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CURSO DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

FAVENI – FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

GENÉTICA

ESPÍRITO SANTO

1
SUMÁRIO

1 DIVISÃO CELULAR .................................................................................... 4

1.1 A interfase – A fase que precede a mitose ........................................... 4

1.2 A interfase e a Duplicação do DNA ...................................................... 5

2 AS FASES DA MITOSE .............................................................................. 6

2.1 Prófase – Fase de início (pro = antes): ................................................ 6

2.2 Metáfase – Fase do meio (meta = no meio) ......................................... 8

Anáfase – Fase do deslocamento (anaindica movimento ao contrário ......... 8

2.3 Telófase – Fase do Fim (telos = fim): ................................................... 9

2.4 Citocinese – Separando as células .................................................... 10

3 A MITOSE SERVE PARA... ...................................................................... 11

3.1 O Controle do Ciclo Celular e a Origem do Câncer: ........................... 11

4 MEIOSE .................................................................................................... 13

4.1 Meiose I (Primeira Divisão Meiótica): ................................................. 14

4.2 Meiose II (segunda divisão meiótica): ................................................ 18

4.3 Variabilidade: Entendendo o crossing-over: ....................................... 19

4.4 Gametogênese: .................................................................................. 22

4.5 A Espermatogênese: .......................................................................... 22

4.6 A espermatogênese divide-se em quatro fases: ................................ 23

4.7 A Ovogênese: ..................................................................................... 25

A ovogênese é dividida em três etapas....................................................... 26

4.8 Fecundação: A volta à Diploidia: ........................................................ 28

4.9 Ácidos nucléicos: o controle celular:................................................... 30

4.10 Os Ácidos Nucléicos: DNA e RNA: ................................................. 30

5 DNA: UMA “ESCADA RETORCIDA” ........................................................ 31

A duplicação do DNA .................................................................................. 34

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5.1 A ação da enzima DNA polimerase: ................................................... 36

6 MUTAÇÃO GÊNICA: ................................................................................ 37

6.1 A mutação e suas consequências: ..................................................... 39

6.2 As mutações são hereditárias: ........................................................... 40

6.3 As causas das mutações:................................................................... 41

7 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 42

8 ARTIGO PARA REFLEXÃO ..................................................................... 44

8.1 A Nova (Moderna) Biologia E A Genética Nos Livros Didáticos De


Biologia No Ensino Médio* .................................................................................... 44

9 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 62

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1 DIVISÃO CELULAR

Do mesmo modo que uma fábrica pode ser multiplicada pela construção de
várias filiais, também as células se dividem e produzem cópias de si mesmas. Há dois
tipos de divisão celular: mitose e meiose.
Na mitose, a divisão de uma “célula-mãe” duas “células-filhas” geneticamente
idênticas e com o mesmo número cromossômico que existia na célula-mãe. Uma cé-
lula n produz duas células n, uma célula 2n produz duas células 2n etc. Trata-se de
uma divisão equacional.
Já na meiose, a divisão de uma “célula-mãe” 2n gera “células-filhas” n, geneti-
camente diferentes. Neste caso, como uma célula 2n produz quatro células n, a divi-
são é chamada reducional.

1.1 A interfase – A fase que precede a mitose

É impossível imaginar a multiplicação de uma fábrica, de modo que todas as


filiais fossem extremamente semelhantes à matriz, com cópias fieis de todos os com-
ponentes, inclusive dos diretores? Essa, porém, no caso da maioria das células, é um
acontecimento rotineiro. A mitose corresponde à criação de uma cópia da fábrica e
sua meta é a duplicação de todos os componentes.
A principal atividade da célula, antes de se dividir, refere-se à duplicação de
seus arquivos de comando, ou seja, à reprodução de uma cópia fiel dos dirigentes que
se encontram no núcleo.
A interfase é o período que precede qualquer divisão celular, sendo de intensa
atividade metabólica. Nesse período, há a preparação para a divisão celular, que en-
volve a duplicação da cromatina, material responsável pelo controle da atividade da
célula. Todas as informações existentes ao longo da molécula de DNA são passadas
para a cópia, como se correspondessem a uma cópia fotográfica da molécula original.
Em pouco tempo, cada célula formada da divisão receberá uma cópia exata de cada
cromossomo da célula se dividiu.
As duas cópias de cada cromossomo permanecem juntas por certo tempo, uni-
das pelo centrômero comum, constituindo duas cromátides de um mesmo cromos-
somo. Na interfase, os centríolos também se duplicam.
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1.2 A interfase e a Duplicação do DNA

Houve época em que se falava que a interfase era o período de “repouso” da


célula. Hoje, sabemos, que na realidade a interfase é um período de intensa atividade
metabólica no ciclo celular: é nela que se dá a duplicação do DNA, crescimento e
síntese. Costuma-se dividir a interfase em três períodos distintos:G1, S e G2.
O intervalo de tempo em que ocorre a duplicação do DNA foi denominado de S
(síntese) e o período que antecede é conhecido como G1 (G1 provém do inglês gap,
que significa “intervalo”). O período que sucede o S é conhecido como G2.

Fonte: www.sobiologia.com.br

O ciclo celular todo, incluindo a interfase (G1, S, G2) e a mitose (M) – prófase,
metáfase, anáfase e telófase – pode ser representado em um gráfico no qual se coloca
a quantidade da DNA na ordenada (y) e o tempo na abscissa (x). Vamos supor que a
célula que vai se dividir tenha, no período G1, uma quantidade 2C de DNA (C é uma
unidade arbitrária).

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2 AS FASES DA MITOSE

A mitose é um processo contínuo de divisão celular, mas, por motivos didáticos,


para melhor compreendê-la, vamos dividi-la em fases: prófase, metáfase, anáfase e
telófase. Alguns autores costumam citar uma quinta fase – a pro metáfase – interme-
diária entre a prófase e a metáfase. O final da mitose, com a separação do citoplasma,
é chamado de citocinese.

2.1 Prófase – Fase de início (pro = antes):

 Os cromossomos começam a ficar visíveis devido à espiralação.


 O nucléolo começa a desaparecer.
 Organiza-se em torno do núcleo um conjunto de fibras (nada mais são do que
micro túbulos) originadas a partir dos centrossomos, constituindo o chamado
fuso de divisão (ou fuso mitótico).
Embora os centríolos participem da divisão, não é deles que se originam as
fibras do fuso. Na mitose em célula animal, as fibras que se situam ao redor de cada
par de centríolos opostas ao fuso constituem o áster (do grego, aster = estrela).
 O núcleo absorve água, aumento de volume e a carioteca se desorganiza.
 No final da prófase, curtas fibras do fuso, provenientes do centrossomos, unem-
se aos centrômeros. Cada uma das cromátides-irmãs fica ligada a um dos po-
los da célula.
Note que os centrossomos ainda estão alinhados na região equatorial da célula,
o que faz alguns autores designarem essa fase de pro metáfase.

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Fonte: www.sobiologia.com.br

A formação de um novo par de centríolos é iniciada na fase G1, continua na


fase S e na fase G2 a duplicação é completada. No entanto, os dois pares de centrí-
olos permanecem reunidos no mesmo centrossomo. Ao iniciar a prófase, o centros-
somo parte-se em dois e cada par de centríolos começa a dirigir-se para polos opostos
da célula que irá entrar em divisão.

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2.2 Metáfase – Fase do meio (meta = no meio)

 Os cromossomos atingem o máximo em espiralação, encurtam e se localizam


na região equatorial da célula.
 No finalzinho da metáfase e início da anáfase ocorre a duplicação dos centrô-
meros.

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Anáfase – Fase do deslocamento (anaindica movimento ao contrário):

 As fibras do fuso começam a encurtar. Em consequência, cada lote de cromos-


somos-irmãos é puxado para os polos opostos da célula.
Como cada cromátide passa a ser um novo cromossomo, pode-se considerar
que a célula fica temporariamente tetraploide.

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2.3 Telófase – Fase do Fim (telos = fim):

 Os cromossomos iniciam o processo de desespirilação.


 Os nucléolos reaparecem nos novos núcleos celulares.
 A carioteca se reorganiza em cada núcleo-filho.

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 Cada dupla de centríolos já se encontra no local definitivo nas futuras células-
filhas.

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2.4 Citocinese – Separando as células

A partição em duas copias é chamada de citocinese e ocorre, na célula animal,


de fora para dentro, isto é, como se a célula fosse estrangulada e partida em duas
(citocinese centrípeta). Há uma distribuição de organelas pelas duas células-irmãs.
Perceba que a citocinese é, na verdade a divisão do citoplasma. Essa divisão pode
ter início já na anáfase, dependendo da célula.

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3 A MITOSE SERVE PARA...

A mitose é um tipo de divisão muito frequente entre os organismos da Terra


atual. Nos unicelulares, serve à reprodução assexuada e à multiplicação dos organis-
mos. Nos pluricelulares, ela repara tecidos lesados, repões células que normalmente
morrem e também está envolvida no crescimento.
No homem, a pele, a medula óssea e o revestimento intestinal são locais onde
a mitose é frequente. Nem todas as células do homem, porém, são capazes de reali-
zar mitose. Neurônios e célula musculares são dois tipos celulares altamente especi-
alizados em que não ocorre esse tipo de divisão (ocorre apenas na fase embrionária).
Nos vegetais, a mitose ocorre em locais onde existem tecidos responsáveis pelo cres-
cimento, por exemplo, na ponta de raízes, na ponta de caules e nas gemas laterais.
Serve também para produzir gametas, ao contrário do que ocorre nos animais, em
que a meiose é o processo de divisão mais diretamente associado à produção das
células gaméticas.

