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Brincar com e na natureza

Debora Gomes

SMED – Araucária
Junho de 2021
Brincar propicia a criação de situações
imaginárias, há evidências de aprendizagem
espontânea, significativas, construída em um
processo incerto, mas que possibilita
explorações, relações, afetividade e expressões
infantis (VECTORE; KISHIMOTO, 2001).
Favorecer na infância = experiências:

• Locomotoras (caminhar, correr, saltar,


saltitar...);
• Manipulativas (arremesso, recepção, chutes,
costurar, desenhar, cortar, escrever...);
Estabilizadoras ou de Equilíbrio (girar braços e
tronco, flexionar o tronco, rolar...)
Tais experiências (locomotoras, manipulativas e
estabilizadoras) podem e devem ser vivenciadas
por meio dos Jogos e Brincadeiras. O movimento
é a chave para o desenvolvimento humano.
Assim como para a equipe
pedagógica e professores de
qualquer escola, a priorização do
jogar/brincar em casa, também
passa pela compreensão a
importância e necessidade deste
ato.
A criança por si só joga, brinca e explora os
mais simples objetos e espaços no qual se
encontra, porém, é necessário oferecer
alternativas que ampliem as
possibilidades do jogar/brincar.
No contexto da educação formal a
proposta de jogar e brincar deve ter
intencionalidade.
Embora “o corpo parece ser um intruso
que atrapalha a mente com seu
Antese barulho
movimento da ação nãoo processo
durante há
psiquismo
de aquisição nem
de conhecimento”.

consciência
As crianças e, muito
possuem essa característica
menos,
peculiar: pensamento!
se movimentam constantemente
em busca de desafios e descobertas, por
isso, sem o movimento a aprendizagem
não acontece.
Por que o ato de brincar e jogar
ainda é considerado pelos adultos
perda de tempo ou como algo que
distingui do processo de
aprender?
Corpo – Mente - Emoções

Desenvolvimento Psicomotor

Aprendizagem
Como transformar as
orientações/planejamentos em
ações?
✓“Nossos estudantes, especialmente os carentes,
não terão acesso aos recursos que as atividades
não presencias exigem. Ainda, teremos famílias
cujo os pais, mães ou responsáveis
terão dificuldades no
acompanhamento das
atividades escolares”
(DELIBERAÇÃO CEE/CP N º 01/20,
APROVADO EM 31/03/2020).

✓Os pais trabalham e não tem


formação docente.
✓ Parceria escola-família sem esquecer que papel
cabe a cada um: não podemos perder de vista o
papel que cabe ao professor e à família, enquanto
ações que se complementam para educação e
formação do sujeito (Relação pedagógica e
humana).

✓ É uma via de mão dupla, em especial neste


momento, a escola/secretaria de educação deve
oferecer o suporte necessário aos professores, às
famílias e alunos (para que se sintam apoiados),
bem como, as famílias auxiliar o aluno nas
atividades pedagógicas.
✓ Reorganizar tempo, espaço, conteúdo e forma;
Não se trata de um “currículo mínimo”, mas um
currículo necessário e possível diante do
contexto: pandemia, tecnologias, família,
condições sociais... E não esqueça que crianças
precisam ser tratadas como crianças.

✓ Aceitar que não é possível continuar conforme


previsto anteriormente, planejado, mas temos
que...
✓ Repensar o lugar que a brincadeira
tem dentro da rotina.

✓ Oferecer um documento orientador


em relação às atividades que devem,
na medida do possível, ser inseridas
na rotina do aluno.

✓ Ter um horário mensal (alternativo)


para falar e ouvir os familiares sobre
as percepções em relação às atividades
desenvolvidas.
✓ Apresentar aos familiares as
justificativas em relação à importância
dos jogos educativos e brincadeiras.

✓ Ter um momento para que os


professores e equipe pedagógica
conversem entre si, e se auxiliem nos
desafios deste momento.

✓ Os momentos on-line organizado


com o grupo de alunos, é salutar para
que os laços afetivos não se percam e
o trabalho pedagógico de concretize.
✓ As crianças estão o tempo todo em casa, e
precisam de alguma forma serem estimuladas
para que as necessidades de interação,
comunicação e a própria curiosidade, sejam
exploradas, mesmo fora da escola.

