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PROCESSO PENAL

- INVESTIGAÇÕES
PRESIDIDAS PELO
MP
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PROCESSO PENAL - INVESTIGAÇÕES PRESIDIDAS


PELO MP
ATIVIDADES INVESTIGATIVAS DO MP (PIC)
De pronto, já cabe destacar que é plenamente possível investigações de natureza criminal sendo
presidido por membros do MP. Trata-se do Procedimento Investigativo Criminal (ou PIC). Perceba
que aqui não se fala em presidência de inquérito policial, no intuito de se usurpar as funções e
polícia. Na verdade, estamos diante de uma investigação independente do IP.
No que tange ao controle externo das atividades policiais, a lei complementar 75/1993 regu-
lamenta nos artigos 9º e 10:
Art. 9º O Ministério Público da União exercerá o controle externo da atividade policial por
meio de medidas judiciais e extrajudiciais podendo:
I - ter livre ingresso em estabelecimentos policiais ou prisionais;
II - ter acesso a quaisquer documentos relativos à atividade-fim policial;
III - representar à autoridade competente pela adoção de providências para sanar a omissão
indevida, ou para prevenir ou corrigir ilegalidade ou abuso de poder;
IV - requisitar à autoridade competente para instauração de inquérito policial sobre a omis-
são ou fato ilícito ocorrido no exercício da atividade policial;
V - promover a ação penal por abuso de poder.
Art. 10. A prisão de qualquer pessoa, por parte de autoridade federal ou do Distrito Federal
e Territórios, deverá ser comunicada imediatamente ao Ministério Público competente, com
indicação do lugar onde se encontra o preso e cópia dos documentos comprobatórios da
legalidade da prisão.
Corroborando com a ideia de um órgão investigativo, o STJ1 e o STF2 se posicionaram favoráveis
à possibilidade do MP investigar, notadamente em casos que envolvam autoridade notórias como
os delegados de polícia.
O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por
prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garan-
tias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado,
observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição
e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os
advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem
prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito – do perma-
nente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Enunciado 14 da
Súmula Vinculante), praticados pelos membros dessa Instituição.”

1  Súmula 234, STJ


2  RE 593727, STF.
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Não obstante ao explicitado, certamente, se formos além, poderia se indagar: mas e se hou-
ver conflito, ou seja, dois inquéritos, um de natureza policial e outro de natureza ministerial. Qual
prevalece?
Na verdade, não existe uma hierarquia entre inquéritos. Neste caso, ambos os inquéritos
CONVIVERÃO HARMONICAMENTE, e ao receber o relatório final do IP, poderá o membro do MP
dispensá-lo em detrimento do inquérito ministerial, ou vice-versa. Da mesma forma, tanto o IP
quanto o PIC são procedimentos dispensáveis à propositura da ação penal.
ATENÇÃO! Segundo a súmula 234 do STJ, o membro do MP que presidiu o PIC não está
impedido de oferecer ele mesmo a própria denúncia!

NATUREZA JURÍDICA E CARACTERÍSTICAS


O procedimento investigatório criminal é instrumento sumário e desburocratizado de natureza
administrativa e investigatória, instaurado e presidido pelo membro do Ministério Público com
atribuição criminal, e terá como finalidade apurar a ocorrência de infrações penais de iniciativa
pública, servindo como preparação e embasamento para o juízo de propositura, ou não, da res-
pectiva ação penal.
O procedimento investigatório criminal não é condição de procedibilidade ou pressuposto
processual para o ajuizamento de ação penal e não exclui a possibilidade de formalização de inves-
tigação por outros órgãos legitimados da Administração Pública.
A resolução 183/18 do CNMP versa:
Art. 2º Em poder de quaisquer peças de informaçao, o membro do Ministerio Publico poderá:
I – promover a açao penal cabivel;
II – instaurar procedimento investigatório criminal;
III – encaminhar as peças para o Juizado Especial Criminal, caso a infraçao seja de menor
potencial ofensivo;
IV – promover fundamentadamente o respectivo arquivamento;
V – requisitar a instauraçao de inquerito policial, indicando, sempre que possivel, as diligen-
cias necessárias à elucidaçao dos fatos, sem prejuizo daquelas que vierem a ser realizadas
por iniciativa da autoridade policial competente.
Art. 3º O procedimento investigatório criminal poderá ser instaurado de ofício, por membro
do Ministério Público, no âmbito de suas atribuições criminais, ao tomar conhecimento de
infração penal de iniciativa pública, por qualquer meio, ainda que informal, ou mediante
provocação.
§ 1º O procedimento investigatório criminal deverá tramitar, comunicar seus atos e transmitir
suas peças, preferencialmente, por meio eletrônico.
§ 2º A distribuição de peças de informação deverá observar as regras internas previstas no
sistema de divisão de serviços.
§ 3º No caso de instauração de ofício, o procedimento investigatório criminal será distribuído
livremente entre os membros da instituição que tenham atribuições para apreciá-lo, incluído
aquele que determinou a sua instauração, observados os critérios fixados pelos órgãos espe-
cializados de cada Ministério Público e respeitadas as regras de competência temporária em
razão da matéria, a exemplo de grupos específicos criados para apoio e assessoramento e
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de forças-tarefas devidamente designadas pelo procurador-geral competente, e as relativas


à conexão e à continência.
§ 4º O membro do Ministério Público, no exercício de suas atribuições criminais, deverá dar
andamento, no prazo de 30 (trinta) dias a contar de seu recebimento, às representações,
requerimentos, petições e peças de informação que lhe sejam encaminhadas, podendo este
prazo ser prorrogado, fundamentadamente, por até 90 (noventa) dias, nos casos em que
sejam necessárias diligências preliminares.
Art. 4º O procedimento investigatório criminal será instaurado por portaria fundamentada,
devidamente registrada e autuada, com a indicaçao dos fatos a serem investigados e deverá
conter, sempre que possivel, o nome e a qualificaçao do autor da representaçao e a deter-
minaçao das diligencias iniciais.
(...)

LIMITES
Os limites da investigação direta do MP podem ser esquematizados da seguinte forma:
a) excepcionalidade e subsidiariedade da apuração do MP;
b) prevalência da requisição da instauração de inquérito sobre a deflagração de inves-
tigação ministerial;
c) condução da investigação sob sua direção e até sua conclusão;
d) impossibilidade de bis in idem;
e) observância de princípios e regras que norteiam o inquérito policial;
f) respeito ao marco legal da investigação criminal no Brasil.

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