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BELO HORIZONTE
2021
Sumário
1. Introdução 3
3. Coeficiente de Arraste 7
4. Velocidade Terminal 8
5. Estimativa de CD e Determinação de V0 10
6.Sedimentação Retardada 14
9. Referências Bibliográficas 22
2
1. Introdução
A dinâmica dos sistemas mecânicos foi declarada pela primeira vez por Isaac
Newton em seus “Principia” de 1687. As leis de Newton formam a base para a
derivação das equações de movimento das partículas. A dinâmica moderna é
introduzida através do uso de vetores, diagramas de corpo livre e quadros de
referência. O uso da massa das partículas para representar um corpo é um conceito
idealizado que fornece o modelo mais simples em dinâmica. É importante notar que
a segunda lei de Newton, em sua forma atual, foi usada para derivar princípios
dinâmicos atuais, como trabalho e energia. Essa foi a base para os princípios
variacionais.
As leis que exprimem as relações entre o sistema de forças que atua num
ponto material, as suas propriedades e a alteração de movimento que este sofre,
foram formuladas por Isaac Newton e designam-se por Leis de movimento de
Newton.
Na Dinâmica estudam-se as leis que regem o movimento, estabelecendo-se
a relação entre este e as forças que o provocam. Quando sobre um corpo, atua um
sistema de forças não equilibradas, produz-se sempre uma alteração no estado do
movimento desse corpo. A experiência mostra que, na alteração sofrida, influem não
só as características do sistema de forças, como também a natureza do próprio
corpo. Assim, diferentes sistemas de forças, atuando independentemente sobre o
mesmo corpo, produzirão diferentes alterações no movimento deste; e o mesmo
sistema de forças atuando sobre diferentes corpos, também produzirá alterações de
movimento diferentes.
As leis de Newton só se aplicam diretamente ao movimento de um ponto
material sob a ação de uma força. Nas aplicações práticas de Engenharia, o que
temos habitualmente de estudar é o movimento de um sistema de pontos materiais
(rigidamente ligados ou não), sob a ação de um sistema de forças qualquer,
produzindo qualquer tipo de movimento.
3
2. Movimento da Partícula Através de um Fluido
Entender o comportamento dinâmico das partículas em relação ao fluido
(líquido ou gasoso) em movimento ou em repouso é importante em muitos
processos de separação mecânica. A teoria básica do movimento dos sólidos
através de fluidos está baseada no movimento dos corpos livres, portanto:
𝑑𝑣
𝚺𝐹 = 𝑚 𝑑𝑡
(1)
Em que F (N) é força resultante das forças atuantes sobre qualquer corpo, m
(kg) é a massa das partículas e (dv/dt) é a aceleração, em que v é a velocidade
(m/s) e t é o tempo (s). As forças que atuam sobre uma partícula em queda livre
estão representadas na Figura 1, sendo: Fex força externa, proveniente da
aceleração da gravidade ou de um campo centrífugo, Fa a força de arraste e Fe força
de empuxo.
4
(4)
𝑚𝑔 − 𝐹𝑎 − ( )ρ𝑔
𝑚
ρ𝑝
(5)
(
𝑚𝑔 1 −
ρ
ρ𝑝 ) − 𝐹𝑎 = 0 (6)
(7)
O primeiro termo Fstokes se refere ao arraste de Stokes, ou seja, é resultado
das contribuições do arraste de fricção e de forma. O segundo termo Faparente está
associado à força de arraste aparente, resultado da aceleração e desaceleração da
partícula no meio fluido. O terceiro termo FB conhecido como força de
Boussinesq/Basset ou history force, está relacionado à mudança na camada limite
que envolve a partícula decorrida da aceleração e desaceleração da partícula.
Outra maneira de expressar Fa é através do coeficiente de arraste CD:
(8)
em que A p é a área projetada da partícula que, para uma esfera é:
(9)
em que dp é o diâmetro da partícula. O coeficiente de arraste CD é dado por:
(10)
5
Essa equação somente é válida para baixos valores do número de Reynolds
(Rep < 1), ou seja, quando o escoamento é governado por forças viscosas. Rep é o
número de Reynolds da partícula, definido por:
(11)
Ao se aumentar o valor da velocidade do fluido e/ou diminuindo a velocidade
da partícula, ou diminuindo a viscosidade do fluido, as forças inerciais se tornam
importantes, fazendo com que o coeficiente de arraste seja definido como:
(12)
6
3. Coeficiente de Arraste
Do atrito existente entre a superfície de determinada partícula se
movimentado por um fluido, origina-se a força de arraste. Portanto, a definição do
coeficiente de arraste (CD) será análoga à definição do fator de atrito (f) utilizada em
escoamento de fluidos nas tubulações.
