Você está na página 1de 29

Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

Ficha de Identificação - Produção Didático-pedagógica


Professor PDE/2013
Título: O GÊNERO CRÔNICA E O TEXTO MIDIÁTICO SOBRE O TEMA FAMÍLIA: UMA
ABORDAGEM DIALÓGICA NA PRÁTICA EDUCATIVA
Autor Margarete de Souza
Disciplina/Área (ingresso no PDE) Língua Portuguesa
Escola de Implementação do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos
Projeto e sua localização Paulo Freire - Ensino Fundamental, Médio e Profissional
Município da Escola Curitiba - PR
Núcleo Regional de Educação Curitiba - PR
Professor Orientador Bruno B. A. Dallari
Instituição de Ensino Superior Universidade Federal do Paraná - UFPR
Relação Interdisciplinar (indicar,
caso haja, as diferentes
disciplinas compreendidas no
trabalho)
Esta Unidade Didática é uma proposta de trabalho com os
professores de Língua Portuguesa do CEEBJA Paulo Freire -
Ensino Fundamental, Médio e Profissional e busca subsidiá-
los a criarem estratégias para motivar os alunos da Educação
Resumo: (descrever a justificativa, de Jovens e Adultos à leitura e à produção textual. Tem como
objetivos e metodologia utilizada. objetivo principal propiciar aos professores refletirem sobre
A informação deverá conter no sua prática educativa para enriquecê-la ou confirmá-la. Para
máximo 1300 caracteres, ou 200 tanto, além dos momentos de reflexão e discussões, propõe
palavras, fonte Arial ou Times um material pedagógico para os jovens e adultos em uma
New Roman, tamanho 12 e abordagem dialógica entre o universo literário, envolvendo
espaçamento simples) crônicas do escritor Luíz Fernando Veríssimo, e o texto
midiático. O recorte será sobre a temática família, por ser um
assunto de relevância para trabalhar na EJA, ressaltando
aspectos contemporâneos da temática por meio do
posicionamento das pessoas no ambiente público blog.
Palavras-chave (3 a 5 palavras) EJA - Crônica - Leitura - Texto Midiático -Prática Educativa
Formato do Material Didático Unidade Temática
Público Alvo (indicar o grupo para
o qual o material didático foi
Professores de Língua Portuguesa
desenvolvido: professores,
alunos, comunidade...)
APRESENTAÇÃO

“A leitura do mundo precede a leitura da palavra.”

Paulo Freire

Caro professor

Esta Unidade Temática tem como objetivo propiciar ao docente de Língua


Portuguesa refletir sobre sua prática educativa quanto ao ensino-aprendizagem da
leitura e da escrita dos alunos da modalidade Educação de Jovens e Adultos, bem
como subsidiá-lo a criar estratégias utilizando o universo literário e o espaço público.
É preciso, para além de fazer com que o aluno saiba ler e escrever, propiciar
meios que possam motivá-lo a aprender e perceber as diferentes situações que ele
pode se deparar em seu meio social, conseguindo se posicionar criticamente frente
às dificuldades encontradas.
A proposta apresentada está articulada com uma parte teórica e uma parte
prática e propõe, além dos momentos de reflexão e discussões com os professores
da LP sobre a prática educativa, um material para o aluno da EJA por meio da leitura
e produção textual, abordando o gênero crônica e o texto midiático, com recurso
digital blog, sobre a temática família, na busca de incentivar o jovem e adulto ao
ensino e aprendizagem.
Inicialmente, faz-se necessário investigar a prática educativa docente para
conhecer os procedimentos adotados pelos professores envolvidos na proposta. A
partir de textos sobre a prática educativa e sobre letramento serão propiciados
momentos de reflexão, discussão e comentários aos docentes do CEEBJA.
Haverá explanação passo a passo do material a ser desenvolvido com o
aluno da EJA, no qual constam algumas crônicas selecionadas de Luís Fernando
Veríssimo sobre a temática família, um pouco sobre o autor, sobre o gênero crônica,
encaminhamentos de leitura e atividades, além do contexto midiático, em uma
abordagem dialógica com a análise das vozes que circulam nas comunidades
semióticas, na ferramenta midiática blog, além da articulação com um episódio do
programa televisivo A Grande Família.
O recorte no tema família, para a proposta de trabalho com os alunos, se deu
por ser um assunto que agrega várias questões importantes, fazendo com que os
jovens e adultos possam vivenciar cada crônica selecionada pelas características do
gênero, pois são textos que falam do cotidiano das pessoas, com humor, podendo
levar os alunos a refletirem e questionarem sobre os valores que lhes estão sendo
transmitidos, ou estão transmitindo, bem como perceber as situações conflitantes
nas famílias de hoje.
Outra questão fundamental que podemos destacar é o dialogismo por meio
do espaço público, com análise do texto midiático veiculado na mídia televisiva e nos
blogs, o que possibilita verificar o contexto social, sobre o que as pessoas pensam e
falam sobre a família contemporânea e quais os valores transmitidos pela mídia, na
busca de fazer com que o aluno seja instigado ao ensino-aprendizado de forma a
motivá-lo à leitura e produção textual.
Por fim, há a avaliação dos limites e das possibilidades da proposta
apresentada, cabendo sugerir ao professor fazer uso de outras abordagens que
podem ser aplicadas com a articulação entre o universo literário e o texto midiático,
sendo que cada docente poderá utilizar o que melhor lhe convier para o
enriquecimento de sua prática educativa.
INTRODUÇÃO

