valor do número de potência, de- O valor do número de bombeamento depende das características do tanque
pende das características do tanque agitado, especialmente do tipo de impelidor. A agitado. A Figura (5. 13) apresenta a dependência desse número com o número
Figura (5.12) apresenta a dependência desse número com o número de Reynolds do de Reynolds do impelidor, Eq. (5.10) , para diversas relações entre o diâmetro do
impelidor, Eq. (5.10), para alguns tipos de impelidores. Verifica-se, na situaçã? em impelidor, D, e o diâmetro do tanque agitado, T. Há de se notar, finalmente, que o
que N, venha a ser constante, que o tempo de mistura é inversamente proporc10nal nível de agitação pode ser expresso por meio dos números de potência, de mistura
à velocidade de rotação do impelidor. e de bombeamento. Para tanto, basta substituir as definições (5.9), (5. 13) e (5. 16),
na definição (5.11), obtendo-se
Já a vazão volumétrica de bombeamento, Qp, é diretamente proporcional à
velocidade do fluido, u, no tanque agitado, bem como da área do impelidor, A1, por
meio de NA ex: p( ;;JN 3
fl2 (5.17)
(5.14)
1,0
0,9 ___ :.- 1 0/T= ,2S
0,8 1I on-b.3 I
- ~ ....- -----
1 1 1 1 1
1 1 1 1
1 ' 1
1, D/T-0,4
... 0,7
... ' '' ,/ ' .. /
....... ....- --
,,.. -
Turbina Turbina Hélice ~
D/T-,0,S
(6 o.1<ma,. com chluMI ' ' ,. (6o.ls1tw.s,mch,unatD/T -1/l) ' (O/T-116)
0,6 .,, --
... '
' ' '
0,5 / ~ / l; I;
~
V
~
-. - ,.H~icoidal
. .....
r---.. ...... ___ ' i' ... ' . Hélice
(D/1~1/ll 0,4
~Áj V'
1
-- -r---... r-....1- .. - - -
~
... - 1.
- -
r-.... -
1
-- 1 0,3
101 4 6 8 10• 6 8 105 6 8 10'
Re
Figura 5.13 Número de bombeamento em f unção do número de Reynolds do impelidor,
10 ,oi 101 10' 10 para algumas relações D/T para t urbinas de pás inclinadas de 45° com chicanas
1 10
Re (baseada em CHEREMISINOFF, 2000).
reção obtido de !~ 1
~Í"-.
112 1
'
---r--
<p = ( (T/D)nova(H/D)nova ]
(T/D)padra/ HID)paiJ.rão (5.20) '
'' ~
'
'
'
-
'
1'
''
o.o
O 6 8 10 12 14
l OOx QdND1
Exemplo 5.2
Deseja-se avaliar um sistema de agitação destinado à oxidação de matéria. orgâni-
Figura 5.14 Tanque com mais de um impelidor. ca de um efluente que apresenta massa especffica igual a 1,1 g/cm3 e viscosidade
?111ãmica igual a 50 cP. Conhecendo-se a capacidade de descarga do impelidor, que é
igual a 0,02 m3/s, e a vazão requerida de ar igual a 300 cm3/s, pede-se:
Sendo as medidas padrão, conforme representadas na Figura 5.2: a) projete o sistema de agitação, utilizando um impelidor do tipo turbina de pás in-
clinadas de 45º para um tanque de 100 litros considerando-o em medidas padrão
Número de chicana= 4 de modo que o seu volume venha ser 20% maior do que o volume do líquido a ser
agitado.
b) obtenha o valor da potência útil de agitação referente ao sistema projetado no
h H B 1 item anterior, assim como verifique o nível de agitação.
-=1· -=
T l·, -=-
D ' T 10
D = o,;O - O
W ,25 para hélices Tendo em vista que o sistema é gaseificado, sabe-se que HIT = 1,2, o qual substituído
na Eq. (1), resulta em
v, = O,3 ;(['3 (2)
c) Quando O sistema é gaseificado, ou seja, na existência de borbu~amento Informou-se que volume do tanque de agitação, V, é igual a 100 litros (1,0 x 105 cm3)
de gás em um tanque agitado. Recomenda-se, neste caso, as relaçoes geo- e é 20% maior do que o volume do liquido a ser agitado ou seja, V= 1,2 v, que, levado
à Eq. (2), fornece
métricas: h/T = 0,6; HIT = 1,2; BIT= 1/12, mantendo-se as demais propor-
ções apresentadas no item b. Nessa situação, a potência dissipada é redu- V= 0,36 ;(['3 = 1,0 X 105 (3)
zida, conforme ilustra a Figura 5.15.
Operações unitárias em sistemas particulados e flu1domecànicos 5 -Agitação e mistura 115
114
O diâmetro do tanque será dá-se pelo método da te_ntativa e erro. Ou seja, atribui-se um valor para N, calcula-
(4) -se o valor de Repor meio da Eq. (8) e, à primeira vista, utiliza-se a Figura 5.10 para
T = 44,55 cm a obtenção do '.°"Po, advindo da ordenada de tal figura. Contudo, ao inspeciona r-se a
que em termos construtiv os, ordena~a da Figura 5.10, Eq. (6), constatam -se duas incógnitas: 0 próprio N assim
(5) como Wu. Por outro lado, ao utilizar-se a Figura 5.13 o valor encontrad o n~ orde-
T= 45 cm nada será o número de bombeame nto, Eq. (7), em que QP = 2,0 x 104 cm3ts. Assim,
A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos consideran do-se as medidas padrão no po~tanto, recalcula-se_ o valor de N e o compara com o valor de N anteriorm ente
caso de tanque agitado com borbulham ento de ar. atribuído. Tendo em VJsta que D = 15 cm; _µ = 50 cP = 0,5 g/cm . s, e p = l ,l g/cm3
tem-se nas Eq. (8) e (7), respectiva mente '
l
Re = (l,l)(l5 ) N ª 495 N
Tabela 1 Dimensõe s característ icas para o tanque de agitação referente ao (0,5) X (9)
Exemplo 5.2
Dimensõe s Relações geométric as Valores de projeto sendo
Altura do líquido no tanque H = 1,2 x T H=54cm
Distância entre o irnpelidor h = 0,6 x T H= 27 cm (10)
e o fundo do tanque
1 A Tabela 2 apresenta as iterações referentes a este item. Já a Figura 1 ilustra O
r e-
Diâmetro do impelidor D--xT D= 15 cm sultado final.
~
QP = NqND
De igual modo à Eq. (6), na Eq. (7) também se desconhec e o valor de N que, por } ,::i,, v-
~--- 1111 0/T O.$
sua vez, está associado ao número de Reynolds do impelidor por intermédio da Eq. '
(5. 10) , ou
o.
~ ~"' ~
Re ª pNd
µ
(8)
~
o.
Observa-s e que valores para o número de Reynolds do irnpelidor encontram -se nas
lo' 2
• 6 a1oi 1 • 5 a10-
Re
2 • 6 a1ot 2 • 6 a,o'
abscissas das Figuras (5.10) e (5.13), utilizadas para a determina ção dos números de Figura 1 Solução do item (b) do Exemplo 5.2.
potência e de bombeame nto, respectiva mente. A solução, portanto, para este item
Operações unitánas em sistemas particulados e flu1domecânicos 5 - Agitação e mistura 117
116
r
De osse do valor do núJnero de Reynolds do impelidor, Eq. (12), u~iliza-~ na abscissa
d 5 10 curva (e) (considerando-a válida para a presente s1tuaçao)'. de modo
ª b~!~r~~ ~rdenada dessa figura, 0 valor do n~ero de potência para o sistema de
·'
·-
• • 10
:g~taçã~ não borbulhado, conforme ilustra a Figura 2. O valor encontrado para o IOOxQdNo' " "
número de potência é Figura 3 Obtenção do NPo para o sistema gaseificado do Exemplo 5.2.
(14)
O valor do número de potência do sistema gaseificado será obtido substituindo (14)
na Eq. (17) de onde resulta
.·~11
-
.....
,,
1
"
' ,-,..,. '
'
1
l
N, •
Ili'
.,
uw
1
li
"°Rt vi
"ldl
l•l
(d
~I
(Np0 )comgás =(0,89)(1,4) =1,246
1 1: N , ' 11 111 - 1
.n. 1 ;li!)
l
1
1 1 1
. ''1'! 1ti - ,
, t 1
11111
1
f~ (~
ou
u
l•l
H'u = 59,51 W = 0,0796 HP (1 9)
,,1 "" 1
1. l l llil
. 1.
O valor do nível de agitação do sistema advém da Eq. (5.14), ou
tJ
.. l 111~ it .. 1,.,
wu
~
Re
N _
Figura 2 Obtenção do NPo do Exem plo 5.2. A ½ (20)
Sabendo que V= 1,2 Vt e V= 100 litros= 0,1 rn3 , tem-se Vt = 0,0833 m3 que substi-
A otência útil neste exemplo, refere-se ao sistema gaseificado. Nessa situação, tuído em conjunto com W,. = 0,0796 HP na Eq. (20), resulta em
p ssária a correção do número de potência utilizando-se, por exemplo, a
torna-se nece . • t édio de
Figura (5.15). Nessa figura, a abscissa é obtida por m erro N = (0,0795) ª O956 HP/m3 (21)
A (0,0833) '
QG (15)
x =100x Nd
Observa-se por inspeção da Tabela 5.2 que o nível de agitação é consideradoforte.
· ta que Q G -- 300 cm3/s , N = 8 ,3 rps e D= 15 cm, tem-se em (15):
Tendo em VIS
(300) (16)
X = 100 X ª 1,07
(8,3)(15)3 5.8 Ampliação de escala
·
Utilizando-se o valor (16) na Figura (5 ·15) • 0 btém-se a. · razão entre
. o número de No desenvolvimento de processos precisa-se passar da escala de laboratório
potência com a injeção de ar e aquele sem injeção de ar igual a (Figura 3) para a escala de planta piloto. As condições que tiveram sucesso na escala me-
nor devem ser mantidas no tamanho maior, além de ser conservada a mesma pro-
( N Po tm gá.s ª 0,89 (17) porcionalidade geométrica (semelhança geométrica). Para a ampliação de escala,
( N Po )..m &á-s podem sem adotados os seguintes critérios, os quais dependerão do objetivo da
operação de agitação.
Operações unitárias em sistemas particulados e íluidomecàmcos 5 - Agitação e mistura 11 9
118
Corno se trata cio mesmo tipo ele agitador
5.8.1 Semelhança geométrica
Considerando-se as grandezas físicas presentes na Figura (5.2) e tendo como (kr)1 = (kr)2 (5.28)
base o diâmetro do impelidor, têm-se as seguintes relações e ntre o modelo (subs-
Identificando as definições (5.9) na igualdade (5.28)
crito 1) e o protótipo (subscrito 2)
(5.29)
(5.30)
5.8.2 Semelhança fluidodinâmica
Obedecida a semelhança geométrica, ou seja, mantendo-se o mesmo t ipo de
agitador, outro critério trata-se da semelhança !iuidodinâmica, a qu~l envolve o
comportamento de mistura, traduzida nos regimes apresentados na Figura 5.11. 5.8.3 Manutenção do nível de agitação
Nest_a C8:_tegoria, a ampliação de escala é baseada na manutenção da intensida-
b.l) Regime laminar
de de ag1taçao entre as situações l e 2, ou
(5.21)
(NA) 1 = (NA)2 (5.31)
Trazendo a Eq . (5.14) na Eq. (5.31) , tem-se
ou
(5.22)
kL = ReNp0
(5.32)
Como se trata do mesmo tipo de agitador
(5.23)
(kL)1 = (k L)2 Tendo como base a Figura (5.2), o volume do liquido a ser agitado é tanto para
o modelo quando para o protótipo, '
Substituindo a E.q. (5.25) na Eq. (5.23)
(Re N p0) 1 = (Re N Po)2
(5.24) nT2
~ =-4-H (5.33)
Identificando as definições (5.9) e (5.10) na igualdade (5.24)
Substituindo as definições (5.9) e (5.33) na igualdade (5.32), resulta em
(5.25)
Np N ff ) = (p Np N ff)
2 2
( p 0 0
T2H i T2H 2 (5.34)
No caso de o fluido de trabalho não ser alterado,
No cas~ de o_regime ser lam_inar, pode-se substituir a Eq. (5.21) na Eq. (5.34)
(5.26) bem hc omo identificando a definição (5.10) e a igualdade (5.23) no resultado obti~
d o, c ega-se a
\
--------~,ç-,1
Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecanicos 5 - Ag1taçãc e mistura 121
120
[.u (T /D;;HID) t [µ= (TID;;HID) t (5.36) a) Note que ao se reduzir o número de rotações, N, diminui-se o valor do número
de Reynolds do impelidor e, por consequência, altera-se o comportamento fluidodi-
nâmico do sistema (veja a Figura 5.11). Como é estabelecida a semelhança geomé-
Identificando as semelhanças geométricas na igualdade (5.35), esta é retoma- trica do sistema de agitação (não houve modificação no projeto do tanque agitado),
da tal como se segue este item será resolvido por meio da técnica de semelhança fluidodinâmica, se hou-
(5.37) ver. Dessa maneira, verifica-se do Exemplo 5.1, para o tanque com chicanas, que o
valor do número de Reynolds do irnpelidor é Re = 5,143 x 104 , o qual é definido pela
Simplificando a igualdade (5.36) para o mesmo fluido de trabalho, tem-se Eq. (5.10), ou
( p kr,N
T2H
3
d') = ( p K-r-~
T"H
3
d') 2
(5.39)
4
Re = 2,571 x 10 . Levando este valor na abscissa da Figura 5.10, verifica-se que se
trata do regime turbulento (veja a Figura 1). Como o fluido de trabalho não foi al-
1
terado e se trata de regime turbulento, utiliza-se a Eq. (5.33) ou
Identificando a igualdade (5.28) na igualdade (5.39),
(2)
N
( p T2H
3
If') = (p NT If')
1 H
3
2 2
(5.40)
..