O conceito de Coeficiente de Arraste é usado para corpos imersos
movimentando-se através de um fluido, é adimensional e quantifica o arraste ou
resistência de um objeto neste meio fluido. O coeficiente pode ser dado por:
(13)
7
4. Velocidade Terminal
O cálculo da velocidade terminal é extremamente importante para a
compreensão da fluidodinâmica das partículas sólidas e de sua interação com o
fluido. Além disso, essa grandeza é fundamental para a elaboração de projetos de
separadores gás-partículas, especialmente nos projetos de elutriadores, câmaras de
poeira, ciclones, hidrociclones, sedimentadores, entre outros equipamentos de
separação de particulados.
(14)
8
Sendo:
(15)
Para esferas:
Logo:
(16)
9
5. Estimativa de CD e Determinação de V0
Na literatura as seguintes equações empíricas podem ser encontradas para o
cálculo de CD, velocidade terminal da partícula isolada, diâmetro de partícula, etc.
A) Partículas Esféricas:
1º Caso: Escoamento lento de uma esfera caindo em um fluido em repouso →
Regime Laminar ou Regime de Stokes (0 < Rep < 1) com
(17)
O escoamento de um fluido viscoso e incompressível em torno de uma esfera foi
(18)
e substituindo na equação (19) na equação para a velocidade terminal, equação
(18), tem-se:
(19)
2º Caso: para a Região Intermediária (1< Rep < 500) utilizar correlações empíricas,
Allen →
(20)
Klyachko →
10
(21)
3º Caso: Para a Região do Regime de Newton (500 < Rep < 2*10^5)
(22)
B) Partículas Não Esféricas ou Isométricas
1º Caso: Processo iterativo com a equação (15) e o gráfico apresentado na
figura (2) de CD versus Re para o cálculo da velocidade terminal (V°).
(23)
O método consiste nos seguintes cálculos:
1 - Chutar um valor para V°,
2 - Calcular Rep, achar CD pela Figura (2) e recalcular V°,
3 - Comparar V° calculado com V° chutado
4 - Repetir o método até V° calculado = V° chutado.
11
Figura 2: Coeficiente de arraste para partículas isométricas.
12
2º Caso: Uma alternativa ao processo iterativo é utilizar a Tabela 1, para
partículas isométricas. Esta tabela apresenta um método de cálculo para o número
de Reynolds quando se conhece a velocidade terminal da partícula (V°) ou o
diâmetro da partícula (DP).
Partículas isométricas são partículas esféricas ou na forma de poliedros
regulares (tetraedro, cubo, octaedro, icosaedro e dodecaedro).
13
6.Sedimentação Retardada
Uma partícula em queda livre em um fluido (água por exemplo) é acelerada
por um certo tempo pela ação da força de gravidade, aumentando sua velocidade
até alcançar um valor máximo, a velocidade terminal, que então permanece
constante.
A razão de sedimentação livre em água (ρ= 1) de duas partículas esféricas de
diâmetros d1 , d2 e densidades ∆1 e ∆2 , é expressa pela relação:
𝑚
𝑑1 ∆2−1
𝑑2
= ⎛ ∆1−1 ⎞ (24)
⎝ ⎠
O expoente m varia de 0,5 para partículas pequenas (< 0,1 mm) obedecendo
à lei de Stokes, a 1, para partículas grossas (> 2 mm) obedecendo à lei de Newton.
A relação dá a razão de tamanho requerida para duas partículas
apresentarem a mesma velocidade terminal. Verifica-se que, para um dado par de
minerais, a relação será maior nas condições de Newton (m = 1). Em outras
palavras, a diferença de densidade entre partículas minerais tem um efeito mais
pronunciado nas faixas grossas, ou ainda, do outro lado, nas faixas granulométricas
mais finas, a separação por este mecanismo é menos efetiva. Por exemplo, uma
pepita esférica de ouro de 2 mm de diâmetro apresenta a mesma velocidade
terminal, em queda livre, que uma partícula de quartzo de 20 mm. Já a velocidade
terminal de uma partícula de ouro de 20 µm se iguala à de uma partícula de quartzo
apenas três vezes maior, de 60 µm de diâmetro.