A escola enfrenta vários problemas no contexto educacional, sendo que a


questão do desinteresse dos alunos em relação à leitura e à produção textual, na
disciplina de língua Portuguesa, é fator preocupante em todos os níveis e
modalidades, cabendo buscar estratégias que contribuam para novas práticas
educativas, levando em conta as relações entre linguagem e meio social.
Na Educação de Jovens e Adultos (EJA), os alunos são possuidores de um
conhecimento empírico, já utilizando as práticas de letramento no convívio familiar,
de trabalho e em outras situações. Tal modalidade requer uma abordagem de
ensino-aprendizagem diferenciada do ensino regular, privilegiando o trabalho com os
conteúdos estruturantes do ensino de forma contextualizada.
A proposta apresentada aborda questões de reflexão com o professor da
EJA, pois segundo Freire (2013, p. 40) na formação constante dos docentes, o
momento principal é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando de forma
crítica a prática de hoje ou de ontem que se melhora a próxima. Propõe ainda um
material para o aluno da EJA que articula o gênero crônica e o texto midiático, no
ambiente público blog, em uma abordagem dialógica, permeando sobre a temática
família, com intuito de motivar os alunos à leitura e à produção textual.
Nesse contexto, é relevante repensar sobre o papel da escola no processo de
letramento e na construção dos discursos, sendo que, segundo Rojo (2001, p.65):
“Letramento e escolarização se dão simultaneamente, pelo fato de a escola ser hoje,
em quase todas as sociedades modernas, a principal agência de letramento e de
circulação de textos escritos”.
Nessa perspectiva, sendo o letramento um processo de aprendizagem social
e histórica em relação à leitura e à escrita, constitui-se em práticas sociais. Tais
práticas associam-se a várias formas de linguagens, caracterizadas pelos gêneros
do discurso.
Possibilitar ao professor da EJA refletir e discutir sobre sua prática educativa,
visando criar estratégias que possam auxiliá-lo em relação ao ensino-aprendizagem
do alunado, é fator indispensável para instigar o jovem e adulto à leitura e à escrita,
na busca de leitores e produtores do conhecimento.
Na EJA, mesmo atuando com um público diferenciado que retornou aos
bancos escolares por diversos motivos, quais sejam: de trabalho, de valorização
pessoal, continuação do processo educacional, dentre outros, o professor também
enfrenta a falta de interesse dos alunos em sala de aula, sendo necessário instigá-lo
a aprender. Para além de tal situação, é necessário refletir sobre a posição do
professor, que muitas vezes, está desmotivado por fatores pessoal ou profissional.
Nesse sentido, é importante pensar no papel do professor que é fundamental
no processo de ensino-aprendizagem do conhecimento científico, pois a ele cabe
apresentar os conteúdos programáticos de modo que atraia o aluno, todavia ele
também precisa estar motivado a ensinar. Para Freire (2006. p.77) a reconstrução
nacional exige de todos nós uma participação consciente em qualquer nível de tal
reconstrução, exige ação e pensamento. Exige prática e teoria em unidade, sendo
que não há prática sem teoria nem teoria sem prática.
Portanto, sendo a linguagem uma questão que permeia o trabalho da leitura e
da escrita, estas que devem ser abordadas pelo professor de maneira que atraia o
aluno a apreende, tal proposta possibilitará um trabalho de repensar novas
estratégias pedagógicas para o aluno da EJA.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O ensino de Língua Portuguesa deve acompanhar os novos anseios trazidos
pelos alunos para o contexto escolar, tendo em vista o problema enfrentado pelo
professor quando falamos no que diz respeito à leitura e à produção textual, visando
à autonomia na sociedade dos alunos, pois segundo Freire (2006, p. 11):
“Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser
alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o
contexto”.