""
Reescrevendo a Eq. (5.40)
.-"'
[p (T l~~: ~ ID) l-[p (Tl;:~ID) t (5.41) . .,~1-,
a
N,,,
1
1
1 ..... 1
(N3D 2 ) 1 = (N3D
2
)2 (5.43)
Figura 1 Solução do item (a) do Exemplo 5.1 .
' Sabendo que se manteve o mesmo impelidor D 1 = D2 = 60 cm, Eq. (2) é reescrita
como
Exemplo 5.3
1'
Considerando-se os enunciados apresentados nos Exemplos 5.1 e 5.2, pede-se: ' (3)
a) Calcule O valor da potência útil ao se reduzir pela_ metade o valor do número ~e;~-
ta ões do irnpelidor referente ao sistema, com chicanas, estudado no Exemp o • · Do enunciado do item (a), observa-seN1 = 2N2 , que substituído na Eq. (3) resulta
ç . - f
b) Obtenha O valor da potência útil, bem como projete o sistema de agitaçao re e-
rente ao Exemplo 5.2, para tratar 10.000 litros de efluente, mantendo-se o mesmo (w) = (wuA
u 2 8 (4)
nível de agitação.
122 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecánicos 5 -Agitação e mistura
123
Do exemplo (5.1) ~V,,= 34,216 W. Substituindo esse valor na Eq. (4), Recorde-se que a estimativa do valor de N, no Exemplo 5.2, deu-se por tentativa e
erro. Entretanto, tendo em vista que se trata do mesmo fluido de trabalho e que se
(wu )2 = 34,216
8
- 4 211 w
'
(5) preserva o mesmo rúvel de agitação do Exemplo (5.2) (agitação forte), o regime é,
portanto, turbulento. Nesse caso, pode-se utilizar a Eq. (5.30) para a estimativa do
b) Este item trata da ampliação de escala, no sentido de já se ter o projeto advindo valor do novo número de rotação do impelidor,
do Exemplo 5.2. Em assim sendo, pode-se retomar a Eq. (2) desse exemplo como
Vi = 0,3 Té1'3 (6) .(10)
7
Sabendo que a unidade deverá processar 10.000 litros (1,0 x 10 cm3) de efluente,
tem-se na Eq. (6) ou
74 (12)
à semelhança da Tabela 1 apresentada no exemplo anterior. Todavia, conhecem-se
tais valores conforme apresenta a segunda coluna da Tabela l do presente exemplo.
Dessa man~ira pode-se, neste exemplo, utilizar a semelhança geométrica, conforme Do Exemplo (5.2) sabe-se que (Wu) 1 =59,51 W. Contudo, desconhece-se o valor de
apontada na terceira coluna. Na última coluna dessa tabela, estão os resultados das (Wu)2. Por outro lado, foi informado que se mantém o mesmo rúvel de agitação, ou
dimensões do sistema de agitação com borbulhamento de ar.
(13)
Tabela 1 Dimensões características para o tanque de agitação referente ao
Exemplo 5.3 O valor da potência útil será, portanto,
Valores de
Valores Relação projeto
Dimensões (14)
de projeto geométrica (resultado
arredondado)
É importante assinalar que o sistema de agitação do Exemplo (5.2) foi projetado
Diâmetro do tanque Tt =45 cm T2 = 220 cm para 83,33 litros de efluente (note que o volume do tanque de 100 litros é 20% su-
Diâmetro do impelidor D 1 =15cm D2 = D1 X (T2IT1) D 2 =74 cm perior ao de líquido). Dessa maneira, pode-se substituir (Wu) 1 = 59,51 W, Vi= 83,33 te
V12 = 10.000 t na Eq. (14), ou
Altura do líquido no tanque H 1 =54 cm H2 = H1 X (D2!Di) H2 = 264 cm
Distância entre o impelidor (wu)2 = (59,51)(:~:) = 7.141,49 W
e o fundo do tanque
ht =27 cm h2 = h1 X (D2ID1) h 2 =132 cm (15)
Altura da pá do impelidor W1 = 3 cm W2 = W1 x (D2ID1) W2 =15 cm Substituindo os valores de potência útil (Wu) 1 = 59,51 We (Wu) 1 = 7.141,49 Wna Eq.
(12), obtém-se o seguinte valor para o novo número de rotações do impelidor.
Largura da pá do impelidor L 1 = 4 cm L2 = L1 X (D2IDt) L 2 = 20 cm
l/3
7 141 49
Largura da chicana 8 1 = 4 cm 8 2 =8t X (D2/Di) B 2 = 20 cm N.2 = O581 ( · • )
59,51
= 2 87
' rp
s
' (16)
Número de chicanas n=4 n=4
1
mecanicos 5 -Agitação e mistura 125
124 Operações unitánas em sistemas part1culados e flu1do
............................................. [L]
T Diâm~tro do tanque agitado ................................
5.9 Bib liog rafi a consultada ........................ .......... ... [L.r-1]
impe lidor em siste mas de agitação Velocidade do fluido no tanque agitado ................
BARBOSA, J. E. Dim,ensionamento do eixo do .....
Volume de líquido a ser agitado...... ........................ .... ....................... ........ [L J
3
rtação de Mestrado. Campinas: Uni-
e mist ura para processos indu stria is. Disse ......................................... [LI
. ~t~r a da pá do impelidor ........................ ................
i~r~;f!
versidade Estadual de Campinas, 2004
CHEREMISINOFF, N. P. Handbook oj chem ical proc
terworth-Heinemann, 2000.
CoKER, A. K. Ludw ig's appl ied process desig
essing equi pme nt. Wobum: But-
6.1 Introdução
O conhecimento das caracte rísticas de uma partícu la ou de uma
população de
partículas é o coraçã o da ciência de sistem as particulados, uma
vez que tais sis-
temas são regidos pela interação partícula/partícula (partículas
morfologicamen-
te e fisicamente semelh antes ou distint as), partícula/fluido
(gás e/ou líquido) e
a interação entre cais fases, como aquelas aprese ntadas no Quadro
6.1. O estudo
fenomenológico de tais interaç ões caracte riza a ciência de sistem
as particulados;
já a aplicação decorr ente de tais estudo s diz respeito à tecnolo
gia de sistemas par-
ticulados.
Interstícios
6.2.2 Massa especí fica da partíc ula
A massa especifica de um material é defuúda como a massa desse
material
dividida pelo volume ocupado por ele. As definições distintas para a
massa espe-
cífica decorrem de como o volume da partícula é considerado. O volume
visível
de uma amostra é composto pelo volume da matriz sólida e pelo volume
de vazios
(poros). A massa do material é determinada facilmente por uma balança
Figura 6.3 Repre.sentação da porosidade de um pó. analítica,
enquanto o volume, em se tratand o de sólidos de geometria conhecida,
é calculado
diretamente da definição de seu volume geométrico. Por exemplo: tendo-s
e uma
partícula de esfera de vidro (de 2 mm de diâmetro, cujo valor é obtido
Os poros considerados aqui são abertura~ ':/ou P;:~:gdean~oe;;:;:~~s diretamente
d~Pi~ por um paquímetro), obtém-se a sua massa por meio de uma balança
e a divide
pelo volume dessa partícula considerando-se o seu diâmetro.
P~ é ~m t1pto :ª~:~~:e
tículas) r~gi_dos ou s~~irr~~~~~s- ~::P:; i::~~~ 1:/;art ículas do pó
0 (Figura 6.3)
de v~ios. A porosidade, portant o, corresp onde à rela-
s~o c ama os I me ocupado pelos poros e/ou vazios e o volume total
da amostra.
Quando o material em questão for pequeno o suficiente de modo a ser
camente impossível medir o seu diâmetro, e que, em vez de uma partícu
prati-
la, tenha-
çao entre o vo u -se uma amostr a desse material (ou seja, um número considerável de
Neste caso, têm-se: partículas),
pode-se recorre r à técnica denominada picnom etria ou método de
Arquim e-
Porosid ade da partícu la (Figura 6.2) des. Essa técnica consist e na imersão da amostr a de particulas
em um recipiente
preenchido por um líquido (usualm ente água); o volume de líquido
Volume dos poros abertos (6.1) deslocado
corresponde ao volume ocupad o pela amostr a em tal recipiente. Um
EP = Volume total da partícula roteiro para
a determinação da massa específica da partfcula pode ser este que se
segue:
Porosidade do pó (Figura 6 .3) a) considere que se conheça a massa da amostra, a qual denominaremo
s m 1;
Volume dos poros abertos b) toma-se, a seguir, um picnômetro de volume conhecido e insere-s
(6.2) e água, me-
Volume total da partícula dindo-se a massa do conjunto (massa do picnômetro + massa da água),
Ep = a qual
denominaremos '71'½;
Dependendo do tipo do mei~ poroso, o val~:! ª ~or~~ ~:~ec ~1~::r e) adiciona-se ao conjunto de massa '71'½ a massa conhecida da amostra
:~i: (mi) e pesa-
~:t:'~ i;
0
1
:e~~ ;::r~:: ~ni:sd ;::~u~ :m;o;o sid:cie s~uito baixas. Já os filtros
-se o conjunto (massa do picnômetro cheio de água+ massa da amostra
denominaremos m 3 . A massa de água deslocada será: mH o = m + '71'½
2 1
), que
- m3 .
Operações unitárias em sistemas part1culados e fluidomecànicos 6 - Caracterização de partículas 133
132
1 de água deslocada que é igual ao volume da amostra, será: dessa maneira, uma ampla dis tribuição de tamanho de poros) , avaliando-se diâme-
O vo ume ' é a massa especifica da água na temperatura tros de poros superiores a 0,03 ~im. Para diâmetros de mesma ordem de grandeza
Vamoslra-== mt1adPH.o, em que PH20 - . d e menores, pode-se utilizar a técnica da picnornetria gasosa, a qual é baseada na
do ensaio.. Ass;"" -a massa especifica da part1cula adVJrá e
uu, difusão de um gás inerte no interior da partícula. A escolha do gás ine rte depende
da relação entre o diâmetro da molécula do gás e o diâmetro do poro, no que de-
p =m1
-- (6.3)
corre o primeiro ser, n ecessariamente, menor do que o segundo.
p Vamostra
O étodo de' Arquimedes é apropriado principalmente para sólidos não poro- 6.2.3 Áre a específica su perficial
~ . . de engenharia química, por exemplo - possuem,
SOS. Muitos sólidos - do mteresr de rachaduras fendas e/ou aberturas sinuo- A área específica ou superfície específica é definida como a área superficial da
em suas estruturas, poros em or~a ·s faz-se nec~ssária a medida de dois tipos partícula na unidade de massa, aM, ou na unidade de volume, a v, conforme ilustra
sas (Figura 6.lb). Para ess:s ~~;:ª~~e inclui os poros e outra que os exclui, o a Figura 6.4.
diferentes d~ massa espec ~ª· ão do volume considerado na definição de massa
que re:ete (~ir;t:=:~en;o~o:~~~de). Para tanto, considere que se conheça ufa
~:~~í~ul~ade esfera de carvão altamente p~ros~ ( ~:e a
2
::a !:i:~~!r:e~iJ~/~:
é obtido dired~~denpteel~C:o~~ªie~:~:~~í~~~:::nsiderando-se o diâmetro dela. O
balança e a JVI e - . t
resultado advindo dessa divisão é a massa especifica apa1en e, ou
(6.4)
Pp,, = Volume total
(6.7)
(6.8)
í) o valor do diâmetro da esfera de igual volume ao do arroz, calculado pela expres- (6)
são obtida em (e);
g) uma expressão para o diâmetro da esfera de igual superfície à do arroz, sabendo
2 1
que a superfície de um esferoide prolato é SP = 2 1tb + 21t(°;b)sen - (e); sendo c) a massa específica do arroz determinad a por picnometria
11 m P_
p __
e= (a'- b'l - sen-1(e) em radianos· '
a ' ' (7)
P Vll,O
h) o valor do diâmetro da esfera de igual superfície à do arroz, calculado pela ex-
pressão obtida em (g); sendo o volume de água deslocada
i) esfericidade do grão de arroz.