3.1 O Controle do Ciclo Celular e a Origem do Câncer:

Como sabemos, a interfase é um período de intensa atividade metabólica e de


maior duração do ciclo celular. Células nervosas e musculares, que não se dividem
por mitose, mantêm-se permanentemente na interfase, estacionadas no período cha-
mado G0.
Nas células que se divide ativamente, a interfase é seguida da mitose, culmi-
nando na citocinese. Sabe-se que a passagem de uma fase para outra é controlada
por fatores de regulação - de modo geral proteicos – que atuam nos chamados pontos
de checagem do ciclo celular. Dentre essas proteínas, se destacam as ciclinas, que
controlam a passagem da fase G1 para a fase S e da G2 para a mitose.
Se em algumas dessas fases houver alguma anomalia, por exemplo, algum
dano no DNA, o ciclo é interrompido até que o defeito seja reparado e o ciclo celular
possa continuar. Caso contrário, a célula é conduzida à apoptose (morte celular pro-
gramada).

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Outro ponto de checagem é o da mitose, promovendo a distribuição correta dos
cromossomos pelas células-filhas. Perceba que o ciclo celular é perfeitamente regu-
lado, está sob controle de diversos genes e o resultado é a produção e diferenciação
das células componentes dos diferentes tecidos do organismo. Os pontos de checa-
gem correspondem, assim, a mecanismos que impedem a formação de células anô-
malas.

Fonte: www.mitoseemeiose.com.br

A origem das células cancerosas está associada a anomalias na regulação do


ciclo celular e à perda de controle da mitose. Alterações do funcionamento de genes
controladores do ciclo celular, em decorrência de mutações, são relacionadas ao sur-
gimento de um câncer. Duas classes de genes, os proto-onco-genes e os genes su-
pressores de tumor são os mais diretamente relacionados à regulação do ciclo celular.
Os proto-oncogenes são responsáveis pela produção de proteínas que atuam na es-
timulação do ciclo celular, enquanto os genes supressores de tumor são responsáveis
pela produção de proteínas que atuam inibindo o ciclo celular.
Dizendo de outro modo:
Os proto- oncogenes, quando ativos, estimulam a ocorrência de divisão celular
e os genes supressores de tumor, quando ativos, inibem a ocorrência de divisão ce-
lular. O equilíbrio na atuação desses dois grupos de genes resulta no perfeito funcio-
namento do ciclo celular.
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Mutações nos proto- oncogenes os transformam em oncogenes (genes causado-
res de câncer). As que afetam os genes supressores de tumor perturbam o sistema
inibidor e o ciclo celular fica desregulado, promovendo a ocorrência desordenada de
divisões celulares e o surgimento de células cancerosas, que possuem as seguintes
características:
 São indiferenciadas, não contribuindo para a formação natural dos tecidos,
 Seus núcleos são volumosos e com um número anormal de cromossomos;
 Empilham-se sobre a outras em várias camadas, originando um aglomerado
de células que forma um tumor. Se ficar restrito ao local de origem e for encap-
sulado, diz-se que o tumor é benigno, podendo ser removido;
 Nos tumores malignos, ocorre a metástase, ou seja, as células cancerosas
abandonam o local de origem, espalham-se por via sanguínea ou linfática, e
invadem outros órgãos. Esse processo é acompanhado por uma angiogênese,
que é a formação de inúmeros vasos sanguíneos responsáveis pela nutrição
das células cancerosas.

4 MEIOSE

Diferentemente da mitose, em que uma célula diploide, por exemplo, se divide


formando duas células também diploides (divisão equacional), a meiose é um tipo de
divisão celular em que uma célula diploide produz quatro células haploides, sendo por
este motivo uma divisão reducional.
Um fato que reforça o caráter reducional da meiose é que, embora compreenda
duas etapas sucessivas de divisão celular, os cromossomos só se duplicam uma vez,
durante a interfase – período que antecede tanto a mitose como a meiose. No início
da interfase, os filamentos de cromatina não estão duplicados. Posteriormente, ainda
nesta fase, ocorre a duplicação, ficando cada cromossomo com duas cromátides. As
várias fases da meiose.
A redução do número cromossômico da célula é importante fator para a con-
servação do lote cromossômico das espécies, pois como a meiose formam-se game-
tas com a metade do lote cromossômico. Quando da fecundação, ou seja, do encontro
de dois gametas, o número de cromossomos da espécie se restabelece.

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Podemos estudar a meiose em duas etapas, separadas por um curto intervalo,
chamado intercinese. Em cada etapa, encontramos as fases estudadas na mitose, ou
seja, prófase, metáfase, anáfase e telófase.
Vamos supor uma célula 2n = 2 e estudar os eventos principais da meiose
nessa célula.

4.1 Meiose I (Primeira Divisão Meiótica):

Prófase I – É a etapa mais marcante da meiose. Nela ocorre o pareamento dos


cromossomos homólogos e pode acontecer um fenômeno conhecido como crossing-
over (também chamado de permuta)
Como a prófase I é longa, há uma sequência de eventos que, para efeito de
estudo, pode ser dividida nas seguintes etapas:
 Inicia-se a espiralação cromossômica. É a fase de leptóteno (leptós = fino), em
que os filamentos cromossômicos são finos, pouco visíveis e já constituídos
cada um por duas cromátides.

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 Começa a atração e o pareamento dos cromossomos homólogos; é um parea-
mento ponto por ponto conhecido como sinapse (o prefixo sin provém do grego
e significa união). Essa é a fase de zigóteno (zygós = par).

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 A espiralação progrediu: agora, são bem visíveis as duas cromátides de cada


homólogo pareado; como existem, então, quatro cromátides, o conjunto forma
uma tétrade ou par bivalente. Essa é a fase de paquíteno (pakhús = espesso).

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 Ocorrem quebras casuais nas cromátides e uma troca de pedaços entre as
cromátides homólogas, fenômeno conhecido como crossing-over (ou permuta).
Em seguida, os homólogos se afastam e evidenciam-se entre eles algumas
regiões que estão ainda em contato. Essas regiões são conhecidas como qui-
asmas (qui corresponde à letra “x” em grego). Os quiasmas representam as
regiões em que houve as trocas de pedaços. Essa fase da prófase I é o dipló-
teno (diplós = duplo).

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 Os pares de cromátides afastam-se um pouco mais e os quiasmas parecem


“escorregar” para as extremidades; a espiralação dos cromossomos aumenta.
É a última fase da prófase I, conhecida por diacinese (dia = através; kinesis =
movimento).

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Enquanto acontecem esses eventos, os centríolos, que vieram duplicado da


interfase, migram para os polos opostos e organizam o fuso de divisão; os nucléolos
desaparecem; a carioteca se desfaz após o término da prófase I, prenunciando a ocor-
rência da metáfase I.
Metáfase I – os cromossomos homólogos pareados se dispõem na região me-
diana da célula; cada cromossomo está preso a fibras de um só polo.
Anáfase I – o encurtamento das fibras do fuso separa os cromossomos homó-
logos, que são conduzidos para polos opostos da célula, não há separação das cro-
mátides-irmãs. Quando os cromossomos atingem os polos, ocorre sua desespirala-
ção, embora não obrigatória, mesmo porque a segunda etapa da meiose vem a seguir.
Às vezes, nem mesmo a carioteca se reconstitui.
Telófase I – no final desta fase, ocorre a citocinese, separando as duas células-
filhas haplóides. Segue-se um curto intervalo a intercinese, que procede a prófase II.

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4.2 Meiose II (segunda divisão meiótica):

Prófase II – cada uma das duas células-filhas tem apenas um lote de cromos-
somos duplicados. Nesta fase os centríolos duplicam novamente e as células em que
houve formação da carioteca, esta começa a se desintegrar.
Metáfase II - como na mitose, os cromossomos prendem-se pelo centrômero
às fibras do fuso, que partem de ambos os polos.
Anáfase II – Ocorre duplicação dos centrômeros, só agora as cromátides-irmãs
separam-se (lembrando a mitose).
Telófase II e citocinese – com o término da telófase II reorganizam-se os nú-
cleos. A citocinese separa as quatro células-filhas haploides, isto é, sem cromosso-
mos homólogos e com a metade do número de cromossomos em relação à célula que
iniciou a meiose.

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4.3 Variabilidade: Entendendo o crossing-over:

A principal consequência da meiose, sem dúvida, é o surgimento da diversi-


dade entre os indivíduos que são produzidos na reprodução sexuada da espécie.
A relação existente entre meiose e variabilidade é baseada principalmente na
ocorrência de crossing-over.