Na prática, equivale a dizer que, para um determinado par de minerais, a
separação destes, em granulometria grossa (regime de Newton), pode ser
alcançada em intervalos de tamanhos relativamente mais largos. Já em
granulometria fina (regime de Stokes), é necessário um maior estreitamento do
intervalo de tamanho para uma separação mais eficiente por este mecanismo.
Se ao invés de água houver a sedimentação em uma polpa (água e
minerais), o sistema se comporta como um líquido pesado, e a densidade da polpa
é mais importante que a da água. A condição de sedimentação retardada, ou com
interferência, agora prevalece.
14
Considerando as partículas esféricas, a relação de sedimentação retardada é
semelhante à relação anterior, substituindo-se a densidade da água pela densidade
da polpa. É fácil verificar que esta relação é sempre maior que na situação de
sedimentação livre. Se a densidade da polpa fosse 2, por exemplo, os diâmetros do
quartzo e ouro seriam 48/2 mm e 100/20 µm, respectivamente, para comparação
como o exemplo acima, ou seja, os diâmetros em que as partículas de quartzo e
ouro apresentariam a mesma velocidade terminal nos dois regimes.
15
7. Influência da Concentração de Sólidos na
Dinâmica de Suspensões
Na literatura, pode-se observar que o valor da velocidade terminal é bastante
diminuído quanto maior for a concentração de sólidos . Se a concentração de
sólidos for inferior a 5% em volume esta concentração não exerce influência na
dinâmica das partículas. A redução da velocidade terminal se deve a dois fatores,
sendo eles:
16
Tabela 2: Influência da Concentração de Partículas na Fluidodinâmica de
Suspensões
17
8. Separação de partículas sob campo
gravitacional
Com a intenção de obter o valor do diâmetro de uma partícula destacada na
Figura 4 que está sujeita à força gravitacional, sua dinâmica em uma câmara de
seção retangular com dimensões B, H e L pode ser estudada. Além disso, é
admitido que H << B, ou seja, é considerado em teoria um escoamento entre placas
paralelas desconsiderando o efeito da aceleração da partícula.
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8.1 Elutriadores
A elutriação consiste em uma operação de separação baseada na diferença
entre a velocidade média do fluido e a velocidade terminal da partícula. No
elutriador, as partículas com diferentes diâmetros e densidades apresentam
distribuições de velocidades terminais diferentes e esse fato garante a separação
das frações de sólido.
O elutriador (Figura 5) consiste de uma coluna de diâmetro conhecido, onde
uma amostra de partículas é alimentada perto do topo da coluna, enquanto o fluido
(comumente água) é alimentado com uma vazão volumétrica Q perto da base.
Figura 5: Elutriador
Na prática, a elutriação consiste numa “sedimentação ao contrário”, ou seja,
o fluido atravessa a região onde as partículas sólidas se encontram dispersas
inicialmente. Caso o material seja homogêneo, a separação se dará pela diferença
de diâmetro das partículas. Se o material for heterogêneo, a separação se dará pela
diferença de velocidade terminal e densidade das partículas.
Muitas vezes, a elutriação pode ser realizada com ar. Esta técnica é
particularmente importante na determinação do tamanho de poeiras contaminantes.
O elutriador é extremamente vantajoso pois ele permite a medida instantânea das
partículas separadas.
19
8.2 Câmara de poeira
As câmaras de poeira (Figura 6) são sedimentadores cujo objetivo é retirar
poeiras de correntes gasosas. Sua utilização ocorre principalmente em indústrias
que possuem gases muito sujos em termos de materiais particulados.
20
Se o tempo de permanência for maior que o de queda, a partícula ficará
retida na câmara de poeira. Caso contrário, a partícula será arrastada pelo fluido à
próxima câmara.
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9. Referências Bibliográficas
CHAGURI, Lívia. Operações em Sistemas Particulados. Escola de Engenharia de
Lorena, USP. Disponível
em:<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4661616/mod_resource/content/1/Apos
tila_dinamica_particulas_rev03.pdf>
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