~o
VH,O • - - (8)
A-i,o
Solução substituindo-se (6) e (2) na Eq. (8), tem-se
Informações advindas do enunciado 10,9
V.H.o - - - - 10 92 cm3
- 0,998 ' (9)
a) Número de grãos: 490.
b) Massa do cadinho vazio: 30,5 g.
c) Massa do cadinho com os grãos: 43,5 g. levando-se os resultados (4) e (9) na Eq. (7),
d) Massa do picnõmetro: 22,3 g. 13
e) Massa do picnõmetro com água: 72,2 g.
Pp = lO
92.= 1,19 cm3
1 .
Operações unitánas em sistemas part1culados e fluidomecànicos ó - Caracterização de partículas 141
140
d) 0
diâmetro da esfera de igual volume ao do arroz com base nos resultados advin- com e= Ca'-a.b')li; sen- 1 (e), em radianos, tem-se na Eq. (20)
dos da picnometria (dp) 2
Volume total dos grãos dp5 = [2b2 +2(ª;b) sen-1 (e)r (22)
,,d; ( 11)
vP = No-6-
h) o diâmetro da esfera de igu.3.l superfície à do arroz calculado pela Eq. (22). Sabe-
sendo No o número de grãos = 490.
-se que a = 0,461 cm e b = 0,097 cm. Como
em que Volume total de grãos = Volume da água deslocada, ou
(12) 2 - b2)1,2 [co 461)2 co o9~)2]1,2
1
(ª
e = -'=----=--'--- ' - ' = O 9776 rad (23)
VH20 = VP
a 0,461 '
substituindo-se a igualdade ( 12) na Eq. (11),
3 substituindo-se os valores apresentados neste item na Eq. (22),
;,r;dP (13) 1/2
VH,0 = No-6- 2 0,461 X 0,097 1
dp5 = [2(0,097) + 2( 0, ) sen- (0,9776)] = 0,378 cm (24)
9776
trazendo-se o resultado (9) e sabendo que No= 490, tem-se:
rrd; (14)
10,92 = 4906 i) esfericidade do grão de arroz.
(15) d2
dp = 0,349 cm
,P=~ (25)
sp
e) uma expressão para o diâmetro da esfera de igual volume ao do arroz
sendo o valor de dp oriundo do resultado (15), ou seja, dp = 0,349 cm, é a área super-
d =
p
(~v
Jl p
)113
(16) ficial da esfera obtida da Eq. (20), ou
Sp = .m:t~ (26)
em que o volume de um esferoide prolato é Trazendo-se o resultado (24) na Eq. (26),
2 ( 17) Sp =n (0,378)2 =0,449 cm2 (27)
V
p
= ~rrab
3
Substituindo-se dp = 0,349 cm e o-resulta do (27) na Eq. (25),
Substituindo a Eq. (17) na Eq. (16)
2 113 (18) t/> = n(O, 349)2 = O 852 (29)
dp = (8ab ) (0,449) '
--------- - - - --
Operações unitárias em sistemas part1culados e fluidomecànicos 6 - Caracterização de partículas 145
144
Sonda Feixe de luz Lente Figura 6 .10 (a) Análise de imagens (MELO, 2010); (b) Diâmetros de Feret (ARAÚJO, 2001).
(laser) 1
Solução
As duas primeiras colunas da Tabela 1 ilustram um ensaio característico para par-
tículas de catalisadores de FCC. Nesse ensaio, foram selecionadas as peneiras # 70,
# 80, # 100 ... , # 400 (em que o simbolo "#" indica mesh). O símbolo (+)indica que
uma determinada fração de massa i, X ; foi retida na peneira "# i"; enquanto o sím-
bolo(-) indica que a massa remanescente atravessou a peneira"# i". Retomando a
Tabela l na Tabela 2, a segunda coluna dessa tabela mostra a fração de massa retida
2CO .Q) !illl SlO na peneira"+# i". P. ex: 1,29% da massa ficaram retidos na peneira# 100; 5,93% da
Diâmetro de particula,D, (µm)
massa ficaram retidos na peneira# 120; 9,70 % da massa ficaram retidos na peneira
Figura 6.11a Distribuições de frequência das partículas r_eferentes à Figura # 140 e assim por diante. A terceira cÔlµna indica o percentual da massa total que
6.1 a (base volumétrica, utilizando-se Masters1zer). atravessa a peneira# + i; como exemplo, tem-se que 100% da massa total da amostra
atravessaram a peneira# 80; em seguida, 98,71 ~ da massa total da amostra atraves-
saram a peneira# 100 para, a seguir, 92,71 % da massa total da amostra atravessar
a peneira # 120 e assim suc.essivamente até que 5,03% da massa total da amostra
atravessam a peneira # 400 e se deposita no fundo do equipamento. Ou seja, trata-se
de uma distribuição cumulativa, em que cada valor X;, indica a fração em massa das
partículas menores do que um certo diâmetro D, que, no caso da Tabela 2, refere-se
à primeira coluna como "+# D;".
Exemplo 6.2 _
~ .. Peneiras
(mesh) X;,(%100) X; (%100) -D;, (µm) + D;,(µm) D; (µm)
Um(a) profissional foi convocado(a) para projetar um reator do ~po_le1~~~~~0~
destinado ao craqueamento catalítico de petr~leo._Para tant?•~~;:;1~~assi.ficação do - 70+80 o 100 250 177 213,5
ser obtida sobre o projeto refere-se à caractenzaça~ do parti~ . stra de 100 g
articulado de FCC foi conduzida por meio de peneiramento e uma amo -80+100 1,29 98,71 177 149 163,0
~e partículas cujos resultado está apresentado na Tabela l. Pede-se: co_nst;a os~- - 100+120 5,93 92,78 149 125
cos para a cfutribuição de frequência e para a distribuição granulométnca a amos ra. 137,0
-120+140 9,70 83,08 125 105 115,0
Tabela 1 Distribuição de frequência relativa ao Exemplo 6.2 ' < - 140+170 14,16 68,92 105 88 96,5
Peneiras (mesn) ~/(%100) ' ~n~~ (m~L xii~0O) ~ - - 170+200 16,97 51,95 88
• -- O 15,21 74 81,0
-70+80 -200+230
-200+230 15,21 36,74 74
1,29 -230+270 14,32 63 68,5
-80+100
- 230+270 14,32 22,42 63
-100+120 5,93 - 270+325 11,21 53 58,0
- 120+140 9,70 -325+400 6,18 -270+325 11,21 11,21 53 44 48,5
-140+170 14,16 -400 5,03 -325+400 6,18 5,03 44 37 40,5
-170+200 16,97 -400 5,03 O (fundo) fundo fundo fundo
Operações unitárias em sistemas particulados e flu1domecànicos 6 - Caracterização de partículas 149
148
e médio de todas as partí-
a) Diâme tro da partíc ula cujo volume é igual ao volum
tes em uma amost ra:
,a~ --- - - -- - - - -- - , culas presen
~16-
·ã14- (6.23)
c
~12
<7
~10
.g 8
%6
~ é igual à média das áreas su-
a2
4
b) Diâme tro da parcfc ula em que a área superficial
perficiais de todas as partíc ulas presen tes em uma amostra:
ÕO~O- - -TS_(O_ _ _I00,----,1lo___2T00--- -~2~
DiAme1ro de partlcula,D, (µm)
1201- , - - - - - - - - - - - - -- 7
c) Diâme tro da partíc ula c uja relação vol ume/s uperfü
;ie, a21ai,
é a mesm a para
tes em uma certa amost ra. Desse modo, a partir das
todas as partíc ulas presen
Eqs. (6.23) e (6.24) , tem-se :
(6.25)
i(;) =
i-1 '
2
1,34 X 10- (1) 48,5 0,1121 2,31 X lo-3 48,5 0,1121 9,83 X 10-7
40,5 0,0618 1,53 X 10-3 40,5 0,0618 9,30 X 10-7
(2) 2n ( X; )
i (:I) l,34xl0-
2
a,2 = i•l D;
(5)
(X· )
ti o}
i-l ' .p n
D,
48,5 0,1121 0,1121 3,8816 -2,1884 1,1263 0,1189
40,5 0,0503 0,0503 3,7013 - 2,9898 1,0530 0,0516
Log- Tem-se uma reta ao se re- dp5 • ~ exp(- -1 tn2
(6.28) presentar em forma gráfica 2
a)
-normal
enD vs. enX em escala de
A Figura 1 apresenta as curvas obtidas. Verifica-se, para o modelo GGS, que o coP.fi-
probabilidades; para a= l,
ciente de determinação para a reta é igual a r 2 = 0,894, enquanto para o modelo RRB,
ln~(D---'-';/-'~=) todas as partículas têm o r 2 = 0,983. Ou seja, é o modelo que mais bem descreve a distribuição granulométrica
Z a -
' -/2-(fna) mesmo diâmetro. entre aqueles avaliados neste exerc[cio.
função erro na qual a Ressalte-se que n é o coeficiente angular da reta lnD vs. ln(en[ l/(1 -X)]} que,
dispersão a é igual a: na presente situação, é n = 3,065. Já o valor de D' é D' =D63,2 , sendo que D63.2
refere-se ao diâmetro D para X= 0,632. Nesse caso, pode-se interpolar o valor de
a• Ds.i,1- Dso .d D' a partir da Tabela 6.7, ou utilizar-se da reta inD vs. en{en[ll(l -a;)]}, na forma
D50 D1s,s y = ax + b, em que a = n.
Operações unitárias em sistemas particulados e fluidom 6 - Caracterização de particulas
154 ec~nicos
155
BERTEL INDÚSTRIA METALúRGICA. Disponível em: <www
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espec tro de gotas de bicos hidráulicos de jato plano
1,0 de faixa expan dida XRl 1003.
Jaboticabal, Eng. Agríc., v. 28, n. 4, p. 740, 2008.
u •
o,ol---lr/J--,tO-----:rl.O-:------:,r,o-::.~a-;ª~s.o ~-7 CARR, J. R.; NoRRIS, G. M.; NEwcoMB, D. E. Characteriz
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de suco de acerola desidratado em
. d I ara distrib uição granul ométri ca, leito fluidi zado. Dissertação de Mestrado. Campinas:
Figur a 1 Gráfico para anãld1se, d~:t
em que f(X;) = X; para o mo e o ,
//(f<.i=
1
t n(cp·) para o model o RRB.
'
Campinas, 2005.
Universidade Estadual de
7.1 Introdução
Na separa ção de partic ulados de taman hos distin tos por
meio da ação centrí -
fuga e ação gravitacional, como são os casos de empre go
de ciclones e elutria do-
res, por exemplo, torna- se essencial tanto o conhe cimen
to das caract erístic as físi-
cas e morfológicas das partículas envolvidas (Capítulo 6)
quant o da descri ção do
escoam ento das fases fluida e partic ulada associ ado a
tal separação. No que se
refere à descri ção do escoa mento da fase fluida (gás ou
líquido), esta foi apre-
sentad a no Capítulo 2; já para a descri ção do escoam
ento da fase partic ulada,
tornam-se imprescindíveis informações funda menta is
sobre a dinâmica de uma
partícula isolada.
Lp = mp'llp (7. 1)
Admita que uma dada partícula aprese nte veloci dade 11p
1
no instan te t 1 e u P
no instan te t2 (Figur a 7.1). A variação da sua quanti dade 2
de movimento entre tais
Operações unitárias em sistemas part1culados e fluidomecanrcos 7 - Fluidodinàm1ca de uma partícula ,solada 161
160
desse modo ela se manterá. Por via de consequência, têm-se as seguintes conclu-
instantes será sões: wn ponto material com força de interação nula permanece em repouso ou em
L p 1 - L p2 = mp1\lpl - mp2Up2
(7.2)
movimento retilíneo e uniforme; e, se essa partícula não estiver sujeita a interações
Como a partícula apresenta massa constante, tem-se na Eq. (7.2) ou caso essas se anulem, tal partícula será denominada partícula livre, perma-
(7.3) necendo em repouso ou em movimento uniforme e retilíneo, caracterizando a lei
L p 1 - L p 2 = mp(llp1 - u p2)
da Inércia ou a primeira lei de Newton, a qual pode ser enunciada como: uma
partícula livre move-se com velocidade constante (sem aceleração). Tais forças,
por sua vez, ao atuar em um corpo, podem ser consideradas como uma única força
que corresponde à soma vetorial de todas as forças,
?i
F= IFi
i-1
(7.9)
(7.10)
Figura 7 .1 Representação de uma partícula.