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O crossing é um fenômeno que envolve cromátides homólogas. Consiste na
quebra dessas cromátides em certos pontos, seguida de uma troca de pedaços cor-
respondentes entre elas.
As trocas provocam o surgimento de novas sequências de genes ao longo dos
cromossomos. Assim, se em um cromossomo existem vários genes combinados se-
gundo certa sequência, após a ocorrência do crossing a combinação pode não ser
mais a mesma. Então, quando se pensa no crossing, é comum analisar o que acon-
teceria, por exemplo, quanto à combinação entre os genes alelos A e a e B e b no par
de homólogos.
Nessa combinação o gene A e B encontram-se em um mesmo cromossomo,
enquanto a e b estão no cromossomo homólogo. Se a distância de A e B for conside-
rável, é grande a chance de ocorrer uma permuta. E, se tal acontecer, uma nova com-
binação gênica poderá surgir.
As combinações Ab e aB são novas. São recombinações gênicas que contri-
buem para a geração de maior variabilidade nas células resultantes da meiose. Se
pensarmos na existência de três genes ligados em um mesmo cromossomo (A, b e C,
por exemplo), as possibilidades de ocorrência de crossings dependerão da distância
em que os genes se encontram – caso estejam distantes, a variabilidade produzida
será bem maior.

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Outro processo que conduz ao surgimento de variabilidade na meiose é a se-
gregação independente dos cromossomos. Imaginando-se que uma célula com dois
pares de cromossomos homólogos (A e a, B e b), se divida por meiose, as quatro
células resultantes ao final da divisão poderão ter a seguinte constituição cromossô-
mica: (a e b), (a e B), (A e b) e (A e B).
A variabilidade genética existente entre os organismos das diferentes espécies
é muito importante para a ocorrência da evolução biológica. Sobre essa variabilidade
é que atua a seleção natural, favorecendo a sobrevivência de indivíduos dotados de
características genéticas adaptadas ao meio. Quanto maior a variabilidade gerada na
meiose, por meio de recombinação gênica permitida pelo crossing-over, maiores as
chances para a ação seletiva do meio.

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Na meiose a variação da quantidade de DNA pode ser representada como no


gráfico ao lado, partindo-se, por exemplo, de uma célula que tenha uma quantidade
2C de DNA em G1.

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4.4 Gametogênese:

Gametogênese é o processo pelo qual os gametas são produzidos nos orga-


nismos dotados de reprodução sexuada. Nos animais, a gametogênese acontece nas
gônadas, órgãos que também produzem os hormônios sexuais, que determinam as
características que diferenciam os machos das fêmeas.
O evento fundamental da gametogênese é a meiose, que reduz à metade a
quantidade de cromossomos das células, originando células haploides. Na fecunda-
ção, a fusão de dois gametas haploides reconstitui o número diploide característico
de cada espécie.
Em alguns raros casos, não acontece meiose durante a formação dos gametas.
Um exemplo bastante conhecido é o das abelhas: se um óvulo não for fecundado por
nenhum espermatozoide, irá se desenvolver por mitoses consecutivas, originando um
embrião em que todas as células são haploides. Esse embrião haploide formará um
indivíduo do sexo masculino. O desenvolvimento de um gameta sem que haja fecun-
dação chama-se partenogênese. Se o óvulo for fecundado, o embrião 2n irá originar
uma fêmea.
Em linhas gerais, a gametogênese masculina (ou espermatogênese) e a game-
togênese feminina (ovogênese ou ovulogênese) seguem as mesmas etapas.

4.5 A Espermatogênese:

Processo que ocorre nos testículos, as gônadas masculinas. Secretam a tes-


tosterona, hormônio sexual responsável pelo aparecimento das características sexu-
ais masculinas: aparecimento da barba e dos pelos corporais em maior quantidade,
massa muscular mais desenvolvida, timbre grave da voz, etc.
As células dos testículos estão organizadas ao redor dos túbulos seminíferos,
nos quais os espermatozoides são produzidos. A testosterona é secretada pelas cé-
lulas intersticiais. Ao redor dos túbulos seminíferos, estão as células de Sertoli, res-
ponsáveis pela nutrição e pela sustentação das células da linhagem germinativa, ou
seja, as que irão gerar os espermatozoides.

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Nos mamíferos, geralmente os testículos ficam fora da cavidade abdominal, em


uma bolsa de pele chamada bolsa escrotal. Dessa forma, a temperatura dos testículos
permanece aproximadamente 1° C inferior à temperatura corporal, o que é ideal para
a espermatogênese.

4.6 A espermatogênese divide-se em quatro fases:

Fase de proliferação ou de multiplicação: Tem início durante a vida intrauterina,


antes mesmo do nascimento do menino, e se prolonga praticamente por toda a vida.
As células primordiais dos testículos, diploides, aumentam em quantidade por mitoses
consecutivas e formam as espermatogônias
Fase de crescimento: Um pequeno aumento no volume do citoplasma das es-
permatogônias as converte em espermatócitos de primeira ordem, também chamados
espermatócitos primários ou espermatócitos I, também diploides.

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Fase de maturação: Também é rápida, nos machos, e corresponde ao período
de ocorrência da meiose. Depois da primeira divisão meiótica, cada espermatócito de
primeira ordem origina dois espermatócitos de segunda ordem (espermatócitos se-
cundários ou espermatócitos II). Como resultam da primeira divisão da meiose, já são
haplóides, embora possuam cromossomos duplicados. Com a ocorrência da segunda
divisão meiótica, os dois espermatócitos de segunda ordem originam quatro espermá-
tides haploides.
Espermiogênese: É o processo que converte as espermátides em espermato-
zoides, perdendo quase todo o citoplasma. As vesículas do complexo de Golgi fun-
dem-se, formando o acrossomo, localizado na extremidade anterior dos espermato-
zoides. O acrossomo contém enzimas que perfuram as membranas do óvulo, na fe-
cundação.
Os centríolos migram para a região imediatamente posterior ao núcleo da es-
permátide e participam da formação do flagelo, estrutura responsável pela movimen-
tação dos espermatozoides, grande quantidade de mitocôndrias, responsáveis pela
respiração celular e pela produção de ATP, concentram-se na região entre a cabeça
e o flagelo, conhecida como peça intermediária.

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4.7 A Ovogênese:

Nos ovários, encontram-se agrupamentos celulares chamados folículos ovari-


anos de Graff, onde estão as células germinativas, que originam os gametas, e as
células foliculares, responsáveis pela manutenção das células germinativas e pela
produção dos hormônios sexuais femininos.
Nas mulheres, apenas um folículo ovariano entra em maturação a cada ciclo
menstrual, período compreendido entre duas menstruações consecutivas e que dura,
em média, 28 dias. Isso significa que, a cada ciclo, apenas um gameta torna-se ma-
duro e é liberado no sistema reprodutor da mulher.
Os ovários alternam-se na maturação dos seus folículos, ou seja, a cada ciclo
menstrual, a liberação de um óvulo, ou ovulação, acontece em um dos dois ovários.

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A ovogênese é dividida em três etapas:

Fase de multiplicação ou de proliferação: É uma fase de mitoses consecutivas,


quando as células germinativas aumentam em quantidade e originam ovogônias. Nos
fetos femininos humanos, a fase proliferativa termina por volta do final do primeiro
trimestre da gestação. Portanto, quando uma menina nasce, já possui em seus ová-
rios cerca de 400 000 folículos de Graff. É uma quantidade limitada, ao contrário dos
homens, que produzem espermatogônias durante quase toda a vida.
Fase de crescimento: Logo que são formadas, as ovogônias iniciam a primeira
divisão da meiose, interrompida na prófase I. Passam, então, por um notável cresci-
mento, com aumento do citoplasma e grande acumulação de substâncias nutritivas.
Esse depósito citoplasmático de nutrientes chama-se vitelo, e é responsável pela nu-
trição do embrião durante seu desenvolvimento.
Terminada a fase de crescimento, as ovogônias transformam-se em ovócitos
primários (ovócitos de primeira ordem ou ovócitos I). Nas mulheres, essa fase perdura
até a puberdade, quando a menina inicia a sua maturidade sexual.

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Fase de maturação: Dos 400 000 ovócitos primários, apenas 350 ou 400 com-
pletarão sua transformação em gametas maduros, um a cada ciclo menstrual. A fase
de maturação inicia-se quando a menina alcança a maturidade sexual, por volta de 11
a 15 anos de idade.
Quando o ovócito primário completa a primeira divisão da meiose, interrompida
na prófase I, origina duas células. Uma delas não recebe citoplasma e desintegra-se
a seguir, na maioria das vezes sem iniciar a segunda divisão da meiose. É o primeiro
corpúsculo (ou glóbulo) polar.
A outra célula, grande e rica em vitelo, é o ovócito secundário (ovócito de se-
gunda ordem ou ovócito II). Ao sofrer, a segunda divisão da meiose, origina o segundo
corpúsculo polar, que também morre em pouco tempo, e o óvulo, gameta feminino,
célula volumosa e cheia de vitelo.
Na gametogênese feminina, a divisão meiótica é desigual porque não reparte
igualmente o citoplasma entre as células-filhas. Isso permite que o óvulo formado seja
bastante rico em substâncias nutritivas.

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Na maioria das fêmeas de mamíferos, a segunda divisão da meiose só acon-
tece caso o gameta seja fecundado. Curiosamente, o verdadeiro gameta dessas fê-
meas é o ovócito II, pois é ele que se funde com o espermatozoide.

