Você está na página 1de 35

Ro dolfo Miguel de Figueiredo

Rodolfo

Fragmentos
Astrológicos

Astrologia
Rodolfo Miguel de Figueiredo

Astrólogo e Tarólogo. Estudou


Filosofia na Universidade Nova de
Lisboa - Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas, mas é como
autodidacta que tem estudado
áreas como o Estudo Comparado
das Religiões, a Cultura Clássica, a
Filosofia Antiga e o Esoterismo.
Na astrologia, tem-se dedicado a
especialidades como a Astrologia
Antiga, a Astrologia Hermética e a
Astrologia Mitológica, tendo
orientado a sua investigação para a
tradução e interpretação de textos
astrológicos gregos e latinos. Dá
consultas de astrologia e tarot há
quase vinte anos e faz
consultadoria astrológica para
empresas há dez anos.
(Página deixada propositadamente em branco)
(Página deixada propositadamente em branco)
Fragmentos Astrológicos
Astr ol ogia & Taro t

Rod olf o Mi gue l d e Figue ire d o

rod olfo migue ld e figue ire d o@g mail.c om

htt ps :/ / rod olf omfigue ire d o.wi xsi te .c om/ a stro log i a -e-tarot

Título : Fragme n to s A str o lógic os

Autor : Rod o lfo Migue l d e Figue ire d o

Capa: Jan Cos sie rs, Pro me the us Carry ing Fire , 1637. Mad rid :
Muse o d e l Prad o.

Com po siç ão e pa ginaç ão : RMd F

© Rod o lfo Migue l d e Fig ue ire d o, Se te mbro d e 202 1

Tod o s os d ire it os re se rvad os. E ste livr o d ig ital não p od e se r


re prod uzid o n o tod o ou e m parte , por qua lque r proc e ss o
me c ânic o, fo to gráfic o, e l e c trónic o , ou p or me io d e gravaç ão ou
víd e o, ne m se r in trod uz i d o nu ma ba se d e d ad os , d ifund id o ou d e
qualque r forma c opiad o para uso públic o ou privad o, se m a
pré via autori zaç ão d o e d itor e d o autor. E xc lui -s e naturalme nte
a bre ve c itaç ão em artigo s, apre se ntaç õe s ou c ríticas. A
trans gre ssã o se rá pas síve l d e proc e d ime nto jud ic ial.
Rodolfo Miguel de Figueiredo

Fragmentos
Astrológicos

Lisboa
2021
Índice

Pág.

ÍNDICE 9

ILUSTRAÇÕES 11

INTRODUÇÃO 13

DICAS ASTROLÓGIAS 19

REFLEXÕES ASTRO-FILOSÓFICAS 63

CONTRIBUTOS ASTRO-MITOLÓGICOS 111

ENSAIOS 159

Saturno e o Feminino na Astrologia Antiga 161

Dodecatemoria ou a Harmonia da 12ª Parte 173

O Mito como Sentido das Estrelas 193

BIBLIOGRAFIA 227

CONSULTAS DE ASTROLOGIA E TAROT 235


Fragmentos Astrológicos 13

Introdução

Neste livro, estão reunidos um conjunto de textos que se


encontravam dispersos no sítio, no blogue e nas redes sociais do
autor. As primeiras três secções serviram de mote para o título,
pois inscrevem-se no estilo fragmentário sem perderem, porém, a
visão de totalidade. Na última parte, foram incluídos três ensaios
que, embora publicados em parte ou no seu todo, foram revistos e
aumentados e que estão em harmonia com os excursos reunidos
nas páginas anteriores.

A primeira parte do livro, designada Dicas Astrológicas,


pretende recuperar algumas das técnicas ou dos modelos
astrológicos utilizados na astrologia antiga. Em todas elas se
fundamentou a sua enunciação em fontes directas, em textos
astrológicos gregos e latinos. As Dicas Astrológicas apresentam,
como ponto de partida do livro, uma práxis astrológica firmada no
propósito de recuperar o sistema astrológico antigo de matriz
hermética e não tanto aquele que se estendeu desde Ptolomeu até
William Lilly e que serve as bases da astrologia tradicional.