As forças presentes na Eq. (7.10) são responsáveis pelo movimento da par-
Admitindo-se a variação da quantidade de movimento no tempo, tícula e podem ser divididas em força de campo (gravitacional, centrífugo, por
exemplo), e outras forças volumares, como o empuxo; em forças de superfície (ou
LP, - LP, = mP(u P, - uP,) (7.4) pelicular) , as quais são resultados do movimento do fluido que estão ao redor da
li - lz ti - lz partícula (força de arraste e força de sustentação), confor~e ilustra a Figura 7.2.
Essas forças podem ser classificadas quanto à direção. Caso alinhadas com a di-
bem como tal variação ser infinitesimal, ou seja,
reção do movimento da partícula, são conhecidas como força de arraste; caso
6-L ~u venham ser alinhadas perpendicularmente, são denominadas, usualmente, como
lim--P = m lim--P (7.5)
,-o ~t p ,-o t.t força de sustentação. Desse modo, a Eq. (7.10), para uma partícula isolada, pode
ser assim estendida
ou
d LP duP (7.6)
- - - ·m - - mp8i, = F campo + F empuxo + F sustentação + F arraste (7.11)
dt P dl
Identificando a força de interação (ou de Newton), F , na Eq. (7.6)
F campc
dLP .. F (7.7)
dl Fsu.uentação
A grandeza física vetorial F apresenta-se como a taxa da variação temporal ◄ ------
a qual reflete na situação em que se a massa de uma partícula vir a ser con~tante'. Figura 7.2 Representação da~ forças que atuam em uma partícula.
aforça será igual ao produto da massa pela aceleração, ou seja, a terceira lei
de Newton. Aforça de sustentação é, por sua vez, dividida em dois grupos, de acordo com
Suponha que (dL/dt = O) e, portanto, F =O.Logo, da Eq. (7.6), u P = cce. Essa o fenômeno físico pelo qual é gerada. Um grupo está associado ao fato de haver
situação ocorre quando: (a) a velocidade inicial da partícula é nula; por~nto, caso urna região do escoamento em que existe um gradiente de velocidade de fluido,
a partícula esteja em repouso, assim ela permanecerá~• (b) caso_~ parucul~ apre- representado, por exemplo, pelas Eqs. (2.11) e (2.24), o qual contribui com uma
sente velocidade inicial constante e se estiver em moVlffiento retilíneo e uniforme, distribuição não uniforme de pressão na partícula, fazendo com que surja nes-
Operações unitárias em sistemas particulados e flu1domecanicos 7 - Flu1dod1namica de uma partícula isolada
162 163
sa partícula uma Força perpendicular à direção do escoamento, eíeito conhecido lirni_te que envolve a partícula, que ocorre em razão da aceleração ou da eles 1
como efeito Sajfman; e o outro relacionado à rotação da partícula, cujo efeito é raçao da partfcula (SILVA, 2006). ace e-
conhecido como efeito Magnus, que está intimamente envolvido com a dinâmica
dos choques entre partícula-p arede de um determinad o equipamento e part!cula- Ao se considerar a presença da fase fluida no termo de Stokes este d
retomado, em termos vetoriais, como ' po e ser
partícula, ou seja, quando se trata de wn sistema não isolado de partículas.
Aforça de campo (gravitacional, centrifuga, magnética, entre outras), que F stokes = - 3mi~U (7.17)
atua em uma partícula, dá-se no volume, segundo sendo U a velocidade relativa entre fluido e partícula, posta na forma
(7.12) U = u - Dp (7.18)
Em que PP e VP são, respectivamente, a massa especifica e o volume da partí- u é o vetor_velocidade do fluido não perturbado pela presença da partícula Uma
outra m~e1ra de expressar a força de arraste é por meio do coeficiente d ·
cula; esta, em se tratando de esfera, é C , definido por e arraste,
0
(7. 13) l
FStokes ""CD App li U li U (7.19)
2
sendo dp o diâmetro da partícula. em queAp é a área projetada da partícula que, para uma esfera, é
No caso de se tratar do campo gravitacional, b =- g, a Eq. (7.12) é posta como,
-rrd2
depois de nela se considerar a defirução (7.13), AP = -4-
P
~-2~
l 3 (7.14) : IIUII é a norma do vetor da velocidade relativa que, para coordenadas cartesianas,
F = -;rd
6 p p pg
a qual diz respeito àforça peso. llull = [Cu - up)i + (u _ u P)2u +(ii _ u p )21112
z (7.21)
Ajorça de empuxo segue o princípio de Arquimedes, que pressupõe que a Igualar as Eqs. (7. 18) e (7.21) resulta em
força exercida sobre corpo submerso em um fluido é igual ao volwne de fluido des-
locado multiplicado pela aceleração gravitacional. Dessa maneira, a partir da Eq. eo -_ 24
--
Rep (7.22)
(7.14), tem-se
1 3 Sendo o número de Reynolds da partícula, Rep, definido por
F ~ --1td pg (7.15)
6 p
ReP ,,. pdpllUII
em que p é a massa específica do fluido. O sinal negativo indica que essa força tem µ, (7.23)
o sentido contrário ao da força peso. (R A Eq). (7.22). é ~álida apenas para baixos valores do número de Reynolds
Aforça de arraste está associada à resistência direta da partícula em ser ar- eP < l ' o que indica que o escoamento é governado or for .
rastada pelo fluido. Usualmente é decomposta em três termos, ou :; :u;e~tar_ odvalor da velo~idade relativa (awnentan do-;e a vel~:d~~:~ ~a:~i~~
0 . urunum o-se a velocidade da partícula), ou diminuindo-se a . - .
1 P 3 ? j' (du ) d-r (7.16) do fluido, as forças inerciais tornam-se importantes de modo que o co;~1sten~a
Farras1e=-31rdePµ,u P- -m,d-u- - -dj, _ _ P ~ arraste, à semelhança da Eq. (7.22), é retomado tal.como se segue coe ciente e
( A) 2 dt 2 0 d-r -1(t - • )
(B) (C)
24
Em que 'JJ, e m referem-se, respectivamente, à viscosidade dinâmica e à massa
Cv =-f(Re
ReP P) (7.24)
1
de wn fluido newtoniano deslocado pelo movimento da partícula; Up refere-se ao
vetor velocidade da partícula. O primeiro termo (A) na Eq. (7. 16) refere-se à for- isola~t~~r ;u~:·:~ ~~~:s~:t~tf~c~~~ersos regimes de escoamento sobre uma esfera
ça decorrente do arraste de Stokes, sendo resultado das contribuições do arraste
de fricção e de forma. O termo (B) está associado à força de arraste aparente (ou Rep < 1 Regime de Stokes
virtual). Resulta da aceleração/desaceleração da partícula em um meio fluido à sua l s Rep < 500 Regime intermedi ário
volta, causando neste aceleração/desaceleração. O termo (C), conhecido como for- 500 s Rep < 2,5 x 105 Regime de Newton
ça de Bousinesq/Basset ou history force, está relacionado à mudança na camada Rep;.,; 2,5 x 105 Regime turbulento
Operações unitárias em sistemas part1culados e flu1domecãn1cos 7 - Flu1dod1nãm,ca de uma partlcula isolada 165
164
7.3 Velocidade termi nal
importa nte
O conhec imento do valor da velocidade termina l é extrem amente
assim como - por
para a compre ensão da fluidodinâmica de uma partícu la sólida,
disso, o conhec imento dessa
extensã o - do próprio contato fluido-partículas. Além
notadam ente
grandez a é essenci al para o projeto de separad ores gás-par tículas,
câmara s de poeira, ciclone s, hidroci clones, sedime n-
nos projeto s de elutriad ores,
outros equipam entos de separaç ão ele partic ulados. A velocid ade
tadores , entre
nte atingid a por
termina l da partícu la isolada, v r , refere-s e à velocid ade consta
o, ou seja, um
uma partícu la isolada quando lançad a em umjlui do em repous
Newton Turbulento
caso particu lar da aplicação da terceira lei de Newton para Vp = Vr =cte e v =O.
da definiçã o da velocid ade relativa , Eq. (7.18), aqui
Nesse caso, tem-se a partir
500 2 X 105 retoma da para escoam ento unidime nsional
5 ;~
Tilly (7.28) Rep < 2,0 x 10
(1969)
Clift e
Gauvin
(7.29) Rep < 2,0 x 105
ÁVj Ã:
F ,mpuxo : F arr.ute
(1970)
Vr
Haider e 0687 0,4251 Re e]
24 [ l+0,1806 Reii 5
c0 + (7.30) 1 sRep < 2.0 x 10
Figura 7.4 Representação do conceito de velocida de terminal .
- --
Levenspiel Re p l+ 68809
· ·
7!Ç
(1989)
24 6 esférica s ou
White C0 -0,4 + - + ro;;- (7.31) Re.p < 2,0 x 105 Experiê ncias conduz idas com partícu las isométr icas (partícu las
l + -..,ReP do coeficie nte de arraste
(1991) ReP na forma de poliedr os regular es) apontam que o valor
166 Operações unitárias em sistemas part1culados e fluidomecanicos 7 - Fluidod1nàm1ca de uma partícula isolada 167
depende da esfericidade da partícula e do número de Reynolds da partícula, com Quadro 7.3 Fluidodinàmica da partfcula esférica isolada (COELHO e MASSARANI 1996)·
base na velocidade terminal, 0,65 < 4> s I e Re s 5 x 104 ' ·
Re = pdp'/Jr (7.36)
Descrição* n Valor médio e desvio
J.L
adrão
Generalizand o tais informações, pode-se escrever (Re)cxp
~ 1,00 :1: 0,13
(Re)cor
(7.37)
(Re)exp
(Re)co, • l,00:1:0,l4
na qual o número de Reynolds, Re, é posto em termos da velocidade relativa U,
segundo (Re)exp
Re = pdp -(R) = l,00:1:0,14
(7.38) e cor
J.L
• em que K 1 = 0,843 log 10(4>/0,065); K 2 = 5,31 - 4,884>-
A partir da Eq. (7.35), tem-se, ainda
2 (7.39)
Re =f2(C0 Re , </J)
Re =f3(CcfRe, </J) (7.40)
Exemplo 7.1
sendo os grupos adimensiona is definidos por
Obtenha o v~or da velocidade temúnal de uma rnicroesfera de vidro que apresenta
3
C R 2 _ 4 P(Pp - P)bd! (7.41) massa específica3 de 2,43 g/cm e diâmetro igual a 250 µ m, que cai em água- a 30 ºC
D e - 3 J.L2 (p = 995,7 kg/m ; v = 0,83 x 10..a m2!s).
(7.42) Solução
O valor da velocidade terminal de uma partícula esférica advém da Eq. (7.36), ou
As correlações apresentadas nos Quadros 7.2 e 7.3 foram desenvolvida s para
Rer = dpVrP
partícula isométrica isolada em fluido newtoniano. Saliente-se que o Quadro 7.2 é µ (1)
vãlido para partícula esfé rica. No caso de partícula não isométrica e não se encon-
trando correlações adequadas para a descrição da sua fluidodinâmic a, recomenda- ou, sabendo que a viscosidade cinemática é v = µJp, por intermédio de
-se que se utilizem aquelas apresentadas em tais quadros, corrigindo-se a forma da R dpvT
partícula por meio da esfericidade.
er · -v- (2)
Tendo em vista que n: = 995,7 kg/m3 = 0,9957 g/cm3 e v = 0,83 x 10-6 m21s = Exemplo 7.2
= 0,0083 cm2/s, assim como o valor da constante da aceleração gravitacional igual a
Avalie o efeito da presença do diâmetro da tubulação de um transportador hidráuli-
981 cm/s2 , a Eq. (4) resulta em co, Dr= 2,54 cm, no valor da velocidade terminal obtido no Exemplo 7.1.
z = 4 [2,43/0,9957)-1)(981)(0,025)3 a 427 35 (6)
CDRer 3 (0,0083)2 1
k = 10 (3)
7.3.1 Efeito da presença de contornos rígidos na velocidade P l+ A Re!
terminal em que
A presença de contornos rígidos influencia o valor da velocidade terminal A= 8,9le2 ·79/l (4)
(U = vr), reduzindo-o em relação à velocidade terminal da partícula isolada (vr,J
Almeida (1995) estudou o efeito de parede na fl.uidodinâmica da partícula isomé- e
trica em fluido newtoniano, para as condições 0,65 < tP s 1 (tP é a esfericidade da B = 1,17 x 10--3 - 0,281,B (5)
partícula); O < f3 = d/D, s 0,5, em que D1 é o diâmetro da tubulação, e verificou a
para d,, = 0,025 cm e D,= 2,54 cm,
seguinte relação
u
-=k /3 = dP = 0,025 = 0,00984
V P (7.49) (6)
T.
D, 2,54
em que o fator k depende do valor do número de Reynolds da partícula na condi- Por via de consequência, as constantes A, Eq. (4), eB, Eq. (5), são obtidas mediante
ção de velocidade terminal livre (sem a presença de fronteira), Re.., definido como respectivamente, '
10 (7.52) Tendo em vista que, do Exemplo 7.1, Vr~ = 3,649 cm/s, pode-se substituir este valor
k =----, para 0,1 s Re.. < 1a3
P l + A Re! em conjunto com aquele presente em (9) na Eq. (1), da qual resulta o valor da velo-
cidade terminal da partícula por
na qual A = 8,9le2•79.6 e B = 1,17 x 10-3 - 0,281/3.