Gêneros discursivos: um enfoque dialógico


Para Bakhtin (2003, p. 262) os gêneros discursivos são amplos porque são
inesgotáveis as possibilidades da atividade humana, sendo que esses três
elementos - conteúdo temático – estilo e construção composicional estão
interligados a todo o enunciado, orais e escritos, considerando que cada enunciado
particular é individual, todavia, cada campo de uso da língua elabora tipos
relativamente estáveis na composição dos enunciados, assim são conceituados os
gêneros do discurso.
O autor divide os gêneros em primários e secundários. Os primários são os
gêneros da vida cotidiana em geral, todavia não exclusivamente, orais, pertencem à
comunicação verbal espontânea, por exemplo: a carta e o diálogo cotidiano. Os
secundários apresentam uma comunicação cultural mais complexa e evoluída em
geral, mas não necessariamente, escrita, por exemplo: romances, dramas e
pesquisas científicas. (BAKHTIN, 2003, p. 263).
Nesse sentido, em várias de nossas atividades, há uma passagem constante
do gênero secundário para o primário e deste para aquele, o estudo da natureza do
enunciado e as diversidades de formatos de gêneros nos mais diversos campos das
atividades humanas, é de grande importância para quase todos os campos da
linguística e da história da língua, pois quando fazemos uma investigação de um
material linguístico concreto, sendo no histórico da língua, na gramática normativa,
se opera com enunciados concretos, escritos ou orais. É por meio dos enunciados
concretos que a vida entra na língua. (BAKHTIN, 2003, p. 264 – 265).
Abordaremos o gênero crônica, por reproduzir a realidade por meio do
registro de fatos do cotidiano, é um gênero que atrai o leitor por falar de assuntos
sérios com muita leveza. Utilizaremos também a ferramenta midiática blog para
leitura e análise de fragmentos de texto sobre o tema família, buscando verificar o
que as vozes que circulam em tal ambiente público pensam e comentam sobre o
assunto. Pode-se compreender a palavra “diálogo” em um sentido mais amplo, não
apenas como comunicação em voz alta, de pessoas colocadas face a face, mas
toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja. (BAKHTIN, 2009, p.127).
É importante frisar que todo enunciado é dialógico. Assim, o dialogismo é o
modo de funcionamento da linguagem, sendo o princípio constitutivo do enunciado
que se constitui a partir de outro enunciado, uma réplica. O dialogismo é a maneira
de funcionamento real da linguagem, ou seja, tudo acontece a partir de um discurso
que se faz com o uso da linguagem, sendo que as funções dialógicas podem ser de
aceitação ou recusa, de acordo ou desacordo, de conciliação ou de luta e assim
segue. (FIORIN, 2008, p. 24).
A relação entre enunciados acontece como espaço de luta entre vozes
sociais, pois a sociedade é dividida em grupos sociais, com interesses divergentes,
tais vozes são constituídas como sociais e como individuais, não se limitando só a
discursos polêmicos, políticos, mas também está presente em uma forma simples do
cotidiano. Entretanto, os conceitos sociais e individuais não são simples, pois a
maioria das opiniões dos indivíduos é social, sendo que a identidade tanto das vozes
sociais como das individuais estão carregadas da própria época, das opiniões dos
sujeitos daquele tempo vivido, sendo os enunciados sociais. (FIORIN, 2008, p. 25 –
27).
Nessa perspectiva, os movimentos entre gêneros do discurso possuem uma
interação dialógica, no sentido amplo do termo, da possibilidade da contradição, da
negação das vozes sociais, sendo que, a leitura e análise do texto midiático no
ambiente público blog e das crônicas abordadas sobre a temática família
possibilitarão explorar questões relativas aos valores familiares e de práticas de
letramento dos alunos da EJA.
Os gêneros midiáticos incluem o público - leitor, espectador, internauta e
como todo gênero, o midiático é dialógico. Não se trata de um processo unilateral de
emissão e recepção, todavia de uma interlocução, na qual ambos fazem,
alternadamente, o papel de falante e ouvinte. (DALLARI, 2010, p. 4).
Os gêneros variam assim como a língua que é viva, e não estanque. As
manifestações comunicativas mediante a língua não acontecem com elementos
linguísticos isolados, elas se dão, conforme expõe Bakhtin (2009, p. 67): “A palavra
revela-se, no momento de sua expressão, como o produto da interação viva das
forças sociais”.
Todas as esferas da atividade humana estão sempre relacionadas com o uso
da linguagem e esse uso se concretiza em forma de enunciados. Então, se
queremos estudar o dizer, temos sempre de nos remeter a uma ou outra esfera da
atividade humana, pois não falamos no vazio, não produzimos enunciados fora do
agir humano. (FARACO, 2009, p.126).
Assim, ao abordar o gênero crônica, uma narrativa breve que registra fatos do
cotidiano, cuja linguagem soma-se ao estilo literário e ao jornalístico e os fragmentos
de textos midiáticos, com uma linguagem oral, ambos sobre o assunto família,
fazendo uma interação do literário com o ambiente público, de certa forma, provoca
uma atitude, ou seja, resposta do leitor, este que já possui um conhecimento prévio
no seu meio social e tal abordagem poderá despertar o interesse do aluno da EJA
quanto à leitura e à produção textual.

Gênero crônica e o texto midiático – recurso digital blog


No Brasil, antes de ser crônica foi folhetim, ou seja, um artigo de rodapé sobre
as questões do dia – políticas, sociais, artísticas, literárias, de 1854 a 1855, sendo
que, aos poucos o folhetim foi encurtando e ganhando “certo ar de quem está
escrevendo à toa”, sem receber muita importância. Depois, recebeu um tom mais
ligeiro e encurtou de tamanho até chegar ao modelo que temos hoje. (CÂNDIDO,
1992, p.15).
Para Cândido (1992, p. 19) a crônica possui um modo peculiar de
aprendizado divertido, formando-se em “veículo privilegiado para mostrar de modo
persuasivo muita coisa que, divertindo, atrai, inspira e faz amadurecer a nossa visão
das coisas”. A linguagem coloquial da crônica e o assunto abordado aproximam o
texto do leitor, possibilitando analisá-la por meio de uma leitura que atraia o aluno.
Ressalte-se que, ao se trabalhar a leitura e à produção textual por meio do
texto midiático, utilizando a ferramenta do ambiente público blog, possibilita a
construção de práticas comunicativas, pois o sujeito absorve várias vozes sociais,
participa do próprio aprender por meio dos enunciados que são dialógicos, ou seja,
há uma relação ativa entre locutor e o destinatário, em uma categoria discursiva.
Nessa perspectiva, o fundamental da nossa prática linguística e comunicativa
está relacionado à mídia, seja para o bem ou para o mal, ela intermedia a veiculação
linguística da sociedade, da mesma maneira que os bancos intermediam a
veiculação financeira. Mesmo o que não inicia com a mídia, é filtrado por ela e
absorvido pela sociedade nos termos dela. Não se tratando de “conteúdos
midiáticos”, todavia, de temas de interesse público que são apropriados e colocados
em circulação pela mídia. (DALLARI, 2010, p. 4).
A ferramenta digital blog é um ambiente público constituído por comunidades
semióticas, ou seja, comunidades de vozes reunidas em torno de temas, são várias
vozes representadas por meio de fragmentos de texto sobre o assunto abordado.
Tal ambiente público é dialógico, pois veiculam vozes que apresentam opiniões e
manifestações sociais, podendo adquirir um discurso de valor.
Convém frisar que, uma prática educativa que favoreça ao leitor ampliar seus
horizontes, por meio da leitura e da produção textual, com análise do discurso do
gênero crônica e dos enunciados dialógicos que circulam no ambiente público,
contribui para um novo olhar do aluno da EJA sobre o texto midiático e o gênero
crônica. Por tratar de temas do cotidiano, a crônica mescla aspectos da escrita com
outros da oralidade, bem como os fragmentos de textos midiáticos a serem
trabalhados, utilizando textos próximos à realidade do leitor, com significado para
ele.
Optamos por abordar as crônicas relacionadas à família, do escritor Luís
Fernando Veríssimo, pelas suas características: tom intimista, tom de humor, de
ironia, há em seu texto trechos de diálogos, com expressões cotidianas. Cabe frisar
a definição dada pelo autor sobre sua produção literária:

