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Jú lio Mascarenhas, 2B.

Caracterização de Nabucodonosor na seção histórica do livro de Daniel

O livro de Daniel começa com um breve resumo de um confronto militar: Jerusalém contra
Babilô nia. Podemos observar no primeiro versículo a representatividade de Jerusalém,
através de Jeoaquim, e Babilô nia, através de Nabucodonosor. O conflito aparenta muito
mais do que um simples confronto militar, a associaçã o “Babilô nia-Jerusalém” é conhecida
desde Gênesis 11 como um conflito có smico entre as forças do mal, Babilô nia, contra as
forças do bem, Jerusalém. O início do livro nos mostra que o líder das forças do mal é
Nabucodonosor, o que gera uma expectativa antagô nica ao rei de Babilô nia. Os atos do rei
pagã o falam muito acerca de sua identidade, diante disso, analisaremos de forma breve a
sua caracterizaçã o na seçã o histó rica do livro.

No verso 2 do primeiro capítulo, vemos Deus concedendo/entregando nas mã os de


Nabucodonosor, Jeoaquim, rei de Judá , e alguns utensílios do templo de Deus, diante disso,
o rei pagã o os coloca na casa do tesouro do seu deus. O rei conquistador, tem sua tentativa
de usurpaçã o dos pertences divinos frustrados pela resposta divina de entregar os
pertences a ele. Nos versículos seguintes o rei “determina” o cardá pio. A palavra usada
‫ ַוי ְ ַמ ֩ן‬aqui, “wayman” tem como o sujeito apenas Deus(Jn 1:17; 4:6-8), sendo Ele o ú nico
que pode determinar(wayman) alguma coisa, diante disso, percebemos que o rei ao
determinar o cardá pio está , na verdade, tomando o lugar de Deus. No primeiro capítulo do
livro, Nabucodonosor se apresenta, através de suas açõ es, como deus, e nã o apenas rei.

No segundo capítulo vemos um rei perturbado e irado, ele se perturba pelo fato de nã o
saber o seu pró prio sonho e se ira pelo fato dos astró logos nã o responderem, dando uma
sentença extremamente severa para eles (vs.15). No final do capítulo ele apresenta uma
possível conversã o, ao cair prostrado diante de Daniel(v. 46) e afirmar que “o seu Deus é
Deus dos deuses” (v. 47). O reconhecimento da soberania de Deus parece símbolo de uma
afirmaçã o genuína, porém, as expressõ es usadas sã o bastante ambíguas. Outro nome usado
para Marduque e Nabu (nome usado pelo pró prio rei) era “Senhor dos reis”.
Nabucodonosor ainda nã o entende quem é Deus, o rei fala sobre o Deus de Daniel mas
pensa no seu pró prio deus, por isso, é evidente que a mudança nã o havia acontecido na
vida do rei. A oraçã o do rei pagã o só nos mostra o seu orgulho, escolhendo o seu pró prio
ídolo acima de Deus.

No capítulo seguinte, em resposta ao sonho e a interpretaçã o de Daniel, Nabucodonosor


levanta ‫ ַוי ְ ַמ‬uma está tua, usando o mesmo verbo utilizado para se referir ao
‫ ) ֩ן‬estabelecimento do reino (Dn. 2:44), toda de ouro, deixando claro o seu desejo
de um reino eterno como o de Deus. De forma orgulhosa, o rei pagã o estabelece a
grande está tua, para mostrar a todos que é ele que determina, levanta e estabelece, porém,
apó s Deus livrar os amigos de Daniel da fornalha, mais uma vez, o rei louva a Deus e cria
uma lei para todo aquele que for contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-nego.
Aparentemente, mais uma vez, o rei se converte, profere palavras a favor do rei, mas sua
conversã o nã o é vista através de seus atos.

No quarto capítulo, o rei pagã o é apresentado novamente com belas palavras em


homenagem a Deus, porém, fica claro que ele ainda confia em outros deuses (v. 8). Dessa
vez o conflito ocorre de rei para Rei, Nabucodonosor, para Deus. O rei tem outro sonho,
desta vez ele, o pró prio rei, é apresentado como uma grande arvore que “chegava até o
céu”, expressã o com a mesma ideia de Babel(gn. 11) como um insulto a Deus, além de ter
características divinas como a “proteçã o” e provisã o. Porém, na segunda parte da visã o, um
vigilante aparece para dar a ordem de cortar a arvore e despedaçá -la, e agora, a arvore se
torna como um animal(v. 15). O rei, grande e poderoso, acima de qualquer homem da terra,
aquele que se colocou como Deus, agora estaria abaixo dos pró prios homens, pois sua
mente fora substituída por a de um animal. Nabucodonosor só deixaria de ser animal
quando admitisse que o Deus Altíssimo é quem tem o domínio. O capítulo termina com o
relato do pró prio rei, em primeira pessoa (v. 34-37), afirmando: “levantei os olhos ao céu”.
Aquele que estava como um deus, acima dos homens, que olhava a todos de cima para
baixo, agora levanta o seu olhar para o Eterno.

Nabucodonosor é caracterizado pela progressã o, a sua vida é uma caminhada e Deus é o


responsá vel pela conduçã o. No final da seçã o histó rica do livro de Daniel, o rei é
apresentado como testemunho de um Deus provedor (Dn. 5:19), que se humilhou para
obter a salvaçã o.

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