Vr (3,649)(0,9878) = 3,604 cm/s (10)
3
kp = 1 - /33'2, para Re.. a 10 (7.53)
170 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecánicos 7 - Flu1dodinãm,ca de uma partícula ,solada 171
ou
O efeito da presença da fase particulada na fluidodinãmica de suspensões é (2)
usualmente expresso por meio de correlação na forma
em que
.!:!_ = J(Re..,,e) (7.57) E= 1 -Cv (3)
Vi,_ Considerando que 0,00184 cm3tcm3 , o valor da fração de vazios, em (3), ser~
sendo U dado pela Eq. (7.32) e o número de Reynolds baseado na velocidade ter- E= 1- 0,00184 = 0,99816 (4)
minal da partícula isolada segundo a Eq. (7.50). A Eq. (7.57) foi analisada por
Como o valor da velocidade terminal da partícula, livre da influência de outras partí-
diversos autores, incluindo o trabalho clássico de Richardson e Zaki ( 1954) para
culas, é vr. = 3,649 crn/s, tem-se na Eq. (2):
partículas esféricas:
U n Vr = (3,649)(0,99816)" (5)
-=E
(7.58) Nota-se a necessidade de conhecer o valor do expoente n, que depende do Re,., o
Vi,_
qual, do Exemplo 7.1, é Re,. = 10,99. Utiliza-se, portanto, a Eq. (7.61), válida para
sendo l< Re., s 500,
n = 3,65 para Re"" < 0,2; (7.59)
n = 4,45Re;l·1 - 1 = (4,45)(10,99)C--O,I) - 1 = 2,502 (6)
n = 4,35Re;;;0·03 - 1 para 0,2 < Re.., s 1,0; (7.60)
Substituindo-se o resultado (6) na Eq. (5), obtém-se o valor da velocidade terminal
n = 4,35Re;;;0•1 - l para l< Reac s 500; (7.61) de uma partícula, considerando-se a população particulada, ou
n = l ,39 para Re., > 500. (7.62) vr = (3,649)(0,99816)<2·502> = 3,632 crn/s (7)
ou os resultados encontrados em Massarani e Santana (1994):
94
U {0,83e3• , 0,5 < E :S 0,9
Re s 0,2; (7.63)
'l>r. 4,8E - 3,8, 0,9 < E :S 1
7.4 Força resistiva
U 1
1 < Re"' s 500; - --- 0,5 < E s 0,95 (7.64) Tendo em vista a comple xidade da Eq. (7.11) em particular para avaliar, com
vT_ l + A Re;;,8 '
precisão, os efeitos Sajfman e Magnus, assim como para contemplar os termos
na qual A = 0,28e-5•96 , B = O, 35 - 0,33e não estacionários da força de arraste, Eq. (7.16) , torna-se possível escrever a equa-
ção do movimento da partícula a partir da Eq. (7.11) como
Re., > 2 x HY; .!:!_ = 0 095ef•29' 0,5 < E :S 0,95 (7.65)
Vr. , 1 mpap = Fcampo + Fempuxo + F resistiva (7.66)
7 - Flu1dodinam1Ca de uma panícula isolada 173
Operações unitárias em sistemas part1culados e fluidomecanicos
172
7.5 Comprim ento da região de aceleração
cujo balanço está representado na Figura (7.5). As forças de campo e de empuxo
estão contempladas nas Eqs. (7.14) e (7.15), respectivamente, enquanto a força O comprimento da região de aceleração refere-se à distância na qual a partí-
resistiva, por intermédio de observações empíricas, apresenta as seguintes carac- cula isolada atinge a sua velocidade terminal. O conhecimento desse comprimento
terísticas (MASSARANI, 1987): é importante, principalmente quando se intenta obter, experimen talmente, o valor
da velocidade terminal. A obtenção do valor do comprimento da região de acelera-
a) a força resistiva exercida pelo fluido sobre a partícula depende das dimensões e
ção advém da análise da Eq. (7.68). Para tanto, admite-se escoamento unidimen-
da forma da partícula; sional a favor da força gravitacional, bem como se considera a definição de área,
b) a força resistiva depende do campo de velocidades do fluido não perturbado em Eq. (7.20), no termo da força resistiva, assim como multiplicando-se e dividindo-se
virtude da presença de outras partículas; este termo por dpf6, e rearranjando o resultado obtido, tem-se
c) a força resistiva é influenciada pela presença de contornos rígidos e pela presen-
ça de outras partículas;
du 3(4 ~
_P = - _p_
&
V )g
V ) pC0 llu-uP ll(u - up)+(P11 -P) ( _p_
~
(7.70)
u _,,
P dL d
3(4 )e
du = - -p -º- li u - u li (u - u ) +
Pp P p P
(
l- -P)
Pp
g (7.73)
Fe:ampo :
y Se o fluido mantiver-s e em repouso, u = O, a Eq. (7.73) será retomada como
~ P
dup 3 (.!!_) -eo u 2 + ( 1 _ .!!_) g
u --=--
dL P
4 Pp dP Pp
(7.74)
J,, ;,.
ou
F empiuo : F reststiva d
fl dL= ftJr
:
u,, uP (7.75)
o (1 - .!!_)g _~(.!!_)CD u;
Escoamento
O
figura 7 .5 Balanço de forças que contemplam a força resistiva. Pp 4 P,, dP
Propôs-se um experimento no qual se deseja avaliar a velocidade terminal de uma se- Conhece-se o valor do diâmetro da partícula,
mente de gergelim, que apresenta diâmetro igual a 1,07 mm, esfericidade igual a 0,81 dp = 1,07 mm= 0,107 cm (2)
e massa especifica igual a PP = 1,14 g/cm3• Construiu-se um sistema experimental,
r r·r
e o número de Reynolds, para partículas não esféricas, a ser calculado por
conforme ilustra a Figura 1, o qual é constitmdo por um tubo acrllico de 6,0 mm, pos-
2 6 11
to na vertical, cujo topo contém um reservatório no qual é inserido o corpo de prova 2 2
(semente de gergelim). O experimento consiste em liberar o corpo de prova por meio Re., = [( KiC~Re + ( C~~e .2 (3)
de acionamento eletrônico e controlado por uma válvula solenoide. Ao percorrer
uma certa distância, a passagem do corpo de prova por uma determinada seção é de- na qual
tectada por meio de luz refletida utilizando-se uma sonda de fibras ópticas. Deseja-se
conhecer o comprimento da tubulação para que a semente atinja a velocidade termi- K 1 = 0,843 log1 o(-'P-)
0,065 (4)
nal, considerando-se que o tubo contenha ar estagnado a 30 ºC (p = 1,13 x 10-3 g/cm3
e v = 0,17 cm2/s). Compare o valor da velocidade terminal com aquele obtido expe- K2 = 5,31 - 4,88 q, (5)
rimentalmente cujo valor é igual a 2,60 m/s. com tf, = 0,81, no que resultam das Eqs. (4) e (5), respectivamente,
K 1 = 0,9236 e K2 = 1,3572 (6)
,_ _ _ _ _ Corpo
O número de Arquimedes modificado, posto em termos da viscosidade cinemática e
de prova
campo externo sendo o gravitacional, segundo
Válvula
selenoide C R 2 _ 4(PiP-l)gd;
D e., - 3 v2 (7)
Tendo em vista que Pp = l,14g/cm3,dP = 0,107 cm, P= 1,13 x 10-3 g/cm3 e v= 0,17 cm2/s,
assim como o valor da constante da aceleração gravitacional igual a 981 cm/s2, a
L Eq. (4) resulta em
que, em conjunto com (6), substituído na Eq. ( 4), leva ao valor do número de
Font e de luz Reynolds,
amplificadores f-i====::=1 -1.2 -06)-1/1,2
Interface ND Sonda de Re _ (0,9236 x 55.880,07) + (55.880,07) · _
fibras óticas
Tubulação de
[ 193 47 (9)
-1----- acrílico " 24 1>3572 ,
O valor da velocidade terminal, sem a presença do tubo, será obtido por intermédio
Figura 1 Experimento da velocidad e terminal. da Eq. (1), aqui retomada como
v Re,. (0,17)(193,47) mi
Vr. = - - = --'--'----'---'--'---=- = 307 38 C S
(10)
• dP 0,107 '
176 Operações unitárias em sistemas part,culados e flu,domecànicos 7 - Flu1dod,nàm1ca de uma partícula ,solada 177
Considerando-se que a tubulação apresenta diâmetro interno igual a 0,6 cm e a par- com
tícula possui diàmetro igual a 0,107 cm, torna-se essencial considerar o efeito da
presença da parede no valor da velocidade terminal, por meio de (22)
Re=~
V
vr = vr~ kp (ll)
Utilizando-se a regra de Simpson para a integração da Eq. (20), considerando nesta
Tendo em vista que o valor do número de Reynolds para a queda livre Re = 193 47 as Eqs. (21) e (22),
utilizar-se-á a Eq. (7.52), ou ' ., ' '
k 10 (23)
P = l + A Re! (1 2)
Nota-se que o valor obtido, vr = 2,5 m/s, é bastante próximo do obtido experimen- •
talmente, que é v r = 2,6 m/s. O comprimento da região de aceleração compreende 33,45 -
• • • • • • •
desde up = 0,0 cm/s até Up = vr = 249,59 cm/s, ou • • •
33,4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
d
fl dL ª v,.f • up v,, 2 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32
o o (1-...e_)g _!!_(...e_)~u!
Pp 4 Pp dp
(20)
Número de intervalos (n)
C = --
24 )º.85 +Ko,ss ]J/0,85 (21)
o [( K1 Re 2
Operações unitárias em sistemas part1Culados e flu,domecànicos 7 - Ftu,dodin~m,ca de uma partícula ,solada 179
178
SOUZA, w. A:; R~DRIGUES, R. F. ; BRITO, A. B. N.; BARROZO, M. A. S.; ATA.IDE, e. H Movi-
7.6 Bibliografia consultada ment? g.raVJtac1~nal acelerado de esferas em liquido. Anais do X.XVIII e · resso
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7.7 Nomencla tura
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·················· adLmens10nal
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tempo ............... ....................... .
vetor
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cidade terminal de sementes utilizando-se sonda de fibras ópticas. Anais do XVIIl
fraçao volumétrica do fluido
Congresso Brasileiro de Engenharia Química - XVJ[[ Cobeq - CD ROM - Foz ··························"····················
esfericidad ········ ········· ... ····· [LI
. e ...................... ········ ......... ·········· ................................. adiroensional
do Iguaçu, 2010.
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Dissertação de Mestrado. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São
li Viscosidade cmemática.........................................................................[L2. r-1
1
p massa especifica ..................... .............................................................. [M . L ..JJ
Paulo, 2006.
Operações unítãrias em sistemas pa11iculados e fluidomec~nicos
180
Subscritos
b força volumar que atua em um elemento de fluido
f fluido
i força qualquer que atua em um elemento de fluido
p partícula;
T velocidade terminal Separação de
IX) velocidade terminal de uma partícula isolada (livre)
particulados por
Números Adimensionais ação gravitacional
número de Reynolds baseado na velocidade relativa e centrífuga
número de Reynolds da partícula
número de Reynolds baseado na velocidade terminal da partícula
8.1 Introdução
A separação de particulados é essencial, além da obtenção do produto de-
sejado, para evitar o desperdício de materiais de alto valor agregado e para o
controle da poluição nos mais diversos ambientes. Existem vários tipos de equi-
pamentos que permitem a separação de partículas, cabendo destacar os sepa-
radores centrífugos (centrífugas, ciclones e hidrociclones) e os gravitacionais
(câmara de poeira e elutriadores). Todos eles guardam um princípio em comum:
a decantação, que se refere à deposição do sólido ou a sua captura, tendo como
base o conhecimento da sua velocidade terminal.
(8.1)
182 Operações un,tàrias em sistemas pan1Culados e fluidomecánicos 8 - Separação de pan,culados por ação gravitacional e centrifuga 183
em que Ap, a área projetada da partícula; velocidade relativa, U, e a norma da ve- D7a2Elq). (8.d3) tem-se: U z = Up,. e, da definição da norma da velocidade relativa '
locidade relativa, IIUII, advêm das Eqs. (7.20), (7.18) e (7.21), respectivamente. Eq. ( . , po e-se escrever
O conhecimento da trajetória de uma partfcula nos campos gravitacional e cen- 2
Up) + (O - UPu)2] =uPv
112
trífugo (o termo b na Eq. 8.1) bem como o conhecimento da força resistiva que atua li UII =[(U.,: - (8.4)
nessa partícula pemtitem lançar as bases para o projeto e análise do desempenh o _ Subs_tituindo a Eq. (8.4) na Eq. (8.3) assim como considerando nesta as defini-
de alguns equipamentos de separação sólido-fluido. Nesse sentido, têm-se vários çoes de ~olume, Eq. (7.13), e de área, Eq. (7.20), tem-se
tipos de separação, cabendo citar a elutriação, a câmara de poeira e os separadore s
12
centrífugos, os quais se fundament am na decantação das partículas presentes em u = [~(Pp -1)dpgJ
um determinad o fluido, permitindo a sua separação por meio da diferença de tama- P, 4 p CD (8.5)
nho, massa específica ou de ambas as grandezas.