A crônica está nessa terra-de-ninguém. Ou essa terra-de-muita-gente até,


entre a literatura e o jornalismo. É uma coisa meio indefinida: quando é que
deixa de ser crônica, deixa de ser jornalismo e passa a ser conto e, em
consequência, literatura. (TÁVORA, 1988, p.37).

É relevante evidenciar que o cronista, embora filho de Érico Veríssimo, só


começou a sua carreira de escritor aos trinta anos de idade. O trabalho que exerceu
anteriormente em publicidade o influenciou em sua carreira, Veríssimo relata que é
importante para o escritor experiência em um tipo de comunicação direta com o
público. (TÁVORA, 1988, p. 17).
Nessa perspectiva, a experiência do autor traz aspectos peculiares ao
trabalharmos com suas crônicas, podendo atrair o aluno a escrever textos literários
ou outros de interesse, pois o escritor torna-se autor. Tal abordagem das crônicas
sobre família de Veríssimo contribuirá para uma prática educativa que busque atrair
o alunado à leitura e à produção textual.
Convém observar a questão da recepção do leitor sobre os textos midiáticos e
o gênero crônica, refletindo sobre a percepção que o leitor da EJA possui sobre a
opinião coletiva que circula no recurso virtual blog e sobre o texto literário, levando-o
a uma visão mais ampla e crítica do assunto família. Segundo Dallari (2010, p.05):
“O aluno, tendo trabalhado sistematicamente não só como leitor, mas produtor, na
revisão crítica do universo midiático em que está inserido, ganha desenvoltura para
se assumir como sujeito nesse ambiente”.
Por fim, a leitura e a análise do gênero crônica, de Luís Fernando Veríssimo e
do texto midiático, recurso digital blog, pautados na temática família, numa
abordagem dialógica, podem contribuir de forma a motivar os Jovens e Adultos ao
ensino-aprendizagem, bem como contribuir para que o professor repense sua
prática educativa ou a confirme, sendo fundamental se retomar questões de
possibilidades na prática pedagógica da modalidade EJA.

PRODUÇÃO DIDÁTICO- PEDAGÓGICA

Nesta Unidade Temática, a organização das atividades sugeridas segue com


abordagens pertinentes aos professores a partir de um referencial teórico, na busca
de um trabalho de reflexão da prática educativa. Com o intuito de subsidiar o
docente de Língua Portuguesa a criar estratégias para articular o universo literário e
o espaço público, há uma proposta de trabalho passo a passo sugerida para os
alunos da EJA. É relevante observar que, a proposta em tela não se finda aqui, pois
existem outras possibilidades de desenvolvimento a partir da ideia apresentada para
os docentes do CEEBJA Paulo Freire – Ensino Fundamental, Médio e Profissional.
PRIMEIRO MOMENTO

1. Apresentação da proposta de trabalho aos professores

Objetivo: Expor a proposta de Implementação do Projeto de Intervenção aos


professores do CEEBJA Paulo Freire, com investigação da prática docente.

A explanação do projeto aos professores será realizada por meio de slides, de modo
geral. Destacando que o trabalho de sugestão para o aluno será com recorte na
temática família, por ser um tema que agrega polêmica em seu contexto,
favorecendo o trabalho na EJA.

1.1. Prática docente

1.1.1. Após a exposição da proposta, na busca de investigar a prática pedagógica


dos professores, haverá alguns questionamentos a eles sobre o assunto, os quais
serão gravados, para verificar como se consolida o ensino-aprendizagem dos jovens
e adultos quanto à leitura e à produção textual.

1.1.2. Para a reflexão da prática educativa, será abordado o texto: “Ensinar exige
reflexão crítica sobre a prática”, da obra Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire e
o vídeo: “A escola serve para que?”, um documentário que fala sobre a educação no
país. Após, em círculo, os professores poderão expor suas críticas e opiniões sobre
a prática educativa atual.

Vídeo:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/linksCursosMateriais.html?categoria=21.
Acessado em 12 de novembro de 2013.
SEGUNDO MOMENTO

2. Letramento e alfabetização na EJA

Objetivo: Possibilitar que os professores do CEEBJA reflitam sobre os conceitos de


letramento e alfabetização, bem como as práticas de letramento na EJA.

2.1. Prática docente

2.1.1. A partir da leitura do texto: “O que é letramento e alfabetização”, da obra


Letramento: um tema em três gêneros, de Magda Soares, em grupo, os professores
poderão refletir sobre os conceitos dos termos, bem como discutir sobre o processo
de práticas de letramento na EJA.

2.1.2. Será apresentado o vídeo “Um mundo de Letras” que aborda questões
relativas à alfabetização, letramento e cidadania. Na continuidade, faremos algumas
considerações e discussões, verificando em que medida os professores do CEEBJA
promovem o processo de letramento em sala de aula.

