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Os Princípios Fundamentais da Constituição

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OS PRINCÍPIOS8
FUNDAMENTAIS DA
CONSTITUIÇÃO

2.1 CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS


Assim como cada ciência é gerada por princípios ou
cânones, também a Constituição oferece seus princípios fundamen-
tais, sem os quais não se pode, de maneira alguma, interpretá-la.
Destarte, a Constituição estabelece, como base de seu funciona-
mento, o sistema democrático, a forma federativa de Estado e a
forma republicana de governo. São os seus pontos básicos.

2.2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS


A Constituição tem o seguinte preâmbulo: “Nós,
representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia

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Princípio = do latim principium, principii, encerra a idéia de começo,
origem, base, fundamento.

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Nacional Constituinte para instituir em Estado Democrático,


destinado a assegurar exercício dos direitos sociais e individuais,
a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL.”
Idealizaram, portanto, os nossos constituintes o Estado
brasileiro como Estado-Democrático-de-Direito. Muito oportuno os
dizeres de Radbruch: “A democracia é a única forma de governo
apropriada para se garantir o Estado-de-Direito”.9
O princípio estampado no preâmbulo está previsto pelo art.
1.º da CF, in verbis:

“A República Federativa do Brasil, formada pela


união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamento:
I– a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político”.

Por conseguinte, o Brasil é uma República Federativa,


formada pelos Estados, Municípios e Distrito Federal. Eles estão
reunidos de forma indissolúvel por não haver desligamento.
Federação, no Direito Público, é empregado como união
indissoluvelmente instituída por Estados independentes para a

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Apud Vives Antós, Derecho Penal, t ¼.

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formação de uma só entidade soberana.10


O Brasil constituiu-se com os princípios acima: soberania,
cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho
e da livre iniciativa, pluralismo político. Destaca-se a dignidade da
pessoa humana, que significa respeitar os direitos fundamentais
consagrados no art. 5.º da Constituição, que veremos mais adiante.
“Constituem objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação” (CF, art. 3.º). Este artigo
consigna os objetivos do Estado brasileiro, os quais
consistem na construção de uma sociedade livre, justa
e solidária, na garantia do desenvolvimento nacional,
na erradicação da pobreza e da marginalização, na
redução das desigualdades sociais e regionais e na
promoção do bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.

Nas relações internacionais, o Brasil é regido pelos


seguintes princípios, conforme prevê o art. 4.º da CF:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não-intervenção;

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De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, vol. II, 1982, Forense, pág. 280.

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V – igualdade entre os Estados;


VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da
humanidade;
X – concessão de asilo político.

Merece destaque o § 2.º da CF, o qual estabelece que os


direitos e garantias das pessoas expressos na Constituição não
excluem outros decorrentes dos tratados internacionais em que o
Brasil seja parte. Portanto, é possível a existência de outros direitos
e garantias fundamentais não constantes do Título II, Capítulo I
“Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, da Constituição,
previstos nos Tratados Internacionais de que o Brasil é parte.
“A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações” (parágrafo único do art. 4.º da CF).

2.3 REGIME REPRESENTATIVO


O regime representativo é o democrático11, uma forma de
governo na qual o poder é exercido pelo povo e para o povo, atra-
vés de seus representantes legitimamente eleitos. O povo, através
dos eleitores, escolhe o Presidente da República, os senadores e os
deputados e estes exercem o poder por representação, governando o
país em nome do povo e para o povo. É por isso que o parágrafo
11
Democracia = tem sua origem em duas palavras gregas, demos, que
significa povo e cratos, que significa poder ou governo. Democracia é a
forma de governo na qual o poder é exercido pelo povo, através de seus
representantes legitimamente escolhidos.

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único do art. 1.º, da Constituição Federal diz que “todo o poder


emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos,
ou diretamente, nos termos da Constituição”.

2.4 EXISTÊNCIA DE TRÊS PODERES


“São poderes da União, diz o art. 2.º da CF – indepen-
dentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário”. Essa separação é para evitar que o poder venha ficar
nas mãos de uma só pessoa, como acontece na ditadura, na qual
todos os poderes do Estado – o legislativo, o executivo e o judiciá-
rio – concentram-se numa só pessoa, que os exerce arbitrariamente.
Os Estados modernos, na sua maioria, adotam o regime
representativo-democrático, a antítese da forma ditatorial. A maior
vantagem do regime democrático é a existência dos três poderes,
independentes e harmônicos.
São três, portanto, os poderes no plano federal: o
Legislativo, exercido pelo Congresso Nacional12 com a principal
missão de elaborar as leis jurídicas; o Executivo, exercido pelo
Presidente da República que tem a incumbência de governar e
administrar o Estado; e o Judiciário, exercido pelos Juízes e
Tribunais que interpretam as leis jurídicas, aplicando-as para dirimir
os litígios com definitividade.
O princípio da divisão dos poderes determina que cada um
deles atue dentro de sua esfera de atribuições, sem se interpene-
trarem, harmonizando as suas atividades para atingirem um objetivo
comum: o bem público. Enfim, esse princípio visa evitar a
interferência de um Poder, na esfera de atribuição do outro.

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Congresso Nacional = é o conjunto do Senado (composto por
representantes dos Estados) e da Câmara dos Deputados Federais
(composta por representantes do povo), que deliberam por maioria de
votos.

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QUESTIONÁRIO

1. Como se classifica o Brasil face à Constituição de 1988,


no que se refere à forma de Estado, governo e regime político?
2. Em que consiste a forma republicada?
3. A quem pertence a chefia do governo na República?
4. O que é uma Federação?
5. Por que o Brasil é um Estado Federado?
6. Quais são os seus poderes?
7. Quais são os poderes clássicos do Estado?
8. Para que serve a divisão dos poderes?
9. Como cada um deles atua, em relação aos outros?
10. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional.
O que vem a ser o Congresso Nacional?
11. Qual é a função do Judiciário? E do Legislativo?
12. Quais os poderes principais do chefe do Poder
Executivo?

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