. A Eq. ~8.5) refere-se à velocidade terminal da partícula isolada v A .
siderar regune de Stokes, Eq. (7.23), a Eq. (8.5) é retomada como ' T· o se con
Alimentação
Partículas
~ finas e leves
Gás-partículas-
>
Sólidos de vários
tamanhos
partículas
grossas inte rmediárias
Água (Ql
Figura 8.3 Re presentação d e u ma câma ra d e poe ira e m dois est ágios.
;~~~1::,~~;:; ~~.Ét~::i:1nr~:.;i~:1::1!1i:~:;;;~;
nesta, em v - t te Q depende do diâmetro da coluna de elutnaçao e,
a qual para vazao cons an ' A l A im
Já o tempo de permanência relaciona-se ao t rajeto da partícula através da dis-
tância L r epresentada na Figura 8.3 segundo
tper.
L
=-
U (8.14)
or vi~ de consequência, da área da seção tr_~nsversal, rea, dessa co una. ss '
P a Eq (8 6) em termos do d1ametro de Stokes, ou
pode-se retornar • ·
Dessa maneira, quando tper. > tquecta (o que significa ser a velocidade de a rraste
r 18µQ I/2 (8.12) do fluido menor do que a velocidade terminal da partícu1a), a partícula ficará retida
l
ds, = (Pp - p)g Área na câmara de poeira. Entretanto, na situação em que tper. < tqueda (velocidade de
arraste do fluido maior do que a velocidade terminal da partfcula), a partícula será
arrastada pelo gás à próxima câmara (Figura 8.3). Ressalte-se que a condição mais
188 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecânicos 8 - Separação de part1culados por ação gravitacional e centrífuga 189
O termo CofRe, presente na Eq. (5), para U =vre b =g na Eq. (7.42), é 8.4 Separação de partículas sujeitas ao campo centrífugo
Um problema que costuma aparecer, neste caso, é aquele em que se deseja
(8) determinar o tempo gasto para que uma partícula se desloque, em um campo cen-
trífugo, da posiçào radial r até a parede do equipamento de separação (Figura 8.4).
Conhecendo-se Pp = 3,0 g/cm3 ; p = 1,091 kg/m3 ; v = 1,75 x 10-5 m2/s = 0,175 cm2/s,
assim como o valor da constante da aceleração gravitacional igual a 981 cm/s2, a
Eq. (4) resulta em
Observa-se que B = 4 m = 400 cm, e Q = 140 m3/min = 2,333 x 106 cm3/s. Levando
tais valores na Eq. (3), tem-se
A distância percorrida pela fase particulada na primeira câmara é igual a Figura 8.4 Partícula submetida a um campo centrifugo.
L = 1,5 m = 150 cm; enquanto na segunda câmara é de L = 300 cm; e na terceira
câmara é L = 450 cm. Assim, para cada distância L, haverá um valor para a velocida-
de terminal da partícula, a partir da Eq. (10). Obtido esse valor, utiliza-o na Eq. (9) Para a situação representada nessa figura, os componentes da velocidade do
para calcular o valor, para cada L, da constante CofRer, cujo resultado, em conjunto fluido são:
com aqueles advindos de (6) e (7), é utilizado na Eq. (5) para a obtenção do valor
do número de Reynolds, Rer, permitindo obter o valor do diâmetro da partícula por e o campo centrífugo,
meio da Eq. (4), aqui retomada como u2
b , br = --11..
2 e b8 = O.
(11)
Ao desprezar a aceleração da partícula tem-se, da Eq. (8.1), para o componen-
te na direção 8 (lembre-se: u 8 = rN e b8 = O)
A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos, incluindo a distribuição granulométrica
das partículas retidas em cada câmara.
(8.20)
--- c. l. _ ------------------------------·
190 Operações unitárias em sistemas part,culados e flu,domecan,cos 8 - Separação de part,culados por ação gravitacional e centrífuga 191
no que resulta permanência ou de trânsito da partícula de R 0 a R é obtido por meio da Eq. (8.14) ,
a qual, considerando-se a Figura 8.5, é
u 8 =Ur, 6 = rN (8.21)
(8.22)
(8.23) )
ou para partículas não esféricas,
íluido
u.
..._____.
l
2
-
R
(8.24)
Figura 8.5 Representação de uma câmara de poeira em três estágios (MASSARANí, 1997).
sendo K1 obtido da Eq. (8.8). As Eqs. (8.23) e (8.24) fornecem o valor da veloci-
dade terminal da partícula no campo centrüugo, considerando o regime de Stokes.
Sabendo que Up, = dr/dt, torna-se possível obter o valor do tempo gasto para uma Haverá, por outro lado, um tempo de captura à semelhança do tempo de que-
partícula deslocar-se da posição radial r até a parede do equipamento de raio R por da, que se refere ao valor do tempo gasto para uma partícula se deslocar, no campo
meio da integração da Eq. (8.23), ou centrífugo considerado, da posição radial R 0 até a parede do equipamento de raio
R, ou seja, o tempo definido pela Eq. (8.26), considerando-se nesta r = R0 • Desse
modo, as partículas são coletadas totalmente desde que os tempos estabelecidos
(8.25) pelas Eqs. (8.25) e (8.26) venham a ser iguais,
(8.27)
ou seja, 0 fator sigma r. A Eq. (8.30) constitui a base para a especificação_ da cen- .r 2 = [(50)(200)2(7, 52 - 5,a2)1=157. 129425 cm2
trífuga para uma dada tarefa, conhecendo o desempenho de uma_ centrífuga de (98l)in(7,5/5,0) ' (4)
laboratório, ambas do mesmo tipo, operando com a mesma suspensao.
Tendo em vista que Q 1= 30 litro/h, tem-se na Eq. (1), considerando-se nela os resul-
tados (3) e ( 4)
(8.31)
Q
2 1
c
= Q 1:2 3o) (157.129,425) = 448 383 e!h
.ri 10.513,069 ' (5)
Exemplo 8.2
Foi conduzido em um laboratório um ensaio de separa?ão de ~eved~as de urna sus~ 8.5 Separadores centrífugos: ciclones e hidrociclones
ensão aquosa em urna centrífuga tubular com as seguintes dirnensoes: _Ro= 1,0 cm,
~ = 2,5 cm e L = 20 cm; N = 18.000 rpm; vazão da suspensão _que pemut~ obter um 8.5.1 Características geométricas e fluidodinâmicas em ciclones e
clarificado satisfatório = 30 litros/h. De posse dessas informaçoes, d:ternune a capa-
cidade de urna centrífuga industrial que opera com a mesma suspensao a 12.000 rpm. hidrociclones
Suas dimensões são R 0 = 5,0 cm; R = 7,5 cm e L = 50 cm.
Ciclone e hidrociclone são equipamentos normalmente destinados à separação
de particulados presentes em uma corrente gasosa, no caso de ciclones, ou conti-
Solução dos em uma corrente líquida (hidrociclones). Tais equipamentos apresentam-se na
sua forma clássica uma construção cone-cilíndrico. Esses dispositivos, sem peças
Trata-se da aplicação da relação móveis, constituem-se de uma entrada lateral e d uas saídas orientadas no eixo cen-
( 1) tral do equipamento. Uma saída de partículas, então separadas da corrente fluida,
situa-se à base do aparato e que dá acesso a um coletor de sólidos. Outra saída
com:
! i= [
LN2(fi-
gtn(R!Ro)
-~)1 (2)
para partículas e fluido, disposta no topo do equipamento, permite a descarga da
corrente fluida com concentração de particulados finos para um filtro. A Figura 8.6
ilustra as características geométricas básicas de um ciclone com diversos tipos de
entrada.
A Tabela 1 apresenta as informações coletadas do enunciado para as duas centrí-
fugas. Face à sua característica construtiva e à maneira como a corrente fluida com
partículas entra no ciclone (ou hidrociclone), ele é classificado como um separador
tipo centrífugo. Além da forma da entrada, essa denominação advém também da
Tabela 1 Características das centrífugas fluidodinãmica no seu interior. Na entrada do (hidro)cicJone a mistura fluido-par-
Ntrps) R· (cm) . . · 'Ro (cm) tículas adquire movimento em espiral, que se estende até a base do equipamento
Gentófuga L,Çcm)
(underfiow). As partículas, em virtude da ação da força centrífuga, oriunda do
1 20 300 2,5 1,0 escoamento da fase fluida, deslocam-se na direção da parede do (hidro)ciclone.
2 50 200 5,0 7,5 Esta, por sua vez, age na direção radial, impondo movimento circular às partículas.
A fase particulada escoa encostada na parede em direção ao coletor de sólidos. No
seu percurso, as partículas descrevem trajetória helicoidal sob a ação do arraste,
fluidomec~nicos e centrífuga
194 Operações unitárias em sistemas particulados e 8 - Separação de particulados por aç.lo gravita
cional 195
' "'0~~
ito há pouco para um ciclone Entrada da mistura
flow) . A Figura 8.7 ilustr a o comportam ento
descr
característico.
~
b
Escoamento
.f D : ........:
s
descen dente
Partícu las
H
Coleto r
de sólidos
Com contração
ASCO, 1994)
Figur a 8.7 Escoa mento em um ciclon e (CREM
··•.........
·........
•,
ASCO, 1994). ·•.
Figur a 8.6 Caract erísticas básicas do ciclon e (CREM ·•.
·····.....uo = klr'
(8.33) h,
sendo k um parâmetro cinemático que depende das dimensões do bocal de entra- D D ........:.L
da, bem como da velocidade de entrada do fluido no (hidro)ciclone. O valor apro-
ximado de k é Ql(ab), em que Q é a vazão volumétrica do fluido na entrada do H f{
equipamento, e (ab), a área da seção de entrada no caso do ciclone e ab = nD~4
para o hidrociclone. O índice de vórtice, n, indica o distanciamento do compor-
tamento de vórtice livre, que correponderia a n = l na Eq. (8.33). Shepperd
e Lapple (1939) observaram uma faixa de valor para o índice de vórtice de
0,5 < n < 0,8.
(a) (b)
8.5.2 Separação de particulados em ciclones e hidrociclones
Ciclone Lapple Stairmand Hidrociclone Rietema Bradley
A separação de partículas no interior do ciclone ou do hidrociclone é efetua- b!D 0,25 0,20 DJD 0,28 1/7
da por ação do campo centrífugo resultante da configuração do equipamento e do D.JD 0,50 0,50 DJD 0,34 1/5
modo com que a suspensão o alimenta. Tais configurações para os ciclones dos aJD 0,50 0,50 h!D lf2
tipos Lapple e Stairmand estão ilustradas na Figura 8.9a, enquanto as configu- h!D 2,00 1,50 H!D 5,00
rações dos hidrociclones dos tipos Rietema e Bradley estão ilustradas na Figura HID 4,00 4,00 S!D 0,40 113
SID 0,62 0,50
8.9b. Ressalte-se que a configuração do ciclone ou do hidrociclone caracteriza-se BID 0,10-0,30 0,07 - 0,15
BID 0,25 0,35 8 10º - 20°
por uma relação específica entre suas dimensões, expressa usualmente em ter- 9º
mos da parte cilíndrica do equipamento, D. O projeto e análise do desempenho Figura 8.9 (a} Configuração dos ciclones; (b) Configu ração dos hidrociclones.
do equipamento de separação fluido-partículas , incluindo a elutriação, câmara de
poeira, podem ser realizados embasados nas seguintes informações (MASSARA- c) função.eficiência global de coleta que depende da distribuição granulométrica
NI, 1997): do conJunto de partículas, X= X(DJ,
a) equação que relaciona o diâmetro de corte D* às propriedades físicas do siste-
ma particulado, às dimensões do equipamento e às condições operacionais. O
diâmetro de corte é um diâmetro crítico de separação. Partículas com diâme-
77 = { ry( i~ )dX (8.35)
tros superiores ao de corte (dp > D*) são coletadas no imderf/,ow, enquanto
partículas com diâmetros inferiores ao de corte (dp < D*) são arrastadas para d) e~uação pa_ra a pot~ncia na qual se estabelece a relação entre a queda de pres-
o overflow; sao e a vazao do flwdo no equipamento de separação.
b) função eficiência individual de coleta relativa à partícula com diâmetro Di; O diâmet~? de corte, D*, pode ser especificado de diferentes formas como, por
exe~plo, o d1ametro das_ partículas. que são coletadas com eficiência de 50% no
eqwpamento de ~eparaçao. Além disso, é possível obter O seu valor por meio do
(8.34) emprego da segwnte correlação (MASSARANI, 1997):
A integração da Eq. (8.43) para uma distribuição granulométrica representada A diferença de pressão apresentada na Eq. (8.49) é obtida, experimentalmen-
pelo modelo de Rosin-Rammlet-Bennet (modelo RRB), Eq. (6.27), aqui retomada te, entre o overflow e a alimentação. O valor de k1 depende da configuração do
como equipamento, conforme pode ser observado na Tabela 8.1. É importante ressaltar
que, ao se conhecer a capacidade do equipamento em termos da sua vazão volu-
Xi = 1 - exp[-(DJD')"] (8.45) métrica Q, bem como o valor da diferença b.p resultado da fiuidodinâmica no equi-
pamento; e do rendimento global da instalação do soprador, 17, é possível calcular
toma a seguinte forma: o valor da potência, em virtude da presença do ciclone ou hidrociclone mediante a
aplicação da Eq. (4.17), ou
Ciclones Lapple e Stairmand
l,lln (8.50)
I= 0,118+n D'
(8.46)
1,81- 0,322n + (D' !D*) D*
Influência da concentração de partículas na queda de pressão em
Hidrociclones Rietema e Bradley ciclones
1,13n
A presença de particulados reduz a diferença de pressão. Esse efeito está dire-
tamente associado à diminuição do valor da componente tangencial de velocidade
I= 0,138+n D' (8.47) do gás, conforme ilustra a Figura 8.10.
