RESPOSTAS DO PROFESSOR NO CORPO DO E-MAIL DO ALUNO
1) Na Aula 7 sobre os pronomes pessoais, o Senhor tocou em outro problema
complicado que é o da substituição de seu(s) e sua(s) por dele(s) e dela(s) para evitar ambiguidade (página 10 do documento em PDF). Está claro que iremos tratar deste assunto na devida aula sobre os pronomes possessivos (que deve ser a próxima ou a seguinte), mas gostaria já de registrar minha dúvida sobre seu correto emprego. Em inglês, espanhol, francês e no português de Portugal, a título de comparação (que é uma abordagem utilizada pelo Senhor da qual gostei muito), o uso dos pronomes possessivos de segunda e terceira pessoas são bem demarcados, ao contrário do que ocorre no português do Brasil que, salvo algumas exceções, só emprega o pronome de terceira pessoa. Em minhas traduções, já fui corrigida pelo uso de dele(s) e dela(s), os quais utilizei justamente para evitar o problema da ambiguidade. Porém, em dois parágrafos onde está claro que os sujeitos são diferentes, ou seja, em que no primeiro caso refere-se a quem se fala e no segundo, de quem se fala, poderia-se usar seu(s) e sua(s) distintamente? Por exemplo, esta primeira oração trata de "você": Este dispositivo é compatível com servidores padrão, para que você não precise instalar software especial para começar a usar diferentes aplicativos integrados. E a seguinte, das empresas: E se as empresas precisarem de aplicativos personalizados para suas necessidades exclusivas, oferecemos os recursos a seguir, para que elas possam personalizar seus próprios aplicativos. Neste caso, quando há uma clara definição dos sujeitos e, até mesmo, uma separação espacial em dois parágrafos ou frases distantes no texto, poderia-se usar estes pronomes possessivos sem cair em ambiguidade ou seria mais adequado usar "delas"? Se bem que ficaria muito repetitivo o uso de dois "delas" nesta frase, além de que teríamos um som cacofônico com a presença de "elas". E o que seria a "função diacrítica" exercida pelo dele(s) e dela(s) que o Senhor menciona na página 5 do PDF?
RESPOSTA. Antes de tudo, eu diria que em Portugal são mais bem
demarcados, porque, como quer que seja, tanto o português geral como o espanhol encerram alguma anfibologia no uso dos possessivos de terceira pessoa (em razão de o senhor e de usted). Quanto a seu exemplo, não vejo ambiguidade possível: o contexto é de si suficientemente claro. – Veja um 1 exemplo da necessidade diacrítica de dele e flexões: “Maria, estive com José e vi suas obras”. Obras de quem? De Maria ou de José? A anfibologia deve-se aqui, indubitavelmente, ao uso de você por tu. Pois bem, se se trata de obras de José, ponha-se dele (“as obras dele”). Se se trata de obras de Maria, dê-se outro torneio à frase: algo como “Vi suas obras, Maria, quando estive com José”. Mas por isso mesmo implica perda grave para a língua no Brasil o desuso do tu, e por isso mesmo é que quando possível sempre o uso. – Diga-se o mesmo, aliás, da perda do vós.
2) Ah, e só um pequeno comentário a respeito do uso dos sufixos
desinenciais de grau diminutivo no espanhol, comentado pelo Senhor na Aula 5. Aqui na Argentina usa-se corriqueiramente os sufixos "-ito" e "-ita", como em chiquito(a), poquito(a), flaquito(a), além da forma "-ín", que mais parece-me uma deformação local, como em chiquitín.
RESPOSTA. Muito obrigado pela informação. Quanto a -ín, é de base latina e
românica: em português temos -im (balancim, flautim, etc.), o qual, ademais, é muito usado no colóquio das Minas Gerais brasileiras. Trata-se em espanhol e em português de redução, respectivamente, de -iño ou -ino e de -inho ou -ino.