4.8 Fecundação: A volta à Diploidia:

Para que surja um novo indivíduo, os gametas fundem-se aos pares, um mas-
culino e outro feminino, que possuem papéis diferentes na formação do descendente.
Essa fusão é a fecundação ou fertilização.
Ambos trazem a mesma quantidade haploide de cromossomos, mas apenas
os gametas femininos possuem nutrientes, que alimentam o embrião durante o seu
desenvolvimento. Por sua vez, apenas os gametas masculinos são móveis, respon-
sáveis pelo encontro que pode acontecer no meio externo (fecundação externa) ou
dentro do corpo da fêmea (fecundação interna). Excetuando-se muitos dos artrópo-
des, os répteis, as aves e os mamíferos, todos os outros animais possuem fecundação
externa, que só acontece em meio aquático.

Fonte: www.sobiologia.com.br

Quando a fecundação é externa, tanto os machos quanto as fêmeas produzem


gametas em grande quantidade, para compensar a perda que esse ambiente ocasi-
ona. Muitos gametas são levados pelas águas ou servem de alimentos para outros
28
animais. Nos animais dotados de fecundação interna, as fêmeas produzem apenas
um ou alguns gametas por vez, e eles encontram-se protegidos dentro do sistema
reprodutor.
Além da membrana plasmática, o óvulo possui outro revestimento mais ex-
terno, a membrana vitelínica. Quando um espermatozoide faz contato com a mem-
brana vitelínica, a membrana do acrossomo funde-se à membrana do espermatozoide
(reação acrossômica), liberando as enzimas presentes no acrossomo.
As enzimas do acrossomo dissolvem a membrana vitelínica e abrem caminho
para a penetração do espermatozoide. Com a fusão da membrana do espermatozoide
com a membrana do óvulo, o núcleo do espermatozoide penetra no óvulo. Nesse ins-
tante, a membrana do óvulo sofre alterações químicas e elétricas, transformando-se
na membrana de fertilização, que impede a penetração de outros espermatozoides.
No interior do óvulo, o núcleo do espermatozoide, agora chamado pró-núcleo
masculino, funde-se com o núcleo do óvulo, o pró-núcleo feminino. Cada pró-núcleo
traz um lote haploide de cromossomos, e a fusão resulta em um lote diploide, o zigoto.
Nessa célula, metade dos cromossomos tem origem paterna e metade, origem ma-
terna.

Fonte: www.sobiologia.com.br

29
4.9 Ácidos nucléicos: o controle celular:

Os ácidos nucléicos são macromoléculas de natureza química, formadas por


nucleotídeos, grupamento fosfórico (fosfato), glicídio (monossacarídeo / pentoses) e
uma base nitrogenada, compondo o material genético contido nas células de todos os
seres vivos.

Fonte: www.sobiologia.com.br

Presentes no núcleo dos eucariotos e dispersos no hialoplasma dos procario-


tos, os ácidos nucléicos podem ser de dois tipos: ácido desoxirribonucleico (DNA) e
ácido ribonucleico (RNA), ambos relacionados ao mecanismo de controle metabólico
celular (funcionamento da célula) e transmissão hereditária das características.

4.10 Os Ácidos Nucléicos: DNA e RNA:

O DNA se diferencia do RNA por possuir o açúcar desoxirribose e os nucleotí-


deos adenina, citosina, guanina e timina. No RNA, o açúcar é a ribose e os nucleotí-
deos são adenina, citosina, guanina e uracila (a uracila entra no lugar da timina).

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Fonte: www.sobiologia.com.br

5 DNA: UMA “ESCADA RETORCIDA”

A partir de experimentos feitos por vários pesquisadores e utilizando os resul-


tados da complexa técnica de difração com raios X, Watson e Crick concluíram que,
no DNA, as cadeias complementares são helicoidais, sugerindo a ideia de uma es-
cada retorcida.
Nessa escada, os corrimãos são formados por fosfatos e desoxirribose, en-
quanto os degraus são constituídos pelos pares de bases nitrogenadas.

Fonte: www.sobiologia.com.br
31
Os átomos de carbono das moléculas de ribose e desoxirribose são numerados
conforme a figura abaixo. Observe que os carbonos do açúcar são numerados com
uma linha (‘) a fim de distingui-los dos outros carbonos do nucleotídeo.

Fonte: www.sobiologia.com.br

Em cada fita do DNA, o “corrimão” é formado por ligações entre moléculas de


açúcar e radicais fosfato. Note que o radical fosfato se liga ao carbono 3’ de um açúcar
e ao carbono 5’ do seguinte.

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Fonte: www.sobiologia.com.br

As duas cadeias de nucleotídeos do DNA são unidas uma à outra por ligações
chamadas de pontes de hidrogênio, que se formam entre as bases nitrogenadas de
cada fita.

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O pareamento de bases ocorre de maneira precisa: uma base púrica se liga a
uma pirimídica –adenina (A) de uma cadeia pareia com a timina (T) da outra e guanina
(G) pareia com citosina (C).

Fonte: www.sobiologia.com.br

O DNA controla toda a atividade celular. Ele possui a “receita” para o funciona-
mento de uma célula. Toda vez que uma célula se divide, a “receita” deve ser passada
para as células-filhas. Todo o “arquivo” contendo as informações sobre o funciona-
mento celular precisa ser duplicado para que cada célula-filha receba o mesmo tipo
de informação que existe na célula-mãe. Para que isso ocorra, é fundamental que o
DNA sofra “autoduplicação”.

A duplicação do DNA:

34
O modelo estrutural do DNA proposto por Watson e Crick explica a duplicação
dos genes: as duas cadeias do DNA se separam e cada uma delas orienta a fabrica-
ção de uma metade complementar.
O experimento dos pesquisadores Meselson e Stahl confirmou que a duplica-
ção do DNA é semiconservativa, isto é, que metade da molécula original se conserva
íntegra em cada uma das duas moléculas-filhas.

Fonte: www.sobiologia.com.br

No processo de duplicação do DNA, as pontes de hidrogênio entre as bases se


rompem e as duas cadeias começam a se separar. À medida que as bases vão sendo
expostas, nucleotídeos que vagam pelo meio ao redor vão se unindo a elas, sempre
respeitando a especificidade de emparelhamento: A com T, T com A, C com G e G
com C. Uma vez ordenados sobre a cadeia que está que está servindo de modelo, os
nucleotídeos se ligam em sequência e formam uma cadeia complementar dobre cada
uma das cadeias da molécula original. Assim, uma molécula de DNA reproduz duas
moléculas idênticas a ela.

35
Fonte: www.sobiologia.com.br

5.1 A ação da enzima DNA polimerase:

Diversos aspectos da duplicação do DNA já foram desvendados pelos cientis-


tas. Hoje, sabe-se que há diversas enzimas envolvidas nesse processo. Certas enzi-
mas desemparelham as duas cadeias de DNA, abrindo a molécula. Outras desenro-
lam a hélice dupla, e há, ainda, aquelas que unem os nucleotídeos entre si. A enzima
que promove a ligação dos nucleotídeos é conhecida como DNA polimerase, pois sua
função é construir um polímero (do grego poli, muitas, e meros, parte) de nucleotídeos.

36
Fonte: www.sobiologia.com.br

6 MUTAÇÃO GÊNICA:

Todos os dias as suas células produzem proteínas que contêm aminoácidos


em certa sequência. Imagine, por exemplo, que em certo dia uma célula da epiderme
de sua pele produza uma proteína diferente. Suponha também que essa proteína seja
uma enzima que atue em uma reação química que leva a produção de um pigmento
amarelo em vez do pigmento normalmente encontrado na pele, a melanina. Essa cé-
lula se multiplica e de repente aparece uma mancha amarelada em sua pele. Prova-
velmente essa proteína poderá ter sofrido uma alteração em sua sequência de ami-
noácidos, tendo havido a substituição de um aminoácido por outro, o que acarretou
uma mudança em seu mecanismo de atuação e, como consequência levou à produ-
ção de um pigmento de cor diferente. Agora, como a sequência de aminoácidos em
uma proteína é determinada pela ação de um certo gene que conduz à síntese do
pigmento.

37
Fonte: www.sobiologia.com.br

Essa alteração na sequência de bases na molécula de DNA constituinte do


gene é que se chama de mutação gênica.

Fonte: scienceblogs.com.br
38
O albinismo é causada por uma mutação na enzima tirosinase que transforma
o aminoácido tirosina em pigmento da pele, a melanina. Esta doença ocorre em ani-
mais e nas plantas e é hereditária.

6.1 A mutação e suas consequências:

Se a alteração na sequência de aminoácidos na proteína não afetar o funcio-


namento da molécula e não prejudicar o organismo, de modo geral ela passa desper-
cebida, é indiferente.
Outras vezes, a alteração leva a um favorecimento. Imagine, por exemplo, que
uma certa célula do seu intestino passe a produzir uma enzima chamada celulase,
capaz de digerir a celulose dos vegetais que você come provavelmente a mutação
que levou a esse erro será vantajosa para você, que poderá eventualmente até ali-
mentar-se de papel picado.
Muitas vezes, porém, a mutação pode ser prejudicial. Na anemia falciforme, a
substituição do aminoácido ácido glutâmico pelo aminoácido valina, em uma das ca-
deias de hemoglobina, conduza a uma alteração na forma da proteína toda. Essa al-
teração muda o formato do glóbulo vermelho, que passa a ser incapaz de transportar
oxigênio. Outra consequência, grave, é que hemácias com formato de foice grudam
umas nas outras nos capilares sanguíneos, o que pode provocar obstruções no trajeto
para os tecidos.