1,44 - 0,279n + (D' /D*) D*
30 V 67,1
8.5.4 Queda de pressão em equipamentos ciclônicos
Quando se trabalha com equipamentos ciclônicos, as perdas de energia estão, Parede
normalmente, associadas a: (a) configurações de entrada e de saída do equipa-
mento; (b) existência ou não devolutas no interior do equipamento; (c) perdas de
energia cinética, principalmente aquelas resultantes da componente tangencial da
velocidade; (d) efeito da concentração de sólidos. Assim como em outros sistemas
fluidodinâmicos (Capítulo 2), haverá, tanto para ciclones quanto para hidrociclo-
nes, a proporcionalidade entre b.p!p e u 2/2, como sendo linear, possibilitando es- 10
crever uma re1ação à semelhança da Eq. (2.61), aqui retomada na forma de perda
de energia como
t::,. u2 o
_E_= kº __f_ (8.48) o 50 r(mm) 100 150
p f 2
Figura 8.10 Inf luência da presença d e sólidos na d istribuição radial da componente
t angencial de velocidade do gás (YUU et ai. 1979).
em que
Q
u =-- (8.49) A redução no valor da componente tangencial da velocidade do gás pode ser,
e lT.IJ- basicamente, devida a:
8 - Separação de pamculados por ação grav1ta
c1onal e centrífuga 203
flu1domec<1nicos
202 Operações unitárias em sistemas particulados e
de partículas e de fluido, respe cti-
trajetória no seio da corre nte em que m,, e 'mj referem-se às vazões mássicas
a) inércia das partículas. As partículas, duran te a sua vamente.
das adjac entes de gás, dimi-
gasosa, têm ação equalizadora do momento de cama ira, pode ser expre ssa segun do
mtindo assim o valor da comp onen te tange ncial de veloc idade da fase fluida; A reduç ão na düere nça de press ão, dessa mane
Brigg s (1946 ) na forma :
a corre lação propo sta por
ra gás-p artícu las com a pared e do
b) aume nto do atrito entre a corre nte da mistu
ciclone, em virtu de de nela depo sitare m-se os sólidos. O efeito viscoso resul-
ô.pD = l
adjac entes da mistu ra, acarr etand o a diminuição (8.55 )
tante esten de-se às cama das ó.p l+ p~
da fase fluida;
do valor da comp onen te tangencial de velocidade
, pois, na depe ndên cia da distribui- most ra alguns valor es de p e q pro-
c) composição entre os dois efeitos anter iores em que tlp é_obtido da Eq. (8.48 ). A Tabela 8.2
seio da corre nte gasos a quan to
ção granu lomé trica, haver á part!c ulas tanto no postos por diversos autor es.
regam pela pared e do ciclo ne em
junto à pared e e essas , já separ adas, escor
movimento espiral.
de pressã o (CREMASCO, 1994)
ncial de veloc idade do fluido pode Tabe la 8.2 Influência de particulados na queda
A reduç ão do valor da comp onen te tange
(8.33 ), a qual se dá, neste caso, por Autores p q
ser acom panh ada medi ante a inspe ção da Eq.
nte. Esta reduç ão, por sua vez, acarr eta
diminuição do parâm etro "n" nela prese 0,0086 0,50
ão no equip amen to. Para explici- Briggs (1946)
imed iatam ente a reduç ão da düere nça de press
hipót eses (BRADLEY, 1965; CRE-
tar esta difere nça, pode -se aven tar as segui ntes Casal (1988) 0,675 0,14
onen tes axial e radial de velocidade
'NLI\SCO e NEBRA, 1992): os valores das comp
ação do camp o centr ífugo maio r do Comas (1991) 0,023 0,69.
desprezíveis face à comp onen te tangencial;
resist iva na direç ão radia l não é significativo.
que o gravitacional; o efeito da força Massarani e Scheid (1992) 0,284(plpp)º·831 0,831
onen te radial, advin da da equação
Em assim sendo , a variação de press ão, na comp
do movimento da fase fluida, é escrit a como
dp
-=p -
u! (8.51)
dr r
pam ento s ciclônicos
rando , ao longo do raio, o resul - 8.5.5 Sistemas em série e em para lelo de equi
Subs tituin do a Eq. (8.34) na Eq. (8.52) e integ
rica do ciclon e, obtém -se (CREMASCO e
tado entre a região anula r da parte cilínd Siste ma em série
NEBRA, 1992 ) e) pode m ser opera dos em
. Os ~quipamen tos cic!õnicos_ (ciclo ne e hidrociclon
tados suces sivam ente em linha
(8.52) séne, Figur a 8.11, ou seJa, eqwp amen tos conec
do primeiro estág io de 'separ ação'.
com a -~ali dade de separ ar os finos oriun dos
de energ ia (de press ão) igual à
Os estág ios opera m à mesm a vazão, sendo a perda
conc entra ção mássica adim ensio nal
sendo k = Ql(a x b) e n = n (CM), sendo e.~, a soma das perda s desenvolvidas pelos estág ios.
das partículas, advin da de Q, tem-se
Para urna deter mina da capac idade de operação,
(8.53) (8.56)
I .
204 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecânicos 8 - Separação de particulados por ação gravitacional e centrifuga 205
Partículas Partículas Trazendo a Eq. (8.50) para a Eq. (8.62) ,
--
finas
Q,
--finas
(8.63)
Q
fluido-particulas
intermediárias 1 --
fluido-
partículas
=----
Tendo em vista que os equipamentos que compõem o sistema são iguais em
dimensões e características, que se trabalha na mesma vazão, verifica-se, por ins-
--
Q
fluido-
partículas
Ql
fluido-
partículas
Partículas
finas
peção da Eq. (8.49), que (lembrando que k1 é constante!)
(8.64)
Partículas Partículas
g rossas grossas
bem como o rendimento do soprador, na situação em que se operar com ciclones,
Figura 8.11 Sistema em série. Figura 8.12 Sistema em p aralelo. ou da bomba, o caso de hidrociclones, é o mesmo, ou seja
(8.58)
ou para n equipamentos (8.67)
n
Qparalelo = ~ Qi (8.59) ou, a partir da Eq. (8.60)
t-1
Wparalelo = ~ + Wí (8.62)
206 Operações unitárias em sistemas part1culados e flu1domecànicos 8 - Separação de part1culados por ação gravitacional e centrífuga 207
X;al-exp[-(~rl D, emµm
de onde se verifica
n = 2,5 (9)
f3(Cu) = l (17) 4Q 4Q
2 11_ = 1,0019 u ---=- -1
[(4,8)(1 - 6 1 58 X 10--4) - (3,8)(1 - 6,58 X lQ--4)] e 1td 1td (25)
Como se trata de ciclone Lapple, o valor K presente na Eq. (9) é igual a K = 0,095 Como Q 1 = 1,25 x 104 cm3ts e D= 14 cm, tem-se na Eq. (25):
(veja a Tabela 8.1). Esse valor, em conjunto com o resu1tado aprisenta do em (15~,
bem como com aqueles conhecidos de D= 14 cm, Q =1,25 x 104 cm Is, Pp =2,43 g/cm , uc = ( 4)(1,25 x2104) • 81,201 cm/s
1t(l4) (26)
p = 1,026 x 10-3 g/cm3 e v = 0,196 cm2/s, é substituíd o na Eq. (11) de modo
a deter-
minar o valor do diâmetro de corte, D*
Trata-se de ciclone Lapple, portanto o valor de k presente na Eq. (24) é igual a
1
k1 = 315 (veja a Tabela 8.1). Tendo em vista que p = 1,026 x 10-3 g/cm3 = 1,026
kg!m3
D•=Dx K[Q(p: i-l)r f3(Cv) e ttc = 0,81201 m/s, pode-se substituir tais valores na Eq. (24) para se obter o valor
da diferença de pressão sem a influência de particulados, ou
112
(0,196)(14) (l 10019)
D*= Cl 4 )(0,095){ (1,25 x 104 )[(2,43/1,25 x 10-3) - 1]} (18) ó.p = (1,026)(315) (0, 3 l:Ol)2 - 106,55 Pa
(27)
Na Eq. (23) verifica-se a presença da influência ela concentra ção de particulados por
D* = 4,479 x 10-1 cm= 4,479 µm
meio da sua concentra ção mássica, a qual advém de
A eficiência global de coleta, para cada ciclone, será obtida da substituiç ão dos resul-
tados presentes em (9), (10) e (18) na Eq. (7)
(28)
(l,11)(2,5 )
_ 0,118 + 2,5
T/ = l = 1,81- (0,322)(2, 5) +(70/4,065) 4,065
(~)=O '
9959 (19) O valor da vazão mássica de part[culas é conhecido e igual a m,, = 20 g/s, já a vazão
mássica do ar é obtida segundo:
ou
rj = 99,59% (20) rhP = Qp = (1,25 x 104 )(1,026 x 10-3 )- 12,825 g/s (29)
por via de consequên cia
Potência do sistema
e c20)
Como se trata de um sistema em paralelo, a potência será obtida de M = (20) + (12,825) • 0,6093 (30)
. Qi (ó.p)i
Wparalelo = n - - - (21) Comas (1991) apresenta, para os parâmetro s p e q presentes na Eq. (23), os valores
T/ p = 0,023 e q = 0,69. Desse modo, substituem -se esses valores em conjunto com os
Sendo n =2, Q = 1,25 x 104 cm3/s =0,0125 m3/s e 1J =0,50, os quais substituíd os na resultados (27) e (30) na Eq. (23),
1
Eq. (21) resultam em
(ó. )1 - (l05, 55) = 104 84 Pa
W. ª (2) (0,0125) (t.p)i • 0,05(ó.P)1 Watts P 1 + (0,023)(0,6093)°·69 ' 31
(22) ( )
paralelo (0, 5)
Este resultado, por sua vez, é levado à Eq. (22),
com
Wpara!elo • (0,5)(t.p)1 • (0,05)(104,84) = 5,24 Watts (32)
(23)
sendo
(24)
8 - Separação de part1culados por ação gravitacional
e centrifuga 211
flu1domec-, n1cos
210 Operações unitárias em sistemas part1culados e
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8 - Separação de part1culados por ação gravitacional e centrifuga
213
g força gravitacional ......... ,.......................... ............................................... (L ·T'2 J
fi eficiência global de coleta ou de separação ................... ...... ........ adimensional
h semialtura de uma fenda retangular; altura da seção cilíndrica
do equipamento centrífugo (ciclone ou hidrociclone) ................................ [LJ µ viscosidade dinâmica................................................ ............. ........... [M,L-1.r-1 j
H altura de uma fenda retangular ; altura do equipamento centrífugo 11 viscosidade cinemática........................................................................... [L2.r-11
(ciclone ou hidrociclone) .............................................................................. [LI r fator de configuração de uma centrífuga ................. ............................... ..... [l2J
eficiência de coleta ou de separação ..... ................ ................... ... adimensional p massa específica ..................................................................... ................ [ML -3)
coeficiente de perda de carga localizada .............. ... .................... adimensional e ângulo da seção cônica do hidrociclone
comprimento de uma fenda retangular ou de uma centrífuga tubular ....... [L 1
m massa .......................................... ..... ....................... .. ......... ........................... IM]
m vazão mássica ................................. ........................................................ [M· '1'"'1I Subscritos
n índice de homogeneidade da distribu ição granulométrica; e seção cilfndrica do equipamento
fndice de vórtice; número de separadores centrífugos D presença de partículas
(ciclone ou hidrociclone) ......................... .................................................. [T"' 11 f fluido
N número de rotações ...................... ... ........................................................... ['1'"'11
p partícula
Q vazão volumétrica............................................................... .................... [L3·'1'"'1J
perm tempo de permanência, tempo de residência
r, e coordenadas cilíndricas ........... ,........................................... ... ......... ................ ..