Vídeo: “Um mundo de Letras”

http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=4304.
Acessado em 13 de novembro de 2013.
TERCEIRO MOMENTO

3. Explanação passo a passo da proposta a ser aplicada ao aluno

Objetivo: Apresentar o trabalho de prática pedagógica a ser utilizada com o aluno,


que articula o gênero crônica e o texto midiático sobre a temática família, para
subsidiar o professor de Língua Portuguesa a motivar o educando à leitura e à
produção textual.

 Professor, para análise da proposta em tela, você receberá uma pasta contendo
o material a ser desenvolvido no trabalho: textos selecionados, CDs sobre Luís
Fernando Veríssimo e A Grande Família.

3.1. Sobre a proposta de prática pedagógica para aplicação com o aluno da


EJA

 Professor, inicialmente, cabe falar sobre o contexto familiar para o aluno,


questioná-lo sobre o que as pessoas pensam sobre a família tradicional e a
atual, os valores de hoje nas famílias brasileiras, comportamentos, etc. Comentar
sobre o que a mídia transmite sobre a família nos programas televisivos.

3.2. Sobre o autor e suas crônicas

Luís Fernando Veríssimo possui várias crônicas sobre família, selecionamos


algumas para a leitura e produção de texto, pois Veríssimo escreve com humor e
leveza, mesmo falando de assunto sério. Segue a biografia do autor, destacando
que ele começou sua carreira como escritor aos trinta anos de idade.
Conhecendo o autor:

Luís Fernando Veríssimo nasceu em Porto Alegre, Rio Grande


do Sul, em 26 de setembro 1936, aos 6 anos de idade, mudou-
se com a família para os EUA por motivo de trabalho do pai, o
escritor Érico Veríssimo, onde morou por 2 anos. Aos 22 anos
fez parte de uma banda de Jazz. Veríssimo tinha o sonho de
ser desenhista. Em 1964, casou-se com Lúcia Helena Massa,
sua primeira namorada. Em 1967, iniciou seu trabalho no jornal
Zero Hora, em Porto Alegre.
Fonte: Yann P. S. Teixeira
Veríssimo criou personagens como: As cobras, Ed Mort e Família Brasil. Em 1973,
lançou sua primeira obra: o Popular e em 1976, tornou colunista do Jornal do Brasil,
além de não parar de escrever para jornais, revistas e televisão.
(Luiz Fernando Veríssimo, p.131-134)

Para saber mais:


http://www.releituras.com/lfverissimo_bio.asp. Acessado em 21 de outubro de
2013.

 Professor, as crônicas selecionadas devem ser lidas integralmente com os


alunos. No texto abaixo, pode-se pedir para que um educando faça a voz do
narrador e os outros dos personagens.
Texto 01
O texto que segue fala sobre o casamento, levantando questões de conflito
entre gerações sobre o assunto.

Pais

Por casualidade, os três ficaram lado a lado na igreja. Tinham mais


ou menos a mesma idade do pai da noiva. Que acabara de passar
por eles, radiante com a filha pelo braço, a caminho do altar.

[...]
Fonte: Yann P. S. Teixeira

─ Acho que a gente devia fazer um trato. O primeiro da nossa geração que tivesse
uma filha disposta a casar em igreja, com vestido e tudo, convidaria os outros para
entrar junto com ela na igreja. Cada um desfilaria uma determinada distância de
braço com a noiva, depois passaria para o outro, e assim até o altar.

(Luis Fernando Veríssimo, p.16-17)

 Professor, após ler o texto com os alunos e antes deles realizarem as atividades
que seguem, verifique se eles desconhecem algum vocabulário e comente.

Atividades I

1 - Para compreender o texto


a. O texto retrata uma cerimônia de casamento, como essa situação é
apresentada?
b. Quais são as características comuns nas falas dos personagens que você pôde
observar?
c. Você acredita que os pais idealizam uma cerimônia tradicional para os seus
filhos?Comente.
d. No texto, há situações de valores que se conflitam, você já vivenciou diferença de
valores em seu meio social? Relate.
e. O que as pessoas que você conhece falam sobre o casamento? E qual é sua
opinião sobre esse assunto?
2 - Produção de texto

Você sabe o que é uma paráfrase? É um texto que, por meio de outras palavras,
procura dar uma explicação mais clara do que se quis transmitir, sendo que ela deve
ser objetiva. Agora, faça uma paráfrase dos fragmentos que seguem:

a. “Por casualidade, os três ficaram lado a lado na igreja. Tinham mais ou menos a
mesma idade do pai da noiva. Que acabara de passar por eles, radiante com a
filha pelo braço, a caminho do altar.”

b. “O primeiro da nossa geração que tivesse uma filha disposta a casar em igreja,
com vestido e tudo, convidaria os outros para entrar junto com ela na igreja. Cada
um desfilaria uma determinada distância de braço com a noiva, depois passaria
para o outro, e assim até o altar”.

Texto 02
O texto abaixo expõe situação de conflito entre a família, abordando também
a questão do casamento.

Pai e mãe
Ele só não estava chorando no chope pra não salgar. O que era?
– Você sabe que eu sou filho único.
– Sei.
– Todas minhas namoradas, a primeira coisa que eu faço é levar para
conhecer a minha mãe e o meu pai.
– Sim.
– Já levei várias.
– Certo.
– Já estive noivo de umas dez. Mas só casava se eles aprovassem em casa.
– É justo.
[…]
(IN Ferreira Gullar, p. 130-131)
 Professor, após a leitura e comentário sobre a crônica, a atividade abaixo pode
ser realizada com o aluno oralmente ou por escrito, para melhor entendimento do
texto.