As Reflexões Astro-Filosóficas querem servir as bases de um


pensamento astrológico e serem elas mesmas contributos para uma
filosofia da astrologia. Nesta segunda parte, procura-se reflectir
14 Rodolfo Miguel de Figueiredo

sobre um determinado texto antigo, filosófico ou literário, e


relacioná-lo com a astrologia helenística. A premissa constitui-se
assim por uma união entre a filosofia e a astrologia. Para que a
astrologia seja considerada uma mimésis ou uma representação da
realidade, unindo numa só linguagem o divino, o céu e o humano,
tem de se sustentar em modelos conceptuais rigorosos e de purgar
a corrupção das últimas décadas, marcada pelos lugares-comuns e
as frases-feitas e apoiada na superficialidade de uma espiritualidade
líquida.

Na terceira parte, os Contributos Astro-Mitológicos surgem como


proposta de refundação da astrologia mitológica. Primeiramente
indicam-se um conjunto de vectores de sentido, de significações
radicais, para o conceito de mito e para o valor da mitologia. De
seguida, analisar-se-ão os contributos mitológicos para a
construção do significado astrológico de planetas e constelações
zodiacais. Nestes excursos, o objectivo é demonstrar a
independência da astrologia mitológica enquanto disciplina
astrológica, sem estar assim subordinada à astrologia psicológica e
aos conceitos de inconsciente e de arquétipo.

Por fim, na quarta parte, Ensaios, encontram-se três textos:


“Saturno e o Feminino na Astrologia Antiga”, “Dodecatemoria ou a
Harmonia da 12ª Parte” e “O Mito como Sentido das Estrelas”.
Apesar de serem textos mais extensos, o espírito fragmentário
continua a ser uma proposta e uma finalidade, manifestando o
Fragmentos Astrológicos 15

valor dos conceitos de sugestão e passagem. A sabedoria é sempre


uma recolha de vestígios e a viagem iniciática é saber passar de
estilhaço em estilhaço no rio que é a realidade.

Convém ainda frisar-se que, excepto quando indicado, as


traduções dos textos gregos e latinos são da responsabilidade do
autor. No caso específico dos textos astrológicos antigos, todas as
traduções pertencem a um conjunto que o autor tem elaborado nos
últimos anos e que, quando publicadas, pretendem levar ao leitor
de língua portuguesa uma variedade de textos que só estavam
disponíveis no original ou em traduções para outras línguas ou
ainda em traduções indirectas. É sempre importante salientar-se a
importância de se conhecer os originais, pois as traduções feitas,
nomeadamente, a partir do inglês de um original grego ou latino
dificilmente são fieis e não conservam as possibilidades
interpretativas de uma tradução directa.

Em suma, em os Fragmentos Astrológicos, tenciona-se indicar


caminhos de estudo e sugerir todo um potencial de sentido. A
astrologia de hoje e de amanhã deve saber olhar para o passado,
mas com rigor e precisão.
(Página deixada propositadamente em branco)
Fragmentos Astrológicos
(Página deixada propositadamente em branco)
I
Dicas
Astrológi cas
Fragmentos Astrológicas 23

Dica Astrológica 1

Vétio Valente, na sua Antologia (I, 14), refere a importância de


se observar numa natividade o terceiro, o sétimo e o quadragésimo
dia da Lua e, embora o exemplo que dá não revele uma precisão de
cálculo, a tradição astrológica demonstra a importância desta
técnica (cf. Doroteu I, 12 e Liber Hermetis 33).

Se marcarmos no tema natal a posição da Lua ao 3º dia,


podemos encontrar nesse lugar os factores que determinam a
nutrição, a subsistência, as posses, a fortuna e a reputação. Já ao 7º
dia, encontramos os indicadores acerca da saúde, do lar e da
família. E, por fim, ao 40º dia, define-se aquilo que determina o fim
da vida e a morte do nativo. Neste dia, podemos também
encontrar os factores que podem conduzir a uma forma violenta.