queda tempo de queda, tempo de captura
R raio da centrífuga tubular ..................................................................... ........ [LI
T velocidade terminal
s comprimento do tubo de saída do equipamento centrífugo 00
no overflow (ciclone ou hidrociclone) .............. ..................... ...................... [LI velocidade terminal de uma partícula isolada (livre)
tempo .......................... ................................. .......... .................. ............. ......... (T]
u vetor velocidade do fluido .. ..................................................................... (L· '1'"'11
u vetor da velocidade relativa .................................................................... [L· '1'"'1]
vetor velocidade da partícula ................................................................ .. (L·T'1]
componente de velocidade na direção i; velocidade média ................... (L·T"'1]
volume da câmara de poeira ......................... .......... ..................................... [L3 ]
volume de uma partícula ............................... ..... .......................................... [L3]
velocidade terminal da partícula ................ .......... .............. .................... [L·'I'"'1J
potência de instalação ............................................. ........................ ... [M-L2·r-3]
x, y coordenadas cartesianas
X fração cumulativa mássica ........................... ................................ adimensional
Xi fração cumulativa mássica relativa à partícula de diâmetro i ..... adimensional
Letras gregas
/3 relação entre o diâmetro da partícula e o do tubo ... ................... adimensional
ôp queda de pressão ................................ .............................................. [M-L -l .1 21
E fração volumétrica do fluido ................................................................... ...... [L]
.,., eficiência individual de coleta ou de separação; rendimento
global do motor (bomba ou soprador) ......................................... adimens1.onal
Fluidodinâmica
em sistemas
particulados
e granulares
9.1 Introdução
As operações de separação mecânica apresentadas no Capítulo 8 foram de-
lineadas pelo estudo da fluidodinâmica da partícula isolada em um referencial
lagrangeniano, por meio da sua velocidade terminal. Por outro lado, o conheci-
mento da interação fluido-partíc ulas não é importante tão somente para o proje-
to de equipamentos de separação, como também para aqueles equipamentos os
quais, ainda que não sejam direcionados para a separação de particulados, são
fundamentais como contactares, ou seja, possibilitam o contato fluido-partíc ulas
para diversas aplicações, tais como adsorção, secagem, reatores catal!ticos. Nes-
se grupo de contactores podem ser citados: os leitos fi.,xo, fluidizado e de jorro;
riser (reator pneumático com fluxo ascendente das fases fluida e particulada),
downer (reator pneumático descendente das fases fluida e particulada), ciclones
(enquanto reator).
No estudo da fluidodinâmica que envolve o contato fluido-partículas, o mo-
vimento do fluido poderia ser descrito pela equação de Navier-Stokes, Eq. (2.24),
ou seja, por um referencial euleriano, enquanto se utilizaria o referencial lagran-
geniano para acompanhar partícula pqr part!cula (ou seja, cada partícula isolada)
utilizando-se a definição explicitada na Eq. (2.12) em um meio discreto (Figura
9.1). Contudo, tendo em vista o número considerável de part!culas que constitui
a fase particulada, dever-se-ia utilizar n-equações lagrangenianas para essa fase,
tornando quase impraticável o manuseio matemático. Para contornar tal situação,
lança-se mão da teoria das misturas da mecânica do contínuo. A partir dessa
teoria, assume-se que a população de part!culas em uma dada região do espaço
comporta-se feito fluido, em que cada partícula perde a sua identidade, e a po-
pulação de partícula comporta-se feito um fluido hipotético, assumindo-se para
tanto a hipótese do contínuo (Figura 9.2) e, por via de consequência , viabiliza-se a
1.
216 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomec~nicos 9 - Fluidodinãmica em sistemas particulados e granulares 217
descrição da fase particulada por meio de um referencial euleriano, utilizando-se a Uma cons~quência imediata das Eqs. (9.1) e (9.3) é a fração mássica da fase i
equação de Navier-Stokes. presente na nustura, wi, bastando dividir a primeira equação pela segunda,
(9.4)
(9.5)
Figura 9.1 Meio discreto. Figura 9.2 Meio contínuo.
(9.1) (9.8)
(9.11)
2 18 Operações umt~nas em sistemas particulados e fluidomec~mc0s g - Flu1dod1nàm1ca em sistemas pamculados e granulares 219
No que resulta, entre outras informações, a partir das E~s. (9.8) e (9.9) , are- Aplicando-se o teorema da divergê ncia de Gauss, no qual trans-
sa,
lação entre as frações volumétricas das fases presente s na nustura formam-se integrai ~ de superfíc ie em integrai s de volume e vice-ver
ff(p; tli) · n dS = fffV · 15, u ,dV, obtém-s e
(9.12)
ap E -
9.3.1 Equaçõ es da contin uidade para as fases fluida e particu lada -1!...P...+ V·pE
at u .. Q
P p p
(9.21)
A proposição das equaçõe s da continuidade para as _fases ~uida e p~ticula da
Eq, Nota-se na Eq. (9.20) que, em não havendo a presenç a da fase particulada, ou
advém do teorema do transpo rte de Reynold s, o qual foi descrito por meio da seja, houver tão só o escoame nto da fase fluida em que, da Eq. (9.12), E = l,
a Eq.
(2.6), aqui retomad a como (9.20) recai na Eq. (2.10).
Forças de superfície (F5): são as forças que atuam sobre a fase i presente no Para o caso de sistemas multifásicos, pode-se definir o termo de interação,
volume material. Normalmente identificadas por contato físico por meio das fron- J;, por meio da força resistiva, de modo análogo ao item (7.6). Aqui, entretanto, a
teu·as do elemento de volume. As forças de superfície podem ser escritas tal como força resistiva refere-se à força exercida pela fase fluida sobre a matriz porosa (ou
segue fase particulada) menos a força de empuxo, ou
(9.27)
(9.35)
em que J i equivale ao campo de interação sobre a fase i. A equação do movimento dafasejluida, em termos de pressão, tensão vis-
cosa e força resistiva, é obtida a partir da substituição da Eq. (9.31) e (9.33) na Eq.
Por via de consequência, o somatório das forças que atuam sobre a fase i será (9.30), resultando
au + u · V- u ] = - Vp
- + V- · 'T - m + p b
i(Fjt = fff(pib)dv + ff'ri .ndS + fff(piJ,)dv (9.28) pt: [at (9.36)
J
(9.37)
9 - Flu,dodin3mica em sistemas part,culados e granulares 223
s
222 Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomec3nico
9.4.2 O tenso r tensã o
9.4 Equações constitutivas , sendo que a ten-
e partic ulada, consi- b. O tensor tensão dafas ejf.uid a, T , é descri to pela Eq. (2.17)
A repres entaçã o da fluidodinârnica para as fases fluida , aqui retorn adas, respec tivam ente, como
resistiva, dá-se pela são viscosa, -r, por meio da Eq. (2.18)
força
derand o-se a intera ção entre ambas por intermédio da ~-lD
. Por outro lado, para que se T =-~ + T
aprese ntação das Eqs. (9.20) , (9.21) , (9.36) e (9.37)
fenôm eno de sistem as partic ulados, torna-
possibilite descre ver um determ inado -r = µ[Vu + Vur] _~µ(V · uh (2.18)
ânea de tais equaç ões. Para tanto, são necess árias
-se necess ária a solução simult a força
3
relativas tanto para
equaç ões constitutivas, as quais incorporam hipóte ses
resistiva quant o para as tensõe s nas fases fluida e partic
ulada. p, tem-s e da Eq. (9.31)
c. Em se tratan do do tensor tensão dafas e partic ulada
(9.42)
na forma
em que o parâm etro de arrast e, {3, usualmente, é posto
(9.41)
para leito fluidizado
A título de exemplo, podem-se citar as relações empíricas,
do a Eq. (7.23) ; CD, a borbu lhante (GIDASPOW e ETTEHADIEH, 1983)
Rep é o número de Reynolds da partícula, definido segun
, poden do-se utili-
consta nte de arrast e considerando-se uma partícula isolada (9.44)
presen tes na Tabela (7.1) e nos Quadr os (7.2) e (7.3).
zar as expres sões
224 Operações unitarias em sistemas part1culados e fluidomecàn1cos 9 - Fluidodinamica em sistemas particulados e granulares 225
e, para a zona de compressão no fenômeno de sedimentação (TILLER e LEU i) A pressão nas partículas pode ser obtida pelas contribuições de termos ciné-
1980) ' tico, colisional e coesivo (GISDAPOW, 2003)
c.2. 1\ifodelo granular. Este modelo é útil quando a fração volumétrica da fase
particulada, Ep , é comparável à da fase fluida, E, e quando as forças de campo, na qual e representa o coeficiente restituição partfcula-partícula, que descreve
feito a gravitacional, atuam de forma relevante na separação entre as fases ou a elasticidade das colisões entre partículas, bem como caracteriza, por meio
quando a interação entre as fases tem papel significante na fluidodinâmica do da inelasticidade, a quantidade de energia perdida em tais colisões. No caso
sistema. O sistema, neste caso, denomina-se granular. Aqui, podemos utilizar de sistemas granulares (particulados), está associado à função que governa
a descrição de Polito (2006), que nos diz: "sistema granulares são aglomerados a transição da situação compressível com Ep < Ep mãx., em que o espaçamen-
suficientemente grandes de partículas discretas, mesocróspicas ou macroscó- to entre as partículas pode continuar a decrescer, para uma situação incom-
picas, em que as características distintivas residem no modo como se proces- pressível, l::p = l::p máx., em que nenhum decréscimo no espaçamento acontece.
sam as interações de contato eHLre essas partículas, ou seja, por meio de forças Encontra-se, normalmente, este valor entre 0,9 (DUARTE, 2007) e 0,999 (GI-
dissipativas e altamente repulsivas. A natureza dissipativa das interações está DASPOW, 2003). Já a função distribuição radial, g 0 , presente na Eq. (9.48), é
dada por
associada tanto às forças de fricção quanto à inelasticidade das colisões. Em
sistemas granulares, a única escala de velocidades possível é imposta por flu-
xos macroscópicos de partículas. Apesar disso, ainda assim pode-se formular
um conceito que guarda certa analogia formal com a temperatura termodinâ- (9.49)
mica e possui ampla utilidade no estudo da fluidodinâmica de sistemas granu-
lares. Trata-se da temperatura granular; ou seja, uma grandeza relacionada go expressa o arranjo espacial das partículas por meio da distância adimensio-
à energia cinética devido a flutuações da velocidade das partículas na forma" nal entre as partículas na forma
~8
2
=.!.(u'
2 P P
·u') (9.46) (9.50)
em que a viscosidade granular cinética advém, por exemplo, de (GIDASPOW, de fronteira) referentes à propriedad e w[x(t) , t], sendo esta l/J =Piou l/J = Pll.l.i
1994) lembrando que o subscrito i indica fase fluida ou fase part.iculada. '
2
µpcin = 5pP P
d 4 + e)t:pf}o ] (8n)112
[ l + -(1 (9.53)
· 48Q:i(l+ e) 5 9.5.1 Condição inicial
e a viscosidade granular colisional segundo (LUN eta1., 1984) Esta con_dição de fronteira está associada ao conhecimento da propriedad e
ti no in1c10 do processo, ou seja,
t/,'(x(t),
(9.54) t = O, IJJ[x (t = 0), t = O] = l/Jo (9.60)
O parâmetro Sp é conhecido como a viscosidade granular bulk, o qual expressa 9.5.2 Condições de contorno
a resistência da fase granular à compressão e expansão, sendo obtida de (LUN
. Tais condições de fronteira referem-se ao valor ou informação sobre a pro-
et ai., 1984)
pnedade 1Jl[x (t), t] em posições específicas no volume de controle ou na fronteira
5p = ¾ePpPdP(l +e)Q:i(; r (9.55) de~se ~o~~e ou ain~a na fronteira do contactar (equipame nto) no qual ocorre a
fluidod1~arruca associada a uma determinad a operação unitária que envolve siste-
ma pamculado . As condições de contorno mais comuns encontrada s na fluidodi-
ili) A temperatu ra granular, 8, advém da solução da seguinte equação diferen-
cial (DING e GIOASPOW, 1990) ~âmica de_ sistemas particulados são as do tipo Dirichlet e de Newman, conforme
ilustra a Figura 9.3.
(9.56)
r= O Dirichlet
1
(9.57) 1
I Ou,,
l>uv
aup au & l,=o= o I 1,=o= o a; u 1,=n= o
(9.58) {h lr=R= O l)r lr=R= O - - - - - - / - - - - - lrzR= Uvw
'----__,...- =.:.._ __, r=O I r= Up lra R= O OU Up
Newman
Dirichlet
</>gp = - 3{3U8 (9.59)