39
Fonte: www.sobiologia.com.br

6.2 As mutações são hereditárias:

Dependendo da célula em que a mutação ocorre, ela pode ser transmitida à


descendência. Nas suposições que fizemos, relacionadas ao pigmento da pele e à
enzima celulase, evidentemente que não ocorrerá a transmissão dos genes mutantes
para os filhos.
Trata-se de mutações somáticas, ou seja, ocorreram em células não envolvidas
na confecção de gametas.
40
Já a mutação que conduziu à anemia falciforme, deve ter ocorrido, no passado,
em células da linhagem germinativa de algum antepassado. O gene anômalo, então
sugerido, deve ter sido transportado por um gameta e daí se espalhou pela espécie
humana.

6.3 As causas das mutações:

De maneira geral, as mutações ocorrem como consequência de erro no pro-


cesso de duplicação do DNA. Acontecem em uma baixíssima frequência. Muitas de-
las, inclusive, são corrigidas por mecanismos especiais, como, por exemplo, a ação
do gene p53 que evita a formação de tumores.
Há, no entanto, certos agentes do ambiente que podem aumentar a taxa de
ocorrência de erros genéticos. Entre esses agentes mutagênicos podemos citar: subs-
tâncias existentes no fumo, os raios X, a luz ultravioleta, o gás mostarda, ácido nitroso
e algumas corantes existentes nos alimentos. Não é à toa que, em muitos países, é
crescente a preocupação com a diminuição da espessura da camada do gás ozônio
(O3), que circunda a atmosfera terrestre. Esse gás atua como filtro de luz ultravioleta
proveniente do Sol. Com a diminuição da sua espessura, aumenta a incidência desse
tipo de radiação, o que pode afetar a pele das pessoas. Ocorrem lesões no material
genético, que podem levar a certos tipos de câncer de pele.

41
7 BIBLIOGRAFIA

ALBERTS, B.; BRAY, D.; LEWIS, J.; JOHNSON, A.; RAFF, M.; ROBERTS, K.;
WALTER, P. HOPKIN, K. Fundamentos da Biologia Celular. 2. ed. Porto Alegre:
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Biologia molecular da célula. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. 1294 p.

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Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 389p.

DE ROBERTS, E. M. F.; HIB, Jose. Bases da biologia celular e molecular.


Tradução por Célia Guadalupe Tardeli de Jesus Andrade; Sérgio Ferreira de Oliveira;
Telma Maria Tenório Zorn. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

DI FIORE, M.S.H. Atlas de histologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-


gan, 1984.

GARDNER, E.; SNUSTAD, P. Genética. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Ko-


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GARTNER, L.P.; HIATT, J.L. Tratado de Histologia. 3. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2007. 576p.

GUERRA, M. dos S. Introdução à citogenética geral. Rio de Janeiro: Guana-


bara, 1989.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 5 ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
JUNQUEIRA, L.C.U.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 11. ed. Rio de Ja-
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42
KIERSZENBAUM, A.L. Histologia e Biologia Celular. 2. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008. 696p.

LEBOFFE, M.J. Atlas Fotográfico de Histologia. Rio de Janeiro: Guanabara


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LEHNINGER, A. L.; NELSON, D.L.; LODI, W. R. N. Princípios de Bioquímica.


2 d. Editora Sarvier, 1991.

RICKLEFS, Robert E. A economia da natureza. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2003, 503 p.

43
8 ARTIGO PARA REFLEXÃO

Autores: Márcia Cristina Fernandes Xavier,


Alexandre de Sá Freire, Milton Ozório Moraes

Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/ser-


vlet/articulo?codigo=5274075

Acesso: 1º de junho de 2016

8.1 A NOVA (MODERNA) BIOLOGIA E A GENÉTICA NOS LIVROS DIDÁTICOS


DE BIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO*

New Biology and genetics in High School science textbooks

Márcia Cristina Fernandes Xavier1


Alexandre de Sá Freire2
Milton Ozório Moraes3

* O artigo reflete parte do projeto de mestrado desenvolvido por Márcia


Cristina Xavier sob orientação do Dr. Milton Ozório Moraes, Programa de Pós-
Graduação de Ensino em Biociências e Saúde (PPG-EBS), Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz).
1 Mestranda, PPG-EBS, Fiocruz. E-mail: marciaxa-
vier2001@yahoo.com.br
2 Doutorando, PPG-EBS, Fiocruz. E-mail: ale-
freire2001@yahoo.com.br
3 Pesquisador Adjunto, Laboratório de Hanseníase, Departa-
mento de Mico bacterioses, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz. E-mail: mmoraes@fi-
ocruz.br

RESUMO: Pesquisas têm demonstrado que o livro didático tem papel determinante na orga-
nização curricular e na prática pedagógica dos professores. O livro didático precisa, como sugerem os
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), contemplar conhecimentos modernos
em um contexto de historicidade, discutindo, paralelamente, temas de apelo social. Esta pesquisa ana-
lisou os livros didáticos de acordo com o padrão de atualização, utilizando a Biologia como modelo. Os
resultados sugerem que os atuais livros didáticos não estão atualizados no estudo dos temas conside-
rados essenciais para perfeito entendimento e aquisição de informações associadas ao rápido avanço
do conhecimento na área da Nova Biologia. Aponta-se para o fato de que necessitam de reformulação
e atualizações com textos modernos, que promovam mudanças conceituais.

Palavras-chave: livro didático. Nova Biologia. Ensino Médio.


44
Abstract: Recent research has demonstrated that Science textbooks have a determining role
in curricular organization and that teachers use them to compose their classes, activities, and exams.
The National Programs for High School Curriculum Parameters (PCNEM) has infuenced Brazilian edu-
cation since 1999, bringing updated concepts of Biology and genetics, including themes such as trans-
genics, gene therapy, cloning, stem cell and paternity testing into the curriculum. The teaching of High
School is challenging because of the need to contemplate both classic and modern knowledge within a
historical context that simultaneously discusses appealing social themes. The current study analyzed
how up-to-date the current High School textbooks are, using the Biology as a model. The themes in-
cluded in the so-called New Biology was analyzed because they are essential to a good understanding
of modern concepts of great social significance. The results suggest that the current textbooks are not
up-to-date concerning the themes considered essential for perfect understanding and acquisition of suit-
able information which is part of the fast progress of knowledge in the area of New Biology and need
reformulation and updating, through the introduction of current modern themes that promote conceptual
change.

Key words: didactic book, new biology, High School teaching.

O LIVRO DIDÁTICO NO CONTEXTO ATUAL

Os livros didáticos são objetos pedagógicos importantes no ensino (Macedo,


2004) e, presentes na maioria das escolas, dão suporte no processo de formação dos
cidadãos (Vasconcelos e Souto, 2003). Estudos na área demonstram que o livro di-
dático exerce papel determinante na organização curricular (Gayán e Garcia, 1997) e
é base para o preparo de materiais (como apostilas) inseridos no contexto escolar
(Núñes et al., 2003). O livro didático é a pedra fundamental no processo de formação
dos alunos (Vasconcelos e Souto, 2003) devendo, então, ser objeto de constante pes-
quisa na qualidade de seu serviço à educação.

O LIVRO DIDÁTICO NO ENSINO MÉDIO

No Brasil, o livro didático é ferramenta de ensino-aprendizagem e suporte para


a organização do currículo na maioria das instituições de ensinos Fundamental e Mé-
dio do país. Portanto, para poder exercer seu papel junto à escola, esta ferramenta
precisa estar atualizada, ser uma “fonte viva de sabedoria” (Núñes et al., 2003, p.1) e,
concomitantemente, ter um papel decisivo para reduzir, ou mesmo eliminar, o abismo
entre Ciência e cidadania (Loreto e Sepel, 2003).
De acordo com Franco (1992), a implantação do livro didático nas escolas foi
oficializada em 1938, portanto, há quase setenta anos. No Ensino Fundamental, por

45
interferência dos governos federal, estaduais e municipais, vemos a real inserção
desta ferramenta devido a sua cessão gratuita durante um ano letivo ao aluno até a
8ª série.
A partir do ano de 2005, mediante o Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD), tal prática foi adotada também no Ensino Médio (EM), sinalizando o envolvi-
mento dos órgãos superiores de educação com o ensino-aprendizagem da disciplina.
Porém, no EM os livros contemplados pelo programa são apenas os de Português e
Matemática. O livro de Biologia só entrará no programa em 2007 e, por enquanto, o
professor orienta os alunos a adquirirem por conta própria esse livro.
Em trabalho recente, verificamos que os livros disponíveis para a compra, por
parte dos alunos, são predominantemente de baixo custo e de volume único, no qual
os conteúdos das três séries do EM estão compactados. Alternativamente, para que
os alunos possam acompanhar a disciplina ao longo do ano letivo são utilizadas có-
pias dos livros em forma de apostilas (Xavier et al., 2005).
O atual Programa Nacional do Livro Didático do Ensino Médio (PNLEM), insti-
tuído em 2003, estabelece que, de acordo com o Fundo Nacional Desenvolvimento
Escolar (FNDE, 2001) , os livros didáticos devem seguir os seguintes pressupostos:
adequação de sua proposta didático-pedagógica em relação à situação de ensino-
aprendizagem e aos objetivos visados; correção das informações, conceitos e proce-
dimentos que integram e dão forma a essa proposta; sintonia com a legislação e os
demais instrumentos oficiais que regulamentam e orientam a educação nacional,
como as diretrizes, os parâmetros e os referenciais curriculares.
Sendo assim, podemos verificar ainda no FNDE que os livros didáticos partici-
pam efetivamente do atual contexto educativo. Neste documento observam-se méri-
tos especiais dos livros didáticos em relação ao aprendizado. É fundamental, portanto,
que eles estejam inseridos no contexto escolar por inteiro, perpassando os âmbitos
científico, social, cultural e tecendo relações entre os conhecimentos e saberes e os
novos parâmetros curriculares.