✓ Precisamos compreender que o processo de


aprendizagem da criança é uma constante, e
pode ocorrer nos diferentes momentos da
rotina do cotidiano da família.
✓ Conversar com a criança sobre o que ela
pensa em relação ao que está acontecendo?

✓ Quais são as principais situações do cotidiano


da escola que ela sente falta e como isso pode
ser de alguma forma
compensado/substituído?

✓ Quais as dificuldades ela encontra para


realizar as atividades propostas?
✓ Pensar em jogos e brincadeiras para
realizar em casa, e, em diferentes tipos
de casa, famílias..., é o desafio.

✓ Porém, entendê-los como recursos


salutares para qualificar o processo de
ensino e aprendizagem, sempre foi um
desafio que exige do professor uma
reinvenção constante de suas ações.

E por que não dizer: a reinvenção do


entendimento do aluno que temos?
“A educação vive um tempo de grandes
incertezas e de muitas perplexidades.
Sentimos a necessidade da mudança,
mas nem sempre conseguimos definir-
lhe o rumo. Há um excesso de
discursos, redundantes e repetitivos, que
se traduz numa pobreza de práticas”.
(António NÓVOA, Para uma formação de professores construída
dentro da profissão, Universidad de Lisboa. Lisboa. Portugal.
http://www.revistaeducacion.educacion.es/re350/re350_09por.pdf)
Possibilidades:

Resgatar
atividades de jogos
e brincadeiras do
cotidiano

dos professores,
familiares e/ou
responsáveis.
Possibilidades:

Combinar com
temas que
abordam
conteúdos diversos

Por exemplo:
Elementos da
Natureza
https://www.youtube.com/watch?v=HgR3absru0g
Terra, água, ar e fogo estão por toda a parte, são forças
vitais que compõe toda a natureza e estão fora e dentro
de nós, e da qual também fazemos parte com a nossa
natureza humana.
Colocar a criança em contato com os 4 elementos é
conectá-la com sua própria essência, é desfrutar da
comunhão com sua natureza interna (MOREIRA, 2020, p. 85).
“O contato com a terra,
brincar com a
natureza, tocar as plantas,
cheirar as flores e ouvir os
sons dos pássaros,
possibilitam à criança a
construção de sentidos
acerca do que ela
representa para a natureza
e do que a natureza
representa para ela”
(DAMASCENO; FEITOSA, 2020).
Podemos nos considerar uma sociedade
majoritariamente urbana. No Brasil de hoje, 84% da
população vive em cidades e sua urbanização se
apoia em um processo sistêmico que pouco valoriza o
desfrute da vida ao lado de fora, que reduz as áreas
verdes e que tem os veículos automotores como a
principal forma de locomoção. Tais fatores impactam
diretamente no modo de viver das infâncias nas
cidades, submetendo-as a um estilo de vida
confinado, institucionalizado e dirigido, tendo como
consequência uma série de impactos negativos sobre
seu desenvolvimento e sua saúde.
(FLEURY, 2020, p. 10).
O cenário das múltiplas infâncias, antes caracterizado
pela liberdade de movimento do corpo no espaço,
hoje pende para o confinamento e a contenção.
Pesquisas apontam que as crianças passam 90% do
tempo em espaços fechados e menos de 1 hora do
dia ao ar livre. Obesidade, hiperatividade, baixa
motricidade e miopia são alguns dos problemas de
saúde mais evidentes causados por esse contexto, mas
diversos outros fatores menos reconhecidos também
estão em jogo, como a intoxicação digital.
(FLEURY, 2020, p. 10).
Paralelamente, nos últimos anos, muitas pesquisas
apontam que o convívio com a natureza na
infância, especialmente por meio do brincar, ajuda
a fomentar: a criatividade, a iniciativa, a
autoconfiança, a convivência, a tomada de
decisões e a resolução de problemas. Elas
apontam, ainda, que vivências amorosas para - e
com - a natureza contribuem para o
desenvolvimento de vínculos, pois há uma relação
íntima entre o sentimento
de pertencer ao mundo
natural e atitudes de
cuidado e respeito com a
Terra.
(FLEURY, 2020, p. 10).
Por que é importante brincar e
aprender com a – e na – natureza ?