Esta técnica pode ser hoje utilizada e desenvolvida com o


recurso a outros dias, determinando a posição, por exemplo, para
os principais aspectos e saber em que dias recaem. Com esta
técnica, percebemos a importância da Lua para a Astrologia Antiga.
II
Ref l exões
Astro-fil osóficas
Fragmentos Astrológicas 67

Reflexão 1

Séneca, na segunda epístola de Cartas a Lucílio, satisfeito com


o comportamento de Lucílio, diz o seguinte: “não viajas continuamente
nem te deixas agitar por constantes deslocações”; acrescentando que “um
semelhante deambular é indício duma alma doente: eu, de facto, entendo que o
primeiro sinal de um espírito bem formado consiste em ser capaz de parar e de
coabitar consigo mesmo” (2,1). Ora Séneca atribui nesta epístola uma
sentido ao movimento, tornando a viagem um processo de se estar
em si, parando, suspendendo a acção exterior e transferindo o
movimento para interior.

Na astrologia, em especial na astrologia antiga, encontramos,


por exemplo, esse valor filosófico da viagem no eixo que une
Gémeos e Sagitário e nas casas III e IX. Num sentido imediato,
existe uma gradação de valor no significado do eixo, seja por lhe
atribuirmos a viagem, a passagem da terra-mãe para o estrangeiro, a
terra estranha, ou por fixarmos nela a aprendizagem, o ensino ou a
cultura. No entanto, o sentido que os antigos davam às casas III e
IX caracteriza o movimento interior referido por Séneca, pois a III
é a Deusa, a Lua, e a IX o Deus, o Sol, ou seja, este é o eixo do
sagrado, da experiência iniciática do mistério do par divino. A
alma apreende assim, nessa coabitação consigo mesmo, a unidade
de uma dualidade, a harmonia dos opostos.
III
Considerações
Astro- mi tológicas
Fragmentos Astrológicas 115

A necessidade de refundação da Astrologia Mitológica


constrói-se, numa primeira fase, pelo imperativo de uma
independência de sentido, ou seja, a Astrologia Mitológica não
deverá ser uma estrutura interpretativa acessória de uma outra
disciplina astrológica. Nem a Astrologia Psicológica, nem a
Filosofia da Astrologia devem tornar a Astrologia Mitológica
dependente do seu sistema de sentido, embora, naturalmente, os
objectos de todas elas se relacionem.

Desta forma, o mito, para a astrologia, não será apenas uma


ideia ou uma alegoria filosófica ou religiosa, nem um arquétipo ou
uma representação de um psicodrama, deverá sim existir por si só.
A independência da Astrologia Mitológica, enquanto representação
de sentido, torna-se portanto uma premissa radical, bem como o
fundamento para a construção de um sistema astrológico próprio.

No estudo da astrologia, como em qualquer outro, o mito


deverá possuir o valor da origem. Esse valor assenta, por um lado,
na tradição e, por outro, na universalidade. O potencial de
transmissão da origem tem no mito uma fertilidade ímpar, uma vez
que este narra o momento que antecede qualquer apreensão
científica ou filosófica.
IV
Ensaios
Saturno e o Feminino na Astrologia Antiga
Fragmentos Astrológicas 167

Saturno e o Feminino na Astrologia Antiga

A atribuição de um género a cada um dos planetas - leia-se


planetas e luminares - é um tema quase que consensual na história
da astrologia, todavia, existe um planeta que tem levantado algumas
dúvidas. Saturno, segundo a tradição iniciada por Doroteu de
Sídon, foi considerado um planeta feminino. No entanto, foi a
Apotelesmática (Tetrabiblos) de Ptolomeu que fixou a atribuição de um
género a cada um dos sete astros (cf. I, 6).
Ptolomeu, sustentando-se na física aristotélica, diz que
masculinos são o Sol, Saturno (Cronos), Júpiter (Zeus) e Marte
(Ares); femininos são a Lua e Vénus (Afrodite); e comum a ambos
é Mercúrio (Hermes). Este último adquire a sua qualidade comum
não por causa apenas de uma natureza que partilhe os dois
géneros, mas sim por um carácter demiúrgico, de ser intermediário,
ou seja, como deus mensageiro e psicopompo. O seu género é
determinado assim pela fase helíaca: se anterior ao Sol, é
masculino; se posterior, é feminino.