OS LIVROS DIDÁTICOS, OS PCNEM E A NOVA BIOLOGIA

A análise dos livros didáticos requer: “explicitação de diversas inter-relações


entre aluno, professor e saber visado (PNLEM, 2002, p. 12), sempre em consonância

46
com as orientações educacionais dos Parâmetros Curriculares Nacionais, comple-
mentados para o Ensino Médio (PCNEM), definidos pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB-96) e regulamentados pelas Diretrizes do Conselho Nacio-
nal da Educação (98) (Brasil, 2000).
A Nova Biologia – integração entre as novas tecnologias do DNA e novas apli-
cações em Genética, que inclui a Biotecnologia e a Biologia Molecular - é um dos
temas recorrentes na mídia desde o final dos anos 1960, embora não necessaria-
mente esteja representado nos livros didáticos (Loreto e Sepel, 2003). O destaque
que estes temas apresentam pode ser explicado pelo grande apelo social e pela in-
fluência direta na vida das pessoas. São, portanto, conteúdos relevantes no contexto
escolar. Debates frequentes, por exemplo, sobre transgênicos, terapias gênicas, clo-
nagem, células-tronco, teste de paternidade etc. vêm sendo travados e a sala de aula
não pode ficar alheia às novidades ou deixar de abraçar a Nova Biologia.
As aulas de Biologia, mais especificamente Genética, têm seus conteúdos ori-
entados a partir de diretrizes dos novos PCNEM. No entanto, em nossa recente pes-
quisa junto a professores de escolas públicas do Estado do Rio de Janeiro pudemos
detectar que os docentes baseiam suas aulas em livros didáticos (Xavier et al., 2005)
que, de modo geral, não sofreram atualização nos aspectos essenciais (Neto e Fran-
calanza, 2003).
Os PCNEM vêm procurando sugerir reformas educacionais de acordo com a
LDB (Brasil, 2000), inserindo novas visões atualizadas da Biologia, especificamente
no tocante à Genética. Segundo esses documentos, dois dos seis novos temas que
estruturam a disciplina de Biologia relacionam-se ao estudo e à aplicabilidade de no-
vas tecnologias associadas ao DNA que, no contexto aqui apresentado, fariam parte
do que convencionamos chamar de Nova Biologia. Entre os objetivos, podemos des-
tacar a transferência do DNA de um organismo para outro (enzimas de restrição, ve-
tores e clonagem molecular), a participação da engenharia genética na produção de
alimentos, herbicidas, produtos farmacêuticos, hormônios, de vacinas e de medica-
mentos; as técnicas moleculares utilizadas para a detecção precoce de doenças ge-
néticas; a importância dos testes de DNA para determinação da paternidade, investi-
gação criminal ou identificação de indivíduos e a compreensão da natureza dos pro-

47
jetos genomas, especialmente dentro do país. Os outros temas relacionam-se ao es-
tudo dos seres vivos e às suas interações, à qualidade de vida das populações huma-
nas, à diversidade da vida e à sua origem e evolução.

DESENHO DO ESTUDO E PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE

Esta pesquisa levanta dados que apontam para uma melhor caracterização e
avaliação dos livros didáticos analisados. Porém não atribui julgamento de valor
quanto aos procedimentos de escrita e elaboração dos textos e de outros aspectos,
como a qualidade das figuras. Considerando estes exemplares instrumentos muito
importantes e buscando a melhoria geral dos livros, esta pesquisa visa, ainda, analisar
o padrão de atualização dos livros didáticos utilizando Biologia e Genética como pa-
râmetros.
Buscou-se, em cada exemplar, a presença de temas associados à Nova Biolo-
gia: transgênicos, projeto genoma, clonagem de mamíferos, células-tronco, teste de
paternidade, variabilidade genética, melhoramento genético, DNA recombinante, hi-
bridação, sequenciamento, enzimas de restrição, plasmídeos, íntrons e éxons, eletro-
forese, PCR. Os temas foram escolhidos devido à relevância à área Nova Biologia, de
acordo com as diretrizes dos PCNEM, e segundo inquérito realizado junto a professo-
res do EM (Xavier et al., 2005) que, por meio de instrumentos de pesquisa quantitativa
destacaram serem necessários ao bom entendimento das novas tecnologias que apa-
recem nas discussões em sala de aula. Além disso têm importância social, visto sua
recorrência nos meios de comunicação de massa.
Como parâmetro também foi analisado como esses livros didáticos quantificam
os temas relacionados à Genética clássica, que aborda as leis de Mendel, os grupos
sanguíneos, as heranças ligadas ao sexo, a pleiotropia, a interação gênica, a polime-
ria, a ligação gênica, os mapas gênicos e a genética de populações (Hardy-Weinberg).
Analisaram-se 12 livros didáticos em Biologia, usuais e atuais, editados por sete
editoras diferentes e disponibilizados para comércio nas editoras, incluindo seus au-
tores e ano de edição. Os conteúdos disciplinares de todo o EM encontram-se con-
densados em um único volume. A editora Atual foi pesquisada, mas não apresentou
livros com essas características no período estudado.

48
A escolha dos exemplares seguiu dois critérios: o primeiro, referente ao resul-
tado de pesquisa realizada junto aos professores. Eles responderam a um questioná-
rio com 11 questões de múltipla escolha e a entrevistas semiestruturadas, que forma-
lizaram e embasaram questões pertinentes aos saberes de investigação ao ensino de
Genética e da Nova Biologia. O tema livro didático foi abordado, sendo dado referen-
cial aos autores mais utilizados e os exemplares de maior recorrência nas salas de
aula foram pesquisados, numa definição livre, sem restrição a editora ou à forma do
livro (Tabela 1). O segundo critério foi resultado de buscas a sítios de editoras comer-
ciais representativas.
Deste modo, propôs-se identificar a presença do tema Nova Biologia de forma
geral e dos temas específicos nos textos dos livros didáticos e quantificar o número
de temas e o espaço em páginas ocupadas por esses tópicos em relação ao número
de páginas total de cada exemplar. Sobre os temas específicos, também foi analisada
a dimensão que cada um ocupava em cada exemplar. Em determinados aspectos
inseriu-se a relação observada entre qualidade de informação e quantidade de pági-
nas envolvidas na explicação dos conteúdos.
Também foi realizada a análise da forma como os 15 temas estavam inseridos
no corpo do livro, com análise individual de cada um e identificando quantos foram
abordados e quantas vezes foram citados entre os exemplares.

49
Os espaços foram divididos em sete categorias: citação, até dois parágrafos,
até meia página, de meia página a uma página inteira, até uma página e meia, até
duas páginas e mais de duas páginas. Nesta análise levou-se em conta a inserção de
ilustrações e/ou esquemas adicionais ao texto, a presença ou não de ilustrações em
cada tema analisado, assim como sua relação entre ilustração e ocorrência nos livros.
Também foi alvo de análise investigar se essas obras inserem textos de outras fontes
(jornais, revistas etc.) e quais são elas. Outro ponto refere-se à quantidade de ques-
tões que cada tema insere na avaliação do material. O espaço citação refere-se à
colocação do termo e o espaço até dois parágrafos refere-se à citação de um certo
tema de forma reduzida. Para uma comparação entre os temas da Nova Biologia e a
Genética dita clássica analisou-se, também, quanto cada exemplar disponibiliza de
suas páginas para abordar cada um deles. O cálculo foi feito pela relação entre o total
de páginas com texto Nova Biologia/total de páginas, fato observado em apenas um
dos exemplares.

50
Destaca-se que a análise realizada está inserida numa realidade observada e
quantificada com extrema clareza dos fatos, o que permitiu um vislumbre muito pró-
ximo da realidade dos livros didáticos.

RESULTADOS

Os dados relacionam 15 temas da Nova Biologia escolhidos previamente com


sua presença em 12 livros didáticos.

ESPAÇO OCUPADO PELA NOVA BIOLOGIA NOS LIVROS DIDÁTICOS

Ao quantificar o espaço total por número de páginas em cada exemplar verifi-


cou-se que o máximo foi de 3,8% relativo a todo o conteúdo do livro (Figura 1). Três
exemplares abordam 2%, um deles aborda em torno de 1,5%, cinco abordam em torno
de 1% e um aborda 0,3 %. Além disso, outros dois livros não abordam nenhum dos
temas em qualquer momento.
Observa-se que o exemplar C aborda percentual de 80% dos temas, perfa-
zendo 12. tópicos abordados, enquanto os livros A, E e G abordam 11 tópicos, os
livros J e L abordam dez temas, o livro B aborda oito, os livros D e F abordam sete, o
livro M aborda dois e H e I nada abordam (Figura 2).