Atividades II

1- Para compreender o texto

a. O texto “Pai e mãe” fala sobre o casamento, como o personagem aborda essa
questão?
b. Você já conheceu alguém que teve uma história parecida com a do personagem
do texto? Relate.
c. Qual é a intenção contida na frase “Você sabe que eu sou filho único”. Comente.
d. Que outro final você daria para o desfecho dessa história.
e. Quais são as diferenças e as semelhanças entre os textos: “Pais e Pai” e “Mãe”,
de Luís Fernando Veríssimo?

2 - Produção de texto

Quando lemos um texto, percebemos que há um narrador que conta um fato, sendo
que ele pode usar outras vozes na narrativa, das personagens. Ao utilizar outras
vozes, o narrador faz uso do discurso, que é a maneira como as falas são colocadas
no texto. Existem três recursos para citar o discurso de outra pessoa, o discurso
direto, o indireto e o indireto livre. Vamos ver cada um deles.

No discurso direto, o narrador reproduz a fala da personagem fielmente, sendo que


tal discurso apresenta marcas que merecem ser destacadas: vem introduzido por um
verbo que anuncia a fala do personagem como falar, dizer, afirmar, etc.; faz uso de
aspas ou travessões para demarcar as vozes de alguém e o personagem que fala
usa a primeira pessoa (eu, nós), para falar com o interlocutor, usa a 2ª pessoa (tu,
vós).
No texto “Pai e Mãe”, o narrador reproduziu a fala do personagem utilizando
travessões. Observe:
Exemplo 1: - Todas minhas namoradas, a primeira coisa que eu faço é levar
para conhecer a minha mãe e o meu pai.

No discurso indireto, o narrador utiliza suas palavras para comunicar o que o


personagem disse, passando a fala do personagem pela elaboração da voz do
narrador, com a utilização do tempo verbal na 3.ª pessoa (ele, eles, ela, elas).
Exemplo 2: Ele disse que todas as suas namoradas, a primeira coisa que ele
fazia era levar para conhecer a sua mãe e o seu pai.

No discurso indireto livre, há uma mistura da fala do narrador com a do personagem,


o narrador coloca a fala do personagem sem demarcar sua introdução, criando um
efeito de sentido entre a subjetividade e a objetividade, são duas vozes que se
expressam, a do narrador e a do personagem.
Exemplo 3: Todas as suas namoradas, a primeira coisa que fazia era levar para
conhecer a mãe e o pai.

Agora é a sua vez

1) Reescreva os diálogos abaixo, passando do discurso direto para o discurso


indireto.
a) Ele só não estava chorando no chope pra não salgar. Falou:
– Você sabe que eu sou filho único.
- Sei.

b) Ele disse:
– Não foi fácil. Mas consegui.
- Igualzinha?
- A cara. E levei para casa.

2) Agora, reescreva os fragmentos de texto apresentados, passando do discurso


indireto para o discurso direto.
a) Ele entrou em casa com uma namorada nova e já percebeu na cara de sua mãe
que ela não aprovou. Assim que a moça saiu, começou a criticar e falou mal dela
para ele.

b) Adorou. Ele tinha encontrado a moça dos seus sonhos, mas a sua mãe também
não gostou do jeito dela.

3) Passe as frases abaixo para o discurso indireto livre.


a) Eu estou noivo de Aurora. Preciso da aprovação dos meus pais para me casar.
b) Eu procuro. Quero encontrar a mulher certa para mim.
c) Levo a moça para conhecer meus pais. Logo, penso em me casar com ela.
d) Eu imagino um casamento tradicional. Falei com a minha noiva sobre a
cerimônia.

3 - Para pesquisar

Você deverá pesquisar na biblioteca ou no ambiente público blog sobre os


casamentos e os divórcios no Brasil, causas e conseqüências, para discutir na
turma.

 Professor, é importante falar sobre o gênero crônica para o aluno, como surgiu e
um pouco da história do gênero, que é um texto típico de jornal, se quiser, pode
entregar ao aluno o texto do boxe abaixo.
Texto 3: O gênero crônica

História da Crônica
A palavra crônica do grego Chronikós, relativo a tempo e do latim Chronica. A
crônica significava, no início da era cristã, uma relação de acontecimentos
ordenados pelo tempo, em ordem cronológica, era o relato de eventos que se
limitavam a registrar os fatos sem aprofundamento. No século XIX, a crônica
passou a ter sentido apenas literário e com o desenvolvimento da imprensa, aderiu
ao jornal, eram registros do cotidiano, depois, fazendo a crítica diária dos
acontecimentos. A crônica era publicada no rodapé dos jornais, eram os "folhetins".
Na segunda metade do século, o termo crônica começou a ser amplamente
utilizado também como narrativa histórica. No Brasil, a crônica foi assumindo nova
forma, mais poética, com humor lírico e fantasia, distanciando-se daquela crônica
com sentido de história e de documentário que se originou na França. No Brasil,
tivemos vários cronistas importantes como José de Alencar, Machado de Assis,
João do Rio, Lima Barreto, Rubem Braga, Raquel Queirós, Fernando Sabino, Paulo
Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade.
(Massaud Moisés, p.245-246)

Para saber mais:

http://www.asesbp.com.br/literatura/cronica.htm. Acessado em 04 de novembro de


2013.

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm
fuseaction=biografias_texto&cd_verbete=5221 Acessado em 04 de novembro de
2013.
Atividades III

1 - Para compreender o gênero crônica


a. Os textos: “Pais” e “Pai e Mãe”, de Luiz Fernando Veríssimo, são denominados
crônicas, quais as características que você pôde observar nesses textos?
Comente.
b. A partir da leitura das crônicas já citadas, escreva como se caracteriza a
linguagem empregada em cada uma delas?
c. Quais são os meios utilizados para veicular as crônicas? Por quê?
d. Geralmente, as crônicas possuem um tipo de leitor específico, comente.
e. As pessoas que convivem com você no trabalho ou em casa costumam ler
crônicas ou outros gêneros de texto? Relate.