Porque a criança precisa de lugares


de...
(BARROS, 2018, p. 82-83).
(BARROS, 2018, p. 84-85).
(BARROS, 2018, p. 86-87).
(BARROS, 2018, p. 88-89).
(BARROS, 2018, p. 68).
Possibilidades:

O contato com a natureza melhora todos os


marcos mais importantes de uma infância
saudável – imunidade, memória, sono,
capacidade de aprendizado, sociabilidade,
capacidade física – e contribuiu
significativamente para o bem estar integral
das crianças e jovens.
(Programa Criança e Natureza e Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019,
https://criancaenatureza.org.br)
Vantagens de Brincar ao Ar Livre:
Estimula todos os sentidos
Aprendizado mais ativo e explorador
Favorece os vínculos sociais
Inspira momentos de concentração
Estimula a atividade física
Contribui para a prevenção da violência
Desenvolvimento integral da criança
Traz benefícios diretos à saúde
Melhora a nutrição
Contribui para a conservação da natureza
Desperta o consumo crítico e consciente
Desenvolve competência e resiliência
https://criancaenatureza.org.br/para-que-existimos/os-beneficios-de-brincar-ao-ar-livre/
Verdejando o Aprender
Um convite para brincar, trocar, vivenciar brincadeiras, festejos populares, fazeres e
saberes da infância brasileira. De criança para criança. É esta a proposta da série
infantil para TV do Projeto Território do Brincar.

Com linguagem simples e poética, que costura figuras animadas e locuções infantis à
forma documental, a série leva ao público infantil a magia, alegria e potência do
brincar da criança brasileira.
(BLAUTH, 2013, p. 26-27)
(MACHADO, 2021, 4)
(BLAUTH, 2013, p. 28-29)
(BLAUTH, 2013, p. 30-31)
(BLAUTH, 2013, p. 32-33)
(BLAUTH, 2013, p. 34-35)
PARAQUEDAS
Papel de seda, destes usados para fazer pipas. Uma forma
redonda para fazer o desenho. Lápis. Tesoura. Barbante.
Fita adesiva (https://www.tempojunto.com/2016/06/30/paraquedas-e-diversao-garantida-para-fazermos-ao-ar-livre/)
BRINCANDO COM O AR
Ar é movimento, leveza, expansão. Quando a criança brinca com o ar, o
corpo e a alma se ampliam, e a imaginação é ativada. *Vivência:
Iniciamos observando o balanço das árvores, o movimento das
nuvens e em toda natureza onde demonstrava o ar em
movimento e que esse era o vento. Construímos um brinquedo
chamado barangandã onde usamos jornal e papel crepom e com
movimentos circulares brincamos com o ar vendo o colorido do
papel fazer lindos desenhos no ar (MOREIRA, 2020, p. 87).
https://www.tempojunto.com/2 https://metwo.com.br/2020/03/2
020/02/07/top-10-brincadeiras- 6/brincadeiras-para-fazer-em-
que-so-precisam-de-5-minutos/ casa-com-as-criancas/
(BLAUTH, 2013, p. 42-43)
(BLAUTH, 2013, p. 44-45)
(BLAUTH, 2013, p. 46-47)
(BLAUTH, 2013, p. 48-49)
(BLAUTH, 2013, p. 50-51)
CESTO DO TESOURO
Os brinquedos da Terra estimulam a imaginação da criança que é curiosa por conhecer o
interior das coisas, o oculto da natureza. São elementos de estruturação social. Explorar:
o tato, observação, criatividade e a criação de brinquedos que imitam a vida em
sociedade. *Vivência: Foi realizada com um trajeto com as crianças recolhendo
elementos naturais “brinquedos do chão” com uma cestinha de vime onde as
crianças colocavam as folhas, gravetos, sementes e outros elementos
encontrados no espaço do parque. Após a coleta dos elementos naturais as
crianças montaram em grupos um brinquedo enfeitando a cestinha ou
construindo algo usando os elementos naturais(MOREIRA, 2020, p. 88).
(BLAUTH, 2013, p. 56-57)
(BLAUTH, 2013, p. 58-59)
(BLAUTH, 2013, p. 60-61)
BRINCANDO COM A ÁGUA
Água é fluidez, entrega, limpeza, vitalidade. As brincadeiras com a água
Proporcionam o relaxamento do corpo rígido que precisa se entregar,
fluir. *Vivência com a água foi realizada através da atividade de
bolhas de sabão gigantes e após apresentação das bolhas as
crianças corriam para estourar e receberam ao final um pote com
tela para assoprar e brincarem com bolhas de sabão. (MOREIRA, 2020, p. 88).