51
COMO SÃO ABORDADOS OS TEMAS DA NOVA BIOLOGIA NOS LIVROS
DIDÁTICOS?

O tema DNA recombinante foi o mais reincidente, dez vezes (Tabela 2). Melho-
ramento genético e enzimas de restrição aparecem nove vezes; transgênicos e clo-
nagem de mamíferos ocorrem oito vezes; projeto genoma, teste de paternidade e
plasmídeos, sete vezes. Variabilidade genética surge seis vezes, sequenciamento e
eletroforese possuem cinco ocorrências, células-tronco ocorre três vezes; hibridação,
íntrons E éxons e PCR possuem duas ocorrências.
O espaço dedicado a cada tema e o número de vezes em que ele foi mencio-
nado também foram objeto de análise (Tabela 2). Observa-se que os temas mais pre-
sentes nos livros didáticos são: transgênicos, clonagem de mamíferos e melhora-
mento genético, únicos inseridos na categoria mais de duas páginas. Projeto genoma
é um assunto que ocupa espaço razoável nos livros, de até duas páginas. Teste de
paternidade e DNA recombinante receberam por parte de alguns livros espaço um
pouco superior a uma página, inseridos na categoria até uma página e meia, mas
também aparecem em outros no espaço de até uma página. Células-tronco e variabi-
lidade genética aparecem em espaços até uma página, mas também inseridos em

52
categorias de menor amplitude de espaço. Plasmídeos e eletroforese recebem textos
até meia página e também pôde-se observar que temas como hibridação, enzimas de
restrição, íntrons e éxons e PCR possuem textos de até dois parágrafos. O tema ele-
troforese, quando ocorre, dá-se apenas como citação, não recebendo nenhuma expli-
cação mais detalhada. Uma outra abordagem a observar na Tabela 3 é a presença
ou não de ilustrações referentes aos temas comparados à sua ocorrência.
Nota-se que os itens hibridação e plasmídeos são os únicos que possuem igual
número entre ilustração e ocorrência nos livros, tendo os demais número menor de
ilustrações com relação ao de ocorrências.

53
As atividades relativas a cada item também foram observadas, destacando
transgênicos e DNA recombinante como os assuntos mais contemplados nos exercí-
cios, presentes em 18 questões, e seguidos pela clonagem, presente em 14 exercí-
cios. O tema Projeto Genoma apareceu em oito atividades; melhoramento genético
em cinco; células-tronco e enzimas de restrição em quatro. Apenas duas atividades
estavam relacionadas ao teste de paternidade, plasmídeos e eletroforese. Variabili-
dade genética e sequenciamento aparecem em apenas uma atividade; e hibridação,
íntrons e éxons e PCR não são contemplados em nenhuma atividade.
Também foi alvo da pesquisa a inserção de outras fontes de estudo nos textos
didáticos, demonstrando que elas contribuem para a redação dos textos de áreas mais
modernas. Apenas três exemplares (A, C e E) as usaram. O livro A utilizou textos do
jornal Folha de São Paulo e também de revistas científicas, como Nature, ou de divul-
gação científica, Ciência Hoje e Galileu. O exemplar C apenas relata textos do jornal
O Estado de São Paulo, enquanto que o livro E utilizou o jornal O Globo e o livro
“Genética moderna”, de Griffiths et al. (2001).
Outro dado foi que apenas dois exemplares (A e H) relatam estarem de acordo
os PCNEM, teoricamente atestando bom nível de atualização. Curiosamente, o exem-
plar H não trata de nenhum dos temas da pesquisa.

54
QUE ESPAÇO OCUPA NOS LIVROS O TEMA GENÉTICA CLÁSSICA?

Para análise comparativa de dados, quantificou-se quanto do espaço de cada


exemplar pesquisado é dedicado aos temas da Genética Clássica (Figura 3).
Dos 12 exemplares pesquisados, apenas um dedicou 3,8% de seu espaço para
discussão dos temas, ficando a grande maioria em torno de 2% a 1%. A Genética
Tradicional, inclusa nas escolas desde muito tempo, tem espaços fartos dedicados a
seu estudo, chegando a até 20 % do livro didático.

Neste item em particular, o livro I destaca-se por dedicar 19,5% de suas pági-
nas à Genética Clássica. Este dado foi conseguido pela razão entre as páginas dedi-
cadas a esse conteúdo pelo número total destas na obra como um todo. O livro M
dedica 16,6% de seu espaço ao tema e o livro H, 15%. Seguem o livro G, com 10,8%,
C, com 10%, F, com 9,8%, J, 8,9%, e o livro A, 8%. Os livros E e L dedicam 7% de
seu espaço, B destina 6,8% e o livro D, 3,8%. Verificou-se que dos 15 temas escolhi-
dos apenas um exemplar aborda 12. Três exemplares abordam 11 temas, dois abor-
dam dez, um aborda oito, dois citam sete temas e um, dois.

DISCUSSÃO

55
A pergunta sobre o que ensinar ainda persiste. A questão é como conciliar o
tempo exíguo com o cada vez mais extenso programa. Paralelamente a essa discus-
são, as novidades associadas à Biologia invadiram a sociedade e necessitam de dis-
cussão e urgente compromisso da escola. Surge, então, o livro didático como ferra-
menta importante neste contexto. O ensino, especificamente da Nova Biologia, deve-
ria se apresentar nas escolas como uma ferramenta apta a inserir alfabetização cien-
tífica e tecnológica (Núñes e Franco, 2001). Como garantir qualidade em conteúdo,
abrangência, atualização e atividades de fixação, requisitos de extrema valia no pro-
cesso ensino-aprendizagem? Sendo alvo de pesquisas nas quais se apontem erros e
soluções propostas. O livro didático é uma ferramenta importante no processo de en-
sino aprendizagem embora, em alguns casos, “não seja visto como um instrumento
auxiliar na sala de aula, mas, sim, como a autoridade, modelo da excelência a ser
adotado em classe” (Freitag et al., 1997, p. 124). Além disso, mais recentemente, os
livros-textos têm sido alvo de processamento sistemático, que edita o conteúdo e uti-
liza apenas o essencial (Neto e Francalanza, 2003).
Os resultados mostram que os livros didáticos de Biologia são, de maneira ge-
ral, pouco atualizados (estão defasados/estão muito aquém) em relação aos temas
da Nova Biologia. No entanto, continuam sendo a espinha dorsal do currículo na mai-
oria das escolas, mas é bem pouco provável que a Nova Biologia esteja sendo traba-
lhada de maneira significante para os alunos. A análise realizada permite avaliar uni-
camente presença e atualização de conteúdo nos livros didáticos e uma avaliação
mais detalhada poderia contemplar a forma como os parcos conteúdos da Nova Bio-
logia estão sendo utilizados em sala de aula.
A maioria dos professores baseia sua organização de aulas em livros didáticos,
mesmo que eles não estejam inseridos no cotidiano escolar, fazendo deles um autên-
tico “diário de bordo”, no qual os conteúdos a serem trabalhados são ali estudados
mecanicamente. Seu uso foi também sinalizado como interferente de modo significa-
tivo no dia-a-dia da sala de aula, sendo o livro escolhido aquele mais adequado ao
nível social dos alunos. A escolha resultante é de um livro de volume único, de menor
custo e, consequentemente, menor conteúdo. Em algumas situações, cópias ou apos-
tilas (leia-se coletâneas de textos de outros livros) são utilizadas, fragmentando ainda

56
mais o ensino. No final o resultado é previsível: menor apropriação de conteúdos (Xa-
vier et al., 2005).
Neste contexto Loreto e Sepel (2003, p. 151) afirmam:

Ter uma visão contemporânea de como somos e como funcionamos é um


direito de todo cidadão e entendemos que seja, também, uma obrigação do
estado. Somente de posse de um conhecimento atualizado podemos ser crí-
ticos em relação às informações que recebemos.