2 - Dialogando com o texto

 Professor, você receberá para a prática pedagógica um CD contendo o último


episódio da “Grande Família”, para passar em sala de aula para os alunos, pode-
se também utilizar qualquer outro episódio do programa que esteja passando na
atualidade e articular ao assunto família.

Para contextualizar o assunto abordado nas crônicas “Pais” e “Pai e Mãe”,


utilizaremos o último episódio do ano de 2013 do programa “A Grande Família”,
exibido pela Rede Globo, que foi ao ar no dia 26 de setembro. Abordaremos a cena
do casamento de Bebel e Agostinho, que se reconciliam após diversas brigas.
Atividades IV

1 - Após assistir ao vídeo, responda:


a. Em relação ao casamento de Bebel e Agostinho, personagens do programa “A
Grande Família”, a cena se associa ou difere dos casamentos que você já
participou? Justifique.
b. A crônica “Pais”, de Luiz Fernando Veríssimo, aborda a questão do casamento,
comente sobre as diferenças e as semelhanças entre o texto e o episódio
veiculado na Rede Globo.
c. Como você caracteriza a família Silva, idealizada ou real? Por quê?
d. Quais são os valores abordados no episódio? Comente.
e. Você acredita que o casamento dos personagens Bebel e Agostinho é idealizado
pelas pessoas ou hoje os valores são outros?

Texto 04
A crônica que segue é uma narrativa que transmite uma crítica diante da
mídia televisiva, a história se passa em um contexto familiar, com uma dona de
casa, que imerge em um mundo televisivo.

Dona Leonor

Começou na mesa de almoço. De repente, a mãe virou-se para


um lado, sorriu e disse:
Fonte: Yann P. S. Teixeira

- Quero o melhor para minha família. Por isto, na nossa mesa, só usamos o arroz
integral Rizobom.
O pai virou-se rapidamente para ver com quem ela estava falando naquele tom tão
estranho e não viu ninguém. O filho e a filha se entreolharam.
[...]
No dia seguinte certamente a levaria a um médico. Mas, por enquanto, resolveu
aproveitar. Fazia tempo. Também abraçou a mulher. Não sem antes olhar,
preocupado, para o ponto da suposta câmara e apagar a luz. Prudentemente.
(Ferreira Gullar, p. 98-100)
Atividades V

1- Para compreender o texto


a. A crônica narra a história de Dona Leonor, como você caracteriza essa
personagem quanto à sua situação social, por quê?
b. O texto expõe várias marcas ao invés dos produtos, para você, qual é a real
intenção do cronista?
c. No texto, a personagem Dona Leonor interage com a família ou não? Comente.
d. Qual é a reação da família diante da situação de Dona Leonor?
e. As pessoas que você conhece se deixam influenciar pela mídia ou não?
Comente.

2 - Produção de texto
Agora você é o cronista, pense na seguinte situação, um jornal da sua cidade está
realizando um concurso de crônicas sobre as coisas que acontecem nas famílias
brasileiras, você terá que redigir um texto falando sobre um fato corriqueiro do
cotidiano dessas pessoas, pode ser no trabalho, em suas casas, em uma festa de
casamento ou outras situações. Não se esqueça de dar um título ao seu texto.

Texto 05
A crônica abaixo faz uma crítica em relação à maneira que as crianças se
relacionam com os brinquedos na atualmente.

A bola

O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer


que sentira ao ganhar sua primeira bola do pai. Uma número 5
sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era
de plástico. Mas era uma bola.
[...] Fonte: Yann P. S. Teixeira

O garoto disse “legal” mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a bola com
as mãos e o cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola
cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa ideia, pensou. Mas
em inglês, para a garotada se interessar.
(Luis Fernando Veríssimo, p. 259 – 260)
 Professor, após ler o texto, procure explorar algumas expressões com os alunos,
bem como palavras que eles desconheçam.

Atividades VI

1- Para compreender o texto


a. No primeiro parágrafo do texto, o pai parece motivado a dar uma bola de
presente ao filho, quais são as razões dessa motivação que podem ser
observadas no personagem?
b. O filho demonstra certa insatisfação com o presente do pai. Por quê?
c. A situação apresentada no texto é comum entre as crianças que você conhece
ou seus filhos? Relate alguma situação que você vivenciou.
d. No texto aparecem várias palavras que nos remetem à tecnologia, o que as
pessoas que você conhece comentam sobre o avanço tecnológico em relação
aos brinquedos? E qual é sua opinião a respeito do assunto?
e. Compare os textos: “Dona Leonor” e “A bola”, quais são as tecnologias
abordadas e como elas afetam os personagem Leonor, e o filho, que recebeu o
presente. Comente.

2 - Produção de texto
Escreva uma crônica envolvendo alguma tecnologia (TV, computador, vídeo, etc.)
pode ser um acontecimento com seu filho, ou colega de trabalho ou, ainda, o
cônjuge. Dê um título ao seu texto.