Caule da Folha do Mamoeiro ou Cebolinha


ESPUMA DIVERTIDA
Você bate no
liquidificador ou mixer:
1/4 de xícara de água 4
colheres de xampu ou
sabonete líquido de
bebê (que não arde o
olho) Corante
alimentício de sua
preferência Quando
atingir a consistência de
espuma está pronto.
(BLAUTH, 2013, p. 60-61)
Imagine fazer uma fogueira junto com as crianças é uma ótima
brincadeira! Mas é muito importante que as crianças participem
dessa construção coletiva. Coletar folhas secas, gravetos, saber
diferenciar quando está úmido e quando está seco, organizar os
itens na estrutura da fogueira.
A estrutura está pronta? Então, é hora de sentar ao redor da
fogueira para observar, contar histórias, conversar… Vale também
propor uma bela sessão de cantoria...
BRINCANDO COM O FOGO
Fogo é mobilidade, dinamismo, renovação. Os brinquedos ligados ao fogo
remetem ao uso de muita energia. O fogo é ultra vivo, ele aquece, acolhe,
ilumina, provocando intimidade e aproximação entre pessoas.
*Vivência: Brincamos de pega sombra ao observar que o sol
projeta no chão a sombra do nosso corpo e cada criança que tinha
sua sombra pega pelo colega tinha que ficar agachada até todos
serem pegos (MOREIRA, 2020, p. 88).
Riscos e desafios: é fundamental que as
crianças disponham de ambientes com
elementos desafiadores, como relevo
acidentado, ladeiras, escadas e escaladas,
assumindo que o risco benéfico – aquele
cujas consequências são aceitáveis – é um
componente essencial no processo de
desenvolvimento da criança. Idealmente,
as crianças devem ter liberdade para
circular nesses ambientes de forma
autônoma, sem a supervisão direta de
adultos (BARROS, 2018, p. 67).
“A criança que se sente capaz”
“Quando o risco vale a pena”
Considerado uma brincadeira do cotidiano
infantil, o brinquedo cantado constitui-se
num rico recurso pedagógico na educação
das crianças, uma vez que permite não só a
manifestação lúdica, fundamental para
estabelecer uma relação de afetividade
necessária ao desenvolvimento da criança,
mas, também, auxilia na ampliação do
repertório linguístico e motor.
SAPO NA LAGOA
O QUE COISA BOA, A GENTE
VER UM SAPO
NA BEIRA DA LAGOA, BATENDO
COM O PAPO (2X)

FOI, FOI, NÃO, FOI, FOI, NÃO,


FOI, FOI, FOI, NÃO, FOI (2X)
“Somos responsáveis por
aquilo que fazemos, pelo
que não fazemos e pelo que
impedimos de fazer”
Albert Camus
“Pensaro corpo
para o corpo poder sentir,
sentir o corpo
para o corpo poder pensar.”
Associação Portuguesa de Psicomotricidade
Referências
BARROS, M. I. A. de. Desemparedamento da infância: a escola como lugar de
encontro com a natureza. 2. ed. Rio de Janeiro: Criança e Natureza. Alana, 2018.
BLAUTH, G. Jardim das Brincadeiras: Uma estratégia lúdica para a educação
ecológica. Brasília: Ministério da Cultura, 2013.
DAMASCENO, M. M. S. (org.). Relação sociedade-natureza, saúde e
educação: reflexões multidisciplinares. Crato, CE: Quipá, 2020.
FLEURY, L. Prefácio. In: DAMASCENO, M. M. S. (org.). Relação sociedade-
natureza, saúde e educação: reflexões multidisciplinares. Crato, CE: Quipá,
2020. p. 10-11.
MOREIRA, L. Q. R. A natureza da criança: estímulos naturais para o
desenvolvimento infantil. In: DAMASCENO, M. M. S. (org.). Relação
sociedade-natureza, saúde e educação: reflexões multidisciplinares. Crato,
CE: Quipá, 2020. p. 77-91.
NÓVOA, A. Para uma formação de professores construída dentro da
profissão. In: Nóvoa, A. Professores: imagens do futuro presente. Lisboa:
2009, p. 25-46.
VECTORE, C.; KISHIMOTO, T. M. Por trás do imaginário infantil: explorando
a brinquedoteca. Revista Psicologia Escolar e Educacional , Itatiba, v. 5, n. 2,
p. 59-65, 2001.
deboragomes@unicentro.br

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