A escola precisa estar inserida plenamente nesta nova era em que o DNA e
suas consequências surgem nos meios de comunicação. Os temas abordados na
pesquisa refletem as novas tecnologias que já se encontram inseridas no mundo ci-
entífico desde o final da década de 1970 (Moraes, 2003) e a busca nos livros de sua
presença reflete que o livro didático, mesmo sendo atual, mantém uma distância entre
o conhecimento produzido e os conhecimentos divulgados (Reznik, 1995).
De forma geral, a avaliação demonstra que os atuais livros excluem objetivos
educacionais importantes referentes à Nova Biologia, influenciando sobremaneira o
sucesso da contextualização e impedindo que o aluno sinta-se seguro para emitir jul-
gamento ou opinião a respeito de temas socialmente relevantes.
Os temas selecionados englobam os saberes mínimos para uma postura de
julgamento perante questões sociais relevantes dentro dos temas da Nova Biologia.
Alguns deles, como enzimas de restrição, mereceram apenas algumas linhas e, por
isso, foram incluídos naqueles citados no espaço de até dois parágrafos. Já outros
temas, como sequenciamento e eletroforese, são somente citados, sem constar uma
explicação sequer. É relevante concluir também que a análise quantitativa pôde ape-
nas avaliar o espaço dedicado a cada um dos temas propostos. É possível que para
alguns deles (como enzimas de restrição, por exemplo) o espaço ocupado seja sufici-
ente para a boa apropriação dos conteúdos. Porém, para outros, como Projeto Ge-
noma, apenas o espaço de até meia página distancia em muito do necessário ao bom
entendimento, para o que poderiam ser incluídos ilustrações, exemplos, explicações
mais dedicadas etc. Tal abordagem desvaloriza o livro didático, considerado por Vas-
concelos e Souto (2003) um dos fatores de formação do aluno, juntamente com os
professores, as práticas pedagógicas e condições socioeconômicas. O tema sequen-

57
ciamento é o único que recebe por parte dessas obras apenas uma palavra, uma ci-
tação mas nenhuma explicação, deixando, assim, de ser parte fundamental do enten-
dimento mais profundo de outros itens correlatos.
Ao cruzar esses dois dados obtidos (espaço e o número de itens abordados em
cada exemplar) causa estranhamento verificar que o livro A destina 3,8% de suas
páginas a 11 dos 15 temas, mas os livros G e E abordam o mesmo número de temas
destinando, para isso, 2% de seu espaço. O livro C aborda 12 temas, mas destina
apenas 2% de suas páginas a eles. O livro J ocupando 0,9% com dez itens citados,
assim como L, com 1%. Outro livro aborda dez dos 15 itens destinando para isso
apenas 0,9% de suas páginas. Considerando a abordagem incipiente da Nova Biolo-
gia nos livros didáticos analisados, cabe indagar: que tipo de abordagem está sendo
feita? O aluno está realmente possuindo referenciais importantes para se posicionar
perante os novos saberes? O livro D aborda sete itens, mas para isso destina os mes-
mos 0,9% que o livro J, que aborda dez itens. Os dados em relação à porcentagem
dos temas da Nova Biologia, juntamente com o número de páginas dedicado a cada
um dos temas, mostra que o livro A aborda menos assuntos, mas o faz de forma mais
ampla, enquanto que a maioria dos livros (nove) parece inserir os temas sem preocu-
pação de aprofundamento, apontando para uma inserção feita apenas para, aparen-
temente, estar de acordo com os PCNEM. Desta forma, observa-se que alguns livros
prejudicam o entendimento e a qualidade dos temas devido à superficialidade da abor-
dagem, enquanto outros acabam introduzindo poucos dos conteúdos necessários ao
entendimento dos novos conceitos de Biologia. Estes resultados estão de acordo com
Amaral e Megid-Neto (1997), que observam nos livros de Ciências que a atualização
é introduzida apenas na apresentação das obras. Estamos no final de 2006 e as atu-
alizações são as mesmas feitas em 1997.
Observamos que esses temas foram inseridos no final do capítulo referente à
Genética. Se o conteúdo de Genética contido nos livros não é abordado na sua tota-
lidade (Xavier et al., 2005), cabe a pergunta: será que a Nova Biologia conseguirá
abrir espaço entre o estudo das leis de Mendel e a Genética Clássica? Ou ficará à
margem do currículo adotado nos colégios, sendo vista como tema de pesquisa ou
meramente abordada como fazendo parte das “curiosidades”?
O espaço de alguns desses temas, quando citados, foi muito inferior ao neces-
sário mesmo àqueles que estão sendo explorados na mídia de modo superficial.

58
Pôde-se observar este dado ao analisar as citações que cada tema recebe. O Projeto
Genoma, por exemplo, só ocorre em metade dos exemplares e, mesmo assim, ocu-
pando de meia a duas páginas. O tema células-tronco, alvo de constantes debates,
ocorre em apenas três exemplares e não perfaz o total de uma página completa. Clo-
nagem é um tema que merece uma observação em destaque, mas ocorre em oito
obras e de uma forma muito generalizada, sem profundidade. O espaço ocupado não
condiz com sua importância reforçada, principalmente, nos PNLDEM. Parece que os
autores percebem a necessidade explicativa do tema sequenciamento, pois o inserem
em textos ou ilustrações em cinco exemplares, mas não se preocupam na sua expli-
cação, sendo o aluno, então, levado à leitura sem tê-la substanciado com seus con-
ceitos. Além disso, alguns temas importantes, como plasmídeos e enzimas de restri-
ção, são apenas mencionados. Tal abordagem revela-se sem substância capaz de
ajudar o aluno a mudar sua realidade, ou seja, o aluno permanece sem as ferramentas
capazes de o tornarem um cidadão crítico a respeito das novas informações que re-
cebe. Afinal, como ter discernimento suficiente para tomada de decisão em relação a
alimentos transgênicos, por exemplo, se não sabe o conteúdo mínimo relativo a este
tema?
Assim, os livros mostram-se fracos no que tange sua participação no entendi-
mento das novas tecnologias e dos demais processos de obtenção e do estudo do
DNA e de suas aplicações, necessárias à Nova Biologia e à Biologia Molecular.
Quanto às ilustrações, quando estão presentes não apresentam vinculação
com o texto de maneira adequada. Muitos assuntos, como sequenciamento ou PCR,
apresentam um número de ilustrações aquém da quantidade de vezes que é citado
no texto. Assim, muitos livros suprimem as ilustrações, deixando o aluno sem referen-
cial visual, forçando-o a encontrar somente na informação verbal o entendimento e a
apreensão do tema, exigindo maior esforço de compreensão. Vale destacar o tema
variabilidade genética, que possui seis citações nos livros mas não recebe nenhuma
ilustração alusiva. O tema variabilidade genética, por exemplo, com seis citações ao
todo, não é contemplado com qualquer ilustração, já o tema “sequenciamento” foi ilus-
trado em um dos exemplares sem, no entanto, qualquer explicação.
Assim como a informação verbal somente, sem ilustrações relacionadas, difi-
culta o processo de entendimento dos conceitos, também a ilustração por si só não
esclarece o suficiente, os alunos saindo bastante prejudicados em um e em outro

59
caso. Em relação às atividades de fixação, que colaboram para a absorção do conte-
údo estudado, os temas “transgênicos”, “DNA recombinante” e “clonagem” são os úni-
cos que receberam 18 e 14 questões, ficando a grande maioria dos demais com pou-
cas ou nenhuma questão de fixação.
Observando com o olhar voltado para a Genética Clássica destaca-se o livro I,
que dedica o montante de 19,5% de seu espaço para tal disciplina. Nada aborda sobre
a Nova Biologia, apesar de ter sido editado em 2002. O mesmo acontece com o livro
H, que destina 15 % para a Genética e nada para a Nova Biologia. O exemplar M
dedica apenas 0,3% de espaço à Nova Biologia e 16,6% para a Genética Clássica.
Estes exemplares parecem refletir a preocupação em incutir no aluno apenas o refe-
rencial genético clássico, sem ampliar os temas, atualizar as informações em Genética
e contextualizá-la com as novas tecnologias.

CONCLUSÕES

Ao final desta pesquisa percebeu-se que os livros didáticos necessitam de re-


formulação. Sabe-se que eles são de extrema valia e importância no cenário educa-
cional público e privado mas é necessário que sofram atualizações e ampliação de
conteúdos, lançamento de textos mais contextualizados, reestruturação de capítulos
promovendo novas formas de inserir os temas modernos. Que os temas da Nova Bi-
ologia possam ser totalmente inseridos e abordados na medida adequada para solidi-
ficar seu aprendizado. A ampliação de temas importantes, como células-tronco, Pro-
jeto Genoma, paternidade por DNA, entre outros, será necessária. É notável observar
que, em se tratando do DNA, hoje as novas tecnologias já marcam definitivamente
novas relações na Biologia. Podemos perceber que o estudo evolutivo faz-se com a
presença de marcadores de DNA e novas espécies são identificadas, reformulando
conceitos e classificações em Botânica e Zoologia, inclusive a Sistemática. Novos sa-
beres surgem na Biologia Celular e Histologia, entre outros. E os alunos? Não será a
eles permitido participarem dessas inovações? Deve-se ter em conta que a Biologia e
suas disciplinas afins são mutantes, agregam constantemente novidades que alteram
de alguma forma seus conteúdos e estes precisam ser incluídos na escola. Os edu-
cadores devem, então, lutar para que o material educativo e didático seja alvo de
constantes reformulações.

60
O processo de construção de livros didáticos que ampliem conteúdo é árduo.
Porém, os temas multi ou transdisciplinares que estão sendo recortados devem apro-
ximar especialistas na tentativa de compor livros multiautorais que sejam abrangentes,
com linguagem simples e direta, para que cumpram o objetivo de serem fonte de con-
sulta, organizadores de aulas, ordenadores de atividades.
Não se tem a pretensão de formar cientistas ou biólogos moleculares, mas pes-
soas capazes de entender o constante avançar do conhecimento científico (Reznik,
1995). Já que as novas perspectivas que apontam dizem respeito às várias questões
de ordens sociais, religiosas, éticas e o aluno faz parte desse contexto ele precisa
obter dados de conhecimento científico básico (Reznik, 1995) para se posicionar pe-
rante as inovações que farão parte da vida num futuro bem próximo. Na verdade, este
trabalho utiliza as novidades da Biologia como modelo. Com a aceleração do conhe-
cimento e o desafio entre o ensino clássico e o moderno todas as áreas científicas
devem sofrer mudanças conceituais.

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Artigo recebido em abril de 2006 e aceito em outubro de 2006.

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