3 - Dialogando com o texto


 Professor, é importante que os alunos, após discussão sobre as crônicas que
envolvem o contexto familiar, analise alguns fragmentos de texto que circulam em
comunidades semióticas, ou seja, fala de pessoas que discutem determinado
assunto na ferramenta digital blog, para saber o que pensam e o que falam as
pessoas sobre o tema na atualidade.
Atividade VII
Seguem alguns endereços eletrônicos para a análise da temática em questão,
os alunos podem acessar no laboratório de Informática ou pode-se usar a lousa
digital para visualizar os fragmentos de texto expostos na internet ou, ainda, fazer a
impressão das falas contidas em alguns blogs para trabalhar em sala de aula.

http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/2012/08/31/a-nova-familia-brasileira/.
Acessado em 05 de novembro de 2013.

http://natelinha.ne10.uol.com.br/noticias/2013/07/22/a-grande-familia-tera-
temporada-mais-curta-volta-em-2014-e-garantida-63912.php. Acessado em 05 de
novembro de 2013.

http://www.jesocarneiro.com.br/comentarios/destruiram-a-familia-brasileira-critica-
leitor.html. Acessado em 05 de novembro de 2013.

1 - Análise de fragmentos de texto no ambiente virtual Blog

a. Como se caracteriza a linguagem apresentada nos blogs?


b. Qual é a posição contida nos fragmentos de texto sobre o assunto família?
c. O que falam as pessoas sobre o programa “A Grande Família”?
d. Quais são os valores observados nos fragmentos de texto que circulam nos blogs
sobre a questão da família de hoje, você concorda?

2 - Produção de texto
A partir da leitura dos fragmentos de texto no ambiente público blog, você deverá
responder a algum comentário feito por um internauta, antes de postá-lo mostre ao
professor para que ele leia o seu texto.
QUARTO MOMENTO

4. Sobre o material pedagógico para o aluno da EJA

Objetivo: Analisar a proposta de prática pedagógica a ser realizada com o aluno,


com aprofundamento de leituras sobre o tema família, a fim de enriquecer o debate
quanto ao assunto.

 Professor, além do material da proposta com o aluno, você receberá material


extra, sendo revistas e textos que falam sobre a família da atualidade e o
contexto midiático, para ter outras fontes de pesquisa sobre a temática.

4.1. Prática docente

4.1.1. Com base no trabalho apresentado, em círculo, serão feitas análises da


proposta a ser desenvolvida com os alunos, além de comentários sobre questões
pertinentes ao tema família, compartilhando experiências em relação à articulação
entre o universo literário e o espaço público.

4.1.2. Serão realizadas leituras sobre questões relativas à família, para discussão
sobre o assunto, com destaque para alguns textos que falam também sobre o
contexto midiático, além de comentários sobre como acontece o envolvimento da
família na escola.
QUINTO MOMENTO

5. O texto midiático – recurso digital blog

Objetivo: Analisar os fragmentos de texto midiático no ambiente público blog, para


discutir sobre o conteúdo veiculado nas comunidades semióticas.

5.1. Prática docente

5.1.1. O encontro com os professores será no laboratório de Informática, com o


propósito de analisar os textos midiáticos veiculados nos ambientes públicos
apresentados no terceiro momento para o trabalho com o aluno, além de outros
ambientes que falam sobre as crônicas de Luís Fernando Veríssimo e outros textos
que abordam a temática família.

5.1.2. Após as análises, será propiciado espaço para comentários e discussões


sobre os ambientes públicos, a fim de verificar o que é essencial para o aluno da
EJA, levando em conta o perfil desse alunado que já faz parte do mercado de
trabalho.

SEXTO MOMENTO

6 - Limites e possibilidades
Objetivo: Verificar os limites e as possibilidades da proposta, com explanação das
colaborações e conclusões de todos os envolvidos.

6.1. Prática docente

6.1.1. Cada professor irá se autoavaliar com relação à sua prática educativa, até que
ponto possibilita motivação aos alunos quanto à leitura e produção textual e se a
proposta apresentada contribuirá com sua prática, motivando-o também em sala de
aula.
6.1.2. Discussões e conclusões referentes à proposta, limites e possibilidades, com
a presença da equipe pedagógica do CEEBJA em questão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes. 4. ed.
2003.
BAKHTIN, Mikhail (Volochínov). Marxismo e Filosofia da Linguagem. 13ª ed. - São
Paulo: Hucitec, 2009.
CÂNDIDO, Antonio. A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no
Brasil. Campinas; Rio de Janeiro: Editora da Unicamp; Fundação Casa de Rui
Barbosa, 1992.
DALLARI, Bruno B. A. Mídia, Cidadania e as novas práticas de letramento. 2010.
FARACO, Carlos Alberto. Linguagem e diálogo: ideias linguísticas do Círculo de
Bakhtin. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
FIORIN, José L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2008.
FIORIN, José Luiz . SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e
redação. 7ª ed. – São Paulo: Editora Ática.
FREIRE, Paulo. A Importância do ato de ler: em três artigos que se completam.
47ª ed. - São Paulo: Cortez, 2006.
___________. Pedagogia da Autonomia. 44ª ed.- Rio de Janeiro:Paz e Terra,
2013.
GULLAR, Ferreira....[et al].O melhor da crônica brasileira. 5ª ed. - Rio de Janeiro:
José Olympio, 2007.
MOISÉS, Massaud. A Criação Literária. 11ª ed.-São Paulo: Cultrix, 1983.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. São Paulo: Autêntica,
1999.
TÁVORA, Araken. Encontro marcado com Luís Fernando Veríssimo. São Paulo:
Contexto.1988.
VERÍSSIMO, Luís Fernando.Zoeira. Porto Alegre: L&PM, 1996.
______________________. Festa de criança. São Paulo: Ática, 2000.
______________________. Comédias da Vida Privada. 101crônicas escolhidas.
26ª ed.- Porto Alegre: L&PM, 1996.

Você também pode gostar