Esta é a tradição que foi preservada por Heféstion


(Apotelesmática, I, 2, ed. Pingree, I, 31-2) e Retório (Compêndio, 1 in CCAG I:
144.21-145.30) e que se estende pela astrologia medieval e moderna.
Por sua vez, a astrologia contemporânea e a astrosofia concederam
um género aos planetas transpessoais pelo facto de que, na música
Dodecatemoria ou a Harmonia da 12ª Parte
Fragmentos Astrológicas 183

Dodecatemoria ou a Harmonia da 12ª Parte

A origem da astrologia tem sido atribuída, na maioria vezes


de forma desinformada, aos caldeus. Esta premissa apresenta, no
entanto, um erro histórico que se tem perpetuado. Primeiro, na
Antiguidade, o termo caldeu designava genericamente o astrólogo e
não aquele que provinha da nação semita da Caldeia, que existiu
num período temporal entre os séculos X e VI AEC (Rochberg 2010a:
1). Em segundo lugar, a astrologia, tal como a conhecemos, não é
aquela que surgiu nesse período e, nesse aspecto, a discussão torna-
se mais profunda do que saber se foram os babilónios ou os
egípcios os fundadores do sistema antigo. Por fim, em terceiro
lugar, não se pode cair na tentação de preencher a escassez de
fontes com uma fantasia astrológica que não serve a necessidade de
rigor do sistema que se pretende representar.

A passagem da astromancia para a astrologia é, na verdade,


uma herança do helenismo e, em especial, do helenismo
alexandrino, tornando-se assim a astrologia o produto da
transmissão multicultural de um período que se estendeu desde o
império Aqueménida até à alvorada do império Romano, ou seja,
desde o século VI AEC ao século I EC (Pingree 1997: 11-29; cf.
Rochberg 2010a). O sistema astrológico antigo é o resultado da
interculturalidade que marcou todo este período e que, desde as
O Mito como Sentido das Estrelas
Fragmentos Astrológicas 199

O Mito como Sentido das Estrelas

A obra Manílio é uma das menos exploradas pela astrologia


contemporânea. Existe, numa primeira ordem de razões, o
obstáculo da escrita poética e poético-filosófica e depois imperam
as reservas em relação à própria obra, como, por exemplo, a
ausência de uma ampla recepção na Antiguidade e na Idade Média,
mas também a sua originalidade conceptual. No entanto,
a Astronomica insere-se no estilo dos poemas didácticos cujas
grandes referências, tanto para Manílio como para o género em
geral, são as Geórgias de Vergílio e o De Natura Rerum de Lucrécio.

A Astronomica de Manílio apresenta igualmente um


importante contributo para a transmissão da astrologia, pois,
baseando-se nas lições de Arato, desenvolveu algumas teorizações
que nem sempre foram bem compreendidas, como por exemplo as
que constam no Livro V, nomeadamente aquela acerca
da Paranatellonta. Esta obra, em termos astrológicos, não serviria
sobretudo para o ensino de leigos, mas para causar uma certa
impressão num público menos conhecedor dos princípios e
técnicas astrológicas. Nesse sentido, o texto continua a merecer a
nossa atenção. Por outro lado, Manílio criou um conjunto de
atribuições que só existem na sua obra e, embora divergentes dos
Astrologia & Tarot
Rodolfo Miguel de Figueiredo
(Página deixada propositadamente em branco)
C ONSULTAS P ROFISSIONAIS

Consultas de Astrologia e Tarot

Especialização:
Astrologia Antiga
Astrologia Hermética
Astrologia Mitológica

Consultadoria Astrológica para Empresas

Consultas à Distância
Telefone e Videochamada
(Skype, Google Meet ou Zoom)

Uma Consulta Profissional para Qualquer Parte do Mundo.


Para mais informações ou para agendar uma consulta,
utilize um dos seguintes links ou o QR Code:

https://rodolfomfigueiredo.wixsite.com/astrologia-e-tarot

http://rodolfomigueldefigueiredo.blogspot.com/
(Página deixada propositadamente em branco)
(Página deixada propositadamente em branco)
Astrologia

Você também pode gostar